ANALISE COMPARATIVA DO CUSTO DA UTILIA�AO DE LUVAS COM REPROCESSAMENTO E SEM REPROCESSAMENTO*
Vera Lucia Mira Gon:alves** Sanda Honorato da Silva* ** Maria Helea Amancio**** Tania Regina Sancinetti+
RESUMO: 0 estudo propoe uma analise do sistema de reprocessamento de luvas de latex em seus aspectos tecnicos e inanceiros, objetivando sua valida980, ou ad0980 de uma nova estrategia, que garanta 0 suprimento adequado de luvas, tanto quantita tiva como qualitativamente, aos diversos Sevi90s do Hospital Universitario. 0 trabalho foi desenvolvido no perfodo de janeiro de 1 991 a mar90 de 1 992. Os resultados demonstraram que a adequa980 do uso da luva e a elimina980 do reprocessamento, possibilitaram uma redu980 de custos na utiliza980 de luvas correspondente ao montante da ordem de 37% .
ABSTRACT: The study proposes an analysis of the latex gloves reprocessing system and its technical and inancial aspects aiming its validation or the use of a new strategy which can guarantee the proper gloves supply in terms of quantity and quality to the diferent services in the University Hospital. This work was developed between Januay 1 991 a nd March 1 993. The results showed the adequacy of the use of gloves and the nonreprocessing system enabled a cost redution up to 37% in its suitablility.
1 . INTRODU�AO
o uso, pocessamento e reprocessamento de ma teriis sao temas que ao longo do tempo ven sucitan do inImeros e abangentes questionamentos por parte dos efermeiros, especil mente os envolvidos no ta balho em areas de apoio como Cenais de Materiais e Esteriliza:oes (CE) ou areas admiistrativas.
Assim, luns trabalhos ten sido produzidos na tetativa de responder a esses questionamentos, como os de SILVA (8); SILVA et al.(9); FARIA et al. (5); PAST ANA & LORENZETI (7); HEDRIX (6); AL EIDA & LUIZOTI ( 1 ) e GONGAL YES et al. (4)
Os auto res citados ten demonstrado em suas publica:oes, preocupa:oes que envolvem aspectos
como riscos ocupacionais a que podem estar expostos os funcionarios e 0 equilibrio desejavel entre qul ida de de assistencia e custo.
A Central de Material e Esterilia:ao, embora Unidade de Efemagem de apoio, esta comprometi do com a qulidade de assistencia presada aos pa cientes, consideando ser de sua competencia e res ponsabilidade 0 processamento dos materiais em Di vel de qualidade que gaanta a seguran:a do pacien te-cliente e equipe de saude envolvidos no processo assistencial.
ALEIDA e LUIZOII( l ) compartilham deste pensamento, quando pop5em um estudo sobre 0 reprocessamento de luvs com vistas t seguran:a e qualidade de assistencia.
Trabalho apresentado no 45° Congresso Brasileiro de Enfermagem. Premio Noraci Pedrosa, 2° lugar. Recife-PE, 28 de novembro a 3 de dezembro de 1 993.
* * Mestranda e m Enfenllagem - Diretora d o Servi�o d e Apoio Educacional d o Hospital Universitario da USP.
*.. Professora Assistente do Departamento de Enfennagem Medico-Cirtlrgica da Escola de Enfemlagem da U S P e diretora do Departamento de Enennagem do Hospital Universitario da USP .
• * * * Enfenneira - Diretora da Divislo de Enfennagem Pediatrica do Hospital Universitrio da USP. + Enfemleira - Chefe de Se�ao da Central de Material e Esteriliza�ao do Hospital Universitario da USP.
A C.M.E. preconiza que os ateiais i proces sados e reprocessados estejam condizentes, em qan tidade e qualidade, com as necessidades do hospital, de maneia a consolidar a assistencia de enfermagem num contexto de eiciencia e eicacia. Entretanto, tomado-se 0 ospital como empresa, nao apenas os aspectos assistenciais merecem ser contemplados. Para a empresa, a pratica da anaIise e adequa:ao custobeneficio e primordial para seu sucesso e mes mo sobevivencia.
A C.M.E., como unidade que tata basicamente de processar os mateiais, esta evolvida com esta relidade empesaial.
Essa 6tica nao e nova. Ha 20 anos; auto res como SIL VA (8), ecomendavam que tecnicas de contole de custo fossem adotadas em todos os setores do hospital, objetivando uma visao detalhada do modo como estavam sendo utilizados os recursos envolvi dos nas atividades assistenciais.
EHART (2), por sua vez, garante que "eiciencia, eicacia e custo, sao componentes mensuraveis e di retamente relacionados a qualidade de assistencia prestaa em uma instiui:ao.
Emboa nao exista ate 0 momento, un quantita tivo expressivo de publica:6es que analisem custos em enfermagem, pode-se erceber a preocupa:ao que o assunto ten deserado, sobretudo nos proissionais sintonizados com geencia eiciente e qualidade de sevi:o.
SIL VA (9), destaca 0 papel do efermeiro, no planejmento, organiza:ao, dire:ao e contole da alo ca:ao de ecursos materiais para a efetiva:ao de na assistencia a menor custo.
Os autores deste tabalo, por serem resonsa veis e/ou, por esaem diretamente envolvidos com 0 planejamento e processmento de mateiis no Hos pital Universitaio da USP (HU), sentiam de eto a problematic a da adequa:ao do uso do material aos diversos procedimentos assistenciais e a necessidade de ado:ao de estategias que viabilizem a diade, qua lidade de assistenciacusto.
Contemplando os aspectos ate aqui discutidos e a problematica relacionada a utiliza:ao de luvas com a qual 0 Depaamento de Enfermagem do HU se deparava, optou-se por uma anaIise citica da questao. Nesta anIise, varios aspectos foram considera dos. 0 pimeiro deles foi a situa:ao que a C.M.E. vinha enfrentando, onde a compatibiliza:ao entre a produ:ao de luvas e 0 atendimento da demanda diaia do hospitl como un todo, tomaa-se inviavel.
Outra questao que vinha sendo obsevada nos diversos setores do ospial era a inadequa:ao exis tente ente 0 uso de luvas e 0 procedimento a que se destinava.
Aliada a isto, estava a considea:ao de que, esta inadequa:ao poderia estar onerando a institui:ao, no que se referia ao custo da aquisi:ao de luvas.
Havia ambem, seris inquiea:oes sobre a ques tao do processamento e reprocessamento de luvas, levndo-se em cont. os riscos ocupacionais envolvi dos nesta pratica, 0 alto custo que a mesma representa, quando da obsevacia correta da normatia:ao eis tente, e a falta de mecnismos seuros de controle de qualidade das luvas por reprocessamento.
Na mesma ocasiao, surgia a recomenda:ao do Miisterio da Saude, da implementa:ao das Precau :oes Universais as institui:oes de saude, fator que certamente iflueciaria no quantiativo de luvas uti liadas diriamente.
o quadro acima delineado, coigurava a neces sidade impeativa da realia:ao deste estudo, que teve como objetivos:
- conhecer como na institui:ao estava ocorendo a utilia:ao da luva em rela:ao ao pocedimento; - padronizar 0 uso dos diferentes tipos de luvas or
pocedimento;
- conhecer 0 custo do reprocessamento de luvas de latex, utilizadas em procedimentos nao cimrgicos; - analisar comparativamente 0 custo da luva reproc
essada ao custo da luva descaraveI.
2. METODOLOGIA
2.1 Universo e Popula�ao
o trabalho foi desenvolvido no Hospital Univer siaio da USP, no eriodo de dezembro de 1 990 a maio de 1 992.
A pesquisa realizou-se em duas etapas distintas. Na primeira eapa, estabeleceu-se a padoniza:ao das luvas or pocedimento, e a popula:ao foi constituida por 1 1 Unidades de Enfemlagem que coespondiam, na epoca, a 100%.
A segunda etapa refeiu-se a obten:ao dos custos referentes a utilia:ao de luvas processadas e epo cessadas, e 0 conhecimento do custo da aquisi:ao de luvas utiliadas como descataveis.
2.2 Defini�ao de Termos
Paa este estudo, form considerados:
- 1 ° Uso: A luva esteiliada na institui9ao, pela la vez, adquirida ja com a embalagem intema. - Reuso: A luva (par) reprocessada aOs 0 1° uso. - Mao: Luva (mao) repocessada, aOs 0 1° uso.
2.3 Coleta de Dados
Na primeia etapa, os dados foram obtidos de duas fomas, em conversas iformais com as enfer meiras das unidades, questionando-se 0 pocedimen to e 0 tio de luva nele utiliados e posteriormente, com a aplica9ao do instrumento especiico.
Na seguda etapa, 0 tabalho especiico des en volvido foi a detemina9ao do custo das luvas, que sera detalhado o item 3.4.
2.4 Instrumento para Coleta de Dados
A padroniza9ao do tipo de luva a ser utilizado em cada procedimento, foi desenvolvida a pair da opi niao das enfemeiras das divesas unidades e de ese cialistas no assunto.
o instrumento elaborado foi distribuido para to das as Unidades de Enfermagem. As enfermeias deveriam apontar 0 quantitativo necessario de cada tio de luva, para suprir a demanda diaria e ainda acescentar, caso necessario, algum procedimento 30 contemplado na padroniza9ao.
Os dados obtidos pela aplica9ao deste instumen� to foram reunidos e ossibilitaram 0 conhecimento do ercentual de cada tio de luva a ser utilizado pel as Unidades de Enfermagem como un todo.
2.5 Procedimento para Obten�ao de Custos
2.5. 1 Processamento e Reprocessamento
Para 0 estabelecimento do custo do pocessanlen to e reprocessa1ento de luvas que constituiu a 2a etapa do trabalho, levou-se em considera9ao: - Mao-de-obra: Atendente de Enfemagem. - Material: Embalagem, (papel gau cirurgico), gas
oxido e etileno (ETO).
- Pr�o Mcdio: Pre90 medio das luvas obtido junto aos foecedores habituais do Hospital.
Nao fOf1 considerados para a elabom9ao do custo, alguns aspectos de dificil mensura9ao, como :
mao-de-obra do enfermeiro a supevisao, talco, sa bao, agua, eergia eletrica, desgaste e depecia9io dos equipamentos envolvidos a opea9Io, mio-de oba adminisativa.
Mlo-dc-obra: 0 calculo de custo da mio-de oba para peparo e esterilia9ao do montante referen te a luvas/mes, baseou-se no nnero de atendentes envolvidos neste trabalho, e 0 custo/mes dessa mio de-oba consideando-se: salario mensal do ateden te, encargos sociais e adicional de plantao notumo.
Material: gas oxido de etileno (ETO) Oxiume e embalagem.
Foam analisadas nesta etapa: - 0 custo do cilindo de ETO - 62K; - n° ciclos por cilindro;
- nO de luvas pares e mao processadas em n cicio; - custo dos diversos ta1anho de embalagens grau cirurgico, intemas e extemas, utiliadas no po cessanlento de luvas, par e mao.
Pr�o medio: No perfodo de fevereiro/9 1 a maio/92, foranl realizados sucessivos levantamentos de pe90, dos difeentes tipos de luvas estabelecidos na padroniza9ao junto aos fomecedoes habituais do Hospital Univesitano. Essas cota90es subsidiaam 0 conhecimento do pe90 medio de mercado de cada tipo de luva.
2 .5.2 Luvas Descataveis
A segunda etapa envolveu, alem do estabeleci mento dos custos descritos acima, 0 conhecimento do custo da utiliza9ao da luva descartavel. Este custo foi obtido, considerando-se: pre90 unitario medio versus estimativa de consumo/mes por tio de luva.
3. ANALIS E E DlSCUSSAO DOS RESULTADOS
Confonne descrito na metodologia, a primeira eapa do trabalho caacterizou-se por obseva9ao in fomal nas diversas unidades do Hospital Universita rio, averiguando-se 0 tipo de luva utilizado e a inali dade do uso.
Os dados obtidos possibilitaram a consata9ao da inadequa:ao na escolha do tipo de luva, frente a un procedimento a ser realizado. Situa:oes como a utili za:ao de luvas ciurgicas epocessadas paa manipu la:ao de mateial contaminado, ou para a ealiza:ao de cuidado coPoral a pacientes, mostraam-se bas tante freqientes, entre outms, denotando 0 desprepao
do usmmo de luvas na utiliza�ao das mesmas.
E
sabido que paa a realiza�ao dos procedimentos citados, a luva ten como indica�ao a prote�ao micro bioloica do proissional, podendo portanto, ser utili zada nesta situa�ao, luva de procedimento nao esteril, ou mesmo uma luva plastica, que alem de preenche rem os requisitos tecnicos, proporcionam a institui�ao uma redu�ao do custo quando de sua utiliza�ao.3.1 Padroniza;ao Proposta
Mediante os fatos e objetivando 0 uso do tipo coreto de luva, de acordo con a inaliade pretendi da, foi poposta uma primeira padroniza�io, confor me 0 Quado 1 .
Quadro 1 : Demonstrativo da padroniza9ao do tipo de luva de acordo com a inalidade de utli za9ao. Sao Paulo, 1 992.
Finalidade Condi;ao Tipo de Luva da Utiliza;ao
Proteao Cirurgica Microbiologica Esterelizado Procedimentos ao Paciente
Proteao Nao Procedimentos
Microbiologica Esterelizado Plastica
ao Proissional
Esta padroniza�io noteou a elabora;ao do ins tnento, que previa 0 tipo de luva indicado por cad a procedimento realizado.
Paa essa padroniza;io foam obcdecidos crite rios, destacando-se duas situa�oes onde ha exigencia de uso de luvas: pote�io icrobiol6gica do paciente e prote:ao microbiologica do poissional . Nestas
exigencias forma consideradas as condi;oes da luva no que se efere a necessidade de esteilia:io, sendo que, para a pote:ao microbiol6gica do paciente, esta i ndicada a luva esterilizada, e para a prote;ao icro biol6gica do pofissional, a luva nao esterilizada.
Paa a escolha do tipo de luva fomla obsevados os seguintes parametos: grande exigencia de sensi bilidade tatil, dura;ao do procedimento e isco de contaminatao do usuario, no concemente a tempo e natureza do procedimento.
Os dados obtidos pela aplica;ao do instrumento nas diversas unidades de enfcmagem, foram reuni dos, e sua analise possibilitou 0 estabelecimento da padroniza:ao inal do tipo de luva por procedimento. Demonsta-se a seguir a padroniza;ao adotada na
institui:ao para 0 usa de luvas. Luvas Ciiirgicas Esterilizadas
Utiliadas con a inalidade de prote�ao mico biol6gica do pacicnte submetido a procedimentos que exijam manuten;ao da sensibilidade tactil do prois sional que 0 execua.
Enquadam-se, entre outros, nesta condi;ao :
Dissec;ao de veia;
- Passagem de cateteres intavenosos centra is; - Drenagem de t6rax;
- Dialise peritoneal; - Bi6psia;
- Taqueostomia; - Cateterismo umbilical;
- Exsangiiineotransusao;
- Suturas;
Luvas de Procedimento nao Esterilizadas
Utiliadas con inalidade exclusiva de pote;ao do proissional que executa cuidados dietos con 0 paciente, ou manuseio de material sujo.
Enquadram-se, ente outros, nesta condi;ao : - Higiene coporal do paciente aduIto;
Cuidados "post morten"; Massagem e ordenha mamaria; - Cuativo contaminado (se necessario); - Pun;ao venosa - coleta de sangue; - Lavagcm intestinal ;
Sondagem e lavagem gastrica; - Toque gi necol6gico;
- Toque retal;
- Exame endosc6pico;
- Recep;ao do RN no centro obstetrico;
- Limea/manus�io de matcriais suj os : inaladores, almotolias, circuitos ventilados, material de ex purgo . . . ;
- Limea temtinal;
- Prepao de quimioteapicos;
- Manuseio bolsa de sangue.
Luvas de Procedimento Esterilizadas
Utiliadas com a finalidade de prote;ao mico
biol6gica do paciente submetido a procedimentos que
nao exijam sensibilidade tactil acurada do
nal que o executa.
Indicadas também em situações onde se manipu lem equipamentos ou material esteri lizado e que, após o manuseio, devam permanecer estéreis.
Enquadram-se, entre outros, nesta condição:
Laqueadura umbilical;
Cateterismo vesical;
Entubação endotraqueal;
Toque vaginal obstétrico;
Amniocentese;
Punções: LCR, supra-pública, pleual; Troca de cânula de traqueostomia; Exames endoscópicos.
Luva Plástica
Utilizadas em pocedimentos assépticos de curta duração, ou de menor risco; utilizados também em procedimentos considerados contaminados e que exi gem a proteção do funcionáio:
Higiene cororal da criança e R.N; Troca de fraldas;
Medicação via eull; Medicação tópica;
Coleta de material (fezes, urina. escarro); Aspiração endotraquela (esterilizada):
Aspiração de vias aéreas sueriores;
Troca do fasco do sistema drenagem tórax; Troca do sistema coletor de urina sistema fechado;
Mensuração de débito sondas/drenoslcolostomias;
Dieta gastrostomia;
Manuseio de acessórios de ventiladores (etirada);
Ticotomia;
Limpeza concorente.
Aina, como resultado da aplicação do instu mento, obteve-se a quantificação por tipo de luva necessária para o desenvolvimento adequado das ati vidades assistenciais em cada illlidade, de acordo com o padão já estabelecidos.
O conhecimento deste quantiativo além de sub sidiar o estabelecimento das cotas mensais das diver sas nidades e seviços, favoreceu o delineamento de m panorama até então desconhecido. O agrupamen to dos tipos de luva por inalidade, possibilitou o conhecimento dos dados demonstrados a seguir:
Quadro 2: Demonstrativo do percentual de uti lização de luvas por inalidade. São Paulo, 1992.
Finalidade Tipo de Luva Condição Percentual da Utilizacão de Utilizacão
Proteçao ao Cirúrgica Esterilizada 18,3% P aciente
Proteçao ao Procedimento Nao 56,5%
Proissioional Esterilizada
Proteção ao
Paciente, Ma- Procedimento Nao 25,2% teria I e Solu- Esterilizada
çóe s
Na atlise dos achados do percentual de utiliza ção de luvas por finalidade, verificou-se que 56,5% do montante de luvas necessárias na instituição, tem como finalidade a proteção do profissional, condição que ossibilita a utilização de luvas de procedimen tos. não esterilizadas, cujo custo é e\1remamente me nor. se comparado ao da luva cirúrgica, não esterili zada, ou mesmo. de uma luva reprocessada.
As situações que envolvem pocedimentos a se rem realizados com pacientes, manuseio de material esterilizado e manuseio de soluções, representam 25,2% do montante de luvas utilizadas na instituição, estando previsto para tal, a utilização de luvas de procedimentos esterilizadas.
O percentual de necessidade de utilização de luvas cirúrgicas esterilizadas, foi o menor encontrado e corresponde a 18,36%. Esta luva é a de maior custo de aquisição. se comprada aos outros tipos. Este resululdo causou erplexidade, ois pressupõe-se que o percentual maior de necessidades de luvas, recairia nas luvas esterilizadas. Este achado evidencia a perda de numerário com o qual a istituição estava arcando, em decorrência da inadequação das luvas. Fica tam bém demonstrada a necessidade da investigação em cada instituição, de modo a se conhecer a realidade de cada uma, adequando conseqüentemente o poces so de compra.
A segunda etapa do trabalho direcionou-se à ná lise de custos, referentes ao reprocessamento de luvas e da aquisição de luvas descartáveis.
Para o conhecimento dos custos de reprocessa mento de luvas forma consideradas, quantidade de luvas distribuída na época para as unidades, a mão de-obra envolvida no reprocessamento. o custo das embalagens, o custo do gás óxido de etileno e o peço médio das luvas.
Cabe salientar que o levantamento do peço mé dio das luvas, devido às enormes oscilações do
cado e do pocesso i nlaciomirio existente em nosso meio, foi real izado em varias etapas para validayao dos achados. Os dados foram obtidos no periodo de fevereio de 1 99 1 a maryo de 1 992 e 0 levantamento do peyo de cada item envolvido, obtido junto aos fomecedores habituais do Hospital U niversitario da Universidade de Sao Paulo.
3 . 2 Processamento e Reprocessamento -Analise de Custos
A
eoca do estudo era m entegues a Cental de Material e Esterilizayao pelo 1lmoxarifado, um equi valente a 29. 700 pares de luvas ao mes, sendo, 22.800 luvas cinlrgicas nao esteril izadas e 6. 900 pares de IllVas cirurgicas esteril izadas.Ainda, a Central de Material e Esterilizayao pro cessava e cpocessava um quantitativo assim distri buido :
1 ° uso = 1 2 .549 pares/mes
Reuso = 4.025 pares Imes
Mao = 1 0 .903 unidades/mes
Paa 0 processamento e reprocessamento das lu
vas aeima, eam utiliados 5 funeionios (atendentes de enem1agem).
Em relayao ao oxido de etileno constatou-se:
1 cilindro de ETO com 62 kg, consegue ealizar 1 6 e ielos, com u m custo de Cr$ 790 .43 2,8 1 por cicio;
a esterilizayao de 450 pares de luvas e 550 maos, e m cada cielo ;
- a esterilizayao de 1 0 . 903 maos em 20 ciclos e a de 1 6 . 547 pares em 3 7 eiclos ;
o total de 57 cielos/mes, para esterilizayao do montante acima referido.
Quanto ao que se referia a embalagens, eam utilizados papel grau cirurgico, do seguintes
tama-nllos: 1 7,35 (extema par), 22x28 (intema par), 1 5 x30 (extema mao) e 1 3 x28 (intema mao).
Para 0 processamento e reprocessamento utiliza vam-se :
_ 1 2 . 549 embalagens extemas paa as luvas de 1 °
usc, ois a s mesmas ja e a m adquiridas de fabi cante com as embalagens inteas;
- 4.025 embalagens intemas e 4.025 embalagens extemas para 0 reprocessamento das luvas de 2° uso.
- 10.903 embalagens inteas e 1 0 . 903 embalagens extemas para ao luvas maos.
Demonstra-se a seguir, 0 preyo uniario dos ma teriais obtidos no levantamento de maio de 1 992, envolvidos no processamento e reprocessamento de luvas.
Material
Luva Cirurgica Nao Esteril Embalagem 1 5x30 externa Embalagem 1 7x35 externa Embalagem 22x28 interna Embalagem 1 3x28 interna Torpedo oxifume 62 Kg Loca9aO por torpedo Sa la rio atendente (Ref. 1 5) Cota9ao do d61a r em 1 2/5/92
P re90 Unitario (em Cr$-Ma io/92)
3.576,37 302,39 336,83 333,50 250,23 1 2.646.925,54 83. 1 26, 1 2 585.942,37
2.547,28
Salienta-se que, embora, as luvas cirurgicas ad quiridas esteiliadas fossem tan1bem repocessadas, o quantitativo das mesmas foi desconsiderado, sob 0
ponto de vista de custo de aquisiyao, uma vez que estas luvas continuariam a ser adquiidas e utilizadas como descartaveis no Centro Cimrgico e Centro Obs tetrico, independentemente da sistematica adotada. Considerou-se, portanto, para efeito dos calculos, so mente 0 quantitativo relacionado a aquisiyao/mes de
Quadro 3 : Demonstrativo do custo de processamento e reprocessamento de luvas/mes. Maio/1 992
Fatores Quant x Custo u nit. Total em cruzeiros
Envolvidos
Luvas cir. nao est. 22.800 x 3.576,37
E.T. O. 57 x 790.432,81
1 2.549 x 336,83
Emba lagem 4.025 x (336,83+333,50)
1 0.903 x (302,39+250,23) Mao-de-obra Sala rio + E ncargos
5 atend.
Total
-276 R. Bras. Ejerm. Brasilia, v. 46, n . 3/4, 27 1 -278, jul.ldez. 1 993
81 .41 .236 00
5.054.670,00
1 2.50. 1 73,60
4.429.724, 1 0
1 43.975.803,70
Total em d61ar
32.01 1 1 0 1 7. 687,36
5.083,92
1 .739,00
luvas cirurgicas nao esteriliadas, ou seja, 22.800 ares. Sege, quadro com 0 demonstrativo dos custos acima descitos, com base no pre:o medio de maio/l 992.
3.3. Utiliza�ao de Luvas Descatlveis -Anllise de Custos
Para a nalise do custo envolvido na utiliza:ao de luvas descataveis, abolindo-se, portanto, 0 processa mento e reprocessamento das mesmas, foram neces sios : 0 esabelecimento do quantitativo/mes para 0 supimento das necessidades eais das unidades por io de luva, e 0 conhecimento de custo unitario de caa uma delas.
Ficou estabelecido, a6s analise dos dados obti dos com 0 peencimento do formulario, 0 seuinte quantitativo por tipo de luva para 0 suprimento do cosumo/mes :
Luvas cirurgicas es!erilizadas (pa r)
Luvas cirurg. n�o es!erilizadas (par)
Luvas de procedimen!o es!erilizadas (par) luvas de procedimen!o es!erilizadas (un.) luvas de proced. nao esterilizadas (un.)
3.676 un. 1 . 1 42 un. 3.739 un. 1 3.451 un. 69.700 un.
o custo niirio, or tio de luva, encontrado em aio de 92 foi :
luva cirurg. es!erilizada (par) luva cirurg. n�o es!erilizada (par) luva de proedimen!o es!erilizada (par) luva de procedimen!o es!erilizada (un.) luva de proed. nao es!erilizada (un.)
CR$ 4.063,25 CR$ 3.1 22,07 CR$ 1 .897,36 CR$ 1 .585,75 CR$ 645,71
o Quadro 4 faz 0 demonstrative do custo/mes envolvido a utiliza:ao de luvas como descaraveis :
Coecendo-se 0 custo do pocessameno e repro cessamento de luvas e 0 custo da utilia:ao de luvas desciveis, foi ossivel a analise comparativa dos mesmos, obtendo-se:
Quadro 5: Demonstrativo da analise compara tiva do custo de processamento e reprocessa mento de luvas e utiliza;ao de luvas como des caratvis - Maio/1 992.
luvas Valor em cruzeiros Valor de d61ar Processadas e 1 43.975.803,70 56.521 ,38 reorocessadas
Descataveis 9 1 .932.049,00 36.090,26
Diferen9a 32.043.754,70 20.431 , 1 2
Cumpe salientar que a patir dos achados, foi abolido 0 processamento e 0 reprocessamento de luvas e adotada a estategia de utiliza:ao de luvas como descartaveis.
No entanto, para que a mudan:a pudesse ser implemenada com sucesso, vaias providencias fo ram tomadas a ivel institucioal, ente elas:
substitui:ao das cotas ja existentes no almoxai fado, pela nova cota que introduzia itens e alteraia os quantitativos.
- esquema de reorienta:ao de todos os usuarios de luvas na institui:ao, paa que, informados, i mple mentassem a nova diaica de maneira adequada; centalia:ao, no primeiro momento, da dis tribui:ao de luvas as diversas unidades e sevi:os, pela Central de Material, com vistas ao contole e avalia:ao da proosta, salientando que ap6s 4 me ses, quando da anaIise dos resultados que se mostraram bastante satisfat6ios, 0 suprimento aos servi:os e unidade passassem a ser ealizados pelo almoxaifado.
4. CONCLUSOES
Os resultados obtidos neste estudo, permitiram estabelecer as seguintes conclusoes :
a padroniza:ao de luvas na institui:ao era imos tergavel, dados os desvios de utiliza:ao obser vados;
Quadro 4: Demonstrativo do Custo/Mes de Luvas descataveis, Maio/1 992.
Tipo de luva Maio/92
$ un. x onumo cir. est. par) 4.63 25 x 3 676 r. n . et. (oar) 3.1 22,07 x 1 . 1 42 I proced. (par) 1 .897,36 x 3.739 esteril (un.) 1 .585,75 x 1 3.451
I croc. n . et. 645,71 x 69.70 Total
Total Total em U$
em CR$
1 4.96.507,0 5 .963,70
3.565.403,90 1 .299,69
7.094.229,00 2.785,02
21 .39.923,0 8.373,60
5.5.987,0 1 7.668,25
91 .932.09,0 36.090,26
a padoniatao de luvas agilizou a implantatao das pecautOes univesais;
a analise comparativa, do custo do eprces samento e do custo da luva descatavel, demon strou que 0 custo do epocessamento e maior; o maior pecentual de luvas utiliadas as unidades de enfermagem (56,5%) eferiam-se a potetao proissional, que 30 exige luva esterilizada;
a padoniatao de luvas possibilitou a redutao do custo il de aquisitao de luvas em 37%; foi possivel abolir 0 reprocessamento de lvas eliminado os riscos ocupacionis envolvidos nesta pitica;
houve melhoria no nivel da qualidade da assisten cia prestada ao cliente do Hospital Universiiio.
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS :
I . ALMEIDA, C.F. ; LUIZOTI, C. R.A. Proposta de padroni za�io para usa de luvas descartaveis em procedimento de efermagem e medicos no Centro de Assistencia Integral a aude daMlilher. Campinas, CAISM da UNICAMP, s.d. (mimeografado ).
2. E HART, K.S. Ile cost - quality balance: an nalysis of quality, efectiveness eiciency and cost. Jana, v. 1 7, n.5, p.5- 1 3 , 1 987.
3. GERSORFF, R.C.J. Contabilidade de custos hospitalares no Brasil: qual seria um sitema pitico, simples e eicaz? Vida Hospitalar, n.3, p. I I 6-23, 1 980.
4. GONyALVES, V.L.M. et al. Utiliza�ao de seringas des cahiveis: estudo da viabilidade e vantagens. Rev. Med. HU-UP, v. l , n. l , p.67-73, 1 99 1 .
5 . FARIA, A.D. et al. Fomla altemativa d e reprocessamento de luvas cirurgicas. Efoque, v. 1 8, n. l , p. 7- 10, 1 990.
6. HENDRIX, M.H. Descataveis: op�ao economica. Controle de Infec�io, v.4, n. 1 0, p.2-3, Jan-Mar 1 99?
7. PASTANA, J.A. ; LORENZETI, T.M . Estudo de custo sobre a processo de reltiliza�io de luvas cirurgicas em luvas de procedimentos estereis. Sao Panlo, Hospital das CHnicas,
1 990 (mineografado).
8. SILVA, D.N. Como controlar os gstos hospitalres. Rev. Palli. Hospitais, v.2 1 , n.6, p.283-6, 1 973.
9. SILV A, S.H. et al. A enfemagem e a administra�ao de recur sos materiais: experiencia do Hospital Universihirio da USP. Rev. Hospital. Administra�io e Saude, v. 1 4, n. l , p.34-8, 1 990.
Recebido paa publicatao em 4. 1 2. 93