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Códigos metacíclicos

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Academic year: 2017

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(1)

odigos metac´ıclicos

Samir Assuena

Tese apresentada

ao

Instituto de Matem´

atica e Estat´ıstica

da

Universidade de S˜

ao Paulo

para

obtenc

¸˜

ao do t´ıtulo

de

Doutor em Ciˆ

encias

Programa: Matem´atica

Orientador: Prof. Dr. Francisco C´esar Polcino Milies

Durante o desenvolvimento deste trabalho o autor recebeu aux´ılio financeiro do CNPq

(2)

odigos metac´ıclicos

Este exemplar corresponde `a reda¸c˜ao

final da tese devidamente corrigida

e defendida por Samir Assuena

e aprovada pela Comiss˜ao Julgadora.

Banca Examinadora:

• Prof. Dr. Francisco C´esar Polcino Milies (orientador) IME-USP

• Prof. Dr. Raul Antonio Ferraz IME-USP

• Profa. Dra. Ana Cristina Vieira UFMG

• Prof. Dr. Thierry Petit Lob˜ao UFBA

(3)

Agradecimentos

Agrade¸co a Deus por ter me dado for¸ca para vencer mais este desafio da minha vida

mas tamb´em por ter me dado os maiores presentes da minha vida meus filhos Mateus

e Larissa.

Agrade¸co minha esposa Elis por todo amor, carinho, compreens˜ao e apoio ao longo

de todos esses anos.

Agrade¸co aos meus pais, Jo˜ao Alberto e Virg´ınia, por tudo que fizeram por mim e

pelos meus irm˜aos.

Agrade¸co aos meus irm˜aos, Jorge e Vin´ıcius e suas respectivas esposas, pela

con-fian¸ca e apoio.

Agrade¸co a toda minha fam´ılia tios, tias, primos e primas.

Agrade¸co ao meu sogro, Eliseu, `a minha sogra, Dona Telma.

Agrade¸co aos meus cunhados Edilson e Edmilson e suas esposas Monise e Fabiana.

Agrade¸co a UFSCar pela minha forma¸c˜ao, ao Prof. Daniel Vendrscolo e aos amigos

das turmas de 2000 e 2001.

Agrade¸co ao Instituto de Matem´atica e Estat´ıstica da USP, principalmente ao Prof.

C´esar Polcino Milies pela orienta¸c˜ao e pela pessoa extraordin´aria que ´e.

Agrade¸co ao Instituto Mau´a de Tecnologia e aos professores Thiago, Anderson,

Samira, Marilda, Marim, Ivanildo, Jones, Muller, Paulo, Ana, Airton e Ivete.

Agrade¸co aos eternos amigos: Bet˜ao, Zuaneti, Bigode, Lˆe, Tica, Ricardo, Felippe e

suas respectivas esposas e ainda a todos os outros amigos da CEC.!!!!

(4)

Resumo

Neste trabalho, consideramos ´algebras de grupo semi-simplesFqGde grupos metac´ıclicos

n˜ao abelianos que cindem sobre corpos finitos. Inicialmente, damos condi¸c˜oes para que

o n´umero de componentes simples da ´algebraFqGseja minimal e encontramos os

idem-potentes centrais primitivos quando a ordem do grupo ´e igual a pmn, onde p e s˜ao

n´umeros primos distintos. Posteriomente, obtemos condi¸c˜oes necess´arias e suficientes

para que o n´umero de componentes simples da ´algebra FqG seja minimal no caso em

que a ordem do grupo ´e igual a 2n. Finalmente, quando G=Dpm, o grupo diedral de

ordem 2pm, obtemos duas decomposi¸c˜oes da ´algebra F

qDpm como soma direta de

ide-ais `a esquerda minimide-ais, calculamos suas dimens˜oes e pesos e mostramos que, em uma

destas decomposi¸c˜oes, os c´odigos `a esquerda minimais n˜ao s˜ao equivalentes a c´odigos

abelianos, dando uma resposta afirmativa para uma conjectura formulada por Sabin e

Lomonaco em 1995.

Palavras-chave: C´odigos Metac´ıclicos, Idempotentes Primitivos, Grupos Metac´ıclicos n˜ao Abelianos.

(5)

Abstract

We consider semisimple group algebras FqG of non abelian split metacyclic groups

over a finite field. First we give necessary and suficiente conditions for them to have a

minimal number of simple components and find the primitive central idempotents of

FqG in the case when the order G is equals pmℓn, where p and ℓ are different prime

numbers. Then, we consider the special case when the order of G is 2n. Finally,

when G = Dpm the dihedral group of order 2pm, we obtain two decomposition of the

algebra into direct sum of minimal left ideals, compute their dimensions and weights.

We show that one of these decompositions gives raise to minimal codes that are not

combinatorially equivalent to abelian codes giving an affirmative answer to a conjecture

formulated by Sabin and Lomonaco in 1995.

Keywords: Metacyclic Codes, Primitive Idempotens, Non Abelian Metacy-clic Groups.

(6)

Sum´

ario

1 Preliminares 5

1.1 Grupos Metac´ıclicos . . . 5

1.2 An´eis de Grupos . . . 6

1.3 C´odigos Corretores de Erros . . . 11

2 Algebras de Grupos Metac´ıclicos sobre Corpos Finitos´ 14

2.1 N´umero de componentes simples . . . 14

2.2 Idempotentes Centrais Primitivos . . . 21

3 Algebras de Grupo de Alguns Grupos Metac´ıclicos Particulares´ 25

3.1 Resultados Preliminares . . . 25

3.2 A Estrutura da ´Algebra . . . 30

4 C´odigos sobre Grupos Metac´ıclicos 42

4.1 Aspectos Gerais . . . 42

4.2 C´odigos Diedrais de Comprimento 2pm . . . . 47

4.3 Uma fam´ılia de exemplos . . . 62

5 Conclus˜oes 65

Referˆencias Bibliogr´aficas 66

(7)

Introdu¸

ao

A Teoria dos C´odigos Corretores de Erros teve in´ıcio com o trabalho de Richard

Ham-ming intitulado Error Detecting and Error Correcting Codes. Desde ent˜ao, esta teoria vem sendo aplicada em v´arias ´areas de outras ciˆencias (tais como Engenharia El´etrica,

Computa¸c˜ao, etc), em telefonia, em DVD, entre outras.

Basicamente, o objetivo da Teoria de C´odigos Corretores de Erros ´e transmitir

mensagens atrav´es de um canal de uma maneira segura, de tal forma que o c´odigo

seja capaz de detectar e corrigir o maior n´umero poss´ıvel de erros que possam ocorrer

durante tal transmiss˜ao.

Para tanto, tomamos um conjunto finito A com q elementos o qual chamamos de alfabeto. Uma palavra de comprimento n em A ´e uma n-upla (v0, v1,· · · , vn−1).

Um c´odigo de comprimento n sobre A ´e um subconjunto pr´oprio C do produto cartesiano An, para algumn 1.

Dadosx= (x0, x1,· · · , xn−1) ey= (y0, y1,· · · , yn−1) duas palavras deAn, definimos

a distˆancia de Hamming entre xe y como

d(x, y) =|{i, xi 6=yi, 0≤i≤n−1}|.

Sendo assim, definimos a distˆancia m´ınima de um c´odigo C como

d(C) =min {d(x, y)|x, y ∈ C, x6=y}.

(8)

3

Se tomarmos A como sendo Fq, o corpo finito com q elementos, ent˜ao Fn q ´e um

Fq-espa¸co vetorial. Os Fq-subespa¸cos de Fn

q s˜ao chamados c´odigos lineares. Dentre os c´odigos lineares, existe uma classe muito importante de c´odigos chamados c´odigos c´ıclicos. Mais explicitamente, um c´odigo linear diz-sec´ıclico se

(c0, c1,· · · , cn−1)∈ C ⇒(cn−1, c0,· · · , cn−2)∈ C.

Sejam Cn =hg, gn= 1io grupo c´ıclico de ordem n e FqCn a ´algebra do grupo Cn sobre Fq. Prova-se que a imagem de um c´odigo c´ıclico atrav´es da fun¸c˜ao

ψ :Fn

q −→FqCn

(x0,· · · , xn−1)7−→Pni=0−1xigi

´e um ideal de FqCn. Sendo assim, define-se um c´odigo de grupo como um ideal da ´algebraFqG com G um grupo finito.

Um grupo G diz-se metac´ıclico se G cont´em um subgrupo normal H c´ıclico tal que o grupo G/H tamb´em ´e c´ıclico. Pode-se provar que G, sendo metac´ıclico finito,

possui a seguinte apresenta¸c˜ao

G=ha, b|am = 1, bn =as, bab−1 =aii

onde a e b s˜ao tais que H =hai e G/H =hbHi. Quando s =m, dizemos que G´e um grupo metac´ıclico que cinde e, neste caso,G´e o produto semi-direto G=hai⋊hbi.

O estudo dos c´odigos metac´ıclicos desenvolveu-se atrav´es dos seguintes trabalhos

• R. E. Sabin,On Row-Cyclic Codes with Algebraic Structure , Designs, Codes and Cryptography, 4, 145-155 (1994)

• R. E. Sabin, S. J. Lomonaco, Metacyclic Error-Correcting Codes, AAECC 6 (1995) 191-210.

(9)

4

No artigo Metacyclic Error-Correcting Codes, Sabin e Lomonaco introduziram a no¸c˜ao deequivalˆencia combinatorial que ´e uma bije¸c˜ao entre ´algebras de grupos obtida pela extens˜ao linear de uma bije¸c˜ao entre dois grupos finitos de mesma ordem. Mais

detalhadamente, sejamGeGdois grupos finitos de mesma ordem e Fum corpo, sejam

FG eFG suas correspondentes ´algebras de grupo, uma equivalˆencia combinatorial

´e um isomorfismo de espa¸cos vetoriais φ : FG −→ FG induzido por uma bije¸c˜ao

φ : G−→ G. Os c´odigos C ⊂FG e C ⊂b FG s˜ao combinatorialmente equivalentes

se existe uma equivalˆencia combinatorial φ : FG−→FG tal que φ(C) = Cb.

No caso em que G ´e um grupo metac´ıclico, tal que mdc(q,|G|) = 1, a ´algebra de grupo FqG ´e semissimples, Sabin e Lomonaco, usando Teoria de Representa¸c˜oes

de Grupos, mostraram que c´odigos em FqG, gerados por idempotentes centrais s˜ao

combinatorialmente equivalentes a c´odigos abelianos. Isso motivou a procura de c´odigos

minimais `a esquerda da ´algebraFqG.

No cap´ıtulo 1, apresentamos as no¸c˜oes preliminares que ser˜ao utilizadas ao longo

deste trabalho.

No cap´ıtulo 2, consideramos ´algebras de grupos metac´ıclicos n˜ao abelianos que cindem sobre corpos finitos e encontramos uma condi¸c˜ao necess´aria para que a ´algebra

FqGtenha n´umero m´ınimo de componentes simples. Isto acontece quando as ´algebras

FqG e QG tˆem o mesmo n´umero de componentes simples. Finalizamos este cap´ıtulo

obtendo os idempotentes centrais primitivos da ´algebra FqG, no caso em que |G| =

pmn, sendop e umeros primos.

No cap´ıtulo 3, apresentamos uma extens˜ao do [4, Teorema 3.3] feito para grupos

diedrais.

No cap´ıtulo 4, conhecendo os idempotentes centrais primitivos da ´algebra FqDpm,

onde Dpm ´e o grupo diedral de ordem pm, obtivemos duas decomposi¸c˜oes da ´algebra

FqDpm como soma direta de ideais `a esquerda minimais, sendo que, em uma destas

de-composi¸c˜oes, tais ideais minimais s˜ao combinatorialmente equivalentes a c´odigos

(10)

Cap´ıtulo 1

Preliminares

1.1

Grupos Metac´ıclicos

Defini¸c˜ao 1.1.1. Um grupo G diz-se metac´ıclico se G cont´em um subgrupo normal H c´ıclico tal que o grupo G/H tamb´em ´e c´ıclico.

Exemplos de grupos metac´ıclicos s˜ao os grupo diedrais e os grupos cujos subgrupos

de Sylow s˜ao c´ıclicos ([18, Teorema 10.1.10]).

Seja G um grupo metac´ıclico finito, escrevendo H = hai, seu subgrupo normal de ordem m, eG/H =hbHi, podemos provar que G possui a seguinte apresenta¸c˜ao

G=ha, b|am = 1, bn =as, bab−1 =aii

onde n ´e|G/H|. Al´em disto, os inteiros n, m, s, ise relacionam da seguinte maneira

s|m, m|s(i−1) , i < m, mdc(i, m) = 1.

Quando s =m, dizemos que G´e um grupo metac´ıclico que cinde e, neste caso, G

´e o produto semi-diretoG=hai⋊hbi.

Teorema 1.1.2. [2, Teorema 47.10] Seja G um grupo metac´ıclico com apresenta¸c˜ao acima. Seu subgrupo comutador G′ ´e c´ıclico, gerado por ai−1. Consequentemente,

|G′|=m/mdc(m, i1).

(11)

1.2 An´eis de Grupos 6

Teorema 1.1.3. [10, Lema 2.1] Se G = hai⋊hbi com o(a) = m e o(b) = n, ent˜ao o expoente de G ´e:

exp(G) =mmc(m, n).

1.2

An´

eis de Grupos

SejamR um anel com unidade eGum grupo. Denotamos porRG o conjunto de todas

as combina¸c˜oes lineares formais

α=X g∈G

agg

onde ag ∈R e somente um n´umero finito de coeficientes ag ´e diferente de zero. Neste sentido, todas as somas podem ser consideradas finitas, mesmo quando os ´ındices do

somat´orio percorrem um conjunto infinito.

Defini¸c˜ao 1.2.1. Seja α =X g∈G

agg um elemento de RG. Definimos o suporte de α

como sendo o conjunto dos elementos g ∈ G tal que ag 6= 0 em α =

X

g∈G

agg. Mais

formalmente,

supp(α) ={g ∈G|ag 6= 0}. (1.1)

Dois elementos α = X g∈G

agg e β =

X

g∈G

bgg, pertencentes a RG, s˜ao iguais se e

somente seag =bg para todo g ∈G. Dados dois elementos α = X

g∈G

agg e β =

X

g∈G

bgg, pertencentes a RG, definimos a

soma e o produto de α eβ da seguinte maneira:

α+β= X g∈G

agg

!

+ X

g∈G

bgg

!

=X

g∈G

(12)

1.2 An´eis de Grupos 7

αβ = X

g,h∈G

(agbh)(gh). (1.3)

Verifica-se facilmente que o conjunto RG, munido das opera¸c˜oes de soma e produto

definidas em (1.2) e (1.3) ´e um anel com unidade. Al´em disso, podemos definir uma

multiplica¸c˜ao de elementos de RG por elementos de R, de tal forma que RG seja um

R-m´odulo e, seR for um anel comutativo,RG seja umaR-´algebra. Tal multiplica¸c˜ao

´e definida por

λ X

g∈G

agg

!

=X

g∈G

(λag)g. (1.4)

Defini¸c˜ao 1.2.2. O conjunto RG, com as opera¸c˜oes definidas acima, ´e chamadoanel de grupo de G sobre R. Se R ´e comutativo, RG ´e tamb´em chamado de ´algebra de grupo de G sobre R.

Considere a fun¸c˜aoi:G→RGdefinida pori(x) = X g∈G

agg ondeax = 1 eag = 0 se

g 6=x. Tal fun¸c˜ao ´e uma imers˜ao deG em RG; portanto podemos considerar G como um subconjunto de RG e dizer que G´e uma base de RG sobre R.

Por outro lado, a fun¸c˜ao ν : R → RG dada por ν(r) = X g∈G

agg onde a1G = r e

ag = 0 se g 6= 1G ´e um monomorfismo de an´eis. Logo R pode ser considerado como um subanel de RG.

Defini¸c˜ao 1.2.3. Um anel R, com unidade, diz-se semissimples, se todo ideal `a esquerda de R ´e um somando direto, isto ´e, para todo ideal `a esquerda I de R, existe um ideal `a esquerda J de R tal que R =I ⊕J.

Teorema 1.2.4. Seja R um anel com unidade. Ent˜ao

(13)

1.2 An´eis de Grupos 8

ii) Se R ´e semissimples, ent˜ao R ´e uma soma direta finita de ideais minimais `a esquerda.

Teorema 1.2.5. Seja R = ⊕t

i=1Li uma decomposi¸c˜ao de um anel semissimples com

unidade como soma direta da ideais minimais `a esquerda. Ent˜ao, existe uma fam´ılia {e1,· · · , et} de elementos de R tal que:

i) ei 6= 0 ´e um elemento idempotente, 1≤i≤t;

ii) Se i6=j, ent˜ao eiej = 0;

iii) 1 =e1 +· · ·+et;

iv) ei n˜ao pode ser escrito como soma de dois idempotentes n˜ao nulos cujo produto

´e zero, 1≤i≤t.

Reciprocamente, se existe uma fam´ılia {e1,· · · , et} de idempotentes de R

satis-fazendo as condi¸c˜oes acima, ent˜ao os ideais `a esquerda Li = Rei s˜ao minimais e

R =⊕t i=1Li.

Defini¸c˜ao 1.2.6. Seja R um anel com unidade, uma fam´ılia {e1,· · · , et} de

idempo-tentes de R satisfazendo as condi¸c˜oes (i), (ii) e (iii) do Teorema acima ´e chamada

fam´ılia completa de idempotentes ortogonais. Um idempotente que satisfaz a condi¸c˜ao (iv) chama-se primitivo.

Proposi¸c˜ao 1.2.7. Seja R um anel com unidade semissimples. Ent˜ao

i) R=⊕s

i=1Ai, onde cada Ai ´e um ideal bilateral minimal;

ii) Todo ideal bilateral I de R pode ser escrito como I = Ai1 ⊕ · · · ⊕ Ait, onde

1≤i1 <· · ·< it≤s;

iii) Se R = ⊕r

j=1Bj ´e uma outra decomposi¸c˜ao de R em soma direta de ideais

bi-laterais minimais, ent˜ao s = r e , ap´os uma poss´ıvel reordena¸c˜ao dos ´ındices,

(14)

1.2 An´eis de Grupos 9

Defini¸c˜ao 1.2.8. Os ´unicos ideais bilaterais minimais de um anel semissimples s˜ao chamados as componentes simples de R.

Teorema 1.2.9. Seja R = ⊕s

i=1Ai a decomposi¸c˜ao de um anel com unidade

semis-simples, como soma direta de ideais bilaterais minimais. Ent˜ao, existe uma fam´ılia {e1,· · · , et} de elementos de R tal que:

i) ei 6= 0 ´e um idempotente central, 1≤i≤t;

ii) Se i6=j, ent˜ao eiej = 0;

iii) 1 =e1 +· · ·+et;

iv) ei n˜ao pode ser escrito como soma de dois idempotentes centrais n˜ao nulos cujo

produto ´e zero, 1≤i≤t.

Defini¸c˜ao 1.2.10. Os elementos {e1,· · · , et} de R do Teorema acima s˜ao chamados

de idempotentes centrais primitivos de R.

Teorema 1.2.11 (Wedderburn-Artin). Um anel R com unidade ´e semissimples, se e somente se R ´e uma soma direta de an´eis de matrizes sobre an´eis com divis˜ao:

R ∼=Mn1(D1)⊕ · · · ⊕Mns(Ds).

Em rela¸c˜ao aos an´eis de grupo, temos o seguinte

Teorema 1.2.12 (Maschke). Sejam G um grupo e R um anel com unidade. Ent˜ao, o anel de grupo RG ´e semissimples, se e somente se valem as seguintes condi¸c˜oes

i) R ´e um anel semissimples;

ii) G ´e finito;

iii) |G| ´e invert´ıvel em R.

(15)

1.2 An´eis de Grupos 10

Vamos reunir alguns resultados sobre idempotentes centrais primitivos de algumas

´algebras de grupo.

Defini¸c˜ao 1.2.14. Dado um anel de grupo RG e H um subgrupo finito do grupo G, tal que |H| ´e invert´ıvel em R, denotaremos por Hb o seguinte elemento de RG:

b

H = |H1|X h∈H

h.

Lema 1.2.15. [17, Lema 3.6.6] Sejam R um anel com unidade e H um subgrupo de um grupo G. Se |H| ´e invert´ıvel em R, ent˜ao Hb ´e um elemento idempotente de RG. Al´em disso, se H ⊳ G, ent˜ao Hb ´e central.

Lema 1.2.16. [8, Lema 7.1.2]Sejam p um n´umero primo e A=hai, um grupo c´ıclico de ordem pm, m>1. Seja

A=A0 ⊇A1 ⊇ · · · ⊇Am ={1}

a cadeia descendente de todos os subgrupos de A, isto ´e, Ai = hap i

i. Ent˜ao, os idem-potentes primitivos da ´algebra de grupo QA s˜ao:

e0 =Ab e ei =Aci−Adi−1, 1≤i≤m.

Al´em disso, (QA)ei ∼=Q(ξpi), onde ξpi denota uma raizpi-´esima primitiva da unidade.

Sejam G um grupo finito e F um corpo qualquer tal que car(F) ∤ |G|. Denote por

e o expoente de G e considere ξ uma raiz e-´esima primitiva da unidade. Para cada

θ ∈ Gal(F(ξ),F), temos que θ(ξ) = ξr para algum inteiro positivo r. Podemos ent˜ao definir uma a¸c˜ao do grupo Gal(F(ξ),F) emG, dada por θ(g) = gr.

Denotando porC(g) a classe de conjuga¸c˜ao deg e Γg = X x∈C(g)

x, ent˜aoθ(Γg) = Γθ(g).

Duas classes de conjuga¸c˜ao de Gs˜ao F-conjugadas, se elas se correspondem sob esta a¸c˜ao. Da mesma forma, dois elementos g1 e g2 de G s˜ao F-conjugados, se existem

(16)

1.3 C´odigos Corretores de Erros 11

Teorema 1.2.17 (Witt-Berman [2], Ferraz [5]). SejamGum grupo finito eFum corpo qualquer tal que car(F)∤|G|. Ent˜ao o n´umero de componentes simples da ´algebra FG

´e igual ao n´umero de classes de F-conjuga¸c˜ao.

1.3

odigos Corretores de Erros

Apresentaremos nesta se¸c˜ao os principais resultados da teoria de c´odigos corretores de

erros que motivaram os nossos estudos neste trabalho.

Seja A um conjunto finito com q elementos que ser´a chamado de alfabeto e cujos elementos chamaremos de letras. Uma sequˆencia de n letras de A ser´a chamada de

palavra de comprimento n. Consideremos, ent˜ao, o conjunto

An={(c

0,· · · , cn−1),|ci ∈ A} de todas as palavras de comprimento n sobre A.

Defini¸c˜ao 1.3.1. Um c´odigo de comprimento n ´e um subconjunto n˜ao trivial de An, para algum n.

A Teoria dos C´odigos Corretores de Erros tem como objetivo principal a transmiss˜ao

de mensagens atrav´es de um canal, detectar e corrigir poss´ıveis erros que venham a

ocorrer nessa transmiss˜ao. Para tanto, precisamos formalizar alguns conceitos.

Defini¸c˜ao 1.3.2. Sejam x = (x0, . . . , xn−1) e y= (y0, . . . , yn−1) duas palavras de An.

Definimos a distˆancia de Hamming entre x e y como sendo

d(x, y) =|{i|xi 6=yi,0≤i≤n−1}|.

Em outras palavras, a distˆancia de Hamming entre duas palavras deAn´e o n´umero de

coordenadas em que elas diferem.

Sendo assim, dado um c´odigo C ⊂ An, definimos adistˆancia m´ınima de C como

(17)

1.3 C´odigos Corretores de Erros 12

d(C) =min{d(x, y)|x, y ∈ C, x6=y}.

A distˆancia m´ınima de um c´odigo C ´e um parˆametro do c´odigo muito importante, pois, quanto maior ela for, mais erros o c´odigo ser´a capaz de dectar e corrigir. Mais

explicitamente, temos a seguinte:

Proposi¸c˜ao 1.3.3. [14, Teorema 6.10] Seja C ⊂ An um c´odigo com distˆancia m´ınima

d(C) = d. Ent˜ao, C pode corrigir t erros se e somente se d≥2t+ 1 Em outras palavras, C pode corrigir at´e d−1

2

erros.

Seja Fq um corpo finito com q elementos. ConsiderandoFq como o alfabeto e Fnq o

espa¸co de todas as palavras, um c´odigo linear´e um subespa¸co vetorial de Fn

q( e n˜ao

apenas um subconjunto).

Dada x= (x0, . . . , xn−1) uma palavra em Fnq, definimos o peso dex como sendo

w(x) = d(x,0) =|{i|xi 6= 0, 0≤i≤n−1}|.

Defini¸c˜ao 1.3.4. Dado um c´odogo linear C de Fn

q, definimos o peso de C como sendo

o n´umero

w(C) =min{w(c), c ∈ C, c 6= 0}.

Com isso, temos a seguinte

Proposi¸c˜ao 1.3.5. Seja C ⊂ Fn

q um c´odigo linear. Ent˜ao

i) Para cada x, y ∈ C, temos que d(x, y) = w(x−y),

ii) d(C) = w(C).

Uma fam´ılia importante de c´odigos lineares s˜ao os chamados c´odigos c´ıclicos, que s˜ao os c´odigosC ⊂ Fq, tais que se (x0,· · · , xn−1)∈ C ent˜ao (xn−1,· · · , xn−2)∈ C.

Dado um grupo finito G de ordem n, a ´algebra de grupo FqG e Fnq s˜ao isomorfos como Fq−espa¸cos vetoriais.

(18)

1.3 C´odigos Corretores de Erros 13

Teorema 1.3.6. Um c´odigo C ⊂ Fn

q sobre Fq ´e c´ıclico, se e somente se sua imagem

pela aplica¸c˜ao

ψ :Fn

q −→FqCn

(x0,· · · , xn−1)7−→Pni=0−1xiai

´e um ideal de FqCn.

Mais geralmente, umc´odigo de grupo´e, por defini¸c˜ao, um ideal da ´algebra de grupo

FqG de um grupo finito. Dedicamos o resto deste trabalho ao estudo de c´odigos

(19)

Cap´ıtulo 2

´

Algebras de Grupos Metac´ıclicos

sobre Corpos Finitos

2.1

umero de componentes simples

Ao longo desta se¸c˜ao, G indicar´a sempre um grupo metac´ıclico com a seguinte

apre-senta¸c˜ao:

G=ha, b|am = 1 =bn, bab−1 =aii

em en denotar˜ao sempre as ordens de a e b respectivamente. Ainda, Fq denotar´a um corpo finito com q elementos satisfazendomdc(q,|G|) = 1.

Antes de iniciarmos nosso estudo sobre ´algebra de grupo, vamos expor um resultado

sobre grupos de Galois de corpos finitos.

Teorema 2.1.1. [11, Teorema 4.26] Seja Fq um corpo finito com q elementos, E uma

extens˜ao de Fq com [E :Fq] =n. Ent˜ao E ´e uma extens˜ao c´ıclica sobre Fq com grupo

de Galois hσi onde σ ´e o Fq-automorfismo de E definido por σ(a) = aq, para todo

a∈E.

(20)

2.1 N´umero de componentes simples 15

Observa¸c˜ao 2.1.2. Sabemos que dois elementosg1 eg2 deGs˜aoFq-conjugados emG,

se existem θ∈Gal(Fq(ξ),F) eh∈G tais que g1 =h(θ(g2))h−1. Em vista do Teorema

2.1.1, g1 e g2 s˜ao Fq-conjugados em G, se e somente se existems∈Z eh∈G, tais que

g1 =hgq

s

2 h−1, uma vez que θ(ξ) =σs(ξ) =ξq

s .

A seguir, vamos provar um Lema que ser´a muito ´util.

Lema 2.1.3. Sejam H um grupo finito, x e y dois elementos de H. Seja Fq um corpo

finito com q elementos tal que mdc(q,|H|)=1. Se x e y s˜ao Fq-conjugados em H, ent˜ao

x e y s˜ao Q-conjugados em H.

Demonstra¸c˜ao. Sejam e o expoente de H e ξ uma raiz e-´esima primitiva da uni-dade. Se x e y s˜ao Fq-conjugados, existem h ∈ H e ϕ ∈ Gal(Fq(ξ),Fq) tais que

y = h(ϕ(x))h−1. Pelo Teorema 2.1.1, existe s ∈ Z, tal que ϕ(ξ) = ξqs. Al´em disso, comomdc(q,|H|) = 1, ent˜ao mdc(qs, e) = 1. Podemos ent˜ao definir ϕGal(Q(ξ),Q)

por ϕ∗(ξ) =ξqs. Logo y =h(ϕ∗(x))h−1 o que nos mostra que x e y s˜ao Q-conjugados em H.

Corol´ario 2.1.4. Seja H um grupo finito. Cada Q-classe de H ´e uma uni˜ao disjunta de Fq-classes. Consequentemente se o n´umero de Fq-classes e de Q-classes s˜ao iguais,

ent˜ao as Q-classes e as Fq-classes coincidem.

Notemos que, pelo Lema 2.1.3, o n´umero de componentes simples da ´algebra QG´e

menor ou igual ao n´umero de componentes simples da ´algebraFqG. Isto nos motiva a

introduzir a seguinte

Defini¸c˜ao 2.1.5. Sejam G um grupo finito eFq um corpo finito com q elementos, tais

que mdc(q,|G|) = 1. Dizemos que o n´umero de componentes simples da ´algebra FqG ´e

minimal, se as ´algebras QG e FqG tˆem o mesmo n´umero de componentes simples.

Ferraz e Sim´on-Pinero determinaram, em [7], o n´umero de componentes simples da

´algebra QG. Neste cap´ıtulo vamos determinar condi¸c˜oes sobre os inteiros m e n para

(21)

2.1 N´umero de componentes simples 16

Iniciaremos apresentando dois resultados cujas demonstra¸c˜oes podem ser

encontra-das em [7].

Lema 2.1.6. [7, Lema 2.4]

Sejam H um grupo finito , x e y elementos de H. Ent˜ao x e y s˜ao Q-conjugados em H, se e somente se existem h ∈H e s ∈ Z, tais que xs =hyh−1 e os elementos x e y

tˆem a mesma ordem.

Proposi¸c˜ao 2.1.7. [7, Proposi¸c˜ao 2.6]SejaGum grupo metac´ıclico. Para cada inteiro

k, existe um ´unico divisor v de n, tal que os elementos bk e bv s˜ao Q-conjugados em

G. Esse divisor ´e v =mdc(k, n).

Consequentemente, tem-se tamb´em o seguinte:

Corol´ario 2.1.8. Sejam H um grupo e k um inteiro satisfazendomdc(k, n) = 1. Ent˜ao os elementos bk e b s˜ao Q-conjugados em H.

O Corol´ario 2.1.8 nos motiva a determinar condi¸c˜oes sobre n para que, dado um

inteiro k satisfazendo mdc(k, n) = 1, se tenha que bk e b s˜ao Fq-conjugados em G.

Sendo assim, para corpos finitos, obtemos o seguinte resultado:

Lema 2.1.9. Seja G um grupo metac´ıclico. Ent˜ao os elementosbkebs˜aoF

q-conjugados,

para todo inteiro k com mdc(k,n)=1, se e somente se o grupo U(Zn) das unidades dos inteiros m´odulo n ´e c´ıclico, gerado por, a classe de q em Zn.

Demonstra¸c˜ao. Suponhamos que U(Zn) = hq¯i. Ent˜ao, para todo ¯k ∈ U(Zn), existe

s ∈Z tal que, ¯k = ¯qs. Logo bk =bqs

, o que, pela Observa¸c˜ao 2.1.2 nos mostra, que bk

e b s˜ao Fq-conjugados.

Reciprocamente, se bk e b s˜ao Fq-conjugados, ent˜ao bk =hbqs

h−1 para algumsZ

e algum h∈G. Escrevendo h=atbx, ent˜ao

(22)

2.1 N´umero de componentes simples 17

Este fato nos mostra que bqs

b−k∈ hai ∩ hbi consequentemente bqs

=bk mostrando que ¯

k = ¯qs em U(Zn).

Lema 2.1.10. Sejam um inteiro k tal que mdc(k,n)=1 e n1, um divisor positivo den.

Se bk e bn1 s˜ao F

q-conjugados, ent˜ao n1 = 1. Analogamente, se mdc(k, m) = 1 e ak e

am1 s˜ao F

q-conjugados com m1 um divisor positivo de m, ent˜ao m1 = 1.

Demonstra¸c˜ao.

Se bk ebn1 s˜ao Fq-conjugados, ent˜ao existes Z tal que

bk=bqsn

1

assim k = qsn

1 +αn = qsn1 + αβn1 = zn1. Logo mdc(k, n) = mdc(zn1, βn1) =

n1mdc(z, β) = 1 mostrando que n1 = 1. .

Proposi¸c˜ao 2.1.11. Sejam G um grupo metac´ıclico e Fq um corpo finito com q

ele-mentos, tal que mdc(q,|G|)=1. Se o n´umero de componentes simples da ´algebra FqG

´e minimal, ent˜ao o grupo U(Zn) ´e um grupo c´ıclico gerado por.

Demonstra¸c˜ao. Se o n´umero de componentes simples da ´algebraFqG´e minimal, pelo Corol´ario 2.1.4, dois elementos bk1 e bk2 s˜ao Q-conjugados em G se e somente se bk1 e

bk2 s˜ao Fq-conjugados emG. Assim, pelo Corol´ario 2.1.7, para cada inteirok existe um

divisorv den, tal que os elementosbkebv s˜aoQ-conjugados emG, e consequentemente

bk e bv s˜ao Fq-conjugados em G. Tomando um inteiro k tal que mdc(k, n) = 1, existe

um divisor positivom1 den tal quebk ebm1 s˜aoFq-conjugados. No entanto, pelo Lema 2.1.10, m1 = 1, o que nos mostra que, para todo inteiro k satisfazendo mdc(k, n) = 1,

tem-se quebk eb s˜ao F

q-conjugados emG. Assim, pelo Lema 2.1.9,U(Zn) ´e um grupo c´ıclico gerado por ¯q.

Sabendo que o n´umero de componentes simples de FqG ´e minimal, conseguimos

determinar uma condi¸c˜ao sobre n. Agora vamos tentar determinar condi¸c˜oes sobre m.

(23)

2.1 N´umero de componentes simples 18

Lema 2.1.12. Seja A = hai. Dados dois elementos ak e aj A, ent˜ao eles s˜ao

Q-conjugados em G se e somente se mdc(k,m)=mdc(j,m).

Demonstra¸c˜ao. Sejaeo expoente deG. Por defini¸c˜ao,akeaj s˜aoQ-conjugados emG se e somente se existemh∈Ge um inteiror commdc(r, e) = 1, tais que aj =hakrh−1.

Pelo Teorema 1.1.3, e=mmc(m, n) e ent˜ao mdc(r, m) = 1. Seja h=axby. Temos

aj =axbyakrb−ya−x =akriy .

Esta igualdade nos mostra que

j ≡kriy mod(m). (2.1)

Sejam dk = mdc(k, m) e dj = mdc(j, m). Como dj divide j e m ent˜ao dj divide

kriy. Sabemos que i∈ U(Zm), da Defini¸c˜ao 1.1.1. Ainda, como mdc(r, m) = 1 temos tamb´em que r ∈ U(Zm) donde riy ∈ U(Zm). Consequentemente, existem inteiros α e

β tais que

1 =αriy+βmk =kαriy+kβm.

Como dj | kriy e dj | m, podemos escrever k = djk1 +djk2, com k1, k2 ∈ Z, que nos

mostra que dj | dk. Reciprocamente, como dk |k e dk |m, dk | kriy, segue de 2.1 que

dk |j, logo dk |dj, donde dj =dk.

Suponhamos que mdc(k, m) =mdc(j, m). Ent˜ao os ideais

(dk) ={αk +βm |α, β ∈Z} e (dj) ={αj+βm |α, β ∈Z} s˜ao iguais. Logo, existem

α0, β0 ∈Ztais que j =α0k+β0m. Com isso, aj =aα0kcom o(aj) =o(ak) e o resultado

segue do Lema 2.1.6.

Corol´ario 2.1.13. Para cadaakG, existe um ´unico divisor v de m, tal que ak e av

s˜ao Q-conjugados em G.

(24)

2.1 N´umero de componentes simples 19

Corol´ario 2.1.14. Sejam am1 e am2 em G com m

1, m2 ∈ N satisfazendo m1 | m e

m2 |m. Se am1 e am2 s˜ao Q-conjugados em G, ent˜ao m1 =m2.

Dado um elemento aj de G, como bxajb−x = ajix

para todo x ∈ Z, sua classe de conjuga¸c˜ao ´e o conjunto

Γaj ={aj, aji, aji

2

,· · · , ajin−1

}.

Notemos, novamente que pelo Lema 2.1.6, para todo k ∈ Z com mdc(k, m) = 1, tem-se queak e a s˜ao Q-conjugados. Sobre Fq, temos o seguinte:

Lema 2.1.15. Seja k um inteiro tal que mdc(k,m)=1. Ent˜ao os elementos a e ak s˜ao

Fq-conjugados em G se e somente se U(Zm) =h¯ii hq¯i.

Demonstra¸c˜ao. Seja k ∈ Z tal que mdc(k, m) = 1. Suponhamos que a e ak s˜ao F q-conjugados emG. Por defini¸c˜ao, existem h∈Ge s∈Z satisfazendo akqs

=hah−1, ou

seja, o elementoakqs

pertence `a classe de conjuga¸c˜ao dea, o que implica queakqs =ait

para algum t, 0≤t ≤n−1. Em outras palavras, ¯kq¯s = ¯it em Z

m logo ¯k= ¯it(¯qs)−1 o que mostra que U(Zm) =h¯ii hq¯i.

Reciprocamente, se U(Zm) = h¯ii hq¯i, ent˜ao todo ¯k ∈ U(Zm) pode ser escrito como ¯

k = ¯itq¯s e, consequentemente,a e ak s˜ao Fq-conjugados em G.

Estamos em condi¸c˜oes de provar o principal resultado desta se¸c˜ao.

Teorema 2.1.16. Sejam G um grupo metac´ıclico eFq um corpo finito comqelementos

tal que mdc(q,|G|)=1. Se o n´umero de componentes simples da ´algebraFqG´e minimal,

ent˜ao U(Zn) = hq¯i e U(Zm) = h¯ii hq¯i.

Demonstra¸c˜ao. Se o n´umero de componentes simples da ´algebra FqG ´e minimal, ent˜ao pela Proposi¸c˜ao 2.1.11, U(Zn) = hq¯i.

Dado k um inteiro, tal que mdc(k, m) = 1. Pelo Lema 2.1.12, temos que a e ak

(25)

2.1 N´umero de componentes simples 20

resultado segue pelo Lema 2.1.15.

Enunciaremos a seguir um resultado de Teoria dos N´umeros que ser´a necess´ario

adiante.

Teorema 2.1.17. [13, Teorema 6.11] Seja n um n´umero inteiro. Ent˜ao o grupoU(Zn)

´e c´ıclico se e somente se n = 1,2,4, pm ou 2pm, com p primo ´ımpar.

Ferraz e Polcino Milies, em [6], provaram o seguinte

Teorema 2.1.18. [6, Teorema 2.2] Sejam Fq um corpo finito com q elementos e A um

grupo abeliano de expoente e, tal que mdc(q,|A|)=1. Ent˜ao o n´umero de componentes simples da ´algebraFqA´e minimal se e somente se U(Ze)´e um grupo c´ıclico gerado por ¯

q∈Ze.

Seja, agora, A um grupo abeliano finito de ordem mn, tal queA=hxi × hyi, onde o(x) = m e o(y) = n. Ent˜ao, o expoente de A ´e e = mmc(m, n). Portanto, pelo

Teorema 2.1.18, se o n´umero de componentes simples da ´algebraFqG´e minimal, ent˜ao

U(Ze) = hq¯i. Mais precisamente, pelo Teorema 2.1.17, temos os seguintes casos:

1. e= 2 e q´ımpar.

Neste caso, devemos ter m = n = 2, pois e = mmc(m, n), logo U(Zm) = hq¯i e

U(Zn) = hq¯i.

2. e= 4 e q≡3(mod 4).

Neste caso, devemos ter m=n= 4 e novamente teremos U(Zm) =hq¯i e

U(Zn) = hq¯i.

3. e=ps e U(Z

ps) =hq¯i.

Neste caso,m =ps en =pt com t s, portanto U(Zm) =hq¯i e U(Zn) = hq¯i.

4. e= 2ps eU(Z

2ps) =hq¯i.

(26)

2.2 Idempotentes Centrais Primitivos 21

Assim, se o n´umero de componentes simples da ´algebra FqA ´e minimal, ent˜ao

U(Zm) =hq¯ieU(Zn) = hq¯i, exatamente o mesmo resultado obtido no Teorema 2.1.16, pois, neste caso, i= 1.

Observa¸c˜ao 2.1.19. A rec´ıproca do Teorema 2.1.16 n˜ao vale sempre. De fato, consi-derando um grupo abeliano A=hxi × hyi, onde o(x) = pm e o(y) = n, de tal maneira queU(Zpm) =hq¯i eU(Zn) =hq¯i, ent˜ao o expoente deA´ee =exp(A) = pmℓn. Assim,

Ze=Zpmn ∼=Zpm⊕Zn

donde

U(Ze)∼=U(Zpm)× U(Zn).

Como |U(Zpm)|e|U(Zn)|s˜ao ambos pares, este produto direto n˜ao ´e c´ıclico, o que nos mostra que o n´umero de componentes simples da ´algebra FqA n˜ao ´e minimal.

2.2

Idempotentes Centrais Primitivos

Ao longo desta se¸c˜ao, G indicar´a sempre um grupo metac´ıclico n˜ao abeliano com a seguinte apresenta¸c˜ao:

G=a, b|apm

= 1 =bℓn

, bab−1 =ai

onde e p e ℓ s˜ao n´umeros primos ´ımpares distintos e i 6= 1. Seja, ainda, Fq um corpo finito com q elementos, tal que mdc(q,|G|)=1.

Da nossa hip´otese sobre G, sabemos que iℓn

≡ 1mod (pm), logo o(i) = s em

U(Zpm). Nosso objetivo ´e mostrar que, sob estas condi¸c˜oes e o(i) = ℓn em U(Zpm) , vale a rec´ıproca do Teorema 2.1.16, ou seja, se U(Zpm) = hq¯i e U(Zn) = hq¯i, ent˜ao o n´umero de componentes simples da ´algebra FqG ´e minimal. Tendo em m˜aos este

(27)

2.2 Idempotentes Centrais Primitivos 22

Para cada n´umero natural v, 0≤v ≤ℓn1, definimos

tv =mdc(iv−1, pm).

Denotando por ℓs a ordem de i em U(Zpm), obtemos o seguinte resultado

Lema 2.2.1. Se k < s, ent˜ao mdc(iℓk

−1, pm) = 1.

Demonstra¸c˜ao. Seja d = mdc(iℓk

−1, pm). Ent˜ao d = pt com t m e existe um n´umero inteiro r tal que iℓk

−1 =rpt, donde iℓk

= 1 +rpt. Mas

iℓs = (iℓk

)ℓs−k

= (1 +rpt)ℓs−k

=P ℓsj−k(rpt)ℓs−kj = (rpt)ℓs−k

+· · ·+ℓs−krpt+ 1. Da nossa suposi¸c˜ao, iℓs

−1 =upm, para algum inteiro u. Ent˜ao

upm = (rpt)ℓs−k

+· · ·+ℓs−krpt e, dividindo por pt, obtemos

upm−t=rℓs−k

pℓs−ktt

+· · ·+ℓs−kr. Se 0 < t < m, ent˜ao p | r e, como iℓk

−1 = rpt segue que pt+1 | iℓk

−1 uma contradi¸c˜ao pois mdc(iℓk

−1, pm) =pt. Set =m, ent˜aopm |(iℓk

−1), dondeiℓk = 1 em U(Zpm), tamb´em uma contradi¸c˜ao, pois o(i) =ℓs. Logo t = 0.

No que segue, vamos precisar dos seguintes resultados de Ferraz e Sim´on-Pinero:

Lema 2.2.2. [7, Lema 2.3]

Sejam H um grupo de expoente e a e b elementos de H. Ent˜ao a e b s˜ao

Q-conjugados em H se e somente se existem h∈H e τ ∈Z com mdc(τ, o(a)) = 1, tal

(28)

2.2 Idempotentes Centrais Primitivos 23

Proposi¸c˜ao 2.2.3. [7, Proposi¸c˜ao 2.6] Seja H um grupo metac´ıclico com a seguinte apresenta¸c˜ao:

H =ha, b|am = 1, bn =as, bab−1 =aii.

Ent˜ao, dado um elemento axby H, existe um ´unico divisor v de n, tal que axby ´e

Q-conjugado a arbv para algum r. Al´em disso, v =mdc(y, n) e podemos escolher r, tal

que 0≤r≤tv −1.

Corol´ario 2.2.4. [7, Corol´ario 2.7] Seja H um grupo metac´ıclico com a seguinte apre-senta¸c˜ao:

H =ha, b|am = 1, bn =as, bab−1 =aii.

Seja tv =mdc(iv −1, m). Definindo

Dv ={arbv |0≤r ≤tv−1}

tem-se que cada elemento de H ´e Q-conjugado a um elemento em [

v|n

Dv, e nenhum

elemento em Dv1 pode ser Q-conjugado a outro elemento de Dv2, se v1 6=v2.

Como, no nosso caso, ℓ ´e um n´umero primo, temos que [ v|ℓn

Dv =D1∪ · · · ∪Dℓn.

SejaFq um corpo finito comqelementos, tal que mdc(q,|G|) = 1. Suponhamos que

U(Zpm) =hq¯i, U(Zn) = hq¯i.

Suponhamos, ainda, que o(i) =ℓn em U(Z

pm). Pelo Lema 2.2.1,

tℓk =mdc(iℓ k

−1, pm) = 1, sek < n donde

Dℓk ={ajbℓ k

: 0≤j ≤tℓk −1}={bℓ k

}.

Pelo Corol´ario 2.2.4, todo elemento de G da forma axby ´eQ-conjugado a bℓk , para

algum inteiro k. Entretanto, pelo Lema 2.2.2, existem γ ∈ U(Zℓn) e h ∈ G, tais que (axby)γ =hbℓk

(29)

2.2 Idempotentes Centrais Primitivos 24

Dados dois elementos da forma ax1by1 eax2by2 que s˜ao Q-conjugados, ent˜ao eles s˜ao

Q-conjugados ao mesmo elementobℓk

, k < s. Assim,ax1by1 eax2by2 s˜ao Q-conjugados,

se e somente se ax1by1 eax2by2 s˜ao Fq-conjugados pois U(Z

ℓn) =hq¯i.

Por fim, pelo Corol´ario 2.1.13, um elemento da forma aj ´e Q-conjugado a av com

v | pm. Al´em disto, dois elementos aj e ak G s˜ao Q-conjugados em G se e somente se existem γ1 ∈ U(Zpm) e g ∈G, tais que (aj)γ1 =gakg−1 e isto acontece se e somente se aj e ak s˜ao Fq-conjugados emG, uma vez que U(Z

pm) = hq¯i.

Consequentemente, mostramos que dois elementos g1 e g2 de G s˜ao Q-conjugados

se e somente se eles s˜aoFq-conjugados, portanto o n´umero de componentes simples da

´algebraFqG´e minimal. Finalmente, o n´umero de componentes simples da ´algebraFqG

´e igual ao n´umero de divisores depm somado com o n´umero de divisores de n, logo o

n´umero de componentes simples da ´algebra FqG´em+n+ 1.

Como p eℓ s˜ao n´umeros primos, denotando A=hai e B =hbi, temos as seguintes cadeias de subgrupos:

A=A0 ⊇A1 ⊇ · · · ⊇Am ={1}

B =B0 ⊇B1 ⊇ · · · ⊇Bn={1}

com Ai =hap i

i eBj =hbℓ j

i.

Considerando os idempotentes associados a estas cadeias, isto ´e,

e0 =Ab e ei =cAi−Adi−1, 1≤i≤m

f0 =Bb e fj =Bcj−B[j−1, 1≤j ≤n

podemos escrever:

1 = f0e0+f1e0+· · ·+fne0+e1+· · ·+em.

Os idempotentes acima constru´ıdos s˜ao centrais e existem exatamentem+n+ 1 o

que nos mostra que o conjunto

{fje0,0≤j ≤n} ∪ {ei,1≤i≤m}

(30)

Cap´ıtulo 3

´

Algebras de Grupo de Alguns

Grupos Metac´ıclicos Particulares

3.1

Resultados Preliminares

Dutra, Ferraz e Polcino Milies provaram em [4], Teorema 3.3, o seguinte resultado:

Teorema 3.1.1. Sejam Dn um grupo diedral com a seguinte apresenta¸c˜ao

Dn =ha, b|an = 1 =b2, bab=a−1i

eFq um corpo finito com q elementos tal quemdc(q, 2n)=1. O n´umero de componentes

simples da ´algebra FqDn ´e minimal se e somente se vale uma das seguintes condi¸c˜oes:

i) n= 2 ou 4 e q ´ımpar;

ii) n= 2m com m3 e q congruente `a 3 ou 5 m´odulo 8;

iii) n=pm com p primo ´ımpar e a classe q ´e um gerador de U(Z pm);

iv) n=pm com p primo ´ımpar e a classe q ´e um gerador do subgrupo

U2(Z

pm) = {x2 |x∈ U(Zpm)} e −1 n˜ao ´e um quadrado em U(Zpm) ;

v) n= 2pm e com p primo ´ımpar e a classe q ´e um gerador de U(Z

2pm);

(31)

3.1 Resultados Preliminares 26

vi) n= 2pm com p primo ´ımpar e a classe q ´e um gerador do subgrupo

U2(Z

2pm) ={x2 |x∈ U(Z2pm)} e −1 n˜ao ´e um quadrado em U(Z2pm);

vii) n= 4pm com p primo ´ımpar, q e (-q) tˆem ordem ϕ(pm) m´odulo 4pm;

viii) n =pm1

1 p

m2

2 com p1 e p2 primos ´ımpares, mdc(ϕ(pm11), ϕ(p

m2

2 )) = 2, q e (-q) tˆem

ordem ϕ(pm1

1 )ϕ(pm2 2)/2 em U(Zpm1 1 p

m2

2 );

ix) n= 2pm1

1 pm22 com p1 e p2 primos ´ımpares,mdc(ϕ(pm1 1), ϕ(pm2 2)) = 2, q e (-q) tˆem

ordem ϕ(pm1

1 )ϕ(pm2 2)/2 em U(Z2pm1 1 p

m2

2 ).

Neste cap´ıtulo, consideraremos grupos metac´ıclicos n˜ao abelianos com a apre-senta¸c˜ao:

G=ha, b|an = 1 =b2, bab=aii.

tendo como objetivo principal, estender o Teorema 3.1.1.

Vamos enunciar alguns resultados de teoria dos n´umeros que ser˜ao utilizados na

demonstra¸c˜ao do principal resultado deste cap´ıtulo.

Lema 3.1.2. [22, Corol´ario 4.2.7]Sejaξuma raiz n-´esima primitiva da unidade. Ent˜ao

Gal(Q(ξ),Q)∼=U(Zn).

Defini¸c˜ao 3.1.3. Seja n um inteiro. Definimos a fun¸c˜ao de Euler ϕ(n) como o n´umero de inteiros a= 1,2, . . . , n tais que mdc(a,n)=1.

Lema 3.1.4. [13, Lema 5.4] Se n =pm, onde p ´e um n´umero primo, ent˜ao

ϕ(pm) = pm−1(p1).

Teorema 3.1.5. [13, Teorema 5.6] Sejam m e n um n´umeros inteiros primos entre si. Ent˜ao ϕ(mn) =ϕ(m)ϕ(n).

Teorema 3.1.6. [13, Teorema 6.11] Seja n um n´umero inteiro. Ent˜ao o grupo U(Zn)

(32)

3.1 Resultados Preliminares 27

Lema 3.1.7. Seja m≥3 um inteiro. Ent˜ao

52m−3

≡ 2m−1+ 1 (mod 2m)

−52m−3 ≡ 2m−1−1 (mod 2m).

Demonstra¸c˜ao. Sabe-se que 2m−1 ´e a maior potˆencia de 2 que divide 52m−3

−1 ([13, Lema 6.9]). Logo

52m−3

−1 = 2m−1s

onde s= 2k+ 1 ´e um inteiro ´ımpar. Assim,

52m−3

−1 = 2mk+ 2m−1

donde

52m−3

≡ 2m−1+ 1 (mod 2m).

Como 2m−1 ≡ −2m−1 (mod 2m), a segunda afirma¸c˜ao segue imediatamente.

Teorema 3.1.8. [13, Teorema 6.10] Se m ≥3, ent˜ao

U(Z2m) = {±5j |0≤j ≤2m−2}.

Em outras palavras, U(Z2m) = −1×5. Al´em disto, as unidades de ordem 2 em

Z2m s˜ao −1, 2m−1−1 e 2m−1+ 1. Ainda, como |U(Z2m)|= 2m−1, ent˜ao o(5) = 2m−2.

Defini¸c˜ao 3.1.9. Um elemento x ∈ U(Zn), diz-se res´ıduo quadr´atico m´odulo n se x =s2 para algum s ∈ U(Zn). O subgrupo dos res´ıduos quadr´aticos m´odulo n ser´a

denotado por Qn.

Teorema 3.1.10. [13, Teorema 7.14] Seja x um n´umero inteiro ´ımpar. Ent˜ao x∈Q4

(33)

3.1 Resultados Preliminares 28

Lema 3.1.11. [13, Lema 7.3] Seja n > 2. Suponhamos que U(Zn) seja um grupo c´ıclico. Ent˜ao Qn ´e um grupo c´ıclico de ordem ϕ(n)/2, gerado por g2, onde g ´e um

gerador de U(Zn).

Teorema 3.1.12. [13, Teorema 7.15] Seja n = n1n2· · ·nk com nj primos entre si.

Ent˜ao x∈Qn se e somente se x∈Qnj para cada j.

Lema 3.1.13. [19, Corol´ario 6.6] Todo grupo abeliano finito A ´e um produto direto de grupos c´ıclicos A=Cm1 ×Cm2 × · · · ×Cmt com m1 |m2 | · · · |mt.

Defini¸c˜ao 3.1.14. Dizemos que um grupo abeliano finito A possui fatores invari-antes (m1,· · · , mt) se A=Cm1 ×Cm2 × · · · ×Cmt com m1 |m2 | · · · |mt..

Lema 3.1.15. [19, Corol´ario 6.14]

1. Dois grupos abelianos finitos s˜ao isomorfos se e somente se eles possuem os mes-mos fatores invariantes.

2. Sejam A, B e C grupos abelianos finitos. Se A×B ∼=A×C, ent˜ao B ∼=C.

Para cada m∈Z, definimos uma fun¸c˜ao:

fm :G−→G

ajbk 7−→ajmbk, k= 0,1.

´

E f´acil verificar que fm ´e um homomorfismo de grupos. Ainda, fm ◦fn = fmn, donde fm ∈Aut(G) se m∈ U(Zn).

(34)

3.1 Resultados Preliminares 29

Proposi¸c˜ao 3.1.16. O grupo das unidades dos inteiros m´odulo n ´e isomorfo a um subgrupo do grupo Aut(G).

Demonstra¸c˜ao. Considere a seguinte fun¸c˜ao:

ψ :U(Zn)−→Aut(G)

m 7−→fm.

Note que fm =I implica que, em particular,a=am, donde am−1 = 1. Consequen-temente, m≡1 (mod n).

Seja, agora, Fq um corpo finito com q elementos, tal que mdc(q,|G|) = 1. Como

|G|= 2n, tem-se queq∈ U(Zn) e, portanto,fq ∈Aut(G). Sejae´e o expoente do grupo

G. Dada uma raiz e-´esima primitiva da unidade ξ, o grupo de Galois Gal(Fq(ξ),Fq) ´e

c´ıclico, gerado pelo automorfismo de Frobenius σ :ξ7→ξq.

Vamos mostrar que existe uma rela¸c˜ao entre Gal(Fq(ξ),Fq) e o subgrupo de Aut(G) gerado por fq. Mais precisamente, temos a seguinte resultado, que tem interesse em si

mesmo, mas n˜ao ser´a necess´ario adiante.

Proposi¸c˜ao 3.1.17. Seja e o expoente de G e seja ξ uma raiz primitiva e-´esima da unidade. Ent˜ao os grupos Gal(Fq(ξ),Fq) e hfqi s˜ao isomorfos.

Demonstra¸c˜ao. Definimos a seguinte aplica¸c˜ao:

Φ : Gal(Fq(ξ),Fq)−→ hfqi

σt 7−→f qt.

Notemos inicialmente que σk(ξ) =ξqk .

1. Φ ´e um homomorfismo de grupos.

σk1σk2 =σk1+k2, portanto Φ(σk1σk2) = f

(35)

3.2 A Estrutura da ´Algebra 30

2. Φ ´e injetora.

Seja σk ker(Φ). Ent˜ao f

qk = f1. Isto implica que a = aq k

, logo qk = 1 +βn,

donde σk(ξ) = ξqk

=ξξβn.

Sen´e par ent˜aon=exp(G), dondeσk(ξ) =ξ. Sen´e ´ımpar, ent˜aoexp(G) = 2n.

Como mdc(q,2n) = 1, temos que q tamb´em ´e ´ımpar. Na equa¸c˜ao qk = 1 +βn,

estes fatos implicam queβ ´e par, isto ´e, β = 2β′. Ent˜ao

σk(ξ) =ξξ2β′n

=ξ.

Em qualquer caso, σ=Id.

Claramente, Φ ´e sobrejetora, o que prova a Proposi¸c˜ao.

3.2

A Estrutura da ´

Algebra

Vamos come¸car apresentando um Lema t´ecnico.

Lema 3.2.1. SejamGum grupo metac´ıclico n˜ao abeliano com a seguinte apresenta¸c˜ao

G=ha, b|an= 1 =b2, bab=aii.

e d=mdc(n, i−1). As classes de conjuga¸c˜ao dos elementos n˜ao centrais deG s˜ao da forma C(am) ={am, ami} e C(ajb) =ajbG=ajbhai−1i, 0j d1.

Demonstra¸c˜ao.

A inclus˜ao C(x) ⊂ xG′ vale para grupos em geral. S´o temos que provar que, no

nosso caso, vale a inclus˜ao contr´aria. De fato, dado y∈ajbG, temos que

y =ajb(ai−1)k=ajbaika−k =ajakba−k =ak(ajb)a−k. Logo ajbG⊂ C(ajb).

Queremos estender o Teorema 3.1.1 e isso significa determinar para quais valores

(36)

3.2 A Estrutura da ´Algebra 31

Lema 3.2.2. Sejam m1 e m2 divisores positivos de n. Se os elementos de G, am1 e

am2, s˜ao F

q-conjugados em G, ent˜ao m1 =m2.

Demonstra¸c˜ao. Sejam am1 e am2 elementos de G Fq-conjugados. Existem h G

e t0 ∈ Z, tais que am1 = h(am2)q

t0

h−1, ou seja, am1 = am2qt0 ou am1 = am2iqt0. Isso

implica quem1 =m2qt0+knoum1 =m2qt0i+kn. Entretanto,m2 dividen, ent˜aom2

dividem1. Analogamente, mostramos quem1 dividem2 e, comom1em2 s˜ao positivos,

tem-se quem1 =m2.

Proposi¸c˜ao 3.2.3. Seja G um grupo metac´ıclico n˜ao abeliano com a seguinte apre-senta¸c˜ao:

G=ha, b|an= 1 =b2, bab=aii.

Os elementosa e am, para todom, tal que m∈ U(Z

n), s˜ao Fq-conjugados se e somente

se q gera o grupo U(Zn), ou U(Zn) = hqi ×i.

Demonstra¸c˜ao. Suponhamos que a e am s˜ao F

q-conjugados. Ent˜ao, am = aq t

ou

am = aiqt

, para algum t ∈ Z. Isto nos mostra que U(Zn) = ihqi. Se i ∈ hqi, ent˜ao

U(Zn) = hqi, caso contr´ario,U(Zn) =

i× hqi. Reciprocamente, seU(Zn) =hqi, ent˜aoam =aqt

e estes elementos s˜aoFq-conjugados

em G. Se q gera um subgrupo de ´ındice 2 em U(Zn) e i /∈ hqi, ent˜ao mhqi = hqi ou

mhqi =ihqi. No primeiro caso, m =qk para algum k, donde am =aqk

e a e am s˜ao

Fq-conjugados. Semhqi=ihqi, ent˜ao m =iqt, para algumt dondeam =aiq t

e, como

ai ´e conjugado a a, temos que a e am s˜ao Fq-conjugados.

Sabemos, pelo Corol´ario 2.1.13, que, para cada ak G, existe um ´unico divisor v den, tal queak eav s˜ao Q-conjugados emG. Al´em disso, como mdc(q,|G|) = 1 se am1

eam2 s˜ao Fq-conjugados em G, ent˜aoam1 e am2 s˜ao Q-conjugados emG. Esse fato nos

(37)

3.2 A Estrutura da ´Algebra 32

Teorema 3.2.4. Sejam G um grupo metac´ıclico n˜ao abeliano com a seguinte apre-senta¸c˜ao:

G=ha, b|an= 1 =b2, bab=aii

Fq um corpo finito com q elementos, tal que mdc(q, 2n)=1. Se o n´umero de

componen-tes simples da ´algebraFqG´e minimal, ent˜ao qgera o grupoU(Zn)ouU(Zn) = hqi×

i.

Demonstra¸c˜ao. A demonstra¸c˜ao ´e an´aloga `a do Teorema 2.1.16.

Lema 3.2.5. SejamGum grupo metac´ıclico n˜ao abeliano com a seguinte apresenta¸c˜ao:

G=ha, b|an= 1 =b2, bab=aii

Fq um corpo finito com q elementos tal que mdc(q, 2n)=1. Suponhamos que q gera o

grupo U(Zn) ou U(Zn) = hqi ×i. As seguintes afirma¸c˜oes s˜ao equivalentes.

1. am1 e am2 s˜ao F

q-conjugados em G

2. am1 e am2 s˜ao Q-conjugados em G

Demonstra¸c˜ao. Notemos que, por hip´otese, mdc(q, n) = 1, logo se am1 e am2 s˜ao

Fq-conjugados emG, pelo Lema 2.1.3, am1 eam2 s˜ao Q-conjugados emG.

Suponhamos que am1 e am2 s˜ao Q-conjugados. SeU(Zn) = hqi, ent˜ao am1 =am2qt,

e se U(Zn) =

i × hqi, ent˜ao am1 = am2qti. Em ambos os casos, am1 e am2 s˜ao

Fq-conjugados.

Vamos provar um Lema t´ecnico que nos ser´a muito ´util.

Lema 3.2.6. SejamGum grupo metac´ıclico n˜ao abeliano com a seguinte apresenta¸c˜ao:

G=ha, b|an= 1 =b2, bab=aii

Fq um corpo finito com q elementos, tal que mdc(q, 2n)=1. Se n =p1m1pm2 2, com p1 e

p2 primos ´ımpares e i6= 1 em U(Zpmj

j ) para cada j, ent˜ao mdc(n,i-1)=1.

(38)

3.2 A Estrutura da ´Algebra 33

Demonstra¸c˜ao. Sejad =mdc(n, i−1). Por hip´otese,i6≡1 (mod pmjj ), j = 1,2, logo

d=pt1

1pt22 com t1 6=m1 et2 6=m2.

Como d | (i−1), existe α ∈ Z, tal que (i−1) = pt1

1 p

t2

2α, isto ´e, i = p

t1

1 p

t2

2α+ 1.

Assim, i2 =p2t1

1 p22t2α2+ 2p1t1pt22α+ 1, donde i2−1 =p21t1p22t2α2+ 2pt11pt22α.

Como, da hip´otese sobre G,i2 1 (mod n) podemos escrever i21 = pm1

1 p

m2

2 β e,

substituindo, temos quepm1

1 pm22β−p12t1p22t2α2−2pt11p2t2α= 0. Set1 >0, podemos dividir

esta igualdade por pt1

1p

t2

2, donde p

m1−t1

1 p

m2−t2

2 β−p

t1

1 p

t2

2 α2 −2α = 0, logo p1 divide α,

consequentemente, o elemento pt1+1

1 pt22 divide (i−1) uma contradi¸c˜ao mostrando que

t1 = 0. De modo an´alogo, motra-se que t2 = 0.

Teorema 3.2.7. Sejam G um grupo metac´ıclico n˜ao abeliano com a seguinte apre-senta¸c˜ao

G=ha, b|an= 1 =b2, bab=aii

Fq um corpo finito com q elementos tal que mdc(q, 2n)=1. O n´umero de componentes

simples da ´algebra FqG ´e minimal se e somente se vale uma das seguintes condi¸c˜oes:

i) n= 4 e q ´ımpar;

ii) n= 2m com m3 e

  

q ≡ 3 (mod 8) e i= 2m−1+ 1 ou i=1

q ≡ 5 (mod 8) e i= 2m−11 ou i=1

iii) n=pm com p primo ´ımpar e a classe q ´e um gerador de U(Z pm);

iv) n=pm com p primo ´ımpar e a classe q ´e um gerador do subgrupo

U2(Z

pm) = {x2 |x∈ U(Zpm)} e i n˜ao ´e um quadrado em U(Zpm) ;

v) n= 2pm e com p primo ´ımpar e a classe q ´e um gerador de U(Z

2pm);

vi) n= 2pm com p primo ´ımpar e a classe q ´e um gerador do subgrupo

U2(Z

2pm) ={x2 |x∈ U(Z2pm)} e i n˜ao ´e um quadrado em U(Z2pm);

vii) n= 4pm com p primo ´ımpar, q e (iq) tˆem ordem ϕ(pm) m´odulo 4pm com

(39)

3.2 A Estrutura da ´Algebra 34

viii) n =pm1

1 p

m2

2 com p1 e p2 primos ´ımpares, mdc(ϕ(pm11), ϕ(p

m2

2 )) = 2, q e (iq) tˆem

ordem ϕ(pm1

1 )ϕ(pm2 2)/2 em U(Zpm1 1 p

m2

2 ) com i6= 1 em U(Zpmjj ), j = 1,2;

ix) n= 2pm1

1 pm22 com p1 ep2 primos ´ımpares, mdc(ϕ(pm11), ϕ(pm22)) = 2, q e (iq) tˆem

ordem ϕ(pm1

1 )ϕ(pm2 2)/2 em U(Z2pm1 1 p

m2

2 ) com i6= 1 em U(Zpmjj ), j = 1,2.

Demonstra¸c˜ao. Suponhamos que o n´umero de componentes simples da ´algebraFqG ´e minimal. Pelo Teorema 3.2.4, a ordem deq em U(Zn) deve ser ϕ(n) ouϕ(n)/2, onde

ϕ denota a fun¸c˜ao de Euler.

Seja n = 2mpm1

1 pm22· · ·pmtt , a decomposi¸c˜ao de n como produto de potˆencias de primos. Ent˜ao

Zn=Z2m⊕Z pm1

1 · · · ⊕Zpmtt e

U(Zn) = U(Z2m)× U(Z pm1

1 )· · · × U(Zpmtt ). Vamos analisar em casos separados.

(a) A ordem de q em U(Zn) ´e ϕ(n).

Neste caso, temos que U(Zn) = hqi, portanto, pelo Teorema 3.1.6, devemos ter

n = 2,4, pm ou 2pm. Se n = 2, ent˜ao G= C

2×C2 o que n˜ao pode ocorrer pois

Gn˜ao ´e abeliano. Deste modo, ou (i)ou(iii) ou(v) ocorre. Al´em disso, no caso em que n= 4, deve-se ter que q≡3 (mod 4) para que q seja gerador.

(b) A ordem de q em U(Zn) ´e ϕ(n)/2 com U(Zn) c´ıclico.

Sendo assim, pelo Lema 3.1.11, o grupo Qn dos res´ıduos quadr´aticos m´odulon ´e

c´ıclico de ordem ϕ(n)/2, portanto Qn = hqi, mostrando que ocorre, ou (iv), ou

(vi) e ainda, (i) no caso em quen = 4 e q≡1 (mod 4).

(c) A ordem de q em U(Zn) ´e ϕ(n)/2 com U(Zn) n˜ao c´ıclico.

Neste caso, temos que U(Zn) = hqi ×i ∼= Cϕ(n)/2×C2. Assim, ϕ(n)/2 ´e um

(40)

3.2 A Estrutura da ´Algebra 35

Como Cϕ(n)/2 ´e um grupo c´ıclico de ordem par, ent˜ao existe um ´unico subgrupo

deCϕ(n)/2 de ordem 2. Logo, o 2-subgrupo abeliano elementar maximal deU(Zn)

´e C2×C2.

Se n = pm1

1 p

m2

2 p

m3

3 , ent˜ao U(Zn) ∼= U(Zpm1

1 )× U(Zp

m2

2 )× U(Zp

m3

3 ), donde C2 ×

C2 ×C2 seria um 2-subgrupo abeliano elementar de U(Zn), o que n˜ao pode

ocorrer. Logo, devemos ter n = 2m com m 3 ou n = 4pm ou n = pm1

1 p

m2

2 ou

n= 2pm1

1 pm22.

Analisaremos cada um destes casos separadamente.

(c-(i)) n= 2m, m3.

Sabemos que i /∈ hqi, pelo Teorema 3.2.4 e que i = −1, 2m−11 ou 2m−1+ 1

pelo Teorema 3.1.8. Al´em disso, pelo Lema 3.1.7, temos 2m−1+ 1 5,

2m−115.

Como q ∈ U(Z2m), ent˜ao devemos ter q = 5j ou q = −5j. Por outro lado,

o(5) = o(−5) = 2m−2 = ϕ(n)/2 = o(q), consequentemente, temos hqi = 5 ou

hqi=−5. Observemos que, em ambos os casos,j deve ser um n´umero ´ımpar.

No caso em que hqi = 5, ent˜ao ent˜ao q ≡ 52k+1 (mod2m) para algum inteiro

k. Ent˜ao q ≡ 25k·5 (mod 2m) donde q 25k·5 5 (mod 8). Ainda, deve se ter que i=−1 ou i= 2m−11.

Da mesma forma, sehqi=−5, ent˜aoq≡3 (mod 8) ei=−1 oui= 2m−1+ 1.

(c-(ii)) n= 4pm.

Como |U(Z4pm)|=ϕ(4pm) = 2ϕ(pm), tem-se que o(q) =ϕ(pm). Queremos mos-trar ainda que o(iq) = ϕ(pm). Para tanto, seja k = o(iq). Se k fosse ´ımpar,

ter´ıamos iqk = iqk = 1, implicando que i ∈ hqi, uma contradi¸c˜ao. Conse-quentemente, k ´e par. Assim iqk = qk = 1, donde k | ϕ(pm). Finalmente,

iϕ(pm)qϕ(pm)

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