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O orçamento como instrumento de planejamento, execução e controle: estudo de caso do plano diretor da Marinha do Brasil

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(1)

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

o

ORÇAMENTO COMO INSTRUMENTO DE

PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E CONTROLE: ESTUDO DO CASO DO

PLANO DIRETOR DA MARINHA DO BRASIL

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA

BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA PARA A OBTENÇÃO DO GRAU

DE MESTRE EM ADMINISTRAÇÃO

PÚBLICA

~

MARCOS INOI DE OLIVEIRA

(2)

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O ORÇAMENTO

COMO INSTRUMENTO DE PLANEJAMENTO, EXECUÇÃO E CONTROLE: ESTUDO DO CASO DO PLANO DIRETOR DA MARINHA DO BRASIL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR MARCOS INOI DE OLIVEIRA

E APROVADA EM 14/06/2000 PELA COMISSÃO EXAMINADORA

Df. LUÍS CÉSAR GONÇALVES DE ARAÚJO

Df. PAULO REIS VIE

.\

~

-)

(3)
(4)

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Marinha do Brasil e à Fundação Getúlio Vargas por terem me dado a oportunidade de realizar este curso.

Ao professor Luis César Gonçalves de Araújo, meu orientador, que me proporclOnou direção segura e efetiva nesta travessia.

Ao professor Paulo Reis Vieira, integrante da banca examinadora, por ter me apresentado uma nova perspectiva sobre o processo decisório.

Ao professor Armando Santos Moreira da Cunha, cujos ensinamentos sobre o caráter multifacetado do orçamento público foram bastante úteis.

Ao professor José Roberto de Souza Blaschek, membro da banca examinadora, pela atenção dispensada.

Aos funcionários da EBAP, representados na pessoa do Sr. Joarez, pelo apoio prestado.

Aos colegas da Marinha e do curso de mestrado, pelas críticas e sugestões oferecidas.

(5)

APRESENTAÇÃO

Esta dissertação de mestrado possuiu o propósito de verificar se o Plano Diretor da Marinha do Brasil, que é tanto um instrumento de tomada de decisão quanto um instrumento de planejamento, execução e controle das atividades por ela desempenhadas, está adequado à ambiência vislumbrada para o século XXI. Ao final, apresenta sugestões para o seu aperfeiçoamento, em face dos pontos considerados impróprios.

o

contexto atual, em que é questionado o modelo de gestão adotado na Administração Pública e em que são estabelecidos os novos objetivos da Defesa Nacional, propostos sob a égide do Estado Democrático de Direito e que devem ser alcançados sob uma nova estrutura organizacional - o Ministério da Defesa, e o contexto futuro, incerto, imprevisível e mutável, indicam ser bastante oportuna a realização de um estudo acadêmico que tenha por objeto o Plano Diretor, instrumento de gestão orçamentária da Marinha do Brasil.

(6)

IH

o

capítulo seis é dedicado à evolução das práticas orçamentárias, sendo dada especial ênfase ao orçamento-programa. O orçamento por resultados, por ser uma prática inovadora, cuja proposta é dotar de efetividade a gestão governamental, é descrito em capítulo próprio. Neste mesmo capítulo é delineado o movimento de reforma administrativa norte-americano.

No capítulo sete é abordado o orçamento de defesa norte-americano, posto que o Plano Diretor possui a mesma origem teórica. A descrição do modelo atual adotado pelos EUA, da estratégia estabelecida para enfrentar o novo século e de inovações propostas para aprimorar o Planning-Programming-Budgeting System

(PPBS) contribui para o alcance do objetivo final desta dissertação. Cumpre alertar que o desenvolvimento deste capítulo não possui por propósito sugerir ou avaliar a oportunidade de se adotar um modelo similar no país, em face da recente criação do Ministério da Defesa.

O sistema e os processos do orçamento público federal são o objeto de estudo do capítulo oito. Aborda-se, detalhadamente, a introdução da orçamentação por resultados na gestão governamental brasileira.

A seguir, o sistema e os processos do Plano Diretor são tratados, assim como a sua relação como o orçamento público federal. É comentada a sua criação e também é descrito o Sistema de Planejamento de Alto Nível da Marinha (SPAN), sistema maior do qual o Plano Diretor faz parte.

(7)

RESUMO

(8)

v

ABSTRACT

(9)

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ... .

APRESENTAÇÃO... ... 11

RESUMO... IV ABSTRACT ... V suMÁRIO... ... VI 1 OPROBLEMA 1. 1 Introdução. . . ... . . 1

1.2 Relevância do estudo ... ... ... ... ... .... 6

1.3 Delimitação do estudo... 6

2 METODOLOGIA 2.1 Tipo de pesquisa... 8

2.2 Coleta de dados... 10

2.3 Tratamento de dados ... 11

2.4 Limitações do método ... 12

3 A NATUREZA DA GERÊNCIA E O PROCESSO DECISÓRIO ... 13

3.1 Tipologias de racionalidades... 18

3.2 Incrementalismo e racionalismo ... 21

3.2.1 Abordagem ideal para o novo século... 25

4 GESTÃO ESTRATÉGICA 4.1 Mudanças ambientais... 28

(10)

vii

4.3 O planejamento segundo a Escola Superior de Guerra ... ... 41

4.4 Modelos de planejamento organizacional ... 45

4.5 Cultura organizacional... ... ... ... 51

4.6 Estrutura organizacional... ... ... ... ... ... ... 60

4.6.1 Tipologias de estrutura organizacional ... ... 64

5 SISTEMAS DE PLANEJAMENTO E CONTROLE 5. 1 Segundo Henry Mintzberg ... 69

5.2 Segundo Robert Anthony ... 70

5.3 Segundo Robert Simons ... 79

6 A EVOLUÇÃO DO ORÇAMENTO PÚBLICO ... ... ... 85

6.1 Critérios para avaliação do orçamento público ... ... ... ... 86

6.2 Processos administrativos e orçamento... 94

6.3 Fases das práticas orçamentárias ... 96

6.4 Orçamento-programa (PPBS) ... 102

7 ORCAMENTOPORRESULTADOS ... 110

7.1 Reinventando o Governo, a experiência norte-americana... 115

7.1.1 Considerações sobre a experiência norte-americana... ... 118

7.2 O conceito de accountability ... 127

7.3 Avaliação de programas ... 134

7. 4 Avaliação no Brasil ... 135

8 O ORÇAMENTO DE DEFESA NORTE-AMERICANO ... ... ... 13 7 8.1 Sistema de alocação de recursos para a defesa ... ... ... ... ... ... 138

8.2 O PPB S no Departamento de Defesa... .... 142

8.2.1 A interação planejamento e orçamento ... 142

8.3 Estratégia de segurança para o século XXI ... 145

(11)

9 O ORÇAMENTO PÚBLICO FEDERAL

9.1 O orçamento brasileiro até 1999 ... 153

9.2 O novo modelo orçamentário ... 158

9.2.1 A implementação do novo modelo ... ... 163

10 O PLANO DIRETOR 10.1 A criação do Plano Diretor ... 170

10.2 O sistema e o processo do Plano Diretor ... 1 74 10.2.1 A Sistemática de Planejamento de Alto Nível da Marinha... ... 174

10.2.2 O sistema do Plano Diretor ... ... ... ... ... 181

10 . .2.3 O processo do Plano Diretor ... 191

11 CONCLUSÃO 11.1 A base teórica do Plano Diretor... 200

11.2 A questão da criação do Ministério da Defesa ... 204

11.3 Análise do Plano Diretor... 211

11.4 Resumo das sugestões... 218

11.5 Palavras finais... . . ... ... . ... ... . ... 219

12 BIBLIOGRAFIA... ... ... ... ... . ... ... 220

ANEXOS: A - Relação de Órgãos de Direção Setoriais e Planos Básicos... 231

B - Relação de Planos Básicos e programas ... 232

C - Fluxograma de revisão de Plano Básico... 236

(12)

1.1 Introdução

1 OPROBLEMA

o

orçamento constitui wn instnunento poderoso para melhorar o processo

decisório do governo, tanto no legislativo quanto na administração. I

A Marinha do Brasil (MB) é uma instituição nacional permanente e regular, qUe juntamente com o Exército Brasileiro (EB) e a Força Aérea Brasileira (FAB), constituem as Forças

Armadas, cuja missão é defender a Pátria, garantir os poderes constitucionais e, por iniciativa

de qualquer destes, a lei e a ordem2.

A despeito das mudanças constitucionais havidas ao longo da história brasileira, o

objetivo último da MB, essencialmente, permaneceu inalterado: empregar o Poder Naval 3 para

garantir a integridade da Pátria. A fim de alcançá-lo, a MB necessita otimizar a alocação da parcela

dos recursos orçamentários que lhe cabem no Orçamento Geral da União (OGU) e isto é

conseguido por meio da utilização do Plano Diretor (PD), que é tanto um instrumento de apoio à

tomada de decisão quanto um instrumento de planejamento, execução e controle das atividades por

ela desempenhadas. Nenhum recurso é gasto na Marinha do Brasil sem que esteja previsto no Plano

Diretor, cuja criação foi em 1963. Recebeu, inicialmente, a seguinte conceituação:

"O Plano Diretor da Marinha de Guerra é um sistema de natureza permanente destinado a estabelecer nos diversos escalões administrativos, planejamento e execuções integradas e contínuas, de acordo com as necessidades da Marinha de Guerra e de suas reais possibilidades financeiras." 4

1 SIMON, Hetbert Alexander. Comportamento administrativo: estudo dos processos decisórios nas organizações

administrativas. 3a ed. . Rio de Janeiro: Ed. da Fundação Getúlio Vargas, 1979, p. 205.

2 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988.

l'r

00., atual. e ampl.. São Paulo: Saraiva, 1997, p. 78.

3 O Poder Naval compreende todas as forças e os elementos empregados na estratégia naval para a consecução

de seus objetivos. Veja-se CAMINHA, João Carlos Caminha. Delineamentos de Estratégia. [S. 1.]: [s. n.], 1980.

4 ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA. O orçamento-programa nas Forças Armadas. Rio de Janeiro:

(13)

Durante estas quatro décadas, o Plano Diretor, cuJo fundamento teórico é, em princípio, o orçamento-programa s, foi aperfeiçoado e atualmente é um sistema em que os processos são totalmente informatizados e integrados aos grandes sistemas de administração financeira e orçamentária federais, o Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI) e o Sistema de Dados Orçamentários (SIDOR). É motivo de orgulho para a adnlinistração naval, que o considera eficiente e eficaz, e é um benchrnarking para órgãos da Administração Pública brasileira e para marinhas de outros países. Os propósitos do Plano Diretor são os seguintes:

"a. tomar eficai a administração da Marinha, contribuindo para o cumprimento de sua destinação constitucional;

b. condicionar processos e meios que visem à consecução de metas compatíveis com a Política Naval;

c. harmonizar o planejamento econômico-financeiro desenvolvido na Marinha com os Planos e Programas ~e Governo;

d. possibilitar a integração de recursos, a economia de meios e a eficácia nas aplicações; e

e. propiciar continuidade administrativa, em todos os escalões da Marinha, no que tange ao emprego dos recursos financeiros disponíveis." 7

É oportuno salientar que o método de alocação de recursos denominado

Planning-Programming-Budgeting System (PPBS), que também é uma expressão da técnica do

orçamento-programa, foi introduzido no Departamento de Defesa norte-americano em 1961. Considerando-se o desenvolvimento dos meios de comunicação e disseminação de informações da época, pode-se concluir que a Marinha do Brasil, por ocasião da adoção do Plano Diretor, estava up-to-date com as metodologias administrativas de gestão de recursos.

S "Orçamento-programa é um plano de trabalho expresso por um conjunto de ações a realizar (programa) e pela

identificação dos recursos (orçamento) necessários à execução". In: BELCmOR, Procópio G.O. Novo

orçamento-programa. 28

ed. aumentada e atualizada. Rio de Janeiro: PalIas, 1976, p. 24. É uma técnica orçamentária de caráter prospectivo, de dimensão plurianual, em que os recursos são alocados por programas, estando O processo decisório orientado pelos produtos resultantes das atividades executadas.

6 O termo eficaz é amplamente utilizado na administração naval, por influência do processo de planejamento

militar, que tem como um de seus critérios informativos o critério da adequabilidade, cujo propósito é avaliar se

uma linha de ação é capaz de cumprir ou não o objetivo para o qual foi formulada.

(14)

3

Por outro lado, práticas que foram consideradas sucesso no passado e que

possuem a mesma avaliação no presente podem não o ser no futuro próximo, que se apresenta

como um ambiente incerto, imprevisível e cuja característica distintiva é a velocidade das

mudanças que nele ocorrem.

Em um futuro com tais características, o pensamento estratégico militar será

compelido a mudar o foco de planejamento, alterando-o de ameaças predeterminadas, de

inimigos conhecidos, para focalizar o desenvolvimento de capacidades genéricas para

adaptação a mudanças ambientais. A idéia não é preparar o Poder Militar para enfrentar um

determinado inimigo: é prepará-lo para enfrentar qualquer inimigo que surja.

No quadro institucional brasileiro, alguns fatos recentes impactam a ambiência

aparentemente estável, na qual o PD desenvolve as suas atividades: a publicação do Plano

Diretor da Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE)8, a formulação da Política de Defesa

Nacional (PDN)9 e a criação Ministério da Defesa (MDio.

A Reforma do Aparelho do Estado está inserida em um movimento mundial de

reforma da Administração Pública, cujo propósito é dotá-la de estrutura e de processos ágeis e

flexíveis que lhe permita alcançar os melhores resultados possíveis com os recursos

empregados nas ações governamentais, propiciando maior qualidade aos serviços públicos e a

7 SECRETARIA GERAL DA MARINHA. Normas para a execução do Plano Diretor (SGM-IOl). Brasília: Secretaria-Geral da Marinha, 1997, art. 0101.

8 BRASIL. Ministério da Administração Federal e Reforma do Estado. Plano Diretor da Reforma do Aparelho

do Estado. Brasília: Imprensa Nacional, novembro de 1995. Plano aprovado pela Câmara de Reforma do

Estado da Presidência da República em setembro de 1995.

9 BRASIL. Presidência da República. Politica de Defesa Nacional. [on line]. Disponível na Internet via www.

(15)

satisfação do cidadão. As idéias-força deste movimento são efetividade, flexibilidade, gestão por resultados, avaliação dos programas governamentais e accountability 11.

A Política de Defesa Nacional, a partir de uma análise do quadro mundial, estabeleceu os objetivos da Defesa Nacional, assim como a orientação estratégica e as diretrizes que deveriam ser observadas na busca destes objetivos. Dentre as diretrizes contidas na Política de Defesa Nacional, cita-se a de "aperfeiçoar a capacidade de comando, controle e inteligência de todos os órgãos envolvidos na Defesa Nacional, proporcionando-lhes condições que facilitem o processo decisório, na paz e em situações de conflito" 12.

o

Ministério da Defesa, a princípio, exercerá um papel, no tocante à questão orçamentária, de consolidador das propostas enviadas por cada Força Armada, que permanecerá com sua estrutura e processos internos inalterados. É plausível que futuramente esta situação seja modificada, haja vista o orçamento ser o instrumento primordial de integração de uma organização, como se pode depreender da experiência norte-americana, em que o orçamento exerceu o mais

importante papel na criação do Departamento de Defesal3, ocorrendo a integração efetiva somente

após a adoção de uma estrutura programática única, quando da implantação do Planning-Programming-Budgeting System (pPBS). Provavelmente, a concepção organizacional atual possui por objetivo facilitar a implantação do Ministério da Defesa, uma vez que a centraJização do processo decisório relativo à dotação creditícia implicaria mudanças profundas no estamento militar,

10 BRASa. Congresso Nacional. Lei Complementar nO 97, de 09/06/1999. Diário Oficial da União. Brasília:

Imprensa Nacional, n° 109-A, 10/06/1999, p. 1-1.

11 A tradução mais próxima seria responsabilização; opta-se, todavia, por utilizar o termo em inglês, haja vista a palavra portuguesa não exprimir, com exatidão, o sentido original, consoante será abordado no capítulo quatro.

12 BRASa. Presidência da República. Op. cit ..

13 MOSHER, Frederick. Program budgeting: theory and practice with particular reforence to the

u.s.

(16)

5

o que em um primeiro momento, não seria politicamente recomendável.

Portanto, tanto o contexto atual em que é questionado o modelo de gestão adotado

na Administração Pública e em que são estabelecidos os novos objetivos da Defesa Nacional

propostos sob a égide do Estado Democrático de Direito, que devem ser alcançados sob uma

nova estrutura organizacional, como o contexto futuro, incerto, imprevisível e mutável,

indicam ser bastante oportuna a realização de um estudo acadêmico que tenha por objeto o

Plano Diretor, instrumento de planejamento, execução e controle da Marinha do Brasil.

A dissertação ora apresentada pode ser sintetizada por meio da formulação do

seguinte problema:

o

Plano Diretor, instrumento de planejamento, execução e controle das ações a

serem desenvolvidas pela Marinha do Brasil, está adequado à ambiência

vislumbrada para o século XXI? Caso negativo, quais medidas poderiam ser

implementadas com o propósito de aperfeiçoar os pontos considerados

(17)

1.2 Delimitação do estudo

A dissertação está circunscrita aos aspectos gerenciais relativos à tomada de decisão no Plano

Diretor. Por aspectos gerenciais entenda-se aqueles ligados às atividades de planejamento,

execução e controle das ações da Ma..rLTlh.a do Brasil que não envolvam avaliações relativas ao

mérito da estratégia militar adotada. Analisa-se o Plano Diretor sob o enfoque da teoria

orçamentária e da decisão, sem efetuar questionamentos de natureza operacional militar. A

dissertação não se propõe a investigar a concepção de emprego do Poder Naval. Não são

abordados aspectos operacionais do Plano Diretor relacionados ao processamento de dados.

1.3 Relevância do estudo

Um dos critérios para se avaliar a cientificidade de uma dissertação é a importância que ela

possui 14, devendo "o estudo deve ser útil aos demais" 15.

A dissertação em tela é útil e é importante, podendo esta afirmação ser analisada

por um enfoque tridimensional.

Em uma pnmerra dimensão, que pode ser denominada acadêmica, o estudo

apresenta relevância ao perquirir um tema latente no contexto da Administração Pública atual,

em que instrumentos destinados à otimização da aplicação de recursos são bastante discutidos.

(18)

7

Uma segunda dimensão pode ser nominada como institucional: o estudo poderá ser

importante para a Marinha do Brasil, ao investigar o seu principal sistema administrativo,

verificando a sua adequabilidade às exigências da ambiência futura.

Outro ponto a salientar, ainda na dimensão institucional, é que com o advento do

Ministério da Defesa e com a possível adoção, no futuro, de uma estrutura programática

única deduzida a partir da Política de Defesa Nacional, a existência de um estudo acadêmico

sobre o planejamento, execução e controle de créditos na Marinha do Brasil (MB) poderá ser

bastante útil. Um conhecimento sistematizado cientificamente poderá permitir à MB uma

inserção apropriada na nova estrutura programática. Cumpre ressaltar que na sociedade

pós-industrial o conhecimento é a principal fonte de poder. Em recente estudo sobre o papel das

Forças Armadas no novo contexto sócio-político brasileiro, Santana pontua que o foco da

discussão sobre a implantação do Ministério da Defesa deve ser :

"( ... ) a montagem de uma estrutura programática orçamentária que atenda o Ministério da Defesa como um todo, esteja este subordinando os atuais ministérios militares ou não. Agindo assim, não sairá ganhando aquele ministério que hoje é maior em efetivos ou possui o orçamento mais elevado, mas sim aquele que apresentar os melhores e mais efetivos projetos

para nossa defesa nos diversos programas existentes". 16

A última dimensão em que este projeto pode ter a sua relevância aquilatada é a

dimensão pessoal. Há interesse particular no tema, uma vez que o autor é Oficial da MB e que,

ao término do curso de mestrado em Administração Pública, deverá servir na Diretoria de

Administração da Marinha (DAdM), órgão integrante da estrutura do Plano Diretor. O estudo

empreendido deverá ajudar o futuro desenvolvimento de suas atividades profissionais,

(19)

2 METODOLOGIA

Neste capítulo são apresentados os tipos de pesquisa que foram empregados na dissertação,

como foram coletados e tratados os dados e quais as limitações do método utilizado.

2.1 Tipo de pesquisa

À medida que o meio é escolhido de acordo com a aptidão maior ou menor de realizar um fim, inere nele o vaIor do fim ( ... ).17

A metodologia da pesquisa oferece um leque bastante abrangente de instrumentos que

propiciam a investigação de um problema inserido em uma determinada temática. Após a

escolha do problema, que por si só já é uma tarefa hercúlea, cabe ao pesquisador verificar qual

o tipo de pesquisa que lhe será mais adequado para a consecução dos objetivos por ele

traçados. Normalmente, o pesquisador não se restringe a apenas um tipo de pesquisa, lançando

mão de duas ou mais espécies de pesquisa, a fim de obter, por meio da sinergia dos

instrumentos combinados, o melhor resultado possível.

Adotando-se a classificação proposta por Vergara 18, utilizou-se nesta dissertação

os seguintes tipos de pesquisa para inquirição do problema: descritiva e explicativa, quanto

aos fins; pesquisa de campo, telematizada, documental, bibliográfica e estudo de caso, quanto

aos meIOS.

16SANT ANA, Arthur Luiz. A redefinição da politica militar brasileira diante da própria redefinição do papel

do Estado. Dissertação (mestrado em Administração Pública) -Escola Brasileira de Administração Pública /

Fundação Getúlio Vargas, 1998, p. 190.

17 DEMO, Pedro. Metodologia científica em ciências sociais. São Paulo: Atlas, 1980, p. 94.

(20)

9

Investigou-se o problema, por meio da pesquisa descritiva, a fim de se conhecer as variáveis que atuam no Plano Diretor da Marinha do Brasil, as correlações existentes entre estas variáveis e como contribuem para o funcionamento do sistema.

A pesquisa explicativa buscou, a partir do levantamento das caracteristicas do Plano Diretor, efetuado por meio da pesquisa descritiva, atribuir-lhes sentido, à luz do referencial teórico estudado.

Sinteticamente, a tipificação quanto aos meios é justificada, pois a pesquisa foi: a. pesquisa de campo - foram efetuadas entrevistas com pessoas que trabalham no

Sistema do Plano Diretor ;

b. telematizada - foram empreendidas pesquisas na internet e troca de informações via e-mai/;

c. documental - foram pesquisados documentos internos de órgãos da Marinha do Brasil;

d. bibliográfica - o quadro teórico foi elaborado por meio de consulta a livros, revistas, artigos e dissertações que eram pertinentes ao tema; e

(21)

2.2 Coleta de dados

Foi de suma importância, para a construção da moldura teórica da dissertação, a pesquisa

realizada em livros, artigos, revistas e dissertações. A sistematização do conhecimento resultante da

pesquisa bibliográfica propiciou a base necessária à perscrutação critica do problema proposto na

introdução.

Na presente época, é impensável a não utilização da tecnologia de informática e de

telecomunicações no desenvolvimento do trabalho de pesquisa. O emprego da pesquisa

telematizada foi levado à cabo por meio de consultas a sites que possuem informações

pertinentes ao tema, tais como revistas de administração, associações ligadas ao estudo do

tema e ministérios.

A pesquisa documental foi empreendida mediante a análise dos documentos da

Marinha do Brasil, com a ressalva de que somente foram utilizados documentos classificados

como ostensivos. Cumpre realçar o cuidado que o pesquisador teve com a manipulação e a

utilização das informações obtidas, no intuito de não incorrer em transgressão às normas de

sigilo de documentos oficiais.

Fez-se uso da pesquisa de campo por meio de entrevistas, a fim de se obter a

percepção dos agentes envolvidos nos processos de planejamento, execução e controle do

Plano Diretor quanto à efetividade do mesmo e quanto ao modelo de gestão que seu

(22)

11

2.3 Tratamento dos dados

o

método sistêmico serve profundamente para iluminar os processos e os

sistemas materiais, energéticos e iníormacionais ( ... ) identificando suas

forças, fraquezas, ameaças e oportunidadeS.19

Esta é uma fase crucial da elaboração da dissertação, haja vista que a correta interpretação dos dados coletados, em consonância com o referencial teórico construído, é que permite ao pesquisador obter sucesso no cumprimento de sua missão inicial, isto é, elucidar o problema proposto.

o

tratamento de dados foi feito a partir de um enfoque qualitativo e o método orientador da pesquisa foi o sistêmico.

Para lançar luzes sobre a escolha do método, cita-se Demo:

"(. .. ) o sistemismo acredita na máxima: o todo é maior que a soma das partes (. .. ) o sistemismo privilegia de partida a síntese, a visão da totalidade , o que lhe daria pelo menos aparentemente um toque dialético ( ... ) o sistemismo chama a atenção para o fato de que o todo organiza as partes e que é o tipo de organização que especifica o todo". 20

o

problema proposto exigiu, para a sua efetiva perscrutação e para o alcance das metas traçadas, o entendimento de como os órgãos componentes da estrutura do Sistema Plano Diretor relacionam-se, quais as funções que exercem na operação do sistema e de que forma adaptam-se para responder às demandas da ambiência.

Outra questão considerada foi como essas relações desenvolvem-se dentro de uma instituição que muito se aproxima do ideal burocrático weberiano. Neste raciocínio, foi

19 ZAJDSNAJDER, Luciano. Métodos de pensamento ou gerência de pensamento. Cadernos EBAP. Rio de

(23)

interessante confrontar as normas organizacionais rígidas do Plano Diretor com a flexibilidade necessária ao seu funcionamento, uma vez que a flexibilidade é o cerne do sistemismo: realimentação sistêmica, pressupondo a constante alteração do sistema, a partir de constantes

feedbacks sobre o seu funcionamento, a fim de permitir sua continuidade.

2.4 Limitações do método

Uma preocupação constante do pesquisador ao longo do desenvolvimento do trabalho não diz respeito apenas ao método em foco, mas a qualquer método: o envolvimento do pesquisador com o objeto da pesquisa. Isto de forma alguma é uma limitação, pois o envolvimento é a condição primeira, sem a qual o pesquisador não consegue prosseguir em seu trabalho.

Uma limitação específica do método sistêmico, conforme aponta Dem02I, reside

em este método buscar explicações para o fato de os sistemas permanentemente procurarem se manter, sendo as adaptações observadas respostas a mudanças no sistema e não mudanças do sistema. Segundo o autor, o sistemismo, por vezes, resvala em justificativas para a manutenção do sistema de poder vigente. Considerando-se a conjuntura atual, em que a reforma do aparelho do Estado, a aprovação da Política de Defesa Nacional e a criação do Ministério da Defesa possuem papel de destaque, aliada à mutabilidade esperada para o ambiente futuro, a limitação apontada é ressaltada. Por meio da adoção de uma postura crítica permanente, tentou-se superar esta limitação.

20 DEMO, Pedro. Op. cit., p.231.

21 Ibidem .

(24)

_._---13

3 A NATUREZA DA GERÊNCIA E O PROCESSO DECISÓRIO

Os papéis desempenhados pela gerência são caracterizados pela brevidade, variedade e

fragmentação, e estão situados em três principais áreas: interpessoal, informacional e decisória.

Nesta última área estão os papéis de negociador, de empreendedor, de manipulador de

distúrbios e de alocador de recursos. Como negociador, o gerente interage com outros

gerentes, tomando decisões relativas aos recursos organizacionais; como empreendedor,

decide a respeito das inovações a serem introduzidas, necessárias à adaptação da organização

à mudança da ambiência; no papel de administrador de distúrbios, procura controlar situações

imprevistas; e enquanto alocador de recursos, exerce um de seus principais papéis, ao definir

como serão empregados os recursos disponíveis na busca do alcance dos objetivos

organizacionais22.

A gerência também pode ser concebida em termos de obtenção de resultados e de

processo decisório:

"Um gerente é a pessoa que é responsável por obter resultados por meio das ações de outras pessoas. Gerentes tomam decisões e persuadem outros a implementá-las; outros profissionais tomam decisões e implementam-nas pessoalmente." 23

A gerência é essencialmente uma atividade instrumental, por melO da qual se

intenta que outras atividades atinjam os seus propósitos. Objetiva o incremento da

produtividade de outros indivíduos.

(25)

A complexidade do ambiente atual exige que os gerentes desenvolvam, dentre

outras, as capacidades de "agir segundo etapas de uma ação racional calculada (racionalidade

administrativa) e tomar decisões, interagir com grupos e indivíduos, resolver problemas à

medida que surgem (processo decisório organizacional)" 24. Entretanto, ressalta-se que o

d I . d . ...1 ...I l ' • "d A , , ' ...I " , ,

esenvo vunento estas capaClUaues sempre rOl eXigI o ua gerenciâ, seüuõ um. prooJema

extremamente prático de administração: o de organizar o processo decisório de maneira que

forneça os conhecimentos adequados nos pontos em que se toma a decisão" 25.

A questão da gerência na Administração Pública é tratada por Waldo, ao

distingui-la da organização: "Organização é a estrutura de relações pessoais, oficiais e

habituais, num sistema administrativo. Gerência é a ação planejada para conseguir-se a

cooperação racional" 26. Ação planejada é a atividade humana para a mudança de uma

determinada situação, sendo executada mediante o esforço cooperativo entre indivíduos, com

o intuito de produzir efeitos que esforços isolados não conseguiriam obter.

Compreender a gerência, portanto, requer o entendimento da natureza da decisão e

do processo decisório. A apreensão dos conceitos de gerência, de decisão e de processo

decisório faz-se necessária por serem básicos para o estudo do Plano Diretor, uma vez que

este é um instrumento de gestão e de tomada de decisão.

23 ANTIlONY, Robert N .. The management control function. Boston, Massachusetts: The Harvard Business

School Press, 1988, p. 7.

24 MOTTA, Paulo Roberto. Gestão contemporânea: a ciência e a arte de ser dirigente. Rio de Janeiro: Record,

1997, p. 38.

2S SIMON, Herbert Alexander. Op. cit., p. 85.

26 WALOO, Dwight. O estudo da Administração Pública. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1964, p.

(26)

15

A decisão é dinâmica, integrada e sucessiva, logo, "há a necessidade de se adquirir visão global e integrada do processo decisório" 27, uma vez que é o resultado da ação de

fatores condicionantes, em uma determinada dimensão espaço-temporal, sobre o decisor. Esta linha de pensamento é seguida por Leitão, para quem "compreender como se processa determinada decisão significa compreender o que cha:na.-nos de cOr~Utito de fatores ou forças que formam o processo de decidir lagir no espaço e no tempo" 28.

A decisão, vista como um ato de escolha, jamais é o resultado de um processo plenamente livre. O decisor sofre limitações exercidas por fatores externos tais como a cultura organizacional, os objetivos e a estrutura de poder. A percepção destes fatores e a interpretação subjetiva mediada pelos valores individuais do decisor é que orientam a seleção e a escolha de alternativas 29.

A estrutura de poder em uma organização, em muitas situações, adquire os contornos do conceito de poder elaborado por Maquiavel, deixando de ser um instrumento de mobilização de recursos para que sejam atingidos os objetivos organizacionais, e passando a ser um fim em si mesmo: "A racionalidade da conquista e da manutenção do poder se choca em muitas instâncias com a racionalidade desenhada para a organização em termos de produto e serviços." 30 O processo decisório orçamentário de natureza incrementalista (muddIing

throught), que será abordado mais adiante, é permeado por esta questão.

27 VIEIRA, Paulo Reis. Processo Decisório Organizacional: uma reflexão para o gerente em busca de eficiência e eficácia. In: VIEIRA, Paulo Reis (org.). Processo decisório e informaçOo gerencial: programa e textos da

disciplina. Rio de Janeiro: EBAP-FGV, 1997, p. 51.

28 LEITÃO, Sérgio Proença. Desenvolvendo capacidade de julgamento e sensibilidade para o trato de decisões

organizacionais não estruturadas. In: VIEIRA, Paulo Reis (org.). Op. cit., p. 85.

(27)

Para Pfeffer, política organizacional "envolve aquelas atividades executadas no

interior das organizações para adquirir, desenvolver e usar o poder e outros recursos para a

obtenção dos resultados preferidos, em uma situação de incerteza e de falta de consenso sobre

as alternativas" 31. Por meio da política organizacional são desenvolvidas estratégias para o uso

do poder nas organizações. São as seguintes as fontes de poder consideradas pelo autor:

poder derivado da capacidade de provisão de recursos, poder em criar dependência de

recursos, poder em lidar com a incerteza, poder de ser considerado insubstituível e poder em

afetar o processo decisório.

Processo decisório é "a seqüência de etapas que conduzem à tomada de decisão e

a sua implementação" 32. A ele pode ser aplicada a seguinte tipologia, conforme o nível

organizacional e o foco decisório:

»

estratégico - em nível institucional, com alto grau de incerteza, resultados de

longo prazo, que fogem à rotina institucional, possuindo grande abrangência e

baixo grau de especificidade;

»

táticas - decisões adotadas no nível de coordenação funcional, com médio grau

de incerteza, médio prazo de implementação, alternância entre rotina e

eventualidade e médio grau de especificidade; e

»

operacionais - situadas no nível de execução, possuem baixo grau de incerteza,

pouca abrangência, são altamente específicas, rotineiras e alcançam seus

resultados a curto-prazo.

30 MOITA, Paulo Roberto. Op. cit., p. 58.

31 PFEFFER, Jeffrey. Power in organizations. Cambridge, Massachusetts: Ballinger Publishing Company,

(28)

17

Útil, também, para o presente trabalho é a taxinomia em termos da previsibilidade

do processo decisório, adotada tanto por Campos33 como por Braga34, estabelecendo a

distinção entre decisões programadas e decisões não-programadas. As primeiras são

rotineiras, estruturadas e programáveis, e a aplicação de métodos estritamente racionais de

tomada de decisão alcança êxito

seleção e na escolha de alternativas. As decisões não

programadas são novas, não possuem estrutura predeterminada e têm maior impacto sobre as

organizações. Este último tipo de decisão aproxima-se da decisão estratégica, enquanto o

primeiro tipo pertence à esfera das decisões de caráter operacional. As decisões táticas

apresentam-se como uma mescla de decisões programadas e não-programadas.

o

processo decisório prende-se ao comportamento do decisor face à incerteza e à

aversão ao risco, consoante explana Corrêa3S. Contra estes dois fatores, está o animus

decidendi, ou seja, a vontade de decidir do agente.

À estrutura de poder na qual o decisor está inserido, o processo decisório está

essencialmente ligado. Bretas Pereira e Fonseca36 relacionam o poder do decisor ao risco:

quanto maior a autonomia do decisor, menor é a aversão ao risco.

Na definição Escola Superior de Guerra, o ato de decidir "é escolher entre opções

julgadas possíveis" 37. O processo decisório desenvolve-se em um ambiente sistêmico, por

meio da realização das seguintes etapas:

32 CAMPOS, Ana Maria. Decisão e informação gerencial. In: VIEIRA, Paulo Reis (org.). Op. cit., p. 33.

33 Ibidem.

34 BRAGA, Nice. O processo decisório em organizações brasileiras. Revista de Administração Pública,

21(3):35-57, jul./set. 1987.

(29)

./ "análise de situação; ./ definição de objetivos;

./ análise de trajetórias estratégicas; ./ determinação das estratégias; e ./ execução e controle da ação. " 38

3.1 Tipologias de racionalidades

Racionalidade pode ser conceituada como "a capacidade de usar a razão para conhecer, julgar e elaborar pensamentos e explicações, e é ela que habilita o homem a escolher entre alternativas, a julgar os riscos decorrentes das suas conseqüências e efetuar escolhas conscientes e deliberadas" 39.

Leitão40 identifica as seguintes expressões da razão humana no processo decisório:

»

racionalidade instrumental - racionalidade pautada em um comportamento

analítico e consciente, com vistas ao atingimento de um determinado objetivo, levando-se em conta as limitações existentes na situação, em função das condições e restrições;

»

irracional- comportamento baseado na emoção, impulso ou instinto;

»

não racional - comportamento pautado na intuição, que significa o

conhecimento imediato do objeto que prescinde explicação da razão;

36 PEREIRA, M. J. L. Bretas & FONSECA, J. G. M .. Faces da decisão: as mudanças de paradigmas e o

poder da decisão. São Paulo: Makron Books, 1997.

37 ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA. Fundamentos Doutrinários da Escola Superior de Guerra. Rio de

Janeiro: Escola Superior de Guerra, 1997, p. 214.

38 Ibidem, p. 215.

39 Ibidem, p. 175.

(30)

19

»

racionalidade objetiva - ou econômica. Visa a otimizar, levando-se em

consideração as condições da situação, o valor esperado da alternativa escolhida, relacionando meios a fins;

»

racionalidade funcional - ou burocrática. Comportamento em que os objetivos

pessoais do decisor fica.-n em segundo-plamr,-prevalecendoas fegIClS e as

normas da organização a que pertence; e

»

racionalidade subjetiva - ou política. Há uma valorização do interesse

individual. O decisor avalia racionalmente as condições da situação a ser decidida, sem deixar se influenciar por fatores irracionais - instinto, emoção e impulso, buscando uma solução satisfatória que concilie os interesses da organização e os seus próprios interesses.

Uma outra tipologia das racionalidades, que é clássica e é o marco do estudo do processo decisório na Ciência da Administração, é a elaborada por Simon:

"( ... ) uma decisão pode ser chamada objetivamente racional se representa de fato o comportamento correto para maximizar certos valores em uma dada situação.

É subjetivamente racional se maximiza a realização com referência ao conhecimento real do assunto. É conscientemente racional na medida em que o ajustamento dos meios aos fins constitui um processo consciente. É

deliberadamente racional na medida em que a adequação dos meios aos fins

tenha sido deliberadamente provocada (pelo indivíduo ou pela organização). Uma decisão é organizativamente racional se for orientada no sentido dos objetivos da organização; é pessoalmente racional se visar aos objetivos do indivíduo." 41

É relevante frisar que toda a racionalidade é limitada, pois:

(31)

"a) A racionalidade requer um conhecimento complexo e antecipado das conseqüências resultantes de cada opção. Na prática, porém, o conhecimento dessas conseqüências é sempre fragmentário;

b) Considerando que essas conseqüências pertencem ao futuro, a imaginação

deve suprir a falta de experiência em atribuir-lhes valor, embora estes só possam

ser antecipados de maneira imperfeita; e

c) A racionalidade pressupõe uma opção entre todos os comportamentos

alternativos. No comportamento real, porém, apenas uma fração de todas estas

possíveis alternativas é levada em c.()nsidera~-O." 42

A concepção acima exposta pressupõe uma separação rígida entre valor e fato,

entre política e administração. Na visão waldoniana43, é uma abordagem extremamente

reducionista, pois fato e valor interagem necessariamente para a existência da ação racional,

havendo que se considerar a presença da ação não-racional. As críticas de Waldo aos

pressupostos do positivismo lógico, que é o fundamento teórico da racionalidade

administrativa simoniana, são:

»

não considerar no processo decisório a presença de julgamentos de valor,

admitindo tão somente a presença de fatores racionais, condicionados por fatos

empiricamente verificáveis;

»

os meios para o atingimento de objetivos são considerados o aspecto mais

importante do fenômeno administrativo, havendo uma excessiva preocupação

com fatores tecnológicos, ficando aspectos tais quais a liderança em segundo

plano;

»

é extremamente ingênuo ao assumir a ausência completa de valores no método

científico, uma vez que ao analisar determinado fenômeno, o pesquisador já

realizou um julgamento de valor, pois o considerou válido enquanto objeto de

pesqwsa;

42 Ibidem, p.84.

(32)

21

~ possui a tendência de ser apropriado pelas elites dominantes. Como não há a

presença de valores, os seus objetivos particulares são legitimados pelo

caráter racional do processo~ e

~ a aplicação do positivismo lógico à Administração Pública é intrinsecamente

paradoxal, viste que propõe ü ürdenamento eficiente de meios, segundo uma

ação humana racional, para o atingimento de objetivos que, em última análise,

foram concebidos mediante julgamento de valor, não comprováveis

cientificamente, ou seja, objetivos não científicos, irracionais.

Cumpre, ao tratar o assunto racionalidade, explorar melhor a idéia de intuição. A

intuição no processo decisório é "um impulso para a ação em que não se faz uso do

raciocínio lógico" 44. Em outras palavras, a decisão pautada na intuição não necessita que

sejam estabelecidas relações de causa-e-efeito para as alternativas, não necessita análise

criteriosa dos fatores envolvidos. É uma ação cujo conhecimento sobre a situação ocorre no

inconsciente, possuindo o decisor uma visão total e integrada dos fatores envolvidos no

problema, fruto da interação entre experiências anteriores e o contexto da decisão.

3.2 Incrementalismo e racionalismo

Jesse Burkhead4S afinna serem a teoria e a prática orçamentária divididas em dois ramos distintos:

um é trilhado por aqueles que consideram as decisões orçamentárias objeto de estratégias e

44 MOTTA, Paulo Roberto. Razão e intuição: recuperando o ilógico na Teoria da Decisão. Revista de

Administração Pública. Rio de Janeiro: EBAP, 22 (3):77-94, jul./set. 1988, p. 78.

45 BURKHEAD, Jesse. The budget and democratic government. In: DA VIS, James W. (ed.). Polilics. programs

(33)

barganhas; outro é seguido por aqueles que vêem o processo decisório em tennos de maximização

de produtos e minimização de custos. Este é o modelo racionalista, em que o cidadão é concebido

como um consumidor dos produtos e serviços ofertados por meio da atividade governamental. O

primeiro modelo corresponde ao incrementali~ cujos expoentes são Charles Lindblom e Aaron

Wtldavsky. Neste modelo o cidadão é visto como UIna palte atua.-rte do processo decisório

orçamentário. É útil detalhar as caracteristicas destas duas posições, posto que o Plano Diretor é

um sistema orçamentário.

Na visão de Lindblom46, a abordagem racional (root method) é linear: primeiro são

estabelecidos os valores, depois os objetivos e por último, é selecionado o melhor meio para

alcançá-los, somente sendo aplicável em situações pouco complexas, em virtude da limitada

capacidade humana em captar todas as informações necessárias à busca da solução ótima. Não

obstante, a maior parte da Teoria Administrativa propõe a abordagem racional como a ideal para

orientar o processo de estabelecimento das políticas públicas, uma vez que a análise empreendida

na seleção da alternativa ótima é supostamente abrangente e baseada em métodos científicos.

Em oposição, a abordagem das comparações sucessivas limitadas (branch method) é

proposta como o método efetivamente seguido pelos tomadores de decisão. "A formulação de

políticas públicas é um processo de aproximações sucessivas em direção a alguns objetivos

desejados, na medida em que aquilo que é realmente desejado é continuamente modificado pela

reavaliação política de sua exeqüibilidade." 47 O método pode ser sintetizado por meio dos

seguintes aspectos:

46 LINDBLOM, Charles E .. The science of "Muddling Through". Pub/ic Administration Review, XIX(2):

79-88, spring 1959.

(34)

23

»

a seleção de objetivos e de meios para atingi-los é um processo concomitante, em

que tais elementos exercem mútua influência;

»

freqüentemente, são decididas as políticas a serem executadas, sem que se tenha

acordado quanto aos objetivos a serem alcançados;

~ nas políticas escolhidas são combinados os diferentes valores dos diversos participantes do processo decisório - "o teste é o estabelecimento de acordos sobre

a possibilidade de execução da política pública, mesmo quando os valores

envolvidos são díspares" 48 ;

»

as questões são abordadas por meio da avaliação da modificação incremental que a

adoção de determinada política acarreta;

»

a avaliação incremental reduz o número de possibilidades de ação, simplificando o

processo de seleção;

»

legitima a alternativa escolhida, posto que nela tomaram parte os detentores dos

diferentes pontos-de-vista concernentes à situação-problema; e

»

por implicar pequenas modificações, erros são mais facilmente corrigidos.

o

método incrementai, segundo Lindblom, descreve a realidade do processo decisório

orçamentário, uma vez que poucas são as alternativas politicamente implementáveis e estas jamais

diferem significativamente das políticas públicas em curso ou das que estão inclusas na agenda

política. Por outro lado, o processo decisório é fragmentado, estando presentes diversos interesses,

propiciando a ocorrência de barganhas e negociações políticas, que envolvem a totalidade do

processo 49.

(35)

O orçamento-programa é urna prática orçamentária fundada no método racional cujos

defensores afinnam ser politicamente neutra, buscando a melhor alocação de recursos possível em

uma dada situação, a partir do emprego de ferramentas de análise (beneficio,

custo-efetividade e análise de sistemas). Todavia, para WIldavsky, a aplicação deste instrumental

técnico-econômico ao processo decisório orçamentário é i. ... .apropriada, haja vista que nele a questão

fundamental que penneia a seleção dos objetivos e das alternativas para alcançá-los é a avaliação

dos custos políticos intrinsecos, realizada pejos elementos presentes no processo mediante o uso de

racionalidade políticaso.

o

emprego da análise sistêmica no processo orçamentário não é, no entender de

Capron SI, antinômico ao método de aproximações sucessiv~, proposto por Lindblom. Uma boa

análise considera a quantidade de infonnação disponível ao estudar as alternativas propostas,

podendo resultar, deste estudo, a refonnulação dos objetivos iniciais. Por outro lado, a análise

prevista no orçamento-programa é preferivel ao incrementalismo, nos casos em que, sabidamente,

os programas correntes não atendem às demandas da sociedade.

Para Schultze, o orçamento-programa, embora fundado no método racional, pode e

deve ser utilizado para aperfeiçoar o processo político de decisões quanto à alocação de recursos. O

emprego da avaliação de programas complementa o processo de avaliação política, ao relacionar

valores às caracteristicas específicas de cada programa~ a sua utilização, entretanto, está

49 WILDAVSKY, Aaron. The new po/itics o/the budgetary processo Op. cit ..

50 . The politica1 economy of efficiency. In: DA VIS, James W. (ed.). Op. cit ..

(36)

25

condicionada ao reconhecimento das restrições e dos custos políticos envolvidos na fonnulação e

na seleção de alternativas 52.

3.2.1 Abordagem ideal para o novo século

A discussão sobre qual modelo deve orientar o processo orçamentário já vêm de longa data, não

havendo a prevalência de nenhum deles. Possuindo diferentes características, é provável que,

consoante a situação, um método alcance melhores resultados que o outro.

Todavia, qual método melhor responderá às situações que se delineiam no futuro

próximo? As novas características ambientais, em um mundo globalizado, são: a rapidez com que

ocorrem mudanças de paradigmas; a coexistência de diferentes valores na sociedade (pluralidade

democrática); a infonnação como fonte de poder; a necessidade de se compartilhar informação para

a produção de conhecimento; o fim das limitações fisicas de tempo e espaço, proporcionado pela

interconectitividade das redes computacionais; e a imprevisibilidade dos acontecimentos, segundo

o disposto pelas Teorias do Caos e dos Sistemas Complexos.

Ao tratar a questão da mudança organizacional, Motta53 analisa a aplicabilidade do

radicalismo e do incrementalismo como métodos orientadores da inovação, relacionando o primeiro

a mudanças radicais na ambiência e o segundo, a mudanças contínuas e moderadas. Um é

revolucionário, outro é evolucionário. Um encerra as características inerentes ao root method,

outro ao branch method. Aspectos dos métodos estão descritos no quadro a seguir:

(37)

1','(' I~;entreas ,

i,vGl5

';r8êIonaIe

incremeritat '

de ,z.c,c", "..i",;

.

-onat "

Penpectiva sobre a Radical Incrementai

mudança

Premissa básica T~o~ototm Transfonnacão prowessiva

Origem da Contraposição ao usual: ordem e Variações progressivas: ordem e

novidade estabilidade como ameaça instabilidade como fontes da mudanca

Fonte do êxito Visão arrojada e conexão rápida Visão arrojada e conexão cautelosa

entre o

.

, I io e a reWidade entre o im

.

,

.

o e a reWidade

Impacto Drcüilático, glôbal

~-curto e Moderado e progressivo a iongo-prazo oe

longo-prazos

Programação Mobilização das pessoas para a Conquista das pessoas para a mudança

mudança radical espontânea e a programada

Grau de resistência Maior: ameaça radical ao status Menor - preserva parte do status quo

quo

Fonte: MOITA, Paulo Roberto. Transformação organizacional. Op. cit, p. 146.

Face à rapidez da mutabilidade ambientm, cada vez é mais dificil manter em

congruência o processo decisório e as demandas da sociedade. O incrementWismo propicia uma

maior capacidade de captação de mudanças qualitativas no ambiente, em razão de estarem

representados no processo decisório diferentes vmores, o que possibilita o surgimento de novas

idéias. Contudo, em razão da necessidade do desenvolvimento de comprometimento em tomo dos

novos objetivos, o processo torna-se moroso: "as mudanças incrementais não têm como dar conta

de acompanhar mudanças ambientais abruptas"S4.

O modelo racionm pode atender ao requisito de velocidade no processo decisório,

sendo direto e claro na formulação de objetivos. Por outro lado, um ambiente extremamente

mutável requer mto grau de flexibilidade, capacidade que um modelo centralizado pode não

oferecer. A capacidade de avWiação também é afetada, uma vez que os indicadores formulados

podem não captar as alterações ambientais, comprometendo o monitoramento do plano. Outro

fator a ser considerado é que a concepção de realimentação sistêmica (jeedback), presente no

Institution, 1968.

53 MorrA, Paulo Roberto. Transformação organizacional. Op. cU ..

54 NA VEIRA, Ruben Bauer. Caos e complexidade nas organizações. Revista de Administração Pública, 32(5):

(38)

27

modelo racional, favorece a ocorrência de mudanças no sistema orçamentário; as mudanças de

paradigma, contudo, necessitarão ser acompanhadas de mudanças do sistema, adequando-o à nova

realidade.

Etzioni55 afirma que tanto o incrementaIismo quanto o racionalismo são modelos de

processo decisório que não satisfazem às exigências da nova ambiência. Sugere que seja utilizado

um terceiro modelo: processo decisório adaptativo ou mapeamento misto (mixed scanning). Cita os

médicos como exemplo de classe profissional que o utiliza com sucesso. O médico toma uma

decisão básica, fundamentada em poucas informações disponíveis sobre o paciente, fazendo um

diagnóstico inicial. Aos poucos, por meio de exames mais detalhados, vai confirmando ou

corrigindo o diagnóstico inicial.

Nesse modelo, coexistem decisões abrangentes e incrementais. Há o julgamento

abrangente, ao serem tomadas as decisões fundamentais da organização, que são aquelas que

tratam das suas políticas básicas, vinculadas a sua missão. Há também decisões incrementais, que

lidam com julgamentos sobre questões novas, que necessitam abordagens adaptativas, diferentes

das tradicionais. Desta forma, o mapeamento misto "é muito menos detalhado e exigente que o

processo decisório racionalista, mas ainda assim é mais abrangente e compreensivo que o

incrementalismo - e menos provável de se limitar a alternativas conhecidas" 56.

Por ser uma estratégia adaptativa, diferencia-se do racionalismo, ao reconhecer a

incapacidade de o decisor conseguir todo o conhecimento para tomar uma decisão racional

genuína. Opõe-se ao incrementalismo "ao procurar fazer o melhor possível com a infonnação

disponível, o que é melhor do que proceder cegamente sem conhecimento algum" 57.

55 ETZIONI, Amitai. Humble decision making. In: The logicis 01 business decision making. Harvard Business

Press, 1990.

56 Ibidem, p. 43.

(39)

4 GESTÃO ESTRATÉGICA

4.1 Mudanças ambientais

No último quarto deste século ocorre a denominada revolução do conhecimento, cuja uma das características distintivas é a larga aplicação da tecnologia da infonnação, trazendo como conseqüências profundas alterações na estrutura e nos processos das organizações. Há a necessidade do estabelecimento de novos arranjos organizacionais baseados, precipuamente, no uso da infonnação (information-based organization) S8.

Infonnação, o dado tratado com relevância e propósito para alguém, é o elemento central do novo modelo, que implica interdependência entre indivíduos, sincronia, diminuição dos níveis hierárquicos da estrutura organizacional, comprometimento, auto-avaliação, organização por tarefas e visão unificada.

o

novo século será caracterizado pela rapidez e pela imprevisibilidade das mudanças, exigindo das organizações elevada capacidade de adaptação, a fim de que possam responder adequadamente aos estímulos ambientais, tanto externos quanto internos. Esta capacidade de adaptação, para ser efetiva, implica uma estrutura organizacional que funcione coordenamente. No futuro, na visão de Drucker, todas as organizações, para sobreviver em um ambiente que a cada dia toma-se mais complexo e dinâmico, deverão se transformar em organizações baseadas em infonnação.

(40)

29

Davis e Meyer59 afirmam que essa revolução rompe com as dimensões fisicas de massa, tempo e espaço, que até então eram aplicadas à Teoria das Organizações. Intangibilidade, velocidade e conectitividade passam a ser as dimensões ao longo das quais as organizações deverão ser estruturadas. O capital intelectual possuirá um valor superior aos tradicionais ativos, tais como máquinas, estoques etc. A organização, para sobreviver e evoluir no novo século, deverá ser, necessariamente, veloz na percepção das mudanças ocorridas no ambiente, veloz na tomada de decisão quanto ao que fazer em face do percebido, veloz na implementação do decidido e veloz na avaliação dos resultados oriundos das decisões executadas. As redes informacionais já permitem que organizações nas mais variadas partes do globo estejam conectadas em tempo real, aumentando a produtividade de forma exponencial.

As características vislumbradas para o novo século indicam que as futuras organizações tendem a ser mais enxutas, ágeis, com um menor número de níveis hierárquicos, e estruturadas em rede. Charles Handy 60 afirma que a organização do século XXI pautar-se-á

nos princípios do federalismo e da subsidiariedade, e que os sistemas de controle transformar-se-ão em sistemas de orientação e influência. O princípio do federalismo informa que o modelo econômico evoluirá de competitivo para cooperativo. O princípio da subsidiariedade consiste na noção de que uma decisão que possa ser tomada por um determinado sistema não deve ser efetuada por outro de nível hierárquico superior (devolução da autoridade). Uma vez que as organizações serão estruturadas para agirem cooperativamente e que terão capacidade de decisão em sua esfera de atuação, os sistemas de controle não mais serão pensados em termos de controles burocráticos rígidos, mas pensados para orientarem e influenciarem os componentes da rede organizacional para atingirem os seus objetivos finais.

59 DA VIS, Stan , MEYER Christopher. The future is blur. [on line]. Arquivo disponível na Internet via

(41)

No corrente século, a constatação da existência de disfunções nas grandes

estruturas organizacionais, incapazes de lidar com a ambiência atual, proporcionou o

surgimento de novas tecnologias administrativas, como é o caso da reengenharia. Na

Administração Pública, na década de 90, há a busca de formas mais flexíveis, ágeis e

inovadoras, que permitam aos órgãos públicos atingir maior efetividade no cumprimento de

suas missões.

No Brasil, o movimento de reforma administrativa é balizado pela publicação do

Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado, em novembro de 1995, cujos objetivos

globais são:

./ "Aumentar a governança do Estado, ou seja, sua capacidade administrativa de governar com efetividade e eficiência, voltando a ação dos serviços do Estado para o atendimento dos cidadãos;

./ Limitar a ação do Estado àquelas funções que lhe são propnas, reservando, em princípio, os serviços não-exclusivos para a propriedade pública não-estatal, e a produção de bens e serviços para o mercado para a iniciativa privada;

./ Transferir da União para os estados e municípios as ações de caráter local: só em casos de emergência cabe a ação direta da União; e

./ Transferir parcialmente da União para os estados as ações de caráter regional, de forma a permitir uma maior parceria entre os estados e a União." 61

Tais objetivos encerram as idéias contidas nos princípios do federalismo e da

subsidiariedade, elaborados por Handy, para a organização do século XXI. Contudo, para que

estes objetivos tomem-se realidade, em uma ambiência futura caracterizada pela

WWW. URL: Http://www.blursight.com. Arquivo capturado em 20/04/1999.

60 HANDY, Charles. A era do paradoxo. São Paulo: Makron Books, 1995.

(42)

31

imprevisibilidade e velocidade das mudanças, urge redesenhar os sistemas de planejamento,

execução e controle da gestão governamental, a fim de que estes forneçam, tempestivamente,

informações relevantes ao processo decisório.

A Marinha do Brasil, a quem compete o preparo e o emprego do Poder Naval, possui

como "caracteristicas intrinsecas ( ... ) a mobilidade, a flexibilidade, a versatilidade e a capacidade de

permanecer em ação, que permitem o seu emprego no local, na oportunidade e na intensidade que

se fizerem necessários" 62. Tais caracteristicas são adequadas à ambiência do século vindouro;

fazendo-se necessário, portanto, utilizá-las por meio de um sistema de planejamento, execução e

controle que permita extrair-lhes o máximo de efetividade possível.

o

pensamento estratégico militar brasileiro não é, em absoluto, estático, procurando

adaptar-se à ambiência. A Escola Superior de Guerra, em seu método de planejamento, utilizava

inicialmente o conceito de hipóteses de guerra. Posteriormente, inclui o conceito de hipóteses de

conflito e, atualmente, adota o conceito de hipóteses de emprego, que "decorrem dos cenários

admitidos e representam, dinamicamente, as grandes opções estratégicas" 63, significando a

mudança de foco do planejamento de ameaças predeterminadas para o desenvolvimento de

capacidades militares que reduzam os nossos pontos fracos ou, consoante exposto anteriormente

por Vidigal 64, que visem a minimização das vulnerabilidades estratégicas.

62 SOUZA, Marco Polo Áureo Cerqueira O novo cenário estratégico. Revista Marítima Brasileira, 195(3):

117-125. jul./set. 1995, p. 119.

63 FIALHO, Ivan. Hipóteses de Emprego x Hipóteses de Conflito - evolução do pensamento estratégico militar.

Revista l'Vfaritima Brasileira, 118(4): 157-159, out./dez. 1998, p. 157.

64 VIDIGAL, Armando Amorim Ferreira. Ministério da Defesa - algumas considerações. Revista Maritima

(43)

4.3 O conceito de gestão estratégica

Alice falou: "- Por favor, você poderia dizer-me qual o caminho que devo

pegar daqui?". O gato respondeu: "- Isso depende aonde você quer chegar".

- Lewis Carrol

o

Plano Diretor, sendo um instrumento de planejamento, execução e controle dos créditos

orçamentários, permite dar concretude aos planos da Marinha do Brasil. O conceito de gestão

estratégica, neste enfoque, proporciona a base teórica para a posterior avaliação do sistema e

do processo do Plano Diretor, em face da ambiência vislumbrada para o século XXI.

Considerando-se esta incerta e mutável, a construção de cenários apresenta-se, também, como

um auxilio importante à gestão organizacional.

Planejamento estratégico e gestão estratégica, para Mintzberg65, encerram idéias

diferentes: o primeiro expressa a noção de programação, ou seja, de articulação de meios para

se implementar uma estratégia já existente na organização, enquanto a gestão estratégica

implica o ato de pensar estrategicamente, isto é, a predisposição à concepção de novas visões e

estratégias globais. A programação estratégica, entretanto, também é vital para a organização,

uma vez que assegura a implementação das estratégias formuladas, por meio do

estabelecimento de planos, programas, orçamentos etc.

Adota-se aqui a linha de pensamento oferecida por Paulo Motta, para quem a

"estratégia é o conjunto de decisões fixadas em um plano· ou emergentes do processo

organizacional, que integra a missão, objetivos e seqüência de ações administrativas em um

65 MINTZBERG, Henry. The rise and falI of strategic planning. Harvard Business Review, 72(1): 35-46,

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