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Cristalização de melão pelo processo lento de açucaramento.

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Cristalização de melão pelo processo lento de açucaramento.

Ciência Rural, v.35, n.3, mai-jun, 2005. Ciência Rural, Santa Maria, v.35, n.3, p.705-708, mai-jun, 2005

ISSN 0103-8478

Cristalização de melão pelo processo lento de açucaramento

Ângelo Shigueyuki Morita1 Vilson Alves de Gois2 Everardo Ferreira Praça³ José Celesmário Tavares4 Jean Carlos de Andrade5 Franciscleudo Bezerra da Costa6

Aurélio Paes Barros Júnior7 Adalberto Hipólito de Sousa8 Crystallization of melon fruit through slow sugary process

NOTA

-1Engenheiro Agrônomo, Departamento de Química, Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM), Brasil.

E-mail: angeloshigueyuki@hotmail.com.

2Engenheiro Agrônomo, Professor Adjunto, Departamento de Química, ESAM, Brasil. E-mail: Vilson@esam.br. 3Engenheiro Agrônomo, Professor Adjunto, Departamento de Química, ESAM, Brasil. E-mail: everardo@esam.br. 4Engenheiro Agrônomo, Professor Adjunto, Departamento de Química, ESAM, Brasil. E-mail: celesmario@esam.br. 5Estudante do curso de mestrado em Agronomia: Fitotecnia, Núcleo de Pós-graduação (NPG), ESAM, Brasil. E-mail:

jeanctv@hotmail.com.

6Engenheiro Agrônomo, Departamento de Química, ESAM, Brasil. E-mail: franciscleudo@hotmail.com. 7Estudante do curso de mestrado em Agronomia: Fitotecnia, NPG, ESAM, CP137, 59625-900, Mossoró, RN, Brasil.

E-mail: aureliojr02@hotmail.com.

8Estudante de Agronomia, ESAM, Brasil. E-mail: adalbertohipolito@bol.com.br. RESUMO

Este trabalho foi conduzido no laboratório de Tecnologia de Alimentos da Escola Superior de Agricultura de Mossoró (ESAM). Avaliou-se a possibilidade de processar o melão como fruta cristalizada. Foram testadas as variedades Gália, Pele de Sapo e Orange Fresh, utilizando-se o processo lento de açucaramento, retirando-se as polpas em formas de bolas e colocando-as sucessivamente em soluções de sacarose a 20, 30, 40, 50, 60 e 70º Brix até abrir a fervura, mantendo-se a polpa em repouso por 24 horas a cada solução de sacarose. Em seguida, os frutos foram colocados em uma estufa a 50ºC durante 6 horas, atingindo-se assim, a umidade final entre 26,16 a 27,53%. Foram determinados teor de umidade, pH, sólidos solúveis totais, e os produtos submetidos a uma análise sensorial. Constatou-se que a cristalização em melão foi tecnicamente viável, que a variedade Pele de Sapo foi a melhor aceita, e que não houve mudança na coloração da polpa das variedades.

Palavras-chave: Cucumis melo L., processamento,

conservação, desidratação osmótica.

ABSTRACT

The experiment was carried out in the Food Te c h n o l o g y L a b o r a t o r y o f t h e E s c o l a S u p e r i o r d e Agricultura de Mossoró (ESAM), Mossoró-RN, Brazil to evaluate the possibility of processing the melon pulp as a c r y s t a l l i z e d f r u i t b y u s i n g t h e u s f o l l o w i n g m e l o n varieties: Gália, Pele de Sapo, and Orange Flesh, utilizing the slow sugary process. The pulps were withdrawn in little ball form and put successively into sucrose solutions at 2 0 , 3 0 , 4 0 , 5 0 , 6 0 a n d 7 0 ° B r i x , u n t i l b o i l i n g , k e e p i n g t h e m i n i n a c t i v i t y f o r 2 4 h o u r s i n e a c h s o l u t i o n . A f t e r that, the fruits were placed in a stove at 50°C during 6 hours, reaching final humidity between 26.16 and 27.53%. Evaluations for humidity content, pH and total soluble solids were made. In addition a sensorial analysis was made. It was observed that the melon crystallization was technically feasible. Pele de Sapo melon was the best in c o m p a r i s o n t o t h e o t h e r t y p e s . Ch a n g i n g i n t h e m e l o n pulp colouring was not observed.

Key words: Cucumis melo L., processing, conservation,

osmotic dehydration.

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Morita et al.

Ciência Rural, v.35, n.3, mai-jun, 2005.

As perdas pós-colheita de frutas têm importante significado não só do ponto de vista econômico, como também, nutricional. Os fatores responsáveis por essas perdas são: temperatura de conservação, umidade relativa, microrganismos f i t o p a t o g ê n i c o s , c o n d i ç õ e s i n a d e q u a d a s d e armazenamento, cuidados durante o manuseio e o t r a n s p o r t e , a l é m d o d e s c a r t e d e f r u t a s n ã o comercializáveis.

D i a n t e d e s t e p r o b l e m a , e x i s t e a preocupação em melhorar a conservação dos frutos através de diferentes métodos. A desidratação de frutas torna-se uma maneira de evitar desperdícios, pois frutos fora do padrão de mercado podem ser a p r o v e i t a d o s s e m n e n h u m p r o b l e m a . A cristalização é uma forma de industrialização feita através de tecnologias adequadas onde substitui-se parte da água de constituição dos frutos por açúcares, em níveis que impeçam a deteriorização (SOLER et al., 1988).

Este trabalho teve como objetivo a obtenção de melão cristalizado das variedades Gália, Pele de Sapo e Orange Fresh pelo processo lento de açucaramento.

Os melões utilizados em julho de 2001 foram provenientes da Fazenda “Shoryu”, no município de Baraúnas-RN. As variedades Gália, Pele de Sapo e Orange Fresh, não são aceitas pelas normas de comercialização “In natura” tanto no mercado interno como no externo.

Após a chegada dos melões, no total de 25 por variedade, seguindo o fluxograma a p r e s e n t a d o n a f i g u r a 1 , o s m e s m o s f o r a m submetidos a uma lavagem, seguido de um corte ao meio, e depois a retirada de quatro amostras em forma de “bolas” com uma forma de tirar sorvete em cada parte do melão. A partir daí, teve início o processo de cristalização do melão através de um pré-tratamento que se baseou na imersão das bolinhas numa solução de 3% de cloreto de cálcio durante 30 minutos, para que ocorresse a reação do cálcio com a pectina, melhorando-se assim a rigidez da fruta. Logo após a aplicação do pré-tratamento, as bolas foram submetidas a uma solução de sacarose com 20ºBrix, visando reduzir o enrugamento dos frutos, e aquecidas à plena fervura. Após o aquecimento, as bolas permaneceram na solução por 24 horas para alcançar o equilíbrio osmótico. A p ó s e s s e p e r í o d o , o x a r o p e f o i r e t i r a d o , medindo-se sua concentração e adicionado-se açúcar em quantidade suficiente para elevar a concentração em 10º Brix, conforme a fórmula

descrita por JACKIX (1988). Na seqüência, o brix foi aferido através do refratômetro, para então o xarope ser novamente submetido à fervura e c o l o c a d o s o b r e o s f r u t o s , d e i x a n d o - s e e m repouso por 24 horas. Este procedimento foi repetido para soluções com 30, 40, 50, 60 e 70ºBrix. Alcançado o teor de equilíbrio após o último tratamento, os frutos foram retirados do x a r o p e e c o l o c a d o s n u m a p e n e i r a p a r a o escorrimento de calda para chegar a uma a umidade final entre 22-25%.

Com o objetivo de verificar se houve aceitação dos produtos pelos consumidores, foi feita uma análise sensorial, utilizando-se uma e s c a l a h e d ô n i c a d e 0 9 p o n t o s cujos l i m i t e s seguem a seguinte classificação: 01 para “não g o s t e i e x t r e m a m e n t e ” e 0 9 p a r a “ g o s t e i extremamente”. As amostras foram apresentadas a um painel de 10 provadores não treinados e n ã o f u m a n t e s , s e n d o s e r v i d a s e m p r a t o s plásticos descartáveis e divididas em lotes, s e g u n d o a m e t o d o l o g i a r e c o m e n d a d a p o r CHAVES (1980). A cada amostra provada, os provadores lavaram a boca com água destilada para evitar a influência do sabor da amostra anterior.

O s r e s u l t a d o s d a s a n á l i s e s f í s i c o -químicas das três variedades de melão na forma “in natura” apresentados na tabela 1 mostram o alto teor de umidade e a redução desses teores, quando a polpa foi cristalizada na forma de bolas. Verificou-se também, um aumento nos sólidos solúveis totais e na acidez total titulável e uma diminuição no pH das polpas cristalizadas. A redução do teor de umidade e o aumento do teor de sólidos solúveis totais em polpa cristalizadas na forma de bolas de melões das variedades Gália, Pele de Sapo e Orange Fresh são apresentadas na tabela l. O aumento dos valores de sólidos solúveis totais nas polpas cristalizadas, para todas as variedades, foi também observado por CAMARGO et al, (1984).

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Cristalização de melão pelo processo lento de açucaramento.

Ciência Rural, v.35, n.3, mai-jun, 2005. Figura 1 - Fluxograma básico do processamento lento de açucaramento

Tabela 1 - Características físico–químicas dos melões Gália (A), Pele de Sapo (B) e Orange Fresh (C) “in natura” e desidratado pelo processo de lento de açucaramento.

Melão “in natura” Melão cristalizado

Determinações

A B C A B C

Teor de umidade (%) 85,54 85,21 84,98 27,53 26,21 26,16

pH 6,21 5,84 6,12 5,60 5,70 5,76

Sólidos solúveis totais (%) 11,60 12,00 9,50 70,20 70,40 69,10

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Morita et al.

Ciência Rural, v.35, n.3, mai-jun, 2005.

c o n s o n â n c i a c o m o s d a d o s d a l i t e r a t u r a , perfeitamente dentro da faixa considerada normal para frutos secos. Segundo CRUESS (1973) e CAMARGO et al. (1984), a estabilidade de tais produtos é alcançada quando a umidade residual está entre 25 a 33% de água, que garante a conservação dos melões em temperatura ambiente, desde que acondicionados em embalagens que funcionem como boa barreira a passagem de vapor d’água. Quanto aos valores de pH e acidez total titulável, observa-se também que houve variações mareantes nas polpas dos melões antes e depois da cristalização (Tabela l). A acidez total titulável aumentou de 7 a 8 vezes no produto cristalizado, o q u e s e j u s t i f i c a d e v i d o a o a u m e n t o d a concentração dos íons H+ A variação de pH não

foi tão pronunciada, possivelmente devido a um forte poder tamponante, apresentado praticamente por todos os frutos, como também observaram TRAVAGLINI et al. (1984), trabalhando com ameixa Carmesim.

Pode-se observar que não houve perda de coloração da polpa em nenhuma das variedades. Esse fato, segundo TORREGGIANI (1993), pode s e r e x p l i c a d o p e l a i n a t i v a ç ã o d a s e n z i m a s f e n o l a s e s , q u e s ã o r e s p o n s á v e i s p e l o escurecimento enzimático da fruta, e, por serem enzimas oxidases termolábeis, foram facilmente inativadas pelo calor fornecido pelo xarope. De acordo com esse mesmo autor, a alta concentração de açúcar ao redor dos pedaços de frutas também c o n t r i b u i p a r a e v i t a r a p e r d a d e c o r p o r escurecimento enzimático.

To m a n d o - s e c o m o b a s e a p e n a s o percentual de aceitação, a variedade Pele de Sapo foi a que se destacou e teve uma ampla preferência, uma vez que 90% dos provadores avaliaram como gostei de moderadamente a muito (Tabela 2). Esse resulatado provavelmente deve-se á sua textura mais firme “in natura” e ao teor de sólidos solúveis totais superiores ao demais.

A cristalização da polpa de melões em forma de bolas mostrou-se tecnicamente viável, e a variedade Pele de Sapo destacou-se no teste de aceitação, não ocorrendo mudança na coloração da polpa das variedades.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

C A M A R G O , R . d e , e t a l . Te c n o l o g i a d o s p ro d u t o s

agropecuários. São Paulo: Nobel, 1984 278p.

CHAVES, J. B. P. Avaliação sensorial de alimentos. Viçosa- MG, Universidade de Viçosa. Departamento de Tecnologia de Alimentos. 1980. 58p.

\CRUESS, W. V Produtos industrializados de frutas e

hortaliças. Tradutor, Heitor Airlie Tavares. São Paulo: Edgrad Blucher, 1973. Vol II. 854p.

J A C K I X , M . H . D o c e s , g e l é i a s e f r u t a s e m c a l d a s . Campinas: UNICAMP. 1988. 172p.

S O L E R , M . P. e t a i . I n d u s t r i a l i z a ç ã o d e f r u t a s . Campinas- SP: ITAL. 1988. 312p.

TRAVAGLINÏ, D. A., et ai. Secagem de ameixa, cultivar c a r m e s i m : I I I E f e i t o d a p r é - s e c a g e m o s m ó t i c a n a s características organolépticas dos produtos final. Boletim

do ITAL. Campinas-Sp, v. 21,n. 2, p. 157- 167, abr.-jun.l984.

TORREGGIANI, D. Osmotic dehydration in fruita nd vegetable processing. Food Research International, v 26, p 59-68, 1993

Tabela 2 - Resultados em percentagem (%) da análise sensorial da polpa desidratada pelo processo lento de açucaramento dos melões Gália (A), Pele de Sapo (B) e Orange Fresh (C).

Avaliação Variedades

A B C

Não gostei muito --- --- 10

Não gostei moderadamente 10 10 20

Indiferente 20 --- 30

Gostei moderadamente 50 60 20

Imagem

Tabela 1 - Características físico–químicas dos melões Gália (A), Pele de Sapo (B) e Orange Fresh (C) “in natura” e desidratado pelo processo de lento de açucaramento.
Tabela 2 - Resultados em percentagem (%) da análise sensorial da polpa desidratada pelo processo lento de açucaramento dos melões Gália (A), Pele de Sapo (B) e Orange Fresh (C).

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