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São Paulo em tempo de ópera

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s números ainda estão longe das 30 óperas anuais que fazem do Metropo-litan de Nova York a referência mundial. Mas, nos últimos anos, o Teatro Municipal de São Paulo tem consolidado uma programação revigorada de apresentações e concertos, ajudando a instaurar na cidade um novo circuito de música lírica, como não se viu em tempos recentes. Além dele, outros espaços como Theatro São Pedro, Teatro Alfa, Teatro Cultura Artística, Sala São Paulo e até mesmo o velho Cine Olido, no centro, têm servido de cenário para um número eclético de apresentações, voltando a colocar a ópera na vitrine de atrações cultu-rais do cidadão paulistano. Some-se a isso a incorporação de São Paulo, na última década, à rota de grandes espetáculos musicais e o resultado é uma demanda cada vez mais crescente por esse tipo de arte – até há pouco indelevelmente associado a público restrito, idoso e de alto poder aquisitivo. As coisas já não são assim.

Paulo Goldschmidt, vice-diretor da DireitoGV, entende que a assimilação da ópera é uma questão essencialmente cultural. Pela ampla variedade de opções de entretenimento nos dias de hoje, a ópera veio perdendo terreno. “No inal do século XIX as pessoas iam à ópera porque só havia ópera. Se continuássemos tendo apenas essa opção, provavelmente teríamos uma disseminação maior”, analisa. No entanto, ele aposta que o gênero sempre estará entranhado no imaginário coletivo, ainda que muita gente nem sequer saiba disso. “Nessum Dorma, que o Pavarotti cantava, provavelmente deve ter sido uma das músicas mais ouvidas do mundo”, postula. “Quando Os Três Tenores – Pavarotti, Carreras e Domingo – se popularizaram, fazendo espetáculos para milhões de pessoas, isso revigorou o interesse pela ópera.” A opinião é compartilhada por Vicente Amato Filho, diretor artístico do Theatro São Pedro: “A ópera saiu dos ambientes fechados para ganhar os grandes eventos de comunicação de massa”.

SÃO PAULO

EM TEMPO DE ÓPERA

Programação revigorada no Municipal e em outros espaços, além de iniciativas para captação

e formação de público, colocam a música lírica na vitrine de atrações da cidade

Por Fábio Fujita

A montagem de Porgy and Bess (no alto, direita) foi um chamariz, diz Amato: “Gershwin está mais próximo dos jovens do que Wagner”. Amato criou o Ópera do Meio-Dia, com apresentação de highlights de obras famosas, que lota as escadarias do São Pedro.

MÚSICA LÍRICA

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Foto/Raquel Guedes

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está mais”, atesta. Medaglia também

questiona a inexistência de um corpo de baile no Municipal. Jamil responde que há planos nesse sentido, mas que não é uma falha de programação do teatro. “Estamos constantemente apre-sentando espetáculos de balé clássico”, assegura, lembrando das performances do lendário bailarino russo Mikhail Ba-ryshnikov e dos grupos Ballet de São Petersburgo e Ballet de Moscou, já re-cebidos no Municipal.

E as arenas modernas

Apaixonado por ópera desde criança por legado do pai, Pau-lo Goldschmidt entende que a retomada de um circuito ativo de música lírica tem a ver com a superação de uma fase, diga-mos, romântica da ópera. Sua iniciação no assunto começou na juventude, quando morava em Belo Horizonte e freqüen-tava as récitas de sextas-feiras e as mati-nês dos domingos no Teatro Francisco Nunes. “O teto do teatro era feito de um material que, quando chovia, provocava um barulho infernal. Eram condições muito precárias para o desenvolvimen-to de uma ópera”, lembra-se. A falta de infra-estrutura adequada acabava por imprimir certo amadorismo às apresen-tações. “Presenciei cenas terríveis, como a de um script que fazia o cantor entrar correndo, mas por causa de ios espalha-das pelo palco, ele tropeçou e caiu. Ou a do cantor que tinha que sair por uma

porta secreta do palco mas ele simples-mente não a encontrava”, diverte-se.

Levando-se em conta que o Brasil nunca teve uma cultura muito voltada para a ópera e a música erudita, não se pode esperar que São Paulo tenha à dis-posição inúmeros teatros e arenas em condições de receber espetáculos gran-diloqüentes. Por outro lado, as princi-pais casas que têm servido de cenário para óperas e concertos são perfeita-mente adequadas para comportar apre-sentações de médio porte. Entre elas

está o quase centenário Theatro São Pedro, considerado por seu diretor ar-tístico, Vicente Amato Filho, em nível de excelência. “Obviamente não posso fazer Aida ou Turandot ali, porque não há espaço suiciente. Mas a acústica é muito boa, assim como o formato do palco. É um teatro feito nos moldes dos teatros italianos e que, portanto, abriga perfeitamente esse gênero”, avalia. Já o Teatro Alfa, erguido numa fase mui-to mais recente – á dez anos – nasceu como uma arena multiúso, dotado de recursos mais modernos e soisticados

em relação à mecânica cênica, a ilumi-nação e sonorização, o que o capacita a abrigar espetáculos ecléticos, de dan-ça, ópera, teatro, orquestras e musicais. Enquanto o primeiro tem capacidade para 636 pessoas, o segundo oferece o dobro: 1,2 mil lugares, quase empatan-do com os 1,5 mil assentos da Sala São Paulo.

O próprio Teatro Municipal, tam-bém com capacidade para 1,5 mil pes-soas, vem procurando se enquadrar às demandas dos novos tempos, em busca de melhorias. A começar pelo layout. Neste ano tem início a reforma da fachada, que, se-gundo Jamil Maluf, deverá se estender por cerca de um ano. “A fachada está suja, os arabes-cos desgastados. A poluição des-trói tudo”, justiica, lembrando que, durante a reforma, o tea-tro terá que recorrer a tapumes para não ter de fechar as portas. Haverá recesso somente a seguir, quan-do for iniciada a reforma quan-do palco, pre-vista para durar de quatro a seis meses. Em 2009 também deverá sair do papel o projeto da estruturação da Praça das Artes, um anexo nos fundos do Munici-pal. “Deslocaremos os corpos artísticos para esse espaço, que será um espaço de ensaio muito importante. Essa área já está sendo desapropriada”, explica o maestro. O anexo prevê salas de ensaio para a Orquestra Sinfônica Municipal, o Balé da Cidade, o Coral Lírico e o Coral Paulistano.

A contribuição do Municipal

Visualizar esse novo momento da música lírica em São Paulo passa, neces-sariamente, pela compreensão de algu-mas novidades implementadas no Teatro Municipal nos últimos anos. Uma delas foi a informatização da bilheteria e o im do sistema de assinaturas ixas. Segundo o maestro Jamil Maluf, diretor artístico do teatro desde 2005, a maleabilidade na compra antecipada dos ingressos tem ajudado a captar mais público. “Como o Municipal tem uma programação muito heterogênea, com

ópe-ras, concertos sinfônicos, con-certos camerísticos e música popular, é difícil bolar uma assinatura que contente todo mundo”, explica. Agora, no novo sistema, cada um monta a sua própria programação para toda a temporada. Para quem temia perder o desconto que se obtinha no sistema de

assina-tura, o maestro lembra que houve uma popularização generalizada nos preços. “Antes, o ingresso (para uma ópera) cus-tava, em média, R$ 100. Atualmente, o mais caro sai por R$ 40”, explica Jamil. Os resultados não demoraram a apare-cer. Em 2005, o público acumulado foi da ordem 175 mil, que, segundo Jamil, supera a média dos anos anteriores, de 140 mil. Em 2006 foram 184,5 mil; neste ano, até o inal de maio o número era de 94 mil. “Com isso, a projeção para o ano é de que a gente consiga ultrapassar com folga 200 mil espectadores”.

Outro ponto importante foi a cria-ção de uma central de producria-ção, que, segundo Jamil, desde a criação do tea-tro, em 1911, nunca existiu. A novidade possibilitou que se izesse uma triagem de todos os cenários e igurinos (quase 40 mil itens), que hoje se encontram higienizados, catalogados e separados entre os que não têm mais condições de utilização e os reaproveitáveis. É um suporte signiicativo para a via-bilização de novas montagens ope-rísticas. “Passamos a produzir nossos

eventos com 30% a 35% de economia no preço inal da ópera”, explica Ja-mil. A central de produção funciona desde 2005 numa sede provisória e, no próximo mês de setembro, passará para uma sede deinitiva na zona norte de São Paulo, próximo à Marginal Tietê, numa área contendo cinco galpões e 6 mil metros quadrados – na ocasião da inauguração, uma ópera será encena-da no local.

Jamil lembra ainda que, a partir da criação da central, iniciou-se também uma política de permutas com outros

teatros. No ano passado, itens da mon-tagem de Falstaff, de Verdi, assim como a de O Castelo do Barba Azul, de Béla Bartok, neste ano, foram “emprestadas” para Belo Horizonte. “Nessas permutas conseguimos trazer (ou mandar) iguri-nos e cenários tendo apenas as despesas de transporte”, explica. O Festival Ama-zonas de Ópera, encerrado em maio, também se beneiciou da parceria com o Municipal, levando para sua edição deste ano a ópera infantil João e Maria, de Engelbert Humperdinck. Tão

im-portante quanto a economia de gastos nessas parcerias é o intercâmbio cultural. “Possi-bilita que pessoas de Manaus vejam grandes produções de São Paulo, e que o público de São Paulo conira as produções do Amazonas”, diz o maestro. “Iniciamos esse processo e es-peramos que seja irreversível, independentemente da nova gestão que entrará no ano que vem”, aposta.

Como nem tudo são lores, o ma-estro Júlio Medaglia não enxerga com tanto otimismo a situação. Considera que São Paulo viveu uma efetiva efer-vescência em torno da música lírica nos meados do século XX, quando era comum o Brasil receber nomes consa-grados, como o do regente Tulio Sera-in e da soprano Maria Callas. “Con-seguíamos trazer para cá o que havia de melhor no mundo. São Paulo estava no circuito internacional, e hoje não

Julio Medaglia lembra os tempos

em que São Paulo recebia

nomes como Túlio Serafin e

Maria Callas: “O que havia de

melhor no mundo”, diz ele

O anexo que se fará ao lado do

teatro prevê salas de ensaio

para a Orquestra Sinfônica,

o Balé da Cidade, o Coral Lírico

e o Coral Paulistano

Mais caro dos musicais já montados aqui, Miss Saigon custou R$ 12 milhões (contra R$ 2 milhões de Chicago). A superprodução tem elenco de 42 atores, 500 figurinos, oito trocas de cenário, para contar a história de amor impossível entre Chris, um soldado americano, e Kim, uma moça vietnamita, em meio à Guerra do Vietnam

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Oferta vs. demanda

O primeiro semestre da temporada lírica de São Paulo foi movimentado no que se refere à oferta. Em junho o Mu-nicipal recebeu Madame Butterly, de Puccini, em comemoração aos 150 anos de nascimento do compositor e ao cen-tenário da imigração japonesa (a ópera trata do isolacionismo japonês no sécu-lo XIX). Antes já havia apresentado O Castelo do Barba Azul, de Béla Bartok. O Theatro São Pedro não icou atrás, com apresentações concorridas da La Traviata, de Verdi, em março; da ópera alemã O Franco Atirador, de Carl Maria von Weber, em maio; da jazzística Por-gy and Bess, de George Gershwin, em junho; e de Moscou, Tcheryomushki, de Dimitri Shostakovich, em julho.

Com tudo isso, a encruzilhada é: existe demanda que absorva essa ofer-ta ou a formação de um público cativo depende justamente de uma vitrine generosa? Para Vicente Amato Filho, é preciso trabalhar a formação de um público jovem, e a escolha de repertó-rio é fundamental nesse sentido. Ele lembra que a própria opção por uma montagem brasileira de Porgy and Bess

(a primeira, ocorrida há mais de uma década, foi feita por uma companhia de Virginia, Estados Unidos) teve esse ob-jetivo de ser um chamariz. “Gershwin é jazz, está mais próximo (do universo) dos jovens do que Wagner”, exemplii-ca. Outro segmento que corrobora na captação dessa parcela de público é o teatro musical e seus espetáculos à la

Broadway, como se verá mais à frente.

Formação de público

O próprio Theatro São Pedro, que Amato dirige, instituiu em 2005 o pro-jeto Ópera do Meio-Dia, voltado para formação de público para a música lí-rica. O projeto, quase didático, consiste na apresentação de highlights de uma determinada ópera, condensados em uma hora de duração, no saguão do tea-tro. A realização é mensal e gratuita, ao meio-dia, e as sessões, previstas para um público de 150 pessoas sentadas, sempre extrapolam a lotação, com gente assis-tindo de pé ou acomodada nas escada-rias. Óperas festejadas, como Lucia di Lammermoor, de Gaetano Donizetti, já tiveram vez por ali. “Um apresentador localiza a ópera no tempo e no espaço, fala sobre o autor e dá outras explica-ções a respeito da montagem para o pú-blico”, explica Amato. O retorno tem sido positivo. “Sempre tem alguém que passa por lá, que nunca viu ópera, que pára, ica, gosta e volta”. A série Ópera do Meio-Dia, atualmente em recesso, será retomada já no segundo semestre, segundo Amato.

Nos mesmos moldes, mas de rea-lização semanal (toda terça-feira, às 18 horas), a série Vesperal no Olido é um programa lírico gratuito, mantido pela Prefeitura da cidade e realizado no espaço do velho Cine Olido. An-tes, as sessões aconteciam no saguão do Municipal. “Com a Praça Ramos cada vez mais barulhenta, os cantores e instrumentistas tinham que competir com os ruídos de ônibus passando, de manifestações políticas”, explica Jamil.

Ele revela que, em princípio, o público estranhou, mas que hoje ninguém mais quer voltar ao saguão. “A mudança en-riqueceu muito as vesperais. Todas têm direção cênica e igurino. Só não são feitas com orquestra, e sim com piano. As pessoas entenderam as vantagens nesse espaço, a sala está sempre lotada ou muito cheia”, festeja. No primeiro semestre, a série apresentou a ópera

Gallantry: A Soap Opera, de Douglas S. Moore, e ainda prevê para o restante do ano A Hora Espanhola, de Mauri-ce Ravel; Djamileh, de Georges Bizet; e Amahl e os Visitantes Noturnos, de Gian Carlo Menotti; entre outras.

Espaço para a ópera pop

O que também tem contribuído para a iniciação do público leigo na esfera da música lírica são os grandes espetáculos musicais, vertente que pode ser entendi-da como versão mais pop entendi-da ópera. Há menos de dez anos era um circuito qua-se inexistente na cidade; hoje São Paulo já é capaz de exibir espetáculos de uma suntuosidade ao nível de excelência da Broadway, cativando centenas de novos adeptos a cada apresentação, especial-mente entre os jovens. O marco zero desse movimento data de 1999, quando São Paulo e Rio de Janeiro receberam a montagem brasileira de Rent, fenô-meno de público nos Estados Unidos. A identiicação dos jovens teve muito a ver com a própria essência da trama: artistas novatos que precisam resolver, na prática, a encruzilhada entre se ren-derem ao mainstream e, assim, chegar

As principais atrações do restante da temporada lírica 2008 na cidade

Teatro Municipal: Ariadne em Na-xos, de R. Strauss (agosto), e Colombo, de Antonio Carlos Gomes (setembro), regidas por José Maria Florêncio. Em outubro, Amelia Al Ballo, de G. Me-notti, com regência de Juliano Suzuki. Jamil Maluf estará à frente de Le Villi, de G. Puccini (outubro), e de Sansão e Dalila, de C. Saint-Saëns (novembro).

Theatro São Pedro: Water Bird

Talk, de Dominick Argento / The Bear, de William Walton (dezembro), com regência de Rodrigo Carvalho. Em de-zembro, O Feiticeiro, de Gilbert e Sulli-van, com direção cênica e musical de Paulo Maron.

Teatro Alfa: Ballet de L’Opera de Lyon (em outubro), com direção Artís-tica de Yorgos Loukos.

Teatro Abril

Miss Saigon (em cartaz por tempo indeterminado), direção: Fred Hanson.

Miss Saigon custou

R$ 12 milhões

(Chicago foi orçado

em R$ 2 milhões): é

uma superprodução

com 42 atores, 500

figurinos, oito trocas

de cenário

Professor do departamento de música da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, Sergio Casoy é autor do livro Ópera

em São Paulo – 1952-2005, em que

mapeia toda a produção operística do período, num levantamento que consumiu cinco anos de pesquisa. A obra percorre os principais espa-ços paulistanos, desde os privados até os grandes estádios, que rece-beram concertos ou tiveram óperas representadas e encenadas. Fichas técnicas de maestros, diretores, can-tores e casas de espetáculo, além de entrevistas com personalidades fun-damentais do meio lírico – entre eles o maestro Jamil Maluf e a soprano Niza de Castro Tank – fazem do livro um documento sem par no resgate da história da ópera na cidade.

Para saber mais

ao estrelato, ou permanecer pobres e anônimos, mas sem trair seus valores. Um espetáculo daquele porte, orçado à época em R$ 750 mil, não tinha vez no país desde 1983, quando Walter Cla-rk produziu Chorus Line, que revelou à grande cena a então desconhecida Cláudia Raia, então com 16 anos.

Em 2001, outro marco decisivo foi a parceria da CIE (Corporación Interame-ricana de Entretenimiento, hoje trans-formada no grupo T4F), multinacional mexicana especializada em grandes pro-duções do teatro musical, com o Grupo Abril, que rendeu a reforma do antigo Teatro Paramount, transformando-o no moderno Teatro Abril. Com capacidade para 1,5 mil pessoas, o espaço foi forma-tado para receber esse tipo de megapro-dução, deixando um rastro de números impressionantes em todos os espetáculos que bancou. O primeiro foi Les Misera-bles, em 2001: com 300 apresentações, levou 350 mil pessoas ao teatro; em se-guida foi a vez de A Bela e a Fera, que fez quase o dobro: 600 mil espectadores, em um ano e sete meses. Chicago, que icou por nove meses em cartaz no ano de 2004, teve público acumulado de 200 mil pessoas, enquanto O Fantasma da Ópera, em dois anos, levou 880 mil es-pectadores. Atualmente o Teatro Abril

apresenta o mais caro de todos os musi-cais já montados por aqui: Miss Saigon, que custou R$ 12 milhões – para ter uma idéia, Chicago foi orçado em R$ 2 mi-lhões. Miss Saigon, inspirada em Mada-ma Butterly, é uma superprodução com elenco de 42 atores, 500 igurinos, oito trocas de cenário, para contar a história de amor impossível entre um soldado americano e uma moça vietnamita, em meio à Guerra do Vietnam.

Esse movimento tem estimulado a produção nacional, com espetáculos mais modestos, como Cazas de Cazuza

(2000) e Renato Russo (2007), embora não menos bem produzidos. O maestro Júlio Medaglia destaca a ópera Olga, de Jorge Antunes, sobre a guerrilheira que fez par com Luiz Carlos Prestes, a que assistiu no ano passado. “Uma coisa maravilhosa, a produção toda concebi-da no Brasil, com música e atores de primeira linha”, classiica.

O interessante a observar é que a abertura a esse tipo de entretenimento é uma via de mão dupla: ao estimular a demanda, também abriu-se um sig-niicativo campo de trabalho para a classe artística. O ator e cantor Saulo Vasconcelos participou da seleção para o cast de Rent. Não foi escolhido, mas o espetáculo mudaria a sua vida. “Na

segunda fase de testes, um diretor mu-sical mexicano me observou”, reme-mora. Poucos meses depois Saulo era chamado para encarnar o papel-título da produção mexicana de O Fantasma da Ópera, posteriormente montada no Brasil. Foram mais de mil performan-ces, entre Cidade do México e São Pau-lo. “São dez anos de transição (desde

Rent) e inalmente desenvolvemos uma mão-de-obra especializada. Hoje temos bons atores com noções de canto e dan-ça, ou cantor que ao mesmo tempo é excelente ator e dança bem. Ou seja, é mão-de-obra voltada para esse tipo de mercado”, atesta Saulo, que também integrou o elenco de Os Miseráveis e A Bela e a Fera. “O público já está forma-do, recebo dezenas de correspondências eletrônicas, das pessoas querendo saber quais serão os próximos espetáculos.”

Pois o que irá suceder Miss Saigon

no Teatro Abril já se sabe: será a co-média musical Cabaret. Inspirada no romance The Berlin Stories, de Chris-topher Isherwood, a história é ambien-tada na Berlim dos anos 30, quando um escritor americano se apaixona por uma vedete do teatro de revista. Caba-ret, no entanto, ainda não tem previsão de estréia, e a tendência é que ela só aconteça em 2009.

Maestro Jamil Maluf, diretor do Municipal Vicente Amato, do Theatro São Pedro

MÚSICA LÍRICA

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Fotos/Luludi

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