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Poder local: probabilidades e limites da administração municipal participante

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(1)

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PODER LOCAL: Possibilidades e Limites da.

Administraçio Municipal Participante. J

,

Otáv ia Cruz Neto ')/

/

. '

(2)

Nome dos componentes da

Banca Examinadora

/

Dissertação apresentada aos Senhores:

Visto e ;permitida a impressão

Rio de Janeiro,

~O/ O~/ 1990

~!'-Coordenador Geral de Ensino

L.~~·~~

~M~JU

1eta Costa Calazans

~

(3)

DEDICATÓRIA

I

• Aos meus pais: Sebastião e Zi1da.

• Para: Reni1da, Paulo, Beto, Rique, César,

Christiana, Myriam e Zezé, familiares qu~

ridos.

Aos amigos e amigas de sempre: Cecília,

Betão, Cris, Zelia, Carmen, Bira, Romeu,

Wilson, Conceição,E1ian~, Nina, Phi1ippe,

Daniel, Bi11y, Celso, Giva1do, Gi1ber,

João, Mar1y, Luiza •••

.,

• Ao amigo Luís

que serenamente partiu, mas que no de correr de 1989 me fez observar e re f1etir mais atentamente sobre a inter relação Vida-Morte.

Em sua homenagem, as palavras d~ Antonio Fe1iciano de Castilho, de sua obra "As Geórgicas":

-." ..

. ~ ..

"QILÚleJLa. ablUlngeJl. :tudo,

e

:tudo

convidai

mIU

o

tempo

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6ugaz,'

cwvta e -inceJl.ta a vida".

me

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(4)

AGRADECIMENTOS

Aos professores, mestrandos e funcionários do

IESAE/FGV que acreditaram e participaram na

construção das minhas inquietações no campo

da educação.

,

..

• Ao meu orientador, Prof. Carlos Minayo pela

confiança que demonstrou na minha capacidade

de preparar este trabalho ao me possibilitar

a mais ampla liberdade de realização.

• A direção da Escola Nacional de Saúde Pública

/FIOCRUZ e em especial aos professores,pesqui

sadores· e funcionários do Departamento de Ci

ências Sociais pelo apoio na efetivação desse

trabalho. Uma referência toda especial aos

professores: Joaquim,Célia e Nilson e um agra

decimento sincero à amiga Dina por seu desafi

ante estímulo.

• Aos Prefeitos de ITU (SP) e Prudente de Mo

rais (MG) que acolheram minha proposta de pes

quisa.

• Ao carinho e atenção que me foram oferecidos

na compreensão de meu trabalho pelos secretá

rios dos municípios estudados,em especial por

Neusa Maria Buzzo Bellon, Celia Regina Pires de Camargo Rocha,Rhama Freitas Silva, Apareci

da Beatriz Cristofoletti Pionti, Rosilene dos

Santos e Maria Francischinelli.

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1

I

(5)

I

• Ao super-apoio recebido do Arquiteto Fernando Vicente de Oliveira (SP) e de 1-1aria Virginia

de Freitas (MG).

• A

Zilma e Nei do Projeto de Intercâmbio de

Práticas Populares, do IBASE/RJ.

• A Equipe de Trabalho do Centr0 de Memória da

UNICAMP que gentilmente cedeu cópia da obra

de Octávio Ianni: A FOJunac;ão Soc..ia-e.

e.

CuU:wta..e. de. Itu (no prelo) .

A amiga Solange L I Abatte pela recepção cari

nhosa em sua residência durante a realização

do trabalho de campo em Itu.

• Aos amigos do Centro Comunitário da Ârea do

Jardim Guandu e do Centro de Estudo e pesqui

sas da Baixada Fluminense, nas pessoas de :-1a

ria José, Marlúcio, Silvia, Lourenço, Joyce,

Carlos, Amaury, TeIma

l}·.

• A

Cléa, pessoa tão meiga e para quem o

traba-lho de datilografia é muito mais um pretexto

para estar solidariamente ao lado das pessoas.

(6)

SUMÁRIO

O presente estudo se localiza no espaço destinado a com

preensão do papel da pOlitica municipal circunscrito ao caso

brasileiro. Busca trabalhar o conceito de poder loca~, o qual

atualmente já se encontra um pouco mais difundido nas análises

sobre a dinãmica do poder exercido nos municipios. AI~ru de

tentar construir uma discussão explicativa sobre poder local

e os diversos ternas articulados no seu questionamento, este

trabalho pretende tamb~rn compreender a tentativa de viabiliza

ção do poder local atrav~s da proposta do exercicio particip~

tivo ou da gestão participativa do municipio. Constitui um

exercicio dial~tico.de base empirica e teórica visando captar

as possibilidades e os limites existentes no seio dessa

pro-posta. A caracteristica essencial do presente estudo ~ sua in

tenção de compartilhar do campo de reflexão dos projetos e pro

postas de educação a partir do municipio tendo em vistaa cons

trução de urna escola democrática. Como compreender, planejar

e avaliar o processo politico-ideológico de ensino-aprendiz~

gem desenvolvido na rede de educação municipal se não houver

uma inquietação sobre o papel da escola, assim como a config~

ração da sua função na esfera municipal? ~ desejo deste trab~

lho favorecer esta compreensão, contribuindo com subsidios aos

profissionais da área politico-educativa. Quanto

à

abrangên

cia desta pesquisa, integra seu campo analitico as seguintes

dimensões: quadro teórico da instãncia local de poder e dos te

mas articulados a esta questão, descrição de experiências de gestão municipal com tendência participativa,considerações so

bre a proposta de participação da gestão municipal e observa

ções finais sobre as possibilidades e os limites contidos nes

te tipo de proposta. De maneira mais direta, esta dissertação

significa uma tentativa de apresentar um quadro inicial de re

(7)

SUMMARY

The present study aims at understanding the role of

municipal politics in Brazil. It investigates the concept

of local power, which today is somewhat more disseminated

in analyses of the dynamics of power at the municipal le

velo Besides contributing to an explanatory discussion on

local power as well as on several subjects linked to it,

this thesis also tries to understand the attempts to make

such local power practicable through participative

proce-dures or participative municipal administration. It cons

titutes a dialectic exercise with an empírical and theo~e

tical basis which aims at defining the possibilities and

limitations of such proposals. The basic feature of the

present study is íts focus on municipal education projects

and proposals, from the perspec tive of the formation of

a democratic school. How can weunderstand, plan and

eva-luate the political-ideological teaching process developed

in the municipal educational system if there is no concern

about the role played by schools, or about their function

at the municipal leveI? The present study aims ar prorooting

such:1underst.anding, thus contributing to practitioners of

the political-educational area. The analytical field of

this research includes (a) theoretical back-ground of the

local power concept and related themes; (b) description of

participative experiences in municipal administration;(c)

considerations on the proposals for participation in the

municipal administration; and (d) final remarks on the

possibilities and limitations of such proposals. More

specifiaally, this study represents an attempt at initial

definition of this broad issue, which is the subject for

(8)

INDICE

I - INTRODUÇÃO

1. Considerações Sobre o Estudo

. .

. . .

. . . .

.

.

2. Procedimentos Metodológicos

11 - DESCORTINANDO O PODER LOCAL

1. Aspectos Teórico-Conjunturais ••.••.•••• 2. O Universo de Reflexão do Poder Local •••

111 - OS MUNIClpIOS E SUAS EXPERI~NCIAS DE GESTÃO PARTICIPATIVA.

1. Prudente de Morais - Minas Gerais . • . . . . 1.1 O Município ~ Caracterização Geral •.... 1.2 A Experiência Participativa Local ....•• 2. Itu - são Paulo . . • . . . • . . . • . . • . • . . • • . • 2.1 O Município - Caracterização Geral .•.•• 2.2 A Experiência Participativa Local •.•••. IV - DILEMAS E OPORTUNIDADES DA PARTICIPAÇÃO SO

CIAL NO CONTEXTO DA ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL ••

V CONS IDERAÇÕES FI NAIS •.••••••.••••••.•••..•••

VI - REFER~NCIAS BIBLIOGRÁFICAS

. .

.

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. .

. . .

. . .

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. .

01 09 16 30 72 72 83 100 100 118 142 165 171

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(9)

I - INTRODUÇÃO

1. Considerações Sobre o Estudo

O presente estudo se localiza no espaço destinado a com

preensão do papel da política municipal circunscrito ao caso

brasileiro. Busca para tanto trabalhar o conceito de

podeA

i~

c.al,

o qual atua,lmente já se encontra um pouco mais difundido

nas análises sobre a dinâmica do poder exercido nos municí

pios. Além de tentar uma possível visualização explicativa

do poder local e dos diversos temas articulados na sua discus

são, este trabalho busca também compreender a tentativa de

viabilização do poder local através da pr9posta do exercício

participativo ou da gestão participativa do município. Por

tanto, é um exercício de base teórica e empkica que visa caE

. tar as possibilidades e os limites existentes no seio dessa

proposta.

Trata-se de um trabalho exploratório na medida em que,pa

ra o caso brasileiro,é escassa a produção teórica existente,

sendo que a mesma teve sua maior expressividade no decorrer

da década de setenta.

Outra característica essencial desse estudo é o fato de

que o mesmo pretende contribuir para o campo educacional não

através da análise de recortes específicos e consagrados da

educação,tais como os estudos sobre a questão do fracasso es

colar, os problemas da relação professor-aluno, avaliação em educ5!,

ção,etc. A pretensão deste trabalho é destacar um espaço

sócio-1

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(10)

2

econômicQ,politico, geográfico e cultural - no caso o munici

pio - e procurar perceber as relações construidas e exerci

das no seu interior,~nquanto parte integrante e essencial pa

ra a manute,nção do Estado Capitalista ó Assim sendo, procura

art~cular cont~Gdos teôricos, e na medida do possivel busca

destacar das experiências descritas algumas questões

consi-deradas pertinentes.

Na realidade, melhor explicando, a intenção e comparti

lhar do campo de reflexão voltado para projetos e propostas

de educação no m~nicipio. ~ notôrio que em quase todos os lu

gares do pais há protestos e lutas reivindicando uma educa

ção de qualidade e que seja para todos. Dai ser preciso ter

. claro o papel do Estado na construção de uma escola democrá

tica. Esta preocupação se confirma nas palavras de GADOTTI,

quando escreve que

"Nas últimas décadas do Brasil,o esforço coletivo de elaboração teórica da educação,vinculada ao movimen to social, sindical, popular e cultural,vem indican

do uma direção nova que é aquilo que tenho chamado

de e.6 c. O la. púbUc.a. po pulaA ou e.6 c. O la. ÚYú.c.a po pulaA. T r a t

a--se da escola pública estatal mas com o controle so

cial, tendendo à autogestão escolar. ( .•• ) Uma esco

la pública criada e mantida pelo Estado, mas sob o

controle da sociedade civil" 1

Refletir sobre esta meta para a educação

é

pensar ~m

numa possivel autonomia para a gestão dos bens sociais, onde

o objetivo educacional nio esteja deslocado da experiência

cotidiana, mas sim questionando e compreendendo a qualidade

1 GADOTTI, Moacir. Escola pública popular. Educação Municipal. são Pau

(11)

3

de vida das populações.

E

possibilitar a criação e a vivên

cia de um processo educativo que seja instrumento de media

ção voltado para a ~ormação de consciência critica,de organi

zação e de transformação social. Nesse aspecto, é vital per

ceber as possib~lidades de um trabalho que pode ser desenvol

vido a partir de cada escola,de suas redes implantadas ém ca

da lugar, em cada municipio. Esta linha de reflexão aponta

claramente para a- natureza da instituição escolar. e para o

fato de que

l i A e s c o 1 a e s t á i n s e r i d a n·e s t e c o n t e x to de 1 u ta, e 1 a

está inserida tium movimento hist6rico mais geral.

Cada escola, em suas pr6prias contradições, é uma

versão local desse grande movimento hist6rico-soci a1. O popular, o regional, o local está, por isso:

intimamente ligado ao nacional e ao internaciona1."2

Convém notar que sendo a escola um importante aparelho

ideológico de Estado, cumprindo várias funções no interior do"

sistema capitalista de produção, ela encerra em si uma compl~

xidade de contradições. Tais contradições permitem gerar um

processo ideológico contra hegemônico e também possibilitam o

desmascaramento das funções que lhes são destinadas.

Como compreender, planejar e avaliar o processo politi

co-ideológico de ensino-aprendizagem desenvolvido na rede de

educação municipal se não houver uma inquietação sobre o

pa-pel da escola, assim como a configuração da sua função na es

fera municipal?

E

desejo portanto, desse estudo, poder con

(12)

4

tribuir com subsidios aos profissionais da area politlco-ed~

cativa facilitando_esta compreensao,mesmo que seja de forma

incipiente •.

Resumindo, em sua delimitação -a presente dissertação

procura penetrar- na temática anteriormente-~expliéitada, ten

·tando explorar as seguintes dimensões:

(a) discussão teórica sobre a instância local'de poder

'juntamente com os temas articulados n~ sua compre

ensão, tais como

alLtonomi.a., de.6c.e.n:tJr..aii.zaçã.o,

etc..

j

(b) descrição da experiência de gestão municipal com

tendência participativa em dois municipios

brasi-leiros I realçando a caracterização geral dos mes

mos;

(c) considerações sobre a proposta de gestão municipal

participante buscando compreender sua contribuição

ao processo de democratiz~ção e de transformação

socÍé~I;

(d) considerações finais sobre as possibilidades e os

limites contidos neste tipo de proposta.

o

interesse inicial por esse tipo de estudo surgiu da

própria constatação na vida diária de que vivemos num munici

pio e que, corno a grande maioria da população, desconhecemos

ou nao nos é permitido conhecer os mecanismos orientadores da

dinâmica cotidiana da vida local. No entanto, esta dinâmica

responde por grande parte da nossa sobrevivência enquanto i~

dividuos e cidadãos através das relações sociais de produção

e reprodução travadas no seu interior.

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(13)

5

Num segundo momento, a motivação e a ênfase para com

este tema foram reforçadas na. medida em que trabalhando com

grupos populares dos movimentos sociais e comunitários da

Baixada Fluminense, pude observar átentamente, num dado lo

cal, a formação de um

pltOC.U.60 paJL.t,i..c.ipatI.vo-êiegerii-

os recur

sos e as açoes qu.e aconteciam no bairro. No inicio, o pr~

cesso se dava mais em nivel das Associações de Moradores e

era bem separado, ou seja, o interesse estava voltado para

cada bairro isoladamente. Cada associação se preocupava com

'0 .6eu baiMo. Após um relativq_.tempo de trabalho, essa

manei-. ra de olhar a realidade mais próxima, foi sendo modificada

dando lugar a uma v-ÚJão de

MM..

Os bairros foram sendo pen

sados enquanto inseridos numa área mais abrangente e as as

sociações passaram a refletir sobre uma maneira de conjunt~

mente atuarem sobre este espaço. Acredito que esta mudança

foi devida a percepção coletiva da fragilidade e do isolamen

to das diversas associações para o seu trabalho diário com

os moradores da localidade e as extremas carências vivencia

das. Dessa forma, não pensaram numa coordenação geral das

associações e nem em uma federação,pois este tipo de organi

zação já existe no municipio, sendo que várias delas tomam

parte, além de significar a principal fonte de aglutinação

dentro do contexto municipal para o acompanhamento e o en

frentamento com os poderes públicos constituidos.

Nesse processo criaram então o Centro Comunitário da

Area, com uma visão de atuação bem mais ampla: educação,saú

(14)

6

ser exercida por moradores dos diversos bairros envolvidos.

o

Centro Comunitário foi considerado como um espaço

distin-to e diferenciado da Associação de Moradores,mas ambos, com

a.tarefa de organizar e coordenar conjuntamente as ativida

des e os projetos de melhoria da área.

Com referência nessa experiência, apresentada de·foE

ma super resumida, podemos visualizar a criação de uma es

trutura organizacional, onde grupos de pessoas exercem uma

relação de poder, geram e administram os recu~sos existen

tes nos bairros. Há toda uma proposta de se pensar e de se

/

executar os planos escolhidos, contando com o consentimento

e com o real envolvimento de um maior número possível de pe~

soas da área. Ha todo um interesse de se pensar sobre a

área, de diagnosticar os problemas existentes e debatê-los,

assim corno, de buscar as soluções. ~ de fato um trabalho·

lento, oscilante, conflitivo, se pensarmos que o grupo comu

nitário acaba por ter de executar funções na área das

polí-ticas públicas sociais pertinentes ao Estado. Mesmo assim

representa um processo com várias dimensões políticas a s~

rem analisadas e que tem muito de educativo nas suas fases

e nas suas estratégias. Claro que a consideração desse pro

cesso, enquanto educativo, passa por uma percepção mais aro

pla de educação, vislumbrando uma educação popular,com ênf~

se no campo da luta pela conquista da cidadania e da educ~

cão enquanto espaço privilegiado junto aos indivíduos para

a formação de urna ampla consciência política crítica e cria

tiva.

Através dessa observação participante e com urna visão

(15)

7

esse caminhar do movimento comunitário ocorre em várias paE

tes do país sendo que na maior parte deles a sua origem e a

sua continuidade está presa ao próprio movimento de bairro.

são suj"eitos responsáveis pelas iniciativas e estão, em vá

rios sentidos, relacionados com o poder pUblico/político ins

titucionalizado mais próximo, que no caso, vem a ser a Pre

feitura Municipal, com a Câmara dos Vereadores e as Adminis

trações Regionais existentes. Esta linha de ação

é

própria

dos movimentos sociais urbanos e rurais que sao formados pe

las camadas populares e que desenvolvem um confronto com o

poder estabelecido tendo em vista garantir determinados di

rei tos.

Nos últimos anos temos presenciado na sociedade civil

o surgimento de um número maior de organizações populares e

entidades sindicais que através dos seus objetivos . espec~fi

cos e gerais, de cunho político, cultural e econômico, leva~

tam seus protestos e suas" reivindicações frente aos setores

dirigentes da classe dominante. Os movimentos sociais têm

uma trajetória de luta e de organização, na qual vêm criando

novas formas de participação social e política,assim como vá

rios empreendimentos que se realizam numa visão democrática

de participação em que o Estado só aparece em momentos

espe-cíficos, seja para tentar uma cooptação, uma.integração ou

usar da repressão.

Esse processo interminável de refletir-observar-refle

tir foi descortinando o universo do município, que na sua to

talidade é composto por inúmeros bairros e que sao o

ioeM

da

atuação dos diferentes movimentos sociais. Surgem algumas

(16)

8

sua função no interior do Estado Capitalista? Por que a adroi

nistração municipal se faz em função de alguns e em detrimen

to da maioria? Serã que este campo de poder politico, tão

próximo e ao mesmo tempo tão distante, dos cidadãos,é de fato

relativizado? Qual a avaliação atual da politica

educacio-nal que tem sua parte regular/básica realizada- no/pelo muni

cipio? Qual a real preocupação dos educadores sobre o po

der do Estado exercido nos municipios?

Mesmo nao pretendendo responder todas essas

indaga-çoes, estou certo de que estas preocupações não são minhas

somente, pois a partir do final da década de 60 até os dias

atuais vários estudiosos vêm apontando para a importância de

se ter o devido conhecimento da esfera municipal com suas res

pectivas articulações. A crise politico-financeira interna

cional vivenciada pelo Brasil, principalmente -a partir da dê

cada de setenta, fez com que o municipio passasse a ser peg

sado enquanto um espaço politico-adroinistrativo

cü61Yl.e.nc.-i.a.do.

No entanto, qua~s são as chances desse micro espaço definir

planos e atingir as expectativas desejadas?

Cabe finalmente ressaltar que este trabalho pretende

contribuir para as discussões sobre os problemas da

democra-tização em oposição ao liberalismo na nossa sociedade. O es

forço se concentra na discussão teórica sobre alguns enfoques

que são pertinentes na problemática em questão. De maneira

mais direta, este trabalho significa uma tentativa de cons

truir um quadro inicial de referências sobre esta ampla pro

blemática representada pela gestão participante do poder lo

cal para um posterior amadurecimento.

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9.

2. Procedimentos Metodológicos

Em· termos metodõlógicos gostaria de ligeiramente explici

I

tar algumas preocupações que considerei pertinentes na real i

zação deste trabalho. Em alguns pontos, estas preocupações

foram refletidas a partir de Marx na sua

IntJLodução

ã.

CJz:Ztica

da

Economia PolZtica.

Em primeiro lugar, o intuito foi .de nao realizar--um tra

balho baseado somente no plano teórico ou só no âmbito da des

crição empirica, pois tinha por objetivo buscar um confronto

da produção teórica existente com

uma

prática correlata atra

vés de um trabalho de campo. Não busquei realizar um

exer-cicio de aprofundamento teórico, tendo como referência somen

te o questionamento da produção teórica sobre o tema. Achei

por bem retomar e refletir sobre a produção teórica existen

te e ao mesmo tempo reforçar esta reflexão a partir de expe

riências concretas, usando para t a l o procedimento de ~tu.do

de CMO. Mesmo sabendo das dificuldades existentes para uma

eficiente realização desta opção, resolvi assumir os riscos.

o

interesse pelo concreto real nao se fundamenta na pers

pectiva de que quanto mais próximo estiver dele melhor conse

guirei explicá-lo ou objetivar o conhecimento sobre o mesmo.

Trata-se de privilegiar o momento histórico presente no qual

vivemos, momento este que se apresenta como sendo bastante

rico e que portanto permite um melhor amadurecimento para o

questionamento conceitual e também oferece melhores

possibi-lidades explicativas da realidade que nos cerca.

Meu propósito também foi de considerar o objeto de pe~

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quisa inserido na totalidade da estrutura social em que vive

mos. Digo isto pois compreendo que ao se analisar um determi

nado campo particular (especifico) da realidade social, que

neste momento histórico, encontra-se inserido no contexto ca

. pitalista de produção, deve-se procurar não perder de vista

o contexto geral no qual ele está situado,assim como suas pr~

váveis articulações e determinações.

o

contexto mais geral de referência para o estudo do exer

cicio do poder local de forma participante

é

o plano

sócio--politico e econ9mico da sociedade capitalista.Neste aspecto,

o predominante são as relações sociais capitalistas de produ

çao e reprodução, onde a esfera local aparece enquanto paE

te constitutiva do Estado capitalista.

A diversidade do real aponta para a necessidade de se

efetuar diferentes análises das diversas problemáticas exis

tentes na realidade I tendo em vista compreender a unidade co.!!!

plexa desse real. Dai o sentido de se explorar a dimensão l~

cal do poder para melhor avançar na perspectiva de compreen

sao e de mudança da dinâmica de produção e de reprodução da

sociedade capitalista. Não cabe portanto, uma percepçao me

cânica·de que um dado processo estrutural por si só explica

tudo. A percepção necessária é a que toma o homem nas suas

relações sociais enquanto capaz de ser o sujeito histórico

das transformações necessárias dentro do seu momento vivido.

o

interesse portanto era discutir sobre poder loca·l e ges

tão participativa tendo um olhar sobre algumas experiências

em andamento. Ao mesmo tempo em que operava a discussão do

universo conceitual pertinente ao tema,buscava construir,por

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(19)

11

meio da descrição, alguns casos estudados.

Inicialmente foi necessãrio demarcar o campo a ser abran

gido pelo estudo de~ido a variedade de experi~ncias existen

tes, o que foi constatado principalmente quando da prepara

ção de um levantamento sobre as

expeJÚê.nc:i..a.-6paJLÜupatiVct.6

de

9

utão

muYLic.ipa..t.

Examinando o arquivo -do Projeto de Intercâmbio de Prãti

-cas Populares do IBASE-RJ e confirmando a exist~ncia de um

amplo e diverso quadro de experiências, optei por eleger a

Região Sudeste 9omo ãrea prioritária e a partir dela

sele-cionei os c.ct.601.> a serem estudados. A escolha da Região S~

deste se deu não só porque liderava ~n número de casos mas

tamb~m pela expressividade dos mesmos.

Por meio de leitura de textos, projetos, informes e noti

cias jornalisticas realizei um trabalho exploratório efetu

ando a seleção de 14 experi~ncias em andamento na Região Su

deste na gestão dos prefeitos eleitos em novembro de 1982.

Os critérios utilizados para a seleção das experi~ncias fo

ram: o nivel de divulgação existente, o tipo de alternativa

proposta para a gestão local e a sua respectiva abrangência,

sendo que programas isolados desenvolvidos nos municipios

não foram considerados.

Tendo feito um estudo mais atento dos projetos e propos

tas em execução nos diversos municipios, optei pelas duas

experiências a serem estudadas: a de Prudente de Morais,em

Minas Gerais, e a de-Itu, no Estado de são Paulo. Em ambas

havia uma iniciativa bem globalizante e também a exist~ncia

de um COn6el/to de GovVtno para atuar juntamente com o prefei

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to eleito, sendo que essas particularidades refletiram na mi

nha escolha.,

Vale ressaltar 'que as adminM.tJw.cõeó tocab., paJL.U.UpaÜVM, se

comI>reendidas na sua forma mais efet·iva, podem ser relaciona

das aos pequenos e médios municípios. Essas administrações,

por sua vez, s6 se configuram no interrelacionamento das di

versas políticas públicas sociais e, não somente com base em

programas para alguns campos especificos,como de saúde ou ha

bitação, por exemplo. Nos municípios-sede de capitais dos

Estados ou nos grandes municípios próximos das metrópoles,

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mesmo com expressivos esforços, a proposta participativa so

aparece retratada em pltogMma.6 eópe.c.ZÓ-<-C.O-6, ou na forma de d-t-6C.Wt

Em termos .partidários,no universo pesquisado havia somen

te duas experiências encaminhadas pelo PT, que estreava na ~

lítica municipal, sendo as restantes levadas pelo PMDB. Man

tive a escolha dentro das prefeituras governadas pelo PMDB,

porque havia mais facilidade de comparações' posteriores e

também pela existência de outras experiências, anteriormente

dese~volvida pelo próprio partido (antigo MDB) ,já com um cer

to grau, de sistematização. ~\.' to. ,o' '"

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processo de definição das experi~ncias assim como a pró

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pria relevância da linha teórica por mim compartilhada cor

. .;i;. /~_.,~" .. _.tr ~ j', _ .

responde ao fato de assumir plenamente "·6pr·iI1cíp;íoçla'·não neu

! ,- .:~~:~(~ .. _ .. :'~:'~ r;.,.~ ~.'-" .~:~<

tralidade do sujeito na produção do conhecirPen.~o~~lém'·.:ee con

.~ '}\l' .. ~~ , ,

;··>"y;.J1

·'.{\r; .•

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-siderar as diferentes reações ',' subjetivas dos indlvíquos,conside

:~~.:. '( : ';. :t;~! ';~'}.:

-ro também que a relação de dominação contraditória e cónfli tuo

(21)

I

I

I

1

i

I

I

J

13

o conhecimento a ser produzido. Assim, a nao neutralidade

compreende, fundamentalmente, a existência do compromisso de

classe.

Tendo um certo conhec~mento das experiências

seleciona-das procurei desenvolver o trabalho de cê!mpQ •. ,_ .. ,:!"~~avei conta

tos formais com os prefeitos e pude então realizar a primei

.ra visita aos municipios. Visitei os municipios por duas ve

zes. Na visita inicial permaneci de 2 a 3 dias na---~ocalida

de e na segunda vez, de 5 a 7 dias.

Inicialmente fui a Prudente de Morais, municipio perten

cente ao meu estado de origem e me senti como todo bom minei

ro voltando

.tá

pJta. C.Ma..

Era uma área de Minas Gerais que eu

,

não conhecia. No ônibus mesmo, conversei com a passageira da

poltrona ao lado, demonstrando interesse pelo lugar. Seu co

mentário foi taxativo:

Não

ê:

c.-i..da.de

gJta.l'lde

c.o.L6a. não,

ê:

c.i..da.de pa.c.a.

-ta,

pa.ILa.da.. Falei que gostava do interior, então ela disse:

Vai moJta.Jt

.tá

pitá. voc.ê

vê, dã.

wn

tê:cUo

I e completou: pitá.

Quem tem

gJta.ndeJ.J eJ.Jtudo.6

.tá

não tem

óutWl.O

I por ai foi a nossa conversa.

Como pensei o

c.a.mpo?

Bem, conclui que o forte não seria

o uso de entrevista para questionar as iniciativas. progra

mei um levantamento dos dados já produzidos para caracter

i-zar o municipio e uma descrição,a mais completa possivel, s~

bre a experiência local. As entrevistas complementariam esse

quadro, considerando que a descrição da experiência buscou l~

var em conta o discurso oral e escrito dos diretamente envol

vidos. Nos dois municipios nao existia nenhum relato mais de

talhado ou mesmo unificado da experiência. Em Prudente de Mo

rais mui ta coisa

.:todo mundo .6a.b-i..a. óa-f.aJL

mas pouco havia de es

\

i

- I -,

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I

f

(22)

14

crito. Em Itu a existência de um jornal local e a produção

esc-rita dos secretários e coordenadores em muito me faci

litou. Resumindo, em t>Unas, observei e conversei mais; e~

quanto que em S.Paulo, observei,convérsei um pouco e l i bem

mais.

As entrevistas abertas realizadas, no caso de Minas Ge

rais, envolveram pessoas do quadro executivo (Prefeito, se

cretário e alguns funcionários) e lideranças locais-. Em são

Paulo, ouvi alguns secretários, presidentes de -Associações

de Moradores e técnicos. Muitas informações foram obtidas

através de conversas informais e em vários momentos a mera

observação foi de fundamental importância. Alguns desses de

poimentos estão no corpo do trabalho e grande parte deles

foi útil no conhecimento do municipio e na descrição da ex

periência.

Tendo visitado as duas cidades a primeira constatação

foi que as experiências eram bem distintas, além de signifi

carem referências parciais,considerando o amplo universo dos

espaços locais de manifestação de poder.Em cada experiência

havia uma diversidade de fenômenos, assim como várias parti

cularidades bem marcantes a serem estudadas. No entanto,con

tinuei sempre perseguindo a idéia de que a compreensão dos

diferentes casos era fundamental no desvendamento da u~dade

do CÜveJL!.>o.

~i-Não preparei uma des~~ção analitica das experiências,

pois, como já expliquei, foi necessário elaborar uma descr~

çao inicial, buscando dar conta,mesmo que de forma incompl~

ta, sobre o que

eM

a expeJúê.nc.J .. a em .6e.u c..onjwrto. A· caracteriza

çao geral do municipio, mesmo que sucinta, significou um tra

- j

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(23)

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1

I

15

balho delicado pois corno exemplo, o municipio mineiro, um p~

que.na mut'Úc.lp-<-a não tinha esse tipo de trabalho elaborado.

Creio que esse problema pode ser generalizado para inúmeros

municipios brasileiros. Basta dizer que alguns dados foram

-o elab-orad-os para -o municipi-o, ; pel-os técnic-os d-o l-ocal, ate.!}

dendo a necessidade da disserta~ão,dai a cobrança posterior

da parte deles pelo dac.wne.n:ta -6 o bit e.

a

c.idade..

Emsintese, os procedimentos relativos ao levantamento

da história dos municipios e suas experiências, o uso da ob

servação participante e de entrevistas abertas,estão inseri

dos no campo da abordagem qualitativa em pesquisa e que, sem

desprezar a abordagem quantoitativa, questiona sua possibili

dade de responder de forma isolada por determinados

aspec-tos explicativos dos fenômenos sociais. Sendo assim areIa

çao de complementaridade qualitativ~ e quantidativa se fez

presente no corpo da presente pesquisa.

Finalizando, gostaria de ressaltar a riqueza ~o traba

lho de campo e alertar para

o

fato de que nem tudo foi

pos-sivel recuperar para este estudo, mas tenho certeza que se~

virã-para anãlises posteriores nesse campo temãtico, consi

derando o carãter exploratório definido para esta

(24)

I

I

I I - DESCORTINANDO'O PODER LOCAL

1. Aspectos teórico-conjunturais

Para tentar discutir alguns aspectos da dimensão do p~

der local e dos vários temas envolvidos com esta prob1emát~

ca, torna-se necessário inicialmente traçar breves conside

raçoes sobre o referencial teórico que orienta este

traba-lho. O estudo parte da experiência da sociedade em que viv~

mos, ou seja, caracteristicamente capitalista. Uma socieda

de que mesmo com as suas crises e reformu1ações necessita de

um Estado bem articulado capaz de favorecer a reprodução do

capital. Sem detalhar uma teoria geral do Estado, a exis

tência do Estado capitalista prende-se a tarefa de organizar

o espaço de poder nesta sociedade, sendo que este poder te~

de a pairar sobre as relações capitalistas existentes,abrin

do um falso distanciamento entre a estruturação do Estado e

os componentes·capita1 e trabalho.

O Estado capitalista, contudo, nao e uma entidade abstra

ta, acima da Sociedade. Nos comentários de SCH~IDT, temos a

reiteração de que

" Gra~sci e muitos outros nao se cansaram de as

sinalar que o Estado capitalista deve ser defini

do como uma relação de forças sociais,ao invés de uma superestrutura congelada onde não atuam as con

tradições e os conflitos de classe... Portanto~

o Estado não deve ser tomado por um espelho do s is

tema produtivo, e sim pelo lugar (ou situação) o~

16

I

(25)

j

de se condensam as relaç5es sociais derivadas da

produção capitalista. 1

17

o

eixo fundamental do capitali 9mo é a relação entre ca

pital e trabalho, sendo esta relação capaz de desencadear o

processo de produção capitalista através do qual se gera mer

cadoria e valor. Se no plano econômico a óti~a é a da acumu

lação, no plano politico o papel do Estado responde pela fu~

ção de dominação. O Estado Capitalista exerce sua dominação

buscando incluir no seu projeto, a coesão do corpo social co /

mo um todo. Dai sua necessidade de se organizar enquanto p~

der governamental através de diferentes instituições e tam

bém por meio de diferentes esferas de poder. Uma dessas esfe

ras é o poder local, que referido ao proGesso de produção e

de acumulação capitalista ganha concretude enquanto um espa

ço local do poder estatal capitalista. Não é fato, poré~que

todo poder seja controlado· ou exercido totalmente pelo Esta

do.

A referência predominante de análise, portanto, é a esfe

ra local de poder do Estado Capitalista q~e,~ segundo DANIEL,

c.onvêm denorYÚ.YUVt

de

podeJt

e6.ta;ta-f.

.toc.a..t, ao -i.nvê6

de

goveJtno .toc.a..t ou.

PE..

deJt .toc.a..t • ••

2

Mesmo aceitando que o poder estatal local é o poder di

retamente instituido pelo Estado Capitalista, utilizo tanto

esta categoria quanto a de poder local no decorrer desse tra

1

2

SCHMIDT, Benício. O Estado e a política Urbana no Brasil. Porto Ale

gre: LP & M/Ed. UFRGS. 1983, p.26.

DANIEL, Celso Augusto. Poder estatal municipal: um quadro teórico e

uma análise dos governos locais com partici.pação popular no Bra

sil recente. Dissertação de Mestrado. são Paulo, EAESP/FGV,lg83:

(26)

I

I

1

18

balho. O importante é que ambas estejam referenciadas e, Po!

tanto, sejam compreendidas a partir do processo de produção

capitalista. Partindo dessa explicação,creio que a categoria

de poder local além de servir tamb~m para dar conta da rela

cão fundamental de poder do Estado Capitalista,convive de ma

neira complementar com outras formas de poder inseridas no

universo local.

Na compreensao do poder estatal local capitalista nao

sera apresentado neste trabalho, uma descrição detalhada do

processo de produção capitalista a partir da visão de Karl

Marx, expressa em sua obra O Capili..e.1 entre outras e da con

tribuição mais contemporânea de Antonio Gramsci; mesmo assim

os conceitos e idéias básicas explicativas utilizadas no de

correr das discussões estão, em grande parte, fundamentadas

nos mesmos. Outro aspecto relevante é o fato de ,que mesmo

°

estudo se reportando ligeiramente a C.Mo,6 de outros paises,

a atenção estará voltada para o contexto brasileiro, sendo

portanto apresentadas algumas reflexões conjunturais mais

recentes do capitalisno no Brasil.

Segundo OLIVEIRA 3, seus trabalhos tem por finalidade

bw.,c.aJt e.nte.ndeJt a e..6pe.c<.6.<.e'<'dade. do c.ap-t.taLWno no BILa!.>"u. Na sua dis

cussão sobre Pac!Jtõe..6 de. ac.umulacão I oUgopõU0.6 e. 8:tado no BILa!.>"u

(1950-1976) I procura explicitar o processo de oligopolização

da economia nacional ou seja, a questão da concentração e

centralização do capital. Seu destaque é para a forma do finan

3 OLIVEIRA, Francisco de. A Economia da dependência imperfeita. 3a.ed.,

(27)

19

ciamento que tem como fundamental a entrada do capitalestr~

geiro e o papel do Estado que, no processo de financiamento

da acumulação,fez do tesouro público uma espécie de eap~

6htanc.wo ge.JLa.t.

Mostra que a relação "entre o Estado e a so

ciedade politica, no processo acumulativo,se retrata enqua~

to sendo autoritária e ditatorial. No campo da economia na

cional e com a sua inserção na divisão social do trabalho sob

o comando do capitalismo internacional, o Estado enfrenta a

crise da geração do valor internamente e,por outro lado, das

relações de dep~ndência,financiamento e exportação que se co

locam no plano internacional.

Analisando os anos 1950-1976, o autor nao procede de

forma linear. Assim, sustenta que o padrão de acumulação,paE

tado num conjunto de atividades produtivas,

60-<. 60lUnula.do eomo

pitO j do M.nda nM atU:.o.6 da cüta.dUlta VM9a..~. Trabalha com· três depar

tamentos: o produtor de bens de produção (I), o produtor de

bens de consumo não duráveis (11) e o produtor de bens de con

sumo duráveis (111). Mostra que nos anos Vargas o padrão de

acumulação estava ligado à ampliação do setor I (bens de prodE

ção), enquanto que no governo Kubitschek centrava-se na

expan-são do setor 111 (bens de consumo duráveis). A ênfase dada

ao setor 111

Iteveta.

c...f.a.ft..M

opçõu po.e2ü.ea...6

para cuja concretiza

ção recorreu-se ao capital estrangeiro e também assegurou o

processo de controle oligopollstico. Os governos de Quadros

e Goulart sentiram os impetos da crise de concentração funda

mentada nos periodos anteriores e,segundo o autor, a tentati

va de cont~nuidade do processo de acumulação de capital pode

ievo.Jl. a 6a..tênc--ta toda a po.R1tJ...c.a e.c.ol1.ômic.a.

e. ( •.. )

também o

Ite.gime

demo

CJl.Ó.Uc.o.

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(28)

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20

Fechando seu texto, o autor apresenta também uma análi

se da agonia e do êxtase do ~9~e. Mostra qu~ a mudança do

regime náo fez com que se mudasse o padrão de acumulação vol

tado para o setor 111. O dilema se inscreve, portanto, no

âmbito dos problemas de financiamento da acumulação de capi

tal, externa e internamente e também sobre os problemas· de

pagamento internacional. Na fase agônica,num primeiro momen

to, a economia é preparada para a atuação dos oligopólios.

Para ele, o êxtase não se explica a.pena..6 pe.ia. .úYlpoJtta.c.ã.o de

c.a.

P~, sendo outro fator importante a criação dos meios de

pagamento internacionais.

Encerrando sua análise, OLIVEIRA confirma que

"o

padrão de acumulação baseado na predominância do

Departamento 111 entrou em agonia ( . . . ) bloqueado

pela intensidade de requerimentos do. Departamento I que a própria expansão estimulou. E esse esgotamen

to se dá principalmente pela contradição entre

a

industrialização voltada para o mercado interno e o

controle externo da propriedade do capital do De

partamento 111, que requer o contínuo, e em eleva~

ção, retorno da fração dos lucros a circulação in

ternacional do capital.4

No seu texto sobre Expa.lt6ã.o c.a.p~ta., po.e1:ti..ca. e E-6ta.do

no Btut6,u: nota.-6 -6ob~e o pa.-6-6a.do, o p~e-6ente e o 6!d:u!z.o, Francisco de Oliveira confirma que a ausência de uma acumulação prévia vai

levar a um aprofundamento da divisão social do trabalho viá

industrialização. Dai o surgimento de duas forças qualitat~

vamente novas: Estado e Capital estrangeiro. O capital es

trangeiro com a capacidade de

pote.nci.aJz. o tlc.a.ba.f.ho v-tvo (. •• )

e,

4

OLIVEIRA, Francisco de. op. cit., p.107.

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. ~ ,

(29)

21

poJtta.nto a pJtôpJÚa ac.umtLta.çã.o

e o Estado que I além de continuar

seu papel de mediador entre as diversas forças sociais em a

çao, surge agora como produtor de mercadorias e serviços. O

populismo (ou a busca da indiferenci~ção) propicia a conci

liação dos interesses das classes dominantes neste processo

de acumulação. No entanto, a diferenciação social surgida

através da divisão social do trabalho consegue se impor e

marca desta forma o limite do populismo.

A configuração da base produtiva que então se aprese~

ta e formada pela burguesia nacional, empresas estatais e o

capital estrangeiro. O impasse politico que culmina em 1964

é resultante das dificuldades de relações entre o búpê de

O pós-64 persiste no aprofundamento da estruturação

monopolistica da economia. Em termos do búpê,a burguesia n~

cional passa a ter um insignificante peso econômico, o Esta

do tem um enorme crescimento corno produtor direto e o capi

tal estrangeiro comanda os setores dos bens de consumo durá

veis, bens de capital assim corno penetra na produção

dos'-bens de consumo não duráveis. Nessa linha, permanecem as

politicas de exclusão das classes subordinadas e de manuten

çao dos baixos salários.

Em seguida, ele focaliza o que considera corno sendo

a

C1!.Me de

c.onjuntuJta

pela qual passa a economia brasileira, atu

almente atravessada pelo processo anteriormente descrito.

Mostra que a luta pelo

c.on:t.!l..o.te a.o ac.u.6O

dos investimentos es

trangeiros leva a um processo de centralização do capital e

(30)

22

te. 'Destaca O interesse pelas matérias-primas no contexto da

crise atual do capitalismo internacional,o que o faz dirigir

o desvio do modelo para um tipo pWIIá.JU..o-expoJLtadolL (Estado + K

est~angeiro) ao invés do agroexportador que prevaleceu antes

dos anos 30. Neste processo, o nivel de exploração da classe

trabalhadora é mantido e mantém-se como algo impossivel "a IL!

aL6 .6uboILcünaclov6. Conclui considerando que cabeàs·cliúM .60U

aL6 .6ubolLcünaclov6 qUMtiOn.aJt a tota.U..da..de do pILOC.M.60 de ILcpMdução c.ap:i.:

:t.aU.óta

monopofutic.a para poder então colocar o socialismo no

i

seu projeto politico futuro.

Os textos bem mostram a internacionalização radical

provocada pelo capitalismo. Mostra também, que se por um la

do a socialização da produção é ampla, por outro, a apropria

ção é extremamente desigual (privatizada).

A análise de conjuntura do autor merece rápidos co

mentários, pois a bem da verdade não prevaleceu o quadro eco

nômico de primário-expor.tadores.A politica do governo Geisel

favoreceu o departamento I e os interesses da burguesia na

cional, sendo por isto diferente do governo Médici, que favo

receu as multinacionais e do governo Figueiredo,voltado para

o capital bancário nacional e multinacional. O pais ficou

mais industrializado apesar de se tornar exportador liquido

de capital através do mecanismo da divida. Mas a divida está

sendo enóILentada pela tal bUfLguM..w.., que de nacional podemos

dizer que tem o titulo de eleitor como outros cidadãos deste

pais.

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.".~

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(31)

23

Não se pode perder de vista que o movimento da clas

se trabalhadora pode transformar a sociedade e melhorar as

condições de vida e'de trabalho da maioria. No entanto, é

uma luta bem árdua. ~ um processo que tem de atingir a rec~

peração de uma alienação que se constrói cotidianamente no

desenvolvimento do processo de produção capitalista. Corno

·contribuiu para a formação de um melhor nível de

consciên-cia, tendo em vista as relações de produção - trabalho exis

tentes e os modernos meios e métodos de difusão da ideologia

dominante?

/

OLIVEIRA 5 também refletiu sobre a crise da economia

brasileira que se inclui, segundo ele,não s~ num plano inter

nacional mas mundial. Rebate a percepção desta crise, corno

sendo urna crise cíclica procurando analisá-la enquanto uma

glUtnde. c.Il.ÁÁe., cuja característica fundamenta.l

e

a.

dê. pOIt em x.~

que. 0.6 ele.me.nto.6 de. Ite.gulação do .6,wte.ma.. Ele chama atenção para o

fato de que o destino da economia brasileira MO .6vc.ã. ..tnde.pe.!!:.

de.nte. do que. .6e. pa.-6.6e. no c.onjunto do .6,wtema. c.a.p..uawta.. Neste pr~

cesso; ressalta o autor, o que está em jogo não são somente

-aspectos técnico-econômicos mas também a questão da viabili

dade da democracia no Brasil.

Em seguida, nessa linha de preocupaçãol,ele se pergu!!.

ta: há saídas e.c.onônú.c.a.-6 para urna glUtnde. c.Il.ÁÁ e.? Responde que

jamais uma grande crise se resolveu por meios econômicos e

aponta alguns fatores favoráveis: profundas reformulações

5 OLIVEIRA, F. Além da transição, aquém da imaginação. Novos Estudos

CEBRAP. são Paulo, (12):2-15, junho, 1985.

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(32)

24

no aparelho institucional da sociedade e do Estado, entrada

em açao de inovações tecnolõgicas e/ou organizacionais de

ponta e uma mudança' nas relações sociais no interior do ca

. pitalismo.· No entanto, chama atenção para o fato de haver

uma tentativa de resolver a

gJtande. CJl....L6e.

como se esta fosse

uwca..,

reafirmando

0.6 .tvunO.6

.60~

do mode..f.o e.conôl1Ú..co

peAveJL.6o.

Apõs este questionamento, prioriza o avanço do cam

po social enquanto sendo uma said,?

não e.conômica

para a crise.

Analisa o social, acentuando que este aparece

muito

~

que.

o

e.-6.ttvUa.me.~e. e.C~!1ÔIlÚ.CO,

como o ca..mpo plÚvUe.g,{ado

da fu..ta..

de.

c.1a..6.6e.-6.

Mostra portanto o social e o econômico enquanto sendo um

par antagônico. No éaso dos aumentos de produtividade alca~

çados pela economia brasileira I afirma que

é cOn.6e.qllênci.a..in!!:,.

vitáve..f. da

ne.gação do

.60~.

Na sua visão, qual o significado de avanço social?

"s

ignif ica insc reve r as conq u i s tas e me 1 hor ia s púbJi

cas na relação social de produção ( .•• ) seu signi

ficado mais profundo

ê

o de criar uma cultura polT

tica que seja a negação da anticultura política ca

racterística da sociedade de massas." 6

Seu questionamento busca relacionar o avanço social

com o avanço democrático, chamando atenção para a compree~

são diferenciada que os diversos estratos e classes sociais

têm do termo democracia. Para ele, esta diferença vai mais

longe pois trata-se de um

cUóCUJL60

e.

de. uma pJtâtica g.tobaUzante.,

ma.6

não de. um

cUóCUJL60 e.

de. uma pJtâtica p.f.uJta.Uzante.-6.

6

OLIVEIRA, F. Op. Cit., p.7.

r

!

f

,

(33)

25

Completando seu ponto de vista, procura analisar a que~

tão da política e d~ sociedade de massas no Brasil contemp~

râneo, afirmando que entre nós a sociedade de massas a

Itegui.ação keyl1eh-tal1a .6em

CÜJtW0.6

.60~. Aponta nesse contexto o

papel da televisão, com atuação no plano cultural principal

mente através aas novelas, propiciando a l1egação da. identi..da..de

.6oc..<.a1.. Ressalta posteriormente o crescimento e o lugar da

classe média na organização capitalista. Acentua que as re

lações desenvolvidas entre o Estado e as classes médias nao

devem ser vistas enquanto um processo de democratização en

tre o Estado e a sociedade civil.

Finalizando sua argumentação, se detém sobre a transi

-ção -política no Brasil; transição do

E.6ta.do

de ex.c.eção

do auto

~mo

paJta

wn

E.6ta.do demoCJr..â.,tic.o.

Focaliza os escassos 19 a

nos de experiência democrática brasileira, que mesmo assim

se deu sob um processo de-manipulação das massas,como no ca

so do populismo, como forma de alertar para_ nossa herança

autoritária. Descreve aspectos da transição negociada que

se ligam ao alicerce da hegemonia conservadora e destaca o

nacionalismo e internacionalismo burgueses como os grandes

vencedores do processo hegem6nico. Fechando seu raciocínio

analisa o conjunto de forças representado pelos partidos p~

líticos, vendo suas estruturas e possibilidades e reafirman

do que

7

"serão as questões dos direitos sociais que podem

constituir a base de uma pauta progressista na ~

genda politica ( . . . ) capaz de estabelecer uma no

va cultura política, no quadro democritico, qu~

torne plausível e possivel o pr6prio questioname~

to da dominação."7

(34)

26

Os trabalhos de Francisco de Oliveira respondem por

um dado momento histórico-conjuntural e podem por isso mes

,

mo sofrer um continuo processo de enriquecimento. Como exem

pIo, podemos tomar o caso dos partidos politicos, onde ã vi

sivel a necessidade de se desenvolver um pensar mais amplo,

mais dialãtico ... sobre as relações contraditórias entre as

forças sociais organizadas atravãs de seus vários

movimen-tos e os partidos politicos.

Completando este quadro,creio ser válido apresentar

um sucinto olhar sobre a crise do capitalismo. Ao definir

os contornos teóricos da questão da crise apresentada pelo

sistema produtivo capitalista, BENAKOUCHE8 privilegia duas

correntes. A primeira representada pelos economistas que con

sideram a crise como Jr..e.!.>lLUa.n-te. de. c.on:tJta.d.[çõe.!.> do Modo de.

PJr..odu-ção Ca.p.uaw:ta., que em resumo significa a c.JÚ.6e. do E6:ta.do-pJr..ov:!:

dênc..i.a.. A segunda pelos administradores da economia que com

batem a interferência do Estado na economia e defendem a e.x

ünção do mesmo.

Quanto ~ crise do Estado-providência,em que a crise

capitalista ã vista como periódica, ela ã explicada através

da proble~ática dos ciclos (expansão e recessão), da super~

cumulação do capial e pelo subconsumo

do.6 Jr..e.ncüme.nt0.6, c.om te.l1dênc..i.a.

ã.

.6upe.Jr..pJr..odução poJr.. c.au.6a do ba.i.xo PE.

de.Jr.. a.qCLÚ!.i.üvo da. gJr..a.nde. mcúoJr...i.a. da popu1..ação) e a desproporcion~

lidade (desproporção entre o setor de bens de consumo e o

setor que produz bens de equipamento). Par~ ele, a te.!.>e. da.

8 BENAKOUCHE, Rabah.

A C!~e., que. c.JÚ.6e? in: BURSITYN, M. et a1ii.

Que crise i esta? são Paulo/Brasília, Brasiliense,/CNPq, 1984,

p .118-135.

(35)

27

dupJtopoJtúona..t-<'dade.

ê

a ou.:tJta. 6ac.e. da do .6ubc.ort6umo.

Nesta linha de

crítica reforça taxativamente que

não.6e de.ve. e.6peJLaJt o

6,ún

do

cap-Ua.Wmo a pCVLÜ.Jt. dê. uma.

~e., mM

jU6tame.nte. o -<.nveJt.6o:

6,ún

do capLta.U..6mo que.

.6e.

podeJLá. UpeJLaJt

o 6,ún

dM

~u. 9

-e c.om o

Quanto aos 'que defendem a

ex.;t..i.n.cão

do Estado a alega

çao é de que o.mesmo interfere no funcionamento natural da

economia. A crise é vista como um

cU66uncioname.nto do meJtcado.

Em termos de crítica,o autor considera que esta análise

é

um

aJVta.zoado

em

de6ua do capLta.Li.6mo

e conclui que a c.JtMe

de. um

Jte.-g,úne

de. ac.umu.f.a.cão não

ê

ne.c.u.6aJt--tame.nte. de. oJtdem e.conôm[ca,pois

suas

/

causas sao ao mesmo tempo econômicas, políticas e

ideológi-caso

t

na relação com o capitalismo internacional que a

especificidade.da conjuntura brasileira deve ser entendida.

O poder local, entendido como poder e'statal loc·a.f está ins!:.

rido no sistema capitalista enquanto uma totalidade e,portan

to, não pode ser visto como se fosse um espaço neutro ou

isolado. Mesmo quando convivendo com outras formas de rela

çãode poder, o ,espaço local compartilha dos movimentos man

tenedores da dominação capitalista ativamente.

Nas discussões anteriormente levantadas, vimos que o

quadro apresentado tem como fundo a crise do sistema capita

lista, crise esta que devemos buscar aprofundar em futuros

trabalhos, pois bem sabemos que faz parte do processo acumu

lativo, na relação capital-trabalho, o convívio com a chama

(36)

28

da CIU.J.:,

e. •

o

momento do desenvolvimento econômico pautado -em novas correlações de forças aponta para a internacional~

zação da economia, seja pela via dos monopólios ou pelos oli

.

gopólios. Podemos pensar o atual espaço para a efetivação

da criação de mais valia, em relação ao mercado disponivel

de força de trabalho. A grande maioria dos trabalhadores

ainda tem sua sobrevivência (reprodução) vinculada ao salá

rio minimo. Dai ser compreensivel a atualidade da luta dos

trabalhadores pela redução da jornada de trabalho. A moder

nização dos meios de produção e a manutenção da carga horá

ria de trabalho só faz ampliar o ganho do capitalista. No

entanto, as conquistas dos trabalhadores devem ter como fio

condutor a transformação da própria forma capitalista da

produção de mercadorias.

Esta preocupação de superação do processo de criação

~ expropriação de mais valia gerada pelo trabalho humano

prende-se ao fato que este processo continu~ imperceptível

para grande contingente de trabalhadores ao mesmo tempo que

é visto como algo tão natural pelos detentores dos meios de

produção. Com isto o que se confirma é a consolidação do pro

cesso alienativo do ser humano.

o

campo semântico do conceito de alienação está rela

cionado através dos seguintes aspectos: (a) duplicação: de

um criador numa criatura, (b) distanciamento: a criatura se

distancia daquele que a criou, (c) estranheza, estranhamen

to: o produtor já nao se reconhece mais no seu produto, ou

seja, ele já não ~ mais ele mesmo.

.~

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