PSIC6LOGO (SER OU NÃO SER?) ESCOLAR OU
UM ATOR À PROCURA DE UM PAPEL
UM ATOR Ã PROCURA DE UM PAPEL
Osvaldo Gradella jセョゥッイ@
Dissertação submetida como
re-quisito parcial para a obtenção
do grau de mestre em Educação.
Orientadora:
. Angela Valadares Dutra de S.Campos
Rio de Janeiro
Fundação Getulio Vargas
Instituto de Estudos Avançados em Educação Departamento de Psicologia da Educação
1989
-deram significado a essa peça e sem os quais não haveria a es-treia!
-Pago
1. INTRODUÇÁO
...
12. METODOLOGIA
...
243. TRABALHO COM PROFESSORES .. ... ... 37
4. TRABALHO COM MÃES ... 57
s.
CONCLUSÁO...
68BIBLIOGRAFIA • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •. * • 72
-Esta dissertação pretende discutir as ーッウウゥ「ゥャゥ、セ@
des de trabalho do psicólogo na instituição escolar,
consi-derando as comunidades populares como fundamentais no ーイセ@
cesso educativo realizado com as crianças que delas
parti-cipam.
Num primeiro momento, faço incursões
à
Psicologiainstitucional, à pesquisa-ação e aos movimentos sociais, uti
lizando o materialismo histórico como pano de fundo para a
compreensão dessas práticas/teorias.
Procuro contextualizar a escola e sua atuação ェオセ@
to a favelas e bairros periféricos e também a Educação que,
enquanto pertencente a um projeto capitalista terceiro-mun
dista, será portadora das contradições e fracassos desse
projeto.
A partir daí, compreendendo a 。エオ。セッ@ do
psicólo-go na escola e a tradição medidora ou terapêutica da Psico
logia no Brasil, tento vestir esse ator numa peça onde as
contradições afloram à superfície, constatando que o nosso
pouco compromisso com as classes populares e com a realida
de vivida faz com que sejamos coniventes com essa situação
atual e a perpetuemos através de nosso instrumental de tra
balho, psicologizando o social e reificando o individualis
mo, através de teorias e intervenções de .consultório.
-constituir urna prática nova, apresenta várias lacunas
por exemplo, falta-lhe um quadro teórico que a lastreie e
lhe permita ser reconhecida corno teoria, e nao somente
co-rno urna técnica ou prática.
Num segundo momento, realizo urna pesquisa em urna
favela e um trabalho com os professores da escola municipal
ali localizada. Juntos fazemos um trabalho de grupo,
ten-tando refletir o cotidiano e entender nossos limites e con
tradições. Busco também, nesse "momento, fazer urna leitura
das relações de poder ali existentes, destacando os
mean-dros da burocracia da escola pública enquanto cerceadora e
cristalizada, impedindo e escamoteando o emergir dos
con-flitos.
Paralelamente desenvolvo um trabalho com maes de
alunos, objetivando a sua participação no processo educat!
vo dos próprios filhos. Considero que, neste aspecto, a
sua participação é fundamental e vai garantir a integração
da escola
ã
comunidade. A tentativa de atingir esseobje-tivo ê o vir-a-ser da Educação, pois só assim se definirá o seu compromisso com as clásses populares.
A priori, tenho consciência das dificuldades que
emperram esse tipo de trabalho, ao mesmo tempo que reconhe
ço a urgência dessa busca.
Uma conclusão a que cheguei
é
da urgência e da ne-Outra conclusão
ê
de que esse trabalho deve privilegiar os grupos que sofrem diretamente a contradição da
Educação e são ligados umbilicalmente às crianças; isto
ê,
as mães e os ーイッヲ・ウウッイ・ウセL@
-Cette dissertation se propose de discuter les pos-sibilitês de travail du Psychologue dans l'Institution Sco laire, en considêrant les communautês populaires cornrne fonda mentales dans le proces êducatif rêalisê avec les enfants qui y participent.
Dans un premier moment, je fais une incursion dans le domàine de la Psychologie Institutionnelle, de la r・」ィ・イ」ィセ@
Action et des mouvements sociaux, en me servant du matêrialis me· his torique comme toile de fond pour la comprêhension de ces pratiques/thêories.
Je cherche à analyser, dans son contexte, l'êcole et son action aupres des bidonvilles et des quartiers pêriphêrl ques. Et aussi I' Education, dans la mesure ou, appartenant à un proj et capi taliste du Tiers-Mond, elle portera les contra-dictions et les êchecs de ce projeto
A parti r de I à, j e comprendes I f action du psychologue
à I f êcole et la tradi tion mensurationniste ou thêrapeutique de
la Psychologie au Brêsil, j f essaie d'habiller cet acteur dans
.-
-une plece ou les contradictions aff1eurent, en constatant que notre faible engagement avec les classes populaires et avec la rêalitê vêcue fait que nous soyons de connivence avec cette si-tua tion actuelle et que nous I' êternisions moyennant notre ins trument de travail, en psychologisant le sociál et en rêifiant I' individualisme, par des thêories et des interventions de ca binet.
Je touche en passant à quelques questionsconcernant la mêthologie de recherche-action, non seulement parce qu'il s I agi t d I une pratique nouvelle, mais aussi parce quI elle pre-
-sente plusieurs lacunes; il lui manque, par exemple, un cadre thêorique qui lui serve de lest et qui lui permette dI être re connue en tant que thêorie et non pas uniquement en tant que technique ou pratique.-communale y situee. Nous faisons ensemble un travail de grou-pe, en essayant de penser le quotidien et de comprendre nos limi tes et nos contradictions. A ce moment-lã, je cherche ・ァセ@ lement ã faire une lecture des relations de pouvoir qui y existent, en signalant les meandres de la bureaucratie de I' e cole publique, en tant qu'elle est limitative et figee, ce qui empêche et escamote l'emergence des conflits.
Parallelement, je developpe un travail avec les res des eleves afin de rendre objective leur participation
- me-au proces educatif de leurs propres enfants. J' estime que,sous cet aspect, leur participation est fondamentale et qu' elle va as surer I' integrationde I' ecole ã la corrununaute. La tentative d' atteindre cet obj ectif est I' avenir de l'Education, car ce n' est qu' ainsi que se definira son engagement avec les classes populaires.
A priori, j r ai conscience des difficultes qui s' 0E. posent ã ce genre de travail, en même temps que je reconnais
l'urgence de cette recherche.
Une conclusion ã laquelle ]esuis arrive est celle de I' urgence et de la necessi te de ce travail dans le contexte educatif actuel et pour la Psychologie au Bresil.
Une autre conclusion c'est que ce travail doit pri vilegier les groupes qui souffrent directement de la contra diction de I' Education et qui sont ombilicalement lies aux en-fants, c'est-à-dire les meres et les instituteurs.
-escrita com tinta invisível cu-jo sentido só vai aparecer com a química agitada dos grandes conflitos sociais" (Barbier,
Em 1984, encerra-se um ciclo no Brasil com a
mu-dança de um regime militarista e autoritário para uma rear
ticulação das forças no poder, rearticulação esta denomina
da Nova República e composta de elementos do antigo regime,
mas também de novos participantes ligados à oposição con-servadora. Várias pesquisas têm mostrado que na Educação,
refletindo essas contradições, todos os planos elaborados
no antigo regime (Mobral, reforma do 19 e 29 graus etc.) não
deram conta da tarefa que se propuseram.
O Brasil que surgiu com a modernização da socieda
de capitalista é um país que se urbanizou formando ュ・エイーセ@
les sem a necessária infra-estrutura, abrigando uma maioria
de marginalizados vindos do campo - grande parte do Nordes
te que passam a sobreviver em bairros periféricos e
fa-velas sem as mínimas condições de vida como moradia 。、・アオセ@
da, saneamento básico, transporte etc.
Essas comunidades são também as mais ーイ・ェオ、ゥ」。、セ@
com a falta de escolas, e
ai
que existem são malaparelha-das e funcionam em condições precárias. Há também que se
discutir o que é ensinado nessas escolas, pois o ョ ̄ッM。ーイ・セ@
dizado da criança está intimamente ligado à falta de coerên
-cia entre o que e ensinado e a realidade vivida, ao lado de
fatores estruturais como desnutrição, condições
colar e a repetência das crianças das classes populares
atinjam grande percentagem, o que contribui para a ュ。イァゥョセ@
lização de grande parcela da população brasileira. Algumas
pesquisas apontam que na passagem da la. para a 2a. serle,
-
.as taxas de evasão e repetência chegam a 56%, e que de
1.000 crianças que ingressam no 19 grau, somente 180 o con cluem (Brandão, Baeta e Rocha, 1983).
Esse Brasil urbano vai ampliar a ja enorme camada
social de explorados e oprimidos, as classes populares, ッセ@
de a ideologia das classes dominantes exerce um papel
fun-damental na manutenção do seu poder. Essas classes ーッーオャセ@
res constituem os atores dos movimentos sociais que
adqui-rem grande força de reivindicação. São elas que vão
con-frontar diretamente o sistema de ensino vigente com o fato
de que a escola pretendia atender e dar condições de 。ウ」・セ@
são social à população, o que nao ocorre com a imensa maio ria. Nesse contexto ê que a Educação ligada aos movimentos sociais vai contribuir para dar uma nova dimensão à esco-la.
Esses movimentos sociais, que possibilitam uma
açao transformadora da realidade, surgem pelos mais diver
sos motivos e têm como pano' de fundo a exploração do siste
ma capitalista. Essa situação de exploração vai gerar nas
classes populares um movimento de resistência e organização
para a conquista de suas necessidades basicas. Elas
cons-troem o seu saber nessas lutas e percebem o imperativo de
ter acesso a um conhecimento que lhes permita conquistar e
tância, vai se concretizar com o fim do capitalismo.
to,
Para que seja possível o acesso a esse conhecimen
"( ... )eu diria que a anãlise de 」ッョェオョエセ@
ra
e
fundamental em um trabalho que sepropõe a ser de organização popular, de educação popular, na medida em que esta
em questao, exatamente, capacitar os ァイセ@
pos para analisar e agir nas situações
em que se apresentam" (Coutinho, bowski e Lessa, s.d.).
Grzy-Por outro lado, também a educação ligada às clas-ses populares tem como objetivo favorecer a aquisição de novos conhecimentos, que se fazem e refazem na medida em que avança o processo de transformação social. Ou seja,
"( ... )no trabalho de educação se tenta re
fletir a ação. O trabalho de educação ーセ@
pular
e
uma reflexão, uma anãlise,en-fim, do significado social das açoes.
-Isto implica, em ultima instância, situ ar o trabalho e o grupo de pessoas, num complexo de relações para saber para on de apontar as ações" (id. ibid.).
Isto porque, e a luta de classes que possibilita a crítica e o surgimento de novos conhecimentos. Ao serem expressa0 do momento histórico, tais conhecimentos carregam em si uma nova ciência, ciência esta que, do ponto de vis ta do proletariado, vai セ・イ@ uma ciência revolucioniria.
vez, devera ser uma instituição dinâmica também com perspec
tivas de transformação, não só na Educação propriamente di
ta, mas também na sociedade; para isso, pensar essa
reali-dade
e
um dado fundamental. Por outro lado, não resolvepensar somente questões relacionadas com aspectos psicope
dagógicos como aprendizagem, por exemplo, sem articular com
o contexto sócio-econômico-político, pois, em última ins
tância, essas questões são produzidas pelo tipo de socieda
de em que vivemos.
A inserção real da escola na comunidade vai se dar
no momento em que ela passar a ouvir a fala dessa comunida
de e reintroduzir esse discurso no ensino para os alunos,
estabelecendo uma relação dialética entre a fala do ーイッヲ・セ@
sor e a fala da comunidade. A contextualização da escola e
da comunidade resgatando a sua história é fundamental para
a elaboração desse trabalho.
o
importante é nunca perder de vista o geral e ヲセ@zer sempre a ligação entre o bê-a-ba da vida e o bê-a-bá da
escola. A Educação tem que se dar num processo de troca,
onde o professor e o aluno vao aprendendo, se reciclando,
se transformando e criando condições para uma transformação
mais ampla, não so das suas· vidas mas também da sociedade.
-Esse processo e longo e penoso e pressupoe mais que quatro
paredes da sala de aula.
A associação de moradores, por exemplo, cumpre um
papel muito セューッイエ。ョエ・L@ nao so para a organização da
comu-nidade, mas também para dar um conteúdo pplítico ao que e
Por outro lado, a importância do conhecimento da realidade é um assunto de domínio público, falado por to-dos que trabalham em Educação, porém o fazer é que nao tem avançado, pois o professor tende a se burocratizar em face das exigências escolares e não aprofunda o conhecimento da população atendida, não percebendo seu movimento, sua dinâmica, e não tendo muitas informações nem análises acer ca do contexto mais geral da cidade, do estado, do país e do mundo. Em geral, esse professor possui um "saber 。」。「セ@
do" e, por isso, inoperante para o ensino dessa população. Além disso, vamos observar as situações enfrenta-das pelos professores que são mal remunerados, não têmequi pamentos, não têm tempo para ampliar seus estudos e, para sobreviver, têm que trabalhar em vários locais. São dados reais que contribuem para inviabilizar muitas propostas de Educação. Portanto, o professor, por sofrer esses ーイッ「ャセ@
mas, está lado a lado, do ponto de vista econômico, com a maioria da população que sofre com essa situação sócio-eco nômica atual.
Esse trabalho da Educação levando em conta as ne-cessidades da comunidade reafirma o seu caráter político no sentido de resgatar não so a realidade do aluno mas tam bém a do professor. Através do conhecimento da realidade comunitária, o professor também apreende a sua própria イ・セ@ lidade. Essa realidade todos a vivem professor, aluno, pais, psicologo etc. - porém, conhecê-la e elaborá-la num
"( ... )para isto, e preC1SO que o ーウゥ」ッャセ@
go supere a crença enganadora de que sua
função e exclusiva e neutramente tecni
co-científica, e se comprometa com o
objetivo de criar espaço para que o ex
cluído se perceba enquanto tal;
traba-lhando com os obstáculos internos a es
sa percepção, o psicólogo contribui
pa-ra recupepa-rar, com o oprimido, seu
con-teudo humano e seu papel de protagonis-ta na historia" (Patto, 1984, p. 206).
Essa postura "neutra" do psicólogo vem de influê!!:.
cias tanto da psicologia americana, com um discurso ヲオョ」ゥセ@
nalista e behaviorista que se encaixa bem no desenvolvime!!:.
tismo existente no Brasil após 11 Guerra Mundial, como do
pensamento filosófico europeu com uma visão idealizada e
abstrata de homem.
Essas duas vertentes fortalecem e direcionam a
Psicologia no Brasil, sendo que a vertente européia fica
muito localizada na Psicologia Clínica ou terapêutica, com
o boom principalmente da Psicanálise e terapias de baseana
lítica.
A vertente americana vai influenciar o avanço dos
testes vocacionais, inicialmente para a indústria
emergen-te no Brasil e, mais adianemergen-te, para as escolas.
Essas duas vertentes possibilitam que a Psicologia
trabalhe com um homem ora abstrato e individual, ora
orga-nismo que responde aos estímulos do meio; portanto não
lham o homem-objeto, e nao sujeito de sua hist6ria.
Desde os seus prim6rdios, a Psicologia nao mante-ve uma interação com o materialismo hist6rico, que fazia uma leitura da sociedade capitalista emergente p6s-revolu-çao industrial e situava esse homem em uma totalidade his t6rico-social. Essa busca foi empreendida por Vygotsky e colaboradores na Rússia revolucionária, evidentemente com dificuldades, e so agora os seus escritos começam a ser re cuperados no Brasil.
Algumas tentativas começam a se delinear na aュセイゥ@
ca Latina para possibilitar uma aproximação maior entre a Psicologia e o materialismo hist6rico, em face dos inpasses existentes na prática da Psicologia relacionada com os ァイセ@
pos e movimentos comunitários, pois os trabalhos de educa çao popular vão se utilizar エ。ュ「セュ@ das teorias psicol6gicas de aprendizagem que trabalham com um conceito de
anist6rico.
homem
B necessário um pouco de hist6ria da Psicologia no Brasil e particularmente a Psicologia Escolar para que se possa entender a verdadeira dimensão do fazer do psic610go na escola.
Desde a crlaçao de um laborat6rio de Psicologia pセ@ dagógica junto ao Pedagogium, em 1906, no Rio de Janeiro, 。エセ@ a
"( . . . )decada de 70. com a transformação
dos serviços municipal e estadual de as
a Psicologia
nica que deixa as clinicas e se lnsere
nas escolas, buscando o aumento de pro-dutividade do sistema de ensino" (Patto, 1984, p. 75)
caminha em direção ao sistema esco-lar, não somente 。エイ。カセウ@ de teorias educacionais, mas tam 「セュ@ com uma intervenção mais direta na estrutura da esco-la.
Patto (1984) aponta エイセウ@ momentos 「セウゥ」ッウ@ na his-tória político-econômico-social do Brasil em que isto se configura:
a) de 1906 a 1930, num modelo econômico agroexportador,com população analfabeta, sem qualificação e sem acesso a escola, a Psicologia desenvolve-se em laboratórios ane xos à escola ou a instituições paraescolares. A ーッーオャセ@
çao escolar infantil e o ensino não são atingidos por ela;
b) de 1930 até a década de 60, o fortalecimento do proces-so urbano-industrial necessita de mão-de-obra アオ。ャゥヲゥ」セ@
da. Inicia-se uma seleção dos "mais aptos" tanto para a escola como para o trabalho, onde os instrumentos uti lizados são os testes psicológicos, porém ainda restri tos às crianças encaminhadas às clínicas do estado e do município e serviços de orientação vocacional (por exem pIo, o ISOP, da Fundação Getulio Vargas);
Psicologia passa a ser praticada nas escolas, atingindo mais diretamente a população escolar do 19 grau.
Na década de 70 se dá o auge da Psicologia insti-tucional, que encontra um campo fértil para atuação na ins tituição escolar, onde, apos as primeiras ・クー・イゥセョ」ゥ。ウ@ e criticas a esse tipo de intervenção, e com expectativas mais modestas, se insere esta pesquisa e a discussão da ーッセ@ sibilidade de 、・ウ・ョカッQセゥュ・ョエッ@ de um trabalho de Psicologia
na escola.
Não pretendo fazer aqui um aprofundamento históri co sobre a Psicologia outros psicólogos já o fizeram mui to bem (ver Patto, 1984); mas procurar compreender a ーウゥ」セ@
10gização do ensino aliada ao sistema dominante, principal mente quando se trata da educação das classes populares,
com nitidas caracteristicas funciona1istas que excluem o social, o po1itico e o econômico da escola, reduzindo o fracasso e a exclusão dessas classes populares a questões meramente individuais. Pretendo discutir, a partir dai e desse momento histórico da Psicologia, uma possivel a1ter nativa a esse tipo de atuação que o psicólogo vem fazendo nas escolas; discutir alternativas, como a Psicologia ゥョセ@
titucional, não no sentido de "a solução para a Educação", mas sim como a contribuição que o psicólogo pode dar no sen tido de se aliar aos profissionais e à população que lutam por transformações sociais mais profundas.
cia esta que, produzida pelo momento histórico, deve ser
a expressão do ponto de vista de uma classe nova, no caso
as classes populares e, em última instância, o
proletaria-do. B preciso considerar que "cada vez mais o intelectual
vende a sua força de trabalho por um ウ。QセイゥッL@ ele trabalha
em uma instituição, em uma empresa, privada ou plib1ica, que
determina o ィッイセイゥッL@ o conteúdo de seu trabalho" サlッエLセケL@
1985, p. 106), fazendo com que ele se aproxime do
proleta-riado e adquira caracteristicas semelhantes セウ@ suas HB。アオセ@
1es que vendem sua força de trabalho"), "isto ê, com
pro-blemas de emprego, ウ。QセイゥッL@ de organização sindical etc."
HlッセケL@ 1985, p. 106).
Portanto, cabe ao psicólogo, enquanto intelectual
aliado as classes populares, o papel de representante 」ゥ・セ@
tífico do proletariado e o compromisso de sua teoria com o
ponto de vista de uma classe social determinada, 」ッョウゥ、・イセ@
do que "o que define o intelectual não ê sua posição de
classe,
ê
o 」。イセエ・イ@ do seu trabalho, a sua formação cultur aI" (L ッセケL@ 1985, p. la 7) .
Tendo em vista os fatos e situaç6es anteriores, e
lhes acrescentando a situação atual do psicólogo escolar
no município e no estado do-Rio de Janeiro, tenho como obje
tivo neste estudo apontar a possibilidade de um trabalho a
nível da Psicologia na escola, e identificar qual a função
de um psicólogo escolar, levando em conta todos os fatos
que contextualizam a Educação no Brasil, hoje. Os ーウゥ」ャセ@
gos, em sua grande maioria, fazem uma intervenção clínica
onde só o individual é considerado, deixando de lado as
contradições que permeiam a escola e suas relações, descon
textualizando-a e colocando o peso do fracasso somente no
aluno e suas péssimas condições de vida.
A escola é compreendida enquanto algo neutro, on
de a educação é igual para todos que a freqUentam. Essa Vl
são parcial do problema só favorece a parcela ーイゥカゥャ・ァゥ。、セ@
empurrando o aluno das classes populares para fora e pouco
contribuindo para urna mudança concreta nessa escola.
Apesar da criação do cargo de psicólogo no estado
e no municfpio, e de urna comissão junto i Secretaria
Muni-cipal de Educação para efetuar discussões não só sobre o
trabalho, mas também no que se refere i quantidade
necessa-ria de profissionais para este fim, pouco se tem
divulga-do ou ampliadivulga-do essa questão. Por outro ladivulga-do, os
psicólo-gos que desempenham funções na escola são aqueles que já
pertenciam ao quadro de professores do estado/municfpio e
foram enquadrados a partir de decretos. Por exemplo, na
escola onde realizei a pesquisa para este trabalho não há
psicólogo.
Pesquisando algumas dissertações, selecionei 、オセL@
pois elas agregam as duas linhas que norteiam o meu
traba-lho: a utilização da Psicologia institucional da escola ar
gentina e o grupo de psicólogos da Secretaria Municipal de
Educação.
No trabalho de Cecflia Coimbra (1980), a autora
questiona o caráter preventivo da teoria de J.Bleger, com
"C ...
)antes de uma ação que se queira transformadora com os integrantes da escola, é preciso que o psicólogo セ@ tome
consciência de sua própria ・ク」ャオウ ̄ッセ@ na
medida em que é イ・ャ・ァ。、ッセ@ pelo ウゥウエ・ュ。セ@
ã
condição de 」ッョ」・ウウセッョ。イセッ@ .-.
involuntário da violência, com poder técnico pa-ra conduzir os excluídos da escola
(di-retores, ーイッヲ・ウウッイ・ウセ@ alunos, pais e fun
cionãrios em geral) a se instalarem sem atritos em sua condição de exclusão"
(Patto, 1984, p. 205).
Por outro lado, a discussão está centrada nesse
campo teórico e na compreensão do grupo de trabalho de ーウセ@
cólogos da SME, nao se referindo a trabalhos realizados em
alguma escola da rede.
Marília Aloy (1986) aponta um dado interessante:
a desproporção -entre o número de psicólogos e o das
esco-las e enorme; por exemplo, a l7a. DEC tinha cinco psicólo
gos para 84 escolas por volta de 1986, e essa situação nao
se modificou de lã para ca. Esses números dificultam bas tantea adoção da Psicologia institucional na SME, porem a
autora faz uma discussão em torno do grupo de trabalho e
não aponta esse dado como fundamental para a possibilidade
dessa implantação nas escolas da rede.
A discussão sobre um trabalho de Psicologia insti
tucional nas escolas ainda se restringe a esse grupo de tra
balho e algumas investidas esporádicas e sem maiores イ・ー・セ@
cussoes. .
.
cólogo escolar que nao sej a o "que traz nas suas origens (os
tes tes ps icométricos de Gal ton e de Simon-Binet) o vício ーセ@
sitivista de medir, prever, ajuizar e controlar os gestos
e signos da criança-aluno" (Bosi, prefaciando Patto, 1984).
Um lugar que não seja o que ainda contribui para, uti1izan
do a noção de QI e outros testes,"iriferir a baixa cota de
...
talento que o destino cego teria reservado a negros e a lndios, a mestiços e a migrantes, a lavradores e a
subpro1e-tãrios do campo e da cidade" (id. ibid.), esses anônimos
atores sociais que tentam sobreviver à exploração do capi-ta1ismo nas favelas e bairros populares.
Essa origem decorre de uma tradição biológica da
Psicologia, onde o ser humano era compreendido como um
or-ganismo em interação no meio físico, uma idéia que permeou,
no final do século XIX e início deste, as Ciências Humanas
em geral.
Por outro lado, a Sociologia tratava o homem en
quanto socialmente determinado, numa oposição que só ーッウウセ@
bilitava a reprodução das condições de vida do indivíduo.
Enfim, faltava compreender esse homem na interseção de sua
história com a história da sua sociedade.
A Psicologia de consultório, que trata do
indiví-duo isolado, desconhecendo sua integração com a sociedade,
é a forma predominante no Brasil, fazendo com que todo o
potencial de trabalho e pesquisa fique reduzido aos consu1
tórios e supervisões, operando com soluções de impotência
e onipotência diante das contradições ュ。ゥセ@ profundas enfren
-"( •.• )quase nenhuma açao humana tem por sujeito um indivíduo ゥウッャ。、ッNセ@ O sujei-to da ação ê um grupo, um 'NÕS', mesmo se a estrutura atual da sociedade, pelo fenômeno da reificação, tende a enco-brir esse 'NÕS' e a transformá-lo numa soma de várias individualidades distin
tas e fechadas umas às' outras" (Goldmam, apud Iane, 1985, p. 10).
Uma formação bastante precária e despolitizada faz com que os profissionais recém-saídos da universidade optem por trabalhar em consultórios particulares; ou, se vão p! ra outros locais, levem apenas o referencial clínico de atendimento. Enfim, a Psicologia carece de maiores enten-dimentos em outras áreas de atuação que nao utilizem somen te o referencial clínico (geralmente da Psicanálise). De um lado, aplicam-se testes e mede-se o indivíduo; de outro, trata-se do indivíduo anistórico, independente da classe. 50
cial a que ー・イエ・ョ。セ@
Na minha tentativa de conquistar um lugar para
°
psicólogo escolar, faço incursões à Psicologia institucio-nal, à análise institucioinstitucio-nal, à educação popular e às aná-lises de conjuntura, aproximando-as e tentando vestir es-se ator, compreendendo que a roupa velha, apesar de intac ta, não serve para esta peça e a nova que surgirá ainda ・セ@ tâ em construção e pressupoe um processo dinâmico, paranao se cristalizar, e que seja engajada nos movimentos sociais onde pulsa a mudança e que oxigenam nossas performances.cologia social, em sua busca no materialismo histórico das bases para compreender e possibilitar a transformação do homem, propõe uma forma de intervenção do psicólogo em lo-cais que tradicionalmente pouco ocupamos, e quando o faze mos, nao buscamos novos referenciais de atuação. Ha de se convir que a Psicologia institucional que trabalha somente com um referencial psicanalítico ou fenomenológico pouco contribuira para um avanço concreto da Psicologia nas ins tituições, principalmente a escola. O limite esta dado na visão de homem abstrato e anistôrico que essas vertentes utilizam.
Quando utilizo o materialismo histórico, as expe-riências em educação popular e a pesquisa-ação, tenho como preocupaçao resgatar o indivíduo social e histórico, ーイッ、セ@
to e produtor de sua sociedade e que, por isso, e quem po de e deve intervir nessa sociedade.
Ora, enquanto a escola ficar no círculo vicioso de culpas, ela estara cumprindo uma de suas finalidades na sociedade de classes, que
e
excluir ou não permitir a as-censão das classes populares a um saber que possibilite urna leitura crítica da sociedade. Claro que finalidades nao significam resultados, pois a contradição social esta ins talada naquele local. E nesse espaço que vejo a atuação doimpregnada de procedimentos alienantes e reducionistas,
apresentando muitas surpresas e descobertas. Cabe a nos
-essa tarefa.
Compreendo o trabalho do psicólogo escolar tendo
como espelho a realidade da escola, o conhecimento do アオセ@
dro de funcionários, professores, direção, ッイゥ・ョエ。、ッイ・セ。ャセ@
nos e pais. Esse conhecimento vai permitir a compreensao
da escola e de suas relações não só com os pais dos ahmos,
mas tambem com,,,es?es grupos entre si, permi tindo um proj
e-to mais complee-to e mais diree-to em relação aos segmene-tos que
compõem a escola.
Algumas situações sao comuns a maioria das
esco-las e permitem generalizações acerca de um trabalho a ser
realizado. Essas situações se referem não só aos fatos da
dos - corno a existência de urna ou mais edificações em
de-terminado local,· alunos, pais, professores, funcionários,a
direção, a comunidade corno um todo - corno tambem
à
sua inserção no contexto sócio-econômico-político atual que ーイセ@
duz/reproduz contradições no interior da instituição; ou
melhor, "e a transversalidade da luta de classes, na sua
tripla dimensão econômica, política e ideológica, que defi
n e a in s t i tu i ç ão " C B a r b i e r, 19 8 5, p. 137).
Essas contradições vão se concretizar nas relações
entre os diversos grupos que coexistem no espaço escolar,
pois
"C ..•
)a luta de classes estrutura asorganizações sob a forma de lutas insti tucionais com autonomia relativa. O ー・セ@ curso ínstitucional da luta de classes nega, a cada instante, a universalidade ímaginária dos pontos de vista nos gru-pos e organizações, e, ao mesmo tempo, revela, por meio dos analisadores histõ ricos, a violência institucional, forma organizacional da violência simbõlica"
(id. ibid.).
o
trabalho institucional se realiza no detectar essas contradições e fazer com que elas sejam superadas eacrescentam uma nova vitalidade na relação entre os grupos
e entre as pessoas que os compoem.
Esses conflitos, gerados por contradições mais am
pIas (escamoteadas pelas classes dominantes) que
ultrapas-sam os muros da escola, fazem parte de sua dinâmica e sao
o moto de seu desenvolvimento.
Não se resolvem os conflitos a partir de uma
fõr-mula, mas eles podem ser superados através de um processo
onde o grupo discuta aprofundando essas contradições e ーイセ@
pondo soluções para que haja saldos qualitativos,
contri-buindo para avançar nas questões educacionais e sociais.
Nesse aspecto,
"( ... )a análise institucional pretende, p01S, dar oportunidade a ァイオーッウMッ「ェ・エッセ@
mais ou menos vastos, de se tornarem ァイセ@ pos-sujeito, pela recuperação da 。オエッョセ@
lência simbólica da sociedade, e da
in-serção nas instâncias em termos de カセッ@
lência institucional" (Barbier, 1985,
p. 139-41).
E importante resgatar a dinâmica desse processo,o
movimento de idas e vindas a que está sujeita a escola na
medida em que está interagindo com uma conjuntura
determi-nada, num momento determinado e que, em última instância,
vai determinar o movimento dos grupos envolvidos. Ou seja,
·11 ( • •• par t ) セ@• mos do principio de que esta
-
-açao nao pode ser pensada sem que se con
sidere o momento histórico em que e ーイセ@
posta; sua viabilidade é tanto maior アオ。セ@
to·mais a classe trabalhadora contar com
organizações próprias, porta-vozes de
seus interesses, e as equipes técnicas,
identificadas com as lutas ーッーオャ。イ・ウLーセ@
dessem aliar-se aos
-
orgaos-
representa-tivos do povo, como os sindicatos e ou-tros grupos identificados com essas lu-tas" (Patto, 1984, p. 206-7).
Este trabalho pressupoe uma atuação a nível grupal
com os diversos segmentos da escola, pois através do grupo,
as relações ,trocas de experiências, dúvidas se tornam mais
ricas e propiciam um questionamento mais amplo acerca de
suas funções e objetivos na escola. Não podemos nos ・ウアオセ@
cer de que na escola não existe um professor, mas ーイッヲ・ウウセ@
res. não existe um aluno mas alunos; enfim, um conjunto,
de pessoas com identidades diferentes porém com alguns ッ「ェセ@
tivos comuns, e que esse conjunto é que vai. compor a esco
desenvolvimento. Cabe ao psicólogo, segundo Patto (1984,
p. 205), estar "atento para as oportunidades de
desenvol-ver, na instituição escolar, uma ação que contribua para
a explicitação, através da palavra recuperada, da
insatis-fação latente".
Para que possamos dar conta desse trabalho, foi
eleito o grupo operativo como a técnica mais apropriada.
1\
O grupo operativo, segundo Pichom-Riviere (apud
Bleger, 1980, p. 55), "é um conjunto de pessoas com um ッ「ェセ@
tivo comum" abordado no trabalho como equipe.
O grupo operativo vai estudando e superando seus
conflitos na medida em que vao surgindo e sendo examinados
em função dos seus objetivos. No grupo operativo o fator
humano
e
fundamental, pois para desenvolver atividades, oser humano se envolve em diversas relações que イ・アオ・イ・ュBセ@
go mais" que a técnica. Esse "algo mais" é o ser humano
total, com fatores objetivos e subjetivos, o que possibili
ta uma forma desalienante de solucionar problemas,
enten-dendo-os como acontecem e fazendo com que aconteçam da
me-lhor maneira possível.
o
quee
importante no processo do grupo operativoe
buscar os instrumentos para solucionar os diversos pro-blemas que surgem, pois a informação acabada não propiciauma troca e possibilita uma dicotomia entre quem ensina e
quem aprende. O importante do conhecimento no campo
cien-tífico
é
a forma como elee
utilizado para se indagar eatuar sobre a realidade. Portanto, o grupo operativo アオセ@
luta de interesses de classes sociais, sao instrumentos de
bloqueio e controle, alienando o indivíduo de sua
realida-de. Aprender a pensar o homem na sua totalidade é o 。ーイ・セ@
dizado de nós mesmos.
Considero que a compreensao da instituição ・ョアオ。セ@
to totalidade e a atuação com grupos operativos são
"( ..• )a possibilidade que oferece de aprender a 。ァゥイセ@ pensar e fantasiar com liberdade, a reconhecer o nexo estreito e a insensível passagem que existe en-tre セュ。ァセョ。イL@
.
. fantasiar, pensar epro-por hipoteses científicas" (Bleger, 1980,
p. 65).
Não tenho ilusões acerca do fato de que a mera
aplicação de uma técnica resolva, por si, os ーイッ「ャ・ュセ@ 、セ@
instituições numa sociedade capitalista, pois, como diz Pou
1antzas (1974, p. 131): "assim como a reprodução ampliada
das relações sociais depende da luta de classes, sua
revo-1ucionarização depende igualmente dessa luta". Mas, na
procura de superar essas contradições, vejo essa perspecti
va de atuação a nível institucional como a que possibilita
também um questionamento acerca de sua validade,
conside-rando a sua aplicação.
Sem deixar de considerar a instituição escolar em
sua totalidade, centrei a minha intervenção em dois ァセウZ@
os professores e as maes.
Esses dois grupos têm uma relação direta com o
(ainda セI@ obj eto de aquis ição de conhecimento: a 」イゥ。ョ。M。ャセ@
o
fato de serem esses grupos formados pormulhe
-res e um fator de proximidade, pois elas sofrem na pele a
dupla jornada de trabalho, a desvalorização de seus
traba-lhos, a discriminação dos seus discursos, a negaçao de sua
participação social. Além disso, na família cabe à mulher
a obrigação de educar os filhos e, na sociedade, aos
pro-fessores, que em sua imensa maioria são mulheres, com um
salário pequeno, pois é considerado apenas um "complemento"
ao orçamento familiar. Trata-se de um trabalho quase
vo-luntário, qualificado como um sacerdócio, um dom, - enfim,
palavras elogiosas que mascaram a exploração da mão-de-obra
feminina.
セ@ cobrado da escola que ela seja a continuação do
lar e, portanto, a mãe é substituída pela professora, que
recebe o sugestivo nome de "tia" (brasileirismo, segundo
o dicionário Aurélio). Porém, a lógica perversa do 」。ーゥエセ@
lismo faz com que elas sejam adversárias e travem uma ver
dadeira luta de classes no seu microuniverso, onde o (não)
saber é fator de manutenção da alienação. Vemos, ass im,
as mães, geralmente analfabetas, se engalfinhando com as
professoras donas de um "saber acabado" e verdades
crista-li zadas; todas exploradas e " na mai oria, pobres,
disputan-do entre si o troféu de menos miserável. Dividir (a misé
ria!) para reinar (sobre a miséria!). Ou, como diz Patto
(1984, p. 207):
-
-"Num contexto de opressao e repressao ァセ@
neralizadas, ê impossível determinar
-quem sao os portadores -de problemas de
tes de uma dinâmica pessoal ou ゥョエ・イー・セ@
soaI que escape a influência das injun-ções econômicas e políticas
da opressão".
geradoras
Nessa luta, com um "quê" de insanidade, o
proces-so educativo se estilhaça e se resume a fórmulas 、・ウァ。ウエセ@
das e ・ウエセイ・ゥウN@
A
criança-aluno resta o fracasso escolare a manutenção do status de sub-homem, sendo-lhe negadas a
identidade e a possibilidade de cidadania.
セ@ da maior importância que esses grupos possam,
por sua vez, tornar-se os sujeitos da história e do
conhe-cimento, a fim de poderem trabalhar com a 」イゥ。ョ。M。ャオョッLゥセ@
tegrando-as, dessa forma, num processo real de 。ーイ・ョ、ゥコ。ァ・セ@
pois "um processo de alfabetização nao pode ser definido
como tal se ao mesmo tempo nao abrir espaços para a
emer-gência e a elaboração da consciência do educando" (Patto,
1984, p. 204).
Na construção de uma nova Educação, ゥウエッセL@ uma
Educação ligada aos movimentos sociais e às classes ーッーオャセ@
res, "cabe ao psicólogo, em seu papel simultânea e
insepa-ravelmente profiss ional e social, pôr em plano de igualdade
diretores, professores e alunos, de modo que possam se wilr
por um compromisso total e viver dialeticamente as
contra-dições da realidade" (id, ibidem), compromisso onde eu
acrescentaria as maes e a comunidade organizada.
Essa nova educação só se tornará viável em larga
escala, quando as experiências cotidianas de cada comunida
sua relação com o meio ambiente e com os outros - se エイセ@
2. METODOLOGIA
Ao escolher セ@
o tema ou vasculhar como seria ーッウウセ@
vel levar adiante o meu projeto de dissertação, percebi a ゥューッイエセョ」ゥ。@ da metodologia em um trabalho que オエゥャゥコ。ウセ・@
referenciais como Psicologia institucional, relação esco-la-comunidade, grupos operativos, participação etc.
A partir daí, verifiquei que o referencial tradi-cional de pesquisa que separa o sujeito do objeto e se li-mita a observar e quantificar dados de um determinado acon tecimento ou realidade não era suficiente, e sua limitação transformaria meu projeto em um tablóide sem vida, não 」ッセ@ tribuindo para avançar as questões que me angustiavam e me impulsionaram para o mestrado e para esse projeto.
Com essas dúvidas, comecei a buscar uma nova meto dologia ou pritica metodológica que começava a ecoar nos corredores do Instituto de Estudos Avançados em Educação IESAE - através de alguns professores e que me agradou a partir do nome: pesquisa-ação. Ainda não sabia o que era
(hoje sei um pouco mais), porém essas duas palavras me se-duziam, pois meu projeto necessitava de uma pesquisa e, ao mesmo tempo, eu queria atuar sobre as descobertas, imple-mentando uma proposta de atuação institucional.
Durante alguns meses devorei todo o material que consegui a respeito do assunto e senti アセ・@ nao me eram es
tava buscando uma nova forma de produção de conhecimento em ciências sociais, onde através da análise qualitativa o ー・セ@ quisador e o pesquisado eram sujeitos da produção de conhe cimento acerca da realidade social.
A partir daí, uma questão inicial e que assume função básica é a de por que pesquisar a realidade social e quais os objetivos e finalidades desse tipo de trabalho? Esse estudo e o conhecimento dessa realidade sao necessidades primeiras, não só para estruturar o trabalho, mas também quando o ponto de vista do pesquisador não é ウゥセ@ plemente olhar e interpretar a realidade, mas também trans formá-la.
A partir desse dado, é fundamental a pesquisa des sa realidade, a capacitação de quadros e aquisição de co-nhecimentos e que estejam interligados, pois são dimensões indispensáveis para o desenrolar da pesquisa.
O estudo dessa realidade que o grupo vive e qual sua percepção dessa mesma realidade é o que vai constituir o ponto de partida e também a matéria-prima desse processo educativo.
A finalidade da pesquisa-ação é justamente a pro-dução de novos conhecimentos que aumentem a consciência e a capacidade de iniciativa transformadora dos grupos que nos propomos trabalhar.
à
comunidade, isto e, deixar sempre claro o que quer ali, de onde veio e para onde voltari quando o trabalhotermi-nar. Mesmo sabendo que o termino do trabalho geralmente
fica restrito ao seu projeto ou ao pedido feito pelos
gru
-pos envolvidos, este sera sempre um passo a mais na
cons-trução de sua história.
Apesar de a comunidade ter situações particulares
em seu desenvolvimento, o ー・ウアオゥセ。、ッイ@ pode traçar algumas
hipóteses iniciais, com base nas mais diversas fontes e no
fato de que algumas questões ultrapassam os limites dessa
comunidade. Hi tambem outros fatos como localização, ョュセ@
ro de habitantes, renda familiar, condições de moradia, hi
giene, esgotos, igua, luz, associação de moradores,
esco-las, posto de saúde etc., que são necessirios para a com
preensao dos problemas comunitirios.
Como conseqUência dessa metodologia de pesquisa,
uma tecnica mais adequada para esmiuçar e arrolar as
questões mais específicas da comunidade e a entrevista livre
-tendo algumas questões centrais corno orientação, porem dei
xando livre o bastante para incluir sonhos, projetos,
lm-pressoes, e tambem prestar atenção no encoberto, nas entre
linhas, geralmente camuflados pela ordem estabelecida e do
minante. セ@ importante perceber esta diferença entre o
di-to e o não-didi-to, pois aí esti a chave não só do desenvolvi
mento do trabalho, mas tambem de nossa compreensão e
acei-tação por parte da comunidade. Essa comunidade tambem quer
saber quem somos, o que fazemos ali, a ウ・セカゥッ@ de quem e
Deve-se trabalhar nao s6 com as questões que com
preendam os dados da realidade vivida, mas tambgm com a
percepçao que se tem dessa realidade. Esse saber g
frag-ュ・ョエセイゥッL@ no sentido de que não se articula com a 」ッューイセ@
ensão das estruturas que geram determinadas situações. pッセ@
tanto, セ@ importante identificar e trabalhar as 、ゥウ」ッイ、セョ」ゥ@
as e ゥョ」ッ・イセョ」ゥ。ウ@ entre pensamento e ação, adaptação e
so-nho, conformismo e revolta, pois ar vão se expressar os
desníveis entre a realidade vivida e a realidade
percebi-da. Esses desníveis são fatos derivados das experiências
de vida e de trabalho, marcados pela marginalização, ッーイ・セ@
são, impotência, falta de informação e informação
massifi-cadora.
A superaçao desse hiato se 、セ@ num processo de
açao e reflexão, onde o conhecimento e a 」ッョウ」ゥセョ」ゥ。@ se
constroem, se estruturam e se desenvolvem na medida em que
seus protagonistas têm uma ーイセエゥ」。@ social vinculada a seus
interesses concretos e imediatos; numa educação "que
fos-se assim de um jeito misturado com o-de-todo-dia da gente
daqui. Que podia ser de um modo desse de juntar saber com
saber e clarear os assuntos que a gente sente, mas nao
sa-be" (Antônio Cícero, apud Brandão, 1984).
A partir dessas questões que norteiam a metodologia
da pesquisa-ação, percebi o quanto ela se aproximava e se
integrava numa perspectiva de atuação a nrvel da
Psicolo-gia institucional na escola._ Localizo algumas
que possibilitaram essa reflexão.
Uma primeira foi a de que o trabalho de pesquisa
deveria ser também o de intervenção institucional, pois o
conhecimento trazido pelos grupos seria devolvido no
ins-tante em que surgissem. As questões provocadas e/ou emer
gentes é que seriam o tema para discussão. A reflexão se
daria no espaço de realização dos grupos, ou melhor, num
processo de ação-reflexão-ação.
O instrumental ョ・」・ウウセイゥッ@ para essa intervenção a
nível institucional se aproxima bastante do instrumental da
pesquisa-ação. Vejamos: Coimbra (1980), num texto sobre a
teoria de J.Bleger, cita o que seria ョ・」・ウウセイゥッ@ para um
diagnóstico institucional:
a) finalidades e objetivos da instituição;
b) procedimentos com os quais satisfaz seus objetivos;
c) colocação ァ・ッァイセヲゥ」。@ e relações com a comunidade;
d) relações com outras instituições;
e) origem e formação da instituição;
f) evolução histórica, crescimento, mudanças e flutuações
da instituição;
g) organização e normas que a regem;
h) pessoas que nela intervêm; estratificação social e
es-tratificação de
tarefas;-i) avaliação dos resultados de seu funcionamento, ou seja,
resultados para a instituição e para seus integrantes.
Campos (1984), discutindo as possibilidades de
aplicação de pesquisa participante na escola, aponta alguns
ria local da escola, o significado dos vários componentes da instituição e da açao escolar para as pessoas que con-eretamente lhe dão vida no dia-a-dia". Aponta também que,
"( ... )em primeiro lugar, serla necessarlO
considerar que a escola apresenta-se 」セ@
mo uma instituição onde estão presentes personagens que desempenham diferentes papeis, detêm graus diversos de poder e estão ligados a um aparato burocratico
malS amplo - o sistema de enSlno, o
qual desenvolveu níveis hierarquicos e
redes bastante complexas de relações en
tre esses níveis. Esse primeiro dado
indica que seria no mínimo pouco produ-tivo ingressar na escola com uma postu-ra ingênua( .•• )".
Ora, esses sao os atores que farão parte de um エイセ@
balho de Psicologia institucional, ou a アオセュ@ se dirige uma intervenção institucional.
Outra questão que aproxima a Psicologia ゥョウエゥエオ」ゥセ@
nal da pesquisa-ação é a técnica utilizada no trabalho com os grupos. A utilização do grupo operativo na Psicologia institucional que, na definição de Pichon-Riviere (apud bleger, 1984, p. 55), "é um conjunto de pessoas com um ッ「ェセ@
tivo comum", que procuram abordar trabalhando como equipe; e na pesquisa participante vai ocorrer que
"(.,,)a participação de um ou malS
ele-mentos externos, na qualidade de ーイッヲゥセ@
lado pessoas com origem e formação di-versas para levar a cabo uma determina da tarefa" (Campos, 1984).
Nesse momento é importante fazer algumas
observa-çoes acerca das diferenças/semelhanças entre pesquisa-ação/
pesquisa participante.
A principal diferença
e
que a PA"e
um tipo de ー・セ@quisa centrada na questão do agir" (Thio1lent, in Brandão,
b
1984-, p. 83). A PP não mobiliza os grupos investigados em
torno de objetivos específicos, enquanto a "PA supõe uma
participação dos interessados na própria pesquisa ッイァ。ョゥコセ@
da em torno de uma determinada ação( ... ) trata-se de uma
ação planejada, de uma intervenção com mudanças dentro de
uma si tuação investigada" (id. ibid. p. 83).
Ci to algumas questões de textos sobre pesquisa pa!.
ticipante considerando aí uma distinção: "A PA é uma forma
de PP, mas nem todas as PP são PA" (id. ibid). Também as
questões relativas ao âmbito de intervenção utilizado que
pressupõe um projeto de ação social, um apoio relativo e
limitado a alguns grupos da organização educacional e ao
contexto da América Latina onde a PA é muito aplicada em
projetos de Educação popular (id. ibid.).
Nesse caso, seja numa pesquisa-ação, seja num ァイセ@
po operativo, os objetivos a serem trabalhados estão intrin
secamente ligados à aquisição de novos conhecimentos surgi
dos na reflexão do grupo em questão, sempre apontando para
uma açao.
.
.
tão que as aproxima, pois as críticas acerca da escola fei
tas pelos movimentos de educação popular (considerando que
a metodologia de pesquisa-ação decorre das ・クー・イゥ↑ョ」ゥ。ウ、・セ@
ses movimentos) e pela Psicologia institucional são de que
os conteúdos ensinados são dissociados da realidade dos ァセ@
pos a que se dirigem, os alunos enquanto objetos passivos
da ação do professor, a não-participação da comunidade no
processo educativo, enfim, questionamentos que colocam em
xeque a função da instituição escolar no sistema 」。ーゥエ。ャゥセ@
ta. A partir daí, uma transformação exige uma açao.
Outro ator fundamental que aproxima a
pesquisa-açao da Psicologia institucional é a política, em todos os
sentidos. Ela atravessa essas propostas, pois o objetivo
principal e a aquisição de conhecimentos por parte das 」ャセ@
ses exploradas;
"( ... )um processo educativo que vise a reconstrução articulada, coerente e ri-gorosa da realidade ê a condição indis pensâvel para que o descontentamento, o mal-estar e o sofrimento sentidos por cada oprimido possam transformar-se em
-açao coletiva e organizada de アオ・ウエゥッョセ@
mento da realidade social"(Darcy de Oli. ve1ra & Darcy de Oliveira, in Freire et alii, 1982!!, p. 33).
Outra questão importante que atravessa e conduz
ã
proximidade, ou melhor, o referencial teórico que propi-ciou o surgimento dessas duas vertentes é o marxismo, poisa sua preocupaçao com o movimento da ウッ」ゥセ、。、・@ e o seu pro
objeti-vo principal tanto da pesquisa-ação quanto da Psicologia
institucional.
Mesmo que nao se possa fazer uma transposição
me-cânica das categorias marxistas para o plano micro (grupo
de professores, de pais etc.), "o marxismo proporciona ゥョセ@
trumentos de análise e perspectivas metódicas para avançar
nesta busca, tanto do sujeito como dos processos". como
diz Ezpeleta (1984, p. 45).
Considerando tambem que as instituições do modo de
produção capitalista devem ser percebidas "como o ponto de
convergência das instâncias econômica, política e ideológ!
ca" (Barbier, 1985, p. 136), e possível procurar nessa con
vergência a articulação do discurso a ser veiculado no cam
po social.
o
trabalho de Psicologia institucional e de pes-quisa-ação vai possibilitar compreender e intervir nessediscurso, pois
"( ••• )0 próprio movimento das trocas
so-ciais cria uma dinâmica necessariamente dialetica entre um fenômeno de produção instituinte e um fenômeno de reprodução
ゥョウエゥエオ■、セL@ uma luta incessante entre a
ordem e a desordem necessárias ã vida,e cuja instituição representa, no domínio da vida social, o ponto de encontro das contradições" (Barbier, 1985, p. 138).
Neste trabalho, a pesquisa propriamente dita teve
seu início a partir de um estágio de 。ーャゥセ。 ̄ッ@ que
escola municipal numa favela, sendo que esta nao estava en
tre as famosas utilizadas como laboratórios, há bastante
tempo, por pesquisadores nacionais e estrangeiros.
Após algumas leituras e discussões acerca da meto
dologia, iniciei um primeiro contato com uma visita
à
favela.
Esse primeiro contato foi fei to com uma pessoa que
trabalhava junto a um centro comunitário que prestava
ser-viços
à
população. Era composto de profissionais カッャオョエセ@rios (médicos, dentistas, psicólogos, assistentes sociais),
funcionando com doações e ajuda da Igreja Católica das ゥュセ@
diações. Essa pessoa era bastante conhecida e também esta
va engajada na associação de moradores, cujo presidente,
por seu intermédio, vim a conhecer pessoalmente, bem como
a diretora da escola municipal.
Tive pouco contato com esses profissionais do 」・セ@
tro comunitário, pois eles tinham uma escala de atendimento
semanal sempre lotada de clientes. Esse trabalho ajudava
a população, porém seu limite se encerrava dentro de uma
perspectiva assistencialista.
Esses contatos iniciais foram bastante produtivos
no sentido de que me propiciaram uma visão de como se ッイァセ@
nizava a assoclaçao, a relação entre a escola e a comunida
de, a direção da escola e a associação etc. Todos se
mos-traram bastante interessados na pesquisa, na idéia de inte
grar as experiências e troca de conhecimentos, e também por
es tarem sendo consultados antes acerca de· suas necessidades
con-tatos que procurei fazer, tanto na escola como na favela.
Após esses contatos iniciais, foi iniciada a tase
de entrevistas, tanto com os professores como com as maes.
o presidente da associação de moradores e a diretora da es
cola. Todas as perguntas giravam em torno da educação, suas
dificuldades, participação na escola, relação com as maes
e vice-versa, e qual seria a importância e a contribuição
do psicólogo na escola e, mais precisamente, naquela
esco-la.
Participei também de alguns conselhos de classe,
acompanhando as eternas reclamações, uma quantidade enorme
de informações, o mutismo das mães, enfim, situações
des-gastantes de pouco ou nenhum aproveitamento de ambas as pa!
teso Houve também uma reunião com as mães no centro
comu-nitário, onde percebi que entre a fala de participação das
mães na escola e na associação e o que realmente existia, a
distância era bem grande. O trabalho com as mães seriabas
tante difícil.
Esse momento de reconhecimento do lugar onde
atu-ar, dos atores e seus personagens, enfim, o cenário bastan
te comum na história da educação e sua relação com as 」ャ。セ@
ses populares no Brasil foi também o processo de elaboração
de meu projeto, que durou cerca de um ano e meio.
Muitas informações, questões que têm bastante
im-portância para o aprofundamento dessa pesquisa como, por
exemplo, o investimento do governo estadual na urbanização
de favelas, as relações desse poder com as lideranças
anali-sadas e se perdem na medida em que as condições para a イ・セ@
lização desse trabalho sofrem os atravessamentos da
insti-tuição a que pertencia: as eternas disputas pelas bolsas
de estudo, o projeto enquanto produção individual, a infra
estrutura que falta (fitas, gravadores, projetores, filmes,
livros etc.) e sua ・クゥウエセョ」ゥ。@ condicionada is finanças do
pesquisador.
Essas situações geram uma inconstância nos conta
tos, fazendo com que as explicações iniciais acerca do ーイセ@
jeto, tivessem sempre de serem イ・エッュ。、。ウセ@ avançando a
pas-so de formiga. Uma greve de profespas-sores foi um fator posl
tivo do ponto de vista da organização, porém contribuiu ーセ@
ra diluir algumas discussões muito em função da sobrecarga
de trabalho dos professores, advinda dessa paralisação.
Essas situações, do ponto de vista da
pesquisa-açao, são importantes, pois servem de analisadores quanto
aos atores e também da dialética da realidade, que é sempre
mais rica e surpreendente do que se espera; o que nao
se-ria possível experienciar num outro tipo de pesquisa.
Tentei ser bastante objetivo nas minhas
indaga-çoes acerca do funcionamento da escola, sua relação com a
comunidade (principalmente as mães) e o trabalho do
psicó-logo na escola, para não inviabilizar a minha proposta de
investigação e me perder num leque muito amplo de questões
também importantes, mas não ligadas diretamente aos
objetivos.
meus
A demanda está implícita nas entrevistas acerca da
população a quem se dirige, uma maior participação das
mães, enfim, questões colocadas no cotidiano do professor
e que, sem uma perspectiva de solução, geram um
conformis-mo com essa situação; e a possibilidade de mudança e de um
trabalho consistente ficam só a nível do desejo. Em
con-trapartida, a teoria da "privação cultural" (para citar a
principal) supre as explicações, retirando o peso da culpa
dos educadores diante dessa situação trágica, e se
natura-liza a divisão, a segregação e a exclusão das classes ーッーセ@
lares; e Darwin tinha razão Hウゥ」セIZ@ os mais aptos ê que so
3. TRABALHO COM PROFESSORES
Comecei o trabalho com um reconhecimento de cam po, tendo em vista a relação com a escola, visitando o cen tro comunitário, fazendo contato com a associação de mora-dores e também alguns moramora-dores. A partir desses contatos iniciais, organizei as questões da entrevista que foi fei-ta com pessoas das favelas e da escola. Procurei abordar os assuntos que me interessavam sobre o funcionamento e ne cessidades da escola, sua relação com os moradores e, por último, qual seria a contribuição do psicólogo naquela es-cola.
As informações nao trouxeram nada alem do que a literatura sobre o assunto não tenha apontado anteriormen-te, o que não foi surpreendenanteriormen-te, em face das mínimas mudan das existentes no contexto escola-favela nos últimos anos, a nao ser a ampliação das carências e necessidades.
Após essas conclusões, fiz um plano de trabalho incluindo os professores da escola e um grupo de mães. Os
-trabalhos seriam desenvolvidos paralelamente e, apos o pri meiro contato, achei que o termo adequado seria grupos de reflexão, e não ainda o chamado grupo operativo, pois o ァセ@