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Artigo
original
Avaliac¸ão
da
correc¸ão
espontânea
da
curva
lombar
após
a
fusão
da
torácica
principal
na
escoliose
idiopática
do
adolescente
Lenke
1
夽
Danilo
Mizusaki
∗e
Alberto
Ofenhejm
Gotfryd
IrmandadedaSantaCasadaMisericórdiadeSantos,Santos,SP,Brasilinformações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem17dedezembrode 2014
Aceitoem23demarçode2015
On-lineem12deoutubrode2015
Palavras-chave:
Escoliose Parafusosósseos Resultadodetratamento
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Avaliararespostaclínicaeradiográficadacurvalombarapósafusãodatorácica principal,empacientescomescolioseidiopáticadoadolescente(EIA)Lenke1.
Métodos:Foramavaliadosprospectivamente42pacientesportadoresdeEIAtipoLenke1 operados porviaposteriorcomparafusospediculares.Fizeram-semensurac¸õesclínicas (tamanhodagibaetranslac¸ãodotronconoplanocoronalpelofiodeprumo)eradiográficas (ângulodeCobb,níveldistaldaartrodese,translac¸ãodavértebraapicallombareRisser).As avaliac¸õesforamfeitasnopré-operatório,pós-operatórioimediato(POI)edoisanosapósa cirurgia.
Resultados: Foiobservadacorrec¸ãode68,9%,emmédia,doângulodeCobbdacurvatorácica principal(TPR)e57,1%dalombar.Oitentaporcentodospacientesapresentarammelhora doequilíbriocoronaldotroncodoisanosapósacirurgia.Emquatropacientesfoiobservada pioradosvaloresdamedidadofiodeprumo,sem,entretanto,havernecessidadedenova intervenc¸ãocirúrgica.Osresultadosmenossatisfatóriosforamobservadosempacientes commodificadorlombarB.
Conclusões:EmpacientesLenke1,afusãoexclusivadacurvatorácicaproporcionoucorrec¸ão espontânea dacurvalombarecompensac¸ão dotronco.Os resultadosmenos satisfató-riosforamobservadosemcurvascommodificadorlombarBepodemestarrelacionados àhipercorrec¸ãodacurvatorácicaprincipal.
©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.
夽
TrabalhodesenvolvidonoGrupodeColuna,DepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,SantaCasadaMisericórdiadeSantos, Santos,SP,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:dan.mzk@gmail.com(D.Mizusaki).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2015.03.005
Assessment
of
spontaneous
correction
of
lumbar
curve
after
fusion
of
the
main
thoracic
in
Lenke
1
adolescent
idiopathic
scoliosis
Keywords:
Scoliosis Bonescrews Treatmentoutcome
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective: Toevaluate theclinicalandradiographicresponseofthelumbarcurveafter fusion of themain thoracic, in patients with adolescent idiopathic scoliosisof Lenke type1.
Methods: Forty-twopatientswithLenke1adolescentidiopathicscoliosiswhounderwent operationsviatheposteriorroutewithpediclescrewswereprospectivelyevaluated.Clinical measurements(sizeofthehumpandtranslationofthetrunkinthecoronalplane,bymeans ofaplumbline)andradiographicmeasurements(Cobbangle,distallevelofarthrodesis, translationofthelumbarapicalvertebralandRisser)weremade.Theevaluationswere performedpreoperatively,immediatelypostoperativelyandtwoyearsaftersurgery.
Results: ThemeanCobbangleofthemainthoraciccurvewasfoundtohavebeencorrected by68.9%andthelumbarcurveby57.1%.Eightypercentofthepatientspresentedimproved coronaltrunkbalancetwoyearsaftersurgery.Infourpatients,worseningoftheplumb linemeasurementswasobserved,buttherewasnoneedforsurgicalintervention.Less satisfactoryresultswereobservedinpatientswithlumbarmodifierB.
Conclusions: InLenke1patients,fusionofthethoraciccurvealoneprovidedspontaneous correctionofthelumbarcurveandledtotrunkbalance.Lesssatisfactoryresultswere obser-vedincurveswithlumbarmodifierB,andthismayberelatedtoovercorrectionofthemain thoraciccurve.
©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Na escoliose idiopática do adolescente, o objetivo do tra-tamento cirúrgico é a compensac¸ão do tronco e a fusão vertebral das curvas consideradas estruturadas. Para isso, determinam-seascurvasdeacordocomaflexibilidade radi-ográficapré-operatória,fatoqueorientaoplanejamentodos níveisaseremartrodesados.Kingetal.1introduziramo con-ceitodeartrodese seletivatorácicanoscasosdenominados como“falsasduplascurvas”.Oconceitodefusãoseletivafoi aprimoradoaolongodasúltimasdécadas,emespecialapósa publicac¸ãodeRichardsem1992.2
Em 2001, Lenke et al.3 publicaram classificac¸ão bidi-mensional da EIA. Nela, as curvas são agrupadas em seis tipos principais, além de receberem modificadores lomba-res e sagitais. O tipo 1 de Lenke é o mais frequente e apresenta apenas a estruturac¸ão da curva torácica princi-pal (TPR). Existe consenso na literatura de que as curvas tipo 1A devam receber fusão apenas da torácica prin-cipal. Entretanto, nos tipos B e C, a inclusão da curva lombar (TL/L) é motivo de controvérsia. Além disso, com a evoluc¸ão de técnicas operatórias e instrumentais com maior poder de correc¸ão, observou-se maior interesse na identificac¸ãodefatorespreditivosparaoequilíbrioeaparaa descompensac¸ãoiatrogênicadotroncoapósfusõesseletivas dacoluna.
Oobjetivodopresenteestudofoiavaliaracorrec¸ãoclínica eradiográficadacurvalombareseusfatorespreditivos,após fusãoexclusivadatorácicaprincipalempacientescomEIA Lenke1.
Materiais
e
métodos
Este estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Instituic¸ão Universidade Católica de Santos (Unisan-tos)sobonúmeroCAAE:31602014.4.0000.5536.Participaram 42 pacientes com escoliose idiopática doadolescente, com curvas maiores do que 40 graus, que foram submetidos a artrodese dacoluna.Ospacientesforamavaliadosclínicae radiograficamente de forma prospectiva no pré-operatório, pós-operatórioimediato(10diasapósacirurgia)eapósdois anosdeseguimento.Todosospacientesforamoperadospelo mesmocirurgiãosênior.Asavaliac¸õesclínicaseradiográficas foramfeitaspormembrosdaequipemédicaquenãotiveram participac¸ãodiretanapesquisa.
Foram considerados critérios de inclusão:indivíduos de ambososgêneros;portadoresdeEIALenketipo1;operados entre11e18anos;ângulodeCobbentre40e90graus;4 sub-metidosaartrodesedacolunatorácicaprincipalpelaviade acessoposteriorcomparafusospediculares.Foramexcluídos pacientes quenecessitaram detrac¸ãopré-operatória,fusão distalàL1eaquelesquetiverampreenchimentoincompleto dosdados.
A classificac¸ão das curvasseguiu os critérios propostos porLenkeetal.3Nela,classificam-seascurvasemseistipos principais,deacordocomestruturac¸ão,alémdemodificador lombar(relac¸ãoentrealinhaverticalcentrosacraleavértebra apicallombar)emodificadorsagital(cifoseentreT5eT12).
AeB,explicadoaseguir:apósacolocac¸ãodosparafusos pedi-culares,ahaste daconcavidade, previamentemoldada,era posicionadanoformatodaescoliose,seguidapelacolocac¸ão dossistemasdefixac¸ãosemquefossemtotalmentetravados. Nessemomentoprocedia-seàcorrec¸ãodacurvapormeioda derrotac¸ãoda hasteatéqueelacoincidissecomoplanoda cifoseoufosseobtidaamáximacorrec¸ãonoplanocoronal. Acorrec¸ãoterminavacomadistrac¸ãoentreosparafusos e otravamentocompletodosistemaseguidodacolocac¸ãoda segundahaste,moldadaemhipocifosecomafinalidadede diminuiragibatorácicaeafixac¸ãodela.Naquelescom modi-ficadorlombarCusou-setécnicadecompressãoedistrac¸ão. Alémdisso,nessespacientesfoiadotadaahipocorrec¸ão deli-beradadacurvatorácicaprincipal,paraminimizaroriscode descompensac¸ãoiatrogênicadotronco.
Usaram-seoscritériosdeSuketal.6paradeterminaronível defusão.Dessaforma,quandoseobservoudiferenc¸adeaté doisníveisentreavértebraneutra(VN)eavértebraterminal (VT),afusãofoifeitaatéaVNequandoessadiferenc¸afoi supe-rioradoisníveis,afusãofoifeitaatéaVN-1.Asradiografias dacolunatotalforamfeitasemfilmepanorâmico(90×30cm) nasincidênciasanteroposterior(AP),perfil(P)e anteroposte-riorcominclinac¸ãolateralsupinaativa.7Foramavaliadosos seguintesparâmetroscomopossíveisfatorespreditivospara acompensac¸ãodotronco:ângulodeCobbdascurvastorácica proximal(TPX),TPReTL/L,4SinaldeRisser;8níveldistalda artrodeseetranslac¸ãodavértebraapicallombar.9A porcenta-gemdecorrec¸ãodascurvasfoifeitadeacordocomafórmula propostaporSuketal.:6
Cobbpré-operatório−Cobbpós-operatório
Cobbpré-operatório ×100
Apósisso,calculou-searazãoentreoângulodeCobbda curvatorácicaprincipaledatoracolombar/lombar.
Asmensurac¸õesclínicasforamatranslac¸ãodotroncono planocoronalmedidapelofiodeprumo(ScoliosisResearch Society)10eotamanhodagibalombar(cm),feitasdurantea manobradeinclinac¸ãoanteriordotronco.11
Análiseestatística
As características qualitativas nos pacientes foram des-critas com uso de frequências absolutas e relativas e as características quantitativas foram descritas com uso de medidas resumo (média, desvio padrão, mediana, mínimo emáximo).
Asescalas pré-operatóriase pós-operatóriasforam des-critascomuso demedidas resumo ecomparadasentreos momentoscomusodetestesWilcoxonpareado12eas esca-lasavaliadasnopré-operatório,POIePOdedoisanosforam descritase comparadas com uso de testes de Friedman,12 seguidasde comparac¸ões múltiplasnão paramétricas para dadospareadospropostosporNetteretal.13
Foram calculadas as correlac¸ões de Spearman entre as escalasnoPOdedoisanosparaverificarcorrelac¸õesnos resul-tadosfinaisdospacientesentreasescalas.12
Foramdescritasasmensurac¸õesdoequilíbrio dotronco pelo fio de prumo e os valores do ângulo de COBB tora-colombar/lombar. Após isso foi feita a correlac¸ão desses valorescomonívelanatômicodistaldaartrodese(vértebra
distalinstrumentada),pormeiodetestedeMann-Whitney.12 Osvaloresdeprumopré,póseaescaladealterac¸ãodofiode prumoforamcomparadoscomostrêstiposdemodificadores lombaresdeLenkeetal.pormeiodotesteKruskal-Wallis.12
Ostestesforamfeitoscomníveldesignificânciade5%.
Resultados
Dentreos42pacientesincluídosnesteestudo,quatro(9,5%) eram do gênero masculino e 38 (90,5%) do feminino; 55% apresentavamsinaldeRissertipo4nomomentodacirurgia. Amédiadeidadefoide11,9anose61,9%apresentavam modi-ficador lombarA,33,3%como Be4,8%C.Avértebradistal instrumentadafoiT12(23,9%)eL1(76,1%)(tabela1).
AmédiadoângulodeCobbdaTPXfoide24,69graus(DP 7,34)e13,07(DP7,56)nainclinac¸ãolateral.Nopós-operatório imediatoacurvaTPXapresentava,emmédia,12,57(DP6,84) e dois anos após a cirurgia, 12,64 (DP 6,89). Foi observada correc¸ãomédiade48,8%.
Paraacurvatorácicaprincipal(TPR),nopré-operatório,a média foi de58,10 graus (DP9,23)e 29,07graus (DP11,32) nainclinac¸ãolateral.Nopós-operatórioimediato observou--se valormédiode15,90graus(DP6,46)edoisanosapós o procedimento,18,02graus(DP6,91)–melhorade68,9%.
Tabela1–Característicasgeraisdaamostra
Variável Descric¸ão
(n=42)
Sexo,n(%)
Masculino 4(9,5)
Feminino 38(90,5)
Idadedodiagnóstico(anos)
média(DP) 11,95(1,13)
mediana(mín.;máx.) 12(11;15)
Risser,n(%)
1 3(7,1)
2 4(9,5)
3 10(23,8)
4 23(54,8)
5 2(4,8)
Lenke,n(%)
A 26(61,9)
B 14(33,3)
C 2(4,8)
Níveldeartrodese,n(%)
TerminadaemL1 32(76,1)
TerminadaemT12 10(23,9)
InclLatToracProximal
média(DP) 13,07(7,56)
mediana(mín.;máx.) 13(−6;24)
InclLatToracPrincipal
média(DP) 29,07(11,32)
mediana(mín.;máx.) 30(6;56)
InclLatToracolombar/Lombar
média(DP) 1,43(11,09)
Tabela2–Resultadosdostestescomparativosentrepréepós-operatório
Variável Momento Média DP Mediana Mínimo Máximo N p
Giba(cm) Pré 2,23 0,92 2 0 4 42 <0,001a
Pós 0,85 0,80 0,5 0 3 42
Prumo Pré 1,25 1,23 1 0 5 42 <0,001a
Pós 0,25 0,59 0 0 3 42
CobbAPcurvatorácicaproximal Pré 24,69 7,34 24,5 12 45 42 <0,001 POImediato 12,57 6,84 10,5 2 32 42
PO2anos 12,64 6,89 10,5 2 30 42
CobbAPcurvatorácicaprincipal Pré 58,10 9,23 58 44 91 42 <0,001 POImediato 15,90 6,46 15,5 1 28 42
PO2anos 18,02 6,91 18 4 35 42
CobbAPcurvatoracolombar/ lombar
Pré 34,57 9,18 34 17 54 42 <0,001
POImediato 12,05 8,36 10 0 35 42
PO2anos 14,81 8,91 14,5 0 35 42
Translac¸ãoverteb.apicaltorácica Pré 49,83 16,49 50 17 95 42 <0,001
POImediato 11,36 6,95 10 2 33 42
PO2anos 12,29 9,32 11 −4 45 42
Translac¸ãoverteb.apicallombar Pré 12,63 10,39 13 −5 46 42 0,866 POImediato 12,59 10,87 11 −3 33 42
PO2anos 13,32 12,47 8 0 47 42
Incl.vert.distalinstrumentada Pré 24,78 6,64 24 11 45 42 <0,001
POImediato 6,07 3,96 5 1 17 42
PO2anos 6,54 4,31 6 0 18 42
TestedeFriedman.
a TesteWilcoxonpareado.
Acurvatoracolombar/lombar(TL/L)apresentoumédiade 34,57graus(DP9,18)nopré-operatórioe8,07graus(DP11,09) nainclinac¸ãolateral.Nopós-operatórioimediato observaram--se 12,05 graus(DP 8,36) eapós dois anos, 14,81 (DP8,91), o que representa correc¸ão espontânea da curva lombar de57,1%.
Agibatorácicanopré-operatórioerade2,23cm(DP0,92)e 0,85cm(DP0,80)cmnopós-operatóriodedoisanos(melhora de61,8%)(p<0,001).Amedidadofiodeprumotinhamédiade 1,25cm(DP1,23)nopré-operatórioe0,25cm(DP0,59)apóso procedimentocirúrgico(melhorade80%)(p<0,001).
Atranslac¸ãodavértebraapicallombarfoioúnico parâme-troanalisadoquenãoapresentoumelhoraestatisticamente significativa(p=0,866)(tabela2).
Observou-sesignificânciaestatísticaparaascurvasTPX, TPR e TL/L, quando comparados os valores de pré e pós--operatório (p<0,001). As curvas TPRe TL/L apresentaram pioraangularemrelac¸ãoaosvaloresobtidosnopós-operatório imediatoededoisanos(p=0,006ep=0,005,respectivamente) (tabela3).
Quatro pacientes apresentaram piora do equilíbrio do tronco,medidapelofiodeprumo.Desses,doistambém tive-ramaumentodagibalombar.Oscasosmencionadosforam classificadoscomo LenkeA(um paciente)eB(três pacien-tes).Adescric¸ãodarelac¸ãoentreacompensac¸ãodotroncoe omodificadorlombaréapresentadanastabelas4e5.
Ainda sobre a mensurac¸ão clínica da giba lombar, de acordocomcadasubtipodemodificadorlombar(A,BouC),
Tabela3–Comparac¸õesentreosmomentosdeavaliac¸ão
Variável Comparac¸ão ValorZ p
CobbAPcurvatorácicaproximal PréXPOI 9,27 <0,001
PréXPO2anos 8,55 <0,001
POIXPO2anos −0,71 0,476
COBBAPcurvatorácicaprincipal PréXPOI 11,08 <0,001
PréXPO2anos 8,36 <0,001
POIXPO2anos −2,72 0,006
COBBAPcurvatoracolombar/lombar PréXPOI 10,89 <0,001
PréXPO2anos 8,10 <0,001
POIXPO2anos −2,79 0,005
Translac¸ãoverteb.apicaltorácica PréXPOI 10,43 <0,001
PréXPO2anos 9,01 <0,001
POIXPO2anos −1,43 0,154
Incl.vert.distalinstrumentada PréXPOI 10,05 <0,001
PréXPO2anos 9,40 <0,001
Tabela4–Alterac¸ãodoprumosegundoosmodificadoreslombaresdeLenkeetal
Alterac¸ãoprumo Lenke p
A B C Total
N % n % n % n %
Piorou 1 3,8 3 21,4 0 0,0 4 9,5 0,097
Semalterac¸ão 4 15,4 4 28,6 1 50,0 9 21,4
Melhorou 21 80,8 7 50,0 1 50,0 29 69,0
Total 26 100 14 100 2 100 42 100
TesteKruskal-Wallis.
Tabela5–Graduac¸ãodasalterac¸õesdeparâmetros avaliados
Variável Descric¸ão(n=42)
Alterac¸ãoGiba
Piorou 2(4,8)
Melhorou0a25% 6(14,3)
Melhorou25%a50% 8(19)
Melhorou>50% 26(61,9)
Alterac¸ãoPrumo
Piorou 4(9,5)
Semalterac¸ão 9(21,4)
Melhorou 29(69)
Alterac¸ãoCobbtoracolombar/lombar
Piorou 1(2,4)
Melhorou0a25% 1(2,4)
Melhorou25%a50% 14(33,3)
Melhorou>50% 26(61,9)
RazãoCobbprincipal/Cobbtoracolombar/lombar
>1 24(57,1)
Entre1e0,5 16(38,1)
Entre0,5e0,25 1(2,4)
<0,25 1(2,4)
observamos não ter havido diferenc¸a estatística entre os grupo,conformeapresentadonatabela6.
Arelac¸ão dofiodeprumoedoCobbTL/Lcomaúltima vértebra instrumentada é apresentada na tabela 7. Nela observa-seque o nível distalda artrodese,T12 ou L1,não influenciounamedidadofiodeprumoenoCobb toracolom-bar/lombar(p=0,479ep=0,194,respectivamente).
Discussão
Os objetivos do tratamento cirúrgico da escoliose idiopá-tica doadolescentesão corrigiradeformidade, restauraro
equilíbriodotroncoeartrodesaromenornúmerode segmen-tosdacoluna.14
AfusãoseletivatorácicafoidescritaporKingetal.,1para evitar a fusão desnecessária de curvas lombares flexíveis. Diversos artigosdemonstramacapacidade deacomodac¸ão dacurvalombaremrelac¸ãoàcurvatorácica,commanutenc¸ão doalinhamentoglobal.14-16Entretanto,emalgunscasos,pode haver acomodac¸ão insuficiente da curva lombar e resulta-dosestéticosinsatisfatórios.Osfatoresprognósticosparaa acomodac¸ãodacurvalombarnãoestãototalmente estabele-cidosnaliteraturaatual.
Nopresenteestudofoiobservadareduc¸ãoespontâneade 57%doângulodeCobbdacurvalombar.Essevaloré seme-lhanteaoreportadoporLenkeetal.14esuperioraodescrito porParisinietal.15(54,8%)ePeelle(50%).16Foiobservado, con-tudo,terhavidoaumentosignificativodoCobblombardois anosapósacirurgia(p=0,005).Essaconstatac¸ãoécontráriaa descric¸õespréviasdequeacorrec¸ãoespontânealombarseria dinâmicaemelhorariadentrodosdoisprimeirosanosapós acirurgia.14,17,18Entretanto,observamosque,apesardapiora radiográfica,nãofoiobservadadeteriorac¸ãoclínicarelevante. Issopodeserexplicadopelofatodeterhavidoacomodac¸ão proporcionaldacurvaTPRinstrumentada,fatoquemanteve arazãoangularentreascurvas.
Atranslac¸ãodavértebradistalinstrumentadamedeo afas-tamentodacolunadalinhamédia.Paraacolunalombar,não foiobservadadiferenc¸aestatísticaanteseapósacirurgia.Esse fatopoderiaseresperado,umavezqueamaioriadascurvas incluídaseradotipoLenketipoAeBeapresentavammenor translac¸ãocoronalnoperíodopré-operatório.Logo, tiveram menorpotencialparacorrec¸ãocirúrgica.
Considerandoasalterac¸õesclínicas,emrelac¸ãoao tama-nho da giba torácica, houve reduc¸ão de aproximadamente 62% apósacirurgia. Umavezquenãosefeztoracoplastia, atribuímosamelhoraclínicaàcapacidadedecorrec¸ãoaxial pelatécnicacirúrgicaempregada.Entretanto,acorrec¸ãonesse
Tabela6–Descric¸ãodamedidaclínicadofiodeprumonopréepós-operatórios,deacordocomLenkeetal.,eos resultadosdostestescomparativos
Variável Lenke Média DP Mediana Mínimo Máximo N p
Prumopré A 1,52 1,35 1 0 5 26 0,093
B 0,71 0,87 0,5 0 2,5 14
C 1,50 0,71 1,5 1 2 2
Prumopós A 0,19 0,43 0 0 2 26 0,604
B 0,32 0,82 0 0 3 14
Tabela7–Comparac¸ãoentreaúltimavértebrainstrumentadaealterac¸õesnoprumoeCobbTL/L
Variável Níveldaartrodese p
TerminadaemL1 TerminadaemT12 Total
N % n % n %
Alterac¸ãoprumo 0,479
Piorou 2 6,2 2 20,0 4 9,6
Sem alterac¸ão 5 15,7 1 10,0 6 14,2
Melhorou 25 78,1 7 70,0 32 76,2
Alterac¸ãoCobbtoracolombar/lombar 0,194
Piorou 0 0,0 1 10,0 1 2,3
Melhorou0a25% 1 3,1 0 0,0 1 2,3
Melhorou25%a50% 9 28,1 4 40,0 13 31,1
Melhorou>50% 22 68,8 5 50,0 27 64,3
Total 32 100 10 100 42 100
TesteMann-Whitney.
planonãofoiobjetodesteestudoepodesermaisbem expli-cadapormeiodeavalic¸õescomtomografiacomputadorizada. Sobrea giba lombar,emboraos estudosdisponíveissejam limitadosàquelesquecompararamviasdeacessoanteriore posterior,osresultadosobtidos napresenteamostraforam semelhantesaNewtonet al.,19 50%,poréminferiores a Lil-jenqvistetal.,2063%.
Amedidadofiodeprumoéimportanteparâmetrono tra-tamentocirúrgicodaEIA.21Nesteestudofoiobtidamelhora de80%desseparâmetronopós-operatório,superiorou seme-lhante à encontrada por Parisini et al., 52%±8,715 e por Liljenqvistetal.2077,7%.Entretanto,foramobservadosquatro casosemquehouvepioradoequilíbriocoronaldotronco.Dois dessespacientesapresentarampioranagiba torácica asso-ciada.Dentreoscasosquetiverampioraclínica,trêsforam classificadoscomomodificadorlombarB.
AexemplododescritoporLenkeetal.22eKingetal.,1 a escolhada vértebraestável comoníveldistaldefusão pro-porcionouoequilíbriodotronconamaioriadoscasos.Além disso,nãoforamobservadasdiferenc¸asclínicasou radiográfi-casempacientesquetiveramT12ouL1comovértebradistal instrumentada.
SegundoBridwelletal.,23amanobraderrotatóriapode evo-luircomadescompensac¸ãodascurvascompensatórias.Isso, emgeral,écausadopelahipercorrec¸ãodaTPRea incapaci-dadedeacomodac¸ãolombar.Issopodeserexplicadopelofato deque,porvezes,curvascommodificadorlombartipoBtêm comportamentosemelhanteaotipoC14eessefatopodenão tersidoreconhecidoantesdacirurgia.
Opresenteestudoapresentacomopontosforteso dese-nhoprospectivoeaselec¸ãohomogêneadepacientesLenke 1.Entretanto, pode-se considerarcomo limitac¸ãoo fatode a maioria dos pacientes analisados ser classificada como modificadorlombar“A”,emdetrimentodossubtiposBe, prin-cipalmente,C.
Conclusão
1. Aartrodeseexclusivadacurvatorácicaprincipalem paci-entesLenke1proporcionoucorrec¸ãoespontâneadacurva lombareoconsequenteequilíbriocoronaldotronco.
2. Osresultados menossatisfatóriosforam observadosnos casoscommodificadorlombarBepodemestar relaciona-dosàhipercorrec¸ãodacurvatorácicaprincipal.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
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