• Nenhum resultado encontrado

A demanda por educação à distância no Brasil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "A demanda por educação à distância no Brasil"

Copied!
34
0
0

Texto

(1)

FGV

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

EPGE

ESCOLA BRASILEIRA DE ECONOMIA E FINANÇAS

RENATA BAIÃO FISHER DE CASTRO

A DEMANDA POR EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NO BRASIL

(2)

RENATA BAIÃO FISHER DE CASTRO

A DEMANDA POR EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NO BRASIL

Dissertação de Mestrado apresentada à

Escola de Pós-Graduação em Economia da

Fundação Getúlio Vargas como requisito

para a obtenção do título de Mestre em

Finanças e Economia Empresarial

Área de Concentração:

Organização Industrial

Orientador: Rafael Chaves Santos

(3)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mario Henrique Simonsen/FGV

Castro, Renata Baião Fisher de Castro

A demanda por educação à distância no Brasil / Renata Baião Fisher de

Castro. – 2015.

32 f.

Dissertação (mestrado) - Fundação Getulio Vargas, Escola de Pós-

Graduação em Economia.

Orientador: Rafael Chaves Santos.

Inclui bibliografia.

1. Ensino a distância. 2. Fundo de Financiamento Estudantil. 3. Organização

industrial. I. Santos, Rafael Chaves. II. Fundação Getulio Vargas. Escola de

Pós-Graduação em Economia. III. Título.

(4)
(5)

AGRADECIMENTOS

(6)

RESUMO

Recentemente, o mercado brasileiro de ensino superior à distância (ESAD) apresentou forte crescimento (33% ao ano de 2005 até 2013). Esse trabalho cruza as informações do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para cada município brasileiro, no ano de 2013, e propõem fatores que explicam a demanda por ESAD. Com base em aproximadamente 70 mil registros, um dos resultados indica que a demanda por ESAD tem sido represada, e não apenas pelas restrições de oferta impostas pelo regulador, mas, também, pela política de financiamento estudantil (FIES), que favorece a modalidade presencial. Para uma redução de 10 pontos percentuais na oferta do FIES, estima-se um crescimento de 1,4 pontos percentuais na demanda por ESAD, sugerindo que novas autorizações de expansão da oferta de ESAD são uma alternativa para contrabalançar eventuais cortes de subsídios do FIES. Outro resultado interessante é o de que a demanda por ESAD tende a ser maior tanto em municípios da região sul quanto em municípios onde a procura por cursos de pedagogia e serviço social é maior.

(7)

ABSTRACT

Recently, distance learning in higher education has shown strong growth in Brazil (33% per year from 2005 to 2013). This study crosses information from the Anísio Teixeira National Institute of Educational Studies and Research (INEP) and the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) for every Brazilian municipality, in 2013, and proposes a list of factors that explains the demand for distance learning. Based on approximately 70,000 records, one of the results indicates that the demand has been restrained, not only by the supply restrictions imposed by the government, but also by the student loan policy (FIES), which favors on-site courses. For a reduction of 10 percentage points on the offer of FIES, an increase of 1.4 percentage points in demand for distance learning is estimated, suggesting that new commitments to expand the offer of this type of courses are an alternative to compensate for any subsidy cuts on the FIES program. Another interesting result is that the demand for distance learning tends to be higher in the municipalities in the Southern region of Brazil and in those with a higher search for courses in Education and Social Services.

(8)

Sumário

Introdução ... 10

Metodologia ... 14

Resultados ... 26

Conclusão ... 31

(9)

Tabelas

Tabela 1 – Comparação das regressões com a amostra completa com o uso de diferentes fatores ... 26

Tabela 2 - Comparação das regressões com a sub amostra com o uso de diferentes fatores ... 29

Tabela 3 Testes WALD ... 30

Figuras Figura 1 - Percentual da População com ensino superior x prêmio salarial ... 10

Figura 2 Penetração média de matrículas de ESAD por estado ... 14

Figura 3 Penetração média de matrículas de ESAD por região ... 15

Figura 4 Adensamento populacional por estado ... 16

Figura 5 Adensamento populacional por região ... 16

Figura 6 Oferta de FIES por estado ... 17

Figura 7 Oferta de FIES por região ... 18

Figura 8 Percentual de famílias com renda abaixo de meio salário mínimo per capta por estado ... 19

Figura 9 Percentual de famílias com renda abaixo de meio salário mínimo per capta por região ... 19

Figura 10 Percentual da população com idade entre 18 e 24 anos por estado ... 20

Figura 11 Percentual da população com idade entre 18 e 24 anos por região ... 20

Figura 12 Concentração de IES presenciais por estado ... 21

Figura 13 Concentração de IES presenciais por região ... 21

Figura 14 Percentual de matrículas em cursos de pedagogia e serviço social por estado ... 22

Figura 15 Percentual de matrículas em cursos de pedagogia e serviço social por região ... 23

Figura 16 Percentual de munícipios com presença dominante de instituições de ESAD por estado ... 24

Figura 17 Percentual de munícipios com presença dominante de instituições de ESAD por região ... 24

(10)

Introdução

O mercado de ensino superior no Brasil cresceu bastante nos últimos anos com o número de alunos matriculados nas instituições de ensino superior (IES) saindo de 4,6 milhões em 2005 para 7,3 milhões em 2013, um crescimento médio de 6% ao ano. Mesmo depois deste crescimento, o setor no Brasil ainda é pouco penetrado, com o número de matrículas de ensino superior sobre a população de 18 a 24 anos atingindo 30%. Esse número em outros países comparáveis, como Chile e Argentina, é por volta de 59% e 71% respectivamente. O governo brasileiro tem metas de melhorar a educação do país e aumentar a penetração do setor, levando o número de alunos para 10 milhões em 2020. Investimentos no setor de educação fazem muito sentido já que atualmente o percentual da população com diploma de ensino superior é muito abaixo da média de outros países comparáveis e com isso o prêmio salarial para quem tem graduação é muito alto, como pode ser visto na Figura 1.

Figura 1 - Percentual da População com ensino superior x prêmio salarial

(11)

Durante esse período de forte crescimento de matrículas, o ensino à distância (EAD) ganhou bastante relevância no ensino superior. A participação deste tipo de curso foi de 2,5% em 2005 para 16% em 2013, o que representou um crescimento em número de alunos de 33% ao ano. Esta modalidade de ensino permite que estudantes com menos disponibilidade de tempo tenham a oportunidade de fazer a graduação já que exige poucas idas ao local do curso. Além disso, a mensalidade chega a ser menos da metade da de um curso presencial, facilitando para os alunos com menos renda.

Deming et al (2015) analisaram se tecnologias de ensino à distância provocaram diminuição nas mensalidades de ensino superior nos EUA. A conclusão do trabalho é que instituições com maior percentual de EAD cobram mensalidades menores, facilitando assim o acesso ao ensino superior.

O diploma de cursos à distância é exatamente igual ao diploma dos cursos presenciais, mas ainda é percebido como um curso de menor valor adicionado no mercado de trabalho. Por ser uma tecnologia recente principalmente no Brasil, não existem muitos estudos sobre educação à distância. Mesmo nos EUA, ainda existem dúvidas em relação à diferença de qualidade nos cursos à distância. Bernard, Abrami, Lou (2004) analisaram diversos trabalhos realizados sobre o tema para investigar se a interação à distância permite aos alunos atingir o mesmo desempenho do que o atingido por alunos de cursos presenciais equivalentes. O resultado do estudo foi que existe um pequeno ganho no desempenho dos alunos em cursos à distância, além de existir um efeito positivo na atitude do aluno em relação à tecnologia. Porém, Joyce et al (2014), em um estudo mais recente, encontrou impactos negativos para o desempenho de alunos que fizeram cursos EAD.

Angilberto (2009) analisou como sete escolas de gestão gerenciam o processo de implementação do e-learning e concluiu que para que este processo seja bem sucedido, é necessário que seja claro para todos envolvidos qual é o valor adicionado pelo uso de tecnologia na aprendizagem.

(12)

de ensino superior precisa de uma autorização do Ministério da Educação (MEC). Porém, desde 2007, o MEC tem dificultado bastante a aprovação dos processos de abertura e expansão de polos de ESAD. Dessa forma, o ministério criou uma barreira de entrada muito forte para novos cursos nessa modalidade e diversas IES estão esperando a autorização. Com isso, o mercado de ESAD no Brasil é bastante concentrado em poucas instituições, principalmente quando comparado ao mercado de ensino presencial. A partir de 2014, o MEC iniciou um processo de liberação das licenças, mas ainda de forma muito lenta.

O objetivo deste trabalho é entender como as matrículas de educação à distância estão distribuídas nos diversos municípios brasileiros e compreender alguns fatores que contribuem para a demanda por este tipo de curso. Para isto, o trabalho utiliza uma base de dados1 criada a partir de informações fornecidas pelo INEP (Instituto Nacional

de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) das matrículas de cursos presenciais e à distância de todos os municípios brasileiros, assim como as instituições de ensino atuantes em cada mercado. Estes dados foram cruzados com informações disponibilizadas pelo IBGE sobre os municípios brasileiros como população, renda e faixa etária da população. A base de dados formada possui quase 70 mil registros com informações de 1.813 municípios, onde cada registro é a quantidade de matrículas por curso, instituição de ensino, modalidade do curso e município.

Uma das variáveis que foi utilizada para medir o impacto na demanda por cursos à distância é a oferta do Financiamento Estudantil do governo (FIES). O FIES é bastante subsidiado e atualmente é oferecido somente para cursos presenciais. Nos últimos anos, este financiamento se expandiu de forma extraordinária indo de 76 mil novos contratos em 2010 para 731 mil em 2014. Nesse período, cada instituição de ensino definia o percentual de alunos que gostaria de ofertar o financiamento e o governo não tinha nenhum limite definido de número de contratos. Em 2015, o governo decidiu ajustar o programa e diminuiu drasticamente o número de financiamentos oferecidos,

1 A base de dados e todos os resultados econométricos, inclusive os testes estão disponíveis sob demanda.

(13)

além de aumentar a taxa de juros e o percentual de coparticipação do aluno no pagamento do curso. Com menos oportunidades de fazer um curso presencial, é possível que nesse cenário de restrição de FIES, a demanda por cursos ESAD aumente. Este estudo mostra que para cada um ponto percentual de aumento de oferta de FIES em uma praça, a demanda por cursos de educação à distância tende a diminuir em 0,14 pontos percentuais.

(14)

Metodologia

A base de dados construída contém o número de matrículas por município, por curso, por instituição de ensino superior e por modalidade de ensino do ano de 2013. Esta base foi cruzada com a base do IBGE de tamanho da população, área, distribuição da população por faixa etária e renda por município.

Um dos objetivos dessa dissertação é avaliar a demanda por ensino a distância como oferta alternativa ao ensino presencial. Assim, as estimativas não consideram nem os municípios onde há ausência de instituição de ensino presencial, nem aqueles em que há ausência de instituição de ensino à distância, mas apenas municípios onde existe oferta de ambas as modalidades. Com isso, a amostra representa 48% dos municípios onde existem instituições de ensino superior e 97% dos alunos matriculados.

Desta forma, a base de dados possui 868 observações, onde a média do percentual de matrículas de educação à distância é 30%.

Nas figuras 2 e 3 é possível analisar a média da penetração de ESAD por município distribuída por estados e regiões do Brasil.

(15)

Figura 3 Penetração média de matrículas de ESAD por região

O modelo utilizado considera como variável dependente o percentual de matrículas de ensino à distância sobre o total de matrículas de ensino superior em cada município e tem como independentes as seguintes variáveis:

(16)

Figura 4 Adensamento populacional por estado

Figura 5 Adensamento populacional por região

(17)

diversas mudanças no financiamento estudantil e a de maior impacto foi a diminuição da oferta de forma relevante. Com menos FIES disponível, seria possível que cursos de ESAD se beneficiassem com uma maior demanda já que alunos que não conseguem pagar por um curso presencial, poderiam optar por um à distância uma vez que a mensalidade é mais baixa. Nas figuras 6 e 7 podemos ver a variável distribuída por estados e regiões do Brasil;

(18)

Figura 7 Oferta de FIES por região

(19)

Figura 8 Percentual de famílias com renda abaixo de meio salário mínimo per capta por estado

Figura 9 Percentual de famílias com renda abaixo de meio salário mínimo per capta por região

(20)

Figura 10 Percentual da população com idade entre 18 e 24 anos por estado

Figura 11 Percentual da população com idade entre 18 e 24 anos por região

5. Dummy município da região Sul. As principais e primeiras ofertantes de ESAD começaram sua operação na região Sul e, com isso, seria razoável imaginar que onde a marca delas é mais forte, mais alunos demandem os cursos.

(21)

ensino à distância. Esta variável foi calculada a partir do número de instituições presencial por área do município e é discreta, variando de 0 até 0,9. Esse ajuste foi feito por haver muitos outliers na amostra. Os subgrupos foram montados com os decis da variável original. Nas figuras 12 e 13 podemos ver a variável distribuída por estados e regiões do Brasil;

Figura 12 Concentração de IES presenciais por estado

(22)

7. Percentual de matrículas em cursos de pedagogia e serviço social. Estes dois cursos representam 22% das matrículas em ESAD enquanto somente 3% na graduação presencial. Existem cursos como engenharia e cursos da área de saúde que exigem aulas práticas e com isso mais carga horária presencial. Dessa forma, a oferta destes cursos à distância é dificultada. Além disso, cursos de direito não podem ser oferecidos à distância por determinação da OAB. Sendo assim, é provável que em cidades onde a demanda por pedagogia e serviços sociais é alta, o percentual de matrículas em ESAD seja maior. Nas figuras 14 e 15 podemos ver a variável distribuída por estados e regiões do Brasil;

(23)

Figura 15 Percentual de matrículas em cursos de pedagogia e serviço social por região

8. Dummy de presença dominante de instituições à distância. Esta variável é igual a um quando o número de instituições de ESAD sobre o total de instituições no município é maior que 60% e zero caso contrário. O corte em 60% foi escolhido de forma a maximizar a relevância desta variável para explicar a variável dependente.

Como o MEC restringiu as licenças de cursos ESAD, existem municípios onde a demanda por ESAD é forte, mas possui poucos atores ofertando cursos e por isso pouca oportunidade para os alunos. A maioria dos ofertantes de ESAD são universidades ou centros universitários e com isso não tem limite de vagas, o que pode amenizar essa questão2.

Nas figuras 16 e 17 podemos ver o percentual de municípios que têm presença dominante de instituições à distância por estados e regiões do Brasil;

2 Mais detalhes em Parecer técnico do CADE: Ato de Concentração nº 08700.005447/2013-12. Lei 12.529/2011.

(24)

Figura 16 Percentual de munícipios com presença dominante de instituições de ESAD por estado

Figura 17 Percentual de munícipios com presença dominante de instituições de ESAD por região

(25)
(26)

Resultados

Foram realizadas diversas regressões cross-section com as variáveis mencionadas anteriormente no ano de 2013 e os resultados foram bastante em linha com o esperado. A elasticidade estimada para a relação entre a variável dependente e cada uma das independentes, quando significativa dentro da amostra, descreveu movimentos que fazem sentido também do ponto de vista econômico, não apenas em termos do sinal estimado para a elasticidade, mas também pela intensidade estimada. Apenas as variáveis renda e faixa etária por município não foram relevantes para explicar a demanda por educação à distância por não apresentarem elasticidade significativa. Foram relevantes: Oferta de FIES, Concentração de IES presenciais, Municípios da região Sul, Adensamento populacional, Matrículas em cursos de pedagogia e serviço social e Presença dominantes de IES de EAD.

A tabela 1 mostra as regressões realizadas com a amostra completa. As variáveis foram adicionadas uma de cada vez para que seja possível entender o quanto cada uma delas explica a variável dependente.

Regressão contra A

Regressão contra A e B

Regressão contra A,B e

C Regressão contra A,B,C e D Regressão contra A,B,C,D e E

Regressão contra A,B,C,D,E e F

Intercepto 0,33*** 0,48*** 0,47*** 0,44*** 0,34*** 0,21***

Oferta de FIES (A) -0,29*** -0,11** -0,11** -0,08* -0,10** -0,14*** Concentração IES Presenciais (B) -0,38*** -0,39*** -0,80*** -0,62*** -0,29***

Municípios da região Sul (C) 0,06*** 0,07*** 0,08*** 0,05***

Adensamento populacional (D) 0,46*** 0,36*** 0,12**

Matrículas Pedagogia e Serviço Social (E) 0,36*** 0,28***

Presença dominante de IES de EAD (F) 0,21***

R2 0,035 0,220 0,230 0,294 0,344 0,477 R2 Ajustado 0,034 0,219 0,227 0,291 0,340 0,473

Observações 868

*** Significativo à 1% ** Significativo à 5% * Significativo à 10%

Tabela 1 – Comparação das regressões com a amostra completa com o uso de diferentes fatores

(27)

Observando o R2 de cada regressão na tabela 1, podemos ver que as variáveis que mais explicam o número de matrículas de educação à distância são a Presença dominante de instituições de ESAD e a concentração de IES presencial, ambas refletindo a estrutura de oferta dos municípios. A presença prévia de ofertantes parece ser um determinante da demanda no período analisado. Se de um lado, a instalação de campus presencial demanda tempo de maturação do investimento, de outro, o MEC vem restringindo as licenças para ofertar cursos à distância.

Pelo último fator, é provável que exista demanda reprimida por ESAD em diversos municípios brasileiros onde não existe um número significativo de cursos sendo oferecidos. O estudo mostra que se existe presença dominante de IES de EAD, então o percentual de matrículas de ESAD é em média 21 pontos percentuais maior, com um grau de confiança muito alto de que essa variável é significativa.

A concentração de instituições de ensino presencial em cada município amplia a oportunidade de se estudar em uma instituição presencial perto da residência, reduzindo a demanda potencial por cursos EAD. Os municípios foram divididos em decis e a regressão mostra que a diferença de matrículas à distância do primeiro decil para o último é de 26 pontos percentuais em média. Dessa forma, grandes cidades onde a oferta de presencial costuma ser elevada, o percentual de matrículas de ESAD é baixo. Por outro lado, a variável adensamento populacional tem o efeito contrário. Quanto maior for a densidade do município, mais propenso o aluno vai estar a fazer um curso EAD para evitar o trânsito no deslocamento para a instituição de ensino.

A oferta de FIES, apesar de não explicar muito da variável independente, tem um efeito interessante. Para cada aumento de 10 pontos percentuais na oferta de FIES, a demanda por educação à distância diminui em 1,4 pontos percentuais. Como o financiamento diminuiu ao longo de 2015, é possível que tenha tido um efeito positivo em matrículas de cursos ESAD nesse ano.

(28)

Por último, o trabalho mostra que municípios do Sul tem em média uma penetração maior de cursos ESAD em 5 pontos percentuais.

Na figura 2 abaixo, conseguimos observar a dispersão da variável dependente estimada pela regressão e os dados efetivos.

Figura 18 Demanda por ESAD efetiva e explicada3

Dada a conhecida restrição de oferta nova, a presença já estabelecida de IES de EAD de forma dominante foi muito relevante para a determinação do número de matrículas. Para avaliar esse efeito, e também para eliminar que um possível efeito endógeno entre oferta e demanda prejudicasse as estatísticas da regressão, foi feita outra regressão para analisar somente a parte da amostra onde essa dummy é igual a 1, ou

3 Os resultados econométricos não foram ajustados para valores negativos ou acima de 1 da variável dependente,

(29)

seja, onde o número de instituições que oferecem graduação à distância no município é grande em relação ao número de instituições presenciais, e dessa forma, não a utilizando como variável explicativa.

Regressão contra A

Regressão contra A e B

Regressão contra A,B e

C Regressão contra A,B,C e D Regressão contra A,B,C,D e E

Intercepto 0,47*** 0,59*** 0,58*** 0,55*** 0,44***

Oferta de FIES (A) -0,31*** -0,19*** -0,19*** -0,16** -0,17***

Concentração IES Presenciais (B) -0,37*** -0,37*** -0,67*** -0,54***

Municípios da região Sul (C) 0,04* 0,05** 0,07***

Adensamento populacional (D) 0,31*** 0,23***

Matrículas Pedagogia e Serviço Social (E) 0,35***

R2 0,048 0,185 0,191 0,221 0,277

R2 Ajustado 0,046 0,181 0,185 0,213 0,268

Observações 439

*** Significativo à 1% ** Significativo à 5% * Significativo à 10%

Tabela 2 - Comparação das regressões com a sub amostra com o uso de diferentes fatores

Como podemos observar na tabela 2, todas variáveis continuam sendo relevantes para explicar as matrículas de ESAD e com o mesmo sinal da regressão anterior. Porém, em alguns casos, os betas estimados das variáveis explicativas têm magnitude diferente dos vistos anteriormente.

(30)

Oferta FIES Municípios região Sul

Hipótese nula: C(1)=-0,14 Hipótese nula: C(3)=0,05

p-valor = 0,60 p-valor = 0,42

Não rejeita hipótese nula Não rejeita hipótese nula

Adensamento Populacional Matrículas Pedagogia e Serviço Social

Hipótese nula: C(4)=0,12 Hipótese nula: C(5)=0,28

p-valor = 0,11 p-valor = 0,20

Não rejeita hipótese nula Não rejeita hipótese nula

Concentração IES Presencial

Hipótese nula: C(2)=-0,29 p-valor = 0,002

Rejeita hipótese nula a 10%

Tabela 3 Testes WALD

Como podemos observar na tabela 3, o teste do coeficiente das variáveis Oferta FIES, Matrículas em pedagogia e serviço social, Adensamento populacional e da dummy de municípios da região Sul mostrou que a sensibilidade da demanda por ESAD em relação a demanda presencial é igual nas duas amostras. Já o teste da variável Concentração de IES Presencial mostrou que o beta da sub amostra onde existe dominância de instituições de ensino à distância é diferente do beta da amostra total. Observando a sub amostra de municípios onde a oferta de educação à distância é dominante em relação à oferta de educação presencial, nota-se uma redução abrupta no número de instituições presenciais. Por exemplo, a mediana do número de instituições presenciais na amostra total é de 22, enquanto na sub amostra com oferta dominante de ensino à distância, essa mediana é de apenas 5.

(31)

Conclusão

Um dos principais resultados deste trabalho é o impacto que a oferta de FIES causa na demanda por graduação à distância. Como esse financiamento está passando por profundas mudanças, principalmente no que tange ao volume de contratos por causa da situação fiscal atual do país, é provável que a demanda por ESAD em relação à demanda por cursos presenciais aumente em 2015 e nos próximos anos.

Vimos também que é provável que exista demanda reprimida por ESAD em cidades onde não existe muita oferta desta modalidade de ensino devido à política do Ministério da educação de restrição da expansão destes cursos. Também mostramos que em municípios do Sul, onde muitas instituições de ensino à distância começaram, e por isso, além de uma marca bem estabelecida, conseguiram muitos polos no início de seu processo de expansão, tem uma demanda por ESAD maior.

Desta forma, uma possível política pública para estimular a educação superior e suavizar a falta de financiamento provocada pelas mudanças no FIES, seria liberar mais cursos e polos de ensino à distância para facilitar o acesso aos estudantes. Seria um importante passo para que o governo consiga chegar mais perto da sua meta de ter 10 milhões de alunos matriculados no ensino superior em 2020. Esta medida ainda poderia trazer um benefício adicional de queda de mensalidade uma vez que atualmente o mercado de ESAD é muito concentrado.

Este estudo poderia ser complementado utilizando a base de dados temporal de matrículas de ESAD de 2010 até 2013. Como em 2010 a oferta de FIES era quase insignificante comparada a de 2013, seria uma boa forma de medir essa elasticidade a demanda por ESAD na presença de mais financiamento.

(32)

Outro resultado relevante é a forte correlação da demanda por ESAD em municípios onde cursos de pedagogia e serviço social são muito procurados. Pelo lado da oferta, são cursos mais fáceis de ser ministrados à distância já que não exige práticas presenciais relevantes e com isso mais instituições EAD conseguem ofertá-los sem precisar de muita infraestrutura no polo. Já pelo lado da demanda, no Brasil, professores do ensino fundamental passaram a ter obrigatoriedade de curso superior em 2010 e, além disso, na rede pública possuem um incentivo salarial adicional pelo diploma. Como EAD é um curso mais fácil de conciliar com o trabalho, muitos destes profissionais optam por fazer a faculdade à distância e assim conseguir uma bonificação salarial. Este incentivo poderia ser uma outra potencial extensão deste estudo, para verificar se em estados onde o percentual de professores de ensino básico com cursos superior aumentou de forma significativa, o efeito sobre a demanda de EAD também cresceu.

(33)

Referências Bibliográficas

Angilberto Sabino de Freitas (2009). A implementação do e-learning nas escolas de gestão: um

modelo integrado para o processo de alinhamento ambiental.

Deming, David J., Claudia Goldin, Lawrence F. Katz, Noam Yuchtman (2015). “Can online

learning bend the higher education cost curve?”

Education at a Glance 2015: OCDE Indicators. www.oecd.org/edu/education-at-a-glance-19991487.htm http://portal.inep.gov.br/basica-levantamentos-acessar http://portal.inep.gov.br/web/censo-da-educacao-superior http://portal.mec.gov.br/index.php http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/default.shtm http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2013/

Joyce, Theodore J., Sean Crockett, David A. Jaeger, Onur Altindag, and Stephen D. O’Connell

(2014). “Does Classroom Time Matter? A Randomized Field Experiment of Hybrid and

Traditional Lecture Formats in Economics.”

Newey, Whitney K; West, Kenneth D (1987). "A Simple, Positive Semi-definite,

Heteroskedasticity and Autocorrelation Consistent Covariance Matrix". Econometrica 55 (3):

703–708.

Parecer técnico do CADE: Ato de Concentração nº 08700.005447/2013-12. Lei 12.529/2011.

Requerente A: Anhanguera Educacional Participações S.A. Requerente B: Kroton Educacional

S.A. Ensino Superior Particular.

Robert M. Bernard, Yiping Lou, Philip C. Abrami, Lori Wozney, Evgueni Borokhovski, Peter

Andrew Wallet, Anne Wade & Manon Fiset (2004). “How does distance education compare with

(34)

Seda Tekeli, Guler Gunsoy (2014). “The importance of open and distance education in terms of

Imagem

Figura 1 - Percentual da População com ensino superior x prêmio salarial
Figura 2 Penetração média de matrículas de ESAD por estado
Figura 3 Penetração média de matrículas de ESAD por região
Figura 4 Adensamento populacional por estado
+7

Referências

Documentos relacionados

A) ampliar a oferta de programas de formação para a educação de jovens e adultos, especialmente no que diz respeito à oferta de ensino fundamental. B)

Como se sabe, a desídia do inventariante, capaz de acarretar a paralisação do inventário, não autoriza a extinção do feito, já que a partilha do acervo hereditário é matéria

É possível que para muitos de vocês esta seja a primeira experiência com Educação a Distância, com aulas em ambientes virtuais de aprendizagem e, certamente, o primeiro contato com

Alguns autores consideram que a auto-avaliação dos alunos seja tão importante quanto a avaliação do professor no que diz respeito à qualidade da aprendizagem e ao alcance dos

Este artigo se estrutura da seguinte forma: os elementos iniciais ilustram aspectos da expansão das TIC da sociedade em rede e da EAD, em seguida é apresentada a

Ao longo dessa viagem, do diálogo com os diversos autores, com os integrantes da banca de qualificação e com os colegas que em diferentes momentos contribuíram

Entendendo que a aprendizagem no trabalho é uma importante ferramenta de gestão, que contribui para o crescimento e desenvolvimento tanto da organização como do colaborador,

A Educação à Distância (EAD), modalidade de educação efetivada através do intenso uso de tecnologias de informação e comunicação (TICs), (MIRANDA, [2016]), em que professores