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O espaço sócio-urbano e a administração pública estadual: uma análise de instrumentos de atuação da administração estadual em São Paulo, na produção de meios coletivos de consumo, no espaço sócio-urbano

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M A R IA IS A B E L M E IR A D E C A S T R O D IP

O E S P A Ç O S Ó C IO - U R B A N O E A A D M IN IS T R A Ç Ã O P Ú B L IC A E S T A D U A LzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Uma análise de instrumentos

de atuação da Administração

Estadual em São Paulo,

na

produção

de Meios

Coletivos

de

Consumo,

no

Espaço

Sócio

-

Urbano .

. Escola de Administração

de Empresas de São Paulo

Fundação

Getúlio Vargas

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zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Uma análise de instrumentos de atuação da Administração

Esta-dual em São Paulo, na produção de Meios Coletivos de

Consu-mo, no Espaço Sócio-Urbano.

Dissertação apresentada ao Curso de PÓS-Graduação da EAESP/FGV - Área de

Concentração: Administração e Planejamento Urbano, como requisito para obtenção de tftulo de Mestre em

Administração.KJIHGFEDCBA

O r i e n t a d o r : P R O F . E U G E N I O A U G U S T O F R A N C O M O N T O R O

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ESPAÇO SÓCIO-URBANO E

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ESTADUAL

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Uma análise de instrumentos de atuação da Administração

Esta-dual em São Paulo, na produção de Meios Coletivos de

Consu-mo, no Espaço Sócio-Urbano.

Banca examinadora:

PROF. EUGENIO AUGUSTO FRANCO MONTORO

PROF. EURICO KORFF

PROF. CARLOS ERNESTO FERREIRA

(5)
(6)

MEIRA DE CASTRO DIP, Maria Isabel, OzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAEspaço Sócio-Urbano e a

Adminis-tração Pública Estadual São Paulo, EAESP/FGV, 1986, p. (Dissertação de

Mestrado, apresentada ao Curso de Pós-Graduação da EAESP/FGV, Area

de Concentração: Administração e Planejamento Urbano)

Resumo - Trata-se de uma análise de instrumentos de atuação da Administração. Estadual em São Paulo, na produção de Meios Coletivos de Consumo, no Espaço Sócio-Urbano.·

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ESTADO : .

1 .1. Considerações iniciais .

1.2. Mecanismos de Mercado: Modo de Produção Capitalista.

1.2.1. Estágio Concorrencial da Produção Capitalista .

1.2.2. O Urbano e o Modo de Produção Capitalista no

Esti-lo Monopolista .

1.3. Estrutura de Classes Sociais e Reprodução da Força de

Trabalho .

1.4. Atuação do Poder Público .

1 .4.1. Modo Capitalista de Produção Monopolista e o Estado

1 .4.2. Atuação do Estado no Período de Transição .

1.4.2.1. Transição no Brasil.. .

~tÁ\[gl'ií~ ~~~A T U A Ç Ã O D O E S T A D O N O

HURBANO"

.

2.1. Considerações Iniciais .

2.2 Meios Coletivos de Consumo: Equipamentos e Serviços

Públicos .

2.3 Política de Descentralização: IncentivojihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà Autonomia dos

Munlclplos .

2.4 Política de Participação: Co-responsabilidade na Solução dos

Problemas da Comunidade .

~~~'ií~

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E X P E R IÊ N C IA S D O G O V E R N O D O E S T A D O D E S Ã O P A U -L O D E D E S C E N T R A -L IZ A Ç Ã O E PARTICIPAÇÃO .

3.1. Considerações Iniciais .

3.2. Experiências de 1967 a 1983 .

3.3. Novo Modelo de Regionalização e sua Implantação (1984)

3.3.1. Análise do Plano Anterior (1967/84) .

3.3.2. Apresentação da Nova Política .

3.3.3. Novo Modelo Alternativo .

3.3.4. Vantagens e Desvantagens .

3.3.5. Considerações Finais sobre a Implantação do Novo

Modelo .

3.4. Realizações do Atual Governo (1983/ ) .

3.4.1. Orçamento Regionalizado .

3.4.2. Programas criados a partir do Novo Modelo de

Regionalização .

3.4.3. Consórcios Intermunicipais .

(12)

Na qualidade de arquiteta, familiarizada com o estudo do espaço

urbano, considerado

apenas no seu valor físico, senti que as

solu-ções apresentadas aos problemas enfrentados, nem sempre

alcan-çavam o seu objetivo. Apercebi-me

da necessidade de um

conhe-cimento mais profundo e mais íntimo do

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

fator social, que aparecia

embutido no cerne de todas as questões e era de suma importância

para o seu equacionamento.

Constatei, que mesmo quando

tecni-camente estavam justas e exatamente calculadas, as soluções das

questões urbanas não surtiam o efeito desejado: não satisfaziam

jihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà

população, que delas devia se beneficiar.

Foi então, que resolvi me dedicar ao

"Planejamento Urbano",

pa-ra ter dessas questões, que compunham

o cotidiano do meu traoa-.

I

lho, uma visão especializada do

"urbano ". sob seus aspectos

espe-cíficos: sócio-econômico

e político.

Duas alternativas me pareceram viáveis: a análise dessas

ques-tões num município gigantesco como S.Paulo ou no

microorganis-mo de um pequeno município interiorano. Os parâmetros para esse

estudo variavam de um para outro; enquanto analisados sob o

pris-ma

"não físico", as soluções pareciam ser sempre mais claras e mais

concludentes.

Entendi ser interessante visualizar o espaço

"sócio-urbano" e constatei que nessa área, nenhum estudo seria procedente,

sem incluir nele a atuação do Poder Público.

E, imediatamente, como solução prática, cheguei

à

necessidade

de analisar as diretrizes políticas do Governo. Para limitar,

dimensio-nar o quadro estudado, decidi me fixar na Ação do Poder Estadual

(atual Governo) e suas diretrizes. Uma das razões de minha opção

pelo Governo Estadual

é

que me possibilitava fazer uma análise

pio-neira de um programa moderno, em processo de implantação e que

me oferecia a oportunidade

de estudar tanto a parte que já produz

resultados, quanto a que ainda se apresenta como projeto. Tudo com

a característica de ineditismo e modernidade. Vemos o ineditismo

den-tro dos limites de viabilidade e a modernidade

dentro do progresso.

Entre as diretrizes políticas do Atual Governo, já implantadas,

destaca-se seu especial interesse pelo incentivo dado

à

produção

dos meios coletivos de consumo, que tanto têm contribuido para

ali-viar a situação precária das populações carentes. E ao voltar-me

pa-ra a análise dos Meios Coletivos de Consumo, três pa-razões me

moti-varam: constituem eles um campo aberto e arnpto.onde

se

focali-zam, com detalhes, os aspectos sócio-econômicos,

dentro do

espa-ço urbano; são um instrumento ágil de atuação do Estado, para

equi-líbrio das forças e solução dos conflitos existentes e finalmente, são

importante objeto para a compreensão

do

"social".

(13)

Atuando como mediador entre as forças antagônicas para

resol-ver conflitos, o Poder Público visa estabelecer um equilíbrio entre os

mecanismos de mercado e a estrutura de classes sociais existentes,

criando, mantendo e desenvolvendo o espaço sócio-urbano. Os

me-canismos de mercado, funcionam segundo os meios de produção

capitalista, ora vigentes, estratificando a sociedade em classes so- .

ciais. Essas classes sociais formam uma estrutura social, que deve

ser mantida e reproduzida. Todo esse conjunto compõe o espaço

sócio-urbano, que, por si só, deveria manter um equilíbrio. Mas, os

conflitos e desajustes existentes requerem a presença do Estado.

Esta monografia se propõe analisar a atuação do Governo do

Es-tado de São Paulo, no que diz respeito

jihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà

produção de meios

coleti-vos de consumo. Para tanto, a atual Administração vem criando

no-vos mecanismos, através das políticas de Descentralização e

Partici-pação. A Política de Descentralização do Poder, visando um estímu)!

lo

à

autonomia dos Municípios desse Estado e, a Política de

Partici-pação, objetivando um desenvolvimento

social e propiciando

a

co-laboração de grupos organizados

da sociedade.

(14)

o

e s p a ç o s ó c io -u rb a n o e a in te rv e n ç ã o

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C O N S ID E R A Ç Õ E S

IN IC IA IS

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Quando a mente humana mentaJiza a existência e a vida, as localiza em

al-gum lugar do nosso intelecto. A esse lugar ideal, chamamoszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"espaço".

Além dos conceitos de existência e de vida, o espaço contém os princípios vitais,

sem os quais a vida seria impossível. Esses princípios são: a Produção e o

Con-.surno. A vida produz para viver e consome para sobreviver. Mas, a vida se

destina ao crescimento; por isso, produz também, mais do que precisa,

pro-duz o desenvolvimento. O espaço abrange também o desenvolvimento e a cria-tividade. Tudo isso, que está contido no espaço, chama-se

"urbano".

O urbano, sendo vida, não é estéril: de suas atividades decorrem o social e o econômico.

Como aspectos do

"social"

e do

"econômico",

destacamos como

impor-tantes, as questões causadas pela concentração da população, a distribuição

das forças de trabalho e o aparecimento das classes sociais, de seus proble-mas e de seus conflitos.

Os dois princípios básicos, compreendidos pelo

"urbano",

merecem um

enfoque:

a ) a produção é dirigida pela lei da oferta e procura, e

b ) o consumo se divide em dois níveis: o consumo das classes dominantes

ou de alta renda e o das classes populares ou de baixa renda.

Alguns autores, que estudaram detalhadamente o

"urbano",

assim se ex-pressaram:

"O processo engloba estes núcleos (acima) e f4mbémjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAo "espaço" entre eles, ou seja, os fenómenos dentro desse "espaço", que estão relacionados e aroculados com os

núcleos, mas não esMo dentro deles. Esses fenómenos são exatamente a materializa-ção das relações, que se estabelecem entre esses núcleos. 'fi}

(1) CAMARGO, Azael Rangel & LAMPARELLI, Celso Monteiro & SILVA GEORGE, Pedro Conceição. "Nota

Introdutó-ria sobreaConstrução de um Objeto de Estudo:OUrbano", Estudos FUNDAP, n~1, p.18,

(15)

Além da Produção e do Consumo, ozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"urbano"

abrange também, os

fenô-menos compreendidos entre esses dois princípios. Esses fenômenos são as

relações estabelecidas entre eles.

À

medida em que a divisão social do

traba-lho aumenta, essas relações crescem de importância, complexidade,

diversi-dade e ligações. A esse crescimento, deve ser acrescentado o surgimento de novas atividades, oriundas da Produção e do Consumo, que passam a se de-senvolver no âmbito desses referidos fenômenos, onde se socializam.

Do núcleo

"Produção"

se destacam a Produção industrial (2) e também a

agrícolajihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA(3 ), ambas de marcada relevância. Do núcleo

"Consumo"

surgem os

problemas dasnmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"necessiaeaee'»

e o da reposição social da força de trabalho. Assim, também, pensava Preteceille:

"Uma coisa éconsiderar a reposição cotidiana das capacidades fisiológicas e psicoló· gicas de cada indivíduo, outra considerar a reposição da torça de trabalho num con-junto de formação sociaI.'T'J .

o

processo de socialização dessa reprodução, que é uma conseqüência

di-reta do modo de produção capitalista, é um tópico fundamental deste estudo.

Metodologicamente, foram excluídos desta análise, as especificidades da

"Produção"

e do

"Consumo",

para nos concentrarmos no estudo das rela-ções sociais estabelecidas entre eles.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1 .2 . M E C A IJ IS M O S

D E n ,fE R C A D O : M O D O

D E

P R O D U Ç Ã O

C A P IT A L IS T A

o

capitalista é proprietário do meio de produção. Dispondo livremente de

sua propriedade, ele gerencia seus recursos, determina a remuneração do ca-pital e do trabalho e, em bolsa os lucros. Então, sem atentar ao social, provoca

a fragmentação da comunidade em classes sociais, conflitantes e às vezes até

antagônicas.

(2) As indústrias localizadas fora dos limites físicos do Espaço urbano, também criam uma divisão social do trabalho,

com sua reprodução no espaço urbano concreto (cidades).

(3) Penetrando no mundo rural, a divisão social do trabalho faz com que a produção agrícola crie fenômenos,

simulta-neamente rurais e urbanos, tais como os bóias-frias e os rurícolas sem terra, cuja reprodução da força de trabalho

se processa nas cidades. O processo de socialização dessa reprodução, que éuma conseqüência direta do

mo-do de produção capitalista, será, também, considerado neste estudo. A reprodução da força de trabalho na

agri-cultura se manifesta, preferencialmente nas cidades pequenas da rede urbana, porque a sua localização as deixa

mais sujeitas à associação com atividades rurais.

(4) O conceito de "necessidades sociais", embora controverso é universalmente aceito, e constitui hoje, uma questão

política fundamental. Está basicamente relacionado ao conceito da reposição da força de trabalho.

(5) PRETECEILLE, Edmond. "Equipamentos Coletivos e Consumo Social" - Revue Internationale de Recherche

Ur-baine et Regionale. Voi.!, Londres, 1977. (Capítulo denominado: "O Caráter Objetivo das Necessidades e sua

Determinação Social").

(16)

A produção capitalista obedece a dois estágios diferentes: o concorrencial e o monopolista.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1 .2 .1 . E S T Á G IO C O N C O R R E N C IA L D A P R O D U Ç Ã O C A P IT A L IS T A

Já a esse respeito, vários autores se manifestaram nos seguintes termos: No

estágio concorrencial da Produção Capitalista, a divisão de trabalho pode ser

considerada como técnica e como social. A técnica estuda os instrumentos de trabalho, que determinam e instituem uma ordem, baseada na

interdependên-cia (solidariedade, cooperação etc.) A esta cooperação, correspondem as

fun-ções de comando e de produção. Essa distinção é um fato social e não técni-CO.(6)

No modo de Produção Capitalista, que se processa no mercado, o objetivo

visado é o lucro, sendo aleatório tudo quanto ele não comporte. O lucro não

obedece a qualquer lei da lógica, mesmo porque pode ser alterado por fatores imprevistos, como, concorrência, conflitos reais e possíveis, envolvendo indiví-duos, grupos e classes.

A busca incessante do lucro determina a divisão técnica do trabalho, nas uni-dades produtivas, tipo fábrica, com rigorosa observância de normas técnicas e econômicas. Mas, muitas vezes, a aplicação das medidas indispensáveis exige a presença de supervisores, executivos etc. e a conseqüente divisão entre tra-balhadores e chefes, classes dominantes e proletárias, além de posições con-flitantes entre trabalhadores e Produção.

Para defesa de seus respectivos interesses, são criadas organizações clas-sistas (associações profissionais, sindicatos, partidos políticos etc.) Estes

agru-pamentos, por sua vez, exigem a criação e reconhecimento de condições

pecíficas, para exercerem a função que se impuseram. A harmonia entre es-sas relações, dentro de uma formação social, é condição essencial para a exe-cução e continuidade da produção, sendo também a base sócio-política desse regime. Nesse' regime, as classes sociais se digladiam, buscando maior poder

econômico e político. Sobre esse tema, assim se expressaram alguns autores:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"A apropriação de condições gerais também faz parte dessa luta. Uma classe social articula práticas de apropriação das condições gerais, que servem de sustentáculo

as

aüvidades que asseguram a sua sobrevivencia e sua própria reprodução enquanto

classe. Essas práticas de apropriação das considerações gerais,nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAéprenhe de contradi-ções e connitos pois, no fundo, trata-se de recursos escassos, cuja apropriação se

dá na maior parte através do mercado, onde vigora a concorrencia e a competição. 'fn

(6) Ibidem.

(7) CAMARGO & LAMPARELLI & SILVA GEORGE. Op. Cit.(1).

(17)

"EsJ3 dinAmica dá azo

a

criação (supostlmente pela sociedade como um todo, na realidade pelo Estado como guardião de certos interesses das classes dominantes e da coesão do todo social) de uma série de condições gerais (talvez caiba aqui uma distinção entre a instituição e suas condições de operação) para que se mantenham

essas relações sociais e se assegure a sua reprrx1ução.nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

remos

assim os serviços de justiça e afins, a polIcia e demais órgãos repressivos, a educação, certos aspectos

dos organismos culturais e de lazer, a previdéncia social nos seus aspectos de

"seguro-desemprego" etc.(6JzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

A penetração e desenvolvimento do Modo de Produção Capitalista trouxe

uma enorme e substancial transformação na estrutura econômica então vigen-te.ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

a ) Antes do M.P.C.(9), as condições de apropriação eram asseguradas, na

sua maior parte, no âmbito individual, através do trabalho individual, isto

tanto em relação às unidades produtivas quanto

à

população

consumido-ra. Depois do M.P.C., as condições passam para o âmbito coletivo, produ-zidas coletivamente e se tornam, portanto, socializadas. Além disso, a divi-são técnica e social do trabalho opera também na esfera da produção des-sas mesmas condições. agora já gerais. São gerais porque socializadas, produzidas coletivamente, geridas e consumidas dentro de regras, normas e leis. A busca de maiores lucros, na economia capitalista. eXige eficiência e, obriga a um processo mais dinâmico na passagem dessas condições

ne-cessárias à Produção e ao Consumo. Então. na esfera da Produção,

pe-quenas firmas famíliares vão gradualmente se restringir à prestação de ser-viços de menor valia, tornando-se cada vez mais insignificantes, até serem absorvidas no urbano coletivizado. Elas sobrevivem, com reduzido pessoai

especializado. realizando tais serviços por contrato. A partir desse quase

anonimato. algumas vezes se remanejam. se adaptam, crescem e vao se colocar ao lado de firmas maiores, ou de cadeias de firmas. tornando-se

economicamente independentes.KJIHGFEDCBA

b ) Antes do M.P.C., havia uma ligeira tendência à aglomeração dos meios de

produção. Porém, depois do estabelecimento definitivo do M.P.C., essa

ten-dência tornou-se enorme, decisiva, avassaladora. Essa aglomeração

generalizou-se, englobando unidades produtivas, força de trabalho da

po-liulação, potencialidade de consumo e, até mesmo das condições gerais.

E evidente que, em se concentrando os meios de produção e a população,

se concentrassem também, as condições gerais de apropriação.

Em face dessa concentração, pode-se adotar determinadas economias de

escala, na distribuição dessas condições e assim fazendo, estabelecer para

is-so um sistema e uma forma. A aglomeração é produto de umaóticajihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA1para que

concorrem vários fatores, como condiçoes geográficas, políticas e

economi-caso Assim sendo, ela poderá ocorrer sempre que esses fatores se apresenta-rem de maneira propícia e oportuna.

A passagem das condições gerais, do âmbito individual para o coletivo, que não se dá em bloco, mas quase sempre de modo gradual e lento, faz caducar o velho urbano e surgir, com vitalidade e força. o novo urbano com outra esca-la e dimensão.

(8) CAMARGO &LAMPARELLI &SILVA GEORGE. Op. Cit.(1).

(9) M.P.C. "Modo de Produção Capitalista".

(18)

1 .2 .2 . O

ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAU R B A N O E

O

M O D O D E P R O D U Ç Ã O

C A P IT A L IS T A N O E S T IL O M O N O P O L IS T AjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

o

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAM.P.C. evolui do estágio concorrencial para o estágio monopolista. Este

estágio se caracteriza pelo aparecimento de grandes unidades e complexos

de produção, gerenciados por um capital financeiro, que realiza operações de

grande valor no âmbito nacional e no internacional e, vai sempre à busca de

novos mercados. Para levar adiante tão gigantesca empreitada, tais organiza-ções procuram amparo e apoio do Estado, com o qual muitas vezes dividem

a responsabilidade. Conforme o pensamento de Lojkine:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"O Estado perde desde então a universalidade e a perenidade abstratas, que lhe am· buíam as filosofias polfticas idealistas, de ?tatão a Rousseau ou Hegel, oara tomsi-s« uma forma social histórica, intimamente ligada ao modo de produÇÉo que a gerou. É assim que o Estado capitalista aparece como a expressão acabada e condensada da principal contradição, que caIt1cteriza o modo de produção capitalista. a <saber, a contradição entre o desenvolvimento das forças produtivas - sua "socialização" - e a natureza mesma das relações de produção - a separação entre produ/ores e seus meios de produção, a exploração do trabalho assalariado pela ciasse dos pro-prietários do capital."nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA(1111

o

consumo de massa é conseqüência das necessidades de realização do

capital monopolista e das lutas sociais dos trabalhadores, mobilizados por me-lhores condicões de vida. O consumo de massa se desenvolve em dois níveis:

1) dos bens privados de mercado, por meio de aumentos relativos de salá-rios;

2} dos

"bens públicos",

por meio de uma crescente intervenção do Estado,

na sua Produção. Os canais de distribuição não só aumentam, mas

tam-bém se racionalizam.

Ainda, como escreveu Lojkine:

"A intervenção do Estado aparece, por sua ~, como a forma mais desenvolvida da socialização capitalista. depois da sociedade por ações e do monopólio ... e tsm-bém, a novidade da forma estatal, em relação ao monopÓlio: passa·se da produção de um ramo industrial, para a regulação do conjunto da sociedade, pelo representante oRcial da sociedade capitalista: o Estado.'f11}

(10) LOJKINE, Jean. "O Estado Capitalista e a Questao Urbana". Martins Fontes, 1981. p.92

(11) LOJKINE, Jean. Op. Cit.(10)

(19)

1 .3 . E S T R U T U R A D E C L A S S E S S O C IA IS E

R E P R O D U Ç Ã O D A F O R Ç A D E T R A B A L H O

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Temos a considerar que a comunidade abrange um número indefinido de

classes sociais, relacionadas entre si, como se referia Chombart de Lauwe:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

':45 teorias marxistas mostrarolT1a importAncia da ligação entre as transformações económicas e a aparição da evolução das classes sociais, bem como das oposições e do fato da dominação, que desempenham um papel capital na evolução das estrutu·

ras. No entanto, o próprio termo cJasss social não é utilizado da mesma maneirajihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

pe-los sociólogos, que insistem prBferencia1met sobre a classe estudada como um grupo social (a faml7ia, a empresa, certos grupos locais e certas associações). Mas, muitos outros autores, partindo de dados teóricos diferentes, substituíram as antigas corpo-rações e outros grupos tradicionais por grupos de expressão, criados voluntariamente para exprimir aspirações ou reivindicações (sindiC3los, partidos polfticos, juventude, grupos religiosos, C1J/turaisou de lazer etc.pZI

Essa multiforme sociedade pratica a apropriação dos Meios de Consumo,

particulares e coletivos. Essa apropriação se processa por várias práticas, com

as quais, nas quais e pelas quais, se opera a reprodução da força de trabalho.

Essas práticas, das quais resulta a reprodução da força de trabalho, devem

ser analisadas com atenção. porque aíérn de haver vários Meios de Consumo,

há também vários tipos de relações sociais de Consumo. Entre os diferentes

Meios de Consumo, distingüe-se os de propriedade particular, social e

públi-ca. Entre as diferentes relações sociais de Consumo, há as que contemplam

o valor de uso do objeto e as que avaiiam a possibilidade de utilização social

desse objeto.

Aqui temos que destacar como prioritária a utilização de equipamentos e

ser-viços colenvos. São equipamentos: Creches, Pronto-Socorros, Escolas,

Hospi-.1 tais etc. São serviços coletivos: Abastecimento, Transporte, Saneamento etc.

Na versão de Lojkine, vemos o seguinte:

"Se tentássemos agora retomar de maneira sintética os diferentes critérios que espe-cificam os meios de consumo coletivos, poderfamos adiantJrnmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

tres

características prin· cipais, que distingúem meios de consumo coletivos e meios de consumo individuais:

a) O valor de uso é coletivo, no sentido em que se dirige nãoa uma necessidade particular de um individuo, mas a uma necessidade social, que só pode ser satisfeita coletivamente: por exemplo, os transportes coletivos de passageiros, a assistAncia hospitalar ou o ensino esaJlarsão valores de uso coletivos no sentido em que se dirigem ao consumo de uma coletividade social e - ou - territorial (estratos sociais definidos por sua renda, e ainda, classes sociais cuja modo de consumo está ligado ao lugar no processo de produção e de reprodução do capital~

(12) CHOMBART DE LAUWE. Paul·Henry. "A Organização Social no Meio Urbano". Traduzido do "Manuel de

Socio-logie Urbaine", UNESCO. in "Fenômeno Urbano", organizado por OtaviO Guilherme Velho. Zahar. 1979. p, 115-119.

(20)

Assim, a relação direta e imedia/;J "gasto de renda-compra de mercadorias-consumo individual de seu valor de uso" ásubstituiria, nos meios de consumo coleüvos, por uma relação indireta entrejihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAoconsumo de seu valor de uso eo momento de serem postos à v-enda,de sua apresentação no mercado. Ora. essa particularídade vem da

socialização do processo de consumo - correlativanmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAàsocialização do processa de produção - que tende a substituir a relação direta entre proprietários privados de

mercadorias (Iivre-cambistas) por uma relação muito mais complexa fundada ou em diferentes formas de propriedades sociais dos meios de consumo, ou em diferentes formas de consumo coletivo de seus valores de uso (transportes coleüvos, ensino

coletivo, medicina de grupo, centros de saúde, cantinas, etc.); estas formas de consu-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA mocoletivas substiPJem

as

formas de consumo individuais (transportes individuais,

aulas particulares, medicina liberal, etc.) na medida em que elas permitem mais res-ponder globalmente a necessidades suscitadas pela sociedade (economia de tempo de-transporte para toda a coletividade graças aos transportes coleüvos; economia de despesas de consumo e aceleração do ritmo de distribuição de S8I'Iiços para toda uma coletividade por sua gestão e sua prestação coletivas etc.).'f131

Além dessas 'relações sociais de consumo, que visam o uso do objeto Ihá

outra que é a apropriação real, para satisfazer exigências objetivas da

repro-dução da força de trabalho. Esta apropriação engloba um dos aspectos mais

delicados desta questão: até que ponto o dinheiro público deve ajudar, direta

e indiretamente, a acumulação do capital e, até que ponto deve ser

efetiva-mente alocado ao consumo social? Quando se dá a esta pergunta uma res-posta inadequada, deve-se encarar o risco provável da exploração indireta dos

trabalhadores, assalariados ou não.

Outro aspecto, também delicado, é pôr de um lado cada classe social e o produto social do seu trabalho e de outro, o que recebe em valor e acesso aos consumos coletivos. E ao Estado, que cabe determinar o equilíbrio e a jus-tiça dessa relação, o que, quando não acontece, torna o Estado suporte da exploração indevida. Assim, Preteceille analisava este item:

"O confronto Estado/usuário e a forma como o Estado intervém nas questões de re-produção da força de trabalho, tal como pelo "salálio indireto" e estímuloà acumula-ção privada de capital, servem como exemploàposição do Estado contemporâneo como articulador das contradições inerentes ao processo de formação e às relações de classe.'f14}

Primordial também é considerar que, a distribuição social dos consumos co-letivos, jamais poderá ser avaliada. A divisão quantitativa das formas socializa-das de consumo, não é o fator principal da melhoria do nível de vida; mas,

complementada e suplementada pela divisão qualitativa, ela se torna decisiva

na melhoria do modo de vida.

Para complementar estas observações, resta-nos acrescentar um

comentá-rio acerca de outra prática social da reprodução da força de trabalho, ou seja,

(13) LOJKINE, Jean. Capo li, Op. Cit.(10), p. 132-133.

(14) PRETECEILLE. Edmond. Op. Cit.(S)

(21)

"salário".

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAO capitalismo estabeleceu que os salários não podem ser inferiores ao custo da reprodução social da força de trabalho, mas não podem compro-meter a reprodução capitalista. Também estabeleceu, que a reprodução da força de trabalho, pode ser feita através da população formada no seu interior.

No entanto, o desenvolvimento do Capitalismo, tradicionalmente se

proces-sou pelo recrutamento sistemático de elementos formados fora das áreas de

produção, provenientes das faml1ias, ou seja, o trabalhador autônomo e livre

de vínculos empregatícios. Assim, a faml1ia das classes trabalhadoras é uma

associação alicerçada em relações domésticas de reprodução e capitalistas de produção. Essa simbiose, que nutre a faml1ia operária, é a situação permanen-te, com que se defronta o Capitalismo, quando forçado a recorrer à produção

doméstica, como meio de reprodução da força de trabalho. SejihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé verdade que a força de trabalho e o trabalhador livre, escapam às normas da produção

ca-pitalista, também é evidente que ambos são produzidos dentro de sua órbita e sob o seu domínio. Na opinião de Marx, temos o seguinte:

"O consumo do trabalhadornmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAéduplo. No ato da produção, ele consome, por seu tra· balho, meios de produção a fim de convert~/os em produtos de valor, superior ao que foi desembolsado pela Cdpital. 8s oseu consumo produüvo, queéao mesmo tempo, consumo de sua força peJo capitalista, ao qual ela pertence. Mas o dinheiro fomecido paraacompra dessa forçaégasto pelo trabalhador em meios de subsistén· cia, eé o que forma seu consumo individual. O consumo produUvo e o consumo individual são, portanto, perfeitamente distintos. No primeiro, o trabalhador age como força motriz do capitalepertence, ao capitalismo. No segundo, ele pertencea si mes· mo e reaJizafunções vitais, fora do processo de produção. O resultado do primeiro,

éa vida do Gapital. O resultado do segundo é a vida do operário.'flS }

A força de trabalho, vista como uma mercadoria, tem um valor determinado:

é avaliada pela quantidade de trabalho necessário, para produzir os bens

in-dispensáveis à sua manutenção. As mercadorias, pagas com a quantidade de trabalho produzido, são geralmente assim inventariadas: cesta básica de man-timentos, vestuário, moradia, despesas de saúde, de instrução, de profissiona-lização etc. A lista varia, de país para país, atendendo peculiaridades, tradição ou satisfação de necessidades, ditadas pelas condições sociais de suas popu-lações.

A jornada de trabalho é parcialmente paga pelo salário e parcialmente co-berta por essa remuneração camuflada. O trabalho feito, é sempre menos va-lorizado que os bens produzidos. Apesar disso, a parte paga aparece como preço de uma jornada inteira, enquanto o tempo utilizado e não pago ao traba-lhador, permanece como prejuízo seu. Essas horas trabalhadas e não pagas, são um valor que deixa de ser acrescido aos meios de subsistência do operá-rio e de sua tarmlia; são também um valor subtraído à multiplicação da classe trabalhadora. O trabalhador também não é remunerado, pelas horas extras que

dispensa em condução, em lazer, em alimentação, horas essas em que fica

afastado do lar e da tarnflia, por exigência do trabalho. A esse respeito, vários autores assim se manifestaram:

(15) MARX, Kart. "O Capital". Traduzido de "Le Capital". Paris, Ed. Sociales, Liv.1, 7 .' Seção: "L'accumulation du Capital". Cap.XIII. "La reprodution simple". T.III, p.14

(22)

"A formação das cidades, como parte de um processo funcional para a expansão do capitalismo brasileiro, acabou por implicar na implantação de um padrão de

urba-nização, cujas conseqút1ncias foram, por um ladojihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAoSlJrgimento de car~cias de servi-ços de conSlJmo coletivo e. por outro, o desenvoMmento de formas novas de

espolia-ção das classes populares, no contexto das IJonaiç6es urbanas de exist~cia. 'f161zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

a

trabalhador também fica ao desamparo quando, por necessidade de

pro-gresso profissional, se vê na contingência de mudar de emprego, ou quando

por motivos independentes de sua vontade, se encontra desempregado.

Nes-sas considerações, chega-se à conclusão de que o valor da força de trabalho

deveria ser composto de três parcelas componentes:

• sustentação do trabalhador empregado.

• manutenção do trabalhador temporariamente desempregado.

• substituição do trabalhador pela manutenção de sua descendência.

No entanto, dos três componentes, apenas um é relativamente respeitado:

sustentação do trabalhador empregado. Subsiste a carência- dos dois últimos

componentes: manutenção do trabalhador desempregado e reprodução de sua

força de trabalho. Em outras palavras: o trabalhador desempregado tem

direi-to a manter um padrão de vida digno e decente, mas não tem de quem cobrar esse direito, visto que não tem patrão.

Para essas situações, o Capitalismo não tem qualquer solução. Resta ao

tra-balhador a alternativa de se tornar

"autônomo, eventual ou avulso"

e, por

con-ta própria, prescon-tar serviços remunerados a instituições não sujeitas a relações

sociais capitalistas, ou prestar serviços domésticos a tarmlias, ou trabalhar

pa-ra grupos, cuja economia não os caracterize como

"empresas".

Mas, como

a cada direito corresponde um dever, quando tal situação não resolver o

pro-blema, caberá ao Estado promover a reprodução da força de produção,

mani-pulando recursos sob a forma de pensão, aposentadoria, auxílio-desemprego,

salário-família, além da prestação gratuita de serviços, principalmente na área

da educação, saúde e saneamento básico. Com isso, e mais a compra da

for-ça de trabalho imediata. a reprodução da força de trabalho estará sendo

remu-nerada pelo seu justo valor.

a

Capitalismo deixa ainda sem solução outros problemas urgentes, como

o sub-emprego. Acontece que, em período de crise, os trabalhadores não

qua-lificados, mulheres e menores, são os primeiros (mas não os únicos) a serem

violentamente atingidos pela recessão. Eles não têm nem mesmo a

possibili-dade de um emprego ou deum salário. Ficam

à

mercê de serviços sem maior

valia, contratados sem proteção da lei, sem regulamento nem garantia. Eles

não sabem para qual tarefa são admitidos, qual a duração do serviço, nem

qual é a sua real remuneração. Nessas condições, premida pela necessidade,

a tarmlla trabalhadora investe pesadamente na produção da força de trabalho,

sem perspectiva de compensação, porque para essa sua mercadoria única,

não há entre eles nenhum comprador.

(16) CAMARGO, Cândido Procópio Ferreira de. "São Paulo. 1975: crescimento e pobreza". S ."ed. São Paulo, Loyola, 1976. Especialmente o Capo "A lógica da desordem". Os autores sustentam que os problemas urbanos a que são submetidos os trabalhadores, por exemplo, que têm que gastar 4 ou 5 horas no trajeto de ida e volta do traba-lho. se constitui em fatores de verdadeira dilapidação física da força de trabalho que, assim, além de ser explorada como Produtora de mais valia, é explorada também pelas "distorções" que emergem na vida dos centros urbanos. p.21-63

(23)

Aí surge, para o Capitalismo,

excelente oportunidade

de realizar negócios

muito rendosos: a classe trabalhadora, se sujeitando aos preços aviltantes, vende

ao capitalista a baixíssimo preço, uma mercadoria que, para o capitalista, é

ex-tremamente

preciosa. A economia capitalista se expande e cresce, pagando

pouco para comprar e cobrando

muito para vender. Eis aí, como e porque,

a reprodução

da força de trabalho (espezinhada e interposta entre as classes)

vai se tornando objeto de conflitos, distanciando os grupos, criando

incompreen-são, insatisfação, tensão social. Nessas condições, a solução das questões

so-ciais, torna-se cada vez mais problemática

e mais difícil.

Há outro aspecto, que não queremos omitir: injustiça na apropriação dos bens

de consumo. Mesmo não havendo crise nem recessão, a economia capitalista

(sem ótica social) oprime, explora de modo especial, alguns segmentos da classe

trabalhadora:

estamos nos referindo aos imigrantes, mães de famJ1iae

meno-res. Os imigrantes são discriminados;

as mães de famJ1iarespondem

por uma

jornada dupla de trabalho, com uma remuneração

insuficiente e indigna; e os

menores são marginalizados, desassistidos, sem escola nem profissionalização.

Estes segmentos, já tão sacrificados em tudo quanto diz respeito a salário, são

também ir)justiçados no tocante à sua

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAapropriação

dos

bens de consumo.

Aqui

também a intervenção

do Estado se torna urgente, inadiável, indispensável,

cada vez mais abrangente

ou diversificada.

ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1 .4 . A T U A Ç Ã O

D O P O D E R P Ú B L IC O

A sociedade brasileira eatá vivendo um período de transição; tendo deixado

o mode de produção capitalista monopolista.

está evoluindo para um medeio

de cunho socialista. que não deve ser confundido

com comunismo.

Caminha-mos pois, do capitalismo para o socialismo. DesejaCaminha-mos aqui analisar o que

es-tava sendo o papel do Estado, na fase que se encerra e o que deverá ser o

seu desempenho

a partir dessa mudança.

O que vai mudar? Para que essa

mudança?

1 .4 .1 . M o d o C a p ita lis ta d e P ro d u ç ã o M o n o p o lis taKJIHGFEDCBAe o

E s ta d ojihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

o

M.P.C.Monopolistaadministravaa Produçãocom autoridadeabsoluta,poderexclusivo,era

por assimdizero

"dono". Pagavamal a força de trabalho,a qual mantinhasob contr.oleà custa

do poderioeconômico.Excluíado seu campoa médiae pequenaempresa,que se vla~

relega-das a um planototalmenteinsignificante.Além disso,para manteros custosas~onômlcos.dos

seusencargos,associava-se

ao Estadoe, tão logo pudessedispensaressapar~e~la,

~elase

liber-tava.Outrasvezes,usandoo podereconômico,encampavauma empresapublica,

montada,

funcionandoe privatizava-lhe

os lucros.Emrelaçãoa essemonopolismo,o Estadocomoortsvase

comoum parceiro:não estatizavaas'empresase, quandosócia,não participavade sua

admínis-tração.

(24)

o

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Estado não governava a Produção. Mas ocupava os espaços vazios do

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"urbano",

quando

surgiam, por omissão ou desinteiesse das grandes empresas. Na função de ocupar os espaços

assim abandonados, o Estado protegia e socorria a média e pequena empresa,

salvaguardando-lhes um lucro razoável, defendendo o valor da mercadoria por elas produzida e reduzindo-salvaguardando-lhes

o custo produção.

.

Pa~a isso, o Estado penetrava na área do Consumo, oferecendo

à

força de trabalho,

facili-dades

tas

como: equipamentos e serviços públicos. O Estado penetrava também na área do

sub-empr8Q.o, levando a esse mundo super carente, uma infraestrura capaz de lhe proporcionar

a reprodu9ao das, forças de trabalho e sua iniciação na apropriação dos bens de consumo. O

Estado retirou mUita gente do sub-emprego, habilitando-a a montar pequena empresa e,

aumen-tou a força de trabalho. Nos casos de conflitos sociais, o Estado aparecia como elemento

mede-rador, conciliador, pacificador. Seu comportamento

era visivelmente paternalista. Como se vê

o objetivo principal do Estado nessas conjunturas, era apoiai tanto a

Produçãc

quanto o Consu:

mo; pro,mover a reprodução ampliada de ambos, favorecer-lhes a manutenção e incentivar-lhes

o

crescm ento.

Conforme o pensamento de vários autores, vemos:

"Caracteriza·se essa nova fase do urbano por uma crescente intervenção do Estado na esfera do acondicionamento, gestão e provisão das condições gerais, tanto para a produção como para o consumo, ou seja, para a reprodução ampliad:1 do capital e da força de trabalho. Essa intervençãonmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé causada par múltiplas razões. Neste está· gio de desenvolvimento do M.?,C . embora o problema da bajxa tendencial da taxa de lucro se ponha ajnda, vem juntar·se a ele o prOblema da realização do valor mate-rialização nos produtos. Nas suas intervenções o Est4do visa atingir um triplo objeti-vo: 1,°)contrariar a bajxa tendencial da taxa de lucro; 2.°)facilitar a realização do valor e 3.°) minimizar os connitos sociajs. 'fl7 )

O Estado mantinha então três preocupações:

1)

garantir o lucro (fomentar a Produção);ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

2 ) aumentar a reprodução das forças de trabalho (incrementar o Consumo);KJIHGFEDCBA

3 ) evitar conflitos sociais.

Para garantir o lucro das empresas era preciso dar poder aquisitivo ao consu-midor. Para isso, o Estado punha em prática várias medidas: dava às classes trabalhadoras acesso fácil, a bens e serviços públicos; dava-lhes também cré-dito fácil com juros baixos e prazos longos; mantinha-lhes o custo de vida em patamares compatíveis com os seus salários; reduzia-lhes a tributação etc. Com

essa poupança, o poder aquisitivo dos consumidores aumentava e a

comer-cialização da Produção era muito facilitada. Além do mais, depois de se haver suprido das primeiras necessidades, o consumidor se interessava pela aquisi-ção de novos bens, não essenciais, nem urgentes. A busca desses bens,

am-pliava o campo da Produção e aumentava-lhe os lucros.

À medida em que a classe trabalhadora aumentava a sua apropriação real

dos bens de consumo, reduziam-se as tensões e os atritos, apaziguavam-se

os ânimos e os conflitos. Concomitantemente, o Estado se tornava um grande

e importante consumidor. Para garantir-lhe os suprimentos, surgiam novas em-presas, proliferavam novos empregos. Para incrementar novas atividades, ha-via de ter mão-de-obra especializada, inovação, desenvolvimento e progresso.

(17) CAMARGO & LAMPARELLI & SILVA GEORGE. Op. Cit.(1) p.9RQPONMLKJIHGFEDCBA

(25)

A padronização da Produção e a estabilização da Produção e do Consumo, a um nível médio, ajudaram a consolidar a classe média (alicerce dessa

estru-tura). O custo dos bens de consumo era proporcional ao poder aquisitivo do

salário médio e, a qualidade das mercadorias comercializadas

corrssponcla

ao conceito de bem viver dessa ciasse média assalariada. A quantidade e di-versidade dessas mercadorias também satisfazia às necessidades dessa po-pulação, que constituía a maioria da força de trabalho. Esse equilíbrio trouxe à sociedade menos conflitos e mais paz.

A presença do Estado foi tam bém atuante nas camadas mais carentes das

classes operárias. O Estado pôs, à disposição desses trabalhadores,

equipa-mentos urgentes de primeira necessidade, tais como: maternidades, creches, escolas, saneamento, hospitais, etc ... Também não se omitiu na produção de

bens públicos, como usinas, ferrovias, rodovias, pavimentação, etc ... Graças

à essa infraestrutura, puderam ser levados até esse povo afastado e carente, serviços públicos importantes como: gás, luz, coleta de lixo, transporte, telefo-ne, correios etc. Isto provocou a imediata melhoria do nível de vida dessas

co-munidades. O texto de Castells, em outros termos, reforça o exposto: 'zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"É neste sentido que dizemos que o essencial dos problemas quejihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAse consideram urbanos estão. de fato. ligados aos processos de "consumo coletivo", ou ao que

os marxistas chamam de organização dos meios coleilvos de reprodução da força de trabalho. IstonmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé.dos meios de consumo objelivamente socializados e que. por ra· zões históricas específicas. são essencialmente dependentes. por sua produção. dis; tribuição e gestão. da intervenção do Estado. Esta não éuma definição arbitrária. E uma hipótese de trabalho que pode ser verificada pela análise concreta de sociedades capitalistas avançadas. nas quais nos temos fixado.'f13}

Pequenas cidades, escondidas

à

sombra dos grandes centros, foram também muito

beneficia-das pela atuação do Poder Público. Tal qual um pioneiro, o Estado foi o primeiro a chegar, a

construir, a fazer funcionar o empreendimento produtor. Depois de vê-lo consolidado, o Estado

se retirou, confiando sua manutenção e desenvolvimento

à

iniciativa privada. Porém, a rede

urba-na aglutinou esse empreendimento e, cobrindo-o, pôs

à

disposição da cidade, a apropriação dos

bens de consumo, frutos da agricultura, comércio e indústria. Alguns autores, enfatizaram este

tema:

"Na esfera do consumo, estavam no âmbito da unidade familiar todas (ou quase) as condições necessárias àreprodução de seus membros: água (poços), energia

(le-nha ou carvão apa(le-nhados na natureza pelos próprios), saneamento (fossa negra ou estrumeira própria), alimentação (angariada e preparada individualmente "8muitas

ve-zesde produção própria), transporte (a pé ou por meios próprios) etc. Em seguida, essas condições são gradualmente coletivizadas: água passa a ser coletada e distri· bufda por grandes redes hidráulicas; energia é gerada e distribuída por companhias; saneamento érealizado por sistemas gerais; alimentação passa a ser distribuída por lojas, produzida por grandes firmas e muitas vezes até preparada por restaurantes

e refeitórios, instalam·se transportes coleilvos etc.<l9)

(18) CASTELLS. Manuel. "AQuestão Urbana".Posfácio. Tradução de "La Question Urbaine". Paris. Maspero. 1977.

p .4

(19) CAMARGO & LAMPARELLI & SILVA GEORGE. Op. Cit.(1) p.7RQPONMLKJIHGFEDCBA

(26)

Concluindo. lembramos aqui o que diziam os sábios da Antiguidade:

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"o último dia do triunfo

nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

é

o primeiro dia da decadência. " Assim, depois de ter dominado todas as forças da produção,

contando com o apoio incondicional do Estado, o M.P.C. monopolista foi vencido pelo

gigantis-mo de sua própria criatura. A Política, que

jihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé

o conhecimento, o manuseio e a administração

da coisa pública, cresceu

dentro, junéo e mais do que o "urbano", até então constituído. Dentro

em pouco, ela foi também absorvida pelo

"novo urbano", recém estabelecido e, dentro dele,

se tornou um complicador, um fator novo, a verdadeira realidade das relações sociais.

Abriram-se novas perspectivas buscando soluções, mudanças e novos rumos. A estrutura econômica,

alicerçada no

"novo urbano", entrou de imediato num período florescente de transição.

ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1 .4 .2 . A tu a ç ã o d o E s ta d o

KJIHGFEDCBAn o

P e río d o d e T ra n s iç ã o

.Na opinião, sempre conceituada, de Caste!ls, verificamos que:

'" "não se deve interpretar a evolução descrita de modo linear. Há inflexões históricas consideráveis em função da relação de forças entre as classes, de suas orientações, conflitos a alianças. '!<!lI

o

conceito monopolista do modelo capitalista extrapolou os limites da Economia e,

incutiu na mentalidade popular, alguns dos seus princípios básicos, entre os quais a

convicção de que

"quem paga manda" e "quem manda pode". Assim cresceu o

autoritarismo do Estado, absorvido pela aceitação (ou conformismo) popular. Assim se

firmou a crença de que o poder discrecionário do Estado era um direito. Acreditando que

"quem produz é dono", o Estado era visto como legítimo senhor dos meios coletivos de

consumo. Estava assim implantada a ideologia dominante, avassaladora, lei soberana que

regulava o processo de reprodução das relações sociais.

A ideologia regulava também as relações interpessoais. Assim, por exemplo, num

equipamento coletivo estatal como a escola, manifestava-se autoritarismo entre mestre/aluno;

num hospital entre médico/paciente; numa Repartição Pública entre funcionário/público.

A

ideologia manifestou-se também na ocupação do espaço urbano, por parte do Estado.. As

iniciativas particulares se encolheram, enquanto a presença estatal aumentou muito:

tornou-se maior e mais importante; a socialização do urbano assumiu um perfil estatal. Os

serviços públicos, muito ampliados e diversificados, tinham uma organização muito

semelhante

à

das grandes empresas capitalistas e, eram administrados com a mesma

mentalidade autoritária. Conforme o pensamento de alguns autores, temos que:

"O urbano tal como éentendido aqui passa cada vez mais para o àmbito do Estado, e a socialização mencionada acima passa a assumir crescentemente uma forma estatal. Esta socialização dá-se no àmbito do desenvolvimento do M.P.C. no seu estágio de capitalismo monopolista e, portanto, nãoéde admirar que o M.P.C. penetre também a própria práUca estatal de prOdução dos bens e serviços socializados. Nada, ou muito pouco, distingue hoje em dia no caso brasileiro a práUca e organização de uma SABESP ou CESP das de uma firma privada qualquer.'!2IJ

(20) CASTELLS. ManueL "Crise do Estado. Consumo Coletivo e Contradições Urbanas". In "O Estado em Crise".

Coletâl1ea organizada por Nicos Poulantzas. Rio de Janeiro. Graal. 1978. p.167

(21) CAMARGO & LAMPARELLI & SILVA GEORGE. Op. Cit.(1) p.10RQPONMLKJIHGFEDCBA

(27)

A ideologia manifestou-se também na Ação do Poder Público sobre o

nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"úttxno".

Os

objetivos estatais são impostos com autoritarismo. Assim, por exemplo, o Estado se propõe

a produzir um bem público, digamos uma linha de metrô. Essa linha de metrô está de

acordo com as metas estatais: favorecer a Produção e o Consumo, amainando tensões

.

entre as classes sociais. A população não

jihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé

consultada, nem são ouvidos os seus

representantes. Então, as instalações são construídas pelas empresas privadas, porque

integram a parte

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"Produção";

já o funcionamento (custo e administração) fica por conta do

Estado; o resultado, que

é

o transporte popular rápido, eficiente e barato,

é

partilhado entre

a Produção (que emprega uma força de trabalho melhor servida, melhor transportada) e a

Força de Trabalho (Consumo), que se apropria da utilização de um bem de consumo de

melhor qualidade e em melhores condições. O poder político (administração, decisão,

domínio da coisa pública) nas mãos do Estado, aumentou de tal forma que já começa a

comprometer a estabilidade do modelo capitalista monopolista.

Enquanto o monopolismo tenta administrar o poder, o prestigio e a autoridade política do

Esta-do, este disputa com o monopolismo mais espaço e mais ação. O monopolismo está interessado

em usar o Estado como seu instrumento, aplicando o poder do Estado para

amentsr

os lucros

de suas empresas; quer também carrear para as suas empresas mais dinheiro dos cofres

,públi-cos. Mas o Estado, que está também administrando os interesses da força de trabalho, procura

se libertar do envolvimento do monopolismo, procura atender às reivindicações das classes

ca-rentes e, acaba tomando partido nas lutas, que se travam entre o Capjtal e as forças

trabalhado-ras. Sobre esse tema, expressou-se Castells:

"Isto éainda mais importante na medida em que a intervenção do Estado no consu-mo coletivo politiza oconjunto das contradições urbanas, transforma oEstado naque-le que ordena os equipamentos da vida cotidiana, globaJiza e politiza os conflitos que surgem nesta esfera. Determinada pelas contradições capitalistas na reprOdução da força de trabalho e modulada pela luta política das classes subjacentes às políticas estatais, a intervenção do Estado no urbano, que se queria um elemento regulador, toma-se uma nova fonte de contradições e de conflitos a nível do conjunto das cama-das populares. Assim, exprime eao mesmo tempo, acelera a crise do Estado capita-lista.'!22l

Dentro da própria área estatal ocorrem conflitos, porque enquanto há organismos públicos

criados para servir a Produção, os há também para servir o Consumo e, há também os

encarre-gados de gerir os meios coletivos.

ZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1 .4 .2 .1 . T ra n s iç ã oZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAn o B ra s il

Esse período de transição no Brasil, engloba aspectos interessantes:

A •

A tradicional hegemonia do Campo sobre a Cidade feneceu sob o

concei-to desse Estado onipresente e poderoso, cujo poder era sediado nas grandes capitais. Sem que houvesse aniquilamento dessa influência ruralista, sem

anta-gonismos nem conflitos, a acumulação industrial suplantou a hegemonia do

campo. O Estado foi obrigado a se reorganizar para enfrentar essa nova con-juntura;

. B •

O Estado adota postura totalitária: totalitária porque engloba o campo e as cidades; totalitária porque se envolve com os problemas de todas as fontes

(28)

de produção e as forças de trabalho e com as implicações que eles trazem às relações sociais. Totalitária porque tem a última palavra nos conflitos sociais e, porque faz as leis para tudo e para todos, mas a elas não se submete. A ideologia autoritária encarnpada por Getúlio Vargas vai depois se transformar nazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"ideologia de Estado";

jihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

C -

Mas o Estado não tem um programa político: não governa a favor de

ne-nhuma classe em especial e também não impede a influência ascendente do poder industrial. Enquanto isso, aglutinam-se grupos, principalmente na classe média, interessados na criação de mecanismos capazes de intervir social e po-liticamente e, a favor de seus próprios interesses: eles pleiteiam a ampliação dos direitos básicos da cidadania. Cria-se um novo cenário de conflitos: de um

lado o poder indústrial

=

que -esta satisfeito com a situação - e de outro lado,

grupos - que se encaminham para a contestação e reivindicação. Nessas lu,

tas de contestação e reivindicação está implícita e já plantada a semente da

democracia, que é na realidade

"um experimento de democracia";

(23)

D -

O Estado não tem aspirações políticas, mesmo porque possui tudo e nada

tem a ambicionar. A burguesia industrial, fortalecida pela hegemonia

sócio-econômica, é insensível aos clamores democráticos. As massas urbanas

mo-bilizadas, vão aos poucos se conscientizando dos seus problemas, força e

di-reitos. No caso brasileiro, o novo grupo que ascende ao Poder, no após-30, traz consigo suas origens burguesas ou pelo menos a consciência da

necessi-dade de incentivar no país, um desenvolvimento capitalista. Os impulsos a

es-se dees-senvolvimento não implicavam uma efetiva

"revolução democrática"

co-mo as revoluções burguesas dos séculos XVII e XVIII, na Europa. Numa tenta-tiva de implantar essa

"ordem burguesa",

partiu-se para uma concepção da sociedade, que percebia as classes populares como um problema a ser

en-frentado.es:

E -

Nesse cenário extremamente propício, criado mesmo a propósito, surgiu

o

"tenentismo".

Eram os tenentes sensíveis aos clamores do povo, pois eram oriundos das camadas populares; eram a força de sustentação do Estado, em

cujo nome atuavam; tinham ascendência sobre todas as classes, porque

re-presentavam o autoritarismo e o Estado totalitário e, personificavam o

"cidadão-médio"

da sociedade brasileira. Aglutinaram sob a sua liderança a massa

des-contente e a maioria da classe média, propondo-lhes solução para seus

pro-blemas políticos, econômicos e sociais. Coube a Getúlio Vargas - líder do

te-nentismo - a tarefa de organizar politicamente essa massa dissidente e

extre-mamente insatisfeita;

F -

O Nacionalismo - bandeira de Getúlio Vargas - surge como alavanca

para levantar a força populista, arregimentá-Ia em torno desse novo Chefe e, dar-lhe o poder necessário-para substituir o autoritarismo pela ideologia de

Es-tado. Abaixo. vemos o pensamento de Moisés:

(23) SKIDMORE, T. "Brasil: de GetúlioaCastelo"· Ed. Saga, Rio de Janeiro, 1969. O Ululo original do trabalho é

"Polites in Brazil, 1930-1964. An experiment in Democracy" - Alguns intelectuais brasileiros reagiram a essa

de-signação de Skidmore, considerando-a, de certa forma, uma intromissão estrangeira em uma questão de

interpre-tação da História Brasileira Independente do juízo que se faça da avaliação feita por Skidmore, parece que se

faz necessário reconhecer a contribuição historiográfica da democracia brasileira entre 1945 e 1964, tarefa que

poucos autores nacionais realizaram.

(24) MOISÉS, José Álvaro. "Classes populareseprotesto urbano". São ·Paulo. USP, Tese de Doutorado FFLCH da

USP, 3 vols.. 1976. p. 56 e 57

(29)

"E, se essas consequências ideológicas se refletiam de maneira mais imediata no

plano da poiítica, ou seja, no plano das decisões quenmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

setvsm

para imprimir um rumo às mudanças aúe afetavam o conjunto da sociedade, isto não excluia também, que

esse processo tivesse dado ensejo, à formação de novas categorias sociais, que se-riam, exatamente, os portadores daquela ideologia. Como se sabe, é a partir dessa época que começa a se expandfr'a bUíOcracia estatai brasileira, oue viria a jogar papei de alguma import~ncia na articulação de setores da sociedade civil nas fases subse' quentes. Talvez o melhor exemplo disso tenham sido as iniciativas formadas por essa

burocracia estatal, após a democratização, com a criação de partidos comojihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAo PTB e PSD, surgidos dentro do aparelho do Estado e que envolveram altos funcionários

do Estado, como Marcondes Filho e Segadas Viana, para não falar do próprio Var-gas".(25).zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

A organização

do novo Estado, provocou

o surgimento

de uma classe

dife-renciada:

a burocracia

estatal. O Estado e a burocracia

cresceram

juntos: o

Estado aumentou

o seu poder e a burocracia

aumentou

a sua autonomia.

O

fato dessa burocracia

ter nascido e crescido

dentro de um sistema capitalista,

foi um fenômeno

comum:

por via de regra, os funcionários

do Estado

Capitalis-ta não eram recruCapitalis-tados

nas classes dominantes.

Era também

previsível,

num

processo

de desenvolvimento

como este, que a classe burocrática

acabasse

ocupando

o lugar da classe dominante.

Era também

normal,

qI.J8 os líderes

dos setores ligados

ao tenentismo,

fossem eles civis ou militares,

passassem

a liderar a vida política, social e econômica

da comunidade,

como verdadeiros

expoentes

da classe burocrática.

O que foi peculiar,

dentro do movimento

te-nentista foi que, tendo ascendido

ao poder, passassem a agir e a governar com

a mesma mentalidade

elitista e autoritária,

que tanto haviam combatido

e

criti-cado. Sob o ponto de vista de Moisés, a questão

é a seguinte:

"Não há portanto grande novidade no fato da revolução de 30 ter representado o ponto de "declanche" para a constituição de uma camada burocrática formada à ba-se dos ba-setores ligados ao tenentismo militar e civil. Oque merece atenção, entretanto, segundo o nosso ponto de vista, éofato de que esse processo de formação da mo-dema burocracia brasileira, tenha reforçado as tendências e/itista e autoritárias, que tinham emergido no quadro da crise oligárquica e tenha influído, dessa forma, na instauração e funcionamento do regime democrático do após·guerra "J26}

Nestecontexto, observamosque o EstadoTotalitário cria a burocracia estatale, esta

adminis-tra não só a economia, mas também as atividadespolítico-sociaisdas classes subalternas.São

órgãos estataisque governama economia,mas é o Ministério do Trabalhoque controla os

sindi-catos dos trabalhadores.A burocracia estatal assume, por vezes, atitudes paradoxais: elitista,

mas provenientede classestrabalhadoras,ela implanta instituiçõesde caráter

nitidamentepopu-lista: voto secreto, sufrágio universal, garantias sociais etc. Ao mesmo tempo em que ela vem

ao encontro dos anseios populares, ela se fecha, ela exclui, ela discrimina as classes

subalter-nas.

O

seu radicalismo é uma ameaça

à

democracia e cria um clima propício

à

fermentação

de idéias básicas do Movimento de 1964. Para esclarecer, citamos a opinião de Moisés:

(25) MOISÉS, José Álvaro. Op. Cit.(24), p.58 e 59

(26) Ibidem. p.60RQPONMLKJIHGFEDCBA

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