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Efeitos do treinamento de flexibilidade na capacidade funcional e seus componentes, em idosas: um estudo controlado randomizado

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Academic year: 2017

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA MOTRICIDADE

EFEITOS DO TREINAMENTO DE FLEXIBILIDADE NA CAPACIDADE

FUNCIONAL E SEUS COMPONENTES, EM IDOSAS: UM ESTUDO

CONTROLADO RANDOMIZADO

LUIZA HERMINIA GALLO

Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Câmpus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, como requisito obrigatório para obtenção do título de Mestre em Ciências da Motricidade.

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EFEITOS DO TREINAMENTO DE FLEXIBILIDADE NA

CAPACIDADE FUNCIONAL E SEUS COMPONENTES, EM

IDOSAS: UM ESTUDO CONTROLADO RANDOMIZADO

Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, para obtenção do título de mestre em Ciências da Motricidade.

ORIENTADOR: PROF. DR. SEBASTIÃO GOBBI

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[s.n.], 2012

60 f. : il., figs., gráfs., tabs., fots.

Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro

Orientador: Sebastião Gobbi

1. Envelhecimento. 2. Exercício físico. 3. Amplitude de movimento articular. 4. Exercícios de alongamento muscular. 5. Aptidão física. I. Título.

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EFEITOS DO TREINAMENTO DE FLEXIBILIDADE NA

CAPACIDADE FUNCIONAL E SEUS COMPONENTES, EM

IDOSAS: UM ESTUDO CONTROLADO RANDOMIZADO

Dissertação apresentada ao Instituto de Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, como requisito obrigatório para obtenção do título de Mestre em Ciências da Motricidade.

Comissão Examinadora

____________________________________ Prof. Dr. Sebastião Gobbi (orientador)

____________________________________ Prof. Dr. Paulo de Tarso Veras Farinatti

____________________________________ Profa. Dra. Anna Raquel Silveira Gomes

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DEDICATÓRIA

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para superar os desafios.

Aos meus pais e meu irmão, minha família, pelo amor, incentivo e apoio de sempre. É graças a vocês que me mantive em pé e confiante e hoje completo mais uma etapa da minha vida, mais um sonho realizado, mais uma conquista nossa! Muito obrigada por tudo, sempre, amo vocês!!!

Ao professor, orientador e grande amigo Sebastião Gobbi, pelos sete anos de aprendizagem e oportunidades. Gobbi, obrigada por sempre acreditar e confiar em mim, por mostrar os melhores caminhos e por cuidar, tão gentilmente, de minha vida acadêmica. É graças a você que hoje amo o que faço e pretendo continuar! E à professora Lílian Gobbi, obrigada por ser a melhor coordenadora da Pós, amiga e exemplo de garra e caráter. Espero um dia conseguir me tornar metade dos excelentes profissionais e seres humanos que vocês são!!!

As minhas queridas idosas, que aceitaram participar do estudo e que, nesses dois anos de convivência, me permitiram ter uma pequena parte em suas vidas. Obrigada por toda confiança, amor e conhecimento transmitidos e por tornarem minhas manhãs mais alegres logo às sete horas. Se não fosse por vocês, nada disso seria possível!

Ao professor Riani e todos os integrantes do Laboratório de Atividade Física e Envelhecimento (LAFE). Trabalhar com pessoas tão competentes e dedicadas, em um ambiente de amizade e cumplicidade é realmente um grande privilégio e aprendizado. Em especial, o “grupo da força”! Acima de um grupo de estudos com um tema em comum, acredito que conseguimos formar laços que não há distância capaz de desfazer! Espero tê-los sempre por perto, mesmo que não presencialmente! Muito obrigada pela amizade e confiança: André, Raquel, Marilia, Alexandre, Claudinho, Marina e Flávio.

Marilia e Xandão: são sete anos de conselhos, abraços, risos, lágrimas, torcida e vitórias. Sete anos de amizade! Não tenho palavras suficientes para agradecê-los! Amo muito vocês!

Aos estagiários do PROFIT que me auxiliaram todo esse tempo a ministrar as aulas e a todos meus amigos que souberam compreender minhas constantes ausências!

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“Anything is possible with a little stretch

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articular e ainda, tem promovido melhora nos padrões da marcha, agilidade e força muscular. Entretanto, tendo em vista o reduzido número de estudos controlados e aleatorizados investigando os efeitos do citado treinamento na capacidade funcional (CF) de idosos, e a grande disparidade metodológica adotada, os resultados ainda são contraditórios. Desta forma, o objetivo deste estudo foi analisar os efeitos de um treinamento de flexibilidade na CF e seus componentes, em idosas viventes na comunidade. Para isso, foram selecionadas 31 mulheres idosas aleatoriamente distribuídas em dois grupos: a) Grupo Controle (GC, n=16), o qual realizou atividades artísticas e cognitivas; b) Grupo Treinamento (GT, n=15), o qual participou do treinamento composto por exercícios de alongamento, com três séries de 30 segundos, voltado para os principais grupos musculares. Ambos os grupos frequentaram a universidade três vezes na semana, durante oito semanas, com duração aproximada de uma hora por sessão. Para avaliação dos componentes da CF foi aplicada a bateria de testes motores da American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD) e o teste de subir escadas (TSE). A partir da somatória dos resultados dos testes da AAHPERD foi calculado o índice de aptidão funcional geral (IAFG), o qual pode ser classificado de muito fraco a muito bom. O flexímetro foi adotado para avaliação angular da flexibilidade e a contração voluntária máxima isométrica (CVM), dos membros inferiores, foi avaliada pela extensão unilateral de joelho. O teste U Mann Whitney não apontou diferença entre os grupos para os valores do índice de aptidão funcional geral, porém o GT melhorou sua classificação pós-intervenção. Para os componentes da CF e TSE a ANOVA apontou interação significativa Grupo vs. Momento apenas para a flexibilidade, avaliada pelo teste de sentar e alcançar, e para os movimentos de extensão de ombro direito e flexão de quadril esquerdo. Não foi observada interação significativa para os valores de CVM. Pode-se concluir que oito semanas de treinamento da flexibilidade, com volume de 90 segundos de alongamento estático, são eficazes na melhora da flexibilidade do ombro, tronco e quadril, e da classificação do IAFG, em idosas.

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promoting better gait patterns, agility and muscle strength. However, due to the small number of controlled and randomized studies that have investigated such training effects on the functional capacity (FC) of the elderly, and the large disparity between methodologies, the results are still contradictories. Therefore, the purpose of this study was to analyze the effects of flexibility training on the FC and its components in community dwelling older women. Thirty one older women enrolled in the study and were randomly assigned into two groups: a) Control Group (CG, n = 16), which performed artistic and cognitive activities; b) Training Group (TG, n = 15), which underwent a training protocol composed by stretching exercises, with three sets of 30 seconds, for the major muscle groups. Both groups visited the university three times a week, for eight weeks, lasting about one hour per session. For the assessment of the FC components it was applied the American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance (AAHPERD) motor tests battery and the stair climbing test (SCT). From the sum of the AAHPERD tests results it was calculated the global functional fitness index (GFFI), which can be rated from very poor to very good. The fleximeter was used to evaluate the angular flexibility and the isometric maximal voluntary contraction (MVC) of the lower limbs was assessed by a load cell during unilateral knee extension. The U Mann Whitney test did not pointed difference between the groups for general functional fitness index (GFFI) values. However, the TG improved its classification at post-intervention. Regarding the FC components and SCT the ANOVA showed significant Group vs. Moment interaction only for flexibility, when it was evaluated by the seat and reach test, and for the right shoulder extension and left hip flexion. It was not found significant interaction for the MVC values. It can be conclude that an eight-week flexibility training, with 90-second static stretching volume, is effective in improving the shoulder, trunk and hip flexibility, and the classification of GFFI, in older women.

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baseado na somatória dos pontos percentis atribuídos a cada teste da bateria... 23 Tabela 2 – Classificação dos testes motores e do Índice de Aptidão Funcional Geral (IAFG) de acordo com os pontos percentis obtidos em cada teste da bateria... 23 Tabela 3 - Características da amostra no momento pré-período experimental. Valores (em média e desvio padrão) de idade, peso, estatura, índice de massa corporal (IMC) e nível de atividade física para as participantes dos grupos treinamento (GT) e controle (GC)... 32 Tabela 4 - Valores do Índice de Aptidão Funcional Geral (IAFG) e sua classificação nos momentos pré e pós período experimental, para ambos os grupos (GT e GC). Valores em mediana e amplitude (valores mínimo e máximo)... 33 Tabela 5 - Valores dos componentes da capacidade funcional (média e desvio padrão), de ambos os grupos treinamento e controle (GT e GC, respectivamente) nos momentos pré e pós oito semanas de experimento... 35 Tabela 6 - Valores do teste de resistência de força nos momentos pré e

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de alcançar sentado, para homens e mulheres... 14

Figura 2 - Fluxograma da aleatorização da amostra... 20

Figura 3 - Alongamento para os músculos flexores do quadril e extensores do joelho... 27

Figura 4 - Alongamento para os músculos extensores do quadril e flexores de joelhos... 27

Figura 5 - Alongamento para os músculos extensores do quadril e flexores de joelhos... 28

Figura 6 - Alongamento para os músculos flexores dorsais do tornozelo... 28

Figura 7 – Alongamento para os músculos flexores plantares do tornozelo ... 29

Figura 8 - Alongamento para os músculos flexores do ombro e do cotovelo... 29

Figura 9 - Alongamento para os músculos extensores do cotovelo e ombro... 30

Figura 10 - Alongamento para os músculos extensores do cotovelo e ombro... 30

Figura 11- Classificação do Índice de Aptidão Funcional Geral (IAFG) do Grupo Treinamento (GT), nos momentos pré e pós-período experimental de oito semanas... 33

Figura 12 - Classificação do Índice de Aptidão Funcional Geral (IAFG) do Grupo Controle (GC), nos momentos pré e pós-período experimental de oito semanas... 33

Figura 13 - Ilustração gráfica do teste de flexibilidade... 50

Figura 14 – Marcações para o teste de coordenação... 51

Figura 15 – Ilustração gráfica do teste de coordenação... 52

Figura 16 - Esquema demonstrativo do teste de agilidade e equilíbrio dinâmico da AAHPERD ... 53

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2. OBJETIVOS... 13

2.1. Geral... 13

2.2. Específico... 13

3. REVISÃO DA LITERATURA... 14

3.1. Flexibilidade, exercícios de alongamento e o processo de envelhecimento... 14

3.2. Treinamento da flexibilidade e capacidade funcional... 16

4. MATERIAIS E MÉTODOS... 20

4.1. Amostra... 20

4.2. Delineamento experimental... 21

4.3. Protocolo de avaliação... 22

4.3.1. Medidas antropométricas... 22

4.3.2. Nível de atividade física... 22

4.3.3. Componentes da capacidade funcional e mobilidade... 22

4.3.4. Avaliação da contração muscular voluntária... 24

4.3.5. Medidas angulares da flexibilidade... 25

4.4. Protocolo de intervenção... 26

4.4.1. Protocolo de treinamento da flexibilidade... 26

4.4.2. Protocolo de atividades artísticas e cognitivas... 31

4.5. Análise estatística... 31

5. RESULTADOS... 32

6. DISCUSSÃO... 39

7. CONCLUSÃO... 44

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 45

9. ANEXOS... 50

9.1. Anexo A – Questionário Baecke Modificado para Idosos 50 9.2. Anexo B – Bateria de testes da American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance………... 52

9.2.1 Teste de Flexibilidade... 52

9.2.2 Teste de Coordenação... 52

9.2.3 Levantar-andar-sentar bilateral (Agilidade e equilíbrio dinâmico) 54 9.2.4 Teste de resistência de força de membros superiores 55 9.2.5 Teste de caminhar meia milha/ Habilidade de andar 55 10. APÊNDICES... 57

10.1. Apêndice A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido... 57

10.2. Apêndice B – Parecer do Comitê de Ética... 59

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1. INTRODUÇÃO

Dentre diversas modificações que ocorrem nos sistemas do corpo humano durante o processo de envelhecimento encontram-se as alterações no sistema neuromuscular e osteoarticular. Essas alterações podem acarretar na diminuição dos diferentes componentes da capacidade funcional, em especial, na força muscular e flexibilidade (HADDAD et al., 2012; SOUCIE et al., 2010). Estes componentes por sua vez, possuem importantes relações com a realização de atividades de vida diária (AVD) e, por consequência, com a manutenção da autonomia funcional e qualidade de vida do indivíduo idoso (FARINATTI, 2008; GOBBI et al., 2005). No Brasil, cerca de 3,2 milhões de idosos apresentam alguma dificuldade para a realização das AVD, dos quais, 63% são do sexo feminino (IBGE, 2008). De fato, baixos níveis de força muscular e flexibilidade nas articulações dos ombros, quadris e tornozelos estão associados ao aumento na dificuldade para desempenhar algumas atividades básicas, como pentear os cabelos e calçar-se, além de alterações negativas no controle postural e nos padrões de marcha (FAYAD et al., 2008; GERALDES et al., 2008; KANG e DINGWELL, 2008).

Neste contexto, a prática regular de atividade física para adultos idosos tem sido amplamente recomendada como forma de atenuar e/ou reverter os efeitos deletérios do envelhecimento em diferentes sistemas do organismo humano (NELSON et al., 2007). Dentre as inúmeras possibilidades de exercícios físicos, tem-se recomendado que rotinas de alongamento sejam incorporadas a programas de treinamento voltados para a população idosa no sentido de manter e/ou melhorar os níveis de flexibilidade (ACSM, 2009).

Diferentes autores tem demonstrado que exercícios de alongamento promovem aumentos expressivos na amplitude de movimento articular por alterar as propriedades mecânicas e/ou neurais do sistema neuromuscular (GUISSARD e DUCHATEAU, 2006; KUBO et al., 2002). Dentre as alterações mecânicas, as alterações na viscoelasticidade da unidade músculo-tendão podem permitir o melhor reaproveitamento da energia elástica durante o ciclo de alongamento-encurtamento muscular, aumentando a capacidade de um determinado grupo muscular em realizar trabalho (GAJDOSIK et al., 2005a; KUBO et al., 2002). Assim, a melhor utilização da energia elástica durante atividades dinâmicas, associada ao aumento da amplitude de movimento articular podem facilitar atividades como subir escadas e sentar e levantar de uma cadeira, influenciando positivamente na realização das AVD (GAJDOSIK et al., 2005a).

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pode melhorar os parâmetros da marcha (CHRISTIANSEN et al., 2008; CRISTOPOLISK et al., 2009; KERRIGAN et al., 2003), a força muscular de adultos idosos (GAJDOSIK et al., 2005a; STANZIANO et al., 2009) e, consequentemente, a agilidade e habilidade de caminhar (GAJDOSIK et al., 2005a; STANZIANO et al., 2009). Stanziano et al. (2009) encontraram que 16 sessões de treinamento da flexibilidade composto por exercícios de facilitação neuroproprioceptiva promoveram melhora da flexibilidade do tronco, de membros superiores, inferiores, da resistência de força de membros superiores e inferiores e potência de força de membros inferiores. Ainda, os melhores resultados observados para os testes de agilidade e caminhada (melhora de 12% e 11% respectivamente) foram associados pelos autores ao aumento da amplitude de movimento e força muscular de membros inferiores, os quais podem ter permitido a realização dos testes de forma mais rápida.

No entanto, resultados contraditórios têm sido relatados pelos diferentes estudos. Gajdosik et al. (2005a) demonstraram que oito semanas de treinamento da flexibilidade da articulação do tornozelo podem melhorar a agilidade de adultos idosos em 8%. Klein et al. (2002) por sua vez, encontraram que dez semanas deste tipo de treinamento foram eficazes no aumento da força muscular de quadril e tornozelo, mas nenhum resultado significativo foi encontrado para a mobilidade e equilíbrio. Por fim, Gallon et al. (2011) concluíram que oito semanas de treinamento específico de alongamento dos músculos isquiotibiais promoveram aumento expressivos (29%) na flexibilidade dos mesmos, entretanto, nenhuma alteração na produção de força muscular foi observada.

Segundo o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2009) o reduzido número de estudos controlados e randomizados não permite indicar o tipo de alongamento (estático ou dinâmico) e a manipulação dos parâmetros de treinamento (duração e frequência) que sejam seguros e efetivos para a população idosa. Desta forma, os resultados contraditórios observados podem estar associados a diferenças na amostra estudada (idosos independentes, institucionalizados, com mobilidade articular limitada ou amostras compostas por ambos os gêneros) e/ou nas variáveis relacionadas ao treinamento, como o método de alongamento e o volume empregado.

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articulações são necessários, assim, é importante compreender o efeito de um treinamento de flexibilidade em múltiplas articulações nos diferentes componentes da capacidade funcional de idosos.

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2. OBJETIVOS 2.1. Geral

Analisar os efeitos do treinamento de flexibilidade na capacidade funcional e seus componentes, em idosas viventes na comunidade.

2.2. Específicos

Analisar o efeito de um treinamento de flexibilidade, elaborado de acordo com as recomendações do Colégio Americano de Medicina do Esporte (NELSON et al., 2007):

a) No Índice de Aptidão Funcional Geral;

b) Nos componentes da capacidade funcional: flexibilidade de tronco, coordenação, agilidade e equilíbrio dinâmico, resistência de força muscular e capacidade aeróbia;

c) Na contração muscular voluntária máxima de membros inferiores;

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3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1. Flexibilidade, exercícios de alongamento e o processo de envelhecimento.

A flexibilidade é definida como a máxima amplitude de movimento alcançada em uma ou mais articulações, dentro dos limites morfológicos, sem risco de lesão (GOBBI et al., 2005), e está diretamente envolvida na qualidade com a qual as AVD são realizadas (FAYAD et al., 2008; GERALDES et al., 2008; KANG e DINGWELL, 2008). O nível de flexibilidade de uma articulação é dependente tanto de fatores intrínsecos (relacionados a idade, gênero e estruturas do sistema músculo-esquelético) quanto de fatores extrínsecos (relacionados ao nível de atividade física do indivíduo e condições ambientais) (GOBBI et al., 2005; HOLLAND et al., 2002). Quando esta é avaliada por meio de testes lineares, como é o caso do teste de alcançar sentado, observa-se um rápido aumento em seus níveis até por volta dos 16 anos e, a partir dessa idade, a taxa de aumento desacelera até aproximadamente os 20 anos (homens) e 25 anos (mulheres), passando então a declinar. Tal declínio é menos acentuado para mulheres, o que justifica o fato delas ainda possuírem maiores valores absolutos de flexibilidade do que homens, mesmo em idades avançadas (GOBBI et al., 2005). A Figura 1 ilustra seu comportamento ao longo do ciclo vital para ambos os gêneros.

Figura 1. Comportamento da flexibilidade nas articulações envolvidas no teste de alcançar sentado, para homens e mulheres (GOBBI et al., 2005).

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Recentemente, Soucie et al. (2010) compararam os efeitos da idade (diferentes faixas etárias) no nível de flexibilidade, avaliados por método angular, para ambos os sexos. Ao comparar as faixas etárias de 9-19 anos e 45-69 anos para o sexo feminino, os autores encontraram reduções significativas de: 18,5% na extensão e 3,0% na flexão do quadril, 33,0% na dorsiflexão e 1,4% na flexão plantar do tornozelo e 2,2% na flexão de ombro. Quando a comparação foi realizada entre sexo, para os movimentos de flexão plantar do tornozelo e de pronação e supinação do cotovelo, as mulheres demonstraram-se mais flexíveis que os homens em todas as faixas etárias avaliadas. Assim, independentemente da magnitude das alterações observadas para os diferentes movimentos articulares avaliados, as mulheres parecem manter maiores valores de flexibilidade em relação aos homens com o avançar da idade. Embora Soucie et al. (2010) não tenham avaliado os mecanismos envolvidos na redução da amplitude de movimento articular para ambos os sexos, as estruturas que compõem o sistema músculo esquelético associados ao componente neural que regulam a tolerância ao alongamento podem estar diretamente envolvidos.

Com o passar do tempo as estruturas do sistema músculo-esquelético sofrem uma série de alterações morfofisiológicas que prejudicam sua funcionalidade, por exemplo, diminuição da massa e força muscular (ZHONG et al., 2007). Além da menor massa muscular, a musculatura de idosos tende a ser mais rígidas do que de jovens, fato que pode estar relacionado a viscoelasticidade dos tecidos conectivos (

GAJDOSIK et al., 2005b).

Há um aumento da concentração e modificação na disposição de fibras colágenas e elastina (aumento de formação de pontes cruzadas), diminuindo a elasticidade dos tecidos e tornando-os mais suscetíveis a lesão, principalmente tendões e ligamentos. Ao considerar que uma das funções do tendão é a transmissão da força gerada pelo músculo para o osso, as mudanças morfofisiológicas dessa estrutura podem resultar em menor eficiência na transmissão rápida da força muscular, o que pode afetar, por exemplo, a capacidade de re-estabelecer o equilíbrio após perturbação abrupta da postura (ACHOUR JUNIOR, 2010; FREEMONT; HOYLAND, 2007; PIJNAPPELS et al., 2008).

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Estudos têm demonstrado que este tipo de exercício promove uma série de alterações estruturais nas propriedades mecânicas, as quais podem acarretar maior comprimento muscular e consequente maior amplitude de movimento (MAGNUSSON, 1998; FOWLES et al, 2000). Esta melhora pode estar associada à deformação nas propriedades viscoelástica da musculatura (KUBO et al., 2001; WEIR et al., 2005) e à diminuição da rigidez (KUBO et al., 2001), encontrados imediatamente após a realização do alongamento.

Além das alterações morfofisiológicas associadas às estruturas do sistema músculo-esquelético, a flexibilidade também é influenciada pelos fatores neurais, como a redução da excitabilidade reflexa espinhal durante o alongamento (GUISSARD; DUCHATEAU, 2006). A adaptação músculo-tendínea decorrentes de exercícios de alongamento seguem o princípio de ativação de fusos musculares e Órgãos Tendíneos de Golgi, os quais são sensíveis às alterações no comprimento e velocidade e na tensão dos músculos, respectivamente. Os impulsos desses receptores provocam respostas reflexas, que por sua vez induzem adaptações nas unidades musculotendíneas, as quais são benéficas para o ganho da mobilidade articular (BAGRICHEVSKY, 2002; MAGNUSSON et al.,1996). Estudos realizados observaram que durante exercícios de alongamento ocorrem alterações mecânicas no músculo e nos tecidos adjacentes e, consequentemente, no padrão de intensidade e frequência da atividade reflexa proprioceptiva (ALTER, 1996; KRIVICKAS, 2001).

3.2. Treinamento da flexibilidade e capacidade funcional

A capacidade funcional pode ser definida como a capacidade de realizar tarefas diárias com vigor, em alerta e sem fadiga excessiva (GARBER et al., 2011). Tal capacidade é operacionalizada por meio de um conjunto de componentes que incluem: aptidão cardiorrespiratória, flexibilidade, composição corporal, equilíbrio, agilidade, tempo de reação e força muscular (GARBER et al., 2011) .

Estudos têm apontado que o treinamento da flexibilidade pode ser eficiente na manutenção ou aumento da amplitude de movimento articular e melhora no desempenho muscular (ALMEIDA et al., 2009). Especialmente na população idosa, este tipo de treinamento tem proporcionado aumento da amplitude de movimento das diversas articulações (CHRISTIANSEN et al., 2008; CRISTOPOLISK et al., 2009; STANZIANO et al., 2009; VAREJÃO et al., 2007). Entretanto, a diferença na magnitude do ganho encontrada parece estar relacionada à articulação e ao movimento avaliado, para uma mesma articulação.

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no mínimo 10 segundos, durante 10 semanas, foram suficientes para promover melhora de 44% no movimento de extensão de ombro (OSTROW et al., 1992). Por outro lado, 16 sessões de alongamento de facilitação neuroproprioceptiva, duas vezes na semana, com 10 séries de quatro a cinco segundos, melhoraram a flexão de ombro e cotovelo em apenas 3,4% (STANZIANO et al., 2009). Gajdosik et al. (2005a) e Christiansen et al. (2008) encontraram ganho similar de 45% para os valores de dorsiflexão do tornozelo após um treinamento com volume de alongamento de 150 (10 séries com duração de 15 segundos) e 135 (três séries com duração de 45 segundos) segundos, respectivamente, enquanto Cristopoliski et al. (2009) obtiveram resultados 23% melhores para flexão plantar do tornozelo. Por outro lado, o ganho encontrado para os movimentos de flexão e extensão do quadril foi próximo, 28,6% (GALLON et al., 2011) e 26% (KERRIGAN et al., 2003; CRISTOPOLISKI, et al., 2009), respectivamente.

Além de promover maiores resultados na amplitude de movimento articular, estudos têm demonstrado que o treinamento da flexibilidade pode ser eficaz na melhora dos parâmetros da marcha (CHRISTIANSEN et al., 2008; CRISTOPOLISK et al., 2009; KERRIGAN et al., 2003). Cristopolisk et al. (2009) promoveram treinamento de alongamento estático com quatro séries de 60 segundos (volume de 240 segundos), três vezes na semana, durante quatro semanas, e encontraram maior comprimento do passo e velocidade da marcha, e menor tempo de duplo suporte, após quatro semanas de treinamento com alongamento passivo. Os autores ainda observaram melhora da flexibilidade do quadril e tornozelo, as quais provavelmente influenciaram os resultados mostrados anteriormente. Christiansen et al. (2008) observaram que oito semanas de treinamento, duas vezes ao dia, foram suficientes para aumentar a velocidade da marcha em 0,07 m/s e a flexibilidade dos movimentos de extensão de quadril, flexão de joelho e dorsiflexão do tornozelo. Dentre as alterações encontradas, destaca-se a melhora da velocidade da marcha, uma vez que esta pode refletir a realização das atividades de vida diária do idoso (POTTER et al., 1995).

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Em adição, como discutido anteriormente, exercícios de alongamento promovem alterações mecânicas e estruturais que podem, por exemplo, melhorar o reaproveitamento da energia elástica durante o ciclo de alongamento-encurtamento muscular (redução na dissipação de energia na forma de calor), aumentando a capacidade de um determinado grupo muscular em realizar trabalho (KUBO et al., 2002). Com base nessas alterações, estudos têm apontado que o treinamento da flexibilidade pode melhorar os níveis de algumas expressões da força muscular, especialmente a resistência de força. Stanziano et al. (2009) encontraram melhores valores para resistência de força de membros superiores e inferiores (45,7% e 17,1% respectivamente) e potência muscular de membros inferiores (25,6%), após oito semanas de alongamento por facilitação neuroproprioceptiva, de múltiplas articulações (ombro, tronco, quadril e tornozelo). Gajdosik et al. (2005a) por sua vez, encontraram aumento também significativo para a força muscular isométrica avaliada na amplitude máxima de dorsiflexão do tornozelo (60,8%). Por outro lado, Gallon et al. (2011) não observaram melhoras estatisticamente significativas no pico de torque isocinético (concêntrico e excêntrico), após um período de treinamento.

Pode-se observar que os resultados ainda são controversos. O Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2009) aponta que, apesar dos estudos realizados, ainda não há um consenso na literatura sobre os parâmetros do treinamento da flexibilidade para adultos idosos. Este fato deve-se principalmente à escassez de estudos com delineamentos experimentais que realizaram aleatorização da amostra ou que possuíam grupo controle. De fato, durante as buscas aos artigos que investigaram o efeito dos exercícios de alongamento na flexibilidade de idosos, apenas seis dos dezessete estudos encontrados possuíam amostras aleatorizadas e grupo controle que não realizavam atividades físicas sistematizadas (CHRISTIANSEN, 2008; CRISTOPOLISKI et al., 2009; FELAND et al., 2001; GAJDOSIK et al., 2005a; GALLON et al., 2011; STANZIANO et al., 2009). Ainda, apenas dois dentre os estudos encontrados realizaram treinamento para as principais articulações do corpo (tronco, quadril, membros superiores e inferiores) (GALLON et al., 2011; STANZIANO et al., 2009), a grande maioria tem investigado apenas as articulações do quadril e tornozelo.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS 4.1. Amostra

As participantes foram recrutadas por meio de convite verbal em locais públicos, em grupos de atividade física para idosos, divulgação em jornais, mídia televisiva e de rádio-difusão, ou por indicação pessoal de idosos que aceitaram participar do projeto. Os seguintes critérios de inclusão foram adotados: ser do sexo feminino; ter 60 anos ou mais de idade; não praticante de atividade física sistematizada duas ou mais vezes na semana, nos últimos seis meses; não apresentar contra-indicações de ordem mental, neurológica, muscular ou ósteoarticular que limitassem ou impossibilitassem a realização do protocolo de treinamento e avaliação; não possuir histórico de lesão no sistema musculoesquelético nos últimos seis meses. Seriam excluídas da amostra as participantes que faltassem em um dos momentos de avaliação (pré ou pós-período experimental), que obtivessem frequência nas sessões de treinamento inferior a 80% do total ou cinco faltas consecutivas.

Inicialmente, 67 idosos atenderam o convite. Foram excluídas 35 pessoas que não atendiam aos seguintes critérios: a) três pessoas possuíam idade < 60 anos; b) cinco pessoas participavam regularmente de programas de atividade física; c) cinco pessoas eram do sexo masculino; d) seis pessoas possuíam limitações ósteoarticulares ou neuromusculares, as quais foram auto reportadas em anamnese realizada prévia ao estudo; e) 16 pessoas apontaram outras limitações para participar da atividade como: horário e local de realização; desinteresse pela atividade ao compreendê-la melhor; falta de companhia e motivos pessoais.

Desta forma, 32 mulheres idosas viventes na comunidade foram selecionadas para participar do presente estudo. Uma participante não compareceu às avaliações iniciais e foi excluída da amostra. Depois de avaliadas inicialmente, 31 idosas foram aleatoriamente separadas em dois grupos: Grupos Controle (GC, n = 16) e Treinamento (GT, n = 15). Para aleatorização da amostra, as participantes foram divididas de acordo com uma tabela de números aleatórios.

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Figura 2. Fluxograma da aleatorização da amostra. *outros = fatores relacionados ao horário da atividade, transporte até o local, desinteresse no tipo de atividade, dentre outros. GC- Grupo Controle; GT – Grupo Treinamento

Após receberem informações sobre o estudo para o qual foram convidadas, todas que aceitaram participar assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A). Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Biociências - Universidade Estadual Paulista, número de protocolo 0896 (Apêndice B).

4.2. Delineamento experimental

(25)

4.3. Protocolos de avaliação

4.3.1. Medidas antropométricas

Para caracterização física da amostra, a massa corporal foi obtida em uma balança mecânica (Welmy – Santa Bárbara d’Oeste/SP), com precisão de 0,1 kg. A estatura foi determinada em um estadiômetro afixado na parede, com precisão de 0,01m, de acordo com os procedimentos descritos por Gordon et al. (1988). O índice de massa corporal foi determinado como a razão da massa corporal pela estatura ao quadrado (kg/m²).

4.3.2. Nível de atividade física

O Questionário Baecke Modificado para Idosos (Anexo A), validado para a população idosa por Voorrips et al. (1991), foi utilizado para avaliar e caracterizar a amostra quanto ao nível de atividade física, em três domínios específicos: tarefas domésticas, atividades esportivas e atividades de lazer. Para cada tarefa doméstica é atribuída uma pontuação, levando em consideração a frequência semanal, número de cômodos e meio de transporte. As atividades esportivas e de lazer, são pontuadas de acordo com frequência semanal, duração diária, período total do ano e característica do exercício (sentado, com movimentos de mãos em pés; em pé com movimento de braços). O escore final é obtido a partir da soma da pontuação obtida nos três domínios (tarefas domésticas + atividades esportivas + atividades de lazer). Escores menores, nesse instrumento, representam um menor nível de atividade física realizada pelo participante.

4.3.3. Componentes da capacidade funcional e mobilidade

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Tabela 1. Exemplo do cálculo do Índice de Aptidão Funcional Geral (IAFG), baseado na somatória dos pontos percentis atribuídos a cada teste da bateria.

Fonte: Zago e Gobbi (2003)

Tabela 2. Classificação dos testes motores e do Índice de Aptidão Funcional Geral (IAFG) de acordo com os pontos percentis obtidos em cada teste da bateria.

Fonte: Zago e Gobbi (2003)

(27)

participante é instruído a caminhar meia milha (804,67 m), o mais rápido possível, sem correr. O tempo é anotado em minutos e segundos, sendo ao final transformado para segundos. A bateria possui alta confiabilidade e valores normativos propostos de acordo com a faixa etária do idoso (BENEDETTI et al., 2007; MAZO et al., 2010; ZAGO; GOBBI, 2003).

Para avaliar especificamente a mobilidade, foi realizado o teste de subir escadas (TSE), parte de uma bateria de testes de atividades da vida diária elaborada e validada por Andreotti e Okuma (1999), especificamente para idosos. Para o TSE foi utilizada uma escada com corrimão, composta por 15 degraus (15 cm de altura e 28 cm de largura) e um cronômetro. Partindo da posição ortostática no início da escada, ao receber o comando do avaliador, a participante deve subir o mais rápido possível, podendo utilizar ou não o corrimão. O início da cronometragem foi realizado quando a participante colocou o pé no primeiro degrau. Foi permitida apenas uma tentativa, conforme normas pré-estabelecidas do teste.

4.3.4. Avaliação da contração muscular voluntária máxima

O registro da curva força-tempo isométrica (Cf-t) dos músculos extensores do joelho foi realizado em uma cadeira conectada a um transdutor de força (modelo 5000 NTM, EMG System do Brasil®, São José dos Campos, SP, Brasil) durante um esforço isométrico máximo de extensão unilateral do joelho dominante. A aquisição do sinal proveniente do transdutor de força foi realizada por meio de um amplificador de sinais analógicos (modelo EMG 800C-USB, EMG System do Brasil®, São José dos Campos, SP, Brasil) com frequência de amostragem de 2000 Hz. O sinal obtido pelo amplificador foi armazenado em disco rígido e analisado posteriormente off-line. Como primeiro procedimento, o sinal bruto do transdutor de força foi digitalmente filtrado por um filtro passa-baixa Butterworth de segunda-ordem, zero-lag e frequência de corte de 15 Hz. O início da produção de força muscular foi definido como o ponto no qual o valor de força muscular excedeu 7,5 N acima da linha de base (AAGAARD et al., 2002). A contração voluntária máxima (CVM) foi determinada como o mais alto valor registrado durante toda a avaliação.

(28)

Em ambos os momentos (pré e pós-período experimental), as idosas frequentaram o laboratório quatro dias consecutivos, sendo três dias para familiarização ao protocolo de avaliação (WALLERSTEIN et al., 2010) e um dia experimental, com intervalos de 24 horas entre as visitas. Durante a familiarização as idosas foram instruídas a realizar as CVM o mais rápido possível, sendo permitidas até seis tentativas por sessão de teste, com intervalo de recuperação de um minuto. No momento pré-avaliação da condição experimental, as avaliadas foram instruídas a realizar suas CVM “tão rápido quanto possível” por cinco segundos. Tão logo iniciado o esforço, as participantes foram encorajadas verbalmente a realizarem seus esforços máximos. Foram realizadas três medidas, com intervalo de um minuto entre elas (BROWN; WEIR, 2003). O maior valor de força muscular registrado entre as três tentativas, em ambos os momentos (pré e pós-período experimental), foi considerado como a CVM da participante, sendo utilizado para as comparações.

As participantes foram orientadas a não realizar atividades físicas durante o período de avaliações. Todos os procedimentos foram realizados na mesma hora do dia para minimizar possíveis variações circadianas no comportamento da força muscular.

4.3.5. Medidas angulares da flexibilidade

A flexibilidade foi avaliada por meio de flexímetro (Fleximeter® - Guarulhos/SP) com precisão de um grau, conforme protocolo descrito por Achour Junior (1997). A escolha dos movimentos articulares empregados na avaliação teve como base, a semelhança com os exercícios utilizados durante o protocolo de treinamento. Foram adotados seis movimentos articulares, a saber: flexão e extensão de ombros, flexão e extensão do quadril, dorsiflexão e flexão plantar do tornozelo. Com exceção dos últimos dois movimentos, todos os demais foram avaliados com as idosas deitadas em uma maca devido à maior facilidade de neutralizar os possíveis movimentos compensatórios.

(29)

4.4. Protocolo de intervenção

4.4.1. Protocolo de treinamento da flexibilidade

O protocolo de alongamento teve duração de oito semanas e consistiu em oito diferentes exercícios desenvolvidos para alongar grande parte dos grupamentos musculares.

Todos os exercícios de alongamento foram realizados de forma ativa, ou seja, sem ajuda do avaliador, em ambos os hemicorpos. As participantes visitaram o local das atividades três vezes por semana, com duração aproximada de 40 minutos por sessão. Cada exercício foi realizado com três séries de 30 segundos, intervalados por 30 segundos entre séries. O volume de treinamento (frequência semanal, número de séries e duração do estímulo) está de acordo com as recomendações do Colégio Americano de Medicina do Esporte (NELSON et al., 2007). As idosas foram instruídas a realizá-los em sua amplitude máxima, até que fosse percebido o início da sensação de dor.

Uma vez que as idosas eram destreinadas, e que poderiam encontrar certa dificuldade ao realizar as posturas no início do treinamento, foi realizada familiarização ao protocolo de exercícios no sentido de facilitar sua compreensão. Neste, as idosas foram instruídas a respeito da execução correta das posturas e identificar o limite máximo de alongamento em cada exercício (início da sensação de dor). A familiarização ocorreu na semana anterior ao início do período de treinamento, em três dias não consecutivos, com três séries de 15 segundos e intervalos de 30 segundos entre séries.

Os exercícios de alongamento foram realizados alternando membros superiores e inferiores e são descritos e exemplificados a seguir. As fotos têm consentimento da participante para divulgação.

x Flexores do quadril e extensores do joelho: em pé, flexionar um dos joelhos, e trazer o

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Figura 3. Alongamento para os músculos flexores do quadril e extensores do joelho

x Extensores do quadril e flexores de joelhos: a) sentadas com os joelhos estendidos,

pernas afastadas na largura dos ombros, flexionar o tronco à frente (Figura 4); b) deitadas, apoiar um dos tornozelos sobre o joelho da perna contralateral e levar as duas penas nesta posição em direção ao peito (Figura 5).

(31)

Figura 5. Alongamento para os músculos extensores do quadril e flexores de joelhos

x Flexores dorsais do tornozelo: em pé, com joelhos levemente fletidos, realizar

extensão de quadril e tentar encostar a região dorsal do pé no chão (Figura 6).

Figura 6. Alongamento para os músculos flexores dorsais do tornozelo

x Flexores plantares do tornozelo: em pé e localizadas próximas da parede, realizar

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Figura 7. Alongamento para os músculos flexores plantares do tornozelo

x Flexores do ombro e do cotovelo: em pé, realizar abdução horizontal do ombro e, com

o braço apoiado na parede (palma da mão voltada para ela), realizar rotação do tronco (Figura 8).

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x Extensores do cotovelo e ombro: a) em pé, realizar flexão de ombro e cotovelo de um

dos braços, e com a mão contralateral, empurrar o cotovelo deste para baixo (Figura 9); b) em pé, segurar em um espaldar de madeira fixo na parede, afastar-se de modo que os braços estejam estendidos e flexionar os joelhos (Figura 10).

Figura 9. Alongamento para os músculos extensores do cotovelo e ombro

(34)

4.4.2. Protocolo de atividades artísticas e cognitivas

Com objetivo de minimizar possíveis efeitos provenientes do deslocamento do GT até o local da intervenção, o GC também frequentou a universidade três vezes por semana, durante oito semanas. Entretanto, as participantes do GC não realizaram qualquer tipo de exercício físico. Foram desenvolvidas atividades artísticas, culturais e cognitivas que possuíam caráter lúdico e de interação social. O protocolo foi composto por discussões temáticas, trabalhos artesanais, atividades envolvendo músicas e filmes, dinâmicas de grupo, dentre outras. Algumas atividades são exemplificadas no Apêndice C.

4.5. Análise estatística

(35)

5. RESULTADOS

As características das participantes de ambos os grupos no momento pré-treinamento são apresentadas na Tabela 3. Foi observada diferença estatisticamente significativa entre os grupos GT e GC apenas para a variável peso corporal (p = 0,03). Como não foi observada diferença significativa entre o nível de atividade física das participantes, assume-se que o processo empregado para aleatorização da amostra entre os grupos foi adequado.

Tabela 3. Características da amostra no momento pré-período experimental. Valores (em média e desvio padrão) de idade, peso, estatura, índice de massa corporal (IMC) e nível de atividade física para as participantes dos grupos treinamento (GT) e controle (GC).

GT (n = 13) GC (n = 13) F P Idade (anos) 69,9 ± 8,6 66,6 ± 6,0 1,25 0,275 Peso (kg) 64,6 ± 10,8 75,3 ± 13,1* 5,10 0,033 Estatura (m) 1,53 ± 0,07 1,58 ± 0,07 2,94 0,099 IMC (kg/m²) 27,6 ± 4,6 30,3 ± 5,6 1,88 0,183 Nível de atividade física

(pontos)

2,5 ± 0,5 2,3 ± 0,6 0,51 0,482 * diferença significativa em relação ao grupo treinamento (GT)

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Tabela 4. Valores do Índice de Aptidão Funcional Geral (IAFG) e sua classificação nos momentos pré e pós período experimental, para ambos os grupos (GT e GC). Valores em mediana e amplitude (valores mínimo e máximo).

IAFG (pontos percentis)

GT (n = 13) GC (n =12)

Mediana Amplitude (min-max)

Classificação geral

Mediana Amplitude (min-max)

Classificação geral

Pré 266 64 - 395 Regular 233,5 30 – 439 Regular

Pós 341* 147 - 433 Bom 281,5* 82 - 437 Regular

∆% 28,2% 20,6%

* = análise intragrupo - diferença significativa em relação ao momento pré-período experimental (p < 0,05); GT = Grupo Treinamento; GC = Grupo Controle; ∆% = variação percentual da mediana; classificação de acordo com Zago e Gobbi (2003) e Benedetti et al. (2007).

Figura 11. Classificação do Índice de Aptidão Funcional Geral (IAFG) do Grupo Treinamento (GT), nos momentos pré e pós-período experimental de oito semanas. Valores em percentual de ocorrências (%).

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Tabela 5. Valores dos componentes da capacidade funcional (média e desvio padrão), de ambos os grupos treinamento e controle (GT e GC, respectivamente) nos momentos pré e pós oito semanas de experimento.

GT (n = 13) GC (n = 12) Efeitos ANOVA F P Flexibilidade tronco (cm) Grupo 2,19 0,153

Pré 52,1 ± 12,4 a 49,4 ± 9,1 Momento 30,42 <0,001 Pós 59,0 ± 9,9 ª,b 49,5 ± 10,1 Grupo x

Momento

29,70 <0,001

Coordenação (s) Grupo 0,55 0,467

Pré 13,4 ± 3,9a 11,8 ± 3,0 Momento 19,17 <0,001 Pós 10,9 ± 2,4b 10,9 ± 2,2 Grupo x

Momento

4,12 0,054

Agilidade (s) Grupo 0,05 0,821

Pré 25,5 ± 4,8 24,7 ± 4,0 Momento 26,47 <0,001 Pós 23,5 ± 4,1b 23,5 ± 3,1 Grupo x

Momento

1,90 0,181

Teste de subir escadas (s) Grupo 0,66 0,425

Pré 8,1 ± 3,2 7,4 ± 2,0 Momento 0,75 0,396

Pós 8,0 ± 2,7 7,1 ± 2,4 Grupo x Momento

0,12 0,727

Caminhar meia milha/habilidade de andar (s)

Grupo 0,03 0,870

Pré 554,5 ± 101,4 548,7 ± 83,3 Momento 1,09 0,308 Pós 532,6 ± 109,9 551,7 ± 111,5 Grupo x

Momento

1,89 0,182 a = diferença significativa em relação ao GC (p < 0,05); b = diferença significativa em relação ao momento pré-período experimental; GT = grupo treinamento; GC = grupo controle.

Tabela 6. Valores do teste de resistência de força nos momentos pré e pós-período experimental, para ambos os grupos (GT e GC). Valores em mediana e amplitude (valores mínimo e máximo).

Resistência de força (número de repetições)

GT (n = 13) GC (n =12)

Mediana Amplitude

(min-max)

Mediana Amplitude (min-max)

Pré 25 19 - 29 24 13 - 38

Pós 27* 23 - 34 27,5* 19 - 33

(39)

Também não foram encontradas diferenças significativas para os valores da CVM entre os grupos, nos dois momentos de avaliação (p<0,01; F=0,95). Os resultados são exibidos na Tabela 7.

Tabela 7. Valores da contração voluntária máxima (CVM), nos momentos pré e pós-período experimental, para ambos os grupos (GT e GC). Valores em média e desvio padrão.

CVM (N) Efeitos F P

GT (n=13) ANOVA

Pré 216,9 ± 51,2 Grupo 1,85 0,186

Pós 221,0 ± 61,0 Tempo Grupo x Momento

0,28 <0,01

0,599 0,945 GC (n=13)

Pré 255,9 ± 87,8 Pós 259,0 ± 89,2

N = Newtons; GT = Grupo Treinamento; GC = Grupo Controle.

(40)

Tabela 8. Valores angulares dos seis movimentos articulares avaliados no hemicorpo direito, nos momentos pré e pós-período experimental, para ambos os grupos (GC e GT). Valores em média e desvio padrão.

GT (n = 13) GC (n = 13) Efeitos ANOVA F P Flexão de ombro direito (graus) Grupo 0,38 0,543

Pré 137,6 ± 20,0 142,5 ± 24,9 Momento 2,28 0,144 Pós 144,4 ± 12,8 147,2 ± 14,9 Grupo x

Momento

0,07 0,787

Extensão ombro direito (graus) Grupo 0,14 0,713

Pré 39,3 ± 6,6 40,6 ± 7,4 Momento 6,39 0,018

Pós 44,1 ± 4,1ª,b 41,1 ± 6,9 Grupo x Momento

4,34 0,048

Flexão quadril direito (graus) Grupo 1,47 0,237 Pré 90,1 ± 12,6 86,0 ± 11,5 Momento 8,26 0,008 Pós 95,5 ± 8,8b 90,8 ± 7,6 Grupo x

Momento

0,04 0,847 Extensão quadril direito (graus) Grupo <0,01 0,985 Pré 42,2 ± 19,3 45,4 ± 15,3 Momento 2,30 0,142 Pós 49,5 ± 15,6 43,4 ± 21,6 Grupo x

Momento

1,58 0,221 Dorso flexão tornozelo direito (graus) Grupo 0,02 0,878

Pré 22,4 ± 7,3 22,1 ± 11,3 Momento 8,98 0,006

Pós 27,0 ± 5,2 28,1 ± 5,8 Grupo x Momento

0,15 0,699 Flexão plantar tornozelo direito (graus) Grupo 0,24 0,627

Pré 9,8 ± 4,2 10,6 ± 4,5 Momento 0,36 0,553

Pós 10,7 ± 2,6 10,9 ± 2,4 Grupo x Momento

(41)

Tabela 9. Valores angulares dos seis movimentos articulares avaliados no hemicorpo esquerdo, nos momentos pré e pós-período experimental, para ambos os grupos (GC e GT). Valores em média e desvio padrão.

GT (n = 13) GC (n = 13) Efeitos ANOVA F P Flexão de ombro esquerdo (graus) Grupo 1,60 0,218

Pré 135,5 ± 23,1 143,1 ± 17,8 Momento 1,30 0,266 Pós 139,6 ± 12,0 146,6 ± 16,1 Grupo x

Momento

0,01 0,936

Extensão ombro esquerdo (graus) Grupo 0,09 0,761 Pré 40,5 ± 6,7 41,2 ± 8,7 Momento 13,79 <0,001 Pós 46,2 ± 4,0b 43,9 ± 8,7 Grupo x

Momento

1,76 0,197

Flexão quadril esquerdo (graus) Grupo 0,87 0,360 Pré 87,9 ± 15,1 89,7 ± 12,8 Momento 1,14 0,297 Pós 95,9 ± 7,7 ª,b 86,9 ± 9,9 Grupo x

Momento

4,82 0,038 Extensão quadril esquerdo (graus) Grupo 0,58 0,455 Pré 46,5 ± 16,6 43,2 ± 14,2 Momento 4,11 0,054 Pós 52,5 ± 15,2 47,3 ± 16,2 Grupo x

Momento

0,16 0,693 Dorso flexão tornozelo esquerdo (graus) Grupo 0,27 0,610

Pré 24,2 ± 7,3 27,5 ± 9,6 Momento 2,62 0,119

Pós 28,2 ± 7,2 27,8 ± 7,5 Grupo x Momento

1,93 0,178 Flexão plantar tornozelo esquerdo

(graus)

Grupo 0,09 0,769

Pré 8,6 ± 4,3 8,6 ± 3,0 Momento 2,06 0,164

Pós 9,5 ± 1,7 10,1 ± 3,0 Grupo x Momento

(42)

6. DISCUSSÃO

O objetivo do presente estudo foi analisar os efeitos do treinamento de flexibilidade na capacidade funcional e seus componentes, em idosas. Oito semanas de treinamento da flexibilidade promoveram melhora da flexibilidade do tronco e quadril, de extensão de ombro direito e flexão de quadril esquerdo e da classificação geral do IAFG de mulheres idosas.

O IAFG é uma importante ferramenta que apresenta, em termos gerais, o nível funcional geral do idoso (ZAGO; GOBBI, 2003). Ao final do período experimental o GT alterou a classificação do IAFG para “Bom”, enquanto o GC manteve-se classificado em “Regular”. Pode-se observar que 54% dos participantes estavam classificados em “Bom” ou “Muito bom” no GT, enquanto no GC apenas 33% encontravam-se nessas classificações no momento pós-período experimental. Embora ambos os grupos, GT e GC, tenham apresentado resultados significativamente melhores no momento pós-período experimental, pode-se observar que o ganho percentual do GT foi maior quando comparado ao GC, 28% e 21%, respectivamente.

Não foram encontrados estudos que observaram os efeitos do treinamento da flexibilidade de forma isolada no IAFG de idosos. Pauli et al. (2009) verificaram os efeitos de doze anos de treinamento generalizado, composto por vários exercícios (inclusive exercícios de alongamento), na aptidão funcional de idosos. Os autores encontraram melhora de 34% do IAFG e da classificação geral (passou de “Bom” para “Muito bom”) para o grupo que participou do treinamento, e piora tanto do índice (22%) quanto da classificação (passou de “Bom” para “Regular”) para o grupo controle. É importante verificar que o grupo controle adotado no estudo de Pauli et al. (2009) não participou de nenhum tipo de atividade sistematizada durante o período de 12 anos, enquanto no presente estudo o GC frequentou a universidade três vezes na semana, mas também não participou de nenhum tipo de exercício físico. Uma vez que o IAFG é dependente dos resultados encontrados em cada teste da bateria da AAHPERD, é importante compreender como cada um dos componentes se comportou após o período experimental.

(43)

mínimo 10 segundos), na flexibilidade do tronco. Adotando o mesmo teste de alcançar sentado, os autores encontraram melhora de 15% nos valores de flexibilidade no momento pós-intervenção. Christiansen (2008) adotou treinamento com exercícios de alongamento estático ativo, duas vezes ao dia, sete dias da semana com volume de 135 segundos (três séries com duração de 45 segundos) e encontrou melhora de 11% para o movimento de flexão do quadril. Gallon et al. (2011) por sua vez, encontraram melhora de 29% no movimento de flexão do quadril após 24 sessões de alongamento estático passivo, com volume total de 240 segundos (quatro séries com duração de 60 segundos). Observando os resultados encontrados pelos diferentes estudos, parece haver uma relação entre o volume de treinamento adotado e o ganho nos níveis de flexibilidade.

O volume de alongamento empregado no presente estudo está de acordo com as recomendações do Colégio Americano de Medicina do Esporte (GARBER et al., 2011), o qual preconiza que sejam realizadas de duas a quatro séries, com duração de 10 a 30 segundos de exercícios de alongamento estático (volume total variando de 20 a 120 segundos), de modo que o volume mínimo acumulado (resultante da manipulação de séries e tempo de duração) seja de 60 segundos por exercício. Procurando investigar o efeito de diferentes volumes de alongamento na flexibilidade de idosos, Feland et al. (2001) realizaram 30 sessões de alongamento passivo, com quatro séries e três diferentes durações 15, 30 e 60 segundos (volumes de 60, 120 e 240 segundos), na flexibilidade do joelho de idosos. Os autores encontraram melhores valores para os três grupos treinamento, quando comparados a um grupo controle inativo. Entretanto, o volume de alongamento de 240 segundos proporcionou ganho significativamente maior (29%) quando comparado aos outros dois volumes adotados, 60 segundos e 120 segundos (8% e 17%, respectivamente). Embora não tenham sido avaliados os mecanismos envolvidos no aumento da flexibilidade, aponta-se que um maior tempo sob tensão de alongamento seria necessário para superar as alterações fisiológicas que ocorrem no sistema muscular decorrente do processo de envelhecimento, como o aumento da tensão passiva e a maior deposição de colágeno (FELAND et al., 2001). De fato, Gajdosik et al. (2005b) demonstraram que mulheres idosas, em especial com encurtamento muscular, possuem maior tensão passiva e maior absorção da energia elástica quando comparadas a mulheres jovens, o que pode representar um aumento das propriedades viscoelásticas da unidade músculo-tendínea devido às alterações na deposição de colágeno no tecido conjuntivo.

(44)

os achados da literatura (CRISTOPOLISKI et al., 2009; GALLON et al., 2011). Embora não tenham sido encontrados estudos que analisaram a flexibilidade do movimento de extensão do ombro, o presente estudo encontrou melhora significativa de 11% após o período de treinamento. Já para a flexão de quadril, Gallon et al. (2011) encontraram melhora de 29% após 24 sessões de alongamento passivo, com volume de 240 segundos. Cristopoliski et al. (2009) realizaram 12 sessões de treinamento com alongamento passivo (volume de 240 segundos) e encontraram melhora estatisticamente significativas de 68% e 61% para a flexão de quadril uniarticular e biarticular, respectivamente, avaliado por meio do Thomas test. O presente estudo encontrou melhora de apenas 9% para a flexão de quadril após o período de treinamento. O baixo percentual de ganho encontrado para ambos os movimentos articulares e o fato de não terem sido encontradas diferenças estatisticamente significativas para os demais movimentos articulares avaliados no presente estudo, também podem estar relacionados ao menor volume de treinamento empregado quando comparado aos demais estudos.

Não foram observadas diferenças significativas para o componente agilidade e os testes de caminhar meia milha e mobilidade. Estes resultados concordam com Klein et al. (2002) que, após 20 sessões de alongamento por facilitação neuroproprioceptiva (uma a três séries progressivas, 6 segundos de contração isométrica seguido de 20 segundos de alongamento), também não observaram melhora da agilidade. Por outro lado, estudos realizados com diferentes protocolos de treinamento têm demonstrado melhora de 8% (GAJDOSIK et al., 2005a), 12% (STANZIANO et al., 2009) e 14% (BATISTA et al., 2009) nos testes de agilidade e 7% (GAJDOSIK et al., 2005a) e 11% (STANZIANO et al., 2009) no teste de caminhada. Acredita-se que além da melhor amplitude de movimento articular do quadril, joelho e tornozelo (BATISTA et al., 2009; CHRISTIANSEN et al., 2008; CRISTOPOLISK et al., 2009), a melhora do componente agilidade está também relacionada aos maiores níveis de força muscular encontrados nos membros inferiores após o período de treinamento (BATISTA et al., 2009; STANZIANO et al., 2009), especialmente devido à alta relação existente entre a força muscular de membros inferiores e a velocidade da marcha e número de passos (RINGSBERG et al., 1999).

(45)

extensão e flexão do joelho (concêntrico e excêntrico), após um período de treinamento da flexibilidade. Batista et al. (2009) empregaram oito sessões de treinamento de alongamento estático ativo, com sete séries de 60 segundos (volume de 420 segundos) e não observaram melhora significativa no pico de torque isométrico de flexão e extensão do joelho. Entretanto, os autores encontraram resultados 11% e 10% maiores para o pico de torque (concêntrico e excêntrico) de flexão e extensão do joelho, respectivamente. Stanziano et al. (2009) observaram valores significativamente maiores para a resistência de força muscular de membros superiores (direito = 46% e esquerdo = 14%) e inferiores (17%), e na potência de força muscular de membros inferiores (26%).

Gajdosik et al. (2005a) investigaram os efeitos de 24 sessões de treinamento com exercícios de alongamento estático ativo, com 10 séries de 15 segundos (150 segundos), nas propriedades elásticas passivas dos músculos da panturrilha e na mobilidade de idosas. Os autores encontraram melhora de 61% na força máxima passiva de dorsiflexão do tornozelo e 43% na força de resistência média. Essas alterações, associadas ao aumento da amplitude de movimento do tornozelo, proporcionaram aumento da energia elástica absorvida e retida. As alterações nas propriedades elásticas do sistema músculo-esquelético e consequente melhor reutilização da energia elástica, proporcionadas pelo treinamento da flexibilidade tem sido apontadas como as responsáveis pela melhora dos níveis de força muscular, em especial, os de resistência de força (BATISTA et al., 2009; GAJDOSIK et al., 2005a; STANZIANO et al., 2009).

Não foram observadas melhoras significativas na flexibilidade e força muscular de membros inferiores, fato que pode ter influenciado nos resultados da agilidade, teste de caminhar e TSE e, consequentemente, nos valores do IAFG. Desta forma, parece ser necessário um volume de treinamento superior a 90 segundos para promover alterações significativas nas propriedades elásticas da unidade músculo-tendínea.

(46)

preocupar-se apenas com os objetivos da aula. De uma forma geral, observando o GT e GC pode-se perceber que a realização das atividades em grupos é benéfica por si só, principalmente devido à promoção do aspecto social, o qual muitos idosos perdem ao longo da vida. Pode-se especular que esta melhor sensação de bem estar também relatada pelas participantes e a mudança da rotina do GC podem ter relação com alguns resultados encontrados, como a melhora da resistência de força de membros superiores e dos valores do IAFG.

(47)

7. CONCLUSÃO

Pode-se concluir que oito semanas de treinamento da flexibilidade, com volume de 90 segundos de alongamento estático, são eficazes na melhora da flexibilidade do ombro, tronco e quadril, e da classificação geral do Índice de Aptidão Funcional Geral de mulheres idosas.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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