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Variação temporal da volatilidade e precificação de derivativos

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Academic year: 2017

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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA DE ECONOMIA DE SÃO PAULO

RODRIGO MINORU MARTINHO GOTO

VARIAÇÃO TEMPORAL DA VOLATILIDADE E

PRECIFICAÇÃO DE DERIVATIVOS

(2)

Goto, Rodrigo Minoru Martinho.

Variação temporal da volatilidade e precificação de derivativos / Rodrigo Minoru Martinho Goto. – 2016.

69 f.

Orientador: Prof. Dr. Afonso de Campos Pinto.

Dissertação (mestrado) - Escola de Economia de São Paulo.

1. Processo estocástico. 2. Derivativos (Finanças). 3. Taxas de juros. I. Pinto, Afonso de Campos. II. Dissertação (metrado) – Escola de Economia de São Paulo. III. Título.

(3)

RODRIGO MINORU MARTINHO GOTO

VARIAÇÃO TEMPORAL DA VOLATILIDADE E

PRECIFICAÇÃO DE DERIVATIVOS

Data da Aprovação: 05 / 08 / 2016

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Afonso de Campos Pinto

(Orientador) FGV - EESP

Prof. Dr. Marcos Antonio Botelho

FGV - EESP

Prof. Dr. Takashi Yoneyama

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Agradecimentos

Muito especialmente ao ilustríssimo professor Marcos Antonio Botelho, por toda paciência, dedicação, disponibilidade, parceria, profissionalismo, com certeza um fator determinante deste sucesso. Muito obrigado.

Ao meu orientador professor Afonso Campos Pinto, por seus conselhos e sua dedica-ção.

Aos meus chefes Cleber Drobnicki, Luiz Gambale e Jorge Bolla pela compreensão e por todo apoio financeiro em nome do Banco J.P. Morgan.

À Jane Mara Julião dos Santos por me acolher e possibilitar a realização deste sonho.

À Maíra Lúcia Julião dos Santos pelo companheirismo, parceria, incentivo e compre-ensão.

Ao Yuri Medeiros e André Panariello pelo incentivo e ajuda.

Á minha familia, em especial aos meus pais, à minha irmã e meus amigos, por me entender e compreender a minha ausência.

(6)
(7)

RESUMO

Este trabalho apresenta uma abordagem ao estudo de robustez estruturada do modelo de Black-Scholes que permite não só levar em conta as incertezas nas determinações dos parâmetros envolvidos (volatilidade σ e taxa livre de riscor) como também dar conta de hipóteses simplificadoras do modelo tais como assumir que σ é invariante no tempo (em detrimento da heterocedasticidade inerente ao processo). A originalidade desta abordagem está em formular a equação de Black-Scholes como uma equação diferencial ordinária abstrata e transpor para o contexto de operadores lineares em espaços normados de dimensão infinita técnicas de perturbações estruturadas para sistemas determinísticos de dimensão finita. Estas incertezas no modelo são formuladas como sendo uma perturbação aditiva variante no tempo aplicada aos coeficientes da equação de Black-Scholes, cada um separadamente ou todos de uma vez só, para se obter uma quantificação da robustez. Esta quantificação é feita através de uma medida de robustez estabelecendo um limitante superior para a “magnitude” (norma) da diferença entre a realização histórica da precifi-cação do derivativo e a precifiprecifi-cação teórica fornecida pelo modelo desde que a norma da perturbação não ultrapasse esta medida. No final do trabalho, este resultado é aplicado no estabelecimento desta medida de robustez no caso da variação temporal da volatilidade de uma opção de compra europeia.

Palavras-chave: Equação de Black-Scholes, precificação de derivativos,

(8)

ABSTRACT

This work brings out an approach to the study of structured robustness for the Black-Scholes model that allows for not only accounting for the uncertainties on the determination of the parameters involved (volatility σ and risk-free rate of interest r) as well as for simplifying hypotheses such as the assumption that σ is time-invariant (in disregard of the heterocedasticity that is proper to the process). The originality of this approach comes from formulating the equation of Black-Scholes as an abstract ordinary differential equation and transfer to the context of linear operators in infinite dimensional normed spaces some techniques of structured perturbations on finite dimensional deterministic systems. These uncertainties on the model are formulated as being a time-varying additive pertubation applied to the coefficients of the Black-Scholes equation, each one separately or all at once, in order to obtain a quantification of robustness. Such quantification is done by means of a measure of robustness by establishing an upper bound for the “magnitude” (ultimately, the norm) of the difference from the actual precification of the derivative and the theoretical precification given by the model since the norm of the perturbation does not exceed this measure. At the end or this work, this result is applied to establishing such measure of robustness in the case of the temporal variation of volatility for an European call option.

Keywords: Black-Scholes equation, precification of derivatives, heterocedasticity,

(9)

Lista de ilustrações

Figura 1 – Evolução do preço da PETR4 . . . 57

Figura 2 – Escolha do Rho . . . 58

Figura 3 – Condicionamento ponderado do erro da PETRH11 . . . 59

Figura 4 – Condicionamento ponderado para diferentes alphas . . . 60

Figura 5 – PETRH11: Teórico x Real . . . 61

Figura 6 – Erro entre o preço Teórico e o Real . . . 61

(10)

Lista de tabelas

(11)

Lista de abreviaturas e siglas

DRE Equação Diferencial de Riccati

OP Problema de Controle Ótimo Linear-Quadrático

HS Sistema Hamiltoniano

CS Sistema acoplado

CP Condicionamento Ponderado

EDP Equação Diferencial Paricial

(12)

Sumário

1 Introdução . . . 12

2 Preliminares . . . 18

2.1 Derivativos e o modelo de Black-Scholes . . . 18

2.2 Representação da equação de Black-Scholes como EDO abstrata . . . 19

2.3 Semigrupos . . . 21

3 Uma medida de robustez para o modelo de Black-Scholes . . . 28

3.1 Formulação do erro via perturbações estruturadas . . . 28

3.2 Técnica do escalonamento . . . 30

3.3 Condicionamento do erro . . . 32

4 Determinação da norma do operador . . . 37

4.1 Resolução do problema de controle ótimo . . . 38

4.2 Equação de Riccati . . . 41

4.3 Sistema hamiltoniano . . . 43

5 Aplicação: medida da robustez da volatilidade . . . 47

5.1 Operadores adjuntos e normas . . . 48

5.2 Algoritmo via sistema hamiltoniano . . . 53

5.3 Aplicação a uma opção europeia . . . 57

6 Considerações Finais . . . 63

Referências . . . 65

Anexos

67

ANEXO A Tabela de Parâmetros . . . 68

(13)

12

1 Introdução

Em (BOTELHO; PRITCHARD, 1995) e (BOTELHO, 1994), foi feito um estudo de robustez da controlabilidade de sistemas determinísticos em dimensão finita assumindo as incertezas como perturbações estruturadas. Relembre-se que por incertezas estruturadas se quer dizer que o estudo de robustez é feito através de uma técnica que permite analisar de uma única vez tanto um como alguns ou todos os parâmetros que constituem os coeficientes da equação diferencial que define o modelo. Embora aquele trabalho de Controle estivesse inserido no contexto de modelos determinísticos, percebemos que sua técnica poderia ser adaptada e reelaborada para que pudéssemos contribuir de maneira original ao abordar

quantitativamente a questão da robustez do modelo de Black-Scholes para a precificação

de derivativos, particularmente no que diz respeito à questão da heterocedasticidade na essência da dinâmica de tais instrumentos financeiros. Assim, percebemos que esta técnica nos permitiria responder através de uma abordagem determinística às incertezas (inclusive de naturezas estocásticas) tanto na volatilidade quanto na taxa livre de risco, isoladamente ou em conjunto e na forma como elas são assumidas pelo modelo de Black-Scholes. Assim, a robustez do modelo de Black-Scholes poderia ser reformulada nos seguintes termos: assumindo que as incertezas nos parâmetros do modelo são representadas como uma perturbação de “magnitude” γ no alcance dos valores destes parâmetros, até que valor deγ podemos garantir que a diferença entre o resultado da precificação provida pelo modelo e o preço histórico efetivamente realizado esteja dentro de um intervalo de tolerância aceitável? Por exemplo, no que diz respeito à hipótese do modelo estabelecer que a volatilidade do instrumento base na precificação do derivativo é invariante no tempo, a presença da heterocedasticidade passa a ser considerada como uma perturbação dependente do tempo d(t) de “magnitude”γ.

(14)

Capítulo 1. Introdução 13

num cenário livre de risco é igual à taxa de juros livre de risco r) e com volatilidade σ constante (σ2 é referida como sendo a taxa de variância do preço da ação). Em outros

termos, é assumido de início que a variabilidade do retorno percentual num curto intervalo de tempo ∆t é a mesma independentemente do preço da ação, ou seja, um investidor hipotético tem o mesmo grau de incerteza do retorno percentual quando o preço da ação é x como também quando o preço é 5x. Esta hipótese sugere que o desvio padrão da mudança ∆S no preço da ação num curto período de tempo deve ser proporcional ao preço da ação, o que leva a um modelo do comportamento do preço da ação essencialmente da forma

dS =µSdt+σSdz ou, equivalentemente, dS

S =µdt+σdz.

Claro está que as hipóteses de r e σ constantes deveriam ser relaxadas, dado o mundo financeiro real, e, por exemplo, até mesmo existem trabalhos onde r e σ são assumidos como funções conhecidas de t (cf. Hull). O objetivo desta dissertação é inovar na perspectiva ao abordar a questão das incertezas nestes parâmetros como um estudo de robustez do modelo de Black-Scholes no que se refere areσ. Por questão das incertezas nos parâmetros estamos querendo dizer questões sobre se eles deveriam ser assumidos como variantes no tempo ou mesmo se temos incertezas oriundas de simplificações ou hipóteses simplicadoras, imprecisões nos cálculos, falhas nos bancos de dados ou observações que levam à mensuração destes parâmetros.

Em linhas bastante gerais, a técnica de abordagem privilegiada neste trabalho consiste em representar a equação diferencial parcial de Balck-Scholes como uma equação diferencial ordinária abstrata através da introdução do operador diferencial matricial

A=

 

ˆ

A 0

0 Aˆ

  ,

com domínio D(A) denso num espaço de Banach, em termos do que podemos chamar de operador de Black-Scholes

ˆ A=1

2σ

2x2 2

∂x2 −r x

∂xI

!

(aqui, O representa o operador nulo e I o operador identidade) definido em um domínio denso em um espaço de Banach. A razão de considerarmos artificialmente uma matriz 2×2 na construção do operador é para reservarmos uma entrada (mais especificamente, a entrada a11 da matriz-operador A) para dar conta de perturbações no parâmetro σ e

outra entrada (a22) para perturbações no parâmetror. Isto possibilita adaptar a técnica de

(15)

Capítulo 1. Introdução 14

uma, mas cada uma podendo ser eventualmente considerada em contexto topológico diferente.

O problema com perturbações estruturadas dando conta das incertezas assume então a seguinte forma:

dZ

tt =AZ+

2

X

k=1

DkFk(CkZ(t), t) , t[0, T] e Z(0) =Vo, em correspondência ao problema nominal não-perturbado

dV

dt =AV , t∈[0, T] e Z(0) =Vo.

A partir daí, a estratégia básica começa por achar uma representação da solução do problema resultante tendo como função incógnita o erro E : [0, T]→ D(A) definido, para cada t [0, T], por

E(t) = Z(t)V(t) : [0,∞) → R2×1

x 7−→ E(t) (x)

com

E(t) (x) = (Z(t)V(t)) (x) =Z(t, x)V(t, x) , x0,

que portanto associa a cada preço do ativo-basex0 fixado as diferenças Z(t, x)V(t, x) no preço do derivativo ao longo do horizonte temporal [0, T]. Em seguida, por reformular a expressão desta solução em termos de solução de uma equação funcional do tipoH(u) =u. A limitação no valor do “tamanho” γ da perturbação nos parâmetros fica assim associada à condição para que H seja uma aplicação contrativa a fim de se garantir a existência de solução u para esta equação funcional através do Teorema do Ponto Fixo de Banach.

Papel preponderante nesta linha de procedimentos acaba ficando com as normas de alguns operadores que vão sendo introduzidos ao longo do processo. Particular protagonismo é desempenhado por um certo operador L, uma espécie de análogo do operador de entrada-saída no contexto do Controle determinístico, de forma que nosso resultado estabelecendo uma medida de robustez para o modelo de Black-Scholes ficaria sendo expresso por uma proposição estabelecendo que se o “tamanho” γ da perturbação que responde pelas incertezas é tal que γ.||L||<1, então existe um número positivo K tal que||E(T)||< K. No entanto, os estudos apresentados aqui dão um passo adiante ao introduzirmos um grau de liberdade extra através de um escalonamento artificial dado por funções contínuas arbitrárias α: [0, T]]0,)×]0,) que acabam repercutindo na determinação de cada uma das normas dos operadores envolvidos. Com isto, a proposição principal da dissertação acaba sendo estabelecida na seguinte forma mais geral: dado qualquer peso α contínuo positivo, se γ.|||| < 1, então existe um número positivo tal que

(16)

Capítulo 1. Introdução 15

primeiro lugar, abre uma nova linha de investigação em otimização nos termos do problema de se procurar por um peso αtal que

||∗|| seja um mínimo (ou, de maneira mais fraca,

um ínfimo), o que ampliaria o “tamanho da robustez” dos iniciais valores de γ tais que 0 < γ < ||L||−1 para agregar os novos valores do intervalo ||L||−1 γ < ||∗||−1. Em

segundo lugar, permite que se substitua a tarefa de se determinar os valores exatos de||L||e das normas constitutivas deK, que são bem sofisticadas e difícies, pela tarefa mais simples de se estabelecer primeiro estimativas para os valores de ||Lαo|| e Kαo com αo(t)≡(1,1)

para depois escolher um α de maneira a melhorar a precisão destas estimativas na forma de ||||e menores.

O modelamento da precificação de derivativos em termos estocásticos tem uma história de pouco mais de um século. Em 1900, Louis Bachelier formalizou algumas das incertezas em Théorie de la spéculation, introduzindo o movimento browniano na área de finanças, um grande avanço no estudo de apreçamento de derivativos que com certeza contribuiu para anos mais tarde Fisher Black e Myron Scholes (1973) precificarem uma opção europeia sugerindo um portfolio livre de risco em “The Pricing of Options and Corporate Liabilities”.

O modelo apresentado por Black e Scholes é considerado um dos melhores trabalho em finanças, pois tem sido amplamente adotado como referência de apreçamento de opções do tipo europeia. No entanto, para implementar o modelo é preciso assumir algumas premissas, muitas delas irrealista, como por exemplo a taxa livre de risco re a volatilidade σ são consideradas constantes.

Devido ao fato de que muitas dessas premissas não representarem a realidade, a robustez do modelo de Black-Scholes é constantemente abordado em diversos estudos e debates, muitos desses trabalhos são conhecidos como extenssões do modelo de Black-Scholes.

Em (HULL; WHITE, 1987) mostram em seus resultados que o preço obtido pela equação de Black e Scholes estão frequentemente a acima do “preço justo”de uma opção do tipo europeia com volatilidade estocástica e essa frequência aumenta para opções com vencimentos mais longos.

(MERTON, 1976) obteve resultados similares anos antes, quando estudou o pro-blema de descontinuidade, existência de saltos(“jumps”), no processo dos preços dos ativos objetos. Em seus resultados, Merton observou uma tendência do modelo de Black-Schole de precificar do “preço justo” as opções que estão deep-in-the-money, deep-out-the-money e para vencimento de curto prazo1.

(17)

Capítulo 1. Introdução 16

Abordando tanto parâmetros estocástico como descontinuidades(jumps) no processo

dos preço, André C. Maiali em (MAIALI, 2006) obteve resultados promissores para estratégia dinâmica de hedging para portfólios com posições vultosas, mostrando ser

uma estratégia mais eficiente em relação a estrategia originada do modelo de Black-Scholes conhecida como delta-neutra. No entando, para portfólios com posições de volumes financeiro menores, não apresenta um ganho significatido devido a complexidade de implementação do modelo sugerido.

Estudando o impacto em uma estratégia dehedging quando a volatilidade é

des-conhecida e é mal especificada, (KAROUI; JEANBLANC-PICQUÈ; SHREVE, 1998) demostram em seu trabalho que caso a volatilidade for má especificada e esta dominar a verdadeira volatilidade , então o valor do auto-financimaneto do hedging do portfólio mal especificado excede o valor da opção no vencimento. Obtendo resuldado semelhan-tes, (MARTINI, 1995) utilizou de métodos de semigrupos para resolver o problema da volatilidade mal especificada.

Um importante resultado para o desenvolvimento dessa dissertação, foi obtido em (GAXIOLA; SANTIAGO, 2012), neste trabalho Santiado e Gaxiola consideraram a equação de Black-Scholes como sendo um problema de Cauchy e mostraram que o operador diferencial de segunda ordem ˆAu=ax2D2u+bxDubucoma, bRe definido no espaço

de Schwartz é um operador gerador de C0-semigrupo.

Os capítulos seguintes dessa dissertação estão estruturados da seguinte forma. No capítulo 2, estabelecemos o roteiro de conhecimento preliminar, com resumos dos principais pontos teóricos necessários para o desenvolvimento tais como a resolução analítica do modelo de Black-Scholes e a sua representação na forma de equação diferencial ordinária abstrata.

No capítulo 3, o principal resultado desta dissertação é apresentado ao quantifi-carmos a robustez do modelo de Black-Scholes introduzindo de maneira implćita uma medida de sua robustez no que concerne às incertezas nas hipóteses e nas determinações algorítmicas de seus parâmetros (α e r).

Conforme se pode perceber pela descrição geral deste resultado como foi menci-onado acima, um papel preponderante neste estudo de robustez é desempenhado pela norma do operador Lα. Assim, no capítulo 4, apresentamos o algoritmo que fornece uma caracterização da norma deste operador através da introdução de um problema de controle ótimo linear quadrático.

(18)

Capítulo 1. Introdução 17

são deixadas para os anexos.

Finalmente, no capítulo 6 apresentamos a conclusão deste trabalho bem como as pesquisas futuras.

O conteúdo desta dissertação é original num sentido forte por duas razões. Primeiro, sua concepção parte da iniciativa de aplicar técnicas da área de Controle Determinístico para apresentar uma medida de robustez para os parâmetros estruturais que aparecem no clássico modelo de Black-Scholes, o qual diz respeito à dinâmica de fenômenos que são estocásticos por natureza. Como a fonte desta iniciativa está apenas na consideração dessas técnicas, o trabalho é original num primeiro sentido pelo fato de não se originar em alguma pesquisa na literatura de Finanças Quantitativas. Em particular, esta característica do trabalho acaba sendo um fator que trouxe alguma dificuldade em se produzir uma revisão bibliográfica suficientemente abrangente sem incorrer em afastamentos do foco do que foi efetivamente desenvolvido nesta dissertação — em outras palavras, a investigação desenvolvida aqui não está atrelada propriamente a uma relação com a literatura padrão desta área de pesquisa.

(19)

18

2 Preliminares

2.1 Derivativos e o modelo de Black-Scholes

Uma opção é um contrato de direito sobre um ou mais ativos, o qual outorga ao detentor o direito (mas não a obrigação) de comprar ou vender o(s) ativo(s), também conhecido como ativo base ou ativo objeto, por um valor previamente acordado no início do contrato. As opções são derivativos financeiros e o seu preço bem como suas características estão vinculados ao ativo base.

O detentor do uma opção deve pagar um prêmio v ao vendedor(lançador) do derivativo, o prêmio é o valor pago pelo direito de comprar ou vender o(s) ativo(s) em uma data futura a um preço previamente acordado, também conhecido como preço da opção, o prêmio pode ser estimado através da equação de Black-Scholes.

A equação de Black-Scholes(2.1) é uma equação diferencial parcial(EDP) linear e parabólica que depende do preço do ativo objeto x e do tempo t, além dessas variáveis , a equação também têm como parâmetros a volatilidade σ e a taxa livre de risco r. Black e Scholes utilizaram da estratégia de delta hedging e realizando ohedging continuamente no

tempo, chegaram na seguinte EDP de segunda ordem:

∂v

∂t(t, x) + 1 2σ2x2

2v

∂x2(t, x) +rx

∂v

∂x(t, x)−rv(t, x) = 0 (2.1) Para utilizar o modelo de Black-Scholes é necessário obedecer as premissas abaixo:

1. A taxa de juros livre de risco é conhecida e constante ao longo do tempo.

2. O preço do ativo segue um passeio aleatório, com distribuição lognormal e volatilidade constante dos retornos diários.

3. O ativo não paga dividendos ou outros benefícios.

4. A opção é do tipo européia.

5. Não há custos de transação.

6. É possível negociar qualquer quantidade fracionária do ativo.

7. Não há impedimentos à venda a descoberto.

(20)

Capítulo 2. Preliminares 19

A equação de Black-Scholes admite uma solução analítica explícita, uma das ma-neiras de se obter esta solução é, primeiro fazendo mudanças de variáveis para transformar o problema envolvendo a equação diferencial parcial em um problema de valor inicial envolvendo a equação do calor; depois, este problema é resolvido usando-se transformada de Fourier e a solução fica sendo

vo(t, x) = xφ(g(t, x))Ker(Tt)φ(g(t, x)) , (2.2) onde

φ(z) =Z ∞ z e

η2

2

e

g(t, x) = ln   x K

+ (T −t)  r+

σ2

2

 

σT t

2.2 Representação da equação de Black-Scholes como EDO

abs-trata

Vamos considerar a equação de Black-Scholes no contexto do seguinte problema de Cauchy:            ∂v ∂t =−

1 2σ2x2

2v

∂x2 −rx

∂v

∂x +rv , (t, x)∈]0, T[×(0,∞) v(T, x) = ϕ(x) , x >0.

(2.3)

Aqui, σ é a volatilidade do ativo, r R é a taxa de juros livre de risco, ambos

assumidos comos sendo invariantes no tempo ao longo do horizonte [0, T], e T > 0 é o tempo de maturidade do derivativo. No caso deste ser um modelo para uma opção de compra européia,v(t, x) representa o preço (valor) da opção como função do tempo t e do preço x do ativo. Sobre a função ϕ, exigimos que ela seja uma função mensurável. Por exemplo, no caso desta opção dar ao seu detentor o direito de comprar um ativo num tempo especificado T por um preço K, a funçãoϕ seria dada por ϕ(x) = max{xK,0}. É nosso propósito escrever esta equação como uma equação diferencial ordinária abstrata em termos de operadores em espaços de funções na forma

dV(t)

dt =AV(t) (2.4)

Seja o operador linear ˆA dado por

ˆ

Av=1 2σ

2x22v

∂x2 −r x

∂v ∂xv

!

(21)

Capítulo 2. Preliminares 20

densamente definido no espaço de Banach Lp(0,), com o domínio

D( ˆA) = So , (2.6)

onde So denota o espaço de Schwartz com a norma do supremo,

So ={fC∞(0,∞) ; ∀ α, β ∈N , sup x |x

αDβf(x)

|<∞}. (2.7) De posse do operador ˆA, vamos introduzir o operador linear (sendo 0 o operador identicamente nulo)

A=

 

ˆ

A 0

0 Aˆ

 (2.8)

densamente definido no espaço de Banach

X =Lp(0,∞)×Lp(0,∞). (2.9)

O fato do operador linear A ser construído como uma matriz 2×2 é para permitir perturbações estruturadas, reservando a entrada a11 da matriz para perturbações dando

conta de incertezas na volatilidade (σ) e a entradaa22 para perturbações dando conta de

incertezas na taxa livre de risco (r).

A rigor, a equação diferencial abstrata (2.4) resulta de mudarmos o ponto de vista para olhar o preço ui(t, x) da opção (denotandoV = [u1 u2]⊤) não como uma função de

duas variáveis 0 ≤t T e x >0, mas sim da seguinte forma:

(i) Fixamos t [0, T] e introduzimos a função (ui)t : (0,) R definida, para

cada t fixado, pondo

(ui)t (x) =ui(t, x) , x >0.

Isto resulta numa família de funções{(ui)t}t∈[0,T] da variável x. Na verdade, temos

aqui uma família de variáveis aleatórias, dada a natureza estocástica do preço do ativo, a variável x. Porém, isto não precisará ser levado em conta em nossos estudos, uma vez que a heterocedasticidade do preço do ativo estará camuflada como incerteza configurada através de uma perturbação determinística dependente do tempo d(t).

(ii) A partir daí, introduzimos a funçãoui : [0, T]→X dada por ui(t) = (ui)t , t 0,

onde X é um espaço de Banach tal como (C[0,),||.||∞) ou, o que será o nosso caso,

(Lp(0,),||.||p) com p= 2.

(iii) Finalmente, introduzimos o vetor-coluna

V(t) =

 

u1(t)

u2(t)

 =

 

(u1)t

(u2)t

(22)

Capítulo 2. Preliminares 21

que define a função V(t) : (0,)R2×1 que associa a cada x >0 o vetor-coluna V(t)x

dado por

V(t) x=

 

(u1)t(x)

(u2)t(x)

 =

 

u1(t, x)

u2(t, x)

  .

O fato do operador matricial linearA envolver operadores diferenciais que, como tais, não são limitados, vamos tomar o domínio do operador A como sendo

D(A) = So× So, (2.10)

onde So é o espaço de Schwartz com a norma do supremo introduzido acima.

Note que neste formalismo o operador A:D(A)X é definido como sendo dado por AV =   ˆ A 0

0 Aˆ

 .   u1 u2   ,

denotando A(V(t)) simplesmente por AV e identificando V(t) = (u1(t), u2(t)) ∈ D(A)

com o vetor coluna [u1 u2]⊤ por isomorfismo.

Desta forma, a equação (2.4) na verdade significa a descrição redundante

             ∂u1

∂t =− 1 2σ2x2

2u 1

∂x2 −rx

∂u1

∂x +ru1

∂u2

∂t =− 1 2σ

2x22u2

∂x2 −rx

∂u2

∂x +ru2 .

Porém, este acaba sendo um preço a pagar em troca de se configurar perturbações independentes na estrutura (i.e., nos parâmetros constitutivos dos coeficientes) da equa-ção de Black-Scholes. De qualquer forma, este ônus pode ser minimizado, por exemplo restringindo-se o D(A) de maneira a incorporar condições de fronteira ou na maturidade T diferentes para cada equação.

2.3 Semigrupos

A representação de uma solução de problemas abstratos na forma

dE

dt =AE+g(t) , E(0) =Eo ∈ D(A) , A dado em (2.8), é formalizada usando-se o conceito de semigrupo como ferramenta fundamental.

Seja X um espaço de Banach. Uma família {U(t)}t≥0 de operadores lineares

limitados em X é chamada de semigrupo fortemente contínuo (ou Co-semigrupo)

se e somente se (sse) as seguintes propriedades são satisfeitas:

(23)

Capítulo 2. Preliminares 22

(S2) U(0) =I.

(S3) Para cadauX, U(t)u é contínua na topologia de X em t= 0.

Lembramos que, se X eY são espaços normados, um operador linear U :X Y é limitado sse existe M 0 tal que ||U x|| ≤M||x|| , xX.

Para operadores lineares em geral (possivelmente não-limitado), costumamos es-pecificar como operador linear o par (D(U), U), onde D(U)X é um subespaço de X, chamado de domínio do operador, e U :D(U)Y é uma transformação linear. No caso de operadores lineares limitados, este preciosismo pode ser ignorado, uma vez que pode ser provado que o domínio D(U) do operador linear limitado pode ser extendido para o espaço todo X. Porém, para operadores lineares não-limitados (como é o caso de operadores diferenciais, por exemplo), este resultado de extensão não acontece e precisamos tomar cuidado em especificar o domínio do operador.

Vamos denotar por B(X) a classe dos operadores lineares limitados de X nele mesmo. É sabido que B(X) é um espaço de Banach com a norma, chamada norma do operador,

||U|| = sup{||U x|| ; xX com ||x||= 1}

(2.11)

= sup

(

||U x||

||x|| ; xX ex6= 0

)

Temos o seguinte resultado (v. (MCBRIDE, 1987) e (RENARDY; ROGERS, 2006)) da teoria clássica estabelecendo uma estimativa para ||U(t)||:

Teorema 2.3.1 Se {U(t)}t≥0 é um semigrupo fortemente contínuo de operadores lineares limitados em um espaço de Banach X, então o limite

lim t→∞log

||U(t)||

t =ωo

existe ou tende a −∞. Além disso, para cada γ > ωo, existe uma constante tal que

||U(t)|| ≤exp(γt).

Chamamos de gerador infinitesimal de um semigrupo {U(t)}t≥0 fortemente

contínuo de operadores lineares limitados em um espaço de Banach X ao operador A :X X definido por

Au= lim t→0+

U(t)uu

t ,uX, (2.12)

(24)

Capítulo 2. Preliminares 23

Teorema 2.3.2 ((RENARDY; ROGERS, 2006), p. 236) Se A é um gerador infi-nitesimal de um semigrupo fortemente contínuo, então D(A) é denso em X e A é um operador fechado.

Um operador (D(A), A) é fechado sse seu gráfico

Γ(A) = {(x, Ax) ; x∈ D(A)} ⊂X×Y

é um conjunto fechado do espaço-produtoX×Y (os espaços em pauta vêm da formulação A :XY). O significado de um operador ser fechado pode ser percebido pela seguinte caracterização: Um operador (D(A), A) éfechado sse, sempre que existe uma sequência

(xn) em D(A) tal que xnx eAxnf, então x∈ D(A) e Ax=f.

O seguinte teorema dá as condições necessárias e suficientes para que um operador seja o gerador infinitesimas de um Co-semigrupo:

Teorema 2.3.3 (Hille-Yosida) Seja A um operador em um espaço de Banach X.

Então,

A é o gerador infinitesimal de um semigrupo fortemente contínuo {U(t)}t≥0 satisfa-zendo ||U(t)|| ≤Mexp(ωt)

se e somente se as seguintes 2 condições são verificadas:

(i) D(A) é denso em X e A é um operador fechado.

(ii) Todo número real λ > ω está no conjunto resolvente deA e

||R(λ, A)n|| ≤ M

ω)n ,n ∈N,

onde estamos usando a notação R(λ, A)= (λI△ A)−1.

Dizemos que{U(t)}t≥0 é um semigrupo de classe Co(M, ω) quando for satisfeita a

relação

||U(t)|| ≤Mexp(ωt).

A demonstração deste teorema não somente fornece a existência de um semigrupo, como também fornece uma maneira prática de aproximá-lo, qual seja,

U(t) = lim n→∞

I t nA

n ,

o que corresponde ao esquema de diferenças

u(t+h)u(t)

(25)

Capítulo 2. Preliminares 24

para resolver a equação ˙u=Au.

Como em última análiseAé um operador diferencial, é de se esperar que (λI−A)−1,

o operador inverso de (λI −A), seja um operador integral. Acontece que os operadores integrais são muito bem comportados, de maneira que pode ser provado que (λIA)−1

B(X), ou seja, (λI−A)−1 é um operador linear limitado.

Por outro lado, de

U(t) = lim n→∞

I t nA

n

= lim n→∞

I t nA

−1!n

= lim n→∞

n t

n

tIA

−1!n

temos ideia de como aparece em cena o operador (λI −A)−1 , com λ=n/t acima.

Vamos a seguir passar a provar que nosso operadorAdefinido por (2.8) é o gerador infinitesimal de um Co-semigrupo, o qual nos permite obter a expressão da solução do nosso modelo abstrato. Para isto, vamos começar considerando a equação de Black-Scholes como o seguinte problema de Cauchy (2.3):

           ∂u ∂t =−

1 2σ2x2

2u

∂x2 −rx

∂u

∂x +ru , (t, x)∈]0, T[×(0,∞) u(x, T) = ϕ(x) , x0.

Em (GAXIOLA; SANTIAGO, 2012), González-Gaxiola e Santiago mostraram que o operador ˆA, associado à equação de Black-Scholes e definido por (2.5), é o gerador infinitesimal de um Co-semigrupo {Uˆ(t)}t≥0 . Essencialmente, o procedimento naquele

trabalho passa por introduzir como que uma mudança de variáveis nos parâmetros, fazendo

ζ = 1 σ2

r 1 2σ

2

e definindo um operador A¯através de

¯

Au:=x2

2

∂x2u+ (2ζ+ 1)x

∂xu−(2ζ+ 1)u , com D( ¯A) =So. É fácil ver que

1

2σ2A¯=−Aˆ

e provado que A¯pode ser escrito como

¯

A= (B +ζ)2(1 +ζ)2 ,

ondeBé o gerador de umCo-grupo e(B+ζ)2é a notação para a composição(B+ζ)(B+ζ).

A prova de queA, e consequentemente¯ A, geram um semigrupoˆ {Uˆ(t)}t0 emSo é expressa

(26)

Capítulo 2. Preliminares 25

Lema 2.3.1 (González-Gaxiola & Santiago) Seja (V(t)u) (x) = u(xet) para todo u∈ So , x≥0 e t ∈R. Então, ||V(t)||= 1 para todo t e {V(t)}t∈R é um Co-grupo em So

com gerador

Bu =x ∂xu

e domínio D(B) =S(0,) =So.

Teorema 2.3.4 (González-Gaxiola & Santiago) O operadorAˆ, com domínioD( ˆA) =

So, é o gerador infinitesimal de um Co-semigrupo de operadores{Uˆ(t)}t≥0 em So dado por ( ˆU(t)u) (x) =

Z ∞ −∞e

−12s 2

V

sσ2t +

r 1 2σ2

t

u

(x)ds , (2.13)

para cada u∈ So , t≥0 e x≥0.

Em particular, foi mostrado em (GAXIOLA; SANTIAGO, 2012) que no caso particular de Lp(R), 1p <, (lembramos que So é um subespaço denso deLp(R)), o

Co-semigrupo gerado porAˆ é o chamadosemigrupo do calor dado por

( ˆU(t)f) (x) = √1

4πt

Z ∞ −∞e

−(xy)2

rt f(y)dy (2.14)

e também foi mostrado que, para todo t >0, tem-se

||Uˆ(t)|| ≤1 , (2.15)

de forma que cada Uˆ(t)é um operador linear limitado em Lp(R).

Este caso do semigrupo do calor é especialmente interessante porque, conforme consta na Introdução, a equação de Black-Scholes e condições de fronteira para uma opção de compra européia formalizado como o de encontrar uma função F C2(]0, T[×]0,))

C([0, T]×[0,))satisfazendo

∂F

∂t(t, x) + 1 2σ2x2

2F

∂x2(t, x) +rx

∂F

∂x(t, x)−rF(t, x) = 0 ,

para (t, x)]0, T[×]0,), e sujeito às condições

F(t,0) = 0 , lim x→∞

F(t, x)

x = 1 , F(T, x) = max{xK,0} ,

pode ser transformado numa equação do calor com condição inicial.

No caso de nosso operador (2.8)

A=

 

ˆ

A 0

0 Aˆ

  ,

(27)

Capítulo 2. Preliminares 26

Proposição 2.3.1 Seja X =So× So. O operador A dado por (2.8) é o gerador

infinite-simal do Co-semigrupo {U(t)}t≥0 ⊆ B(X) dado por

U(t) =

 

ˆ

U(t) 0 0 U(t)ˆ

, (2.16)

onde nUˆ(t)o

t≥0 é o Co-semigrupo gerado pelo operador de Black-Scholes

ˆ A.

Prova: Sejau= [u1 u2]⊤ ∈X. Então,

U(t)u=

 

ˆ U(t)u1

ˆ U(t)u2

  ,

de forma que

lim t→0+

U(t)uu

t = limt→0+

        ˆ

U(t)u1−u1

t

ˆ

U(t)u2−u2

t         =      ˆ Au1 ˆ Au2      . Como  ˆ Au1 ˆ Au2  =   ˆ A 0

0 Aˆ

 .   u1 u2 

=Au ,

o resultado segue.

Do fato de que D( ˆA) = So é denso em Lp(0,∞) segue que D(A) é denso em X.

Para provar isto, vamos definir |||.|||:X R pondo

|||u|||=X2

k=1

||uk|| ,u= [u1 u2]⊤∈X , (2.17)

que reconhecidamente define uma norma em X. Mais que isto, temos que se (Y,||.||Y

um espaço de Banach, então (Y ×Y ×Y,|||.|||) também é um espaço de Banach.

Proposição 2.3.2 D(A) é denso em X =Lp(0,)×Lp(0,).

Prova: Seja [f g]⊤ X. Como D( ˆA) é denso em Lp(0,), existem sequências (fn)e (gn) de elementos em D( ˆA) tais que

||fnf|| → 0,

||gng|| → 0,

quando n → ∞. Temos que, com a norma dada por (2.17),

|||   fn gn  −   f g

(28)

Capítulo 2. Preliminares 27

de forma que [f g]⊤é o limite de uma sequência de elementos de

D( ˆA)× D( ˆA) =D(A).

A relevância de introduzirmos aqui o conceito de semigrupo é que ele nos permite dar uma representação da solução do problema abstrato de valor inicial da forma:

du

dt =Au+g(t) , u(0) =uo ∈ D(A) , (2.18)

com g C([0, T];X), onde o operador A é o gerador infinitesimal de um semigrupo fortemente contínuo {U(t)}t≥0. Uma solução (clássica) de (2.18) é, por definição, uma

função uC([0, T];X)C([0, T];D(A)) que satisfaz (2.18).

Teorema 2.3.5 (Teorema de representação) Seja u uma solução clássica de (2.18). Então, u é representado pela fórmula

u(t) = U(t)uo+

Z t

0 U(ts)g(s)ds. (2.19)

Nosso objetivo aqui será apresentar uma representação da solução da equação

dE

dt =AE+f(t, E(t)) , (f contínua) , sujeita à condição inicial E(0) = 0X, como sendo

E(t) =

Z t

0 U(ts)f(s, E(s))ds , (2.20)

(29)

28

3 Uma medida de robustez para o modelo de

Black-Scholes

Vamos aqui estabelecer o principal resultado desta dissertação, que quantifica a robustez do modelo de Black-Scholes ao introduzir de maneira implícita uma medida de sua robustez no que concerne às incertezas nas hipóteses e nas determinações algorítmicas de seus parâmetros (σ e r).

3.1 Formulação do erro via perturbações estruturadas

EmX =L2(0, T)×L2(0, T),que é um espaço de Hilbert (espaço métrico completo

com a norma oriunda do produto interno usual deste espaço), vamos considerar o seguinte sistema perturbado da equação de Black-Scholes:

            

dZ

dt =AZ+

2

X

k=1

DkFk(CkZ(t), t), t[0, T],

Z(0) =Vo ∈ D(A)

(3.1)

Formular o sistema em X significa que a solução da equação diferencial abstrata é entendida como sendo uma função Z : [0, T] X que associa a cada t [0, T] uma

função Z(t) : (0,)R2×1 na classe D(A) =S

o× So.Os operadores Dk eCk são dados do problema e são operadores (matrizes formais 2×qk epk×2, respectivamente, com cada

pk, qk∈ {1,2}) definidos emD(A)e servem para descrever quais entradas da matriz formal

A são perturbadas. No capítulo 4 estaremos identificando estes operadores matriciais para o caso de perturbação apenas na volatilidade do ativo base no modelo de Black-Scholes.

Para dar conta das incertezas estruturadas, cada aplicação Fk :Rpk×1

×[0, T]

Rqk×1 é assumida como satisfazendo a condição de Lipschitz, no sentido de que existe um

número positivo γk tal que

||Fk(x, t)Fk(y, t)|| ≤γk||xy|| para quaisquer x, y Rpk×1

. (3.2)

Estaremos denotando

γ = max{γ1, γ2}. (3.3)

(30)

Capítulo 3. Uma medida de robustez para o modelo de Black-Scholes 29

perturbado (3.1) acima e V : [0, T]X é a solução do sistema nominal

           dV

dt =AV, t∈[0, T], V(0) =Vo ∈ D(A)

(3.4)

Derivando ambos os membros (E˙ = ˙ZV˙), obtemos o seguinte problema de valor

inicial (PVI)              dE

dt =AE+

2

X

k=1

DkFk(CkZ(t), t) , t[0, T] ,

E(0) = 0

(3.5)

De acordo com a expressão (2.19), a solução do pvi (3.5) é dada por

E(t) =Z(t)V(t) =

Z t

0 U(ts) 2

X

k=1

DkFk(CkZ(s), s)

!

ds

ou seja,

Z(t) =V(t) +

Z t

0 U(ts) 2

X

k=1

DkFk(CkZ(s), s)

!

ds (3.6)

Denotando

CkV(·) = yk(·) , CkZ(·) = vk(·) ,

que são funções de [0, T]emRpk×1, podemos expressar a nova representação para a solução

do pvi como sendo

vk(t) = yk(t) +Ck

Z t

0 U(ts) 2

X

k=1

DkFk(vk(s), s)

!

ds , (3.7)

para cada t [0, T].

Neste ponto, com o propósito de condensar a formalização, vamos introduzir o operador Lk deL2(0, T) em L2(0, T)) definido por

Lkv (t) = Ck

Z t

0 U(ts) 2

X

k=1

DkFk(vk(s), s)

!

ds , (3.8)

bem como o operador F˜ definido por

˜

F v (t) :=

2

X

k=1

DkFk(v(t), t) (3.9)

de forma a escrevermos a equação (3.7) na forma condensada

(31)

Capítulo 3. Uma medida de robustez para o modelo de Black-Scholes 30

3.2 Técnica do escalonamento

Com o propósito de permitir uma certa flexibilidade na estrutura que possibilite estudos de aperfeiçoamento dos resultados, vamos considerar funções reais positivas e contínuas αk(·) : [0, T] R+ , com k = 1,2,e multiplicá-las em ambos os membros de

(3.7), resultando no sistema de equações

αk(t)vk(t) =αk(t)yk(t)+ (3.11)

+αk(t)Ck

Z t

0 U(ts)

1

αk(s)

2

X

k=1

Dkαk(s)Fk 1 αk(s)

αk(s)vk(s), s

!!

ds,

para k = 1,2.

Com o propósito de condensar o formalismo ainda mais, vamos denotar

(·) =

 

α1(·)v1(·)

α2(·)v2(·)

 =

 

α1(·)C1Z(·)

α2(·)C2Z(·)

 

(·) =

 

α1(·)y1(·)

α2(·)y2(·)

 =

 

α1(·)C1V(·)

α2(·)C2V(·)

 

e introduzir os seguintes novos operadores:

( ) Considere a aplicação (·) : [0, T] X tal que, a cada t [0, T], associa a

aplicação

(t) : X −→ L2(0,)×L2(0,)

u 7−→ (t)u

com (t)u definido, para cada u= (u1, u2)∈L2(0,∞)×L2(0,∞), por

((t)u) (x) =

      

α1(t)x2

2u 1

∂x2

α2(t)x2

2u 2 ∂x2        . (3.12)

( ) Considere a aplicação (·) : [0, T] → X tal que, a cada t ∈ [0, T], associa o operador

(t) : R2×1 −→ R2×1

µ 7−→ (t)µ com (t)µdefinido por

(t)µ=

"

1

α1(t)

D1

1

α2(t)

D2 #  µ1 µ2  = 2 X k=1 1

(32)

Capítulo 3. Uma medida de robustez para o modelo de Black-Scholes 31

( ) Considere a aplicação :R2×1×[0, T]R2×1 definida por

Fα(µ, t) :=

 

α1(t)F1(α1(t)−1µ1, t)

α2(t)F2(α2(t)−1µ2, t)

. (3.14)

e seja o operador ˜ :X X definido, para cada g X, por

˜

Fαg (t) =Fα(g(t), t) , t[0, T].

Proposição 3.2.1 ˜ satisfaz a condição de Lipschitz com γ,

||Fαg˜ Fαh˜ || ≤γ.||gh|| , g, hX.

Prova. Dados quaisquer g = (g1, g2) and h= (h1, h2) em X, temos

P2

i=1

RT

0 |αi(t)Fi(αi(t)−1gi(t), t)αi(t)Fi(αi(t)−1hi(t), t)| 2

dt =P2

i=1

RT

0 αi(t)2|Fi(αi(t)−1gi(t), t)Fi(αi(t)−1hi(t), t)| 2

dt

≤P2

i=1γ2

RT

0 |gi(t)hi(t)|2dt

de onde o resultado segue.

Com a introdução destas novas aplicações, a equação (3.11) passa a ser expressa na seguinte maneira mais condensada

vα(t) =yα(t) +Cα(t)Z t

0 U(t−s)Dα(s)( ˜Fαvα)(s)ds . (3.15)

Finalmente, vamos introduzir um novo operador de entrada-saída: considere o operador

: X −→ X

µ 7−→ Lαµ

com Lαµ: [0, T]R2×1 definido por

Lαµ(t) =Cα(t)Z t

0 U(t−s)Dα(s)µ (s)ds . (3.16)

Com isto, temos por fim (3.15) expressa da seguinte forma:

=+

˜

Fαvα

. (3.17)

(33)

Capítulo 3. Uma medida de robustez para o modelo de Black-Scholes 32

3.3 Condicionamento do erro

Em conexão com a expressão paraE(T),

E(T) =

Z T

0 U(Ts)(s) ˜((s), s)ds

vamos introduzir o operador linear :X −→R2×1 pondo

Mαu:=

Z T

0 U(Ts)(s)u(s)ds ,uX. (3.18)

Temos que este operador linear é limitado. De fato, para cadawX,

||Mαw||2 ≤

RT

0 ||U(Ts)(s)w(s)||ds

2

e2µT RT

0

P2

j=1αj(s)−1Djwj(s)

ds

2

, para algum µR,

e2µT P2

j=1||Dj||.(maxsαj(s)−1).R0T ||wj(s)||ds

2

e2µT.(max

j||Dj||).(max{maxsαj(s)−1}) 2T2.||w||2X onde fizemos uso das desigualdades

P2

j=1aj

2

≤ 2P2

j=1a2j ,

Rb

a|f(t)|dt

2

≤ (ba)Rb

a|f(t)|2dt

,

que resultam da desigualdade de Cauchy-Schwartz em diferentes espaços de medidas.

Uma vez estabelecido que é uma aplicação linear limitada, tomamos a norma

||||= sup{||Mαu|| ; ||u||= 1} . (3.19)

É fácil ver que o operador adjundoM

α :R2×1 −→X é dado por

(M

αµ)(t) =

 

α1(t)−1(D1)⊤U(Tt)∗µ

α2(t)−1(D2)⊤U(Tt)∗µ

,µ∈R2×1. (3.20)

Sendo assim, a existência de solução E(·) para o problema (3.5) é equivalente à

existência de algum tal que

=+( ˜Fαvα) , (3.21)

onde é fixado, e o estado finalE(T) é dado por

E(T) = ( ˜Fαvα) (3.22)

(34)

Capítulo 3. Uma medida de robustez para o modelo de Black-Scholes 33

Teorema 3.3.1 Suponha que

γ < 1

kk

Então, temos que

||Z(T)−V(T)|| ≤ 1γkk

γkkkk (3.23)

onde =Cα(·)Vo(·) e cada aplicação Vo(t) : (0,∞)→L2([0, T]×R+;R2×1) é definida

por

(Vo(t)) (x) :=

 

vo(x, t) vo(x, t)

,x >0 ,

e é fixada com vo(x, t) sendo a solução da equação de Black-Scholes para condições inicial e de fronteira fixadas.

Proof. Para fixado, defina o operador deX nele mesmo pondo

Hαu=+Lα( ˜Fαu) uX

Temos, para cada g, hX,

kHαgHαhkX = kLα( ˜FαgF˜αh)k

≤ kk.kFαg˜ Fαh˜ k

≤ kkγkghk

Uma vez quekkγ <1, segue que é uma contração estrita. Consequentemente, resulta do clássico Teorema da Aplicação Contrativa da Análise Funcional que existe um único ponto fixo

¯

u= (¯u1,u¯2)∈X tal que Hαu¯= ¯u.

Sendo assim, defina v X pondo vi(t) =αi(t)−i 1u¯i(t). Então, =+( ˜Fαvα)

e

kk ≤ ||||+||||.||Fαvα˜ ||

≤ ||||+||||γ ||||

de onde (1− kkγo)kk ≤ kk, uma vez quekkγo <1. Desta forma,

|||| ≤ 1

1− ||||γ|||| .

Por outro lado, a equação (3.22) permite escrever

||E(T)||R2×1 ≤ ||||.γ.||||

e o resultado segue.

Vamos nos referir ao limitante superior

(γ) = γ ||||

(35)

Capítulo 3. Uma medida de robustez para o modelo de Black-Scholes 34

como condicionamento ponderado.

Um aspecto bem-vindo do teorema 3.3.1 é a presença da função-peso α= (α1, α2)

que, por um lado, possibilita um aperfeiçoamento na condição γ|||| < 1, que pode

eventualmente ser satisfeita mesmo quando γ||L|| ≥1, e, por outro lado, abre uma frente

de investigação com estudos de otimização com o propósito de obter a melhor escolha do peso α que minimize o valor de (γ). Porém, estes estudos não fazem parte do escopo de

presente trabalho.

Resta agora a questão sobre a obtenção das normas envolvidas em (3.24).

Com respeito à norma ||||=||CαVo||, temos facilmente (v. (3.12)) que

||CαVo||:=

v u u t 2 X k=1 Z T 0

αk(t)x2 2

∂x2vo(t, x)

2 dt. (3.25)

Com respeito à norma de operador ||||, vamos nos contentar por ora apenas

com uma estimativa. Porém, note que a presença dos pesos αk’s permite a obtenção de

estimativas menos conservadoras.

Proposição 3.3.1 A norma dada por (3.19) satisfaz

|||| ≤qβT

onde

β = max

  

max

0≤sT

1

α1(s)

!2

, max

0≤sT

1

α2(s)

!2  

Prova: SejauX tal que ||u||=||u1||L2 +||u2||L2 = 1 e considere

Mαu=

Z T

0 U(Ts)(s)u(s)ds

R2×1 .

Das definições de U(t), (cf. (2.16)), e de (s)u(s) , (cf. (3.13)), temos

U(T s)(s)u(s) =

        ˆ

U(T s) 1 α1(s)

u1(s)

ˆ

U(T s) 1 α2(s)

u2(s)

        ,

onde ˆU(T s)uk(s) é dado por (cf. (2.14))

ˆ

U(T s)uk(s) = q 1

4π(T s)

Z ∞ −∞e

−(xs)2

(36)

Capítulo 3. Uma medida de robustez para o modelo de Black-Scholes 35

Assim, para Mαu dado por

Mαu=         Z T 0 ˆ

U(T s) 1

α1(s)

u1(s)ds

Z T

0

ˆ

U(T s) 1 α2(s)

u2(s)ds

        ,

vamos tomar a norma euclidiana emR2 :

||Mαu||:=

  2 X k=1 Z T 0 ˆ

U(T s) 1 αk(s)

uk(s)ds

2 

1/2

(3.27)

Analisemos, para dada k = 1,2 :

Z T 0 ˆ

U(T s) 1

αk(s)uk(s)ds

2 . Temos que Z T 0 ˆ

U(T s) 1

αk(s)uk(s)ds

2 = Z T 0 1

αk(s)Uˆ(Ts)uk(s)ds

2

βk2

Z T 0 ˆ

U(T s)uk(s)ds

2 , onde

βk= max

0≤sT

1

αk(s) >0.

Por outro lado,

Z T 0 ˆ

U(T s)uk(s)ds

2 ≤ Z T 0

Uˆ(Ts)uk(s) ds !2 ≤ Z T 0

Uˆ(Ts)

.|uk(s)|ds !2 ≤ Z T 0

Uˆ(Ts) 2 ds ! . Z T

0 |uk(s)| 2

ds

!

T

onde fizemos uso da desigualdade segue da desigualdade de Cauchy-Schwartz para integrais e do fato que

Uˆ(t)

(37)

Capítulo 3. Uma medida de robustez para o modelo de Black-Scholes 36

Voltando a (3.27),

||Mαu|| ≤

 

2

X

k=1

βk2

Z T

0

ˆ

U(T s)uk(s)ds

2 

1/2

β12T +β22T1/2

max

k=1,2β 2

k

1/2√

T .

(38)

37

4 Determinação da norma do operador

L

α

Vamos aqui prover uma caracterização da norma do operador introduzindo um

problema de controle ótimo linear quadrátco. Para motivar o método, vamos considerar o seguinte sistema artificial

˙

x(t) = Ax(t) +(t)u(t) , x(0) = 0 (4.1)

y(t) = (t)x(t) (4.2)

onde A , e são aqueles definidos em nosso estudo acima.

Dado qualqueruX, a saída y é dada em X por

y(t) = (t)

Z t

0 U(ts)(s)u(s)ds

de forma que podemos escrever

y = Lαu

kyk = ||Lαu|| ≤ kk.kuk.

Isto permite que escrevamoskk−2 = supA , com

A={ρ >0 ; kuk2ρkyk2 0, uX },

onde y(t) =(t)x(t) (x é a solução de (4.1)). Note que y também depende da entradau

, uma vez que o estado do sistema é uma função da entrada.

Sendo assim, podemos introduzir o seguinte Problema Linear Quadrático de Con-trole Ótimo no espaço X, o qual iremos nos referir como problema (OP):

Minimizar (propriamente ou não) o funcional (.) dado por

(u) =kuk2ρkyk2 (4.3)

sujeito à restrição:

˙

x(t) = Ax(t) +(t)u(t) , x(0) =ϕ , t[0, T] (4.4) y(t) = (t)x(t)

Uma notação mais esclarecedora para o funcional-custo deveria ser(u;ϕ,[0, T]),

Imagem

Figura 1 – Evolução do preço da PETR4
Figura 2 – Escolha do Rho
Figura 3 – Condicionamento ponderado do erro da PETRH11
Figura 4 – Condicionamento ponderado para diferentes alphas
+5

Referências

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