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Curva de maturação da Crotalaria juncea L. em função da densidade básica do caule.

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Academic year: 2017

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C U R V A D E M A T U R A Ç Ã O D A C R O T A L A R I A J U N C E A L . E M F U N Ç Ã O D A D E N S I D A D E B Á S I C A D O C A U L E (1)

ANÍSIO AZZINI, ANTONIO LUIZ DE BABROS SALGADO (2) , Seção de Plantas Fibrosas e

JOÃO PAULO F . TEIXEIRA, Seção de Fitoquímica, Instituto Agronômico

(J

) Recebido para publicação a 22 de janeiro de 1980. (3

> Com bolsa de suplememação do CNPq.

RESUMO

No presente estudo procurou-se determinar a curva de maturação da Crotalaria

juncea L., em função da densidade básica do caule. Além da densidade básica, outras

características agronômicas e tecnológicas foram determinadas. As diferentes idades es-tudadas foram: 60, 90, 120, 150, 180, 210 e 240 dias. Os resultados mostraram que a curva de maturação em função da densidade básica permaneceu constante dos 120 aos 240 dias após o plantio. Isso evidenciou que aos 120 dias após o plantio, na região de Campi-nas (SP), as fibras de C. juncea atingiram o estádio de completa maturação. As demais características (altura e diâmetro basal da planta, percentagem de cinzas, açúcares totais e percentagem de líber, rendimento em celulose e dimensões das fibras) praticamente não variaram em função do estádio de desenvolvimento da planta.

1. INTRODUÇÃO

A Crotalaria juncea L., conhe-cida também como "sunn hemp",

"Indian hemp" e "Madras hemp", é tradicionalmente cultivada em seu país de origem (Índia) como planta têxtil, fornecedora de fibras liberianas à semelhança da juta.

No Brasil, essa espécie foi intro-duzida no início do século, como planta melhoradora de solo, sendo considerada a leguminosa mais efi-ciente quanto à precocidade, na

pro-dução de massa incorporável (90 dias) e como fixadora de nitrogênio (11). Além de sua utilização como adubo verde, seu cultivo no Estado de São Paulo visa, principalmente, à

produ-ção de celulose para papel de cigarro, pelas características morfológicas de

suas fibras, aliadas a sua combustibi-lidade lenta e inodora.

(2)

rendimento por unidade de volume e nas propriedades físico-mecânicas do

papel produzido.

A finalidade deste estudo foi determinar a curva de maturação da crotalária em função da densidade básica dos caules, bem como outras características agronômicas e tecnoló-gicas de interesse industrial em fun-ção do desenvolvimento das plantas.

2. MATERIAL E MÉTODOS

No presente estudo foram utili-zadas plantas de Crotalária juncea L. com 60, 90, 120, 150, 180, 210 e 240 dias de idade, provenientes do Centro Experimental de Campinas, do Instituto Agronômico.

A densidade básica dos caules foi determinada pelo método do des-locamento da água (2), através da seguinte relação:

onde:

db = densidade básica da amostra em g/cm3;

p = peso da amostra seca em estufa a 105 ± 3°C, até peso cons-tante;

v = volume saturado da amostra, determinado pelo deslocamento da água em proveta graduada.

A quantidade de líber ou casca nos diferentes estádios de desenvol-vimento da planta foi calculada pela relação percentual entre os pesos secos ao ar do líber e do conjunto líber-lenho. O teor de lenho foi obtido, subtraindo-se, de 100, a quantidade de líber.

Os teores de cinzas nas partes liberianas e lenhosas foram

determi-nados por calcinação à temperatura de 575 ± 25°C, conforme o método ABCP — M 11/77 (6).

Os açúcares totais foram extraí-dos com álcool etílico a 80% e deter-minados colorimetricamente através da reação com fenol e ácido sulfúrico, empregando-se solução de glicose como padrão (13).

O rendimento macerado no líber e lenho foi calculado pela relação percentual entre a quantidade de celulose seca ao ar obtida e a quanti-dade de material utilizado, de acordo com NIESCHLAG et alii (10). A maceração foi conduzida a uma tem-peratura de aproximadamente 60°C, em uma solução contendo 5 0 % de ácido acético glacial, 30% de água oxigenada a 120 volumes e 20% de água destilada.

As dimensões das fibras (compri-mento, largura, diâmetro do lúmen e espessura da parede celular) foram determinadas com auxílio de micros-cópio provido de ocular micrométrica especial, com filamento móvel, utili-zando-se as amostras maceradas do

item anterior.

Foram dimensionadas cem fibras para cada idade em estudo, num total de 700 fibras.

As principais relações entre as dimensões das fibras, consideradas importantes na interpretação das pro-priedades físico-mecânicas do papel obtido, foram calculadas como segue:

índice de enfeltramento: Relação entre o comprimento e a largura da fibra.

(3)

Fraçâo-parede: Relação percen-tual entre a espessura da parede celu-lar e o raio da fibra.

Índice de Runkel: Relação entre duas vezes a espessura da parede ce-lular e o diâmetro do lúmen.

A amostragem para as diferentes determinações foi feita em 280 plan-tas, considerando 40 plantas para cada idade. As amostras, com 10cm de comprimento, foram retiradas da região mediana dos caules das plantas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Pelos dados do quadro 1, pode-se observar que a densidade básica dos caules de crotalária variou em função

do desenvolvimento das plantas, sendo o menor valor obtido em plantas com 60 dias de idade. A partir dos 120 dias, a densidade básica permaneceu constante, evidenciando que, nessa data, as fibras estavam fisiologica-mente maduras.

Do ponto de vista industrial, visando à produção de celulose para papel, não é viável a utilização da crotalária com menos de 120 días, pois as fibras são imaturas e a menor

densidade da planta influi negativa-mente no rendimento industrial.

(4)

material é menor, tem-se menor pro-dução por unidade de área. Por outro lado, sua utilização com 120 dias representa um aumento de cerca de 25% na produção de celulose por unidade de volume de material pro-cessado, aumentando, conseqüente-mente, a capacidade de produção da fábrica.

Na figura 1, encontra-se a repre-sentação gráfica da curva de matu-ração da crotalária em função da densidade básica dos caules.

No quadro 2, pode-se notar que o diâmetro e altura das plantas, per-centagem de cinzas, açúcares totais e percentagem de Ifber, praticamente não variaram com a idade das plantas, com exceção dos valores obtidos em plantas com 60 dias, que eram ainda muito jovens. Embora não tenham sido uniformes os resultados obtidos para o rendimento macerado, pode-se dizer que ele não variou com o estádio de desenvolvimento das plantas.

Pelos dados dos quadros 3, 4 e 5, as dimensões das fibras liberianas e lenhosas não variaram com a idade da planta. Entretanto, não foi pos-sível dimensionar o diâmetro do lu-men c a espessura da parede celular das fibras com 60 dias, devido a sua imaturação. As fibras liberianas, cujo comprimento médio variou de 4,28 a 5,76mm, podem ser consideradas bastante longas e especialmente indi-cadas para produção de papéis espe-ciais. As dimensões obtidas estão perfeitamente dentro dos limites esta-belecidos por CUNNINGHAN et alü (4) MEDINA (9) e STRAUB (12).

As principais relações entre as dimensões das fibras liberianas e lenhosas encontram-se respectiva-mente nos quadros 6 e 7. As libe-rianas, comparativamente às fibras de madeiras coníferas, apresentam altos valores para o índice de enf eltramento, fração-parede e índice de Runkel, e baixo valor para o coeficiente de fle-xibilidade.

4. CONCLUSÕES

a) A densidade básica dos cau-les de Crotalária juncea permaneceu praticamente constante a partir dos 120 dias de idade, evidenciando a maturidade das fibras nessa época.

b) Para a região de Campinas (SP), a época mais indicada para colher a C. juncea, visando à produ-ção de celulose para papel, é de 120 dias após o plantio.

(5)
(6)

d) As características agronô-micas e tecnológicas estudadas (altura e diâmetro basal das plantas, percen-tagem de cinzas, açúcares totais,

(7)
(8)
(9)
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MATURATION CURVE OP CROTALARIA JUNCEA L. BY STALK BASIC DENSITY

SUMMARY

This work was carried out to determine the maturation curve of C. juncea in function of the stalk basic density. Besides the stalk density, other agronomic and technological characteristics were determined in plants with 60, 90, 120, 150, 180, 210 and 240 days.

The results showed that stalk basic density remained statistically constant after 120 days. This clearly shows that in this time the C. juncea fibers reached the maturity, take in consideration the region of Campinas (SP). Other characteristics (height and diameter of the plant, ash percentage, total sugar, liber percentage, cellulose yield and fibers dimensions) remained practically constant with the plant development.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. AMARAL, A. C. B.; FERREIRA, M.; BANDEL, G. Variação da densidade básica da madeira produzida pela Araucaria angustifolia no sentido medula-casca em árvores do sexo masculino e feminino. IPEF, Piracicaba, 2/3:119-127, 1971. 2. AZZINI, A. & SALGADO, A. L. B. Determinação da densidade básica de caules

de Crotalária (Crotalaria juncea). Bragantia, Campinas, 38:XLIX-LII, 1979. Nota, 11.

3. BRASIL, M. A. M. & FERREIRA, M. Variação da densidade básica da madeira de Eucaliptus alba, E. saligna e E. grandis aos 15 anos de idade, em função do local e do espaçamento. IPEF, Piracicaba, 2/3:129-149, 1971.

4. CUNNINGHAN, R. L.; CLARK, T. F.; BAGBY, M. O. Crotalaria juncea. Annual source of paper making fiber. TAPPI, 61:37-43, 1978.

5. FOELKEL, C. E. B.; BRASIL, M. A. M.; BARRICHELO, L. E. G. Métodos para determinação da densidade básica de cavacos para coníferas e folhosas. IPEF, Piracicaba, 2/3:65-75, 1971.

6. HALWARD, A. & SANCHEZ, C. Métodos de ensaio nas indústrias de celulose e papel. São Paulo, Ed. Bueno, 1975. 458p.

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da madeira de P. elliotti var. elliotti e P. taeda. IPEF, Piracicaba, 7:79-89, 1973. 9. MEDINA, J. C. Plantas fibrosas da flora mundial. Campinas, Instituto Agronômico,

1959. 913p.

10. NIESCHLAG, H. J.; NELSON, G. H.; WOLFF, I. A.; PERDUE JR., R. E. A search for new fiber crops. TAPPI, 43:193-201, 1960.

11. SALGADO, A. L. B.; AZZINI, A.; PIMENTEL, J. M.; POTASCHEFE JR., J. Instruções para a cultura da Crotalaria juncea, visando à produção de fibras. 2. ed. rev. e at. Campinas, Instituto Agronômico, 1980. 26p. (Boletim Prático, 198) 12. STRAUBE, C. D. Celulose de crotalária. O Papel, São Paulo, 34:50-58, 1973. 13. TEIXEIRA, J. P. F.; MASCARENHAS, H. A. A.; BATAGLIA, O. C. Efeito de

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