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Inventários biológicos rápidos de morcegos (Mammalia, Chiroptera) em três unidades de conservação do Amapá, Brasil.

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Academic year: 2017

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Localizado n o extrem o n orte do Brasil, o Am apá possui terras in seridas tan to n o Escudo das Guian as quan to n a Bacia Am azôn ica, o que pode colocá-lo com o um im portan te local de estudo da faun a e flora do con tin en te sul-am erican o. A diversi-dade de h abitats n o Estado in clui florestas de terra firm e que vão desde regiões m on tan h osas ao n orte até áreas m ais baixas ao sul do Estado, além de florestas in un dadas de várzea e igapó, com plexos de lagos, exten sas porções de m an gue ao lon go de

sua costa, form ações vegetais associadas a afloram en tos roch o-sos, e um a porção sign ificativa de cerrados am azôn icos em sua área cen tral (IBGE 2000). O Am apá possui m ais de 90% de sua superfície ain da n ão alterados por ações an trópicas (INPE 2006) e cerca de 56% de sua área sob proteção legal, n a form a de um m osaico de 12 un idades de con servação, além de cin co Terras In dígen as. Todas estas características abrem im portan tes possi-bilidades de estudos da faun a e flora ain da preservados n o Am apá.

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Ana C. M . M artins

1

; Enrico Bernard

2

& Renato Gregorin

3

1 Centro de Pesquisas Zôo-Botânicas e Geológicas, Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá. Rodovia

Juscelino Kubitscheck, km 10, Distrito de Fazendinha, 68900-280 M acapá, Amapá, Brasil. E-mail: ana.mart ins@iepa.ap.gov.br

2 Autor correspondente. Conservação Internacional. Avenida Governador José M alcher 652, 2º andar, 66035-100 Belém,

Pará, Brasil. E-mail: e.bernard@conservacao.org

3 Departamento de Biologia, Universidade Federal de Lavras. Caixa Postal 37, 37200-000 Lavras, M inas Gerais, Brasil.

E-mail: rgregorin@ufla.br

ABSTRACT. RaRapidRaRaRapidpidpidpid biologicalbiologicalbiologicalbiologicalbiological survsurvsurvsurvsurveeeeeysys ofysysysofofof batsofbatsbats (Mammaliabatsbats(Mammalia(Mammalia, Chir(Mammalia(MammaliaChirChirChiropterChiropteroptera)opteroptera)a)a) ina)inin thrininthrthrthreethreeeeee conserveeconservconservationconservconservationationationation unitsunitsunitsunits inunitsin AmainininAmaAmaAmaAmapápápápápá, Br

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Brazil.azil.azil.azil.azil. With a high biological diversity and good status of preservation, the northern part of the Amazon Basin, and specially the State of Amapá, have their fauna and flora poorly studied. Studies pointed that Amapá has several areas classified as highest priority for faunal inventories in the Amazon Basin, but even that few studies have been conducted. In order to fulfill part of these knowledge gaps, three of the most important conservation units in the State, namely the Tumucumaque Mountains National Park, the Amapá National Forest and the Rio Iratapuru Sustainable Development Reserve, were studied for different biological groups. The results of four bat surveys in these conservation units are presented here. With a sampling effort of 1730.5 mistnet.hours, 858 bats were recorded, belonging to 51 species, 36 genus and six families. At least 25 of these species are first records for the State, elevating to 73 the number of bat species already recorded in Amapá.

KEY WORDS. Amazon; Guyana Shield; mammals survey; Rapid Assessment Program (RAP); species distribution.

RESUMO. Com alta diversidade biológica e elevado grau de preservação, a porção norte da Bacia Amazônica, e em especial o Estado do Amapá, são ainda relativamente pouco conhecidos em relação à sua fauna e flora. Estudos apontam que o Amapá possui regiões classificadas como de alta ou muito alta importância para a realização de inventários de fauna na Amazônia Brasileira, havendo ainda grandes lacunas na realização destas amostragens. De forma a suprir parte destas necessidades, três das principais unidades de conservação do Estado, o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, a Floresta Nacional do Amapá, e a Reserva de Desenvolvimen-to Sustentável do Rio Iratapuru, foram recentemente amostrados para diferentes grupos biológicos. São apresen-tados aqui os resulapresen-tados de inventários de morcegos provenientes de quatro expedições a estas unidades. Após um esforço de 1730,5 rede.horas, quatro inventários registraram 858 capturas, de 51 espécies pertencentes a 36 gêneros e seis famílias. Destas, 25 espécies representam primeiras ocorrências para o Estado, elevando-se para 73 o número de espécies de morcegos registradas no Amapá.

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Mesm o apresen tan do alta diversidade biológica e elevado grau de preservação, a porção n orte da Bacia Am azôn ica, in clu-in do o Escudo das Guclu-in as, e em especial o Am apá, são relativa-m en te pouco con h ecidos erelativa-m relação à sua faun a de relativa-m arelativa-m íferos (VOSS & EMMONS 1996). O Am apá possui regiões classificadas com o de alta ou m uito alta im portân cia para a realização de in ven tári-os de m am ífertári-os n a Am azôn ia Brasileira, além de áreas que são in su ficien tem en te con h ecidas, m as con sideradas de p rovável im portân cia (SILVAetal. 2001). Esta situação é sem elh an te para outros grupos biológicos, com o répteis, an fíbios e aves (OREN 2001, VOGTetal. 2001, AZEVEDO-RAMOS & GALLATI 2002).

Recen tem en te o Govern o do Am apá adotou a proposta do Corredor de Biodiversidade do Am apá, q u e prevê a in ter-ligação de su as áreas protegidas, estu dos sobre a viabilidade de criação de n ovas u n idades e o estabelecim en to de u m m osaico de sistem as de u tilização su sten táveis n as áreas en tre as u n ida-des existen tes. Para o su cesso do Corredor de Biodiversidade do Am apá, é n ecessário qu e estas u n idades sejam efetivam en te fu n cion ais. Até o m om en to, n en h u m a das u n idades de con ser-vação do Estado dispõe de plan o de m an ejo e u m a das lacu n as iden tificadas para a elaboração destes plan os é a carên cia de in form ações básicas sobre a diversidade biológica do Am apá. Pou cos in ven tários biológicos já foram realizados n o Estado, e em esp ecial d en tro d e su as u n id ad es d e con servação, o q u e com prom ete diretam en te o real con h ecim en to da diversidade biológica n estas u n idades, pré-req u isito essen cial para a elabo-ração de plan os de m an ejo (IBAMA 2003).

De form a a suprir parte destas n ecessidades, o In stituto de Pesquisas Cien tíficas e Tecn ológicas do Am apá (IEPA), a ONG Con servação In tern acion al (CI–Brasil), o IBAMA Am apá e a Se-cretaria Estadual de Meio Am bien te do Am apá (SEMA) estabele-ceram um program a para in ven tariar e m apear a ocorrên cia de espécies de grupos ecológicos represen tativos n o Am apá, e em especial den tro de três das prin cipais un idades de con servação do Estado, o Parq u e Nacion al Mon tan h as do Tu m u cu m aq u e (PNMT), a Floresta Nacion al do Am apá (FNA), e a Reserva de Desen volvim en to Susten tável do Rio Iratapuru (RDSI). Este pro-gram a executou in ven tários rápidos da flora superior e da faun a de m am íferos, répteis, an fíbios, aves, peixes e crustáceos den tro e n o en torn o das un idades de con servação citadas, geran do co-n h ecim eco-n to cieco-n tífico sobre a biodiversidade do Am apá e subsí-dios para a elaboração dos plan os de m an ejo das un idades.

N e st e s in v e n t á r io s, e sp e cia l a t e n çã o fo i d a d a a o s q u irópteros, u m a vez q u e estes com preen dem u m a parcela sig-n ificativa da fau sig-n a de m am íferos da região Neotropical e são freqü en tem en te n egligen ciados em in ven tários biológicos (VOSS & EMMONS 1996, EMMONS & FEER 1997). O con h ecim en to sobre a real diversidade de espécies de m orcegos existen tes n a região do Escu do das Gu ian as ain da é im preciso (LIM & NORMAN 2002). Os sítios m ais bem am ostrados para m orcegos n a região orien -tal da Am azôn ia estão em Iwokram a, n a Guian a (LIM & ENGSTROM 2001a, b), em Paracou , n a Gu ian a Fran cesa (SIMMONS & VOSS 1998), n a região de Belém (ERICA M. Sam paio, Un iversidade de

Ulm , com u n icação pessoal), e Alter do Ch ão (BERNARD & FENTON 2002), am bas n o Pará. A distribu ição destes sítios m ostra q u e n ão h á u m a con tin u idade n as am ostragen s en tre as áreas n as Gu ian as e as do Brasil, represen tada exatam en te por u m a lacu -n a de am ostrage-n s -n o Am apá (m as veja PERACCHIetal. 1984). A fau n a de m orcegos do Estado é relativam en te pou co con h eci-da e resu ltan te n a m aioria eci-das vezes de registros pon tu ais (ERICA M. SAMPAIO, Un iversid ad e d e Ulm , com u n icação p essoal) em su a m aior parte associados a estu dos de caráter epidem iológico, prin cipalm en te ligados ao víru s da raiva, con du zidos por in sti-tu ições estadu ais e federais de saú de e agropecu ária.

São apresen tados aq u i os registros de m orcegos das q u a-tro prim eiras exp edições do projeto de in ven tários biológicos realizad os n o Am ap á. Estes registros bu scam p reen ch er u m a lacu n a de con h ecim en to q u e existe sobre a ocorrên cia e distri-bu ição das espécies de m orcegos presen tes n a porção orien tal da Am azôn ia, e em especial n o Am apá. Estes registros repre-sen tam tam bém as prim eiras listas de espécies de m orcegos para as três u n idades de con servação am ostradas e con firm am a pri-m eira ocorrên cia de várias espécies n o Estado.

MATERIAL E MÉTODOS

Os in ven tários biológicos realizados seguem o Program a d e Avaliação Ráp id a (RAP) d esen volvid o p ela Con servation In tern ation al (e.g. ALONSOetal. 2001, CHERMOFFetal. 2001, MON -TAMBAULT & MISSA 2002), que con siste n a execução de estudos de curta duração (2-4 sem an as), focados n o registro do m aior n ú-m ero possível de espécies eú-m grupos pré-deterú-m in ados de orga-n ism os em áreas pouco coorga-n h ecidas. O objetivo desta aborda-gem n ão é gerar um a lista com pleta de espécies para os locais visitados, m as sim forn ecer dados prim ordiais sobre a diversida-de diversida-de um a área, para que estes sejam dispon ibilizados rapida-m en te, seja p ara erapida-m basar fu tu ros estu dos ou p ara in iciativas em ergen ciais de con servação. Para este program a n o Am apá foi estabelecido que em cada sítio visitado as am ostragen s deveri-am ficar restritas a um círculo deveri-am ostral de 3 km de raio e que cada grupo biológico receberia um esforço m ín im o de 10 dias de in ven tário. A seleção dos sítios e do local exato a ser am ostrado é feita com base em um m apeam en to e geo-referen ciam en to das un idades de con servação, utilizan do-se im agen s de satélite para iden tificação das prin cipais form ações de vegetação. São usados ain da n o processo de seleção dos sítios dados de relevo, h idro-grafia, solos, tipo e uso de recursos n aturais, presen ça h um an a, e viabilidade de acesso. Idealm en te, cada gran de tipo de form ação vegetacion al iden tificado pelo processo de classificação das im a-gen s deveria receber um a expedição de in ven tário biológico, m as para m axim izar a diversidade de h abitats am ostrados, buscou-se priorizar áreas que pudessem con ter m ais de um am bien te, ou tran sições en tre estes.

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diver-sidade possível de h abitats. O esforço am ostral foi calcu lado n a form a de rede-h oras, sen do q u e u m a rede de 12 x 2,5 m aberta por u m a h ora é igu al a u m a rede.h ora. O ín dice de captu ras foi calcu lado dividin do-se o n ú m ero de m orcegos captu rados pelo esforço am ostral. Em bora ten h a-se bu scado a padron ização do esforço am ostral, isso n ão foi possível, ten do este variado por n oite e por expedição (Tab. I). Na m aior parte das n oites foram u sadas 10 redes, abertas às 18:00 h . O h orário de fech am en to das redes variou en tre n oites e sítios (Tab. I). Em pelo m en os u m a n oite em cada sítio am ostrado, as redes foram abertas cru -zan do corpos d’águ a, com o o Igarapé do Braço n a FNA, ou as m argen s dos Rios Am apari e Mapaon i n o PNMT, e Jari n a RDSI. Na FNA, u m a n oite foi destin ada a am ostrar a área ao redor da sed e d o Ibam a, localizad a n a con flu ên cia d os Rios Falsin o e Aragu ari, on de h avia u m a colôn ia eviden te de m olossídeos q u e se abrigavam n o telh ado da con stru ção. Nesta ocasião, u tiliza-m os apen as três redes de 12 x 2,5 tiliza-m , in staladas ao redor da casa, e abertas às 18:00 h , por apen as u m a h ora. Os dados de captu ra para esta n oite foram com pu tados separadam en te.

A curva do coletor foi calculada para cada sítio am ostrado, com putan do-se os esforços das n oites am ostradas em cada um deles e o acúm ulo de espécies. O Ín dice Estim ador de Diversida-de Diversida-de Ch ão: S*=Sobs+(a2/2b); on de S* é o n úm ero de espécies esperadas, Sobs é o n úm ero de espécies observado, a é o n úm ero de espécies registradas um a ún ica vez, e b é o n úm ero de espéci-es registradas som en te duas vezespéci-es, foi usado para espéci-estim ar o n ú-m ero total de espécies esperadas para cada localidade.

A iden tificação dos exem plares capturados foi feita atra-vés de um a ch ave de iden tificação para m orcegos da sub-região da Guian a (LIM & ENGSTROM 2001a) e de ch ave ain da n ão publicada para m orcegos da Am azôn ia (Erica M. SAMPAIO, Un iversidade de Ulm , com un icação pessoal). Muitas espécies foram iden tificadas m ed ian te com p aração d ireta com esp écim es d ep ositad os n o Museu de Zoologia da Un iversidade de São Paulo (MZUSP) e n a Coleção de Morcegos do Laboratório de Ch iroptera, n o Depar-tam en to de Zoologia da Un iversidade Estadual Paulista de São José do Rio Preto (DZSJRP). A n om en clatura das espécies seguiu KOOPMAN (1993), LIM (1997), que con sidera Artibeus planirostris

(Leach , 1821) com o esp écie válid a p ara a região am ostrad a, SIMMONS & VOSS (1998) e SIMMONS (2005). Exem plares testem u-n h os das espécies registradas foram coletados e depositados u-n a Coleção de Faun a do Am apá, sediada n o In stituto de Pesquisas Cien tíficas e Tecn ológicas do Am apá (IEPA), Macapá.

O PNMT, a FNA e a RDSI são áreas prioritárias para a con -servação da biodiversidade n a Am azôn ia (CAPOBIANCOetal. 2001) e en globam a m aior parte dos tipos represen tativos de fision om ias vegetais presen tes n o Estado, com o as florestas de terra-firm e e alagáveis, cam pin as e vegetação associada à afloram en tos roch o-sos (IBGE 2000). Os p rin cip ais rios do Am ap á (e.g. Oiap oq u e, Araguari, Am apari e Jari) possuem suas n ascen tes den tro ou as-sociadas a estas un idades de con servação. As características de cada un idade, a localização precisa dos in ven tários e as datas de am ostragem para m orcegos são descritas a seguir.

FNA – Com um a área de aproxim adam en te 412.000 h a, a FNA localiza-se n o cen tro do Estado (Fig. 1), situada en tre os Rios Falsin o e Araguari (0°40’N, 51°10’W; 2°50N, 52°30’W), dis-tan te cerca de 120 km em lin h a reta da capital, Macapá. O aces-so é por via fluvial, pelo Rio Araguari, a partir da cidade de Porto Gran de, distan te cerca de 30 km da en trada da un idade. A FNA apresen ta u m a vegetação predom in an tem en te de florestas de terra-firm e, com algum as m an ch as m en ores de florestas alagadas, tabocais (bam bus) e afloram en tos roch osos. A altitude varia de 80 a 450 m acim a do n ível do m ar. Esta un idade foi origin al-m en te criada eal-m 1989 para peral-m itir a exploração al-m adeireira, en tretan to a com plexidade topográfica e a dificuldade de acesso im pediram até o m om en to que esta exploração seja feita em escala com ercial den tro da un idade. O pon to am ostrado locali-za-se a 40 km acim a da foz do Igarapé do Braço (1°17’01”N, 51°35’19”W), um afluen te da m argem direita do Rio Falsin o (Fig. 1), e foi in ven tariado en tre 04 e 15 de agosto de 2004.

PNMT – Criado em 2002, o Parq u e localiza-se n o n oroes-te do Am apá (Fig. 1), oroes-tem u m a área de cerca de 3.870.000 h a, e está in serido n os m u n icípios de Pedra Bran ca do Am apari, Ser-ra do Navio, LaSer-ran jal do Jari, Oiapoq u e e Calçoen e, além de u m a pequ en a faixa de terras em Alm eirim , Pará. O PNMT faz fron teira com o Parq u e In dígen a Tu m u cu m aq u e, a Terra In

dí-Tabela I. Esforço amostral e índices de capturas de morcegos obtidos em quatro inventários biológicos rápidos na Floresta Nacional do Amapá (FNA), na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru (RDSI) e em duas expedições ao Parque Nacional M ontanhas do Tumucumaque (PNM T I e PNM T II), unidades de conservação do estado do Amapá, Brasil.

Locais FNA PNM T I PNM T II RDSI Total

Noites de amostragem 8 8 8 9 33

Esforço (rede.horas) 542 326 424 438,5 1730,5

Capturas 267 304 166 121 858

Índice de capturas 0,49 (0 - 0,77) 0,93 (0,31 - 2,83) 0,39 (0,02 - 0,66) 0,27 (0,1 - 0,66) 0,49

Espécies 35 29 27 19 51

Espécies/captura 0,13 0,09 0,16 0,15 0,06

Espécies/esforço 0,06 0,09 0,06 0,04 0,03

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gen a Waiãpi e a FNA. Esta u n idade de con servação é o m aior parq u e de florestas tropicais con tín u as do m u n do e é acessível basicam en te som en te por via área ou por rios, em su a porção su l (Rio Am ap ari) ou n a p orção n orte (Rio Oiap oq u e). O relevo é su avem en te on du lado, com altitu des q u e variam de 100 a 400 m acim a do n ível do m ar. Em su a porção n orte, próxim o à fron teira com o Su rin am e e a Gu ian a Fran cesa, existem diver-sos afloram en tos de gran ito e in selbergs, q u e atin gem até cerca d e 800 m d e altitu d e. A vegetação d o Parq u e ain d a n ão foi totalm en te m apeada, m as predom in am as florestas den sas de terra firm e, florestas de igapó, florestas de en costa e form ações m ais secas associadas aos afloram en tos roch osos. O Parq u e re-cebeu d u as exp ed içõ es: n a co n flu ên cia d o s Rio s Am ap ari e An acu í (1°36’05”N, 52°29’25”W ), in ven tariada en tre 16 e 25 de setem bro de 2004; e a segu n da, en tre 10 e 20 de jan eiro de 2005, n a porção n orte, próxim o à fron teira com o Su rin am e (2º11’36”N, 54º35’15”W ).

RDSI – Criada em 1997, com cerca de 806.000 h a, localizase n o su doeste do Am apá (Fig. 1), n os m u n icípios de Laran -jal do Jari, Mazagão e Pedra Bran ca do Am apari. O acesso se dá por barco, prin cipalm en te em su a porção su doeste, através dos Rios Jari e Iratapu ru . O relevo é su avem en te on du lado e a alti-tu de varia de 100 a 500 m acim a do n ível do m ar. Há u m pre-dom ín io de florestas de terra-firm e, com gran des con cen tra-çõ es d e cast an h eira-d o -Brasil (Berth olletia ex celsa Hu m b. & Bon pl., 1808), sen do q u e existem popu lações tradicion ais q u e vivem n a p orção su l d a u n id ad e e q u e exp loram com ercial-m en te este recu rso. O local aercial-m ostrado situ a-se n a ercial-m argeercial-m es-q u erda do Rio Jari (0°16’37”N, 53°06’26”W ), cerca de 180 km em lin h a reta da sede do m u n icípio de Laran jal do Jari e foi in ven tariado en tre 12 e 20 de n ovem bro de 2004.

RESULTADOS

FNA – O esforço am ostral em p regado n este in ven tário totalizou 542 rede.h oras, resu ltan do em m ais de 267 captu ras (Fig. 2) e n o registro de 35 espécies de q u irópteros em 27 gên e-ros (Tab. II). Dois in divídu os do gên ero Peropteryx Peters, 1876 foram captu rados, porém n ão in clu ídos n a lista fin al de espéci-es devido à n ão iden tificação espéci-específica dos m espéci-esm os. Con side-ran do-se este gên ero, cin co das oito fam ílias de m orcegos co-n h ecidas para a Am azôco-n ia foram registradas: Ph yllostom idae, Morm oopidae, Em ballon u ridae, Vespertilion idae e Molossidae. O n ú m ero de captu ras n a FNA foi efetivam en te m aior, pois em três n oites in divíduos de Artibeusplanirostris,A.obscurus (Sch in z, 1821) e Molossus m olossus (Pallas, 1766) foram soltos ap ós a captu ra e n ão tiveram seu s dados registrados. Esta atitu de foi tom ad a em fu n ção d e q u e o elevad o n ú m ero d e in d ivíd u os destas espécies captu rados sim u ltan eam en te estava dificu ltan -d o o m an u seio -d as re-d es e a cap tu ra -d e ou tras esp écies. A . planirostris foi a espécie m ais abu n dan te, com 73 registros, se-gu ido por C. perspicillata (Lin n aeu s, 1758), com 37 cap tu ras, M. m olossus, com m ais de 25 captu ras e A.obscurus, com 22. Qu atorze das 35 espécies registradas foram represen tadas por apen as u m a captu ra, e a fam ília com m aior n ú m ero de espécies foi Ph yllostom idae (30 espécies). O ín dice geral de captu ras foi de 0,49 m orcegos/ rede.h ora, com pu tan dose apen as as captu -ras efetivam en te registradas (267) e variou en tre 0 e 0,77 por n oite. As redes in staladas ao redor da sede do Ibam a resu ltaram em u m ín dice su perior a 10 m orcegos/ rede.h ora. O ín dice geral obtido foi de 0,13 espécie/ captu ra e 0,06 espécie/ rede.h ora. A n oite m ais produ tiva resu ltou em 23 espécies para u m esforço de 115 rede.h oras. O Ín dice de Ch ao calcu lado estim a em 59 o n ú m ero de espécies de m orcegos para a localidade am ostrada. PN M T Ex p ed ição I – O esfo rço am o st ral fo i d e 3 2 6 rede.h oras, resultan do em 304 capturas (Fig. 2) e n o registro de 29 espécies de m orcegos, em 21 gên eros (Tab. II). Quatro fam íli-a s fo r íli-a m r e gist r íli-a d íli-a s: Ph y llo st o m id íli-a e , M o r m o o p id íli-a e , Em ballon uridae e Vespertilion idae. Artibeusplanirostris foi a es-p écie m ais ab u n d an t e, co m 157 caes-p t u ras, segu id o es-p o r C. perspicillata, com 29 capturas e A.obscurus, com 20. Oito das 29 espécies registradas foram represen tadas por apen as um a captu-ra e 25 espécies perten cecaptu-ram à fam ília Ph yllostom idae. O n úm e-ro de espécies registradas por n oite variou en tre seis e 16. O ín di-ce de capturas geral foi de 0,93 m ordi-cegos/rede.h ora, varian do bastan te en tre n oites, desde 0,31 até 2,83 m orcegos/rede.h ora. Esta expedição resultou em ín dices de 0,09 espécie/captura e 0,09 espécie/rede.h ora. Segun do o Ín dice de Ch ao, o n úm ero espera-do de espécies de m orcegos para a localidade am ostrada é 33.

PNMT Expedição II – Com u m esforço am ostral de 424 rede.h ora foram captu rados 166 m orcegos (Fig. 2) perten cen -tes à 27 espécies, 19 gên eros e três fam ílias (Ph yllostom idae, Morm oopidae e Noctilion idae). Artibeusplanirostris foi a espé-c ie m a is a b u n d a n t e , espé-c o m 7 7 espé-c a p t u r a s, se gu id o p o r C . perspicillata, Rhinophylla pum ilio (Peters, 1865) e Lonchophylla th om asi J.A. Allen , 1904 (10 cap t u ras cad a), e Ph yllostom us Figura 1. Localização dos inventários biológicos rápidos realizados

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elongatus (E. Geoffroy, 1810), com n ove (Tab. II). Dez das 27 espécies registradas foram represen tadas por apen as u m a cap-tu ra. O ín dice de capcap-tu ras geral foi de 0,39 m orcegos/ rede.h ora, varian do por n oite desde 0,02 até 0,66 m orcegos/ rede.h ora. O n ú m ero de espécies por n oite de am ostragem variou en tre u m a e 14. O ín dice de espécies/ captu ra foi de 0,16 e o de espécie/ rede.h ora 0,06. Para esta localidade são estim adas pelo ín dice de Ch ao 37 espécies.

RDSI – Com u m esforço de 438,5 rede.h oras foram cap-tu rados 121 m orcegos (Fig. 2), perten cen tes à 19 espécies, 13 gên eros e q u atro fam ílias (Ph yllostom id ae, Em ballon u rid ae, Molossidae e Vespertilion idae). Artibeus planirostris (37 captu -ras), A.lituratus (15) e R. pum ilio (15) foram as espécies m ais abu n dan tes, en q u an to ou tras q u atro foram represen tadas por ap en as u m a cap t u ra. O n ú m ero d e esp écies p o r n o it e d e am ostragem variou en tre u m a e 11. O ín dice geral de captu ras foi de 0,27 m orcegos/ rede.h ora, varian do de 0,10 a 0,66. Este in ven tário resu ltou em 0,15 esp écie/ cap tu ra e 0,04 esp écie/ rede.h ora. O ín dice de Ch ao estim a 22 espécies para este sítio. Qu an d o com p u tad os con ju n tam en te, ap ós u m esforço d e 1730,5 red e.h oras, os q u atro in ven tários registraram 858

captu ras, de 51 espécies perten cen tes a 36 gên eros e seis fam í-lia s (Em b a llo n u r id a e , M o r m o o p id a e , Ph y llo st o m id a e , Noctilion idae, Vespertilion idae e Molossidae). Qu atorze espé-cies foram represen tadas por apen as u m in divídu o, sen do q u e seis foram registradas n a FNA e cin co n a segu n da expedição ao Tu m u cu m aq u e (Tab. II). Dez espécies foram registradas em to-dos os qu atro in ven tários, e ou tras n ove em apen as três. Artibeus planirostris respon deu por 40% do total de captu ras. As ou tras t rês esp écies m ais ab u n d an t es fo ram , resp ect ivam en t e, C. perspicillata (8,8%), A.obscurus (5,7%) e L.thom asi (5,1%). Se calcu lado o ín dice de Ch ao, 62 seria o total de espécies estim a-do para estes q u atro in ven tários.

DISCUSSÃO

Previam en te ao p resen te estu do, a fau n a con h ecida de m orcegos do Estado do Am apá in cluía 49 espécies (CARVALHO 1962, PICCININI 1974, MOK & LACEY 1980, PERACCHIetal. 1984, ERICA M. SAMPAIO, Un iversidade de Ulm , com un icação pessoal). Os regis-tros aqui apresen tados acrescen tam outras 25 espécies para esta lista, aum en tan do para 73 o n úm ero de espécies de m orcegos registradas até o m om en to n o Am apá. Para fin s de com paração, FNA

0 10 20 30 40

0 100 200 300 400 500 600

PNMT I

0 10 20 30 40

0 100 200 300 400 500 600

RDSI

0 10 20 30 40

0 100 200 300 400 500 600

Esforço (rede.horas)

PNMT II

0 10 20 30 40

0 100 200 300 400 500 600

Esforço (rede.horas)

Espécies

Espécies

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Tabela II. Lista de espécies de morcegos para o Estado do Amapá, com dados de ocorrência obtidos em quatro inventários biológicos rápidos na Floresta Nacional do Amapá (FNA), na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru (RDSI) e em duas expedições ao Parque Nacional M ontanhas do Tumucumaque (PNM T I e PNM T II). Na coluna "Total", espécies assinaladas com * indicam novas ocorrências para o Estado.

Família Espécie FNA I PNM T I PNM T II RDS I Total

Emballonuridae Centronycteris maximilliani (J. Fischer, 1829) 1 1*

Diclidurus albus Wied-Neuwied, 1820

Diclidurus scutat us Peters, 1869

Peropt eryx macrotis (Wagner, 1843) 7 7

Rhinchonycteris naso (Wied-Neuwied, 1820) 1 1 2

Saccopteryx bilineata (Temminck, 1838) 1 1

Saccopteryx canescens Thomas, 1901

Saccopteryx leptura (Schreber, 1774)

Noctilionidae N oct ilio albiventris Desmarest, 1818

N oct ilio leporinus (Linnaeus, 1758) 1 1

M ormoopidae Pteronotus parnellii (Gray, 1843) 22 1 2 25*

Pteronotus personatus (Wagner, 1843)

Phyllostomidae Ametrida centurio Gray, 1847

Anoura caudifer (Geoffroy, 1818) 2 2

Artibeus cinereus (Gervais, 1856) 3 2 3 4 12

Artibeus concolor Peters, 1865 2 1 3*

Artibeus gnomus Handley, 1987 1 2 3*

Artibeus lituratus (Olfers, 1818) 4 5 2 15 26

Artibeus obscurus (Schinz, 1821) 22 20 4 3 49

Artibeus planirostris (Leach, 1821) 73 157 77 37 344

Carollia brevicauda (Schinz, 1821) 10 6 7 7 30*

Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) 37 29 10 76

Chiroderma t rinitatum Goodwin, 1958 1 1*

Chiroderma villosum Peters, 1860 1 1*

Choeroniscus minor (Peters, 1868) 1 1*

Chrotopterus auritus (Peters, 1856) 2 1 1 4*

Desmodus rotundus (E. Geoffroy, 1810) 1 1 2

Diaemus youngi (Jentink, 1893)

Diphylla ecaudata (Spix, 1823)

Glossophaga soricina (Pallas, 1766) 1 1

Lionycteris spurelli Thomas, 1913 1 1 2

Lonchophylla thomasi J.A. Allen, 1904 15 11 10 8 44

Lophostoma brasiliense Peters, 1866 2 2 4*

Lophostoma schulzi (Genoways & Williams, 1980) 1 1*

Lophostoma silvicolum d'Orbigny, 1836 7 6 4 17

M acrophyllum macrophyllum (Schinz, 1821) 2 2

M esophylla macconnelli Thomas, 1901

M icronycteris megalotis (Gray, 1842)

M icronycteris microtis M iller, 1898 3 2 5*

M icronycteris minuta (Gervais, 1856) 1 1

M icronycteris schmidtorum Sanborn, 1935 1 1*

M imon bennettii (Gray, 1838) 2 2*

(7)

n os dois Estados m ais bem estudados para m orcegos n a Am azôn ia Brasileira (Pará e Am azoazôn as) são coazôn h ecidas, respectivam eazôn -te, 116 e 109 espécies (ERICA M. SAMPAIO, Un iversidade de Ulm , com un icação pessoal), e para a Guyan a, Surin am e e Guian a Fran cesa, países fron teiriços ou próxim os ao Am apá, respectivam en -te, 121, 103 e 102 espécies (LIM & ENGSTROM 2001a). Tais n úm e-ros m ostram o quan to a faun a de m orcegos do Am apá é pouco con h ecida e reforçam a n ecessidade de que m ais estudos sejam con duzidos n este Estado que, poten cialm en te, pode con ter um a das faun as m ais ricas de m orcegos da Am azôn ia Brasileira.

En tre as ocorrên cias m ais im portan tes n os in ven tários, m erecem destaque o prim eiro registro form al de Mim onbennettii

(Gray, 1838) para a região Norte do país, a exten são da ocorrên -cia de Vam pyressathyone Th om as, 1909, espécie até en tão regis-trada som en te n o Acre, Am azon as e Ron dôn ia (Erica M. Sam paio, Un iversid ad e d e Ulm , com u n icação p essoal, Valéria Tavares, Am erican Museum of Natural Hisotry, com un icação pessoal), e o registro de Centronycterism axim illiani (J. Fisch er, 1829), espé-cie rara em coleções. Outras espéespé-cies geralm en te pouco com un s em in ven tários, com o Vam pyrum spectrum (Lin n aeu s, 1758), Chrotopterusauritus (Peters, 1856), Phyllostom ushastatus (Pallas, 1767), Loph ostom a sch ulz i (Gen o ways & W illiam s, 1980) e Phylloderm astenops Peters, 1865, tam bém con stam com o regis-tros sign ificativos.

Tabela II. Continuação.

Família Espécie FNA I PNM T I PNM T II RDS I Total

M imon crenulat um (E. Geoffroy, 1803) 2 4 1 7

Phylloderma stenops Peters, 1865 1 1*

Phyllost omus discolor Wagner, 1843 1 10 7 18*

Phyllost omus elongatus (E. Geoffroy, 1810) 3 11 9 2 25

Phyllost omus hastatus (Pallas, 1767) 2 8 3 13

Platyrrhinus helleri (Peters, 1866) 3 1 3 7

Platyrrhinus lineatus (Geoffroy, 1810) 1 1*

Rhinophylla pumilio (Peters, 1865) 6 8 10 15 39

Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810)

Sturnira tildae de la Torre, 1959 3 2 2 2 9*

Tonatia saurophila Koopman & Williams, 1951 6 3 1 10*

Trachops cirrhosus (Spix, 1823) 1 4 3 1 9

Trinycteris nicefori (Sanborn, 1949) 4 2 6*

Uroderma bilobatum Peters, 1866 1 2 3

Uroderma magnirostrum Davis, 1968

Vampyressa bidens (Dobson, 1878)

Vampyressa thyone Thomas, 1909 1 1*

Vampyrodes caraccioli (Thomas, 1889) 1 1*

Vampyrum spect rum (Linnaeus, 1758) 1 1 2

Thyropteridae Thyroptera tricolor Spix, 1823

Vespertilionidae Eptesicus brasiliensis (Desmarest, 1819)

Eptesicus furinalis (d'Orbigny, 1847)

Lasiurus blossevillii (Lesson and Garnot, 1826)

M yotis albescens (Geoffroy, 1806) 1 1 2*

M yotis nigricans (Schinz, 1821)

M yotis riparia (Handley, 1960) 2 2*

M olossidae Eumops t rumbulli (Thomas, 1901)

M olossus molossus (Pallas, 1766) 25 25

M olossus rufus E. Geoffroy, 1805

N yctinomops lat icaudatus (E. Geoffroy, 1805) 7 7*

Promops nasutus (Spix, 1823)

(8)

Colôn ias de Rhinchonycterisnaso (Wied-Neuwied, 1820), con ten do de 5 a 15 in divíduos, são facilm en te avistadas n os tron -cos ao lon go das m argen s dos rios da região, en tretan to pou-cos in divíduos desta espécie foram capturados com rede. Apen as um piscívoro foi capturado, talvez em fun ção do fato de que a m aior parte dos cursos d’água próxim os dos locais de am ostragem apre-sen tar águas rápidas, com superfície m ovim en tada, am bien te n ão ideal para estas espécies. A captura de m orcegos h em atófagos in dica que os locais abrigam an im ais de gran de porte, com o an tas, queixadas e catetos, fato con firm ado pelos in ven tários de ou-tros m am íferos con duzidos sim ultan eam en te aos de m orcegos (Claudia SILVA, In stituto de Pesquisas Cien tíficas e Tecn ológicas d o Am ap á, co m u n icação p esso al) d o m in ân cia d e esp écies frugívoras, com o A.planirostris, A.obscurus e C.perspicillata, se-gue padrões esperados para am ostragen s n a região Neotropical (e.g. MORENO & HALFFTER 2000, LIM & ENGSTROM 2001b, BERNARD & FENTON 2002, SAMPAIOetal. 2003).

In ven tários de cu rta du ração n ão são capazes de am ostrar a totalidade da fau n a de m orcegos de u m a localidade e, de fato, as cu rvas do coletor in dicam claram en te q u e a diversidade de espécies de cada u m dos sítios am ostrados ain da n ão apresen ta sin ais de satu ração (Fig. 2). En tretan to, a estru tu ra trófica das espécies registradas n os q u atro in ven tários in dica a presen ça de p raticam en te todas as gu ildas esp eradas, desde fru gívoros até gran des carn ívoros, n ectarívoros e h em atófagos. Para in -ven tários de espécies de m orcegosn a Am azôn ia, é esperado qu e se atin ja 90% das espécies do local som en te após cerca de 1000 a 2700 captu ras, u m valor m u ito su perior ao obtido em q u al-q u er in ven tário rápido (BERNARD & FENTON 2002). O baixo n ú -m ero de espécies in setívoras aéreas n as q u atro expedições deve-se ao fato de qu e as am ostragen s n ão deve-se esten deram ao dosdeve-sel da floresta, o q u e certam en te teria resu ltado n o registro de al-gu m as espécies desta al-gu ilda (BERNARD 2001).

A pluviosidade e sua sazon alidade n a região am azôn ica têm um a forte in fluên cia sobre o n úm ero de capturas de m orcegos e de espécies registradas (e.g. BERNARD 2002, BERNARD & FENTON 2002). De fato, o in ven tário con duzido n a RDSI, já n a segun da m etade de n ovem bro, época seca n a região, m esm o com o segun do m ai-or esfai-orço am ostral, resultou n o m en ai-or n úm ero de capturas (121) e de espécies (19) en tre os in ven tários. Para fin s de in ven tário, ou seja, do registro do m aior n úm ero possível de táxon s, a expe-dição à FNA foi a que ren deu o m aior n úm ero de espécies. En tre-tan to, quan do o esforço am ostral em pregado é com putado, ob-serva-se que a prim eira expedição ao Tum ucum aque foi a que apresen tou a m elh or relação en tre espécie/esforço, com um ín dice dicerca de 50% m aior do que o in ven tário n a FNA. Tais diferen -ças in dicam que a escolh a de estações do an o m ais favoráveis, n oites sem luar, associados ao cuidado com a disposição das re-des e o aum en to da variedade de am bien tes am ostrados, podem ser est r a t égia s q u e m elh o r em a r ep r esen t a t iv id a d e d a s am ostragen s feitas em in ven tários rápidos.

Além de con tribu írem para o m elh or con h ecim en to da fau n a de m orcegos do Am apá, os resu ltados aqu i apresen tados

con stitu em o p rim eiro estu do sobre a fau n a de m orcegos de u n idades de con servação do Estado. O m elh or con h ecim en to das espécies e prin cipalm en te de seu “statu s” de con servação p ode con tribu ir sign ificativam en te p ara a elaboração de p la-n os de m ala-n ejo das u la-n id ad es d e cola-n servação estu dadas. Esta con tribu ição p ode ser n a form a da ap resen tação de listas de esp écies q u e com p rovem a alta biod iversid ad e p resen te n as u n idades, ju stifican do u m a das prin cipais razões de su as cria-ções, a de preservação insitu da riq u eza biológica. Ten do em vista q u e m orcegos participam de im portan tes processos ecológicos, com o a dispersão de sem en tes e a polin ização de plan -tas, e in teragem com u m am p lo esp ectro de ou tras esp écies, agin do tan to com o predadores qu an to com o presas (e.g. FLEMING 1988, FINDLEY 1993, FENTON 2001), os dados de ocorrên cia de espécies aq u i apresen tados podem ser u tilizados para se esta-belecer parâm etros in iciais para a avaliação de im pactos de ati-vidades com o a extração de m adeira e de essên cias florestais, perm itidas em u n idades de u so direto com o a FNA e a RDSI.

AGRADECIMENTOS

Ao en tão Diretor Presiden te do In stituto de Pesquisas Ci-en tíficas e Tecn ológicas do Am apá, An tôn io Carlos da Silva Fari-as, ao geren te Executivo do Ibam a Am apá, Edivan Borges, e ao en t ão Secret ário Est ad u al d e Meio Am b ien t e d o Am am p á, Edvaldo de Azevedo Souza, jun tam en te com suas equipes técn i-cas. Ao Exército Brasileiro, em especial ao Com an dan te do 34º Batalh ão de In fan taria de Selva em Macapá, Ten . Cel. Moraes José Carvalh o Lopes Jr, e ao Com an dan te do 4º Esquadrão de Aviação do Exército em Man aus, Ten . Cel. Paulo Roberto de Oli-veira, à Força Aérea Brasileira, através do 1º Com an do Aéreo Region al em Belém , e ao Corpo de Bom beiros da Polícia Militar do Am apá em Macapá. A Zilm o Am orim de Paiva e a todos os barqueiros, cozin h eiros e assisten tes que estiveram con osco du-ran te as expedições. Aos curadores das coleções visitadas, Mario de Vivo (MZUSP) e Elian a Morielle-Versute (DZSJRP). Projeto fi-n afi-n ciado com recursos do Fufi-n do Global para a Cofi-n servação, da Con servação In tern acion al, através de doação da Fun dação Betty e Gordon Moore.

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Tabela I. Esforço amostral e índices de capturas de morcegos obtidos em quatro inventários biológicos rápidos na Floresta Nacional do Amapá (FNA), na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru (RDSI) e em duas expedições ao Parque Nacional M o
Figura 2. Curvas de acumulação de espécies baseadas no número de morcegos capturados em quatro expedições de inventário bioló- bioló-gicos rápidos no Estado do Amapá, Brasil
Tabela II. Lista de espécies de morcegos para o Estado do Amapá, com dados de ocorrência obtidos em quatro inventários biológicos rápidos na Floresta Nacional do Amapá (FNA), na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru (RDSI) e em duas exped
Tabela II. Continuação.

Referências

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