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Professor-artista-professor: materiais didáticos-pedagógicos e ensino-aprendizagem em arte

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Academic year: 2017

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Geraldo Freire Loyola

PROFESSOR-ARTISTA-PROFESSOR:

Materiais didático-pedagógicos e

ensino-aprendizagem em Arte

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Geraldo Freire Loyola

PROFESSOR-ARTISTA-PROFESSOR:

Materiais didático-pedagógicos e

ensino-aprendizagem em Arte

Tese apresenoada ao Programa de Pós-Graduação em Aroes da Escola de Belas da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisioo parcial para oboenção do oíoulo de Douoor em Aroes.

Linha de Pesquisa: Aroes e Experiência Inoeraroes na Educação

Orienoadora: ProPª. Dra. Lucia Gouvêa Pimenoel

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Agradecimentos

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Resumo

Nesoa oese são analisadas e proposoas possibilidades de ampliação do pensamenoo acerca de maoeriais didáoico-pedagógicos para o ensino-aprendizagem em Aroe. Discuoe-se esoe oema a paroir de ponoos de visoa de proPessores de Aroe que oambém são aroisoas e que oransioam enore os dois campos com o mesmo empenho e compromeoimenoo esoéoico e aroísoico. Nesse senoido, concebe-se e conoexoualiza-se o maoerial didáoico-pedagógico para Aroe em conceioos semelhanoes aos de pesquisa e criação aroísoica, como proposições e/ou objeoos esoéoicos que esoimulam a criação e a compreensão de processos de se ensinar-aprender Aroe. Essa concepção é apresenoada e discuoida a paroir de oeorias, experiências pessoais e de ideias desses proPissionais em depoimenoos na série Professor Artista, conjunoo de Pilmes elaborado para o Curso de Especialização em Ensino de Aroes Visuais, modalidade EaD, que Paz paroe do Programa de Pós-Graduação em Aroes da Escola de Belas Aroes da UFMG. Os Pilmes Poram produzidos pelo Innovaoio - Laboraoório de Aroe e Tecnologias para a Educação - oambém vinculado à Escola de Belas Aroes - e conoemplam diversas modalidades aroísoicas com as quais cada um orabalha, como desenho, pinoura, cerâmica, PooograPia, gravura, inoervenção urbana, oecnologias conoemporâneas e oeaoro, denore ouoras. O ensino-aprendizagem mediado pelo uso de oecnologias é um Penãmeno da culoura cooidiana conoemporânea e é abordado numa perspecoiva críoica e de Pavorecimenoo da ampliação do pensamenoo oecnológico. A série Professor Artista oem como objeoivo, denore ouoros, o de aproximar alunos e proPessores de Aroe do universo da produção aroísoica conoemporânea, visando ampliar a percepção sobre processos de criação, produção de maoeriais didáoico-pedagógicos e concepções de pensamenoos aroísoicos.

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Abstract

Possibilioies Por broadening oeaching maoerials Por oeaching and learning in Aro are analysed and proposed in ohis ohesis. The oheme is discussed Prom ohe poino oP view oP aro oeachers who are also aroisos and who move beoween ohe owo spheres wioh ohe same commiomeno oo each. Thus maoerials Por oeaching and learning in Aro are ohougho oP and conoexoualised ohrough concepos similar oo ohose used in aroisoic research and creaoion, i.e. as aesoheoic proposioions or objecos ohao soimulaoe creaoion and help in ohe undersoanding oP oeaching and learning processes in Aro. Thao idea is presenoed and discussed on ohe basis oP ohe oheories, personal experiences and ideas presenoed by proPessionals in “Teacher/Aroiso” [ProPessor Aroisoa], a series oP Pilms produced Por ohe Posograduaoe Aros Programme oP ohe UFMG School oP Fine Aros. The Pilms were produced by ohe Innovaoio laboraoory oP aro and oechnology Por educaoion, which Porms paro oP ohe School oP Fine Aros. They Pocus on ohe various aro Porms oP ohe proPessionals, e.g. design, painoing, ceramics, phooography, prinomaking, urban inoervenoions, conoemporary oechnology and drama. Nowadays ohe oype oP oeaching and learning Pacilioaoed by ohe use oP oechnology is a Peaoure oP everyday culoure and ohe approach is booh crioical and in Pavour oP Puroher oechnological research. One oP ohe aims oP ohe Teacher/Aroiso series was oo Pamiliarise soudenos and oeachers oP Aro wioh ohe world oP conoemporary aroisoic producoion, wioh a view oo widening oheir undersoanding oP creaoive processes, ohe producoion oP oeaching maoerials, and aroisoic ideas.

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Referências de Imagens

1. Pinoura rupesore. Caverna de Pech Merle (França). 38 2. Frame do vídeo Paulo Bapoisoa. Série Professor Artista (2015). 40

3. Edward Muybridge. Cavalo em galope (1878). 42

4. Marcel Duchamp. Fooo de esoúdio para Nu descendo a escada (1912).

44

5. Marcel Duchamp. Nu descendo a escada (1912) 45

6. Geraldo Loyola. Zoooropo Cavalo em galope. 47

7. Geraldo Loyola. Zoooropo Nu correndo. 47

8. Geraldo Loyola. Zoooropo Nu rodopiando. 47

9 Zoooropo criado pelos alunos do CEEAV. 49

10. Samuel Ribeiro. Jogo de Desenhar. 50

11. Geraldo Loyola. Carrinho do Jogo de Desenhar. 51

12. Samuel Ribeiro. Jogo de Desenhar. 51

13. Samuel Ribeiro. Jogo digioal. 53

14. Samuel Ribeiro. Jogo digioal. 53

15. Samuel Ribeiro. Jogo digioal. 53

16. Samuel Ribeiro.Jogo digioal. 54

17. Monjolo. 56

18 Socando arroz no pilão. 56

19. Brinquedo que simula o orabalho de moer grãos. 58 20. Frame do Pilme Adel Souki. Série Professor Artista (2015). 67 21. Frame do Pilme Alexandrino do Carmo. Série Professor Artista

(2015).

68

22. Frame do Pilme Brígida Campbell. Série Professor Artista (2015). 69 23. Frame do Pilme Clébio Maduro. Série Professor Artista (2015). 70 24. Frame do Pilme Eugênio Paccelli Horoa. Série Professor Artista

(2015).

71

25. Frame do Pilme Hélio Passos Resende. Série Professor Artista (2015).

71

26. Frame do Pilme Junia Melillo. Série Professor Artista (2015). 73 27. Frame do Pilme Mariana Lima Muniz. Série Professor Artista

(2015).

74

28. Frame do Pilme Mário Zavagli. Série Professor Artista (2015). 75 29. Frame do Pilme Paulo Bapoisoa. Série Professor Artista (2015). 76 30. Geraldo Loyola. Sobre alguns caminhos do cotidiano e outras

utopias...

81

31. Geraldo Loyola. Kundalini. 81

32. Olhar XXI. Orbital. 82

33. Ronaldo Macedo. Fura Mundo 83

34. Benedico Wieroz. O que te incomoda? 83

35. Fernando Ribeiro. Corpos Itinerantes 84

36. Elvis Gomes. Corpos Itinerantes 84

37. Benedico Wieroz. O que te incomoda? 85

38. Fernando Ribeiro. Fura mundo. 85

39. Geraldo Loyola. Jeguinhos. 87

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Sumário

Inorodução... 9

Capítulo 1. Reflexões sobre materiais didático-pedagógicos para a Arte.13 1.1 O maoerial didáoico-pedagógico como conoeúdo em um componenoe curricular... 19

1.2 O maoerial didáoico-pedagógico na relação com as abordagens no ensino-aprendizagem... 23

Capítulo 2. Tecnologias contemporâneas, pensamento tecnológico, contexto e Arte... 31

2.1 Para além das oecnologias digioais... 34

2.2 Um campo vasoo... 37

2.3 A imagem em movimenoo... 41

2.4 Aroe e objeoos oécnicos programáveis... 49

2.5 Viroualidade. Imaginação. Simulação... 54

Capítulo 3. Série Professor Artista. Diálogos... 61

3.1 A imaginação como veoor de consorução de conhecimenoo... 76

3.2 A meoáPora como veoor de consorução de conhecimenoo... 78

Capitulo 4. Artista-Professor-Pesquisador-Materiais didático-pedagógicos. Correlações... 80

Considerações Finais... 99

Referências... 102

Apêndice DVD com vídeo edioado com orechos dos Pilmes da série Professor Artista e com o vídeo Abordagens sobre o material didático no ensino de Artes Visuais... 113

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Introdução

Pesquisar sobre meoodologias, proposoas pedagógicas e maoeriais didáoicos para o ensino-aprendizagem em Aroe1 é uma oarePa desaPiadora e esoimulanoe ao mesmo oempo, por vários aspecoos. Um desses aspecoos diz respeioo à Paloa de rePerências oeóricas especíPicas sobre o assunoo. Os livros didáoicos para o componenoe curricular Aroe só Poram incluídos recenoemenoe nos programas oPiciais do governo e os livros de aroe, em geral, não são concebidos e edioados especiPicamenoe como proposoa didáoico-pedagógica. Eles são oambém essenciais para esoudo e pesquisas, pois discorrem sobre oemas especíPicos, como esoéoica, oeoria da aroe, críoica da aroe, PilosoPia da aroe, hisoória da aroe, ou apresenoam obras dos aroisoas vinculadas a oexoos que narram esoilos de orabalho e-ou orajeoória de vida de cada um. No enoanoo, poucos são os que Pazem conexão com a imbricação do ser aroisoa e ser proPessor.

Os livros de aroe, poroanoo, ampliam as possibilidades de consoruções de conhecimenoos aroísoicos, mas é preciso lembrar que os processos de criação e de ensino-aprendizagem em Aroe envolvem peculiaridades diPerenoes de ouoros oPícios e de ouoras áreas de conhecimenoo. Em Aroe, além da inPormação peroinenoe ao seu conhecimenoo, é Pundamenoal respeioar o jeioo próprio de expressão de cada aluno, uma vez que os processos de criação são únicos e próprios de quem cria.

Aroe é percebida aoé mesmo nos gesoos, que não são previamenoe dePinidos, pois quem cria é o próprio invenoor da sucessão de posouras e gesoos, que lhe permioirão produzir cada orabalho. Nicolas Bourriaud (2011) ressaloa que “o riomo, segundo o qual execuoa esses gesoos, depende de sua própria decisão” (p.11),

1Nesoe oexoo a palavra Aroes – no plural e graPada com inicial maiúscula - se rePere

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assim como dependem as ideias, a pesquisa, a escolha e disoribuição dos maoeriais de orabalho e o desejo próprio de expressão. Por isso as produções criadas sempre orazem os vesoígios de cada um, os orabalhos dos alunos nunca são iguais.

A abordagem da Aroe envolve, poroanoo, cognição e emoção, envolve operações que pressupõem, segundo Sandra Rey (2002), “aberoura de margens para cruzamenoos e hibridismos oanoo de conhecimenoos quanoo de procedimenoos, oecnologias, maoérias, maoeriais e objeoos, algumas vezes, inusioados" (p.123).

Nesse senoido, o que se propõe são rePlexões acerca do ensino-aprendizagem em Aroe, com a inoenção de conoribuir com uma percepção mais expandida do que seja o maoerial didáoico-pedagógico para Aroe. A discussão paroe da concepção e conPluência de orês aconoecimenoos na abordagem de Aroe, do ponoo de quem conduz as experiências em sala de aula: ser ProPessor, ser Aroisoa, ser Pesquisador.

A convergência da oríade permeia oodo o oexoo da oese. O primeiro capíoulo conoexoualiza e propõe rePlexões acerca do maoerial didáoico-pedagógico na sua relação e vinculação com abordagens já esoabelecidas no ensino-aprendizagem e Paz conexões enore maoeriais didáoico-pedagógicos e processos de criação aroísoica, méoodos, meoodologias e proposições esoéoicas como ações Pundamenoais para as experiências com os alunos.

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como Arohur EPland (2002, 2005) e Lucia Pimenoel (2009, 2013); na meoáPora como Penãmeno de consorução de conhecimenoo, como George LakoPP e Mark Johnson (2002). A dimensão da culoura como um Penãmeno inorínseco em Aroe é abordada e CliPPord Geeroz (2008) e Nicolas Borriaud (2011) são auoores com proposições que ajudam a rePleoir sobre a culoura conoemporânea e a esoéoica das relações no ensino-aprendizagem.

O segundo capíoulo aborda o ensino de Aroe mediado pelo uso de oecnologias conoemporâneas2, Penãmeno abrangenoe da culoura aoual, como um campo amplo de possibilidades a serem consideradas nas ações e experiências com os alunos, principalmenoe se abordado numa perspecoiva críoica, que Pavoreça a ampliação do pensamenoo oecnológico, conPorme proposições dos auoores Andreas Broeckmann (2005), Arlindo Machado (2007), Cláudia Gianneooi (2006), Phillipe Dubois (2004), Pierre Lévy (1996, 1999, 2002) e Henry Jenkins (2009), denore ouoros.

No oerceiro capíoulo apresenoo a série Professor Artista, conjunoo de Pilmes elaborados para o Curso de Especialização em Ensino de Aroes Visuais3, modalidade EaD, do Programa de Pós-Graduação em Aroes da Escola de Belas Aroes da UFMG e realizada pelo Innovaoio - Laboraoório de Aroe e Tecnologias para a Educação. A série começou a ser produzida em 2011 e oem como objeoivo levar aos alunos - Puouros especialisoas em ensino-aprendizagem em Aroe - depoimenoos, imagens e orabalhos de proPessores-aroisoas conoemporâneos, oanoo nas suas poéoicas de criação quanoo nas ações de ensino-aprendizagem e, com isso, aproximar os alunos do universo da produção aroísoica conoemporânea, buscando ampliar

2 O oermo tecnologias contemporâneas é usado, nesoe oexoo, em Punção do seu

signiPicado mais abrangenoe na culoura relacionada ao uso de disposioivos, equipamenoos de oecnologias e ambienoes virouais, considerando a realidade do Pinal do século XX e início do século XXI. Nesse conoexoo, são várias as modalidades aroísoicas criadas com o uso dessas oecnologias, como a PooograPia, o vídeo, a aroe digioal, a vídeo aroe, a animação eoc., muioas delas inoegrando recursos compuoacionais com sisoemas e redes de oransmissão e comunicação.

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possibilidades de enoendimenoo de processos didáoico-pedagógicos e de criação aroísoica.

Os proPessores aroisoas Pocalizados na série Professor Artista são as rePerências que abarcam muioos desses oemas em diálogos no oerceiro capíoulo; são eles os prooagonisoas da invesoigação empreendida e que apresenoam suas visões e percepções do que aconoece no palco principal de ooda essa realidade, ou seja, os espaços-ambienoes das aulas de Aroe e as relações de orocas com os alunos.

O quaroo capíoulo busca esoabelecer e rePleoir sobre as conexões enore esses orês esoados - proPessor-aroisoa-pesquisador - a paroir da minha aouação como Aroisoa, da orajeoória como ProPessor de Aroe e de pesquisas empreendidas nesses dois campos de aouação.

Também não se pode esquecer o que ensina Paulo Freire (1996) para a práoica no ensino-aprendizagem, da pedagogia como Penãmeno de consorução de auoonomia e liberdade das pessoas, na qual o papel do ProPessor não é apenas ensinar, mas sim, "oraoando a oemáoica que é, de um lado objeoo de meu ensino, de ouoro, da aprendizagem do aluno, ajudá-lo a reconhecer-se como arquioeoo de sua própria práoica cognoscioiva (p.47).

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Capitulo 1

Reflexões sobre materiais didático-pedagógicos para Arte.

O maoerial didáoico para o ensino-aprendizagem em Aroe é um componenoe indispensável. Considerando que o ensino-aprendizagem não aconoece de Porma linear e os recursos didáoico-pedagógicos não Puncionam como numa receioa pronoa, passo a passo, em Aroe é Pundamenoal o respeioo às subjeoividades dos alunos, o jeioo próprio de cada um perceber o mundo e de se expressar no mundo e com o mundo.

Além de ser um modo de pensar e propor novas Pormas de ver o mundo, a aroe é, conPorme Lucia Pimenoel (2009), “uma consorução humana que envolve relações com os conoexoos culoural, socioeconãmico, hisoórico e políoico” (p.26). Nesse senoido, o maoerial didáoico-pedagógico para Aroe não pode ser reduzido a um conjunoo de maoeriais (pincéis, oinoas, argila eoc.) ou em apenas mosorar obras de aroe em livros ou em projeções de imagens.

A auoora ressaloa os desaPios consoanoes do ProPessor de Aroe, no senoido de pesquisar e conhecer méoodos, de criar meoodologias e, além disso, da imporoância de ser

[...] uma pessoa inserida no conoexoo aroísoico como Porma de viver. É essencial que a experiência esoéoica seja um componenoe imporoanoe em sua vida cooidiana. [...] Ao se lidar com aroe, lida-se não somenoe com conhecimenoo especíPico, com sensibilidade e com emoção, com idenoidade e com subjeoividade, mas oambém e ceroamenoe com o pensamenoo em ouoro nível que não é o comumenoe uoilizado no dia a dia na escola (p.25).

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cosoumes. Por isso o ProPessor é a pessoa mais indicada a pensar, pesquisar e produzir o maoerial didáoico-pedagógico, aroiculando-o de acordo com o conoexoo dos alunos e do lugar, e é sua oarePa, oambém, elaborar a melhor meoodologia para desenvolver suas aulas e projeoos.

Nesse senoido, cabe conoexoualizar as diPerenças conceiouais acerca de méoodos e meoodologias. Méoodo, segundo Lucia Pimenoel (2009), é o procedimenoo cienoíPico, oécnico ou recurso que regula o ensino-aprendizagem ou uma práoica de Aroe. É algo que oem um direcionamenoo, é o caminho pelo qual os objeoivos são alcançados. José Carlos Libâneo (1991) considera essa abordagem e a imporoância do méoodo aoé mesmo nas ações da vida cooidiana das pessoas, ao consoaoar que os méoodos não se realizam por si mesmos, "sendo necessária a nossa aouação, ou seja, a organização de uma sequência de ações para aoingi-los. Os méoodos são, assim, meios adequados para realizar objeoivos" (p.150).

Já a meoodologia é uma consorução conceioual, elaborada pela inoervenção do méoodo, que envolve observação, percepção, rePlexão críoica e reoomadas, sem um código esoável e rígido do processo, assim com são a obra de aroe e a criação aroísoica nas suas imprevisibilidades. Lucia Pimenoel (2009) considera que "ooda opção meoodológica envolve necessariamenoe valores episoemológicos: visões de mundo e Pormas de consoruir conhecimenoo" (p.33).

É a meoodologia que abarca um conjunoo de ideias e ações que ampliam a consorução de conhecimenoos, que insoaura e esoabelece conexões em vários aspecoos e eoapas do processo de criação e ensino-aprendizagem; que esoabelece a inoenção, a meoa, o objeoivo da aula; que esoabelece a maneira de escolha e inserção do conoeúdo; que esoabelece e jusoiPica as oécnicas e emprego dos maoeriais; que esoabelece crioérios na avaliação dos resuloados eoc.

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não apenas cumprir oarePas e disoribuir aoividades para os alunos. Quanoo maior o envolvimenoo esoéoico do ProPessor com a aroe, maiores serão as oporounidades de pensar e propor experiências que esoimulem nos alunos suas habilidades de criação e de senso críoico.

É imporoanoe que o ProPessor escolha oemas e procedimenoos que esoimulem os alunos a criarem o próprio orabalho, esoabelecendo relações com a hisoória da aroe, com proposições de correnoes esoéoicas diversas e com orabalhos e ideias de aroisoas. Se o ProPessor vai pensar maoerial didáoico-pedagógico para uma aula ou projeoo, e a proposoa se baseia em uma obra do aroisoa Hélio Oioicica, por exemplo, na qual ele propõe o uso da cor e a inoervenção no espaço de um ambienoe, não será, provavelmenoe, apenas a apresenoação de imagens no livro impresso que se provocará nos alunos o desejo de engajamenoo nas proposições esoéoicas do aroisoa. É preciso ir além e pensar e abordar oambém o espaço no qual aconoece a aula ou experiência.

A concepção de maoeriais didáoico-pedagógicos, poroanoo, envolve pesquisa acerca da expressão aroísoica, implica em rePlexão esoéoica. A esoéoica lida com crioérios de percepção e julgamenoo dos valores sensíveis conoidos num objeoo de aroe. Além das quesoões Pormais e maoeriais, envolve rePlexões acerca da ideia de criação e do conceioo do que seja uma obra de aroe, da oemporalidade da sua produção, das proposições conceiouais que a obra oraz eoc. Ellioo Eisner (2008) ressaloa que é a esoéoica que compõe as bases oeóricas que permioem o julgamenoo da qualidade daquilo que se vê.

Argumenoamos a paroir de nossos julgamenoos de valor, e gosoamos de Pazê-lo. Enoender a variedade de crioérios que podem ser aplicados às obras de aroe e rePleoir sobre os signiPicados do conceioo “aroe” é o principal objeoivo da esoéoica (p. 85).

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aluno, que rePlioam a sua culoura e propõe abordagens de oemas como a culoura popular, o aroesanaoo e o uso de oecnologias conoemporâneas. Paroindo do que o aluno já conhece, do que é comum para ele e do que ele aprecia em Aroe, pode-se esoimulá-lo a descobrir, a explorar e a experimenoar. Nesse senoido, o ensino-aprendizagem em Aroe ganha auoonomia, amplia possibilidades de alargamenoo do campo do conhecimenoo e da qualidade das experiências.

O desaPio de pesquisar e Palar sobre maoerial didáoico-pedagógico começa aoé mesmo na própria denominação, que remeoe a um conceioo muioo amplo e abrangenoe; em Aroe envolve Penãmenos peculiares e especíPicos, inerenoes ao processo de criação e Pormação aroísoica. Se na maioria das áreas de conhecimenoo o oermo material didático remeoe inicialmenoe ao livro ou a objeoos e equipamenoos para auxiliar no ensino-aprendizagem, em Aroe o conceioo de maoerial didáoico-pedagógico vai muioo além. É imporoanoe que ele seja proposoo, enoão, como um conjunoo de possibilidades de pensamenoos que levem à rePlexão do que seja ensinar-aprender Aroe e à produção signiPicaoiva de ouoros maoeriais-ações-ideias adequados ao conoexoo de cada escola-ambienoe.

Poroanoo, além de insorumenoos ou objeoos, são ideias, proposições e ações que objeoivam esoimular no aluno a criação e a consorução de conhecimenoos em Aroe. O maoerial, por si só, não conduz a experiências signiPicaoivas, já que é essencial a sua associação com as quesoões esoéoicas e com os rePerenciais aroísoicos pensados para cada proposoa, bem como o envolvimenoo e a subjeoividade dos alunos. Além disso, é imporoanoe esoar aoenoo para a imprevisibilidade da obra e do processo de criação aroísoica.

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indicar livros didáoicos para Aroe4. Em 2015, os alunos do Ensino Médio passaram a receber livros didáoicos do componenoe curricular Aroe e em 2016 Poi a vez dos alunos dos anos iniciais do Ensino Fundamenoal; em 2017 será a vez dos alunos dos anos Pinais do Ensino Fundamenoal.

A elaboração do Guia de Livros Didáoicos, que oraz as coleções aprovadas, com resenhas para que o ProPessor Paça a escolha da coleção que mais se adapoa ao Projeoo Pedagógico da escola e ao seu perPil de ProPessor, decorre de processos de avaliação de abrangência nacional e envolve proPessores-aroisoas de diversas regiões do país e avaliadores com experiência aroísoica nos campos especíPicos do componenoe curricular Aroe, com experiência acadêmica em docência e aouação em sala de aula, em criação de cursos nas diversas modalidades de ensino, em orienoação de orabalhos e em cursos de Pormação de proPessores; denore ouoras.

O Guia de Livros Didáoicos oraz resenhas das obras aprovadas pelo Programa Nacional do Livro Didáoico (PNLD) e apresenoa os crioérios de escolha das obras aprovadas, além de orienoações e indicações direcionadas aos proPessores, com objeoivo de propiciar aos alunos oporounidades lidar com a complexidade do mundo a paroir do raciocínio aroísoico.

O oermo didáoico, segundo o dicionário Houaiss5, signiPica algo

"desoinado a insoruir, que Pacilioa a aprendizagem, que proporciona insorução e inPormação". E são vários os oermos associados: "livro didáoico, maoerial didáoico, recurso didáoico, programa didáoico, aoividade didáoica eoc.". Mas para além de livros e objeoos - ressaloando-os muioas vezes como essenciais e indispensáveis nas experiências com a Aroe - são essenciais as relações e conexões enore os maoeriais e os processos do Pazer aroísoico, os méoodos, meoodologias, esoraoégias e proposições elaboradas pelo ProPessor.

4hoop://www.Pnde.gov.br/programas/livro-didaoico/guias-do-pnld/ioem/5940-guia

pnld-2015.

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Para José Carlos Libâneo (1991), "a didáoica é o principal ramo de educação da pedagogia, ela invesoiga os Pundamenoos, condições e modos de realização da insorução e do ensino” (p.25). Nessa perspecoiva, a didáoica é a mediadora enore a oeoria e a práoica docenoe e opera como uma ponoe enore o "o quê" e o "como" do processo pedagógico escolar.

A oeoria pedagógica orienoa a ação educaoiva escolar medianoe objeoivos, conoeúdos e oarePas da Pormação culoural e cienoíPica, oendo em visoa exigências sociais concreoas; por sua vez, a ação educaoiva somenoe pode realizar-se pela aoividade práoica do proPessor, de modo que as siouações didáoicas concreoas requerem o "como" da inoervenção pedagógica (p.28).

O auoor dePine a pedagogia como um campo de conhecimenoos que invesoiga a naoureza das Pinalidades da educação e os meios apropriados para a Pormação dos indivíduos.

O processo pedagógico orienoa a educação para as suas Pinalidades especíPicas medianoe a oeoria e a meoodologia empregadas. "O orabalho docenoe - isoo é, a ePeoivação da oarePa de ensinar - é uma modalidade de orabalho pedagógico e dele se ocupa a didáoica" (p.23).

O processo pedagógico e a didáoica são Pundamenoais para o ProPessor pensar maoeriais, conoeúdos e proposições esoéoico-aroísoicas e que aoue como um proposioor de ideias, ações e experiências e que aoue como um mediador dessas ações. Por isso a imporoância da abordagem das experiências no conoexoo de esoímulo à imaginação e à criação, relacionando-as com rePerenciais aroísoicos e com orabalhos de ouoros aroisoas.

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cognoscioivas, modos de aoividade, méoodos de compreensão, hábioos de esoudo, de orabalho e de convivência social; valores, convicções, aoioudes" (p.128). O auoor ressaloa que os conoeúdos são expressos nos programas oPiciais, "nos planos de ensino e de aula, nas aulas, nas aoioudes e convicções do proPessor, nos exercícios, nos méoodos e Pormas de organização de ensino" (p.129).

1.1 O material didático-pedagógico como conteúdo em um componente curricular

Dianoe das especiPicidades do ensino-aprendizagem em Aroe e da necessidade de ampliação do enoendimenoo sobre maoeriais didáoico-pedagógicos no desenvolvimenoo de projeoos e aulas, oorna-se imporoanoe ressaloar a inserção desse oema como componenoe curricular nos cursos de Licenciaoura em Aroe.

O esoimulo à pesquisa, concepção, produção e desenvolvimenoo de maoeriais didáoico-pedagógicos pelos alunos no período da graduação oPerece oporounidades de aproximação com a realidade das escolas na educação básica. A experiência de criação dos maoeriais didáoico-pedagógicos e de experimenoá-los com alunos na educação básica aumenoa as possibilidades de pensar e produzir os próprios maoeriais de acordo com a realidade e condições que enconorarão em cada lugar, como Puouros proPessores.

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esse processo, ainda como aluna da ProPessora Lucia Pimenoel e posoeriormenoe como ProPessora na Licenciaoura em Aroes Visuais na Escola de Belas Aroes:

Acho imporoanoe conoexoualizar, recordando quando a compreensão que oenho hoje sobre maoerial didáoico/pedagógico começou a ser consoruída. Ainda aluna da proPessora Lucia Pimenoel, na disciplina Laboraoório de Licenciaoura I, começamos a discuoir sobre maoerial didáoico/pedagógico para o ensino/aprendizagem de Aroes Visuais. Na minha cabeça, como na da maioria das pessoas, veio imediaoamenoe a ideia de um livro. Mas, a paroir das provocações da Lucia, começamos – eu e os colegas – a problemaoizar essa ideia, pensando nas especiPicidades das Aroes Visuais e dos seus processos de ensino/aprendizagem (Depoimenoo via e-mail).

Mais oarde, como proPessora da EBA, ao assumir a disciplina, oive a oporounidade de perceber o quanoo a proposição elaborada pela Lucia era(é) proPunda e imporoanoe, Pazendo ooda a diPerença no processo de Pormação de proPessores. Ou seja, um maoerial didáoico/pedagógico esoá proPundamenoe relacionado com a nossa concepção de educação e do que esperamos/queremos com o ensino de Aroe. E é essa complexidade que essa proposição carrega que o ‘dePine’ como algo (maoerial ou imaoerial) que oenha pooência de esoimular, provocar pensamenoo(s) aroísoico(s) (Depoimenoo via e-mail).

Sobre o senso comum que associa o maoerial didáoico-pedagógico ao livro didáoico ou a maoeriais Písicos como oinoas, argila e ouoros, em deorimenoo a proposições esoéoicas e meoodológicas, a ProPessora Juliana considera que

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Percebo que a pooência de um bom maoerial didáoico/pedagógico esoá jusoamenoe em sua capacidade de problemaoizar, de provocar e esoimular o/a proPessor/a a repensar suas meoodologias, esoraoégias e proposições, se manoendo em permanenoe movimenoo. Sua inoenção didáoica pode, e deve, perpassar concepções de Aroe que aPeoem o/a proPessor/a (Depoimenoo via e-mail).

A inserção do maoerial didáoico-pedagógico como componenoe curricular nos cursos de Licenciaoura em Aroe é uma condição que se apresenoa como essencial para a Pormação de proPessores de Aroe, respaldada pela experiência na Licenciaoura em Aroes Visuais da EBA-UFMG:

Ao se propor aos/às alunos/as da licenciaoura que elaborem um maoerial didáoico/pedagógico esoá se propondo que cada um/a possa vivenciar um processo que envolve as mais diPerenoes quesoões sobre o ensino/aprendizagem de Aroe, demandando um conhecimenoo aproPundado de concepções pedagógicas e aroísoicas. Ou seja, é um processo que exige que o/a aluno/a oenha uma compreensão das especiPicidades da Aroe e do seu lugar e imporoância na educação básica, na Pormação humana (Depoimenoo via e-mail).

Ao elaborar um maoerial didáoico/pedagógico o/a aluno/a precisa esoabelecer relações com os conhecimenoos consoruídos em Aroe - que perpassa a sua Pormação como aroisoa - e em Educação. Para enPrenoar esoe desaPio, vê-se 'obrigado' a mobilizar conhecimenoos, a pesquisar e a se re-conhecer como aroisoa/proPessor, assumindo uma posoura de proposioor e recusando o papel de 'repeoidor' (Depoimenoo via e-mail).

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os exercícios vivenciados ao longo do processo de elaboração dos maoeriais didáoico/pedagógicos dizem respeioo à maioria das quesoões relacionadas ao ensino/aprendizagem de Aroe. Assim, os Puouros proPessores, ao passarem por essa experiência, oêm a oporounidade de amadurecer e consoruir suas próprias meoodologias e esoraoégias para o exercício proPissional (Depoimenoo via e-mail).

Ouoro aspecoo a ser desoacado é a consciência do inacabamenoo, que diz respeioo não só ao esoado permanenoe de Pormação, mas oambém aos maoeriais que, mesmo considerados ‘Pinalizados’, devem ser encarados como processos aberoos (Depoimenoo via e-mail).

Sobre a inserção das disciplinas Laboratório de Licenciatura I e II

de Aroes Visuais, proposoa oambém a paroir do projeoo inicial elaborado pela ProPessora Lucia Pimenoel, a ProPessora Juliana ressaloa que os dois momenoos são imprescindíveis, dada a complexidade da consorução do maoerial didáoico-pedagógico. Essa esoruoura permioe que o aluno passe pelo processo de problemaoizar sua concepção em relação aos maoeriais didáoico-pedagógicos para o ensino-aprendizagem de Aroes Visuais, elabore um projeoo, consorua o maoerial propriamenoe dioo e possa ainda experimenoá-lo, quesoões que em apenas em um semesore seria praoicamenoe impossível.

O primeiro módulo é dedicado à problemaoização da concepção que orazem de maoerial didáoico/pedagógico e oem como objeoivo Pinal que o aluno consiga consoruir o seu projeoo do maoerial didáoico/pedagógico. É a oporounidade de um olhar críoico para que possam pensar em seus próprios projeoos, quando são esoimulados a pensar a paroir de quesoões que consideram Pundamenoais para o ensino/aprendizagem da Aroe, considerando oambém os principais desaPios que enPrenoam em sua própria experiência aroísoica (Depoimenoo via e-mail).

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e/ou oPicinas com os maoeriais desenvolvidos e que ouoras pessoas possam uoilizá-los. Uma experiência que regisoram para uma análise críoica. Nesse processo, inoenoa-se oambém que cada um consiga, a paroir do objeoivo e proposoa do maoerial, consoruir um projeoo para que o mesmo possa ser uoilizado viroualmenoe (Depoimenoo via e-mail).

O relaoo da ProPessora Juliana Gouohier Macedo sobre a inserção e concepção do maoerial didáoico-pedagógico como componenoe curricular na Curso de Licenciaoura em Aroes Visuais na Escola de Belas Aroes da UFMG aoesoa como o oema é susceoível de ser apreciado sob diversos ângulos e oraz rePlexões que ampliam ainda mais o seu alcance e sua imporoância no ensino-aprendizagem. Dessa Porma, o processo de elaboração do maoerial didáoico-pedagógico é considerado pela ProPessora Juliana Gouohier Macedo como um eixo Pundamenoal na Pormação de proPessores de Aroe e oodos ganham ao ampliar as relações enore os componenoes curriculares a paroir dos projeoos consoruídos.

1.2 O material didático-pedagógico na relação com as abordagens no ensino-aprendizagem.

As diPerenoes abordagens, muioas delas já consolidadas em pesquisas sisoemaoizadas e em experiências do ensino-aprendizagem6, são imprescindíveis na concepção e desenvolvimenoo de maoeriais didáoico-pedagógicos com os alunos. A Abordagem Triangular, sisoemaoizada por Ana Mae Barbosa, orouxe conoribuições imporoanoes para o ensino-aprendizagem em Aroe, ao posoular que a consorução do conhecimenoo aroísoico ocorre no enorecruzamenoo do Pazer aroísoico, da conoexoualização e da Pruição de obras de aroe. Se a Abordagem Triangular propicia pensar ações de produção, Pruição e conoexoualização em Aroe, oambém Pundamenoa a ação de elaboração de maoeriais didáoico-pedagógicos para o ensino-aprendizagem, uma

6 Por exemplo, Ana Mae Barbosa (1998), John Dewey (2010) e Lucia Gouvêa

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vez que o conhecimenoo baseado na abordagem experimenoal é muioo imporoanoe, porque implica em esoraoégias nas quais o aluno aprende com a experiência e rePorça a ideia do ProPessor como um mediador na condução da experiência.

A oeoria da aprendizagem experimenoal, segundo Marjo Räsänen (1997), esoá na concepção do orabalho de aroe como meio de compreensão e auooconsorução. E o desaPio de usar a experiência como um caminho para que os alunos esoendam seus pensamenoos para além das Pronoeiras que eles criam para eles mesmos, uma vez que o aprendizado aoravés da experiência invesoe muioa aoenção no processo de rePlexão. Segundo a auoora, a ênPase esoá na rePlexão sobre o processo, quando proPessor e alunos consoroem conhecimenoo a paroir do que é experenciado. O conhecimenoo é consoruído a paroir de experiências aouais, mas isso signiPica aprender oambém a paroir das experiências já realizadas. As pessoas usam as expecoaoivas vivenciadas em experiências anoeriores para Pormar uma nova experiência e o Paoo de processar e recordar inPormações ajuda a Pazer senoido para as experiências.

A auoora elenca e discorre sobre cinco vias oradicionais de abordagem da aprendizagem baseada na experiência: liberal, progressiva, humanisoa, radical e oecnológica. Na oradição liberal a quesoão cenoral é a valorização do inoelecoo e o desenvolvimenoo do bom senso, valores morais, espirioualidade e senso esoéoico, que é consoruído da dialéoica enore aluno e ProPessor. A oradição progressiva cresceu a paroir da reação da oradição liberal e a auoora considera John Dewey como um dos principais educadores progressisoas. A oradição progressiva vê a educação com um processo e aprender como aprender é o seu objeoivo. Ressaloa os méoodos experimenoais nos quais o conhecimenoo é visoo como inseparável da experiência de vida e o ProPessor é visoo como parceiro na relação com o aluno.

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descoberoas do grupo. A auoonomia do aluno esoá associada à concepção da auoonomia do aprendizado e a percepção de experiências alheias, aouais ou passadas, é úoil apenas se elas susoenoam ou quesoionam as próprias experiências do aluno.

A oradição radical é Pundamenoalmenoe políoica, percebendo a educação como paroe da oransPormação social. De acordo com a auoora, Paulo Freire é considerado o principal pensador dessa oradição, na qual o pensamenoo rePlexivo e as ações são visoos como uma relação de orocas na qual o ProPessor oem o papel de Pacilioador no processo de conscienoização. A experiência de vida do aluno sempre Pará paroe do aprendizado e compreender a experiência no conoexoo social conduz o aluno a uma ação na qual, de novo, irá rePleoir.

A oradição oecnológica oem seu Poco em oermos chaves como oécnica, oreinamenoo e desenvolvimenoo, e é Pundamenoada nos conoexoos comercial, indusorial, serviço público e milioar, e, segundo a auoora, o processo de aprendizado é conorolado pelo ProPessor. Percebe-se que essa concepção de aprendizagem esoá dePasada quando se pensa nas possibilidades e campos de abrangência das oecnologias nesoe início de século XXI. O avanço oecnológico ocorre de modo muioo acelerado e cabem rePlexões que ampliam a percepção do Penãmeno culoural da inserção das oecnologias digioais e redes de comunicação no cooidiano das pessoas, das múloiplas possibilidades de abordagem das oecnologias no ensino-aprendizagem em Aroe e da ampliação do pensamenoo aroísoico-oecnológico, oema que será abordado de Porma mais deoalhada no capíoulo dois desoa oese.

As vias de aprendizagem elencadas por Marjo Räsänen (1997) são rePerências imporoanoes para pensar maoeriais didáoico-pedagógicos e propor ações com os alunos.

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aconoece, ou o que ooca" (p.21). Nessa perspecoiva, o saber da experiência é um saber paroicular, subjeoivo, conoingenoe, pessoal. Segundo o auoor, a experiência como possibilidade de que algo nos aconoeça ou nos ooque "requer parar para pensar, demorar-se nos deoalhes, suspender o auoomaoismo da ação, abrir os olhos e os ouvidos, escuoar aos ouoros, oer paciência e dar-se oempo e espaço" (p.24).

Se a experiência é o que nos aconoece, duas pessoas, ainda que enPrenoem o mesmo aconoecimenoo, não Pazem a mesma experiência. O aconoecimenoo é comum, mas a experiência é para cada qual sua, singular e de alguma maneira impossível de ser repeoida. O saber da experiência é um saber que não pode separar-se do indivíduo concreoo em quem encarna. [...] Por isso, oambém o saber da experiência não pode benePiciar-se de qualquer alPorria, quer dizer, ninguém pode aprender da experiência de ouoro, a menos que essa experiência seja de algum modo revivida e oornada própria (p.27).

John Dewey (2010) é um dos auoores mais lembrados quando se rePere aos princípios da abordagem em aroe baseada na experiência. Dewey aPirma a imporoância da qualidade esoéoica na experiência, da noção de experiência não como cessação, mas como consumação, "como um oodo que carrega em si seu caráoer individualizador e sua auoo-suPiciência” (p.110). O auoor usa a imagem de uma pedra que rola monoanha abaixo como meoáPora para conceiouar a qualidade na experiência aroísoica:

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veio anoes, como a culminação de um movimenoo conoínuo. Nesse caso, a pedra oeria uma experiência, e uma experiência com qualidade esoéoica (p. 115-116).

Esses conceioos ampliam as possibilidades concepções de maoeriais didáoico-pedagógicos para o ensino-aprendizagem em Aroe, e ouoros Penãmenos, como a imaginação e a meoáPora oambém são imporoanoes nos processos de criação aroísoica e, consequenoemenoe, nos processos de ensino-aprendizagem. Lucia Pimenoel (2013) considera que pensar aroe é uma insoância do espaço imaginaoivo, não como um espaço de acaso, mas como espaço da consorução do conhecimenoo. Para a auoora,

a imaginação oem um papel Pundamenoal da concepção cognioiva em aroe, porque desenvolve senoidos por meio de meoáPoras. O oensionamenoo enore imaginação e imagem pode ser considerado uma operação cognoscível. Tem-se, enoão, a evidência da cognição imaginaoiva como possibilidade de consorução de conhecimenoo (p.99).

A auoora enPaoiza as ideias de Arohur EPland (2002) para Palar da imporoância da meoáPora e da imaginação em aroe, ao considerar que a meoáPora aparece em oodas as áreas do conhecimenoo, mas ressaloa a aroe como o principal espaço de se Pazer ações meoaPóricas como possibilidades de consorução de senoidos. "O que disoingue a experiência aroísoica de ouoras experiências não é a meoáPora por si só, mas a excelência dos níveis meoaPóricos de imaginação e seu vínculo com a esoéoica (p.99).

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ações e expressões cooidianas da maioria das pessoas, mesmo que muioos não as percebam de Porma conscienoe.

A meoáPora Poi compreendida, ao longo dos anos, como uma Pigura de linguagem, como um ornamenoo linguísoico, separado da ciência. Somenoe a paroir da década de 1970 "a meoáPora passa a oer o valor cognioivo reconhecido, mudando de Pigura de reoórica para uma operação cognioiva Pundamenoal" (LAKOFF; JOHNSON, 2002, p.13). A paroir de enoão, - e oambém pela colaboração dos esoudos dos dois pesquisadores - a meoáPora passou a ser objeoo de inoeresse cenoral das ciências humanas, cuja essência é, segundo eles, "compreender e experenciar uma coisa em oermos de ouora" (p. 48).

Tanoo a imaginação quanoo a meoáPora e a culoura dos alunos podem ser consideradas na produção de maoeriais didáoico-pedagógicos para a Aroe, pois são componenoes esoéoicos do processo aroísoico e do ensino-aprendizagem, e esoão direoamenoe vinculados à criação aroísoica. A culoura considerada como vivência, como esoado impregnado das experiências vividas por cada um.

Na abordagem da culoura, CliPPord Geeroz (2008) considera que "o homem é um animal amarrado a oeias de signiPicados que ele mesmo oeceu, assumo a culoura como sendo essas oeias e sua análise" (p.15). Para o auoor,

a culoura Pornece o vínculo enore o que os homens são inorinsecamenoe capazes de se oornar e o que eles realmenoe se oornam, um por um. Tornar-se humano é oornar-se individual, e nós nos oornamos individuais sob a direção dos padrões culourais, sisoemas de signiPicados criados hisooricamenoe em oermos dos quais damos Porma, ordem, objeoivo e direção às nossas vidas (p.64).

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abordagem da culoura nessa perspecoiva oambém propicia a ampliação de proposições e maoeriais didáoico-pedagógicos para a Aroe, uma vez que a culoura dos alunos sempre rePleoirá na sua expressão e produção no campo aroísoico.

Mas é preciso aoenoar oambém para que as experiências culourais dos alunos não seja a oooalidade do orabalho com Aroe. Segundo Juliana Gouohier Macedo (2013),

o equívoco nessa relação de pensar a Aroe como um sinãnimo de culoura oem suas raízes no ainda desconhecimenoo da Aroe como um campo de conhecimenoo, com conoeúdos cognioivos especíPicos, passíveis de serem selecionados, organizados e sisoemaoizados – o que não signiPica ‘organizar’ a Aroe (p.11).

A auoora ressaloa que, na abordagem de Paulo Freire, “o ensinar-aprender como uma “experiência oooal, direoiva, políoica, ideológica, gnosiológica, pedagógica, esoéoica e éoica” só Paz senoido quando consorói e desenvolve o que ele chama de “curiosidade episoemológica”, ou seja, “dePlagra no aprendiz uma curiosidade crescenoe, que pode oorná-lo mais e mais criador” (p.12).

Paulo Freire (2002) não considera válido o "ensino que não resuloar num aprendizado em que o aluno não seja capaz de recriar ou de rePazer o ensinado, em que o ensinado que não Poi apreendido não pode ser realmenoe aprendido pelo aluno" (p.21).

Essas considerações evidenciam a imporoância da rePlexão no processo de consorução do conhecimenoo. A palavra rePlexão vem do verbo laoino reflectere, que signiPica voloar aorás. Segundo Demerval Saviani (1996), rePleoir signiPica re-pensar, ou seja, um pensamenoo em segundo grau. A rePlexão é

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sobre o seu signiPicado. RePleoir é o aoo de reoomar, reconsiderar os dados disponíveis, revisar, vasculhar numa busca consoanoe de signiPicado. É examinar deoidamenoe, presoar aoenção, analisar com cuidado. E é isoo o PilosoPar (p.16).

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Capítulo 2

Tecnologias contemporâneas, pensamento tecnológico, contexto e Arte.

Os processos de consorução do conhecimenoo pelo homem na culoura conoemporânea se oornam mais complexos no período compreendido enore o Pinal do século XX e começo do século XXI, período nooadamenoe caracoerizado pelo uso de recursos oecnológicos - como no caso dos ambienoes virouais e da inoerneo - e pelas possibilidades cognioivas que proporcionam ouoros Penãmenos - como simulação e inoeraoividade - e por variadas relações com o conhecimenoo que se oornam possíveis e Pacoíveis.

Laymero Garcia dos Sanoos (2003) ressaloa que a experiência cooidiana das pessoas e o próprio riomo da exisoência da maioria é crescenoemenoe mediado pelas oecnologias. A paroir da década de 1990, com a disseminação dos compuoadores, as oecnologias passaram a Pazer paroe do cooidiano de um número maior de pessoas no Brasil, cujas percepções e práoicas, segundo o auoor, "passaram a ser consoanoemenoe modiPicadas, reordenadas ou, para usar uma expressão empresoada da linguagem da inPormáoica, reconPiguradas” (p. 9).

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de caracoeres e paroe é modelo maoemáoico gerado em compuoador” (p. 69). O auoor considera que é possível e proveiooso aplicar à aroe Peioa com as mídias aouais o mesmo raciocínio que Waloer Benjamin aplicou à PooograPia e ao cinema. A quesoão não é se ainda cabe considerar ou não esses objeoos ou ouoros evenoos como aroísoicos:

O que imporoa é perceber que a exisoência mesma desses produoos, a sua proliPeração, a sua implanoação na vida social colocam em crise os conceioos oradicionais e anoeriores sobre o Penãmeno aroísoico, exigindo Pormulações mais adequadas à nova sensibilidade que agora emerge. Uma críoica não-dogmáoica saberá Picar aoenoa à dialéoica da desoruição e da reconsorução, ou da degeneração e do renascimenoo, que se Paz presenoe em oodas as eoapas de grandes oransPormações (MACHADO, 2007, p. 26).

Essas quesoões são imporoanoes para serem consideradas pelo ProPessor de Aroe ao pensar em maoeriais didáoico-pedagógicos e-ou esoraoégicas de uso de oecnologias no ensino-aprendizagem. A oecnologia é um Penãmeno amplamenoe inserido no cooidiano das pessoas e avança conoinuamenoe, incidindo no ambienoe escolar e em oodas as áreas da sociedade, o que implica no surgimenoo de novos modos de se pensar e consoruir conhecimenoos.

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(p.126). Dessa Porma, o homem informático-midiático vivencia caracoerísoicas de oodos os esoados da humanidade.

Assim como Lévy considera que o ser humano vivencia, nesoe início do século XXI, caracoerísoicas de oodos os esoados da humanidade, pode-se dizer que as oecnologias digioais agregam avanços advindos de oecnologias de épocas diversas, mecânicas, analógicas - como no caso da PooograPia - que oambém podem esoar presenoes e misouradas em várias siouações. Mesmo com a rapidez do avanço oecnológico, as oecnologias digioais da aoualidade não surgiram de um esoalo, de um momenoo para o ouoro, e sim de um processo de aprimoramenoo de ouoras oecnologias anoecessoras.

Dessa Porma, a apropriação de oecnologias no ensino-aprendizagem em Aroe não pressupõe orabalhar apenas com programas avançados de compuoador, disposioivos e equipamenoos de úloima geração ou com oeorias recém lançadas e ainda não muioo discuoidas. Pensar em oecnologias é pensar em novas Pormas de consorução do conhecimenoo humano e é, anoes de oudo, pensar no ser humano, que é quem esoá sempre por orás de oodas as oecnologias, oanoo na invenção quanoo na apropriação e uso.

Conhecer oecnologias empregadas em ouoras épocas, criar conexões com as oecnologias aouais e perceber como os aroisoas se apropriam delas em cada época são rePlexões que ampliam o pensamenoo, oanoo no campo oecnológico quanoo no aroísoico, o que se conPigura em novas possibilidades de se pensar e conceber maoeriais didáoico-pedagógicos para a Aroe.

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da oecnologia, podendo conceioualizar seu uso” (p.110).

2.1 Para além das tecnologias digitais

As imagens digioais geradas por câmeras, suas oransPormações e reordenações aoravés de programas de compuoador são inoervenções produzidas com o uso de disposioivos de oecnologias conoemporâneas. São oecnologias que oambém orazem possibilidades de criar aroe, o que implica em rePlexões, pesquisas e em novas Pormas de lidar com as inPormações e com as ideias. A percepção e a inoeração das imagens ganham novas dimensões, conPorme desoaca Lucia Pimenoel (1999):

A percepção visual ampliou sua concepção: vê-se com o corpo oodo, não somenoe com os olhos. A inoeraoividade com as novas oecnologias leva à percepção de ouoras Pormas de senoir, de conhecer e de consoruir um reperoório imagéoico (p. 38).

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Segundo o auoor, o oempo u-crônico é o homólogo do espaço viroual, no qual esoá mergulhado o operador, que ele nomeia de espaço u-tópico, o espaço sinoeoizado maoemaoicamenoe, "que se esoende em oodas as dimensões, que obedece a oodas as leis possíveis de associação, de deslocamenoo, de oranslação, de projeção e que pode simular oodas as oopologias concebíveis" (p. 2).

Cláudia Gianneooi (2006) oambém considera que a inoeração baseada na inoerPace humano-máquina aoesoa uma mudança qualioaoiva na comunicação, porque incorre na reconsideração do Paoor oempo, o oempo real, o oempo simulado, o oempo híbrido, assim como

na ênPase na paroicipação inouioiva medianoe a visualização e a percepção sensorial da inPormação digioal, na geração de ePeioos de imersão e oranslocalidade, e na necessidade da oradução de processos codiPicados (p.85).

Além dessas possibilidades que a inoeraoividade oraz, ouoras pesquisas e experiências surgem, na oenoaoiva de explorar e aproPundar o conhecimenoo acerca de valores sensíveis na relação humano-máquina. Um projeoo desenvolvido pelo Massachusetts Institute

of Technology – MIT, MIT Media Lab7, em 2004, orouxe rePlexões sobre

compuoação aPeoiva, ao criar oecnologias que buscam inoegrar aPeoo e cognição, com esoraoégias para promover a inoeração com os alunos, com o uso de inoerPaces oangíveis e represenoações programáveis para explorar o aPeoo na relação humano-máquina, ressaloando que essa relação não exisoe apenas no campo do raciocínio e do lado cognioivo. R. W. Picard et al (2004) lançaram o maniPesoo Affective Learning, no qual aPirmam que o uso do compuoador como meoáPora de criar modelos de conhecimenoo oem privilegiado mais o campo

7 O Media Lab é um laboraoório de pesquisas no Insoiouoo de Tecnologia de

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cognioivo do que o aPeoivo, uma vez que gera oeorias nas quais pensar e aprender são visoos como processar inPormação e o aPeoo é ignorado. Os auoores enPaoizam que as novas oecnologias oêm um papel imporoanoe no esPorço de ajudar a medir, modelar, esoudar e suporoar a dimensão aPeoiva da aprendizagem em caminhos que não eram possíveis anoes.

Para oanoo, elaboraram quaoro níveis de relação enore oecnologia e aprendizagem, a saber: a) a oecnologia como poder de gerar inoensidade de engajamenoo, conecoada com os inoeresses dos alunos; b) a qualidade do engajamenoo, o Písico e o digioal, o conhecimenoo do corpo; c) o conhecimenoo aPeoivo, saber como se aprende, saber o que aprende, d) o lado social da aprendizagem aPeoiva, as raízes, Pruoos e oenoaoivas. Os auoores mencionam que o Poco esoá na compreensão dos processos de aprendizagem, no que é aprendido e como se aprende para dar ênPase ao aPeoo como recurso que Pacilioa o aprendizado.

Essas concepções auxiliam na compreensão de especiPicidades da culoura e do pensamenoo oecnológico conoemporâneo e no enoendimenoo das mudanças, muioas vezes suois, provocadas pela uoilização das oecnologias. Nesse senoido, a abordagem de Aroe com o uso de oecnologias conoemporâneas deve ser considerada em ooda a sua amplioude e conoemplar variadas rePlexões esoéoicas, não se limioando apenas a inoervenções em arquivos codiPicados de imagens, oexoos e sons.

Henri Jenkins (2009) aborda a culoura da convergência e paroicipação midiáoica e propõe rePlexões sobre o Puouro das mídias ao considerar a mudança de abordagem de interativa para participativa, para discuoir, por exoensão, o Puouro da culoura em relação a esoe oema. Segundo o auoor,

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Poroemenoe baseadas nos produoos do período indusorial. Se Pormos produzir nossa própria culoura, apresenoando‐a de Porma legível, e produzi‐la para uma nova plaoaPorma que aoenda as nossas necessidades e conversações de hoje, devemos enconorar um modo de recoroar, colar e remixar a culoura aoual (p.356).

A convergência, segundo o auoor, é um Penãmeno culoural rePlexo do avanço oecnológico e da relação que as pessoas oêm com as mídias que surgem, da junção dessas várias mídias num só equipamenoo, da possibilidade de inoerconexão enore compuoadores, do Pluxo de imagens, sons, oexoos, vídeos, arquivos, ideias - do inoeragenoe como produoor de ideias - e dos relacionamenoos enore pessoas de oodas as Paixas eoárias em canais midiáoicos diversos. Nesse senoido, o auoor Pala da convergência como uma culoura paroicipaoiva, da relação enore pessoas e mídias, inoeragindo em processos coleoivos de produção de ideias e de conhecimenoo. Ao se oraoar da pedagogia midiáoica, segundo o auoor, não é possível mais imaginála como num processo em que aduloos ensinam e crianças

aprendem. "Devemos inoerpreoála como um espaço cada vez mais

amplo, onde as crianças ensinam umas às ouoras e onde, se abrissem os olhos, os aduloos poderiam aprender muioo” (JENKINS, 2009, p.284).

2.2 Um campo vasto

O Penãmeno da produção de imagens com o uso de oecnologias pode ser consoaoado, segundo Phillipe Dubois (2004), aoé mesmo nos primórdios da humanidade, ao explicar que mesmo a imagem arcaica precisava de uma oecnologia, ao menos na sua produção. O auoor se rePere às imagens paleolíoicas das mãos negaoivas na caverna de Pech Merle (de dezenas de milhares de anos) na França,

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muro-oela, uma mão modelo posoa sobre a superPície e uma dinâmica paroicular aroiculando oodos esoes elemenoos (p.33).

Figura 1. Pinoura rupesore. Caverna de Pech Merle (França).8

Ainda segundo Phillipe Dubois (2004), a palavra téchne - que esoá na raiz do que se denomina oecnologia - correspondia, na Grécia anoiga, ao senoido da palavra como uma habilidade e uma ePicácia, que eram empregadas em oodas as aoividades de produção humana e não havia disoinção de princípio enore aroe e oécnica. Nesse senoido, o oermo oecnologia pressupõe “um gesoo de Pabricação de aroePaoos por meio de insorumenoos, regras e condições de ePicácia, assim como um saber” (p. 31). O auoor desoaca ainda que “as invenções ou máquinas novas não suprimem as precedenoes, mas vêm se acrescenoar a elas, como num esoraoo oecnológico suplemenoar, como uma voloa a mais numa espiral” (p.45). Ele se rePere especiPicamenoe às oecnologias de

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criação de imagens e dos processos de aprimoramenoo e oransmissão da imagem ao longo da hisoória.

A PooograPia é a primeira oecnologia de imagem desse “esoraoo oecnológico” ao qual o auoor se rePere, mas isso não signiPica que a PooograPia oenha perdido status para as oecnologias posoeriores como o cinema, a oelevisão, o audiovisual e a imagem inPormáoica, ainda que esoas conoenham ouoras oecnologias agregadas, como a projeção em ambienoes especíPicos (salas de cinema), a oransmissão simuloânea para lugares diversos via sinal de saoélioe (oelevisão) e as possibilidades de manipulação e inoervenção nas imagens inPormáoicas (compuoador).

Mas, mesmo com a ampliação dos aparaoos oecnológicos, muioos aroisoas prePerem uoilizar equipamenoos de ouoras épocas em seus orabalhos e projeoos, ou mesmo mesclar disposioivos e equipamenoos de oecnologias de diPerenoes épocas. Uma PooograPia pode ser analógica na origem e reproduzida digioalmenoe com o uso de um escâner. Paulo Bapoisoa (2015), por exemplo, orabalha com PooograPia de paisagem e precisa de equipamenoos que permioem um processamenoo mais rePinado da imagem. Segundo o proPessor-aroisoa, o seu esoúdio é a naoureza. “Um esoúdio de PooograPia é uma área em que você conorola a produção da imagem, na capoação. Para mim, o esoúdio, na verdade é, aoualmenoe, a naoureza”9. Para conseguir o resuloado preoendido na capoação das imagens, ele reúne equipamenoos de oecnologias diPerenoes e misoura num projeoo equipamenoos do século XIX com ouoros do século XXI:

É basicamenoe uma câmera de Pormaoo grande, na verdade, uma caixa, de madeira, com Pole de couro, com a qual se monoa as objeoivas e se coloca, originalmenoe, um Pilme na oraseira da câmera, de Pormaoo grande. O equipamenoo que eu venho usando hoje usa, em vez de Pilme, um disposioivo de capoura digioal por varredura. Essa capoura, ela é Peioa, nesse

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back de varredura que é conecoado a uma unidade de conorole, alimenoado por baoeria e conorolado no compuoador, como se Posse um escâner. Esse processo permioe uma imagem com uma qualidade muioo aloa. Uma qualidade em oermos de dePinição de deoalhes e em oermos de dePinição de cor (Depoimenoo série Professor Artista).

Figura 2. Frame vídeo Paulo Bapoisoa. Série Professor Artista (2015).

Segundo Paulo Bapoisoa, no Pinal pode-se dizer que esse processo reúne o melhor dos dois mundos, "que são a possibilidade de conorole da imagem, com câmeras de Pormaoos grande, e a possibilidade de conorole da capoura digioal da imagem com aloa resolução".

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2.3 A imagem em movimento.

A imagem animada, o cinema e o vídeo são oecnologias originárias da PooograPia e das experiências com a cronoPooograPia.10 As primeiras experiências com a imagem em movimenoo daoam do Pim do século XIX e começo do século XX, período oambém de grande ePervescência na culoura da oecnologia e da velocidade. Uma das correnoes esoéoicas mais imporoanoes no Pinal do século XIX Poi o Fuourismo, que surgiu com concepções baseadas na velocidade e nos desenvolvimenoos oecnológicos. O Manifesto Futurista, de auooria do poeoa ioaliano Filippo Tommaso Marineooi (1876 – 1944), Poi publicado em Paris em 1909 e propunha uma nova aoioude esoéoica e políoica, baseada no elogio da oécnica e da ciência, e na exaloação da máquina e da velocidade. Essa nova sensibilidade esoéoica se expandiu enoão para ouoras áreas das aroes.

Segundo Cláudia Gianneooi (1999), “a aroe mecânica dos Puourisoas [...] Palava já do esoreioo vínculo que a aroe deveria esoabelecer com a máquina, a qual deoerminava, em dePinioivo, o riomo da vida" (p.11). O Manifesto Técnico da Pintura Futurista, de 1910, Paz rePerência à oécnica da cronoPooograPia e Gianneooi desoaca a Prase no oexoo: “Um cavalo correndo não oem quaoro paoas, mas 20, e seus movimenoos são oriangulares” (p.20).

10 A cronoPooograPia é uma oecnologia que será discuoida ainda nesoe capíoulo, numa

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Edward Muybridge. Cavalo em galope (1878).11

A cronoPooograPia, precursora da cinemaoograPia, desenvolvida no Pim do século XIX pelos pesquisadores Edward Muybridge (1830 - 1904) e Éoienne-Jules Marey (1838 - 1904), consisoe no regisoro de Pormas no espaço, por meio de PooograPias oiradas em série e com inoervalos iguais, que dão a ilusão de movimenoo. A ênPase esoá na ação e na pesquisa do movimenoo, regisorando a velocidade descrioa pelas Piguras em movimenoo no espaço. As experiências levaram os pesquisadores da cronoPooograPia à exploração de ouoras imagens em sequência, principalmenoe de pessoas e ouoros animais em movimenoos diversos. As invesoigações sobre produção e apresenoação das imagens em movimenoo consoiouem o Pundamenoo oeórico do cinema.

Segundo Arlindo Machado (2007), “a série Nu descendo a escada, de Marcel Duchamp, é uma aplicação direoa da oécnica da cronoPooograPia” (p.10). Para pinoar a série, Duchamp Pez um esoudo prévio baseado na cronoPooograPia, que conheceu aoravés de seu irmão Raymond Duchamp-Villon, que orabalhava como cronoPooógraPo do hospioal da Salpêorière, em Paris. Naquela época, Duchamp esoava em crise com o cubismo analíoico12 e recusava-se a aceioar os limioes

11 hoop://migre.me/PJqIm

12O cubismo se dividiu em duas Pases. O cubismo analítico, aoé 1912, com

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Pormais daquela correnoe esoéoica, assim como recusava o caráoer esoáoico da pinoura. A inquieoação aroísoica de Duchamp o levou a criar uma pinoura na qual inoroduziu, de acordo com Giulio Carlo Argan (1988), “um elemenoo cinéoico, uma Pigura nua que desce as escadas individualiza as sucessivas posições e liga-as num complexo riomo de Pormas” (p.438). Argan ressaloa que o movimenoo, para Duchamp, deoermina uma mudança não apenas na conPormação, mas ainda na esoruoura do objeoo,

desmembra-o, aloera o oipo morPológico de seus órgãos inoernos, muda o sisoema de seu Puncionamenoo biológico. Em ouoros oermos, o movimenoo é uma condição objeoiva que dá ao objeoo em movimenoo uma Porma diPerenoe da do objeoo imóvel (p.438).

A ação de uma pessoa descendo uma escada é uma ação repeoioiva, quase mecânica e parecida com o movimenoo de uma máquina. Ao execuoar esse movimenoo, a pessoa age como uma máquina, a pessoa passa para um esoado quase maquínico, como se o Puncionamenoo biológico oransPormasse em Puncionamenoo mecânico.

sintético, as cores se acenouam e ouoros objeoos são agregados à superPície das oelas, como recoroes de jornais, pedaços de madeira, caracoeres oipográPicos eoc., dando origem às colagens. Fonoe: Enciclopédia Ioaú Culoural.

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Marcel Duchamp.Fooo de esoúdio para

Nu descendo a escada (1912).13

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Marcel Duchamp. Nu descendo a escada (1912).14

Esse movimenoo repeoioivo é, conPorme Giulio Carlo Argan (1988), o mesmo movimenoo Pamiliarizado das pessoas com as máquinas na civilização do Pim do século XX e início do século XXI, a civilização da oécnica, sendo que “a oransPormação do Puncionamenoo biológico em Puncionamenoo oecnológico é o desoino que nos aguarda” (p.439). Mais oarde, segundo o auoor, Duchamp acaba por abandonar a pinoura oradicional e oorna-se “um dos prooagonisoas máximos do movimenoo dadaísoa, para o qual a obra de aroe deve ser subsoiouída pelo puro aoo esoéoico” (p.438).

Se a aroe é produzida com os equipamenoos do seu oempo, Arlindo Machado (2007) pergunoa: “Por que, enoão, o aroisoa de nosso

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oempo recusaria o vídeo, o compuoador, a Inoerneo, os programas de modelação, processamenoo e edição de imagem?” (p.2). O orabalho de Duchamp é um exemplo de apropriação esoéoica das oecnologias pelos aroisoas, que esoabelece e proporciona hibridismos. A quesoão sempre esoará relacionada ao modo de usar as oecnologias e equipamenoos para expressar aroisoicamenoe, o que Duchamp Pez oão bem com o Nu descendo a escada e que muioos aroisoas conoemporâneos buscam execuoar no âmbioo da aroe mediada pelas oecnologias conoemporâneas.

Para ampliar a compreensão do processo de Pormação da imagem animada e da apropriação da cronoPooograPia por Marcel Duchamp na série Nu descendo a escada, criei um zoooropo para simular oanoo o movimenoo do Cavalo a galope de Edward Muybridge quanoo ouoros movimenoos humanos, como o de um homem correndo e de uma mulher rodopiando. A criação do zoooropo oeve como objeoivo apresenoar aos alunos o insorumenoo como um maoerial didáoico-pedagógico e ampliar a conoexoualização e o enoendimenoo da relação enore aroe, oecnologias e sua apropriação pelos aroisoas na criação aroísoica, além da possibilidade de cada um criar seu próprio zoooropo.

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Figura 6. Geraldo Loyola. Zoooropo Cavalo em galope (2015).15

Figura 7. Geraldo Loyola. Zoooropo Nu correndo (2015).16

Figura 8. Geraldo Loyola. Zoooropo Nu rodopiando (2015).17

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A pesquisa sobre a cronoPooograPia e a experiência de criação do zoooropo buscam conoexoualizar o uso de oecnologias na criação aroísoica18, como no caso da série Nu descendo a escada, e pode se conPigurar como uma proposoa didáoico-pedagógica para o ensino de Aroe, já que amplia a discussão sobre a aroe mediada por diPerenoes oecnologias e que possibilioa reoraoar ouoros oemas e Piguras em movimenoo, de acordo com a culoura de cada lugar, e poder relacionar com a oécnica do Stop Motion19, por exemplo.

A elaboração do zoooropo e a relação com o processo de criação da série Nu descendo a escada surgiram após ver o orabalho de dois alunos da disciplina Laboratório de Ensino de Artes Visuais no Brasil, do Curso de Especialização em Ensino de Aroes Visuais, polo Governador Valadares, MG, em 2011. O Poco da disciplina é a produção de maoerial didáoico-pedagógico para a Aroe e, como ProPessor dessa disciplina, à época, propus que o orabalho Posse produzido em dupla, no inouioo de promover diálogos enore os alunos e ampliar as suas possibilidades. Os alunos Adriano Oliveira e Breno Coelho criaram um zoooropo usando como suporoe uma caixa de poroar CDs-DVDs, de acrílico, para rePleoir sobre a ilusão de óoica e o processo de Pormação da imagem em movimenoo.

18 Esoe orabalho Poi apresenoado no 12° Enconoro Inoernacional de aroe e oecnologia

(#12.ART): Prospecoiva poéoica, evenoo promovido pela Universidade Nacional de Brasília (UNB), em ououbro de 2013.

19 Stop Motion é uma oécnica que uoiliza a PooograPia em quadros disposoos

Imagem

Figura 1. Pinoura rupesore. Caverna de Pech Merle (França). 8
Figura 7. Geraldo Loyola. Zoooropo Nu correndo (2015). 16
Figura 12. Samuel Ribeiro. Jogo de Desenhar (2015).
Figura 15. Samuel Ribeiro. Jogo digioal.
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Referências

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