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Voto pessoal, voto regional e estratégias eleitorais: a concentração eleitoral no Brasil, 2002-2010

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1 VOTO PESSOAL, VOTO REGIONAL E ESTRATÉGIAS ELEITORAIS: A

CONCENTRAÇÃO ELEITORAL NO BRASIL, 2002-2010.

George Avelino1

ABSTRACT

This paper resumes the presentation of a new index of electoral concentration suggested by Avelino, Biderman e Silva (2011), and covers all candidates for federal deputy throughout the country for elections that occurred between 2002 and 2010. Results showed in systematic way that successful candidates are less concentrated than unsuccessful ones; a finding that weakens the approaches that assume the predominance of the personal votes in Brazilian proportional elections On the other side, a preliminary analysis based on traditional party system variables showed much variation among Brazilian states.

RESUMO

Este trabalho retoma a apresentação de um novo indicador de concentração eleitoral sugerido por Avelino, Biderman e Silva (2011) e amplia seu uso para o conjunto dos candidatos do país nas eleições realizadas entre 2002 e 2010. Os resultados mostram de forma sistemática que os candidatos que conseguem se eleger são menos concentrados do que os candidatos derrotados; um achado que enfraquece as teses que pressupõe o predomínio do voto pessoal nas eleições proporcionais brasileiras. Por outro lado, uma analise preliminar, realizada a partir de algumas variáveis tradicionais relacionadas aos sistemas partidários. demonstra haver muita variação entre os estados.

KEYWORDS

Political parties, elections, electoral strategies, electoral concentration.

PALAVRAS-CHAVE

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2 Como se elegem os deputados federais brasileiros? Quais as estratégias de campanha e respectivos perfis eleitorais? Existe diferença entre parlamentares em busca de novo mandato e os candidatos que buscam se eleger pela primeira vez? Este trabalho amplia analise anterior feita por Avelino, Biderman e Silva (2011), que sugere um novo indicador de concentração eleitoral, o comprara com os indicadores mais utilizados na literatura e testa sua validade para os candidatos no estado de São Paulo. Neste artigo, o objetivo é ampliar o teste de validade para o conjunto do país, o que permite comparações entre as estratégias eleitorais empregadas em estados diferentes.

Além desta breve introdução, este trabalho está dividido em mais cinco seções. A próxima focaliza os pressupostos dos trabalhos que usaram indicadores de concentração. Na segunda seção será apresentado o índice de concentração G ; uma retomada do indicador discutido em Avelino Biderman e Silva (2011). A seção seguinte amplia o uso do índice G para diversos tipos de candidatos a deputado federal nos estados brasileiros. Os resultados mostram uma clara diferença entre as estratégias eleitorais empregadas pelos candidatos eleitos e os não eleitos, o que resulta nos primeiros terem seus votos bem menos concentrados do que os últimos. A quarta seção explora algumas comparações entre as concentrações eleitorais médias dos deputados federais entre os estados brasileiros a partir de algumas variáveis comuns na literatura sobre sistemas partidários e competição eleitoral. Neste caso, a despeito de alguns padrões, os resultados indicam grande variação entre os estados. Finalmente, a quinta seção sumariza e conclui.

I. O ESTUDO DA CONCENTRAÇÃO ELEITORAL NO BRASIL

A discussão contemporânea acerca da influência do sistema eleitoral sobre o comportamento dos políticos no Brasil tem perpassado boa parte dos debates sobre o sistema político brasileiro. O primeiro passo neste debate foi dado poucos anos depois da redemocratização por Scott Mainwaring, cujo trabalho, publicado em 1991, salienta a fraqueza dos partidos no sistema político brasileiro quando

1 Este artigo é resultado de um trabalho de equipe no FGV-CEPESP. Seria injusto, entretanto, não destacar

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3 comparado a outros sistemas políticos, e a acentuada autonomia usufruída pelos políticos frente a seus partidos.

Segundo Mainwaring, o sistema eleitoral brasileiro – representação proporcional de lista aberta, associado a distritos de grande magnitude – estimularia a disputa intrapartidária e incentivaria a ação individual dos candidatos na tentativa de se diferenciar de seus concorrentes.2 Assim, dada a assumida fraqueza dos partidos, os candidatos teriam de voltar-se para estratégias eleitorais que privilegiassem o voto pessoal em detrimento do voto partidário. Em outras palavras, a estratégia de buscar o voto pessoal viria ocupar o vazio deixado pela pressuposta fraqueza dos partidos. De acordo com a definição clássica:

O voto pessoal refere-se à porção do apoio eleitoral de um candidato que se origina de suas qualidades pessoais, qualificações, atividades e desempenho. A parte do voto que não é personalizada inclui o apoio a um candidato baseado na sua filiação partidária, determinadas característica do eleitor como classe, religião e etnia, reações às condições nacionais, tais como o estado da economia, e a avaliação centrada no partido que está no governo . (Cain, Ferejohn e Fiorina, 1987: 9)

Essa análise é aperfeiçoada pelos trabalhos de Barry Ames (1995a; 1995b), que traz para o debate sofisticação teórica e evidências empíricas mais consistentes. De um ponto de vista lógico, a pressuposição da fraqueza dos partidos leva à análise das estratégias eleitorais individuais dos candidatos. Empiricamente, o trabalho ressalta a importância da distribuição geográfica dos votos dos candidatos. A análise da distribuição dos votos de um candidato permitiria traçar o seu perfil eleitoral e prever sua eventual atuação parlamentar, estabelecendo de forma mais precisa a conexão eleitoral brasileira.3

Segundo Ames, frente a magnitude dos distritos e o acesso escasso aos recursos de comunicação de massa, normalmente reservados para as disputas majoritárias, a maioria dos candidatos optaria por concentrar seus recursos

2Cox e Thies (1998) chamam esta questão de “product differentiation problem”, ou seja, a necessidade dos

candidatos de se diferenciarem não apenas dos candidatos de outros partidos, mas também do seu próprio.

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4 eleitorais em áreas restritas, o que resultaria em perfil concentrado de votos. Isso seria possível porque ao contrário dos sistemas majoritários nos quais, por definição, os candidatos perseguem a maioria dos eleitores –, em sistemas proporcionais o candidato pode ser bem sucedido se assegurar fatias pequenas do eleitorado.

A fraqueza dos partidos e a grande magnitude dos distritos encorajaria os candidatos a concentrar geograficamente seus recursos de campanha, originando perfis eleitorais concentrados. O voto pessoal estaria implícito, na constatação de que a área de concentração dos esforços de campanha não seria escolhida de forma aleatória; mas, deveria privilegiar áreas nas quais o candidato já tivesse seu nome reconhecido como liderança local. Em outras palavras, o tipo de candidato predominante deveria ser aquele com uma liderança local – e pessoal – o que presumivelmente facilitaria a persuasão dos eleitores. O perfil concentrado teria por base aquela liderança pessoal, cujo alcance poderia ser ampliado do município central (core) para as áreas contíguas pelos recursos de campanha, aumentando as chances de vitória do candidato.4

Desta forma, o indicador sugerido por Ames tinha um componente distributivo, que opunha concentração à fragmentação, e um componente geográfico que opunha contiguidade a espalhamento. Neste último caso, embora não apresente estatísticas descritivas, Ames chega a sugerir o uso do índice I de Moran que busca correlações espaciais entre área adjacentes com o intuito de tentar avaliar o grau de contiguidade da concentração eleitoral dos candidatos.

A despeito da importância da contribuição de Ames ao salientar a dimensão geográfica nas eleições brasileiras os indicadores propostos para mensurar a concentração de votos não foram objeto de muita discussão. Mais que isso, o componente geográfico sugerido dá lugar a identificação de um município central (core), reforçando apenas o componente distributivo da medida de Ames. Assim, a discussão sobre o caráter contíguo ou não dos municípios onde o candidato concentraria seus votos dá lugar a simplicidade metodológica de indicar o

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5 município com mais destaque nas votações dos candidatos.5 Supostamente, este município representaria o distrito informal onde estariam os eleitores mais fiéis dos candidatos. A questão óbvia nesse caso é a extrapolação entre informações relativas a votação do candidato em um único município para a sua votação no estado como um todo.6

De certa forma, portanto, o sacrifício do aspecto geográfico – o grau de contiguidade dos municípios em que os candidatos concentram seus votos – em prol da identificação do município onde a concentração de votos foi maior reforça a presunção de que os candidatos tem mais votos onde exercem uma liderança que mistura aspectos locais e pessoais. Em suma, a conexão teórica entre fraqueza dos partidos, voto pessoal e concentração eleitoral precisa ser elucidada. Este artigo procura contribuir no esclarecimento na definição e uso das medidas de concentração eleitoral.

Como ressaltado em Avelino, Biderman e Silva (2011), um dos pontos a ser esclarecido é que todas as medidas de concentração propostas pela literatura não apresentam um contrafactual básico, qual seja, o que aconteceria se a distribuição de votos entre os candidatos fosse aleatória? Se a concentração de votos é resultado de intervenção política, através das candidaturas de lideranças locais e/ou estratégias de campanha, então é crucial ter-se um contrafactual com o qual os resultados daquelas intervenções possam ser comparados.

Um bom começo para retomar a análise seria aperfeiçoar a medida de concentração eleitoral, de forma a reintroduzir – ainda de forma limitada – o aspecto geográfico sugerido pelos trabalhos de Ames, e que apresentasse um contrafactual sobre o qual comparar concentrações eleitorais.

A próxima seção deste artigo dedica-se a explicar o índice G.

5 Para uma discussão mais detalhada destes indicadores, veja-se Avelino, Biderman e Silva (2011). 6 Na verdade, o pressuposto da concentração não é necessário para a maioria das análises sobre a conexão

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6

II. APRESENTANDO O ÍNDICE G

Tal como em Avelino, Biderman e Silva (2011), este trabalho propõe a adaptação de um índice amplamente utilizado na literatura de economia regional para identificar o grau de concentração geográfica dos setores. Este índice, geralmente denominado por G (que será a denominação adotada neste artigo), foi utilizado pela primeira vez na literatura de ciências regionais por Florence (1947) ao analisar os determinantes da concentração de setores econômicos nas regiões. De fato, a discussão sobre a concentração da atividade econômica se inicia nesse período e representa uma parcela relevante das pesquisas em ciências regionais.7

Mais recentemente, Ellison e Glaeser (1994 e 1997) desenvolveram o indicador de concentração geográfica do emprego industrial a partir abordagem dos alvos de dados dartboard approach . Esta abordagem parte da analogia entre a concentração do emprego e a distribuição de dardos, jogados aleatoriamente sem alvo específico, portanto em um mapa. Nessa situação, seria de se imaginar que as regiões maiores no mapa recebessem um número maior de dardos. Estendendo a mesma analogia para os resultados eleitorais, seria de se esperar que, sem estratégia eleitoral, os votos de cada candidatos deveriam se distribuir aleatoriamente de acordo com a distribuição geográfica dos eleitores. Em outras palavras, áreas com mais eleitores deveriam ser preponderantes em uma distribuição aleatória de votos com relação às áreas com menos eleitores. 8

Desta forma, seguindo Avelino, Biderman e Silva (2011), a adaptação proposta neste artigo pode ser definida como:

(4) Onde:

vdm - votos do deputado d no município m

7 Para aplicações do índice G na literatura sobre economia regional, ver, entre outros: Fuchs (1962);

Enright (1990); Ellison e Glaeser (1997); Dumais, Ellison e Glaeser (2002); Ellison, Glaeser e Kerr (2010).

8 O Anexo I discute e compara o uso do G na análise da distribuição dos empregos em determinado setor

da indústria e na análise da distribuição de votos.

G d º v dm v d

- vm

v

æ è

ç ö

ø ÷

m

(7)

7

฀

vdvdm

m

- total de votos do deputado d (somatório dos votos no deputado d em

cada um dos municípios do estado)

฀

vmvdm

d

- total de votos dos deputados no município m (somatório dos votos de cada um dos deputados no município m)

 - total de votos de todos os deputados no estado (somatório dos votos

de cada um dos deputados em cada um dos municípios do estado)

De forma simples, e de fácil operacionalização, o índice deduz dos votos observados para um dado deputado a votação que seria esperada para esse mesmo deputado caso os votos fossem distribuídos de forma aleatória entre os municípios. Uma maneira intuitiva de entender este índice é observando que se um deputado tivesse os seus votos distribuídos exatamente de acordo com a distribuição dos eleitores no estado seu índice seria zero.

Por exemplo, é esperado que um candidato qualquer no Amapá obtenha quase 60% de votos no município de Macapá, pois quase 60% do eleitorado do estado se concentra nesse município. Tal como explicitado anteriormente, se um candidato adotasse uma estratégia de campanha de dividir todos os seus recursos (entendidos de maneira ampla) de forma proporcional ao eleitorado, seus votos, em média, também deveriam estar distribuídos de maneira proporcional ao eleitorado. Se, por outro lado, o candidato adotasse uma estratégia de concentrar seus recursos em apenas uma área, os votos naquela área deveriam ser proporcionalmente maiores do que o esperado em comparação com a distribuição do eleitorado, o que aumentaria o valor do índice.

Em outras palavras, o contrafactual implícito do G é o caso em que a votação do candidato apresenta exatamente a mesma distribuição geográfica que a do eleitorado. De fato, não é possível afirmar que um candidato acumulando quase 60% de seus votos em Macapá tenha uma distribuição concentrada de votos, o que poderia potencialmente ocorrer com outros índices utilizados na literatura. Além disso, o fator quadrático no cálculo do índice torna possível que desvios abaixo ou

vº v

dm m

å

d

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8 acima da proporção do eleitorado sejam contabilizados da mesma forma, o que permite o cálculo da variância.

Assim, o índice G tem atributos desejáveis do ponto de vista estatístico e um contrafactual claro e consistente. Em outras palavras, o índice proposto é mais fundamentado que os esforços anteriores em avaliar a distribuição de votos dos parlamentares. A próxima seção amplia o uso do G para conjunto de estados brasileiros, o que permite comparações mais consistentes entre as estratégias eleitorais dos candidatos.

III. COMPARANDO O GRAU DE CONCENTRAÇÃO ELEITORAL ENTRE OS CANDIDATOS A DEPUTADO FEDERAL

Antes de apresentar os resultados, é necessário ressalvar que os índices usam como a agregação máxima os estados, ou seja, os estados são tratados independentemente uns dos outros. Dessa forma, o índice deduz dos votos observados para um dado candidato a votação esperada dada a distribuição de eleitores no seu respectivo estado.

Além disso, tal como discutido anteriormente, o pressuposto é que se um candidato decide concentrar seus recursos em apenas alguns municípios, seu desempenho eleitoral nesses municípios deveria ser maior que aquele esperado nesses municípios sem o emprego desses recursos. Assim, de um modo geral, os indicadores de concentração refletiriam os investimentos políticos em geral – estratégias eleitorais – realizados pelos candidatos.

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9 crescentes de agregação espacial de votos. Todos os dados foram retirados do CEPESDATA (www.fgv.br/cepesp/cepespdata).9

O primeiro nível é a agregação municipal – usada tradicionalmente pela literatura. O segundo nível de agregação é a zona eleitoral, uma região definida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) simplesmente a partir do conjunto de eleitores próximos e administrados pelo mesmo Cartório Eleitoral. Finalmente, no último nível de agregação é utilizada a micro região – entendida como um conjunto de municípios - tal como definida pelo IBGE no interior de um estado. Embora realizada em 1989, além dos aspectos quantitativos, a divisão do país em meso e micro regiões considerou aspectos econômicos, sociais e espaciais de integração regional entre os municípios que as compõem.10

<Inserir Tabela 1 aqui>

Os resultados da parte superior da Tabela 1 apontam para alguns desdobramentos interessantes. Em primeiro lugar, como esperado, a despeito do grande número de partidos brasileiros, estes últimos tendem a ter seus votos menos concentrados do que os candidatos em geral. Esta desigualdade entre as concentrações é consistente através das diferentes unidades de análise. Mesmo assim, é possível afirmar que os partidos brasileiros tem seus votos distribuídos de forma relativamente concentrada. Para se ter uma idéia dessa concentração, se a comparamos com outros setores da indústria, a distribuição dos votos dos partidos brasileiros seria semelhante a da indústria de calçados e de fabricação de artefatos de couro, um setor cujas indústrias não são encontradas em qualquer lugar.11

A distribuição dos votos dados apenas aos candidatos apresenta níveis de concentração bem mais acentuados. O índice de concentração nestes caso alcança

9 Com exceção da delimitação das micro regiões especificadas pelo IBGE e incluídas no CEPESDATA

todas as outras informações chanceladas pelo TSE. A tabela no Anexo II mostra a distribuição dos municípios, zonas eleitorais e microrregiões por estado.

10 Ver IBGE (1990) para maiores detalhes. As meso e microrregiões não ultrapassam as fronteiras dos

estados onde estão localizadas.

11 O Anexo III traz o cálculo do G para a concentração nacional de diferentes setores da indústria brasileira.

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10 níveis comparáveis ao da indústria de extração de petróleo, carvão mineral e gás natural, e serviços relacionados a esta indústria; devido as restrições naturais e geográficas, este é um dos setores industriais mais concentrados.

Entretanto, dado que tanto os candidatos como os partidos com poucos votos tendem a serem mais concentrados, estes primeiros resultados podem estar sendo superestimados. Para minimizar este problema, a parte inferior da Tabela 1 traz os indicadores de concentração ponderados pelo percentual de votos de cada partido ou candidato. Como era de se esperar, o grau de concentração se reduz para todos os níveis. sem alterar as desigualdades percebidas anteriormente.12 Desta forma, os próximos parágrafos se concentram nos resultados apresentados na parte inferior da Tabela 1, que faz uso dos dados ponderados.

Analisando o grupo de candidatos, salta aos olhos a diferença entre o grau de concentração entre os diferentes tipos. Em primeiro lugar, diferentemente do caso do estado de São Paulo (Avelino, Biderman e Silva, 2011), existe uma pequena, mas consistente, diferença entre os candidatos eleitos e os eleitos pela média (os eleitos nas últimas posições das listas partidárias). Mas a diferença que salta aos olhos é aquela entre os grupos dos eleitos e dos não eleitos, indicando que a média da concentração para todos os candidatos estava sendo inflada pelos candidatos derrotados nas eleições. Este padrão é similar aquele encontrado para os candidatos no estado de São Paulo. É importante ressaltar que esta diferença ocorre mesmo depois da ponderação do indicador, cujo efeito deveria reduzir os grau de concentração do grupo de não eleitos onde, por definição, se concentram os candidatos com pior desempenho nas eleições.

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11 perfil não parece ser suficiente para garantir uma eleição. Ao contrário, tornar-se para tornar-se competitivo, o candidato deve buscar ampliar sua esfera de influência eleitoral. Ao olhar apenas para os aspectos relacionados à liderança local, ou ao voto pessoal – muitas vezes singularizando um único município – o pesquisador arrisca-se, a perder de vista o quadro mais geral da conexão eleitoral brasileira.13

Tal como sugerido antes, pode ser que os candidatos não procurem concentrar votos em algum município. Na verdade, os dados do último Censo do IBGE indicam que cerca de 70% dos municípios brasileiros tem menos de 20 mil habitantes, um número que representaria quase de 14 mil eleitores. Dada essa distribuição dos eleitores são poucos os municípios com eleitores suficientes para garantir a vitória em uma eleição estadual.14 Desta forma, não seria surpreendente que os candidatos visassem regiões, agrupamento de municípios, ao invés de municípios individuais.

Visando explorar a possibilidade de concentração regional, a parte inferior da Tabela 1 traz os mesmos resultados discutidos acima; mas agora para unidades de análise com nível de agregação maior e menos desiguais: as zonas eleitorais e as microrregiões, tal como definidas pelo IBGE. Este procedimento deveria levar a um aumento natural na concentração. De volta a analogia do dartboard , imagine-se agora que o mapa tem menos regiões, pois as áreas geográficas destas últimas são maiores. Sempre que houver um aumento de área, a probabilidade dos dardos se acumularem em uma única região aumenta. Assim, o fato de que os índices de concentração sejam maiores em microrregiões do que em municípios não quer dizer que exista maior concentração nessa escala. Os índices para microrregião sempre serão maiores do que para o município. A questão é saber quanto maior.

12 O grau de concentração dos partidos, por exemplo, continua menor que o dos candidatos; mas o nível de

concentração destes últimos agora é comparável a da indústria de fabricantes de fumo, mais desconcentrada que a de petróleo e afins.

13Possivelmente, o fato de o candidato ser mais conhecido na região onde mora responde por esta concentração inicial. Para mais detalhes sobre os atalhos utilizados pelos eleitores para decidir seu voto, ver Avelino e Biderman (2009), Bowler, Donovan e Snipp (1993), Rennó (2009), Shugart et alii (2009).

14 Por exemplo, em um exercício simples, foram contabilizados apenas 75 municípios cujo número de

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12 Voltando a Tabela 1, o primeiro destaque nesta comparação é que, diferentemente do esperado, a ampliação geográfica da unidade de análise dos municípios para zonas eleitorais tem o efeito de reduzir a concentração eleitoral. Este declínio na concentração talvez reflita o método de agregação utilizado pelo TSE. Segundo o TSE, as áreas geográficas das zonas eleitoral são formadas a partir do simples agrupamento de eleitores vizinhos e administrados por um cartório eleitoral. As zonas eleitorais tem um número determinado de eleitores, de forma que uma nova zona é criada na medida em que aquele limite é atingido. Em outras palavras, a definição das zonas eleitorais simplesmente segue um critério quantitativo de eleitores, sem maiores preocupações com aspectos econômicos e sociais.

A mudança da unidade de análise a microrregião, tal como definida pelo IBGE, resulta em aumento da concentração eleitoral, sugerindo que os candidatos – tanto os eleitos como os não eleitos concentram seus recursos mais neste tipo de divisão geográfica. Tal como explicado anteriormente, ao elaborar as meso e microrregiões brasileiras, compostas por conjunto de municípios, o IBGE considerou também aspectos econômicos, sociais e espaciais de integração regional. Em outras palavras, se a agregação geográfica dos eleitores através das zonas eleitorais é meramente quantitativo, no caso das microrregiões existe integração econômica e social entre os municípios que a compões.

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13 A próxima seção explora algumas comparações entre as concentrações eleitorais médias dos deputados federais portanto, apenas os candidatos eleitos entre os estados brasileiros.

IV. COMPARANDO O GRAU DE CONCENTRAÇÃO ELEITORAL DOS DEPUTADOS FEDERAIS ENTRE OS ESTADOS BRASILEIROS

Esta seção dedica-se a explorar algumas relações entre os níveis médios de concentração nos estados e algumas variáveis sugeridas pela literatura sobre sistemas partidários. Todas as comparações usam o G ponderado tal como explicado, dando menos peso aos deputados federais eleitos com menores votações em seus estados – e tomam como unidade de análise a microrregião, como forma de facilitar a visualização dos dados. De antemão, é importante deixar claro que o objetivo desta seção é simplesmente explorar a variação dos níveis de concentração médio entre os estados; explicações para aquela variação fogem aos propósitos deste artigo.

O Gráfico 1 mostra a variação da concentração eleitoral nos estados entre as eleições de 2002 e de 2010, o início e o fim do período analisado neste artigo. O valor das coordenadas para cada estado representa o G ponderado médio dos deputados federais de cada estado para as eleições de 2010, o valor das abcissas, corresponde ao mesmo indicador para as eleições de 2002. A reta de 45 graus estabelece a igualdade nos níveis de concentração entre as duas eleições, estados situados acima da reta tiveram índices de concentração em 2010 maiores do que os apresentados em 2002. Inversamente, os estados abaixo da reta da igualdade tiveram índices de concentração menores em 2010 do que em 2002.

<Inserir Gráfico 1 aqui>

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14 indicando um processo geral de desconcentração eleitoral nas eleições para deputado federal. Em alguns casos, as diferenças dos níveis de concentração entre as duas eleições são significativas como no caso do Acre – onde o G ponderado médio cai de quase 15 para menos que 4 – e, o caso de Rondônia, em que o G cai de quase 30 para menos de 16, a queda mais abrupta para o período entre todos os estados.

Os próximos três gráficos analisam a concentração media dos deputados federais relacionando com três variáveis tradicionais na literatura relativas ao sistema de partidos e à competição eleitoral, quais sejam: a fragmentação partidária, o a volatilidade eleitoral e a magnitude do distrito.

IV. 1 Concentração Eleitoral e Fragmentação Partidária

Em princípio, o nível de concentração deveria aumentar junto com o número de partidos por dois motivos. O primeiro é que um maior número de partidos – e candidatos em disputa estimularia os candidatos a concentrar votos em áreas mais restritas. Por exemplo, os pequenos partidos entrariam na disputa para tentar eleger candidatos com votação concentrada.15 Em face da competição por todo o estado, dado o número de candidatos, seria mais eficiente concentrar os investimentos eleitorais em áreas mais restritas.

O segundo motivo, relacionado ao primeiro, refere-se à peculiar legislação que regula as coligações partidárias para eleições proporcionais no Brasil. Como é sabido, os partidos coligados tem seus votos são contabilizados, as vagas atribuídas e os eleitos determinados internamente como se fossem um único partido naquela eleição. Esta legislação criaria incentivos para que os pequenos partidos, que estivessem inseguros quanto a possiblidade de ultrapassar a barreira do quociente eleitoral, se coligassem com os grandes partidos para conseguir eleger algum candidato. De uma forma geral, a estratégias desses pequenos partidos para conseguir algum sucesso seria concentrar seus votos em um ou poucos candidatos, o que reforçaria o grau de concentração eleitoral.16 Em outras palavras, as

15 Obviamente, desde que ultrapassassem a barreira do quociente eleitoral no estado.

16 A questão das coligações eleitorais no Brasil tem sido objeto de estudo recente. Ver, por exemplo, os

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15 coligações eleitorais aumentariam as chances de eleição de candidatos com votações menores e, portanto, provavelmente mais concentrada.

O Gráfico 2 mostra a variação da concentração eleitoral dos deputados com relação à fragmentação partidária para as eleições de 2010. Novamente, o valor das coordenadas representa a média do G ponderado para os deputados federais em cada estado. O indicador de fragmentação partidária, representado nas abcissas, é o número efetivo de partidos, uma medida tradicional na literatura.17

<Inserir Gráfico 2 aqui>

Os resultados mostram uma relação positiva entre a concentração eleitoral dos eleitos e a fragmentação partidária. A reta de regressão, introduzida para ajudar a observação da relação entre as variáveis – apresenta um R2 de quase 0.3; um resultado promissor, considerando-se a análise de uma simples relação bivariada. Entretanto, também existe dispersão ao longo da reta e alguns casos merecem atenção. Em primeiro lugar, há um grupo de Estados com níveis de concentração eleitoral bem acima do esperado, dado à sua fragmentação partidária. Os casos de maior destaque neste grupo são Rondônia – apesar da queda acentuada na concentração, tal como demonstrado no gráfico anterior Paraná, Espírito Santo e São Paulo. Entre os estados com concentração eleitoral menor que a esperada, pode-se observar três pequenos estados da região Nordeste, Sergipe, Rio Grande do Norte e Piauí. Na mesma situação estão dois estados da região Norte, o Acre e o Amapá.

Regionalmente, o Gráfico 2 não confirma a visão popular da política brasileira na qual os estados mais pobres principalmente das regiões Norte e Nordeste seriam dominados por uma política mais tradicional, baseada em redutos eleitorais e concentração de votos. Dos nove estados nordestinos, apenas dois Ceará e Alagoas apresentam um nível de concentração de seus deputados federais maior do que aquele que seria esperado pela fragmentação partidária no estado. Em contrapartida, dois - Paraná e Santa Catarina – dos três estados sulistas

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16 encontram-se na mesma situação. Finalmente, e de forma mais clara, o padrão sulista se repete na região Sudeste, pois quatro estados desta última região apresentam concentração eleitoral acima da esperada.

Ainda neste tópico, cabe destacar as diferenças entre estados supostamente similares: Amapá e Rondônia. Embora estes estados tenham níveis de fragmentação partidária similares, existe uma grande diferença no nível de concentração eleitoral dos seus deputados.

IV. 2 Concentração Eleitoral e Volatilidade Eleitoral

Os efeitos esperados da volatilidade eleitoral sobre as estratégias eleitorais dos candidatos e seus níveis de concentração eleitoral são incertos. O aumento na volatilidade eleitoral certamente representa aumento na incerteza sobre os resultados esperados das estratégias eleitorais; mas, as estratégias dos candidatos com relação a este aumento da incerteza podem ser pelo menos duas. No primeiro caso, se os resultados eleitorais são mais incertos, os candidatos poderiam seguir os manuais de economia e diversificar seus investimentos para reduzir os riscos, o que significaria esperar uma queda na concentração eleitoral.

A outra estratégia possível dos candidatos, oposta a primeira, seria reforçar suas posições mais fortes como forma de minimizar os efeitos da volatilidade em geral. Em outras palavras, reforçar a concentração eleitoral seria uma estratégia para isolar o desempenho do candidato da turbulência esperada para o desempenho de seu partido.

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17 <Inserir Gráfico 3 aqui>

A pouca adequação dos dados à reta de regressão certamente limita a análise; mas, a despeito disso, é possível observar a repetição do padrão anterior. Os estados do Sul apresentam concentração maior do que aquela esperada pelo seu grau de volatilidade eleitoral. Na região Sudeste, a única mudança é quanto ao Rio de Janeiro que agora encontra-se no lado inferior da reta. Finalmente, as regiões Norte e Nordeste tem seus estados divididos entre os dois lados, com destaque para o Amapá, o estado situado mais longe da reta de regressão, com uma concentração eleitoral muito abaixo do esperado pelo seu grau de volatilidade eleitoral.

IV. 3 Concentração Eleitoral e a Magnitude do Distrito

Ao contrário das outras duas variáveis, o impacto da magnitude dos distritos – número de vagas a serem distribuídas – sobre as estratégias eleitorais dos candidatos tem sido objeto de alguma discussão na literatura.

A formulação mais conhecida é aquela estabelecida por Carey e Shugart (1995) em seu artigo sobre os incentivos para a busca do voto pessoal em diversos sistemas eleitorais. De acordo com estes autores, em sistemas eleitorais baseados na escolha de candidatos, tal com o de representação proporcional de lista aberta brasileiro, o crescimento da magnitude teria efeito de incentivar a busca por voto pessoal entre os candidatos como forma de se diferenciar de seus concorrentes, principalmente aqueles oriundos próprio partido. Assim, o mecanismo que relaciona a magnitude do distrito aos incentivos para a busca do voto pessoal passam pelo número de competidores no interior do partido.

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18 Note-se que, deste ponto de vista, a influência da magnitude sobre as estratégias de concentração eleitoral pode estar relacionada com a influência do número de partidos discutida anteriormente. A medida em que a magnitude aumenta, aumenta também a possibilidade de eleição com um número relativamente menor de eleitores,18 o que incentivaria pequenos partidos a entrarem na disputa, com estratégias de busca do voto pessoal e concentração eleitoral.19

O Gráfico 4 mostra a variação da concentração eleitoral média dos deputados por estado com relação à magnitude dos distritos (vagas por estado) para as eleições de 2010. Tal com nos outros gráficos, o valor das coordenadas para cada estado representa o G ponderado médio dos deputados federais de cada estado. Neste caso, o valor das abcissas corresponde à magnitude eleitoral dos estados.

<Inserir Gráfico 4 aqui>

Os resultados mostram uma relação positiva entre a magnitude eleitoral e a concentração eleitoral. A reta de regressão, introduzida para ajudar a observação da relação entre as variáveis – apresenta um R2 de 0.31; novamente, um resultado promissor, considerando-se tratar-se de uma simples relação bivariada. Outro ponto é que a inclinação da reta de regressão reforça a expectativa gerada pela teoria de que maiores magnitudes reforçariam incentivos para voto pessoal e a concentração eleitoral.

Entretanto, mesmo em estados com magnitudes eleitorais mais altas, dois casos podem ser destacados. O primeiro é o Paraná – elege 30 deputados federais –

18 Tome-se, por exemplo, a variação do quociente eleitoral no Brasil limite mínimo de votos para a

eleição de algum candidato. Nos distritos de magnitude menor, igual a oito, o quociente eleitoral

representará a considerável proporção de 12,5% dos votos. No caso do distrito de maior magnitude, o caso do estado de São Paulo, esta mesma proporção cai para cerca de 1,43%. Embora o número de votos em absolutos seja grande, mais de 300 mil votos, em termos relativos é bem mais fácil ultrapassar o quociente eleitoral em São Paulo.

19 Em outras palavras, se as eleições proporcionais estaduais são realizadas de forma absolutamente

(19)

19 que apresenta um nível de concentração bem acima do esperado dada sua magnitude eleitoral. e o Rio de Janeiro elege 46 deputados que apresenta um grau de concentração eleitoral bem abaixo do esperado.20

Outro ponto a ser ressaltado é que o efeito da magnitude sobre os incentivos para o voto pessoal ficam mais visíveis a partir do momento em que a magnitude atinge um valor mínimo de vinte vagas. Dentre os estados com magnitude eleitoral menor que vinte, a variação é muito grande e não permite estabelecer nenhuma relação mais clara entre as duas variáveis.

Dois pares de caso mereceriam maior atenção. O primeiro é o já referido contraste entre os estados do Amapá e de Rondônia. Os dois estados são relativamente novos, pertencem a mesma região Norte; da mesma forma, os dois estados apresentam graus de fragmentação partidária e volatilidade eleitoral similares.

Outro par de estados interessantes para comparar é composto pelos estados do Espírito Santo e do Piauí e reforça a prudência nas explicações, ainda que tentativas, das diferenças encontrada entre os estados. Neste caso, os estados tem a mesma magnitude eleitoral, dez vagas, e níveis de concentração bem diferentes. Os dois estados tem número parecido de eleitores e distribuídos de forma similar pelos seus municípios. No caso do Espírito Santo, o maior município, Vila Velha comporta apenas 11% dos eleitores. Da mesma forma, no caso do Piauí, Teresina é o maior município com apenas 22% dos eleitores.

Em suma, embora tentativa, esta análise comparativa aponta menos para um padrão comum de estratégia de concentração ou desconcentração eleitoral dos deputados e mais para as diferenças entre os estados nas estratégias eleitorais utilizadas pelos seus deputados federais. Longe de tentar encontrar uma resposta, o exercício feito nesta seção ressalta essas diferenças, cuja explicação exija maior

nacionalização dos partidos (Ver o “party system inflation fator” sugerido por Cox, 1997) Entretanto, perseguir esta hipótese foge ao escopo deste artigo.

20

(20)

20 conhecimento qualitativo sobre a competição política nos estados e um conjunto maior de observações.

IV. CONCLUSÃO E DESENVOLVIMENTOS

A fraqueza dos partidos políticos, a possível existência de distritos informais , e suas consequências sobre a atuação dos parlamentares, tem sido objeto de muita discussão recente na ciência política brasileira. De acordo com a teoria, se os parlamentares apresentam perfil de voto mais concentrado, sua conexão eleitoral os fará privilegiar políticas p’blicas mais fragmentadas, o chamado pork , como forma beneficiar seus respectivos eleitorados. Portanto, surpreende a pequena quantidade de trabalhos procurando medir de forma mais sistemática o perfil eleitoral dos nossos parlamentares, vinte anos depois da primeira tentativa realizada por Barry Ames.

Um dos motivos da ausência desta preocupação talvez esteja relacionado ao fato de que boa parte trabalhos que investigam a conexão eleitoral brasileira, abre mão de uma definição mais complexa do perfil eleitoral dos deputados e procura apenas estabelecer se estes últimos priorizam os locais onde foram votados quando tem oportunidade de influenciar as políticas públicas, tal como no caso mais explícito das emendas parlamentares.

Se o uso desta definição mais simples não prejudica necessariamente as inferências sobre as preferencias dos parlamentares sobre a alocação das políticas públicas em determinado município, essa definição certamente obscurece a discussão conceitual sobre o perfil eleitoral dos candidatos. Singularizar um município representa deixar de lado os aspectos geográficos mais amplos da votação do candidato e reforça abordagens que partem de conceitos tais como voto pessoal , liderança local , que subentendem relações interpessoais de caráter mais localizado.

(21)

21 permitiu avaliar padrões comuns de estratégias eleitorais para os candidatos a deputado federal de todo o país. Em um segundo momento, foi possível comparar as comparar as estratégias utilizadas pelos candidatos nos diferentes estados e, agora, explorar, as eventuais diferenças entre eles.

O principal achado destas análises, também encontrado na análise anterior para o caso de São Paulo, foi a grande diferença nos indicadores de concentração entre os candidatos que conseguem se eleger e os que falham na tentativa. Em outras palavras, os candidatos eleitos apresentam um grau de concentração eleitoral muito menor que os não eleitos, sugerindo uma dispersão de votos maior do que aquela pressuposta por conceitos como voto pessoal e outras referencias à uma concentração limitada. Uma candidatura para ser vitoriosa, portanto, ainda que possa ter por origem uma liderança localizada, supõe a dispersão da votação do candidato pelo estado

Uma consequência importante deste achado para a especificação do perfil eleitoral e da conexão eleitoral deve ser a mudança do foco para os mecanismos que permitem certos candidatos dispersarem suas áreas de influência. Uma pista interessante para a compreensão destes mecanismos foi sugerida por Avelino, Biderman e Barone (2012) que avaliam o impacto das eleições para prefeito na performance dos partidos nas eleições proporcionais estaduais.

(22)

22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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S(UGART, Matthew. S.; VALD)N), Melody E. e SUOM)NEN, Kati. , Looking for

(26)

26 TABELA 1

G MÉDIO POR DIFERENTES NÍVEIS DE AGREGAÇÃO

2002 2006 2010 2002 2006 2010 2002 2006 2010

G médio (%) dos partidos 5.6 5.6 5.5 3.6 3.3 3.1 6.6 6.3 6.5

G médio (%) dos candidatos a Deputado Federal 19.5 20.2 20.5 14.0 13.7 13.7 23.4 23.5 23.6

G médio (%) dos deputados eleitos 8.5 7.6 7.5 4.6 3.8 3.6 13.1 11.5 11.1

G médio (%) dos deputados eleitos pela média 9.3 9.9 9.3 6.3 6.0 5.3 15.2 15.5 14.5

G médio (%) dos suplentes 20.9 20.8 22.1 15.1 14.5 15.2 25.2 24.5 25.5

G médio (%) dos deputados não eleitos * 21.2 22.9 22.8 14.5 15.1 13.6 23.5 25.9 25.1

* Para RJ em 2006, e AC e TO em 2010, não há candidatos não-eleitos na base CEPESPDATA.

2002 2006 2010 2002 2006 2010 2002 2006 2010

G médio (%) dos partidos 2.5 2.5 2.6 1.4 1.4 1.3 3.3 3.2 3.1

G médio (%) dos candidatos a Deputado Federal 12.1 11.7 10.8 7.9 7.3 6.3 17.1 16.0 14.4

G médio (%) dos deputados eleitos 8.0 7.1 6.8 4.2 3.6 3.3 12.3 10.6 10.1

G médio (%) dos deputados eleitos pela média 8.8 9.3 8.8 6.4 5.9 5.2 15.2 14.9 13.7

G médio (%) dos suplentes 18.1 18.0 17.3 12.8 12.1 11.1 24.1 23.6 21.4

G médio (%) dos deputados não eleitos ** 19.0 22.8 23.2 12.9 16.2 13.3 22.1 27.1 25.7

* % calculada para o universo relevante

** Para RJ em 2006, e AC e TO em 2010, não há candidatos não-eleitos na base CEPESPDATA.

Média simples

Média ponderada pela % de votos*

Zona Eleitoral

Município Microrregião

Microrregião Zona Eleitoral

(27)

27

FIGURA 1

(28)

28

FIGURA 2

(29)

29

FIGURA 3

(30)

30

FIGURA 4

(31)

31 ANEXO I

COMPARAÇÃO ENTRE O EMPREGO DO G NA ANÁLISE DA ECONOMIA REGIONAL (ELLISON E GLAESER) E NA DISTRIBUIÇÃO DO VOTO

Ellison & Glaeser Por Deputado (d)

i = area geográfica m = Município

Indústria = setor da indústria d = Candidato

Employment = Emprego Voto

s_i = proporção do emprego da indústria na área i sobre o total de empregos na indústria (Emprego indústria i / Emprego na indústria)

Proporção de votos do candidato no município m sobre o total de votos do candidato (Vdm/Vd)

x_i = proporção do emprego na área i sobre o emprego agregado

(Emprego na área i/Emprego agregado)

Proporção do voto total no município m sobre o total de votos agregados (Vm/V)

(32)

32 ANEXO II

BRASL 2010

Distribuição dos Municípios, Zonas Eleitorais e Microrregiões por UF

UF Municípios Zonas Eleitorais Microrregiões

AC 22 10 5

AL 102 55 13

AM 62 70 13

AP 16 13 4

BA 417 205 32

CE 184 123 33

DF --- 21 1

ES 78 58 13

GO 246 130 18

MA 217 111 21

MG 853 351 66

MS 79 54 11

MT 141 60 22

PA 144 104 22

PB 223 77 23

PE 185 151 19

PI 224 98 15

PR 399 206 39

RJ 92 249 18

RN 167 69 19

RO 52 35 8

RR 15 8 4

RS 497 173 35

SC 295 105 20

SE 75 36 13

SP 645 425 63

TO 139 35 8

(33)

33 ANEXO III

ÍNDICE DE CONCENTRAÇÃO G

PARA ALGUNS SETORES INDUSTRIAIS BRASILEIROS

Setor (CNAE, 2

dígitos)

G (2011)

Setor (CNAE, 2

dígitos)

G (2011)

Setor (CNAE, 2

dígitos)

G (2011)

Extração de petróleo, carvão mineral e gás natural e serviços

relacionados

22.6 Indústrias de material

de transportes 1.7

Indústrias de produtos

de matérias plásticas 0.6

Indústrias de produtos da destilação do petróleo e do carvão

14.0 Indústrias da borracha 1.7

Indústrias de transformação de minerais não metálicos (exclusive combustíveis

minerais)

0.5

Fabricaçao de produtos

do fumo 11.2

Fabricação de Produtos

de Madeira 1.6 Indústria de Papel 0.5

Extraçao de Minerais

Metálicos 7.5

Extração de Minerais

Não-Metálicos 1.3 Indústria Química 0.5

Indústria de Calçados e de Fabricaçao de Artefatos de Couro

4.5 Indústrias de metalúrgia

básicas 1.2

Indústria de Produtos

Diversos 0.5

Indústrias de produtos farmacêuticos e

veterinários

3.8 Indústrias do mobiliário 1.1 Indústrias de fabricação

de produtos de metal 0.4

Indústrias de material elétrico, eletrônico e de

comunicações

2.2 Indústrias de bebidas 1.0

Indústrias têxteis 2.1 Indústrias do vestuário 1.0

Indústria Gráfica e

Editorial 2.1

Fabricação de Produtos

Alimentícios 0.9

Indústrias de perfumaria, sabões e

produtos de limpeza

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