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359 Psicologia: Teoria e Pesquisa

Abr-Jun 2014, Vol. 30 n. 2, pp. 359-359

CARTA AO EDITOR

Marcia Cecília Vianna Cañete1 Maria Sylvia de Souza Vitalle

Flávia Calanca da Silva Universidade Federal de São Paulo

1 Endereço para correspondência: Setor de Medicina do Adolescente, Departamento de Pediatria, Rua Botucatu 715, Vila Clementino, São Paulo, SP, Brasil, CEP: 04023-062, E-mail: vitalle.dped@epm.br Foi com grande satisfação que lemos o artigo “Relexões Sobre a Queixa Muda da Anoréxica” publicado nesta revista (jul-set 2011, volume 27 número 3), no qual é citado nosso artigo “Anorexia nervosa: estudo de caso com uma abordagem de sucesso”. Veriicamos que há uma incorreção em tal citação, uma vez que ela foi utilizada no sentido de corroborar a ideia de que a anorexia estaria dentro de uma estrutura perversa ou histérica. Ocorre que essas palavras não aparecem em nosso texto em nenhum momento, nem tampouco é possível inferi-las a partir de qualquer ideia transmitida na leitura do artigo.

Achamos importante frisar que a abordagem que utilizamos em nosso trabalho é psicodinâmica e, predominantemente, existencialista. A Psicologia Existencial Humanista, também conhecida por Teoria Holística da Personalidade, foca seu interesse na natureza do homem, principalmente em seu potencial positivo, e na forma como tal natureza é criada e revelada no ser existencial. Na prática terapêutica, seja ela individual ou grupal, o psicólogo que utiliza essa abordagem busca facilitar o crescimento pessoal, trabalhando com o paciente no aqui-agora, sendo que os grupos funcionam como espaço experiencial. Esse tipo de abordagem vê a autoconsciência como componente indispensável ao crescimento sadio, pois é através do aprofundamento de seu nível de consciência que o indivíduo pode expressar ao máximo seus potenciais, deinir seu rumo, e participar ativamente do processo de seu crescimento pessoal.

Na terapia de abordagem existencial-humanista, um dos principais objetivos do terapeuta é auxiliar o paciente no processo de auto-descoberta, para que ele possa evoluir em direção a seus projetos de vida, utilizando, para isso, seus potenciais. O terapeuta participa ativamente, com a totalidade de seu ser, do processo terapêutico no qual o problema central é a aceitação do próprio eu, mas também dos outros “eus”, do “mundo dos outros”.

Num indivíduo com personalidade sadia, tanto as experiências passadas quanto as possibilidades futuras pertencem ao momento presente, e nele estão atuantes. A vida não é um sistema ixo, ela segue sua evolução em direção à lexibilidade e à mudança, num processo de crescente totalidade e enriquecimento do organismo, onde passado e futuro estão no momento presente.

O papel do terapeuta no grupo consiste basicamente em, no início, favorecer um clima terapêutico de respeito incondicional, acolhimento e aceitação para facilitar a participação ativa de cada integrante, através da expressão sincera e sem censura de quaisquer sentimentos pessoais. As intervenções terapêuticas visam estimular a discussão sem julgamentos entre os participantes por meio de relatos de sua

forma de encarar e lidar com situações semelhantes em sua vida. As ações do terapeuta têm por objetivo também auxiliar cada um a perceber reações emocionais, comportamentos e atitudes que constituem um padrão pessoal em resposta a problemática trazida. O questionamento busca desestabilizar tal padrão, na tentativa de ajudar a fazer surgir outro padrão, que possibilite nova forma de ser e estar no mundo, forma essa mais compatível com as necessidades e desejos identiicados. Na psicoterapia atual, o terapeuta participa do encontro com seu paciente em uma relação pessoa a pessoa, revelando-se também, e nessa relação ocorre uma troca de ideias e mútuas sugestões, não sendo mais possível partir de rotulações para desencadear a caminhada terapêutica. Portanto, viemos por meio desta Carta ao Editor, ressaltar que utilizamos uma abordagem psicoterápica diferente da utilizada pelos autores que nos citaram. Além disso, não consideramos a anorexia uma estrutura perversa ou histérica. Houve uma interpretação enviesada, baseada em outras teorias, sobre o que escrevemos no nosso artigo.

Recebido em 03.12.2012 Primeira decisão editorial em 25.09.2013

Versão inal em 11.12.2013

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