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Hemibalismo tratado com ácido valproico: registro de dois casos.

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Academic year: 2017

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HEMIBALISMO TRATADO COM ÁCIDO VALPROICO

R E G I S T R O D E DOIS CASOS

J O Ã O A R I S K O U Y O U M D J I A N *

O distúrbio conhecido como hemibalismo ou coréia proximal unilateral

representa desordem extrapiramidal relativamente incomum causada na maioria

das vezes por problema vascular no corpo subtalâmico de Luys contralateral.

Desde que a moléstia foi descrita, vários tratamentos foram preconizados tais

como clorpromazina, perfenazina, haloperidol, tetrabenazina e algumas vezes

cirurgia estereotáxica

2

»

3

>

4

. Recentemente, Lenton et a l

4

descreveram um caso

de hemibalismo tratado com valproato de sódio e em seguida tive a oportunidade

de usar uma droga parecida — ácido valproico — em dois casos de hemibalismo

descritos nesse artigo.

O B S E R V A Ç Õ E S

Caso 1 — Paciente de 60 anos de idade, do sexo masculino, admitido no Hospital de Base, São José do Rio Preto, em julho de 1982, com quadro de dois dias de evo-lução. Referia que subitamente, durante o início do sono, a/presentou movimentos não controlados de grande amplitude no membro superior direito e, em menor proporção, no membro inferior do mesmo lado. Ele estava em tratamento médico para hipertensão arterial e diabetes mellitus há vários anos. O exame físico e neurológico revelaram: pressão arterial de 200 χ 140 mmHg; movimento involuntário violento, de grande am-plitude e predominantemente proximal no membro superior direito. Os exames com-plementares revelaram glicemia de 380 mg%. Foi iniciado tratamento com dieta, drogas antihipertensivas e ácido valproico (250 mg a cada 6 horas). Após 5 dias ele estava praticamente sem os movimentos involuntários e, dois meses após, a medicação foi interrompida permanecendo o paciente assintomático por 6 meses (após esse período não mais retornou ao ambulatório).

Caso 2 — Paciente de 77 anos de idade, do sexo feminino, admitida no mesmo hospital em agosto de 1982. Referia que há cerca de 8 dias havia apresentado cefaléia súbita durante o sono que desapareceu completamente após dois dias, sem uso de qualquer medicação. Após esse período notou o aparecimento súbito de movimentos não controlados violentos no membro superior esquerdo e, em menor proporção, na hemiface esquerda. E l a estava também em tratamento médico há muitos anos por apresentar hipertensão arterial e diabetes mellitus. O exame físico e neurológico

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lou: pressão arterial de 130 χ 80 mraHg; quadro de hemibalismo característico no membro superior esquerdo, com movimento súbito violento projetando todo o membro em várias direções; havia também discreta desordem de movimento também na hemi-fice esquerda. Os exames complementares revelaram glicemia de 230 mg%. Foi ins-tituída dieta para diabetes e iniciado ácido valproico (250 m g a cada 6 horas). Após 8 dias ela estava assintomática e, três semanas após, a medicação foi interrompida permanecendo a paciente assintomática até a data deste registro (julho, 1983).

C O M E N T Á R I O S

Os dois casos apresentados refletem a história natural mais comum da

desordem conhecida como hemibalismo 1.

2

» 3,4. o quadro clínico característico

consiste de um movimento involuntário abrupto, rápido e de grande amplitude,

ocorrendo em um ou dois membros de um mesmo lado do corpo. Muitas vezes

o início ocorre a noite e os músculos proximais são muito mais acometidos

do que os distais. O hemibalismo geralmente acomete pacientes idosos e, em

mais de 50% dos casos, se encontra hipertensão arterial e/ou diabetes mellitus.

Em geral o substrato patológico é de etiologia vascular, sendo raramente

encon-tradas outras condições tais como tumores, lesões granulomatosas ou esclerose

múltipla. Em termos topográficos o núcleo subtalâmico contralateral está

implicado na maioria dos casos. Bioquimicamente, existem evidências de que

o hemibalismo poderia resultar de um aumento da síntese e liberação

pressináp-tica de dopamina, em contraste com a coréia de Huntington que parece resultar

de aumento de resposta no receptor a níveis normais de dopamina 3.

O prognóstico do hemibalismo foi por muito tempo considerado ruim por

muitos autores, e mortes por "exaustão", pneumonia ou insuficiência cardíaca

foram descritas em até 60% dos pacientes. Mais recentemente relatos

mos-traram melhor prognóstico usando-se neurolépticos (mais freqüentemente

halo-peridol) e também melhora espontânea após algumas semanas!.

2

» 3. Rector

et a l 5 também postulam o papel da hiperglicemia não cetótica no aparecimento

de hemibalismo e/ou coreoatetose; nos seus casos os movimentos involuntários

desapareceram quando a hiperglicemia foi corrigida. Há pouco tempo, Lenton

et a l 4 sugeriram outra droga para a terapêutica do hemibalismo, o valproato

le sódio. É realmente difícil afirmar que nos casos aqui registrados o

hemi-balismo desapareceu espontaneamente, após o controle da glicemia ou após a

medicação instituída (ácido valproico), mas é possível concluir que esta droga

deve ser já considerada entre as de primeira escolha para o tratamento de

hemibalismo causado por distúrbio vascular, assim como já concluíram Lenton

et al em relação ao valproato de sódio

4

.

R E S U M O

(3)

uma semana de tratamento com ácido valpróico. O desaparecimento do

hemi-balismo após controle da glicemia ou mesmo a sua remissão espontânea é

também ponderado.

S U M M A R Y

Hemiballismus treated with valproic acid: report of two cases.

Two cases of hemiballismus caused by a vascular lesion are presented.

The patients had been on treatment for hypertension and diabetes mellitus for

many years. The involuntary movement were completely subsided about one

week after a valproic acid trial. The role of hyperglycemia in the appearing

of hemiballism or even a spontaneous recovery are also considered.

R E F E R Ê N C I A S

1. H Y L A N D , Η . Η . & F O R M A N , D. Μ . — Prognosis in hemiballismus. Neurology (Minneapolis) 7:381, 1957.

2. J O H N S O N , W . G. & F A H N , S. — Treatment of vascular hemiballism and hemi-chorea. Neurology (Minneapolis) 27:634, 1977.

3. K L A W A N S , H . L . ; M O S E S I I I , H . ; N A U S I E D A , P. Α . ; B E R G E N , IX & W E I N E R , W. J . — Treatment and prognosis of hemiballismus. New Engl. J . Med. 295: 1348, 1976.

4. D E N T O N , R. J . ; C O P T I , M. & S M I T H , R. G. — Hemiballismus treated with sodium valproate. Brit. med. J . 283:17, 1981.

5. R E C T O R , W . G . ; H E R L O N G , H . F . & M O S E S I I I , H . — Nonketotic hyperglyce-mia appearing as choreoathetosis or ballism. Arch. int. Med. 142:154, 1982.

Referências

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