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Rádio comunitária: possibilidade para a cidadania

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Academic year: 2017

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MÔNICA AGUIAR COSTA

RÁDIO COMUNITÁRIA: POSSILIDADE PARA A CIDADANIA

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RÁDIO COMUNITÁRIA: POSSILIDADE PARA A CIDADANIA

Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito para obtenção do título de Mestre em Direito Político e Econômico.

Orientador: Doutor José Francisco Siqueira Neto.

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Costa, Mônica Aguiar.

Rádio comunitária como instrumento para a realização da cidadania / Mônica Aguiar Costa. São Paulo, 2007.

142 f.; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Direito Político e Econômico) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2007.

Bibliografia: p.88-94.

1.Ética – Legislação. 2. Rádio comunitária. I. Título.

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RÁDIO COMUNITÁRIA: POSSILIDADE PARA A CIDADANIA

Dissertação apresentada à Coordenação do Curso de Pós-Graduação em Direito Político e Econômico da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito para obtenção do título de Mestre em Direito Político e Econômico.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________________________________ Prof. Dr. José Francisco Siqueira Neto.

Universidade Presbiteriana Mackenzie

_________________________________________________________________________________ Prof. Dr. Gilberto Bercovici.

Universidade Presbiteriana Mackenzie

_________________________________________________________________________________ Prof. Dr. Vladimir Oliveira da Silveira.

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Em primeiro lugar agradeço a Deus que me permitiu e permite a vida. Nenhum trabalho intelectual é possível sem a colaboração de muitos.

Durante a realização dessa dissertação fui muito bem acompanhada por um especial conjunto de pessoas. Meu orientador, Professor José Francisco Siqueira Neto, que me apontou as direções ao longo do caminho.

Sou grata aos professores, Alysson Leandro Barbate Mascaro, Ari Marcelo Sólon, Gabriel Benedito Issaac Chalita, Marcelo Fortes Barbosa Filho, Márcia Cristina de Souza Alvim, Milton Paulo de Carvalho, pela disponibilidade em ensinar a melhor forma de aperfeiçoar este trabalho.

Aos amigos, pelo incentivo que deram; em especial ao Anderson Fazoli, que inúmeras vezes se dispôs a auxiliar no que fosse necessário.

Aos meus familiares, pela compreensão da ausência necessária. Quero ainda agradecer a todo o corpo docente deste curso de mestrado em direito político e econômico criado e mantido pela Universidade Presbiteriana Mackenzie que me deu condições de desenvolver este projeto, disponibilizou conhecimento e disposição em mostrar quais os melhores caminhos que deveria trilhar.

Não poderia esquecer de agradecer à equipe com quem trabalho, que muitas vezes, ou em todas elas, entenderam e suplantaram minha ausência.Quero lembrar das pessoas das comunidades, e das organizações sociais que, como verdadeiros heróis anônimos na batalha da legalização das Rádios Comunitárias, me ensinaram a importância de perseverar.

Por fim, para não permitir que aconteça o esquecimento, agradeço a todos que pacientemente me ajudaram, abraçaram, repreenderam, incentivaram, e colaboraram para a elaboração deste trabalho, desde a orientação, até o café tão amavelmente preparado, para me despertar e realizar o que ainda faltava.

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1 INTRODUÇÃO ... 10

2 ARADIODIFUSÃOCOMOMEIODECOMUNICAÇÃO. ... 16

2.1 DA COMUNICAÇÃO. ... 16

2.2 DA COMUNICAÇÃO PARA A CIDADANIA. ... 35

3 RÁDIOCOMUNITÁRIA. ... 43

3.1 O QUE É RÁDIO COMUNITÁRIA. ... 43

3.2 DA MÍDIA SOBRE A RÁDIO COMUNITÁRIA. ... 49

4 DASNORMASDARÁDIOCOMUNITÁRIA. ... 57

4.1 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E LEGISLAÇÃO PERTINENTE. ... 57

4.2 DAS DECISÕES JUDICIAIS. ... 73

4.3 DA IDÉIA TÉCNICA PARA A SOLUÇÃO DAS INSTALAÇÕES DAS RÁDIOS COMUNITÁRIAS NA CIDADE DE SÃO PAULO. ... 78

5 CONCLUSÃO ... 84

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O tema deste trabalho, que tem como título “RÁDIO COMUNITÁRIA: POSSIBILIDADE PARA A CIDADANIA”. A análise aqui é sobre a existência ou não

de uma possibilidade real do indivíduo tornar-se um cidadão por meio da rádio comunitária. Adquirindo maior conhecimento sobre seus problemas comunitários (idéia primária desde a existência do rádio ), ele se tornou conhecedor de seus direitos e deveres, para que possa fazer uso desse conhecimento e tornar o convívio com a comunidade uma obra em proveito de um desenvolvimento. Transformando essa comunidade num lugar melhor, mais desenvolvido, e justo. Aparentemente toda comunicação leva alguém a algum lugar. Exatamente porque se pressupõe que um maior conhecimento das garantias individuais e coletivas do ordenamento jurídico constitucional, um cidadão menos privilegiado começaria a melhorar sua condição de vida. Por certo que nesta obra apresentamos várias faces

da questão „rádio comunitária‟, quais sejam: decisões judiciais; decisões

administrativas, reuniões de comunidades; reuniões de vereadores e comunidades, e ainda algumas outras atribuições como o papel da comunicação social na vida dessas pessoas e no mundo, na esperança de colocarmos um fim nos problemas que recaem sobre as rádios comunitárias, para dar plenitude às instalações e funcionamentos dessas emissoras , uma vez que tratamos de prestação de serviço público pelo poder privado.

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The subject of this research has a title called "COMMUNITY RADIO: THE POSSIBILITY FOR CITIZENSHIP." The analysis show us the states in a real possibility of an individual to become a complete citizen include in his rights and duties, to help the programation in a communitarian radio. People can become a citizen when acquires knowledge at communitarian problems and can do use of this knowledge to to their lives and their communitys better and equallity. All communication takes somebody to some place. It happens because a bigger knowledge of individual and collective does part of the constitutional legal system, and privileged citizen´s less starts to improve

Their life style. In this study some of the parts are focused radio communitary question such as: judices sentences on these channels; administrative resolutions, meeting´s communities; conciliums and comunities meetings, and some other attributions still as the role of the social communication in these people lives and in the world,to solve the problems to radios as well to need an ppropriate installations, and others problems.

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1. INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é verificar a possibilidade da Rádio Comunitária ser ou não um instrumento que implementa a cidadania plena para os mais humildes. Levantando hipóteses, fazendo pesquisas e ouvindo pessoas diretamente e de qualquer maneira ligadas à instalação e funcionamento de rádio comunitária, com objetivo de resolver a questão apresentada ela atinge seu objetivo.

Para tornar possível esta dissertação, os “assuntos” correlatos foram agrupados,

possibilitando, com isso, a definição da hipótese.

Apresentamos inicialmente a radiodifusão.

Elegendo em princípio a comunicação social como meio para essas constatações, procuramos verificar, o quê de fato a comunicação social tem oferecido para a sociedade.

Pesquisamos sobre o apoio que a comunicação social pode dar a sociedade, em especial objetivando o interesse público. O caminho que a comunicação pode traçar para conduzir o indivíduo ao conhecimento e a partir daí formar e melhorar a condição devida dessa sociedade. Constatou-se que a comunicação é a responsável por introduzir o conhecimento, a informação, a amizade, não só entre a sociedade em que atua, mas entre povos diferentes.

A radiodifusão é o meio para ouvir a comunicação social, em todas as suas manifestações, quer jornalísticas ou publicitárias, no rádio. Convém lembrar que nem

tudo é notícia. „As vozes‟, da comunicação radiofônica, são ótimas quando se

interessam pelas questões públicas, possibilitando a sociedade conhecer aquilo que a torna de fato uma nação.

Nosso texto, obrigatoriamente, relatará as questões de intercâmbio entre a ciência da comunicação e seu estudo.

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Nesses encontros de profissionais da área de comunicação social são feitas inúmeras constatações sobre a comunicação e a política.

Nesse ponto traçamos uma relação entre a imprensa, os meios de comunicação (mídia) e as pesquisas de opinião (do cidadão).

Passagem obrigatória, portanto, que nessa fase do estudo apareçam os trabalhos acadêmicos sobre a comunicação pública. Alguns textos dividem-se em organizacionais, científicos, governamentais, políticos e de sociedade civil organizada. Tudo com o intuito de revelar a melhor e mais ajustada maneira, de

“fazer” radiodifusão com objetivo e alvo: a sociedade.

Procuramos também, para este trabalho, traçar algumas considerações sobre o

„histórico‟ político do Brasil, uma vez que ocorreram mudanças de regimes de

governo, capazes de modificar, alterar ou impedir a atividade da comunicação.

Esse segmento político vai da repreensão e censura política dos anos de ditadura governamental, imposta sobre a comunicação social até a atividade atual democrática de liberdade de pensamento e expressão.

A comunicação social, hoje, é objeto de muitos estudos. Entre esses estudiosos encontramos, especialmente, pesquisadores acadêmicos, jornalistas, radialistas, publicitários, políticos.

Confirmou-se que a comunicação social, pelas questões políticas de governo brasileiro, tornou-se ponto de grandes debates sociais da atualidade. A Constituição (é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença1) permitiu a realização plena da comunicação social e a indispensável liberdade de expressão.

Procuramos, ainda nesta parte, discorrer sobre poder, corrupção, enfrentamento e idealismo.

Na seqüência, o trabalho discorre sobre cidadania com algumas considerações do conceito

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O conceito, a definição, os meios, as dominações, os amparos legais (direitos e deveres de País e de Mundo), e sobre tudo, quais os caminhos que levam uma sociedade a atingir a cidadania.

Pesquisamos cientificamente quando se atinge essa qualidade; de que maneira se organiza; como se transforma; como reagem as adversidades; como enfrentam as incertezas; enfim como compreender sobre cidadania.

Esse tema sobre a cidadania igualmente foi abordado com a objetividade de apuração sobre a necessidade da comunicação, para atingir o objetivo de transformar o ouvinte um verdadeiro cidadão, por meio da radio comunitária.

Ficou claro na pesquisa que, a cidadania só é possível quando de fato e de direito ocorre à inclusão dos excluídos nas realidades da vida.

Novamente, e em continuação se falou de regimes de governos, de „modos‟ de

governar, para concluir o que melhor se adapta para chegar à cidadania. Qual a relação entre a comunicação social e a cidadania.

O capitulo seguinte começa tratando de conhecer a rádio comunitária.

Percorremos o caminho da rádio comunitária propriamente dita. Ou seja, buscamos conhecer o que é, como, e, por quem tem sido feita. Descobrimos muita gente, pertencendo a organizações sérias, em busca de soluções definitivas para regularizar rádios comunitárias; movimentos populares e de vereadores em busca dessa solução definitiva para a radiodifusão comunitária.

Definida o que é a rádio comunitária, verificou-se a intenção e vontade dessas produções radiofônicas.

O idealismo dessa possibilidade da implantação, por autorização de

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Diante do quadro de criação da Rádio Comunitária, a pesquisa demonstrou as informações trazidas pela mídia sobre a falta de autorização do Poder Executivo para o pleno funcionamento das Rádios Comunitárias na cidade de São Paulo.

Jornais, revistas, rádio comercial, televisão, opinaram sobre as rádios „piratas e ou clandestinas‟ funcionando de maneira ilegal, e sob a declaração de ser

comunitária.

Prós e contras sobre o tema foram apresentados na dissertação.

Não poderia ficar, portanto, despercebido o tratamento que a mídia deu para os problemas de rádio em pleno funcionamento sem a devida autorização. Foram matérias jornalísticas trazendo pesquisas e depoimentos de aprovações e desaprovações, depoimentos e clamores sociais.

Verificou-se nesse passo, a questão legal, ou seja, qual a legislação sobre radiodifusão e as rádios comunitárias.

Percorremos também toda a legislação ordinária que de maneira objetiva descreveu a autorização ou permissão ou concessão do Poder Executivo aos habilitantes, bem como definiu os itens intrínsecos ao funcionamento da radiodifusão e instituiu a rádio comunitária.

Como exemplo dessas definições: a quem seriam concedidos os certificados de licença para a radiodifusão; quais as redes de radiodifusão; como e o que são os

“estúdio e estação”. Também, quais as agências fiscalizadoras, seus mecanismos

de fiscalização e regulamentação legal para funcionarem a radiodifusão, bem como a radio comunitária.

A vasta legislação ordinária definiu todos os aspectos, legais, e técnicos para a funcionalidade da radiodifusão.

Passadas essas fases de definições, chegamos a sentir a necessidade de apurar sobre a legislação que envolve a rádio comunitária de maneira especial.

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Diante desse panorama traçado, fomos buscar as informações de quais as comunidades teriam, na cidade de São Paulo, as rádios comunitárias autorizadas a funcionar. Ao final constatamos que nenhuma rádio comunitária no Município de São Paulo está autorizada a funcionar.

Por essa razão passamos a indagar se havia alguma decisão judicial sobre o assunto, ou seja, sobre a autorização subsidiária para funcionamento das rádios comunitárias na cidade de São Paulo.

Foram encontradas decisões judiciais.

Por falta de solução na autorização administrativa do Poder Executivo, de funcionamento de rádio comunitária, muitas instituições, comunidades e operadores dessas rádios foram buscar ordem judicial para funcionarem, ainda que de maneira

precária, porém sem o receio de sua „lacração‟, por clandestina.

Muitas conseguiram o resultado positivo a favor de fazer funcionar precariamente a rádio comunitária, até finalização de processo e regularização da rádio.

Entretanto uma das decisões do Superior Tribunal de Justiça, declarou em resumo que somente o Poder Executivo, por concessão constitucional, pode conceder, autorizar ou permitir funcionamento de rádios, incluindo-se a comunitária.

O passo seguinte da dissertação foi inquirir algumas questões, quais sejam: Quem pode então fazer rádio comunitária? Como pode ser feita? De que maneira serão instaladas? Quais as regras para informar a comunidade? Como sobrevive? Quais as regras para ter autorizada a instalação e funcionamento de radiodifusão comunitária? Como habilitar uma comunidade para ter uma rádio comunitária autorizada pelo Poder Executivo?

Passamos então a percorrer a tecnologia das ondas, dos alcances, dos sinais.

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Partimos para a busca da contribuição técnica em prol da regularização de „rádios comunitárias‟ não autorizadas.

Finalizamos com as declarações da engenharia, de solução para as concessões às comunidades habilitantes em funcionar uma emissora sem que seus sinais, (ondas), interfiram em outras comunidades ou qualquer outra (onda) de rádio.

A lei ordinária atual define um canal de uso para as rádios comunitárias (FM) que causa interferência entre elas, dado o relevo da cidade de São Paulo. Declaram

técnicos e engenheiros, que para essa mudança de „ondas radiofônicas‟ é

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2. A RADIODIFUSÃO COMO MEIO DE COMUNICAÇÃO.

2.1. DA COMUNICAÇÃO.

A comunicação permite a cada indivíduo saber e conhecer mais sobre muitos fatos. (RÓNAI,1985)2.

Porém, com as novas demandas sociais, será necessário muito além desses meios de comunicação (telefone, telégrafo, rádio, televisão, Internet), como argumentos e atos possíveis de valorizar e potencializar os princípios da democracia, do pluralismo, da diversidade e da justiça, para atingir o objetivo de colaborar com o desenvolvimento da sociedade.

O vocábulo comunicação é definido como meio de partilhar o conhecimento, tornar comum, participar, troca de mensagens, emitir ou receber informações.

Alguns autores caracterizam a comunicação como ocorrência apenas entre homens. Outros, entre homem/animal, homem/máquina, máquina/máquina.3.

Assim, a comunicação deve trazer fatos absolutamente reais, dentro de uma visão possível, para uma comunicação objetiva, factual e real, desconsiderando qualquer simulacro.

Ainda que existam várias definições da palavra “comunicação”, o que importa, e

o que será tratado, é que a comunicação como benefício para uma sociedade é o estímulo que causa sobre o ser humano. Inclui nesse sentido todos os procedimentos por meio escrito, falado, musicado, artístico, todo comportamento humano dos quais uma mente pode se valer.

2 O telefone, o telégrafo, o rádio possibilitaram, a ponto de torná-la inquietante, a troca rápida das comunicações. Mas que é que nós temos a comunicar-nos? Cotações da Bolsa, resultados de futebol e histórias de relações sexuais. Saberá o homem resistir ao acréscimo formidável de poder de que a ciência moderna o dotou ou destruir-se-á a si mesmo manipulando-o?

RÓNAI, Paulo. Dicionário universal Nova Fronteira de citações. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985, p.195.

3 LOPES, Vera Maria de Oliveira Nusdeo. O direito à informação e as concessões de rádio e

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Na Declaração dos Direitos Humanos, fica definido (Art.XIX) que, “Todo homem

tem direito à liberdade de opinião e expressão. Esse direito inclui a liberdade de receber e transmitir informações e idéias por quaisquer meios, sem interferências e

independente de fronteiras.” .

Tudo isso para compreendermos que a comunicação precisa sobretudo de meio útil para exercer esse direito. Não basta declarar o direito à expressão, há que possibilitar instrumento de realização dessa expressão.

Para facilitar os operadores da comunicação chamam de comunicador, aquele que transmite os estímulos, para modificar o comportamento de outros indivíduos, que serão chamados de receptores.

O fato é que quaisquer definições terão em comum a essência de alterar ou influenciar outros indivíduos. Portanto, a comunicação em pensamento popular é o único meio existente para possibilitar o contato, seja por meio da escrita, da fala, da audição, da visão, entre os homens.

Reúnem esses meios de comunicação vários processos, todos envolvendo os sentidos pessoais para estreitar as informações, conhecimentos, entre outras pessoas. Isso porque para desenvolver uma sociedade, é necessário que as

“comunicações” aconteçam.

Desmond Fischer, entende: quando mais „industrial‟ for considerada uma

sociedade, mais essa sociedade será considerada de „informação‟. Vale dizer, que

tem maiores privilégios econômicos, mais objetivos e busca.

Entende que “as necessidades de comunicação numa sociedade democrática

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de uma nova era de direitos sociais, sugerimos fossem exploradas, ulteriormente,

todas as implicações do direito de comunicar.”4.

É necessário entender então que para estabelecer a comunicação entre homens, tem que haver a fonte, a mensagem, e o destinatário, tudo dentro de uma proteção legítima.

A fonte de que trata a comunicação, é absolutamente indispensável, uma vez que, sem saber de onde vem à informação, não é prudente a transmissão.

Até porque, se a comunicação inclui todos os procedimentos por meio dos quais uma mente influencia outra, é imperioso saber se a fonte é ou não confiável. Fonte

que não é confiável, certa e legítima, é “fofoqueira”.

Podemos também classificar a fonte como a rádio, a televisão, o jornal, a revista, o periódico, a pessoa jurídica de comunicação. Sempre com o objetivo de exercício do direito da sociedade em obter a informação.

Sendo a fonte portanto, meio de levar uma comunicação ao indivíduo, a mensagem poderá ser em forma escrita, falada, ondas, sinais, qualquer forma de fazer chegá-la ao seu destino. A objetividade da mensagem se confunde com a própria informação a ser levada ao seu destinatário.

O terceiro seguimento, o destino portanto será uma pessoa, ou várias, que recebam a mensagem.

Os estudiosos da comunicação denominam, essa relação, e é característica, de emissor e receptor. Por óbvio um emite a mensagem, enquanto o outro a recebe.

É mansa e pacífica a idéia de que a ciência e a tecnologia desenvolvem-se paralelamente. A ciência estuda os meios, mecanismos, o processo como o todo para desenvolver a comunicação entre os seres, na questão de interligação entre eles. Enquanto que a tecnologia possibilita o caminho de chegada para interligar esses seres. Portanto, uma parte liga a outra para o resultado chamado: comunicação.

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A comunicação tem um efeito complexo, ou seja, por meio dela é possível agregar, desagregar, unir, desunir, hipnotizar, acordar, uma ou muitas pessoas, países, povos.

É necessário lembrar que na atualidade a avalanche de informações é disparada de maneira rápida e nem sempre útil e justa para aqueles que dela dependem. A comunicação tem o dever principal de divulgar o que é de interesse público.

O efeito social que a comunicação pode causar é de fato bastante importante, porque no momento em que uma referida informação ou fato se torna comum entre várias pessoas, passa ser uma comunicação comum. Vale dizer, não é a comunicação banal, mas aquela conhecida entre várias ou muitas pessoas.

Nesse ponto e consubstanciado por toda a comunicação impressa ou expressa, nem sempre o fato de existirem hoje, as várias e grandiosas possibilidades de comunicação, não exista disparidade na posse da tecnologia da comunicação.

É fato que a larga distância existe entre os países ricos e pobres, nos meios de comunicação, mantém essa questão injusta, bem como perigosa. Porém não há desenvolvimento sem obstáculo, busca, descoberta e solução, para tentar melhorar nos países pobres os meios de disponibilização dos veículos de comunicação.

Exatamente nisso que se baseia uma das questões aqui tratadas, qual seja, verificar que a rádio continua sendo uma das possibilidades de acesso para a cidadania.

Inegavelmente é a comunicação social um processo de conhecimento que permite o acesso do homem à uma nova vida, com facilidade para a difusão de informações.

Nesse sentido, a Internet merece observações a parte.

A Internet surge a partir do desenvolvimento das primeiras “redes” de

computadores interligados no período da Guerra Fria. Os primeiros testes foram feitos em universidades.

Brasiliense, 1982, p.12 e 7.

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Em 1969 surge a Arpanet (Advanced Research Projects Agency Network – Rede de Agências de Projetos Avançados de Pesquisa da Defesa Americana), que ligava os centros acadêmicos de pesquisa dos Estados Unidos com as bases militares.

Somente em 1981 foi feita a ampliação do uso da rede em escala internacional, quando surge então a palavra: Internet.

Toda a evolução tecnológica caminhou para atender as necessidades e vontades da sociedade.

Pela facilidade de tempo rápido trazido pela Internet, tornou mais fácil a informação ser quase imediata. Possibilita a chegada da mensagem e do fato cada vez mais rápido ao receptor.

Cabe registrar que o rádio teve sua criação em 1894, pelo italiano Guglielmo Marconi, que combinando a descoberta de outros cientistas, no sótão da casa, enviando mensagem de rádio, fez soar uma campanhia em outro ponto da cidade.

Estamos numa fase tão importante da comunicação, que já é possível fazer distinção entre a comunicação social, aquela que trata de todos os fatos ocorridos para a população (torna a notícia comum), da comunicação pública, que torna conhecida a informação institucional.

Alguns autores5, em estudos de jornalismo e relações públicas, classificam a

comunicação pública como sendo aquela feita por governo ou por comunicação corporativa.

A diferença está na classificação de que a comunicação pública de “governo” é

feita e transmitida para a sociedade, por obrigação de governo e direito de cidadão.

A Expressão da comunicação pública, ainda pende de definição aceita como absoluta, porque além da complexidade da própria comunicação, não se sabe definir o seu alcance. Sendo assim, não se poderia de fato definir como comunicação pública, toda e qualquer informação que viesse de governo ou de comunicação corporativa apenas pelo seu status.

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Ousaria dizer que referida comunicação pública encontraria lugar nos termos do artigo 223 da Constituição da República Federativa do Brasil6, na exata medida em

que a obrigação de possibilitar a introdução e funcionamento da comunicação é do Poder Executivo.

Por sua vez, como o referido poder não consegue, por várias questões, fazer

“sozinho” o processo da comunicação, permite que o setor privado o faça, por meio

de autorização, permissão, concessão, para a instalação e funcionamento da radiodifusão.

Sendo direito do cidadão e de evidente interesse do Poder Público, dar a informação, fica claro a disposição e interesse da promoção dessas informações de interesse público. Seja qual for a forma, ouvida, vista, falada, do governo para a sociedade que representa.

É quase como estabelecer uma comunicação direta, interessante, importante e necessária entre a comunidade e o governo que lhe dirige.

Nessa medida a política tem parte importante na comunicação. Credita-se que somente a democratização possibilita pensar e agir sobre manifestos, por

comunicações livres, para dizer “coisas”, sejam sobre cultura, fatos, terrores, ações,

enfim tudo o que a humanidade é capaz de fazer ou não. É a partir desses conceitos e pelos canais da comunicação, que se possibilitam as introduções e divulgações de novas idéias.

Tratando da relação entre política e comunicação, Elizabeth Pazito Brandão7,

define que: “Comunicação e política é uma relação de raiz desde que a imprensa, os

meios de comunicação e as pesquisas de opinião começaram a influenciar a vida

política dos Estados.”, e que “A regulamentação eficaz e legítima do sistema

midiático diz respeito à determinação do fundamento do direito da comunicação. A

utilização do termo “comunicação pública” significando um processo de informação,

6 Art.223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.

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voltado para a esfera pública parece ser comum tanto na América Latina quanto nos

Estados Unidos”.

A referida autora divide o tema da comunicação pública em cinco itens, quais sejam, 1) Comunicação pública identificada com comunicação organizacional; 2) Comunicação pública identificada com comunicação científica; 3) Comunicação pública identificada com comunicação do Estado e/ou comunicação governamental; 4) Comunicação pública identificada com comunicação política; 5) Comunicação pública identificada com estratégias de comunicação da sociedade civil organizada.

Nesse estudo a comunicação pública identificada como comunicação organizacional, tem como característica marcante, o tratamento dado a comunicação de forma estratégica e planejada, visando criar relacionamentos com os diversos públicos e construir uma identidade e uma imagem institucional, sejam elas públicas e ou privadas.

Em outros países a expressão comunicação pública é entendida como o conjunto de atividades voltadas para a divulgação das instituições junto à opinião pública.

“Abrasileirando” esse termo, aqui teremos a expressão: “falar do Governo”.

Expressão essa bem popular e conhecida. O que nos remete a lembrança de tantas

vezes ouvir: “A Voz do Brasil.”

O estudo mostra que tal expressão (comunicação pública) é muito comum na América Latina quanto nos Estados Unidos, para servir de estudo e de investigações para a sociedade. E fundamentalmente para os profissionais que irão trabalhar com qualquer meio de comunicação (relações públicas, publicidade, rádio, televisão, e outras mídias).

Em dissertação apresentada por Ana Luisa Zaniboni Gomes8 ao Programa de Pós-graduação em Ciências da Comunicação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, conclui, que falta esse estudo, do qual outros países se dispõem, qual seja, preparar, ajudar, colaborar, incentivar, apoiar, e tudo o mais que se fizer mister, para melhor institucionalizar a comunicação entre aquele que

8 GOMES, Ana Luisa Zaniboni, Formação de radialistas na era da inclusão discursiva: uma reflexão

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“faz” a comunicação acontecer, ou seja, chegar à sociedade as informações de que ele tanto precisa e lhe torna cidadão.

Retrata essa citada dissertação o estudo e pesquisa, de que o rádio, tão acessível

e popular no Brasil, não consegue apoio real das „políticas públicas‟. Constata que o

rádio, primeiro meio da comunicação, de mais fácil acesso, pelo seu valor „barato‟, e

de fácil transporte pelo indivíduo, não tenha total ou pelo menos melhor aproveitamento.

Continua em sua pesquisa que, mesmo em se tratando de um Brasil, com novos mecanismos e tecnologias ocupando espaços na comunicação, é o rádio o maior na formação de opinião popular. Lembra que até o fato do analfabetismo ter, infelizmente, largo espaço na sociedade brasileira, e até mesmo por essa razão, o rádio acaba legitimado como um meio de comunicação dos mais importantes na vida dos brasileiros, por seu papel educacional.

Gomes, entende que parte desse distanciamento na relação rádio e política, se dá também na figura da falta de preparo do radialista que deveria estar mais comprometido com a educação, que deveria ter melhor imagem esculpida na figura dele próprio (radialista).

Podemos então dizer que a utilização do termo comunicação pública significa dizer que é um dos processos importante de informação voltado para a esfera pública, confeccionada pelos operadores da comunicação, com responsabilidade perante a cidadania.

Agora, olhando para a comunicação pública identificada com comunicação

científica, a autora Brandão, relata que “engloba uma variada gama de atividade e

estudos cujo objetivo maior é criar canais de integração da ciência com a vida cotidiana das pessoas em sociedade, ou seja, despertar o interesse da opinião pública em geral pelos assuntos da ciência, buscando encontrar respostas para a sua curiosidade em compreender a natureza, a sociedade, seu semelhante.” .

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ciência tradicional e a outra como divulgação das questões sociais, políticas e econômicas.

Junta-se estudo com estrutura, ou seja, como a ciência descobre e como pode, deve e se está ou não sendo implantada. As duas áreas juntas tornarão a comunicação pública científica.

A comunicação pública identificada com comunicação do Estado e/ou comunicação governamental, é a identidade dada a comunicação de responsabilidade do Estado que estabelece informação e comunicação com seus cidadãos para as organizações não-governamentais, organizações governamentais, associações profissionais e de interesses diversos, associações comunitárias (terceiro setor), bem como outros poderes como, conselhos, agências reguladoras, empresas privadas que trabalham com serviços públicos como telefonia, energia.

Esta comunicação governamental pode ser comparada com a comunicação de agenda pública que presta contas e estimula o debate de interesse público da sua população, ingressando-os nas políticas publicas adotadas e verificações das ações promovidas nas áreas econômica, política e social. É um meio de aproximação do governo e povo.

Entende Elizabeth Pazito Brandão9, que na Comunicação feita pelo Estado ou governo, a característica de seus conteúdos e da grande parcela de público que pretende alcançar, a população de um País, de um Estado, de um Município sobre a comunicação feita pelo ente público, é a utilização da mídia, sua característica fundamental, em especial por meio das campanhas publicitárias, impressos e produtos em geral de divulgação.

Discute ainda que, somente agora, em razão das grandes mudanças políticas ocorridas no Brasil, agregadas as novas tecnologias implantadas e de maior acesso por parcelas cada vez maior da população na comunicação, é que na atualidade acontece o reconhecimento pela necessidade da utilização de outros instrumentos, como já utilizados pela comunicação comunitária e corporativa, fora da mídia

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tradicional, estimulando o surgimento de novos canais para o Estado, com forte componente político participativo, se comunicar com seus cidadãos.

São essas novas formas de manifestação que aparecem no cenário político, como forma de participação mais ativa e consciente dos cidadãos, as inovações tecnológicas aproveitadas na atualidade, o caso das ouvidorias, das 0800, dos call centers, dos conselhos, das audiências públicas.

Comunicação pública identificada com comunicação política, é tida como relação de raiz e existente desde que a comunicação começa relacionar-se com a política, influenciando a vida política dos Estados. É um dos temas preferidos da produção científica, porque é um triângulo que se estabelece entre a comunicação (mídia de qualquer forma), sociedade e política de governo. Definido nos dizeres de Brandão10, “Pode-se identificar as áreas de comunicação política e comunicação pública a partir de dois enfoques: comunicação política como forma de expressão pública de idéias, crenças e posicionamentos políticos, tanto dos governos quanto dos partidos; e como arena onde se dá a disputa histórica entre o direito da sociedade de interferir e determinar conteúdos e o acesso aos veículos e tecnologias de comunicação de massa e os proprietários de veículos e detentores

das novas tecnologias de comunicações.”

É quase unânime entre os autores que escrevem sobre esse tema que, há necessidade de um enquadramento, ou seja uma regulamentação eficaz e legítima de todo o sistema midiático neste segmento (comunicação política) da comunicação pública diferente daqueles do direito privado, que diz respeito a concorrência entre os operadores da comunicação, que tratam da liberdade de expressão, indo direto para o fundamento do direito da comunicação.

A comunicação pública identificada com estratégias de comunicação da sociedade civil organizada, é o meio utilizado pelas comunidades e pelos membros do terceiro setor e de movimentos populares e que também são denominadas comunicação comunitária ou alternativa.

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levaram ao crescimento dos temas e das polêmicas, para os debates e soluções para a sociedade. Toda mudança política implica novos desafios e novas estruturas.

No caso do Brasil, essa mudança política possibilitou o surgimento de uma nova arena para a comunicação que se manifesta como ator político, ocupando de forma privilegiada o palco público.

Sendo assim, o que se depreende é que a comunicação pública poderia ser tomada a partir da concepção da política em que se encontra. Toma a comunicação

social com sentido de “traduzir” informações de interesse do Poder Público para com

sua população.

Parece que tal assunto acabará encontrando largo e aprofundados novos

trabalhos científicos, quando a “TV Pública” estiver em franco funcionamento. Será

talvez possível dizer que a comunicação pública terá como papel principal levar a comunicação do Estado à sociedade com objetivo claro de tornar o processo de comunicação um meio de desenvolvimento para constituir a cidadania.

No Brasil em especial, o nome comunicação pública ainda está em debate, ou em construção. Quer seja porque restabelecida a democracia, novos rumos se apresentam para a sociedade, quer seja porque era este o momento de mudanças, independente da volta dela ou não.

A democracia, no sentido etimológico da palavra significa o “governo do povo”, ou “governo da maioria”. Lembrando de que o conceito de política se refere ao que é

coletivo, ao que é comum a todos.

Se comunicar é tornar comum um mesmo fato para todos, é evidente que para esse fim é necessário estar num país onde exista a liberdade para torná-lo conhecido de todos.

No Brasil de hoje, conforme os estudos científicos tem demonstrado, ocorreram fundamentais mudanças políticas, possibilitadas por um regime de governo livre, trazendo com isso um panorama diferente de um passado ditador, onde a falta de liberdade engessava a comunicação.

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Os tempos atuais demonstram que dentre múltiplos significados da comunicação pública (Comunicação pública identificada com comunicação organizacional; identificada com comunicação científica; identificada com comunicação do Estado e/ou comunicação governamental; identificada com comunicação política; identificada com estratégias de comunicação da sociedade civil organizada). A expansão da comunicação pública, se deve em larga escala, às mudanças políticas e sociais que ocorreram na sociedade brasileira e por parte dela.

Sociedade que no sentido de informação e construção de cidadania, conhecendo suas responsabilidades e direitos; limites e limitações, mobiliza-se em divulgar e realizar a causa da comunicação participativa e democrática, para a realização do fim supremo, qual seja, o exercício pleno da cidadania.

O desenho traçado até aqui, obrigatoriamente, nos leva a concluir que a comunicação pública de hoje não é mais voltada a atender apenas e tão somente ao marketing político e ou propaganda política, transmitindo o que seja de interesse eleitoreiro do governo. A comunicação pública da democracia, só se desenvolveu por causa desse sistema garantidor de liberdade, em que o Estado Democrático deve por excelência se constituir por liberdades.

Isso não significa dizer que essas liberdades não acabem por vezes causando

problemas ao governo, um Estado de “promessas”, sem possibilidade de realizar a

efetivação das estruturas sociais. Esse Estado de “promessas”, que não funciona,

recebe, evidentemente, críticas. Entre as críticas, nada melhor que as palavras de

Henry David Thoreau: “O melhor governo é o que governa menos”11.

No caso brasileiro, este Estado de “promessas” é bem ilustrado com a leitura do artigo 6o da Constituição da República Federativa do Brasil, que declara os direitos sociais do brasileiro12, de forma absolutamente clara e garantidora desses direitos, mas sem com isso garantir o processo de chegada à aquisição desses direitos. Com isso, perpetuam-se as mazelas públicas.

11 THOREAU, Henry David, Desobediência civil. Porto Alegre: L & PM, 1997, p.7.

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Ainda dentro da análise do sistema de governo em que vivemos no Brasil, com as determinações e princípios constitucionais, podemos afirmar que o Legislativo é parte fundamental para o pleno desenvolvimento da comunicação social como um todo. Uma vez que o Poder Legislativo democrático é a voz do povo, vale dizer que todos os parlamentares são representantes do povo, e em nome deste povo é que deveriam exercer o poder.

Portanto, no legislativo insere-se o debate público, onde se discutem problemas sociais dependentes de solução; sejam pelos meios de estrutura, criando lei, modificando outra existente, incluindo normas de condutas, ou normas de criação, enfim tudo o que o sistema do ordenamento jurídico permite.

A comunicação, denominada como pública, identificada como estratégia de comunicação da sociedade civil organizada, faz seu papel, qual seja, cobrar a partir dos debates sociais soluções para que possam ser implantadas.

Os autores do livro chamado “Rádios Livres – a reforma agrária no ar”, publicado

em 1986, exemplificam a necessidade da existência de liberdade numa sociedade para se estabelecer a comunicação. Vale dizer rádios como meio de comunicação para servir a população, e tão somente a ela.

Por isso o avanço notório da comunicação social ligado ao advento da rádio no Brasil, no Rio de Janeiro em 1923, considerada a primeira, por Roquette Pinto e Henry Morize, com a idéia de propagar cultura, educação e benefício social, oficializada somente no ano de 1931.

Fazem, nessa edição do livro citado, interessantes colocações sobre “rádios piratas”, com intenção de tornar todos os fatos e assuntos importantes para a

sociedade, sem a menor preocupação com o lucro que a rádio como comércio poderia render. O que é fato histórico, a rádio no Brasil só teve essa preocupação, qual seja de receita para sua manutenção após o advento da televisão. Antes disso, eram mantidas por doações e ou seus associados.

Falam de idéias, como o “Manifesto por sonoridades livres”, reclamando sobre

falta de “amor” no que os operadores de rádio demonstravam; “Um depoimento

cinderela”, neste caso manifestando oposição as rádios legalizadas que sob o olhar

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Ermelino Matarazzo” que declara e faz a história de uma rádio criada nesse bairro, declarando sua existência para “dar o microfone” ao povo para que discuta a situação do bairro (Ermelino Matarazzo); “Um depoimento: TV Livre de Sorocaba. Da pirataria à TV comunitária: esquemas e propostas políticas.”. Tratando a pirataria como forma de luta política.

Traz esse livro uma preocupação daquela época política, querendo a sociedade ter uma voz, elegendo como via de comunicação, a rádio, uma vez que ainda se estava restabelecendo a democracia.

Ocorre que referido livro, falando sobre a necessidade de dar voz ao povo, leva a comparação daquela época com a atualidade, na falta de regulamentação de ação (funcionamento).

Naquela época (1985), as rádios instaladas sem autorização para instalação e

funcionamento, chamadas pela população de rádio “livre”, uma vez que serviria de

apoio aos debates, e desenvolver, idéias para as soluções dos seus problemas,

eram tidas como “piratas” ou “clandestinas”.

Fazendo então um comparativo daquela época com a atualidade nas questões da criação, instalação e funcionamento das rádios comunitárias que por falta de autorização, ambas do passado e do presente, passam a ser consideradas rádios

“piratas” ou “clandestinas”.

Em qualquer caso, a sociedade quer ter voz, de maneira a atender os problemas regionais, sem a idéia de lucro. Diga-se esta é a mesma idéia primária de Roquette Pinto e Henry Morize.

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Quando Clóvis de Barros Filho13, fala sobre o tema da comunicação, aborda a

questão ética nas questões coletivas. Tem uma visão de que a questão da importância sobre os meios da comunicação social interferindo na vida social, já é pacífica e independe de discursos, ou frases decoradas daqueles que apenas repetem a máxima conhecida da importância da comunicação perante a sociedade.

Insiste Barros que os problemas encontrados para validar o processo comunicativo e da importância do tema comunicação para benefício da sociedade está na pouca reflexão ética e jurídica, como também na ausência de alargamento nos estudos científicos e na escassa bibliografia sobre o tema.

Por isso muito se discute que a globalização de que trata a comunicação, é mais um fator de estudo e meio para o processo de conhecimento e de importância no contexto de unir pessoas para se chegar ao conhecimento mais ampliado e necessário. É de fato importante que pessoas diferentes, pela raça, pela nacionalidade, pelos hábitos, pelo próprio desenvolvimento de nação, possam se desenvolver pela troca dessas informações de maneira rápida, eficaz e certa.

Sendo assim, Barros com maestria, deixa claro que o processo comunicativo tem dever para com a sociedade, uma vez que as comunicações coletivas são preferência de ordem, de respeito, e de qualquer fim justo para com o indivíduo, dado que da vida privada não se deve encarregar a comunicação social.

Dessa maneira, a comunicação regional ou global, (globalização é um assunto em pauta) não pode “atordoar”, tem que informar, tornar público o que se faz

necessário, importante e de interesse coletivo.

A comunicação é o abandono do “eu” para a agregação do “nós”. Imperativo que

a comunicação torne possível, viável e verdadeiro, sem opiniões banais ou

entusiasmos comuns, para transmitir às pessoas, o que precisam “saber” de maneira

confiável.

Evidentemente os avanços tecnológicos, o desenvolvimento da sociedade e todos os fatos ocorridos no mundo são de interesse de toda e qualquer sociedade civil. Até porque qualquer processo comunicativo não inclui apenas a região de uma comunidade, nem tão pouco exclui outras regiões, cidades, estados, países,

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exatamente para possibilitar o desenvolvimento. Por todas essas razões a globalização da comunicação era inevitável acontecer.

Sobre a globalização, afirma Octavio Ianni14 que “Pela primeira vez, são

desafiadas a pensar o mundo como uma sociedade global. As relações, os processos e as estruturas econômicas, políticas, demográficas, geográficas, históricas, culturais e sociais, que se desenvolvem em escala mundial, adquirem preeminência sobre as relações, processos e estruturas que se desenvolvem em

escala nacional”.

A comunicação passou com o tempo a tornar-se o ponto principal da democratização da sociedade; porque caso contrário, será sempre o verbo único dessa sociedade, o poder. Ou seja, só o que o poder manda, seria comunicado. Num regime de governo de mando, não ha pensamento livre, menos ainda liberdade de comunicação.

Democracia, poder e direito em plenitude preservam o bom caminho da comunicação que já enfrentou, em outros tempos, a ditadura que gerou vários prejuízos como intolerância, excesso, desmando, imposição, corrupção, que nos

remete lembrar da frase de Lord Acton “O Poder corrompe, e o poder absoluto

corrompe absolutamente.”. Ou seja, se não existir um Estado de Direito que exerça

plenamente sua capacidade de poder ordenado, em proveito do povo, pode sofrer outra lesão, qual seja permitir a instalação da corrupção (sair do caminho reto) em benefício de poucos e apenas daqueles que detém o poder.

Outro perigo, portanto, a ser considerado é que mesmo na existência de um Estado de direito, existe a possibilidade de idéias serem corrompidas com o desejo de impor também o desenvolvimento da sociedade. Dessa maneira, só um caminho para se evitar isso: as regras para o exercício da comunicação tem que ser igual para todos os meios.

Devemos incluir a rádio comunitária, que em várias constatações, seus operadores ao invés de impor, quando de direito a autorização de instalação e funcionamento, corrompem situações para possibilitar, precariamente, o

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funcionamento. Neste caso, em nada, os meios justificam o fim. Na assertiva de comunicar e dar voz à sociedade, não se pode burlar leis e regras, com esse intuito.

Como estamos tratando de comunicação e poder, cabe aqui lembrar a expressão de Carlos Heitor Cony15, colunista da Folha de São Paulo, que conta sobre poder, traçando uma história para equiparar poder, ao uso de um instrumento (seja qual for) possível de ter ordem de mando. Faz um comentário „simpático‟, sobre como cada

ser humano que, por um meio qualquer, pode se impor sobre o outro indivíduo.

O poder, quando bem utilizado, pode ser instrumento de comando para as realizações de atos para solução ou possibilitar a melhora de uma sociedade. Ao contrário, nos parece que o poder utilizado de forma excessiva, absolutista, e apenas em proveito de poucos, já demonstrado nas duas grandes Guerras Mundiais.

Por estas razões é exigível que se estabeleça um Estado de direito pleno, para que a comunicação social possa ser exercida também, em plenitude e a partir disso exercer sua função social.

15 CONY, Carlos Heitor. Poder é poder. Editorial Jornal Folha de S.Paulo, São Paulo, 2007. Poder é poder.

Rio de Janeiro – Pela vida afora, já me explicaram mil vezes o que é e como se forma o poder. Eu próprio fucei por aí, lendo entendidos e curiosos que trataram do assunto. Li os alemães, que são bons na matéria. Li tratadistas que trataram do poder e de sua fonte.

Tanta e tamanha sapiência nunca me convenceu. A primeira noção que tive do poder foi um canivete que o pai jogou fora. Estava enferrujado e só tinha uma lâmina, com a qual o pai descascava laranjas o ano todo e as castanhas nas ceias de Natal. Não usava facas para isso. Ao contrário dos que crucificaram Cristo, ele devia saber o que fazia.

Apanhei o canivete no lixo, limpei-o, amolei sua única lâmina numa pedra cinzenta e porosa que tinha o óbvio nome de “pedra de amolar”. Armado cavalheiro, sagrado com aquilo que os laudos do Instituto Médico Legal chamam de “instrumento perfurocortante”, assumi o poder de todo o lado esquerdo da rua em que morava.

Só não assumi o poder da rua inteira porque, no lado direito, havia um menino que tinha um canivete com duas lâminas. Uma delas era maior do que a outra. Alberto, o canivete parecia um siri com as duas garras metálicas.

Chamava-se Agenor. Acho que Agenor Fernandes Batista. Nunca tive um amigo com esse nome – desconfio que o motivo foi esse canivete mais poderoso do que o meu. Daí estabeleci toda a hierarquia do poder, que perdura até hoje. Anos depois, em Zurique, comprei um daqueles canivetes suíços que têm 48 lâminas e outras tantas serventias.

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Neste sentido, fica constatado que a comunicação é um dos meios que a sociedade tem para conhecer os caminhos ou descaminhos que irá percorrer para seu desenvolvimento e obter sua cidadania.

É evidente que novas demandas sociais vão surgindo de acordo com o crescimento da sociedade.

Uma das maneiras da comunicação social ficar atrelada à sociedade civil, na intenção de ser parte integrante de um desenvolvimento social, é estabelecendo um comprometimento fiel e real com a valorização dos princípios éticos, democráticos, políticos, da diversidade e da justiça social.

Parece acertado, neste ponto dizer, que apenas ocorrerem as audiências públicas, os conselhos públicos, as ouvidorias, o pensar complexo, como ficou visto no Projeto Plural16, há que se levar em conta o tipo de sociedade de que se trata.

O poder econômico de cada sociedade é absolutamente importante, como afiança Cremilda Medina17, para as práticas do Diálogo Social. As mediações entre autores da Comunicação, da Ciência, Sociedade, Educador e Educando, sempre devem ter foco no cotidiano, na vida que aquela Sociedade têm e pode ter.

De tudo que até agora foi compilado sobre a comunicação, fica avalizado sua inegável certeza de que é instrumento absolutamente necessário e importante para qualquer que seja o desenvolvimento da sociedade.

Nenhuma sociedade minimamente desenvolvida, consegue tal façanha (se desenvolver) se não for pelo processo do conhecimento, que por certo só se consegue por meio da comunicação.

Esta comunicação é sempre parte de grandes estudos científicos, na busca de qualidade daquilo que se informa, caso contrário será sempre apenas uma avalanche de informações que nada diz. Não há comunicação, sem comunicado e por conseqüência sem ouvinte.

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Não se pode dizer que a “culpa” de problemas sociais ainda não solucionados,

como é o caso do funcionamento das rádios comunitárias, é da comunicação quando se credita não existir. Ou seja a comunicação social sozinha não tem o poder de autorizar ou não funcionamento de um de seus meios de comunicação, qual seja a rádio comunitária. Conseqüentemente a comunicação é dada para quem quer e pode ouvir.

Qualquer que seja o tipo de comunicação que se dá ao receptor, esse é quem dá a audiência. Ainda que se comunique para ignorantes, a intenção é exatamente após tal conhecimento torná-lo conhecedor. O solo fértil ou infértil em que a comunicação será feita, é responsabilidade civil da sociedade.

A liberdade que tanto se quis e se constitucionalizou torna todos parte integrante do desenvolvimento social.

A atitude política também faz parte integrante da comunicação social, bem como a de possibilitar o meio da sociedade atingir a cidadania.

O caminho ético tratado por Clóvis de Barros, também, é assunto de João Mellão Neto18, quando declarou que: imperativo ético: se os leitores são obrigados a “ouvir” calados as minhas opiniões, devo conceder-lhes o direito de expressarem as suas também. E continua dizendo: O fato é que eu aprendo muito com elas. Pobre daquele que se encastela em suas idéias. Morre convicto, é verdade, mas passa a vida sem ter razão.

Também é sobre a questão ética que o Prof. Ives Gandra da Silva Martins19

enfatiza que a vontade constitucional, abrindo com a primeira dessas verdades que

tratam a comunicação social, é “..., de que a liberdade de imprensa é ampla, assegurados alguns direitos individuais invioláveis, que não podem ser atingidos sem punição dos veículos de comunicação.” E continuando, diz a respeito da

segunda verdade “... que a radiodifusão e a televisão devem respeitar valores éticos a ser direcionados à programação cultural”. Afirma, ainda, com veemência que “a falha maior do sistema brasileiro reside no fato de cuidar da comunicação social

18MELLÃO NETO, João. O Pensamento liberal. São Paulo: Gráfica e Editora Jardins, 2006, p.38. 19 MARTINS, Ives Gandra da Silva. Direitos e deveres no mundo da comunicação

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como se fosse um fenômeno local e o usuário do sistema apenas tivesse acesso à comunicação social difundida por empresas locais sobre fatos regionais ou internacionais, visto sob a ótica da imprensa nacional”.

Isso obrigatoriamente nos leva a ver que foi essa a pesquisa trazida por MEDINA, e BRANDÃO, quando asseguraram que há estreita necessidade de unir comunicação social, política, e sociedade (ouvir sua voz) para se obter um resultado esperado, qual seja a cidadania para todos.

Exemplo fiel é que a sociedade está sempre em plena mudança, buscando transformações, que na maioria das vezes já se tornou hábito, tendência, usual, enfim já é fato concreto, bastando regulamentar se necessário for.

E nesse sentido a comunicação social colabora em tornar esse “hábito” uma

qualidade e conhecimento para toda a sociedade. Se não for pelo meio da comunicação, a sociedade só se serve do mando. Por falta de conhecer, não se pode escolher. Sendo assim, quando falamos de liberdade de escolha, também no Brasil bem protegido, é necessário ter o que preferir.

São muitos os segmentos em que a comunicação social interfere, colabora, ajuda, muda. Ela traz ao cidadão tudo aquilo que precisa e quer saber, porque só conhecendo é que se chega a ser um cidadão.

2.2. DA COMUNICAÇÃO PARA A CIDADANIA.

Para Paulo Fernando Silveira20, que considera a cidadania como sendo a

“expressão da vontade política do indivíduo, tanto para a constituição do Estado, ou

para determinar a forma da competência privativa do Poder Executivo outorgar, ou renovar a permissão e autorização e o sistema de governo a serem adotados, como para o seu regular desenvolvimento dentro dos parâmetros constitucionalmente estabelecidos, assim como para a imprescindível contenção política do indivíduo, já que, como elemento do povo, detém parcela do poder político estatal, pois o poder

dele emana, como evidenciou Rosseau.”, não há como negar a importância

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fundamental do processo de conhecimento, e do processo político para que a comunicação seja uma das possibilidades de acesso desse indivíduo à cidadania.

Nesta trajetória buscamos em Liszt Vieira21, sob seu entendimento de cidadania, que a base da cidadania tem como fundo a cultura, hábitos, costumes e vida cotidiana que leva.

Nesse mesmo sentido Pedro Demo22 entende como Cidadania, um “processo

histórico de conquista popular, através do qual a sociedade adquire, progressivamente, condições de tornar-se sujeito histórico consciente e organizado, com capacidade de conceber e efetivar projeto próprio.”. E faz um estudo

quantitativo sobre essa cidadania ter tido acesso à justiça. Não conseguindo uma conclusão sólida sobre o funcionamento e acesso à justiça no nosso País. Conclui o

trabalho dizendo, que não conclui „verdades‟ absolutas em torno da discussão

teórica e prática em torno do tema.

Afirma ainda (DEMO), que existem sabidamente pobres e ricos na sociedade, e que esse fato não corresponde a criar-se um batalha, para saber quem é melhor. Exatamente por esse justo motivo, sempre deve ocorrer discussões em torno da cidadania, sejam elas definitivas ou não. Definitivas entende-se que nunca será, a sociedade se modifica sempre.

Não é muito diferente o texto de Maria Cristina dos Santos Cruanhes23, sobre a cidadania, quando conceitua como fenômeno jurídico, que revela o status do indivíduo no Estado em que vive. Expressando que ainda é importante a demarcação do conceito de cidadania, ainda que tal conceito seja ocupante de destaque no mundo contemporâneo, principalmente nos Países de regime de governo democrático, de seus termos políticos, sociais e de direitos civis.

A definição textual de Cidadania é qualidade ou estado do cidadão.

Com todos esses conceitos podemos perceber que a construção do cidadão brasileiro tem sido um longo e largo caminho, para a constituição dos indivíduos.

21 VIEIRA, Liszt, Cidadania e globalização. Rio de Janeiro: Record, 2002, pg.22.

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Não trato aqui da história do Brasil, nem poderia fazê-lo, o que confesso, gostaria de conhecer com profundidade, mas como não é o caso nem de um nem de outro, o que trato aqui é de tentar concluir qual o papel importante da cidadania para a questão de fundo, qual seja, ser a Rádio Comunitária um elemento de acesso à cidadania. Portanto, me-parece claro o tamanho da importância na questão da cidadania, uma vez que ela é parte fundamental dessa questão.

Mas creio importante apenas lembrar, sem profundidade alguma, como um brevíssimo histórico, que no Brasil, em primeiro lugar tivemos os direitos sociais, num momento de supressão dos direitos políticos e notória redução dos direitos

civis, por um “ditador” que se tornou querido e popular, chamada era Vargas, em que

o cidadão brasileiro, na sua maioria acreditava na figura de Getúlio Vargas, como

“salvador” de todos os problemas brasileiros que se pudesse ter, e qualquer outro

que pudesse vir. Transformaram Getúlio Vargas em quase um ser intocável, e por conseqüência impossibilitado de erro.

O que parece que Max Weber24, tratou como ninguém dos tipos puros de

dominação carismática. Neste caso, como modelo de estudo, o Tipo-ideal de dominação carismática (Dominação carismática em virtude de devoção afetiva à pessoa do senhor e a seus dotes sobrenaturais (carisma) e, particularmente: a faculdades mágicas, revelações ou heroísmo, poder intelectual ou de oratória).

Sendo assim, tanto carisma, e tão pouca ou quase nenhuma liberdade, a comunicação social só servia aos propósitos do Governo, que ditava qual a comunicação que seria feita ao povo brasileiro.

Depois, vieram os direitos políticos, de maneira também não muito bem compreendida, uma vez que chegaram essas atribuições desses direitos políticos, em época ainda ditatorial e finalmente os direitos civis que ainda continuam inacessíveis à maioria da população brasileira.

De acordo com CRUANHES, para o tema cidadania é necessário exatamente essa trilogia, qual seja, direitos civis, direitos políticos e direitos sociais.

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Temos então uma democracia bastante comprometida com o rompimento definitivo da desigualdade entre os cidadãos brasileiros.

Desse ponto, acessibilidade dos direitos civis para a cidadania brasileira, é que em parte dela vem a rádio comunitária.

Como um dos meios de comunicação adequandos à possibilidade do indivíduo alcançar a cidadania, espera-se que deva ser executada em plenitude legal, até porque a liberdade de expressão têm que ter legalidade, senão seria tomada por uma fonte sem causa.

É garantia constitucional brasileira, em especial no artigo 5º da Constituição da

República Federativa do Brasil no inciso XXXIII, que garante que “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;”.

Começamos tratar da comunicação, chegando à constatação de que é um caminho do processo de conhecimento. E que o conhecimento é parte integrante e fundamental para se obter cidadania.

Sem conhecimento também aprendemos que ficamos a mercê do mando, uma vez que, é pressuposto o que manda deve saber o que faz. O jornal, a revista, periódico, alguns órgãos de informação demonstraram que isso não é sempre assertiva. Quem manda, ou quem mandou apenas exercitou o poder de mandar, sem que com isso tivesse qualquer atributo de magnitude ou especial interesse para ajudar a sociedade se desenvolver.

É com maestria que Dalmo de Abreu Dallari25 escreve sobre “Poder, democracia

e direito”, no Jornal Folha de S. Paulo de (08.06.2007), deixando claro que o poder

deve ser exercido sempre dentro dos parâmetros do equilíbrio e da ponderação. Porque caso contrário já se daria o início do excesso, que estaria a um passo da 24 WEBER, Max. Sociologia, São Paulo: Ática, 2003, p.134, 135.

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intolerância ( o que muito tem se visto na violência urbana), e caminho imediato para a negação do direito democrático, e por sua vez a negativa da divergência salutar, componente primordial para a liberdade.

Defende ainda, no mesmo texto, que as barreiras éticas, uma vez desrespeitadas, servirão apenas para a tentativa de desqualificar os que discordam da opinião, e apontam os erros, de atos as vezes populistas, tornando a desqualificação pessoal sobreposta a desqualificação do interesse público daquela idéia indesejável.

Finaliza dizendo que críticas construtivas, aquelas que pensam e ponderam para com o interesse público, são a exata demonstração de crença e exercício da democracia e do direito.

Diante desse texto de DALLARI, convence a hipótese de que para discordar ou concordar com idéias, opiniões, votos, apoios e escolhas, é necessário estar o indivíduo ciente de todas as opções que poderão ser eleitas, por assim dizer, ser um trabalho feito pela comunicação social é dar informação ao indivíduo.

De fato não se pode afirmar que o mando, pelo menos o conhecido, deu a sociedade desenvolvimento ou qualquer cidadania, seja qual for o tipo de governo que se elege. A necessidade de que tratamos, nos dias de hoje, é de que para um regime democrático, os apontamentos de erros e acertos, é que levaram as soluções dos problemas para aquela sociedade. Este é o verdadeiro exercício da cidadania. Conforme as definições é a expressão da vontade política do indivíduo.

O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos26, em recente colaboração,

escreve sobre as transformações dos regimes de governos, em que vinte anos atrás

26 SANTOS, Boaventura de Sousa Santos. Socialismo do século 21. A Folha de S.Paulo, São Paulo, 7 jun.2007. Opinião, p.A3

É preciso realizar um debate profundo sobre os erros e fracassos para que seja credível a vontade de evitá-los. Se tal desidentificação em relação ao socialismo do séc.20 for levada a cabo, alguns dos seguintes traços da alternativa deverão emergir.

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o pensamento político declarou o fim das incertezas, com a certeza do capitalismo, liberto do socialismo. A história teimosamente mostra que mais guerra, mais desigualdades sociais, agravaram fome, miséria, pandemias e violências, e que a China desenvolveu-se fervorosamente. Agora, fazendo lembrar do tipo-ideal carismático, o socialismo volta à agenda política de alguns países, como cura de todos os males da humanidade.

Necessário se faz não repetirmos os erros do século passado.

Obviamente, que conforme o tempo passa, qualquer civilização se desenvolve. Mas não se quer dizer que o desenvolvimento foi igualitário, justo e melhor. Significa apenas à primeira vista, que ocorreu como assim deveria ter sido o desenvolvimento.

A Dra. Margarida M.Krohling Kunsch, no encontro da INTERCOM27 de comunicação, no texto transcrito de sua palestra evidencia que os problemas da humanidade se agravam e que o Estado não tendo conseguido soluções eficazes, é necessário, definitivamente, a participação da sociedade civil, do segundo e terceiro setores, em ações conjuntas para sanar esses problemas, visando criar condições para construção de uma cidadania.

Reforça o texto, definindo que é uma questão ética, diminuir ou extirpar a desigualdade social.

Com tantas definições sobre a cidadania, é perceptível o quanto é a parte principal e central para a questão que trazemos, ou seja, da possibilidade de uma sociedade atingir a cidadania por meio da rádio comunitária.

Ao espalhar conhecimento entre pessoas, civilizações, povoados que se chega a um desenvolvimento pleno e absoluto da raça humana. Como disse o Sociólogo Boaventura, não basta ter boa vontade, é necessário impor vocação sobre as

permanente contra a corrupção e os privilégios decorrentes da burocracia ou da lealdade partidária; promoção da educação, dos conhecimentos (científicos e outros) e do fim das discriminações sexuais, raciais e religiosas como prioridades governativas.

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