REVISTA
BRASILEIRA
DE
REUMATOLOGIA
www . r e u m a t o l o g i a . c o m . b r
Artigo
original
Avaliac¸ão
da
magnitude
da
desvantagem
da
osteoartrite
na
vida
das
pessoas:
estudo
MOVES
Luís
Cunha-Miranda
a,∗,
Augusto
Faustino
a,
Catarina
Alves
b,
Vera
Vicente
be
Sandra
Barbosa
caInstitutoPortuguêsdeReumatologia,Lisboa,Portugal bEurotrials,ScientificConsultants,Lisboa,Portugal
cAstraZeneca,ProdutosFarmacêuticos,Lda.,Barcarena,Portugal
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem27demarçode2014 Aceitoem28dejulhode2014
On-lineem5denovembrode2014
Palavras-chave:
Osteoartrite Qualidadedevida Auto-relato
r
e
s
u
m
o
Introduc¸ão:Aosteoartrite(OA)éumadasdezdoenc¸asmaisincapacitantesnospaíses desen-volvidose umadasprincipaiscausas dedor eincapacitac¸ãono mundo.Odiagnóstico precoceaumentaaprobabilidadedeprevenc¸ãodaprogressãodadoenc¸a.
Objetivos:Estimaraprevalênciadeosteoartriteauto-referidaeaqualidadedevidaem adul-tosportuguesescom45oumaisanosdeidade.
Métodos:Estudo observacional, transversal, implementadoem domicíliospor entrevista interpessoal.
Resultados:Foramincluídosnoestudo1039indivíduoscomidademédiade62anos,sendo 54,2%dogênerofeminino.Aprevalênciadeosteoartriteauto-referidafoide9,9%.Os joe-lhoseasmãosforamolocalmaisfreqüentedadoenc¸a.AprevalênciadeOAfoimaiorem mulhereseemparticipantessematividadeprofissional.Apresenc¸adeOAfoimaiorem participantescomcomorbidades.Amaioriadosindivíduosjátinhampassadoporalgum tratamentoemalgumaocasiãodesuasvidasparaestadoenc¸a:94,5%tiveramtratamento farmacológico,49,5%fisioterapia,e19,8%atividadefísica.Ador estavaassociadacoma estatura,comalgunslocaisdadoenc¸a,especificamentepescoc¸o,colunalombareombros, pontuac¸ãodoSF12paraqualidadedevida,emedidasdeimpactonocotidianodos partici-pantes,gravidadedadoenc¸aeincapacitac¸ão.OimpactodaOAnodia-a-diafoimaiorem indivíduosquetinhamgozadolicenc¸apordoenc¸aouquepararamdetrabalharporcausada OA,apresentavam-secompiorsaúdefísicaemental,eexibiammaiorgravidadedadoenc¸a.
Conclusão:Esteestudoconfirmouqueaosteoartriteéumadoenc¸amuitorelevante,com impactopotencialelevadonaqualidadedevida,nofuncionamentoenacapacidadepara otrabalhoe,porcausadesuaprevalência,exerceumimpactosocialmuitoelevadoe cres-cente.
©2014ElsevierEditoraLtda.Todososdireitosreservados.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:luis.miranda@ipr.pt(L.Cunha-Miranda).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbr.2014.07.009
Assessing
the
magnitude
of
osteoarthritis
disadvantage
on
people’s
lives:
the
MOVES
study
Keywords:
Osteoarthritis Qualityoflife Self-report
a
b
s
t
r
a
c
t
Introduction:Osteoarthritis(OA)isoneofthetenmostdisablingdiseasesindeveloped coun-triesandoneoftheleadingcausesofpainanddisabilityovertheworld.Earlydiagnosis increasesthelikelihoodofpreventingdiseaseprogression.
Objectives: Toestimatetheprevalenceofself-reportedosteoarthritisandqualityoflifein Portugueseadultswith45ormoreyearsold.
Methods: Observational,cross-sectionalstudy,implementedinhouseholdsbyface-to-face interview.
Results: 1,039subjectswithmeanageof62yearsand54.2%femalewereincluded.The prevalenceofself-reportedosteoarthritiswas9.9%.Kneesandhandswerethemostfrequent siteofdisease.TheprevalenceofOAwashigherinwomenandinparticipantswithout professionalactivity.PresenceofOAwashigherinparticipantswithcomorbidities.Most subjectshavedonesometreatmentatsomepointintimeforthisdisease:94.5%haddrug therapy,49.5%physiotherapy,and19.8%physicalactivity.Painwasassociatedwithheight, withsomediseaselocationsspecificallyneck,lowerspineandshoulders,SF12scoresof qualityoflife,andmeasurementsofimpactindailyliving,severityofdiseaseanddisability. TheimpactofOAindailylivingwasgreaterinsubjectsthathadbeenonsickleaveorstopped workingduetoOA,hadworsephysicalandmentalhealth,andwithmoresevereofdisease.
Conclusion: Thisstudyconfirmedthatosteoarthritisisaveryrelevantdiseasewithahigh potentialimpactonqualityoflife,functionandworkabilityandbecauseofitsprevalence withaveryhighgrowingsocialimpact.
©2014ElsevierEditoraLtda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
A osteoartrite (OA) é a mais importante das doenc¸as reu-máticas, afetando todos os componentes das articulac¸ões, sobretudoacartilagemarticular.1OAéumadasdezdoenc¸as
maisincapacitantesempaísesdesenvolvidos,1eacredita-se
quesejaadoenc¸aarticularcrônicamaisprevalente.2Trata-se,
delonge,daformamaiscomumdeartriteeumadasprincipais causasdedoreincapacitac¸ãoemtodoomundo.1,3
A dor é o principal sintoma em pacientes com OA,4
comimpactosignificativonacapacidadefuncional,causando deficiência grave nas atividades da vida diária, e estando associadacomperdaconsideráveldeprodutividadeecoma diminuic¸ãodaqualidadedevida.4–7Consideradaumadoenc¸a
relacionadaàidade,OAtemmaiorprobabilidadedeafetaras articulac¸õesqueficamcontinuamentesobstressaolongodos anos,incluindojoelhos,quadris,pequenasarticulac¸õesdas mãoseregiãoinferiordacoluna.1,4,8
Em todo o mundo, estima-se que 9,6% dos homens e 18,0%das mulherescomidade acimade60 anospadecem de osteoartrite sintomática.1 Osprincipais fatoresde risco
associadosàOAsãoidade,gênero(maisfrequenteem mulhe-res),obesidade,doenc¸asmetabólicasouendócrinas,trauma ousobrecargaarticular,etambém fatoresgenéticos.8–10 No
entanto,aimportânciadosfatoresderiscoindividuaisvaria, chegandomesmoadiferir,dependendodaarticulac¸ão.8
Con-tudo, muitos fatores de risco para o estilo de vida são reversíveisou evitáveis– oquetem implicac¸ões importan-tesparaasuaprevenc¸ão.Odiagnósticoprecoceaumentaa
probabilidade de prevenir a progressão da doenc¸a até situac¸õesdemaiorincapacitac¸ão.
Tendoemvistaqueospacientesfrequentementeignoram adoreossintomas,OA tendeaprogredirquaseque silen-ciosamente. Os pacientes devem ter conhecimento de sua doenc¸aeterumplanodeprevenc¸ão,evitandomecanismos quepossamintensificarsuaprogressãoeusandotratamentos farmacológicosquepossamimpediradegradac¸ãoestrutural daarticulac¸ão.
OestudoMOVEStevecomoobjetivoestimara prevalên-ciadeosteoartriteauto-referidaeseuimpactonaqualidade de vida emportugueses adultos com 45 ou mais anos de idade. Neste estudo,buscou-se compararindivíduos come semOAauto-referida,considerandoalgunsdosparâmetros quepodemcontribuirparaumapiorqualidadedevidaeperda defuncionalidade.
Métodos
pessoasdosdomicíliosselecionadoseramconvidadasa par-ticiparsetivessemmaisde45anosdeidadeeconcordassem emparticipardoestudo.
Estimamosumaamostrade1.039participantespara pos-sibilitarocálculodosintervalosdeconfianc¸ade95%(IC95%) paraaprevalênciaauto-referidadeosteoartritecomumerro deprecisãode1,8%.
Osdadoscoletadosjuntoatodososrespondentes consis-tiramdevariáveissociodemográficas,atividadeprofissionale condic¸õesdetrabalho,comorbidadeseaspectosdeauto-relato da doenc¸a. Para os indivíduos que relataram OA, também foramrecolhidosdadosespecíficos,incluindoacaracterizac¸ão daOA(datadodiagnóstico,sintomas,localizac¸ãodadoenc¸a), capacidade de trabalho e licenc¸a por doenc¸a, tratamento e caracterizac¸ão terapêutica, e qualidade de vida e funci-onalidade (SF-12 v2.0). Além disso, os participantes foram convidadosa responder a cinco escalas visuais analógicas (EVAs) para medir a intensidade da dor, o impacto da OA no cotidianoda pessoa, a gravidade da doenc¸a,o nívelde incapacitac¸ãoeapercepc¸ãodopacientecomrespeitoà impor-tânciaqueomédicodáàdoenc¸a.
Análiseestatística
Asestimativasauto-referidasdeprevalênciadaosteoartrite foramcalculadasparaapopulac¸ãoPortuguesaeestratificadas porregião,idadeegênero.Osresultadosforamsubdivididos emdoisgrupos:indivíduoscomOAauto-referidaeindivíduos semOAauto-referida.
OsescoresdoinstrumentoSF-12v2.0foramobtidoscom oHealthOutcomesScoringSoftware4.5evariamentre0e100 (valoresmaisaltosindicammelhorqualidadedevida/estado desaúde).
Utilizamos os testes do qui-quadrado (QQ) e exato de Fisher(FS)emcasodebaixasfreqüenciasesperadas,como objetivodeidentificarassociac¸õesentreosteoartritee variá-veisqualitativas.AplicamosotesteUdeMann-Whitney(não paramétrico)paracompararosparticipantescomesem oste-oartriteevariáveisquantitativas,umavezqueasuposic¸ão de normalidade não foi aceita (Kolmogorov-Smirnov). A associac¸ão entre variáveis quantitativas foi confirmada com o coeficiente de correlac¸ão de Spearman. Os diversos resultados da análise de regressãologística para presenc¸a de OA auto-referidaestão apresentadospor meio derazão dechances(oddsratio[OR])eporintervalosdeconfianc¸ade 95%.Todosostestesforambilaterais,sendoconsideradoum nívelde significânciade 5%.Asanálises estatísticasforam realizadascomousodoprogramaIBM®SPSS®Statistics18.
Este estudo observacional foi registrado no ClinicalTri-als.gov,sobonúmeroNCT01423097.
Resultados
Esteestudoincluiu1.039participantes comidademédiade 62anos(45-99anos);54,2%erammulheres.Atabela1resume as características sociodemográficas e antropométricas da amostratotaleporgrupo(comousemOA).
Nogeral,cercade72%daamostraviviamcomocônjuge e/oufilhos.Sobrepeso foiobservado emquasemetade dos
pacientes(47,0%)eobesidadeestavapresenteem18,0%.65% dosparticipantesnãoexerciamqualqueratividade profissio-nal,amaioriadeles(76,2%)poraposentadorianãocausada porOA.Aidademédiadeiníciodaatividadeprofissionalfoi de15,2anos(DP=5,7).
Hipertensão arterial foi a comorbidade mais frequente (32,2%), seguida por diabetes (15,4%) e doenc¸as cardiovas-culares (14,2%). Aproximadamente 30% dos participantes relataramnãosofrerqualquerdoenc¸a.
Nesteestudo,aprevalênciadeosteoartriteauto-referidafoi de9,9%(IC95%:8,1-11,7%).
AprevalênciadeOAfoimaioremmulheres(13,3%versus 5,9%,P<0,001)emindivíduosdoNortedePortugal,em parti-cipantessematividadeprofissional,comomostraatabela1. OsparticipantescomOAerammaisidosos(idademediana= 64)etinhammenornúmerodeanosdeescolaridade.
Para a amostra total, a prevalência auto-referida de OA foi de6,3%nosjoelhos e5,5%e3,1%nasmãosepés, res-pectivamente. Acoluna vertebral teve prevalênciade 2,7% eostornozelosequadris,2,2%.Punhos,ombros, cotovelos, pescoc¸oecolunatorácicativeram,todos,prevalênciainferior a2%.
Apresenc¸adeOAfoimaiselevadaemparticipantescom comorbidades(13,5%versus1,6%,semcomorbidade,P<0,001). IndivíduoscomOAapresentarammaiornúmeromedianode comorbidades(2versus1emindivíduossemOA,P<0,001).
AprevalênciadeOAfoiassociadaaalgumasdas comor-bidades: artrite reumatoide, depressão, problemas renais, transtornosintestinais,osteoporose,transtornos cardiovascu-lares,diabetesehipertensão(fig.1).
Os resultados de várias regressões logísticas para a presenc¸ade osteoartriteauto-referida (tabela2)mostraram queoriscodeOAé2vezesmaiorparaasmulheres,2,6vezes maior para indivíduos com artrite reumatoide e 1,8 vezes maiorparaaquelescommaiscomorbidades.
ParaosubgrupodepacientescomOAauto-referida, cole-tamosdadosextrascomoobjetivodecompreenderquaisas variáveis quepoderiam ter tidoalgum impactonadoenc¸a. Atabela3resumeasvariáveisdeavaliac¸ãodospacientescom OA.
Nestegrupodeindivíduos,amédiadeidadeporocasião dodiagnósticofoide52anosdeidade(20-85anos),eotempo médiotranscorridoentreaqueixaeodiagnósticofoidetrês anos,variandode1mêsa35anos.Adurac¸ãomédiadadoenc¸a foide13anos(1-56anos).Namaioriadoscasos,umclínico geralfoioresponsávelpelodiagnósticodadoenc¸a(63,0%),efoi oprofissionalqueacompanhouopaciente(58,4%). Aproxima-damente 92%dosindivíduoscomprevalênciaauto-referida tinhamodiagnósticoradiograficamenteconfirmado.
EntreospacientescomOA,joelhosemãosforamoslocais maisfrequentementeacometidospeladoenc¸a(63,1%e55,3%, respectivamente);colunatorácicafoiolocalmenos frequen-tementeregistrado(8,7%).
Tabela1–Característicasdaamostra
Total(n=1,039) SemOAauto-referida(n=936) ComOAauto-referida (n=103)
P
Idade(anos) 62,0(45-99) 61,0(45-99) 64,0(45-87) MW:0,002
Gênero†
Feminino 563 54,2% 488 86,7% 75 13,3% QQ:<0,001
Masculino 476 45,8% 448 94,1% 28 5,9%
Região†
Norte 355 34,2% 309 87,0% 46 13,0% QQ:0,036
Centro 262 25,2% 243 92,7% 19 7,3%
Lisboa 284 27,3% 253 89,1% 31 10,9%
Alentejo 94 9,0% 88 93,6% 6 6,4%
Algarve 44 4,2% 43 97,7% 1 2,3%
Escolaridade(anos) 5,0(0-26) 6,0(0-26) 4,0(0-19) MW:0,020
Vivendocom†
Sozinho 183 17,6% 166 90,7% 17 9,3% NA
Comafamília/amigos 105 10,1% 101 96,2% 4 3,8%
Cônjuge/filhos 749 72,2% 667 89,1% 82 10,9%
Casaderepouso 1 0,1% 1 100,0% 0 0,0%
IMC(kg/m2)† 22,2(15,2-42,2) 26,2(15,2-42,2) 26,7(16,9-40,1) MW:0,068
Abaixodopeso 6 0,6% 5 83,3% 1 16,7% QQ:0,213
Pesonormal 356 34,4% 329 92,4% 27 7,6%
Sobrepeso 486 47,0% 435 89,5% 51 10,5%
Obesidade 186 18,0% 162 87,1% 24 12,9%
Atividadeprofissional 369 35,5% 342 92,7% 27 7,3% QQ:0,038
Comorbidades†
Hipertensão 334 32,2% 289 30,9% 45 43,7% QQ:0,008
Transtornoscardiovasculares 147 14,2% 121 12,9% 26 25,2% QQ:0,001
Diabetes 160 15,4% 137 14,7% 23 22,3% QQ:0,041
Osteoporose 100 9,6% 80 8,6% 20 19,4% QQ:<0,001
Depressão 87 8,4% 67 7,2% 20 19,4% QQ:<0,001
Problemasnosrins 51 4,9% 40 4,3% 11 10,7% QQ:0,004
Problemasintestinais 43 4,1% 34 3,6% 9 8,7% FS:0,031
Artritereumatoide 25 2,4% 16 1,7% 9 8,7% FS:<0,001
Problemasnospulmões 29 2,8% 23 2,5% 6 5,8% FS:0,059
Câncer 52 5,0% 47 5,0% 5 4,9% QQ:0,939
Problemasnofígado 16 1,5% 12 1,3% 4 3,9% FS:0,065
Úlceragástrica 19 1,8% 17 1,8% 2 1,9% FS:>0,999
Fibromialgia 5 0,5% 4 0,4% 1 1,0% FS:0,408
Outros 197 19,0% 163 17,4% 34 33,0%
-N◦decomorbidades 1,0(0-8) 1,1(0-6) 2,1(0-8) MW:<0,001
MW,testedeMann-Whitney;QQ,Testedoqui-quadrado;FS,testeexatodeFisher;NA,nãoaplicável.
Valoresapresentadoscomomediana(mínimo-máximo),excetoemvariáveiscategóricas(†),quesãoapresentadascomon(%). Paraascomorbidades,ospercentuaisforamcalculadosintragrupos(comesemOAauto-referida).
Artrite reumatoide** Problemas no fígado Depressão* Problemas nos rins* Problemas intestinais** Problemas nos pulmões Osteoporose* Fibromialgia Transtornos cardiovasculares* Diabetes* Hipertensão* Úlcera gástrica Câncer
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
Não Sim
% de participantes com osteoartrite auto-referida *P < 0,050, teste do qui-quadrado.
**P < 0,050, teste exato de Fisher.
Tabela2–Regressãologísticaparapresenc¸a deosteoartriteauto-referida
OR IC95%paraOR
Gênero
Masculino Ref.
Feminino 2,017 [1,263;3,223]
Artritereumatoide
Não Ref.
Sim 2,585 [1,027;6,506]
N◦decomorbidades 1,780 [1,499;2,113]
Ref.:Categoriaversusaqualseestáfazendocomparac¸ões.
Emsuamaioria,ospacientescomprevalênciadeOA(88,3%) fizeramalgumtipodetratamentoparaestadoenc¸aemalgum momento de suas vidas: 94,5% fizeram tratamento farma-cológico,49,5%fisioterapiae19,8%atividadefísica;também foram citadas cirurgia e dieta especial. Aproximadamente 84% dospacientes tomavamAINEs paratratamento da OA (42,0%usavamexclusivamenteAINEs),46,9%tomavam anal-gésicos (3,7% usavam exclusivamente analgésicos) e 34,6% usavamdrogasmodificadorasdedoenc¸a(DMARDs)(6,2% usa-vamexclusivamenteDMARDs)(tabela3).
Emsuamaioria,osindivíduosentrevistadosrelataramo usodeanalgésicos(52,4%)ouanti-inflamatórios(86,9%)nos três meses anterioresaoestudo.Emmédia, oconsumo de
Tabela3–Caracterizac¸ãodeindivíduoscomOA
ComOAauto-referida(n=103)
Idadenodiagnóstico,anos 52,3(12,0)
Tempodesdeaqueixaatéodiagnóstico,anos 2,9(4,8)
Durac¸ãodadoenc¸a,anos 12,7(10,4)
Localdadoenc¸a N %
Joelhos 65 63,1%
Mãos 57 55,3%
Pés 32 31,1%
Colunalombar 28 27,2%
Quadris 23 22,3%
Tornozelos 23 22,3%
Punhos 20 19,4%
Ombros 19 18,4%
Cotovelos 16 15,5%
Pescoc¸o 12 11,7%
Colunatorácica 9 8,7%
Capacidadedetrabalhoelicenc¸amédica(noúltimoano) N %
MudouotipodetrabalhodevidoàOA 12 41,4%
MudouamaneiradetrabalhardevidoàOA 10 34,5%
Reduc¸ãodon◦dehorasdetrabalhodevidoàOA 1 3,4%
NãotrabalhoualgunsdiasdevidoàOA 2 6,9%
ParoucompletamentedetrabalhardevidoàOA 3 10,3%
Outros 1 3,4%
Fezalgumtipodetratamento,emalgumaocasião,paraOA 91 88,3%
Tratamentofarmacológico 86 94,5%
Fisioterapia 45 49,5%
Atividadefísica 18 19,8%
Cirurgia 9 9,9%
Dietaespecial 1 1,1%
Outros 7 7,7%
TratamentofarmacológicoparaOAnosúltimos3meses N %
AINEs 34 42,0%
AINEs+Analgésicos 16 19,8%
AINEs+Analgésicos+DMARDs 14 17,3%
DMARDs 5 6,2%
Analgésicos+DMARDs 5 6,2%
AINEs+DMARDs 4 4,9%
Analgésicos 3 3,7%
Total 81 100,0%
Escalasvisuaisanalógicas–EVA
Intensidadedador 4,5(3,3)
ImpactodaOAnodia-a-dia 6,1(2,8)
Gravidadedadoenc¸a 5,9(2,4)
Níveldeincapacidade 5,3(2,7)
Percepc¸ãodoindivíduoparaimportânciaqueomédicodáàdoenc¸a 6,4(3,0)
0 10 20 30 40 50 60 Vitalidade
Funcionamento social Saúde mental Desempenho físico Dor Desempenho emocional Funcionamento físico
Resumo para saúde mental Resumo para saúde física
Pior estado Média Melhor estado
Geral da saúde
Figura2–Escoresdequalidadedevidaefuncionalidade(SF-12v2.0).
analgésicosocorreuquatrodias/semana(1-7diasporsemana) durante6semanas.Ousodeanti-inflamatóriosocorreu,em média,5dias/semanadurante7semanas.
Atabela3listaosresultadosda avaliac¸ãocomEVA.Em média,aintensidadedadorchegoua4,5pontos,enquanto agravidadedadoenc¸aalcanc¸ou5,9pontos,considerando-se umnívelmédiodeincapacitac¸ãode5,3.Oimpactono dia-a--diadosparticipanteschegoua6,1pontosnaEVA;noponto devistadospacientes,esseéoparâmetromaisimportante associadoaestadoenc¸a.Apercepc¸ãodoindivíduocomrelac¸ão àimportânciaqueomédicodáàdoenc¸arecebeu6,4pontos.
AanálisedeSF-12V2.0demonstrouqueapontuac¸ãoglobal paraasaúdementalregistrouumvalorsuperioraoescore glo-balparaasaúdefísica,sugerindoqueospacientestêmmelhor qualidadedevidamentaldoquefísica(45,9pontos[DP=12,7] e38,5pontos[DP=9,3],respectivamente)(fig.2).
Foramfeitostestesdeassociac¸ãocomoobjetivode enten-der quais as variáveis que se relacionavam com dor em pacientescom OA.Nopresenteestudo,adorfoiassociada comaestatura(rs=–0,221,P=0,025)ecomalgunslocais aco-metidospeladoenc¸a[pescoc¸o(7,9versus4,2pontosparaOA emoutroslocais;P=0,008);mãos(5,0versus3,1pontospara OAemoutroslocais,P=0,029);colunavertebral(7,3versus 4,1pontosparaOAemoutroslocais,P=0,020);eombros(7,2 versus4,1pontosparaOAemoutroslocais,P=0,025)].Ador tambémfoiassociadacomescoresdoSF12paraqualidadede vida(saúdefísica:rs=–0,479,P<0,001esaúdemental:rs= –0,414,P<0,001)emedic¸õesnaEVAparaimpactodaOAno dia-a-dia(rs=0,524,P<0,001),gravidadedadoenc¸a(rs=0,557, P<0,001)eníveldeincapacitac¸ão(rs=0,587,P<0,001).
Também foram avaliados os parâmetros com os quais estavarelacionadooimpactodaOAnavidadiária(EVA). Esco-res estatisticamente mais elevados para o impacto da OA nocotidianoforam obtidosporindivíduosqueestavamem licenc¸amédicaouquetinhamparadodetrabalharem decor-rênciadaOA(8,1pontosversus6,0pontos,P=0,001).Além disso,ummaiorimpactodaOAnavidadiáriafoiassociado compiorsaúdefísica(rs=–0,582,P<0,001),piorsaúdemental (rs=–0,460,P<0,001)emaiorgravidadedadoenc¸a(rs=0,506, P<0,001).
Discussão
Esteestudoepidemiológicotevecomoobjetivoavaliara oste-oartriteemindivíduosadultoscommaisde45anosdeidade
emPortugal.OsresultadossugeremqueaprevalênciadaOA auto-referidanapopulac¸ãoportuguesacom45anosoumais deidadesesituaentre8,1e11,7%.Esteresultadoésemelhante aosdadosdeprevalênciarelatadosempaísescomoCanadá, EstadosUnidos,Inglaterra,Austrália,NovaZelândia,Bélgica eHolanda.11,12AprevalênciaglobaldaOAentreos
habitan-tesdaNoruegafoide12,8%,sendosignificativamentemaior entreasmulheres,emcomparac¸ãocomoshomens.13,14 Na
populac¸ãoholandesacomOA,aprevalênciadeosteoartrite nojoelhofoimaiordoquenoquadril,oquetambémé rela-tadoemoutrospaíses,12,14 bemcomoemnossoestudoem
Portugal.15NaPolônia,OAfoidiagnosticadaem14,7%dos
par-ticipantes.AocorrênciadeOAaumentoucomaidade,sendo maiselevadanafaixaetáriaacimados50anos,emais fre-quenteemmulheres.14 AEspanharevelouumaprevalência
estimadadeOAsintomáticanojoelhode10,2%napopulac¸ão adulta em geralcom maisde 20 anosde idade, e de6,2% paraOAsintomáticanamão.Estesresultadosestavam relacio-nados principalmenteaumaaltataxadedornojoelhoem mulherescommaisde55anos.14,16–18
Noentanto,amaioriadosestudosnaliteratura11,13–15
rela-tamdadosdeprevalênciadeOAsintomáticanojoelho,mãoe quadril.Sãomuitoescassasasinformac¸õessobreoutroslocais acometidospeladoenc¸a.
O presenteestudoutilizainformac¸õesobtidas por auto--relato; por isso háalgumas limitac¸ões, visto dispensarem confirmac¸ãomédicadodiagnóstico.Portanto,épossívelque algumaspessoassedescrevamcomodiagnosticadas,quando naverdadenão estavam;poroutrolado, algunsindivíduos podempensarqueforamdiagnosticadoscomoutra enfermi-dade,masnaverdadereceberamumdiagnósticodeOA,oque implicariscodediagnósticofalso-positivooufalso-negativo. Emresumo,aavaliac¸ãodadoenc¸apormeiodeinformac¸ões obtidasporauto-relatopodelevaraalgunserrosde diagnós-tico;nãoobstante,taisinformac¸õessãoconsideradas como umimportanteindicadordacondic¸ãodeumapessoa,mesmo dependendodecomoelapercebeeidentificasuadoenc¸a.
Comoesperado,emnossoestudo,oslocaismaiscomuns para ocorrência de OA também foram joelhos emãos. No entanto,apesardaelevadaevidênciadeOAdoquadrilrelatada emoutrospaíses,13,19–21esseachadonãoficoudemonstrado
nestapopulac¸ãoportuguesa.
O dano oxidativo que ocorre com o envelhecimento é umdosprincipais responsáveispelaocorrência da OA.Em comparac¸ãocom os homens, as mulherestêm maior pro-pensão de sofrer OA, havendo também maior tendência de acometimento das formas mais graves da doenc¸a. Os resultadosdeste estudo confirmamessesachados,em que a prevalência de OA é maior em mulheres do que em homens, concordando com resultados relatados por estu-dosemoutrospaíses.11,13,16,18,25,26Tambémconcordandocom
outrosestudos,2,11,13,16,18,25,27houveassociac¸ãoentreidadee
OA,tendosidoobservadaumaidademedianamaisaltaem indivíduoscomOA.
Alguns estudos demonstraram que os fatores de risco paraOAdediferentelocalizac¸ãopodemvariar.NaItália,os resultados para OA no quadril revelaram correlac¸ões com peso,fatoresgenéticos,gênero,traumasprévios,fatores ocu-pacionaiseidade, enquanto queOA no joelhoteve grande correlac¸ãocom peso, estilodevida eatividade física.14 Há
muitotempoaobesidadeeosobrepesotêmsido reconheci-doscomopotentefatorderiscoparaOA,especialmenteno joelho.2,7,22,27 Alémdisso, oíndicede massacorporal(IMC)
parecedesempenharumpapelimportantenadeterminac¸ão daincapacitac¸ãodosindivíduos.28 Masnopresenteestudo,
não percebemos associac¸ão entre OA e IMC, contrastando com dados obtidos em um levantamento populacional na Noruega,13ondeIMCestavasignificativamenteassociadocom
OAnoquadrilejoelho.
Tem sido demonstrado que, em pacientes com OA, condic¸ões de comorbidade podem afetar não apenas a progressão da doenc¸a, mas também o bem-estar psico-lógico dos pacientes, independentemente da extensão da doenc¸a.29,30 Nonossoestudo,aprevalênciadeOAfoimaior
emindivíduoshipertensos,com transtornos cardiovascula-resediabetes.Essascomorbidadestambémforamrelatadas por outros autores, juntamente com depressão, dislipide-mia ou outros problemas musculosqueléticos.31–33 Nossos
resultadosdemonstrarammaiorriscodeOAparaindivíduos commaiscomorbidades, implicandomaiornecessidadede atenc¸ão,investigac¸ãoetratamentodessascomorbidades,com a finalidade de tentar diminuir a incapacitac¸ão associada eadiminuic¸ãodaqualidadedevidaempacientescomessas condic¸ões.
Nossosresultados mostraram uma associac¸ãoentre OA emenor número de anos de educac¸ão eabsentismo; esse também foi um dos achados nos estudos norueguês13 e
espanhol,16,18 nosquaisfoiobservadoaumentona
ocorrên-ciadeOAempessoascommenosde12anosdeeducac¸ãoe naquelesforadomercadodetrabalho.
Comrelac¸ãoaoabsentismoouàscondic¸õesdetrabalho associadasà OA,os resultados dopresenteestudo concor-damcomdadosdosEstadosUnidos:4nossospercentuaisde
indivíduos,demudanc¸anotipodetrabalho,oudemudanc¸a naformadetrabalharporcausadaOAforamsemelhantes, em comparac¸ãocom o comprometimento no trabalho em geralenasatividadesobservadasnaquelepaís.Areduc¸ãodo empregoemdecorrênciadaOApodetambémdepender do localafetadopeladoenc¸a.34Noestudonorte-americano,4
tra-balhadorescom dorcausadapelaOA relataram umestado de saúde significativamente pior (medido por SF-12), em comparac¸ãocomtrabalhadoressemdorcausadapeladoenc¸a.
Damesmaforma,tambémchegamosaescoresmaisbaixos para os componentesfísicos que, como esperado, estavam associadosàdor,umavezqueOAedorafetamo funciona-mentofísico.4,13,30
Em nosso estudo, também observamos umaassociac¸ão entredormedidaporEVAeimpactonavidadiária,gravidade dadoenc¸aeníveldeincapacitac¸ão.Segundoaliteratura,o alí-viodadoréoprincipalmotivadornospacientescomOA,na buscadeatenc¸ãomédica.14Tendoemvistaarelac¸ãoentredor
equalidadedevida,éimportantequesejambuscadasformas adequadasparaqueopacienteobtenhamelhorqualidadede vida.Éimportantetambémcompreenderarelac¸ãoentreOA, dor auto-referida emedidas de incapacitac¸ão, para quese tenhaumconhecimentomaisaprofundadocom relac¸ãoao efeitoqueaOAexercenavidadopaciente,àprogressãoda doenc¸a,eaoscaminhosparaumaintervenc¸ãoeficaz.29,30
Para algunsautores,22,30 dorefuncionamento são
assu-midos como resultados sintomáticos da OA que podem frequentementeserconsideradospelopacientecomoparte da avaliac¸ãoda eficácia farmacológica,emassociac¸ão com suaspercepc¸õesde gravidadeemelhora.Emnossoestudo, osresultadosapontamparaumarelac¸ãoentreoimpactono dia-a-dia do paciente, gravidade eincapacitac¸ão – que, no pontodevistadopaciente,sãoosdesfechosquemaisforam consideradoscomotendoassociac¸ãocomestadoenc¸a.
Estatisticamente, opescoc¸ofoiolocalde acometimento da OAconsideradocomoo maisdolorosopelos participan-tes deste estudo,umachado bastanteincomumemoutros estudossemelhantesjápublicados.Juntocomopescoc¸o,a coluna vertebral lombar e os ombros também foram esta-tisticamentesignificativospara ador;emgeral,eaindado pontodevistadospacientes,essesníveisdedorpodemter sido responsáveispelosresultados relacionadosaoimpacto nodia-a-diaeàincapacitac¸ão.Algunsestudos5,14,28,29
relata-ramqueapresenc¸adedorempacientescomOAnoquadril ejoelho demonstravaforteassociac¸ãocom apercepc¸ão de incapacitac¸ãoparaasatividadesbásicasdavidacotidiana.
As associac¸ões entre o auto-relato de OA, gravidade e outrasmedidasderesultadosrelatadospelospacientes suge-remquehárelevânciaclínicaemsolicitaraopacientequefac¸a umaautoavaliac¸ãodesuacondic¸ão.14 Estaabordagempode
representarumaformaadicionaldeavaliaraosteoartritena práticaclínica,emborahajanecessidadedemaiorvolumede dadosparaquesejaconfirmadaautilidadedestemétodo.
Conclusão
ExistemalgunsestudosqueavaliamOA auto-referidaeseu impactonocotidianodeseus portadores.Comesteestudo, buscamoscompreendercomoospacientessãoafetadospor estadoenc¸a.
quetambémfoiassociadacompiorsaúdefísicaementale maiorgravidadedadoenc¸a.
Nogeral,nosso estudoconfirmaqueoimpactodaOA é muito significativo empacientes com mais de 45 anos de idadeequetambémestápresenteempacientesportadoresde outrasdoenc¸asvariadas.Issopodeindicarumperfildo paci-ente,comumestadodesaúdeglobalmenossatisfatórioeem quemOAcontribuiparaadiminuic¸ãodaqualidadedevida.
Emumapopulac¸ãoemprocessodeenvelhecimentoeque precisatrabalhardurantemaiornúmerodeanos,OAdeveser consideradaemtermosdeprevenc¸ãoetratamento,paraque sejacontroladoo impactoglobaldadoenc¸a nãosóparaos doentes,mastambémnasociedade.
Apoio
financeiro
EsteestudofoipatrocinadoporAstraZenecaProdutos Farma-cêuticos,Lda.,Portugal.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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