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A representação social do cloud computing na visão dos profissionais de TI brasileiros

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Academic year: 2017

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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS

GUSTAVO GUIMARÃES MARCHISOTTI

A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE CLOUD COMPUTING NA VISÃO DOS PROFISSIONAIS DE TI BRASILEIROS

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FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS

A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE

CLOUD COMPUTING

NA

VISÃO DOS PROFISSIONAIS DE TI BRASILEIROS

Dissertação de Mestrado apresentada à Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Gestão Empresarial.

Prof. Orientador: Luiz Antônio Joia

(3)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen/FGV

Marchisotti, Gustavo Guimarães

A representação social de cloud computing na visão dos profissionais de TI brasileiros / Gustavo Guimarães Marchisotti. – 2014.

125 f.

Dissertação (mestrado) - Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, Centro de Formação Acadêmica e Pesquisa.

Orientador: Luiz Antonio Joia. Inclui bibliografia.

1. Computação em nuvem. 2. Tecnologia da informação. 3. Representações

sociais. 4. Web semântica. I. Joia, Luiz Antonio. II. Escola Brasileira de

Administração Pública e de Empresas. Centro de Formação Acadêmica e

Pesquisa. III. Título.

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AGRADECIMENTOS

A todos os professores do curso de mestrado, que nos auxiliaram e souberam compreender o desafio que cada um de nós assumiu, quando resolvemos conciliar o trabalho com os estudos.

A todos os meus colegas do MEX - 2013/2014, que sempre foram parceiros na realização das atividades em grupo, na troca de experiências e na motivação durante a jornada deste mestrado.

À secretária Aline Gouveia, que sempre me auxiliou durante toda a jornada de conclusão do curso e me deu todo o suporte necessário para o seu término.

Ao Prof. Orientador Luiz Antonio Joia, a quem eu aprendi a admirar e respeitar. Suporte nos momentos de incerteza, orientação efetiva nos momentos de dificuldade e rigor nos momentos em que eu precisava superar minhas dificuldades.

Ao Prof. Álvaro Cyrino pelos ensinamentos e orientações em aula e fora dela, fazendo-me enxergar os fazendo-melhores caminhos a serem seguidos para alcançar fazendo-meus objetivos no curso.

Aos Profs. Vicente Sarubbi Jr. e Diego de Faveri Pereira Lima pela disponibilidade e apoio com relação à parte metodológica e estatística do trabalho.

À minha tia Consuelo, pela paciência e suporte na revisão da dissertação, com um olhar de quem não está envolvido com o tema da pesquisa.

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RESUMO

Este estudo visa desenvolver uma investigação exploratória e quali-quantitativa, a cerca da representação social do Cloud Computing, na visão dos profissionais de TI brasileiros. Objetiva expor quais as percepções dos usuários da área de TI a respeito do paradigma computacional

Cloud Computing. Para suportar o estudo teórico, foram coletados dados empíricos, por meio

de questionários online respondidos por 221 profissionais da área de TI. Com o uso da técnica de evocação de palavras e da teoria da representação social (TRS), os dados coletados foram sumarizados. Após o tratamento dos dados mediante o uso da técnica do quadro de quatro casas de Vergès, obteve-se como resultado, a identificação do núcleo central e do sistema periférico da representação social do Cloud Computing. Por fim, os dados foram analisados utilizando-se as análises implicativa e de conteúdo, de forma a que todas as informações fossem abstraídas para melhor interpretação do tema. Obteve-se como resultado, que o núcleo central da representação social do Cloud Computing é composto pelas seguintes palavras “Nuvem”, “Armazenamento”, “Disponibilidade”, “Internet”, “Virtualização” e “Segurança”. Por sua vez, as palavras identificadas como parte do sistema periférico da representação social do Cloud

Computing foram: “Compartilhamento”, “Escalabilidade” e ”Facilidade”. Os resultados

permitem compreender qual percepção dos profissionais de TI a respeito deste paradigma tecnológico e sua correlação com o referencial teórico abordado. Tais informações e percepções podem auxiliar a tornar o não familiar em familiar, ou seja, compreender como o Cloud

Computing é representado, visto e, finalmente, reconhecido pelos profissionais da área de TI.

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ABSTRACT

This study aims to develop an exploratory and qualitative/quantitative research about the social representation of Cloud Computing, in the view of Brazilian IT professionals. The work aims to expose IT users' perceptions about the computational paradigm called Cloud Computing. To support the theoretical study, empirical data were collected through online questionnaires to 221 professionals in IT’s field. Using the technique of word retrieval and the theory of social representation (TRS), the data collected were summarized. After processing the data using the technique of Vergès’ four-frame houses, the identification of the central nucleus and peripheral system of social representation of Cloud Computing was obtained as a result. Finally, data were analyzed using the implicative analysis and content analysis, so that all the data was abstracted for best interpretation of the theme. Obtained as a result, the core of the social representation of Cloud Computing consists of the following words are obtained as a result: "Cloud", "Storage", "Availability", "Internet", "Virtualization" and "Security". In turn, the words identified as part of the peripheral system of social representation of Cloud Computing were "sharing", "Scalability" and "Ease". The results allow us to understand IT professionals' perception regarding this computational paradigm and its correlation with the theoretical framework discussed. Such information and insights can help make the unfamiliar in familiar, i.e., understand how Cloud Computing is represented, seen, and finally recognized by professionals in the field of IT.

Keywords: Cloud Computing, IT Infrastructure Management, Social Representation, Word’s

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - MODELO VISUAL DA DEFINIÇÃO DE COMPUTAÇÃO EM NUVEM DO NIST. ...31

FIGURA 2 - FLUXO DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA ...45

FIGURA 3 - FLUXO DA PESQUISA EMPÍRICA ATÉ A ANÁLISE DOS DADOS ...52

FIGURA 4 - FLUXO PARA SE ENCONTRAR AS PALAVRAS QUE COMPÕES O QUADRO DE QUATRO CASAS DE VERGÈS. 65 FIGURA 5 - FLUXO DA PESQUISA EMPÍRICA ATÉ A ANÁLISE DOS DADOS ...68

FIGURA 6- GRAFO IMPLICATIVO ...71

FIGURA 7 - PLANO DE ANÁLISE DE DADOS ...76

FIGURA 8 - PÁGINA DE INTRODUÇÃO DA PESQUISA ONLINE. ... 104

FIGURA 9 - SEGUNDA PÁGINA - TESTE DE EVOCAÇÃO DE PALAVRAS. ... 104

(10)

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - AS CINCO CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DO CLOUD COMPUTING SEGUNDO BRIAN ET AL. (2008) E

GRANCE E MELL (2011). ...25

QUADRO 2 - DEFINIÇÕES DE VIRTUALIZAÇÃO E MULTITENANCY OU MULTI-ALOCAÇÃO SEGUNDO MARSTON ET AL. (2011), RODRIGUES NETO, GARCIA E OLIVEIRA (2013) E ARMBRUST ET AL. (2010)...26

QUADRO 3 - VARIADAS DEFINIÇÕES A RESPEITO DO MODELO DE SERVIÇOS DEFENDIDO POR GRANCE E MELL (2011), ARMBRUS ET AL. (2010) E MOTAHARI-NEZHAD; STEPHENSON E SINGHAL, (2009). ...28

QUADRO 4 - DEFINIÇÕES A RESPEITO DO MODELO DE IMPLEMENTAÇÃO DEFENDIDO POR GRANCE E MELL (2011), ARMBRUS ET AL. (2010) E MOTAHARI-NEZHAD; STEPHENSON E SINGHAL, (2009). ...30

QUADRO 5 - DIFERENTES ABORDAGENS SOBRE O TEMA SEGURANÇA EM CLOUD COMPUTING ...34

QUADRO 6 - SUMÁRIO DAS DIFERENTES CONCEITUAÇÕES SOBRE CLOUD COMPUTING USADAS NESTA DISSERTAÇÃO ...37

QUADRO 7 - CARACTERÍSTICAS DO NÚCLEO CENTRAL E SISTEMA PERIFÉRICO DE UMA REPRESENTAÇÃO SOCIAL.41 QUADRO 8 - SUMÁRIO DESCRITIVO DOS QUATRO QUADROS DE VERGÈS. ...48

QUADRO 9 - REPRESENTAÇÃO DO NÚCLEO CENTRAL E SISTEMA PERIFÉRICO USANDO A TÉCNICA DO QUADRO DE QUATRO CASAS DE VERGÈS. ...49

QUADRO 10 - LEVANTAMENTO E DETALHAMENTO DOS QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS. ...54

QUADRO 11 - SUMÁRIO DAS CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA. ...61

QUADRO 12 - PREMISSAS BÁSICAS USADAS PELO PROGRAMA EVOC 2005 PARA DEFINIÇÃO DO QUADRO DE QUATRO CASAS DE VERGÈS. ...65

QUADRO 13 - DISTRIBUIÇÃO DAS PALAVRAS EVOCADAS SEGUNDO O QUADRO DE QUATRO CASAS DE VERGÈS. ....66

QUADRO 14 - POSSIBILIDADES DE OCORRÊNCIA CONSIDERADAS NA ANÁLISE IMPLICATIVA ...70

QUADRO 15 - CATEGORIAS INFERIDAS – NÚCLEO CENTRAL...77

QUADRO 16 - REPRESENTAÇÃO SOCIAL FINAL DO CLOUD COMPUTING ...85

QUADRO 17 - TOTAL DE PALAVRAS EVOCADAS UTILIZADAS NA DISSERTAÇÃO. ... 107

QUADRO 18 - RESULTADO FINAL DA ORGANIZAÇÃO DAS PALAVRAS EVOCADAS. ... 117

(11)

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 - TEMPO DE EXPERIÊNCIA NA ÁREA DE TI DOS ENTREVISTADOS. ...55

(12)

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - DISTRIBUIÇÃO DAS FREQUÊNCIAS EM ORDEM DECRESCENTE ...64

(13)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...15

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ...16

1.2 RAZÕES DA ESCOLHA DO TEMA ...18

1.3 RELEVÂNCIA DO TEMA ...19

1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ...20

2. PROBLEMÁTICA ...21

2.1 PERGUNTA DE PESQUISA ...21

2.2 OBJETIVO ...21

2.2.1 Objetivo principal ...21

2.2.2 Objetivos intermediários ...21

2.3 CONTORNO DA PESQUISA ...22

3. REFERENCIAL TEÓRICO ...23

3.1 CLOUD COMPUTING ...23

3.2 TEORIA DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL (TRS) ...38

3.2.1 – Definição da Teoria da Representação Social (TRS)...38

3.2.2 – Núcleo central e sistema periférico ...39

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ...43

4.1 QUANTO AOS FINS ...43

4.2 QUANTO AOS MEIOS ...43

4.3 UNIVERSO E AMOSTRA ...44

4.4 COLETA DE DADOS ...44

4.5 TRATAMENTO DOS DADOS ...47

5. ANÁLISE DOS DADOS ...53

5.1 ANÁLISE DAS AMOSTRAS ...53

5.2 IDENTIFICAÇÃO DO NÚCLEO CENTRAL E SISTEMA PERIFÉRICO. ...62

5.3 ANÁLISE IMPLICATIVA ...66

5.4 ANÁLISE DE CONTEÚDO ...73

6. RESULTADOS ...80

7. CONCLUSÃO ...86

7.1 DISCUSSÃO FINAL ...86

7.2 IMPLICAÇÕES ACADÊMICAS E GERENCIAIS ...88

7.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ...90

7.4 FUTURAS PESQUISAS ...91

REFERÊNCIAS ...94

APÊNDICE A ... 102

(14)

APÊNDICE C ... 117

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1. INTRODUÇÃO

A descoberta e o crescente uso da Internet propiciaram o surgimento de uma nova sociedade: globalizada, conectada e baseada no tripé informação, conhecimento e aprendizagem. Essa nova sociedade é fruto de transformações econômicas, políticas, sociais e culturais, que estabeleceram uma nova forma de relacionamento entre as pessoas e novas formas de gerenciamento do conhecimento (Mello, 2014).

Há tempos não havia consenso sobre a capacidade da tecnologia da Informação (TI) em gerar benefícios às empresas, nem em como quantificá-los, ou seja, havia dúvidas com relação à importância de TI para as organizações, mesmo com pesquisas apontando para o crescimento dos investimentos na área (Beltrame e Maçada, 2009).

A TI tem-se desenvolvido ao longo do tempo, já havendo uma clara percepção de que poderá ser considerada uma utilidade de serviço básico, como água, luz, gás e telefone, uma vez que os serviços de computação estão, cada vez mais, incorporados e considerados como essenciais, no dia a dia da sociedade (Buyya et al., 2009). Rech (2010) corrobora esse entendimento quando prevê a mercantilização da informação, ou seja, que a informação será comercializada como qualquer outra mercadoria.

As formas como os dados serão armazenados, como se dará o acesso aos serviços de TI, ou mesmo a fonte dos serviços que serão prestados não deverão ser mais uma grande preocupação das organizações. O foco recairá na disponibilização desses serviços de forma fácil e com a cobrança baseada pelo uso efetivo (Muller, 2010). Um dos paradigmas computacionais que vem de encontro a essa visão, Cloud Computing, transforma a tecnologia da informação, baseada em um uso individual, em um serviço de utilidade básica, com infraestrutura disponibilizada para os usuários acessarem aplicações de qualquer lugar, sendo esses serviços providos de forma global (Buyya et al., 2009).

(16)

Assim, esta dissertação discorre sobre o paradigma computacional Cloud Computing, identificando e analisando as percepções dos profissionais de TI brasileiros acerca desse tema, mediante o uso da Teoria das Representações Sociais (TRS), com a identificação do seu núcleo central e do seu sistema periférico (Novikoff e Neiva, 2005). Para tal, utilizou-se a técnica de evocação de palavras, com tratamento dos dados por meio dos softwares Ensemble de

programmes permettant l`analyse des évocations (EVOC) e Classification Hiérarchique

Classificatoire et Cohésitive (CHIC).

Realizou-se, também, uma análise implicativa das palavras que fazem parte da representação social do Cloud Computing e uma análise de conteúdo do questionário complementar. Os dados foram devidamente tratados a fim de validar e explicar as palavras que fazem parte da representação social do Cloud Computing. Os elementos do núcleo central e do sistema periférico foram, por fim, comparadas com a literatura existente, de forma a validar se a percepção dos profissionais de TI sobre Cloud Computing está em sintonia e alinhada com essa literatura.

1.1 Contextualização

Uma efetiva gestão dos serviços de TI por parte das organizações passa a ser um fator-chave para a competitividade, tanto na sustentação dos negócios atuais, como na inovação e criação de novos negócios (Correia, 2013). O Cloud Computing passa a ter um papel preponderante neste ambiente de competitividade empresarial, uma vez que agrega valor ao negócio, otimizando tanto a gestão dos serviços atualmente disponibilizados pela empresa, quanto a inovação e geração de novos serviços (Marston et al., 2011).

Marston et al. (2011) já alertavam para o fato de que o surgimento do fenômeno conhecido como Cloud Computing representaria uma mudança fundamental na forma como os serviços de TI são inventados, desenvolvidos, implantados, escalonados, atualizados, mantidos e pagos.

O Cloud Computing possibilita a geração de novos modelos de negócios, com o aumento da escalabilidade, a democratização dos serviços e de sua rentabilidade, com redução de custos. Com o Cloud Computing não há mais a necessidade de se manter estruturas de

(17)

baixa eficiência e de alto custo de manutenção, sendo o seu uso confinado a uma só empresa (Buyya et al., 2009). Desse modo, a informação passa a ser considerada um commodity e sua armazenagem, bem como aplicativos, softwares etc., passam a ser negociados pelo uso, por qualquer pessoa, em qualquer lugar, indiscriminadamente, sobre uma plataforma moderna e compartilhada (Marston et al., 2011).

Diante das várias abordagens a respeito da conceituação do que é Cloud Computing, a visão de Marston et al. (2011) é a que mais se adequa à perspectiva desta dissertação, pois identifica o Cloud Computing como um serviço, adotando uma abordagem mais abrangente e menos tecnológica, focalizada em compreender questões relacionadas com o negócio per si. Madhavaiah, Bashir e Shafi (2012) corroboram que a definição de Marston et al. (2011) é a mais abrangente. No entanto, a abordagem proposta por Grance e Mell (2011), que destaca mais intensamente os aspectos tecnológicos do Cloud Computing, tais como características essenciais, modelo de serviços e modelo de implementação, não é desprezada, associando-se à conceituação de Marston et al. (2011), que inclusive a corrobora.

Marston et al. (2011) entendem que Cloud Computing é um modelo de serviço de TI disponibilizado sob demanda via uma rede de dados independente de localização e sob a forma de autoatendimento. Os recursos computacionais são compartilhados para que se garanta o nível de qualidade de serviço contratado pelo usuário, com escalabilidade, virtualização, agilidade no aprovisionamento e com o mínimo possível de interação com o provedor do serviço. Não há necessidade de incorrer em altas despesas de capital inicial, pois o usuário paga pelo serviço, considerando-o como uma despesa operacional. Os recursos computacionais são divididos em blocos, de forma a prover os serviços eficientemente, já que a alocação de recursos computacionais é otimizada, mediante a medição de sua utilização.

(18)

1.2 Razões da escolha do tema

Existe no meio acadêmico uma vasta literatura, como Fernandez, Marcelino e Marques (2013); Cusumano (2010); Marston et al. (2011); Veloso (2013); Grance e Mell (2011); Brian

et al. (2008); Rodrigues Neto, Garcia e Oliveira (2013); Armbrust et al. (2010);

Motahari-Nezhad; Stephenson e Singhal (2009); Bello (2012); Vaezi (2012); Muller (2010); Egoshi (2012); Buyya (2009) etc., abordando questões técnicas associadas ao uso do Cloud Computing, com suas diversas formas de implementação tecnológica e seus benefícios operacionais. Há ainda alguns estudos iniciais relativos ao uso estratégico do Cloud Computing e aos variados modelos de negócios advindos de sua adoção, como visto em Kono et al. (2013); Wirtz, Mory e Pielhler (2014); Zott, Amit e Massa (2011); Alarocoarite (2012); Labes, Erek e Zarnekow (2013). No entanto, não há estudos que priorizem a análise da percepção dos profissionais da área de TI a respeito do Cloud Computing. Dessa forma, esta dissertação analisa o Cloud

Computing sob o viés de sua representação social, abrindo caminho para posteriores estudos a

respeito, já que não há adequada literatura de referência.

Além disso, o interesse em se desenvolver um trabalho mais aprofundado sobre Cloud

Computing deve-se à necessidade identificada pelo autor desta dissertação, o qual vem atuando

no mercado de Telecomunicações e TI há 13 anos, de esclarecer certa confusão sobre o entendimento do que é Cloud Computing por parte dos profissionais da área.

De acordo com Tan (2014) o Cloud Computing é uma das maiores buzzwords da indústria de TI, já que a entrega dos serviços computacionais de forma virtual, não requer conhecimento apurado por parte dos usuários, a respeito da implementação física, localização ou configuração do sistema utilizado remotamente. Gupta (2014) corrobora esse entendimento ao incluir o Cloud Computing entre as buzzwords da era atual, uma vez que há uma série de definições e conceitos a respeito do Cloud Computing em diferentes lugares, desde websites até revistas de TI. Por sua vez Lamba e Kumar (2014) afirmam que muitas pessoas consideram o

Cloud Computing como uma buzzword para internet e computação, quando conceituada como

utilidade básica.

Atualmente, todo serviço oferecido remotamente, pela internet, é considerado como

Cloud Computing, o que, de fato, não é verdade. Conforme alertado por Brian et al. (2008),

(19)

1.3 Relevância do tema

A área de TI deixou de ter uma participação meramente técnica nas organizações, passando a adquirir um papel de integração organizacional, participando do desenvolvimento dos negócios da empresa (Peppard e Lambert, 2011). Segundo Vaezi (2012), Cloud Computing possui a capacidade de transformar a área de TI, uma vez que as empresas podem estabelecer ou aprimorar os serviços de TI requeridos pelos seus negócios, com menos investimentos, quando comparados com as formas tradicionais. Cloud Computing pode, também, tornar a organização mais ágil, caso seja aproveitado todo o seu potencial, sendo, portanto considerado como uma utilidade básica (Vaezi, 2012). Em virtude deste poder transformador para a área de TI e diante da importância de TI para os negócios da empresa, compreender o Cloud Computing possui evidente relevância acadêmica.

Além disso, o entendimento e o uso do Cloud Computing vêm crescendo sustentadamente, ano a ano. Em 2013, o setor brasileiro de Cloud Computing movimentou cerca de US$ 257 milhões (Sarmento, 2014). De acordo com o relatório da Conferência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (Unctad), o Brasil está incluído em um grupo de 61 países que provê apenas os serviços básicos em Cloud Computing (Grossmann, 2014), logo, há um grande potencial de crescimento do Cloud Computing no país. O crescimento previsto para os próximos três anos no Brasil, de acordo com o IDC, é de 74% − o que significa algo em torno de 798 milhões de dólares a serem investidos por empresas brasileiras na tecnologia até o fim de 2015 (UOL, 2014). De acordo com estudo realizado pela

Economist Intelligence Unit em 2012, o número de empresas que utilizarão Cloud Computing

vai mais do que duplicar até 2015, fazendo-se presente em todos os segmentos do mercado (Veloso, 2013).

Segundo Cloud (2013), Índia, Indonésia, China, Argentina, México e Brasil são os países com as mais altas taxas de crescimento na adoção de serviços em Cloud Computing e de forma mais rápida, uma vez que os países desenvolvidos já iniciaram a adoção do Cloud

Computing há mais tempo. A América do Norte continuará sendo a maior consumidora de

(20)

1.4 Estrutura da dissertação

(21)

2. PROBLEMÁTICA

2.1 Pergunta de pesquisa

Este trabalho visa identifica a representação social do Cloud Computing no Brasil, dentro das organizações, sob o olhar dos profissionais da área de TI. Esses profissionais foram escolhidos por possuírem maior conhecimento tecnológico, presumindo-se, portanto, que estejam mais familiarizados com o Cloud Computing.

Desse modo, esta dissertação visa responder à seguinte pergunta:

“Qual é a representação social do Cloud Computing, sob o ponto de vista dos profissionais de

TI brasileiros?”

2.2 Objetivo

2.2.1 Objetivo principal

Esta dissertação tem por objetivo identificar as percepções dos profissionais brasileiros da área de TI a respeito do Cloud Computing usando a Teoria da Representação Social (TRS).

2.2.2 Objetivos intermediários

Para que o objetivo acima seja atingido, faz-se necessário atingir os seguintes objetivos intermediários:

(22)

ii – Aplicar as Teoria da Representação Social e o uso dos softwares EVOC e CHIC, da análise implicativa e da análise de conteúdo, importantes para a correta interpretação da representação social do Cloud Computing.

2.3 Contorno da pesquisa

(23)

3. REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo apresenta o referencial teórico necessário para que o objetivo do trabalho seja atingido. Dessa forma, o capítulo foi dividido em duas seções: a primeira seção aborda a conceituação de Cloud Computing, analisando esse paradigma sobre o ponto de vista tecnológico e de negócios. A segunda seção apresenta a Teoria da Representação Social (TRS), de forma a melhor compreendê-la, de modo a utilizá-la nesta dissertação.

3.1 Cloud Computing

De acordo com Fernandez, Marcelino e Marques (2013), a expressão Cloud Computing surgiu em 1997, no ambiente acadêmico, numa palestra ministrada por Ramnath Chellappa. No entanto, o conceito remonta a 1960, quando John McCarthy afirmou que a computação seria um dia considerada como uma utilidade pública. Já para Cusumano (2010), a ideia básica por detrás do Cloud Computing surgiu efetivamente entre 1960 e 1970, quando pequenas empresas compravam tempo de uso dos mainframes, das grandes empresas, que eram as únicas a possuir tal tecnologia. Segundo Marston et al. (2011), a primeira empresa a adotar o conceito de informação como utilidade básica, incorporando-a como parte dos planos estratégicos da organização, foi a Western Union, em 1965.

De acordo com Veloso (2013, p. 3), “A computação em nuvem não vai ser apenas mais inovadora do que se imagina, ela vai ser mais inovadora do que podemos imaginar”. O potencial uso do Cloud Computing é vasto e com inimagináveis possibilidades de aplicação, abrindo espaço para diversas, confusas e diferentes definições. Cloud Computing é definido de tantas formas diferentes, que acaba por ser confundido como uma maneira diferente de se fazer a mesma coisa que se fazia antes de sua existência.

Uma boa maneira de se definir o que é Cloud Computing é explicar o que não é Cloud

Computing. De acordo com Gartner (2013), Cloud Computing não é: 1) Só infraestrutura; 2)

(24)

Um dos conceitos mais usados e difundidos academicamente em relação ao Cloud

Computing vem do National Institute for Standards in Technology (NIST), dos Estados Unidos

(Grance e Mell, 2011):

“O Cloud Computing é um modelo que permite acesso compartilhando uma rede de

recursos computacionais configuráveis (por exemplo, redes, servidores, armazenamento, aplicações e serviços), de forma ubíqua, conveniente e sob demanda podendo ser rapidamente provisionados e liberados com um mínimo de esforço gerencial ou interação com o provedor de serviços. Este modelo de nuvem é composto de cinco características essenciais, três modelos de serviço e quatro modelos de

implementação” (Grance e Mell, 2011, pag. 6).

Assim, de acordo com o conceito de Cloud Computing defendido por Grance e Mell (2011), as cinco características essenciais que fazem parte do modelo Cloud Computing são: 1) Serviços sob demanda; 2) Amplo acesso à rede; 3) Pool de recursos; 4) Elasticidade rápida e 5) Serviços medidos. Brian et al. (2008) corroboram esse entendimento, afirmando que uma oferta abrangente de serviços de Cloud Computing só pode ser assim definida se atender a essas cinco características essenciais citadas.

(25)

Quadro 1 - As cinco características essenciais do Cloud Computing segundo Brian et al. (2008) e Grance e Mell (2011).

De acordo com Brian et al. (2008), uma das características essenciais do modelo Cloud

Computing chamada de pool de recursos, proposta por Grance e Mell (2011), só pode ser obtida

(26)

O Quadro 2 representa o entendimento de Marston et al. (2011), Rodrigues Neto, Garcia e Oliveira (2013) e Armbrust et al. (2010) a respeito de virtualização e multitenancy (ou Multi-alocação).

Quadro 2 - Definições de Virtualização e Multitenancy ou Multi-Alocação segundo Marston et al. (2011), Rodrigues Neto, Garcia e Oliveira (2013) e Armbrust et al. (2010).

Segundo Grance e Mell (2011), os três modelos de serviços que fazem parte do Cloud

Computing são: 1) Software as a Service (SaaS); 2) Platform as a Service (PaaS) e 3)

Infraestructure as a Service (IaaS). No entanto, Armbrust et al. (2010) discordam das definições

de Cloud Computing propostas por Grance e Mell (2011), já que no seu entendimento, os modelos de serviço IaaS e PaaS são, na verdade, formas mercantilistas criadas pelos fabricantes de equipamentos para que seja possível definir as especificidades de suas soluções. Os serviços

per si, providos aos usuários, são chamados de SaaS, já englobando o IaaS e o PaaS. Por sua

vez, Motahari-Nezhad, Stephenson e Singhal (2009) extrapolam o entendimento de Grance e Mell (2011), ao considerarem um quarto tipo de serviço de Cloud Computing chamado de

Database as a Service (DaaS), que seria a oferta da capacidade de banco de dados como um

(27)
(28)

Quadro 3 - Variadas definições a respeito do modelo de serviços defendido por Grance e Mell (2011), Armbrus

et al. (2010) e Motahari-Nezhad; Stephenson e Singhal, (2009).

(29)

Grance e Mell (2011) detalham os quatro diferentes modelos de implementação que fazem parte do modelo Cloud Computing: 1) Cloud Privada; 2) Cloud Comunitária; 3) Cloud Pública e 4) Cloud Híbrida. Armbrust et al. (2010) criticam este modelo de implementação de

Cloud proposto por Grance e Mell (2011), mais especificamente as Clouds Comunitária e

Híbrida, pois acreditam que as mesmas não existem de fato. Motahari-Nezhad; Stephenson e Singhal (2009) corroboram esse entendimento ao afirmarem que só existem nuvens privadas e públicas, mas algumas nuvens públicas acabam sendo extensões das nuvens privadas, uma vez que são ofertadas ao público. Em nenhum momento há o reconhecimento da existência de nuvens comunitárias.

(30)
(31)

Dessa maneira, o modelo do NIST, considerando as características essenciais, modelos de serviço e modelos de implementação, conforme explicado por Grance e Mell (2011) pode ser esquematizado conforme a Figura 1 abaixo:

Figura 1 - Modelo Visual da Definição de Computação em Nuvem do NIST.

Fonte: Veloso (2003).

Ryan (2013) afirma que o fato do Cloud Computing basear-se na ideia de armazenamento de dados e programas remotamente e de forma centralizada, podendo ser acessada de qualquer lugar e de qualquer dispositivo, gera grandes benefícios: ubiquidade, resiliência, redução de custo, alta performance, eficiência e flexibilidade de acesso (Younis, Merabti e Kifayat, 2013). No entanto, uma vez que o Cloud Computing disponibiliza os dados remotamente, logo, fora do controle do proprietário, é inevitável que traga à tona também problemas relacionados à segurança. Segundo Dikakaikos et al. (2009), toda a responsabilidade pela proteção do usuário, da sua privacidade e da integridade das informações por ele armazenadas nas nuvens, é da provedora de serviço contratada.

Younis, Merabti e Kifayat (2013) corroboram Ryan (2013), ao alertarem que apesar do grande crescimento de investimento em TI nos últimos anos, especialmente em Cloud

Computing, ainda há barreiras a serem superadas, o que impede que tal paradigma

(32)

grande fonte de preocupação por parte dos usuários, está ligada aos requerimentos relacionados à segurança da infraestrutura usada no Cloud Computing.

Rong, Nguyen e Jaatun (2013) afirmam, ainda, que apesar de existir uma série de abordagens tecnológicas para melhorar a segurança do Cloud Computing, no momento ainda não há uma solução sob medida que resolva todos os riscos de segurança. Esse pensamento é compartilhado por Wei et al. (2014), que acreditam que, mesmo considerando a computação em nuvem uma plataforma de serviços promissora para a próxima geração da Internet, na prática, a segurança e privacidade são os principais desafios que inibem a plena aceitação do

Cloud Computing.

Rong, Nguyen e Jaatun (2013) e Ryan (2013) extrapolam Younis, Merabti e Kifayat (2013) no que diz respeito à identificação dos riscos de segurança, ao afirmarem que não só novos riscos de segurança surgem com a adoção do Cloud Computing, oriundos de riscos existentes que reaparecem sob diferentes formas. Há também, riscos que são inerentes e específicos ao ambiente de serviços prestados no ambiente Cloud Computing.

De maneira a facilitar o entendimento de quais são esses riscos, Younis, Merabti e Kifayat (2013), identificam os pontos de preocupação dos usuários de TI que perdurarão nos próximos anos, por não serem de fácil e simples solução, nem exclusivos do Cloud Computing: 1) Segurança dos dados e privacidade - proteção da integridade, disponibilidade e confidencialidade dos dados; 2) Ameaças e ataques contra a segurança, uma vez que os sistemas usados são vulneráveis. É o que Rong, Nguyen e Jaatun (2013) chamam de desafios de segurança tradicionais – os riscos atualmente existentes em ambientes não Cloud Computing continuam existindo, porém, sob novas formas adaptadas ao ambiente da nuvem.

Rong, Nguyen e Jaatun (2013) vão além dos riscos tradicionais a que todo sistema computacional está fadado a ser acometido, ao também identificarem os riscos exclusivos de ambientes baseados em Cloud Computing: 1) Localização dos recursos - uma vez que cada país possui uma legislação, que vai além das regras internas dos provedores, há a possibilidade de conflitos; 2) Multilocação - uma vez que processos de diferentes clientes rodam sobre os mesmos servidores, usuários que compartilham o mesmo recurso físico podem acessar dados uns dos outros; 3) Autenticação dos dados - nenhum dado pode ser alterado sem o consentimento do dono, mas não há padronização a respeito, d) Sistema de monitoramento e

logs - os dados de controle solicitados pelo usuário levam consigo informações críticas para o

(33)

compatibilidade entre os diferentes fabricantes e respetivas tecnologias. É o que Younis, Merabti e Kifayat (2013) chamam de outros desafios relacionados à segurança – riscos ligados ao controle de acesso e gerenciamento de identidade, monitoramento, heterogeneidade de tecnologias usadas pelos provedores, uso da virtualização, uso de web browsers, dentre outros. Ryan (2013), por sua vez, tem uma visão menos pessimista que Younis, Merabti e Kifayat (2013) e Rong, Nguyen e Jaatun (2013), pois acredita que grande parte dos riscos técnicos oriundos do uso do Cloud Computing, do ponto de vista científico, já pode ser evitada. No entanto, destaca que há apenas um grande desafio que ainda parece insuperável e que, efetivamente, gera riscos de segurança ao usuário: o fato do provedor de serviço possuir acesso aos dados armazenados, podendo, inadvertidamente ou deliberadamente, divulgar as informações a terceiros.

Rong, Nguyen e Jaatun (2013) propõem algumas formas de se elevar a segurança em ambiente Cloud Computing, o que, no entanto, não é efetivo para todos os tipos de aplicações: 1) Service Level Agreement (SLA) – definir um SLA específico e dedicado para segurança no

Cloud Computing, cobrindo os aspectos ligados à confidencialidade e integridade dos dados;

2) Compartilhamento de dados confiável em ambientes de provedores de serviço não confiáveis – prevê um esquema a ser usado pelo usuário final, para proteger os seus dados de forma independente do provedor de serviço, baseado em regras de autorização de acesso e criptografia e 3) Accountabilty – os provedores de serviço devem agir de forma a promover transparência, responsabilidade, garantia e remediação, no que diz respeito ao relacionamento com o usuário final.

De acordo com Nabarro (2014), ante a promulgação do Marco Civil da Internet (Lei nº 12965/14) e pela já vigente Lei de Propriedade Industrial (LPI), o usuário, seja pessoa física ou jurídica, está juridicamente protegido, com relação aos contratos de serviço baseado na Internet, que é o caso do Cloud Computing. No entanto, o autor alerta para a importância em se acompanhar as normas associadas à matéria que segue a promulgação do Marco Civil da

Internet, para que se garanta que aja proteção à segurança das informações dos usuários. Por

sua vez, para Marques e Pinheiro (2014) o Marco Civil da Internet se propõe a ser uma lei parte das políticas de informação nacional assumindo um papel, até então inexistente no Brasil, de mediadora dos interesses conflitantes na Internet.

(34)

Quadro 5 - Diferentes abordagens sobre o tema Segurança em Cloud Computing

Apesar de a maioria dos estudos teóricos focalizarem os aspectos tecnológicos do Cloud

Computing, como os abordados por Grance e Mell (2011) e Armbrust et al. (2010), existem

outras abordagens mais abrangentes que parecem identificar, com mais amplitude, todas as principais características do Cloud Computing. Marston et al. (2011), por exemplo, identificam a necessidade dos aspectos relacionados ao negócio per si serem abordados e compreendidos em profundidade, para que o Cloud Computing possa atingir todo o seu potencial.

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A definição de Cloud Computing de Marston et al. (2011) tenta encapsular os principais benefícios do Cloud Computing sob uma perspectiva de negócios, mas também considera suas características tecnológicas únicas. Desse modo, Cloud Computing é:

"um modelo de serviço de tecnologia da informação, onde os serviços de computação (hardware e software) são entregues sob demanda, para os clientes via uma rede de dados, em forma de autoatendimento, independente do dispositivo e localização. Os recursos necessários para fornecer os níveis de qualidade de serviço exigidos são compartilhados, dinamicamente escaláveis, rapidamente provisionados, virtualizados e lançados com o mínimo de interação com o provedor do serviço. Os usuários pagam pelo serviço como despesa operacional, sem incorrer em despesas de capital inicial significativo, com os serviços em nuvem empregando um sistema de medição que divide o recurso de computação em bloco apropriado" (Marston et al., 2011, pag. 2).

Madhavaiah, Bashir e Shafi (2012) corroboram com a abordagem mais voltada para os aspectos relacionados aos negócios, de Marston et al. (2011), ao afirmarem que o Cloud

Computing é um modelo de negócio baseado na tecnologia da informação provido como um

serviço por meio da internet, onde tanto os serviços computacionais de hardware e software são entregues sob demanda aos clientes na forma de self service, independente do dispositivo e da localização, com altos níveis de qualidade, dinamicamente escalável, rapidamente provisionado, compartilhado e de forma virtualizada, com o mínimo de interação com o provedor de serviço.

A definição de Cloud Computing de Marston et al. (2011) enfatiza os seguintes aspectos: (1) Utilização de recursos; (2) Recursos físicos virtualizados; (3) Abstração da arquitetura; (4) Escalabilidade dinâmica de recursos; (5) Elasticidade e auto provisionamento automatizado de recursos; (6) Ubiquidade e (7) Modelo despesa operacional. Nota-se uma similaridade com as características essenciais do Cloud Computing defendidas por Grance e Mell (2011). No entanto, Marston et al. (2011) extrapolam o entendimento acerca desse paradigma computacional, ao incluírem em sua definição sobre Cloud Computing o modelo de despesa operacional.

Dessa forma, para Marston et al. (2011), com o Cloud Computing as despesas com TI nas organizações converter-se-iam de uma despesa de capital ou capital expenditure (CAPEX), para uma despesa operacional ou operational expenditure (OPEX). Egoshi (2011) corrobora esse entendimento, pois acredita que as empresas passam a contratar serviços ao invés de adquirirem infraestrutura, transformando custo fixo em custo variável. No entanto, Armbrust et al. (2010) acreditam que seria mais apropriado considerar Cloud Computing dentro do modelo

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com o aumento da sua utilização, capturando de uma melhor forma o benefício econômico trazido pelo Cloud Computing. Brian et al. (2008) corroboram o entendimento de que o modelo PAYG seria mais apropriado para caracterizar o modelo econômico do Cloud Computing.

Uma análise tecnológica associada a uma análise econômica são fundamentais para TI, uma vez que os investimentos em TI, em uma organização, são imprescindíveis para a sustentação da sua competitividade no mercado, (Montana e Charnov, 1998 apud Flores, 1999). De acordo com Dorow (2009), 80% dos gastos com a TI de uma organização são referentes à manutenção e configuração de sistemas. A migração desses sistemas para o Cloud Computing diminuiria grande parte desses gastos. Já Salesforce (2010) afirma que é possível obter uma economia de cerca de 50% no desenvolvimento de aplicações em Cloud Computing. Adicionalmente, Bello (2012) afirma que os custos do Total Cost of Ownership (TCO) de uma aplicação de planejamento de uma determinada organização é 77% menor quando implementada via Cloud Computing do que se essas mesmas aplicações fossem implementadas e utilizassem a infraestrutura própria da organização. Para Pinheiro (2012), a terceirização de TI para Cloud Computing (privada, pública ou híbrida) traz uma economia entre 40% e 80% para a organização.

Por fim, o Quadro 6 sumariza e consolida as diferentes abordagens a respeito do Cloud

Computing usadas neste trabalho, de forma a aclarar o entendimento acerca da conceituação de

(37)
(38)

3.2 Teoria da Representação Social (TRS)

3.2.1 – Definição da Teoria da Representação Social (TRS)

A Teoria da Representação Social (TRS) foi criada pelo romeno naturalizado francês, Serge Moscovici, em 1950, e publicada em 1961, por meio de sua tese de doutorado intitulada

La Psychanalyse, son image, son public (Moscovici, 2005). O trabalho de Serge Moscovici foi

um marco na discussão da integração entre os fenômenos perceptivos individuais e sociais, uma vez que estabeleceu uma percepção inovadora a respeito (Vergara e Ferreira, 2006). Denise Jodelet aprofundou a teorização da representação social, o que possibilitou a sua utilização como uma ferramenta em outras áreas do conhecimento (Arruda, 2002). A TRS foi inicialmente usada em estudos psicossociais, ou seja, na relação entre indivíduo e sociedade, sendo posteriormente aplicada também na área da administração (Vergara e Ferreira, 2006).

De acordo com Júnior (2011), representações sociais são construídas com o objetivo de compreender, localizar e ajustar o mundo. Compartilha-se o mundo em que se vive, cada um agindo da sua maneira, impactando e sendo impactado uns pelos outros. Jodelet (2001) corrobora esse entendimento, pois acredita que as representações sociais são importantes na vida cotidiana, na medida em que sempre há a necessidade de saber o que uma pessoa ou objeto tem a ver com o mundo que o cerca.

Quando se define uma representação constrói-se uma identidade. Como não se vive isoladamente, mas em grupo com o qual se compartilha o mundo, tal representação passa a ser uma representação social (Jodelet, 2001):

“As representações sociais são uma forma de conhecimento socialmente elaborado e

compartilhado, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma

realidade comum a um conjunto social.” (Jodelet, 2001, pag. 22).

(39)

que a representação social corresponde a um ato de pensamento pelo qual o sujeito relaciona-se com um objeto. Este pode relaciona-ser tanto uma pessoa, uma coisa, um evento material, psíquico ou social, um fenômeno natural, uma ideia, uma teoria etc. Sá (1998) argumenta a respeito, explicando que um dos pontos mais importantes nos estudos da representação social é a correta identificação do objeto a ser representado e qual a melhor maneira de fazê-lo. Quando aborda a sua preocupação com relação à construção do objeto de pesquisa, Sá (1998) destaca a importância do processo de identificação do objeto de investigação da representação social e sua validação, incluindo a delimitação das fronteiras e a compreensão das suas inter-relações significativas.

3.2.2 – Núcleo central e sistema periférico

De acordo com Vergara e Ferreira (2006), faz-se necessária a identificação da parte mais importante de uma representação social chamada de núcleo central. Dessa forma, identificam-se os valores e as percepções mais claras e coesas compartilhadas pelo grupo a identificam-ser investigado, a respeito do objeto de que se faz a representação social. Assim, o núcleo central é a demarcação de certos aspectos consensuais, dentro de um grupo, a respeito da representação social de um objeto (Menin, 2007). No entanto, Mazzotti (2001) afirma que a representação social não é totalmente consensual, pois apresenta divergências e negociações em torno dela a fim de manter o seu núcleo central. Infere-se, portanto que, além do núcleo central consensual, exista outro subsistema mais flexível.

Dessa forma, o núcleo central de uma representação social é constituído por valores acerca dos quais, em geral, o sujeito não tem consciência ou que não são explicitados, mas que norteiam a sua ação e seu comportamento. O núcleo central representa a essência imutável da representação social, sendo estável e resistente a mudanças, garantindo assim a permanência da representação social. Dentro de um certo contexto histórico e cultural, o núcleo central é decisivo em relação ao sentido que um dado objeto assume para um grupo (Vergara e Ferreira, 2006).

(40)

A teoria do núcleo central foi proposta por Jean-Claude Abric, em 1976, surgindo como um complemento à teoria das representações sociais proposta por Serge Moscovici, em 1950 (Vergara e Ferreira, 2006). Sá (2002) explica a teoria do núcleo central:

“a organização de uma representação apresenta uma característica particular: não

apenas os elementos da representação são hierarquizados, mas, além disso, toda representação é organizada em torno de um núcleo central, constituído de um ou de alguns elementos que dão à representação o seu significado.” (Sá, 2002, pag. 62)

Na TRS identifica-se que há em torno do núcleo central, a existência de um sistema periférico mais flexível. Este sistema periférico acomodaria as contradições contextuais imediatistas, suportaria a heterogeneidade do grupo e abrigaria as diferentes percepções dos seus membros, de maneira a permitir a adaptação da representação social ao imediato, sem afetar o núcleo central (Vergara e Ferreira, 2006; Mazzotti, 2001). O sistema periférico é menos estável que o núcleo central, desempenhando papel de modulação individual, sem colocar em risco o significado do núcleo central (Menin, 2007).

Compreende-se então que, de acordo com a teoria do núcleo central, a representação social de um objeto é um conjunto de valores, percepções, crenças e atitudes, organizado de forma estruturada. Os elementos consensuais, rígidos e imutáveis, que dão o real significado à representação social, compõem o núcleo central. Os elementos não consensuais, flexíveis e que permitem a adaptação da representação social ao imediato, compõem o sistema periférico. Dessa maneira, a representação social é formada pelo núcleo central e o sistema periférico, com este último mantendo uma forte e profunda relação com o núcleo central (Vergara, 2005).

(41)

Quadro 7 - Características do Núcleo Central e Sistema Periférico de uma representação social.

Fonte: Abric (1998, pag. 34) apud Rocha (2009).

De acordo com Mazzotti (2001), uma transformação no núcleo central gera uma nova representação social. Vergara (2003) corrobora esse entendimento ressaltando que identificar os elementos imprescindíveis à representação social confere significado ao objeto de estudo. Qualquer alteração nos elementos do núcleo central altera a estrutura da representação social e seu significado. Sá (2002) afirma, ainda, que como o núcleo central é composto por elementos de fundamental importância para a representação social, sua mudança ou ausência desestruturaria essa representação ou lhe daria um novo significado.

(42)

palavras mais e menos importantes); 3) Concordância em relação a assertivas (os entrevistados deveriam responder a quatro afirmativas) e 4) Justificativas (os entrevistados deveriam justificar as opções escolhidas na etapa 3).

Os dados coletados foram tratados utilizando-se a categorização das palavras, cálculo da frequência das categorias, cálculo da ordem média de evocação e do levantamento das justificativas. Das 295 palavras evocadas, 29 foram descartadas, restando 266 palavras que foram agrupadas em 45 categorias semânticas (Vergara e Ferreira, 2006).

Foram identificados dez elementos componentes do núcleo central: ajuda, sociedade, ação social, solidariedade, organização, ação prática, defesa de interesses, participação, picaretagem e alternativa, (Vergara e Ferreira, 2006). A conclusão de Vergara e Ferreira (2006) foram que a representação social de ONGs, segundo formadores de opinião no Rio de Janeiro contemplam várias conotações de ordem positiva, legitimando tal organização pela sociedade e respaldo para a sua expansão.

(43)

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A metodologia proposta nesta dissertação baseia-se nos princípios da pesquisa quali-quantitativa (Gomes e Araújo, 2005), com a coleta de dados por meio da técnica de evocação de palavras, o tratamento dos dados por meio da técnica do “quadro de quatro casas” proposta por Jean-Claude Abric, e a análise dos dados, efetuada via análise implicativa e de conteúdo (Vergara e Ferreira, 2006; Vergès, 2003; Abric, 1998).

Utilizou-se, também, como referência, o arcabouço teórico de Vergara (2013) e sua estruturação metodológica, que define a pesquisa quanto aos fins e meios, além de delimitar o universo amostral, coleta e tratamento dos dados.

4.1 Quanto aos fins

Estudos empíricos abordando a representação social do Cloud Computing inexistem, uma vez que este paradigma computacional é recente, principalmente no Brasil. Dessa forma, a pesquisa é caracterizada como exploratória. De acordo com Vergara (2013), uma pesquisa exploratória é realizada quando não há muito conhecimento acumulado sobre determinada área, o que lhe confere uma natureza de sondagem, com eventual surgimento de hipóteses.

4.2 Quanto aos meios

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A análise dos dados foi feita utilizando-se o referencial teórico, o que contribuiu, de maneira efetiva, para a interpretação dos resultados e elaboração da conclusão.

4.3 Universo e amostra

Neste momento faz-se necessário definir a população, ou seja, “o conjunto de elementos (empresas, produtos, pesquisas, por exemplo) que possuem as características que serão objeto de estudo” (Vergara, 2013). Necessita-se, também, definir a população amostral ou amostra, que é a seleção de parte da população, escolhida segundo determinado critério de seleção. Nesta dissertação, a população selecionada foi a dos profissionais de TI, independentemente de sua formação acadêmica, mas que efetivamente trabalhem ou já tenham trabalhado na área de TI.

Definiram-se os profissionais de TI como população alvo do estudo, em virtude da necessidade de se obter a representação social de profissionais que efetivamente possuam algum contato com os temas tecnológicos, já que eles apresentam uma maior possibilidade de conhecer o paradigma computacional Cloud Computing. O desconhecimento do Cloud Computing por parte dos entrevistados poderia trazer uma errônea representação social desse paradigma computacional.

Com relação ao tipo de amostra, adotou-se uma amostra não probabilística, mais especificamente a amostra por acessibilidade, uma vez que a seleção dos elementos amostrais foi feita em virtude da facilidade de acesso aos mesmos (Vergara, 2013).

4.4 Coleta de dados

(45)

profissionais da área de TI, de forma a possibilitar a montagem da representação social do Cloud

Computing.

Na primeira fase de coleta de dados, a pesquisa bibliográfica, focou-se na identificação e coleta de papers, reportagens, livros e white papers que abordassem principalmente as questões tecnológicas e de negócios relacionadas ao Cloud Computing. Buscou-se material tanto teórico e acadêmico como de mercado, para que se obtenha uma visão tanto teórica quanto dos praticantes. Coletou-se, também, material a respeito da TRS, com foco nos aspectos relacionados à definição do núcleo central e sistema periférico. Buscou-se também material sobre os softwares de apoio, que serão usados para a análise dos dados, como o CHIC e o EVOC. Dessa forma obteve-se um amplo material interdisciplinar envolvendo as áreas de TI e da psicologia. A partir da análise de todo o material disponível, foi possível definir as referências necessárias para a correta análise dos dados empíricos coletados.

A Figura 2 sumariza o fluxo da pesquisa bibliográfica, para a definição do referencial teórico utilizado.

Figura 2 - Fluxo da Pesquisa Bibliográfica

A segunda fase, a da pesquisa empírica, foi dividida em duas partes: a) Aplicação da técnica de evocação de palavras e b) Aplicação de um questionário complementar, para identificação do perfil dos entrevistados e obtenção de outras informações pertinentes ao tema, ou que foram abordadas no referencial teórico. Tanto a técnica de evocação de palavras, quanto o questionário complementar fazem parte do mesmo questionário online encaminhado por meio

Conceituação do Cloud Computing

Estudo do TRS

Estudo dos softwares de

apoio

Organização do Referencial

(46)

do correio eletrônico (Apêndice A), com a inclusão de um link, que direcionaria os respondentes ao questionário propriamente dito, baseado na plataforma de pesquisa limesurvey.

O questionário online foi disponibilizado eletronicamente a partir do dia 31/03/2014 sendo considerados todos os questionários respondidos até o dia 07/05/2014 perfazendo 37 dias de coleta. O questionário foi enviado por meio de correio eletrônico, conforme o Apêndice A, seguindo a premissa de acessibilidade viabilizada pelo Facebook, lista de correios eletrônicos de amigos, Linkedin, empresas do setor, órgãos públicos do setor, associações do setor, empresas de mídias do setor, dentre outros.

A fim de eliminar qualquer possibilidade de inclusão de profissionais que nunca atuaram na área de TI, acrescentou-se uma pergunta questionando o tempo de experiência do entrevistado na área de TI. Essa pergunta foi usada como filtro, pois todos os questionários com tempo igual a zero de experiência em TI foram descartados.

Segundo Vergara (2005), a técnica de evocação livre de palavras baseia-se na obtenção de palavras que primeiramente vêm à mente da população amostral, quando uma determinada palavra ou expressão indutora lhe é apresentada, seja verbalmente ou por escrito. Neste trabalho, a palavra ou expressão em questão é Cloud Computing, sendo a mesma apresentada aos participantes da pesquisa via formulário online enviado a todos. Os participantes foram solicitados a expressar as cinco palavras ou expressões que lhes vieram à mente, em ordem decrescente de importância, ao se depararem com a expressão Cloud Computing. O Apêndice B consolida todas as palavras evocadas pelos participantes.

Em seguida à técnica de evocação de palavras, foram apresentadas as questões complementares, por meio de um questionário auxiliar, com questões fechadas e abertas. As questões foram primeiro apreciadas por profissionais reconhecidamente experientes nesse tipo de questionário, a fim de comprovar a adequação das mesmas aos respondentes. O questionário complementar foi usado para se fazer à análise de conteúdo que, por sua vez, serviu como apoio para a compreensão e entendimento do núcleo central, além de também ter sido usada para se fazer o levantamento dos dados estatísticos da amostra.

(47)

transversal), pois não se procurou analisar o comportamento e a mudança da percepção do usuário de TI sobre Cloud Computing, ao longo do tempo (análise longitudinal).

4.5 Tratamento dos dados

A fim de realizar o tratamento dos dados coletados, adotou-se o modelo de tratamento de dados de Pierre Vergès, via a técnica do “quadro de quatro casas”, ou seja, quatro quadrantes que trazem informações essenciais para a análise da representação social, por meio das quais se discriminam as evocações das palavras (Vergès, 2003; Abric, 1998). Para atingir tal objetivo, utilizou-se o software EVOC para análise das palavras evocadas.

Realizou-se também a análise implicativa, a fim de identificar a relação entre as palavras que fazem parte da representação social do Cloud Computing para se confirmar a centralidade dos termos parte da representação social encontrada, assim como a análise léxica e de conteúdo, do questionário complementar, para a obtenção de informações adicionais e pertinentes ao estudo (Vergara, 2005).

De acordo com Pereira (2006) e Abric (2005), como sumarizado no Quadro 8, a técnica do quadro de quatro casas de Vergès cruza as frequências das evocações, que possuem natureza quantitativa, com as ordens das evocações, que possuem natureza qualitativa, da seguinte forma:

• No quadrante superior esquerdo situam-se as evocações com frequência de evocação maior do que a frequência média de evocação (FME) e com ordem de evocação inferior à ordem média de evocação (OME) – elementos integrantes do núcleo central, que comportam as funções de gerar o significado da representação, de forma estável e organizada.

(48)

• No quadrante inferior esquerdo situam-se as evocações com frequência de evocação menor do que a FME e ordem de evocação menor do que a OME, consideradas importantes por um pequeno grupo de sujeitos – elementos integrantes da zona de contraste, que comporta a existência de subgrupos minoritários que possuem uma representação diferenciada. Possuem uma relação igualmente estreita com o núcleo central.

• No quadrante inferior direito, situam-se as evocações com frequência de evocação menor do que a FME e ordem de evocação maior do que a OME, irrelevantes para a representação e contrastantes com o núcleo central – elementos integrantes da segunda periferia, que comportam os elementos sem importância no campo das representações, estando distantes do núcleo central.

Quadro 8 - Sumário descritivo dos quatro quadros de Vergès.

NÚCLEO CENTRAL

Evocações com frequência de evocação maior do que a FME e com ordem de evocação

inferior à OME.

PRIMEIRA PERIFERIA

Evocações com frequência de evocação maior do que a FME e ordem de evocação maior do

que a OME.

Ligação estreita com o Núcleo Central

ZONA DE CONTRASTE

Evocações com frequência de evocação menor do que a FME e ordem de evocação menor do

que a OME.

Ligação estreita com o Núcleo Central

SEGUNDA PERIFERIA

Evocações com frequência de evocação menor do que a FME e ordem de evocação maior do

que a OME.

Ligação distante com o Núcleo Central

(49)

(Vergara, 2005). De acordo com Tura (1997), o quadrante inferior esquerdo (zona de constraste) e o quadrante superior direito (primeira periferia) possibilitam uma interpretação menos direta, já que representam cognições que estão próximas ao núcleo central (Pereira, 2006; Abric, 2005).

Quadro 9 - Representação do Núcleo Central e Sistema Periférico usando a técnica do quadro de quatro casas de Vergès.

(50)

No entanto, nesta dissertação, a categorização dos dados será feita posteriormente à identificação do núcleo central e periférico do Cloud Computing, já que esse é o procedimento requisitado pelo software EVOC. Há a necessidade de se organizar, primeiro, os dados a serem utilizados pelo software, para que seja possível gerar a representação do Cloud Computing. Dessa maneira, ao se utilizar o software EVOC, o passo de categorização é substituído pelo passo chamado de organização de dados. A categorização passa, então, a ter a função de identificar e classificar os conteúdos das representações, para melhor compreensão (Kalache, 1987), não sendo fundamental para a identificação do quadrante de Vergès.

Assim, para que se encontre o núcleo central da representação social, de acordo com o quadro de quatro casas de Vergès, as seguintes etapas foram seguidas nesta dissertação: 1) Organização das palavras evocadas; 2) Cálculo da frequência das palavras por meio do EVOC; 3) Cálculo da ordem média de evocação das palavras por meio do EVOC.

Para realizar a primeira etapa de organização de dados, as palavras evocadas foram organizadas utilizando-se o procedimento nettoyage do EVOC (Sarubbi Junior, 2013), e com base nos seguintes critérios, de acordo com Kalache (1987): “1) Verificou-se a flexão gramatical de gênero e número, 2) Verificaram-se os sinônimos e as semelhanças semânticas existentes entre os vocábulos evocados e 3) Analisou-se o sentido de cada uma delas”. No Apêndice C há um quadro com toda a organização das palavras usadas nesta dissertação.

Camargo (2005) afirma que os pesquisadores das representações sociais utilizam métodos variados e estratégias metodológicas inovadoras, já que a identificação do senso comum, base da representação social, é complexa. Os programas de computador permitiram o surgimento de novas técnicas de análise de dados para a representação social, com uma abordagem intermediária entre a quantitativa e a qualitativa. O software EVOC é um desses programas, possuindo recursos necessários para a realização de pesquisas sobre a estrutural das representações sociais.

(51)

Percebe-se, então, que o software EVOC propõe o resultado final da representação social, incluindo o núcleo central e sistema periférico, perfazendo a segunda e terceira etapas necessárias para construção do quadro de quatro casas de Vergès.

Adicionalmente à técnica do quadro de quatro casas de Vergès, faz-se necessária a realização de um teste de centralidade, pois de acordo com Vergara (2005), o teste de evocação de palavras, por si só, não permite uma conclusão com relação à representação social. Existem diversas análises teórico-metodológicas para se fazer o teste de centralidade, as quais auxiliam na estruturação dos termos no núcleo central.

No caso desta dissertação, usou-se a análise de semelhança, mais especificamente a análise implicativa, como teste de centralidade, que permite saber se os termos identificados como pertencentes ao núcleo central são realmente os termos estruturantes, de ponto de vista do relacionamento dessas palavras com os demais elementos que fazem parte da representação social do Cloud Computing. Segundo Pereira (1997) a análise de semelhança é capaz de confirmar a estrutura da representação social e a confirmação dos termos de maior centralidade. Busca-se, dessa forma, identificar qual palavra se removida, desestruturaria toda a representação social, o que é de fundamental importância para essa representação (Vergara, 2005).

Por fim, realizou-se uma análise de dados, baseada nas técnicas de análise de léxico e de conteúdo. A análise de léxico subsidiou a análise de conteúdo, que buscou identificar o que foi sendo dito sobre o tema Cloud Computing, com base nas respostas dos questionários complementares, buscando-se indicadores que permitissem inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/receptação dessas mensagens (Vergara, 2005).

Tanto a análise implicativa quanto a análise de conteúdo serão detalhadas na sequência do trabalho, por se tratar de técnicas utilizadas para a análise dos resultados.

A Figura 3 apresenta o fluxo da pesquisa empírica, desde a elaboração da pesquisa

(52)

Figura 3 - Fluxo da Pesquisa Empírica até a análise dos dados

1

Elaboração da Pesquisa Online

2

• Aplicação do Teste de Evocação de Palavras e Questionário Complementar

3

Aplicação da técnica de Vergès, por meio do software EVOC

4

• Identificação do Núcleo Central e Sistema Periférico

5

Análise Implicativa, por meio do software CHIC, e Análise de Conteúdo

6

• Comparação do Quadrante de Vergès com o Grafo Implicativo e Categorias Inferidas

7

(53)

5. ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo são apresentados os resultados das análises do teste de evocação de palavras e do questionário complementar, respondidos pelos profissionais de TI, acerca da opinião dos mesmos a respeito do Cloud Computing.

Este capítulo subdividiu-se em quatro etapas distintas que buscam identificar nas respostas dos sujeitos de pesquisa, suas opiniões a respeito do Cloud Computing.

A primeira etapa tratou da análise das características da amostra obtida, de maneira a identificar se a mesma é adequada para uso nesta dissertação. Na segunda etapa, identificaram-se os elementos formadores dos quadrantes de quatro casas de Vergès, mais especificamente do núcleo central e sistema periférico, utilizando-se o software EVOC. Na sequência, na terceira etapa, gerou-se o grafo implicativo, demonstrando a ligação entre os elementos parte do quadrante de quatro casas de Vergès e os respectivos grupos de associações relacionais, por meio de análise implicativa. Por fim, na quarte etapa, analisaram-se os dados das questões abertas por meio de análise léxica, que subsidiou a análise de conteúdo, com a respectiva categorização do texto.

5.1 Análise das amostras

O teste e questionário online foram encaminhados para mais de 10.000 contatos, de variadas regiões, gêneros, áreas e experiências profissionais. Incluíram-se não só profissionais da área de TI, mas solicitou-se àqueles que não fossem da área, que reencaminhassem a pesquisa para profissionais conhecidos que atuassem na área de TI. Foram obtidas 291 respostas, das quais foram aproveitadas 221 (76%) para realizar a análise dos resultados inseridas nesta dissertação. Do total, 70 (24%) questionários foram excluídos por conterem respostas em branco, por terem sido preenchidos por profissionais que não eram da área de TI ou preenchidos com palavras incompreensíveis e fora do contexto da pesquisa.

(54)

aumenta-se consideravelmente a taxa de sucesso de uma pesquisa, sendo a mesma ainda mais precisa com 300 ou mais observações. Dessa forma, o número de questionários usados nesta dissertação de 221 está dentro de uma faixa bastante confortável para se obter um resultado satisfatório.

Dos 221 respondentes considerados nesta dissertação, 188 (85%) responderam tanto o teste de evocação de palavras, quanto o questionário complementar, ou seja, responderam completamente todas as perguntas. Já 30 (13,7%) responderam apenas o teste de evocação de palavras, enquanto 3 (0.3%) respondentes responderam o teste de evocação de palavras e parcialmente o questionário complementar. O Quadro 10 sumariza a situação de todos os questionários envolvidos nesta pesquisa.

Imagem

Figura 1 - Modelo Visual da Definição de Computação em Nuvem do NIST.
Figura 2 - Fluxo da Pesquisa Bibliográfica
Figura 3 - Fluxo da Pesquisa Empírica até a análise dos dados
Gráfico 1 - Tempo de experiência na área de TI dos entrevistados.
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Referências

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