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Canto, Encanto e Desencanto – Estudo da tensão entre a prática do Canto Coral frente às novas tendências musicais nas Igrejas Batistas da Cidade de Campinas

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

CANTO, ENCANTO E DESENCANTO

Estudo da tensão entre a prática do Canto Coral frente às novas tendências musicais nas Igrejas Batistas da Cidade de Campinas

por

José Ferreira de Souza

(2)

UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS DA RELIGIÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

CANTO, ENCANTO E DESENCANTO

Estudo da tensão entre a prática do Canto Coral frente às novas tendências musicais nas Igrejas Batistas na Cidade de Campinas

por

José Ferreira de Souza

Orientador: Prof. Dr. Geoval Jacinto da Silva

São Bernardo do Campo Novembro, 2005

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BANCA EXAMINADORA

PRESIDENTE: ______________________________________________

1º Examinador(a) ____________________________________________

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SOUZA, José Ferreira. CANTO, ENCANTO E DESENCANTO: Um estudo da tensão entre a prática do Canto Coral frente às novas tendências musicais nas Igrejas Batistas na cidade de Campinas. São Bernardo do Campo, SP, Universidade Metodista de São Paulo, Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião, 2005. (Dissertação)

SINOPSE

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SOUZA, José Ferreira. SONG, ENCHANTMENT AND DISENCHANTMENT: A study of the tension between the practice of choral singing and new musical tendencies in Baptist Churches in the city of Campinas. São Bernardo do Campo, SP, Universidade Metodista de São Paulo, Faculdade de Filosofia e Ciências da Religião, Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião, 2005. (Dissertation)

ABSTRACT

(6)

AGRADECIMENTOS

A Deus, pela oportunidade de viver.

Minha família, mãe e irmãos, que com dedicação e carinho apoiaram- me nos momentos cruciais da minha vida.

A minha esposa, Eloína, que soube dividir a minha atenção com os compromissos acadêmicos.

À minha filha, Laryssa, possibilidades de inspiração.

Amigos, tais como: Reginaldo, Natanael, Felipe e Rosimeire, por todas as contribuições dadas e pelo incentivo à reflexão e à caminhada acadêmica.

Ao CAPES, que me apoiou com bolsa durante todo o curso, o que possibilitou uma maior dedicação à pesquisa.

À Faculdade Teológica Batista de Campinas, que tem me acolhido como docente e oferecido sua estrutura para minha pesquisa.

À Universidade Metodista de São Paulo, com seu corpo docente e funcionários, que de forma dedicada permitiram- me dar este passo tão importante na minha vida acadêmica. À minha Igreja, Batista Satélite Íris, pelo apoio, incentivo e orações a meu favor.

Ao Prof. Dr. Geoval, pela orientação paciente e tão grande ajuda para o desenvolvimento desta dissertação. A minha honrosa gratidão.

(7)

DEDICATÓRIA

A meu pai, Antonio Alves de Souza, in memóriam, por ter-me forjado o caráter com seu exemplo, sua vida e principalmente, seu amor incondicional.

Todas as palavras do mundo não seriam capazes de expressar minha gratidão.

Para sempre...

“MEU QUERIDO, MEU VELHO, MEU AMIGO”.

(8)

SUMÁRIO

FOLHA DE ROSTO ... 01

BANCA EXAMINADORA ... 03

SINOPSE ... 04

ABSTRACT ... 05

AGRADECIMENTOS ... 06

DEDICATÓRIA ... 07

SUMÁRIO ... 08

INTRODUÇÃO ... 11

Capítulo 1 ... 16

CANTO CORAL: Da tradição ao Contemporâneo ... 16

Introdução ... 16

Conceito – “Coro” ou “Coral”? ... 16

Agrupamento ... 17

Forma ... 17

Espaço ... 17

Retrospectiva histórica da práxis do Canto Coral ... 18

Pré-Reforma ... 18

Pós-Reforma ... 22

O Canto Coral no contexto brasileiro ... 25

No espaço eclesiástico ... 25

Na cultura popular ... 26

O Canto Coral no espaço litúrgico Batista e as novas tendências musicais ... 26

Do Coro e seu encanto ... 26

Uma nova consciência musical e o desencanto do Coro ... 39

Coro como um meio de entretenimento ... 41

(9)

Capítulo 2 ... 44

EXPERIÊNCIA MUSICAL: Entre o Coro e a Banda ... 44

Introdução ... 44

O formulário ... 44

Aplicação do questionário ... 47

Metodologia ... 47

Critérios de investigação ... 47

Contexto da pesquisa ... 48

Região metropolitana de Campinas ... 48

Contexto Estatístico Batista Campineiro ... 49

1ª Igreja Batista ... 50

Igreja Batista Central ... 50

Igreja Batista do Cambuí ... 50

Igreja Batista do Taquaral ... 51

Igreja Batista Boas Novas ... 51

Perspectivas ... 52

Análise ... 52

Dados Gerais da Pesquisa ... 52

Música – Tradição e Contemporaneidade: Coro e Banda ... 54

Música e Reação ... 58

Coro e Banda - definindo função ... 62

Música e Identidade ... 65

O estudo de caso e seu desenvolvimento ... 69

Conclusões Preliminares ... 70

Capítulo 3 ... 72

PERSPECTIVAS A PRAXIS DO CANTO CORAL NA ATUALIDADE ... 72

(10)

Canto Coral – uma questão de Identidade ... 72

Canto Coral – uma questão de Lógica ... 78

Coro e Banda – uma questão Dialética ... 81

Tentativas de mudanças no culto protestante brasileiro ... 84

Movimento Nacionalista ... 84

Movimento Gospel ... 92

Ação dialética na heterogeneidade ... 94

Perspectivas pastorais a práxis musical na contemporaneidade ... 102

Práxis da Adoração através da Música ... 103

Práxis da Diaconia através da Música ... 103

Práxis da Koinonia através da Música ... 104

Conclusões Preliminares ... 104

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 105

(11)

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa, “CANTO, ENCANTO E DESENCANTO: estudo da tensão entre a práxis do Canto Coral e as novas tendências musicais nas Igrejas Batistas da Cidade de Campinas” foi motivada inicialmente pela hipótese de que a prática do Canto Coral se enfraqueceu dentro do “espaço musical contemporâneo”.1

A partir desta suspeita e ao observarmos a convivência entre a música tradicional e a música contemporânea dentro do contexto Batista surgiram fatores importantes que motivaram a concretização desta pesquisa. A princípio, por estarmos inseridos neste contexto atuando como Ministro de Música e Pastor, percebemos que há conflitos que se estabelecem ao empreendermos a aproximação entre a tradição e o contemporâneo.

Esta relação tensa ocorre, por exemplo, no momento da inserção de novas práticas num culto tradicional. Há uma “nova cultura musical”, 2 neste contexto contemporâneo, que é vista como incompatível com as manifestações musicais do passado.

Os conflitos podem se dar na forma de desentendimentos ocorridos no âmbito das Igrejas e passam por: discussões acaloradas entre líderes do ministério de música, disputas entre músicos e pastores, competição de poder entre grupos com faixas etárias distinta, tais como, adultos, jovens e adolescentes e, até, por afirmações de que algumas comunidades, no caso Batistas, estão mudando suas doutrinas ao executarem um outro tipo de música que não caracteriza a denominação e toda sua tradição musical histórica.

Esta realidade, que permeia algumas comunidades do protestantismo brasileiro, na visão de Freddi Junior, cria um ambiente que se caracteriza como “um universo confuso e cheio de conflitos (...) no qual valores institucionais e tradicionais de igrejas protestantes históricas se encontram desafiadas e enfraquecidas ”.3

1 Constitui uma terminologia para definir a música praticada hoje por bandas e uma escrita musical mais funcional.

2 Esta cultura musical hodierna é alimentada por uma nova consciência que sugere a aplicação de aspectos da cultura musical brasileira ao culto.

(12)

Tendo como ponto de partida esta realidade, a orientação acadêmica nos encaminhou para um estudo mais específico. Portanto, o objeto da pesquisa não é o Canto Coral em si ou a prática de uma nova modalidade musical, mas o entendimento dos aspectos desta tensão gerada num ambiente eclesial pelo encontro de dois estilos musicais distintos: Coral e Banda. Estes representam respectivamente a música tradicional e música contemporânea, coexistindo em um espaço comum, a liturgia Batista.

A preocupação, “a priore”, será através da pesquisa de campo, ratificar a existência desta tensão e compreender as peculiaridades que a caracterizam. A “posteriore” sugerir ações à práxis pastoral num contexto marcado pela pluralidade e falta de diálogo.

Para um maior entendimento, se faz necessário definir com mais precisão alguns termos e conceitos abordados durante este estudo. Objetivamos assim limitar as possibilidades de interpretações para os termos usados.

Por Igrejas Batistas entenda-se as Igrejas da Cidade de Campinas participantes nesta pesquisa e que fazem parte da Convenção Batista Paulistana. Todas filiadas a Convenção Batista Brasileira. Estas igrejas apresentam uma convicção doutrinária comum e estão em pleno acordo com as diretrizes traçadas por esta Convenção. Apenas a Igreja Batista do Taquaral apresenta uma estrutura diferenciada já que aderiu à estrutura de “igrejas em células”.4 Este fato ocasionou a supressão do Canto Coral e do hinário oficial da denominação, o Cantor Cristão. Naturalmente, desenvolve uma liturgia fora dos padrões tradicionais dos batistas, passando a praticar somente cânticos avulsos através de Bandas. No entender do pastor da comunidade, é um culto mais contextualizado. Por estes fatores achamos importante nos aprofundarmos na consciência musical desta comunidade.

Para a palavra “tradição”, tomamos emprestado o conceito usado por Denise Frederico em sua tese, onde ela assevera que:

(13)

Por tradição entende-se o acervo de usos e costumes conservados no decorrer dos tempos por um povo ou segmento social, transmitido através de sucessivas gerações (...) o termo aproxima-se dos vocábulos memória e história. O termo tradicional é tido como a qualidade daquilo que tem tradição, cuja existência tem história e memória, passando de geração em geração. Pode eventualmente também designar algo antigo, velho, do passado. 5

A música tradicional para os Batistas, de um modo geral, é a música herdada de líderes do passado e tem a ver com um momento histórico-doutrinário e com as raízes da própria denominação. Neste caso, o Cantor Cristão, sob a designação de hinário oficial e o Canto Coral representam bem esta tradição.

Optamos neste estudo por não usarmos o termo “música pós- moderna”, levando-se em consideração as dificuldades conceituais que poderiam surgir. Portanto, para fins maior clareza decidimos pela palavra “contemporâneo” significando aquilo que se prática na atualidade. É possível usar palavras cognatas que possuam o mesmo sentido, tais como: contexto atual, em vigor, cultura hodierna, vanguardista, e outras.

Quanto à metodologia aplicada, baseamo-nos na revisão da literatura existente sobre o assunto e na aplicação da pesquisa de campo. A população pesquisada teve sua contribuição mensurada por um questionário e este aspecto da dissertação corresponde a uma parte importante e fundamental da pesquisa. Através da manifestação das pessoas pudemos avaliar atitudes, conceitos e preferências. Os resultados foram apresentados através de gráficos que interpretam a participação do universo consultado.

Temos como referencial teórico: Henriqueta Rosa Fernandes Braga que serviu de base para o desenvolvimento histórico sobre o coro.

Neste assunto localizamos pouca literatura que pudesse auxiliar-nos, principalmente, algo que fosse mais recente e que o abordasse numa perspectiva histórica tendo como marco referencial, a reforma.

5 DENISE Cordeiro de Souza Frederico. A Seleção de Cantos Para o Culto Cristão: critérios obtidos a partir

(14)

O estudo de Antonio Gouvêa Mendonça foi importante para termos uma visão mais abrangente do inicio e desenvolvimento do protestantismo no Brasil e as influências que tiveram na formação de hinódia brasileira. Israel Belo de Azevedo deu- nos uma base histórica-teológica significativa sobre a formação do pensamento Batista no Brasil.

O primeiro capítulo, após uma tentativa de conceituação de termos, traz um enfoque histórico da prática coral, explicitando a sua funcionalidade e propósito antes e depois da reforma. Traz também um panorama desta prática em nossos dias, percebendo-o tanto no contexto eclesial, quanto em âmbito secular.

Obviamente que a música, de forma geral, sempre esteve atrelada ao seu contexto social, filosófico, teológico e religioso. Partindo deste pressuposto, podemos detectar possíveis tensões que servirão de base para a análise da prática musical hodierna.

Por exemplo, na idade média o povo não tinha o direito de participar diretamente da liturgia. A música, em âmbito eclesial, era privilégio de um grupo previamente escolhido e para o qual se destinava a sua execução. Em meados do século XVI, já estabelecida a reforma, a música coletiva adquire novos contornos. Surge o coral como estrutura musical e possibilita a livre participação dos fiéis no ato litúrgico. Em ambos os casos, a prática musical é coerente com o seu contexto teológico.

O segundo capítulo trata da pesquisa de campo, metodologia na qual buscamos apoio. Esta foi realizada em algumas Igrejas Batistas da Cidade de Campinas e será importante no sentido de comprovar a realidade musical destas comunidades.

O questionário proposto tratou de temas relativos ao gosto musical dos entrevistados; sobre a importância e o papel do coro e da banda na igreja; e também pontuou diretamente a questão do conflito, tentando investigar a percepção das pessoas sobre prováveis incompatibilidades.

(15)

O terceiro capítulo, partindo dos enfoques dados tanto no primeiro quanto no segundo capítulo, tenta buscar orientações pastorais que possam contribuir com as comunidades Batistas que estejam vivenciando momentos de instabilidades. Entendemos que este estudo é importante e passa necessariamente por uma reflexão teológico-pastoral com visão abrangente de TEMPO – PESSOAS – IGREJAS.

Em épocas distintas da história surgiram tensões no contexto eclesial que de alguma forma eram alimentos por uma perspectiva ideológica, teológica ou filosófica. Conseqüentemente, buscou-se soluções que levaram em considerações as características do seu contexto histórico. Cabe, portanto, aos personagens da história atual, fazerem uma releitura da nossa época e encontrarem possibilidades que suscitem soluções para os problemas das igrejas contemporâneas.

(16)

CAPÍTULO I

CANTO CORAL: Da Tradição ao Contemporâneo

A música é um dos magníficos e deleitáveis presentes que Deus nos tem dado”.

Martin Luther King

Introdução

O que pretendemos neste capítulo é dar um panorama geral a respeito do Coro, sua prática e desenvolvimento dentro e fora do contexto eclesial. Começamos por definir conceitualmente alguns termos, que embora os diferencie, reconhecemos que no uso popular não existe quase distinção. Procuramos também demonstrar o pensamento que alimentou a prá tica coral antes e depois da reforma, considerando que este evento se tornou um referencial de inovação para a musicalidade da igreja protestante.

Finalizamos o capítulo fazendo uma aplicação da prática coral ao contexto Batista que é o universo religioso onde foi realizada a pesquisa.

“Coro” ou “Coral”?

Com freqüência esse questionamento sobre a terminologia é feito tentando decifrar o uso correto dos termos. Coro e Coral algumas vezes são usados, principalmente por coralistas, referindo a mesma coisa, ou seja, ao grupo de pessoas que executam uma peça vocal. Entretanto, no meio acadêmico, costuma-se fazer uma distinção, a saber: “Coro” como substantivo e “Coral” como adjetivo, mas até esta designação também não é muito precisa.

Ambos os termos podem ser encontrados se referindo a três blocos de significado que são: agrupamento, forma e espaço.6

6 ANDRÉ Daniel Lichtler. O Canto Coral na Comunidade Cristã: reflexões e conclusões a partir de uma

(17)

Agrupamento – Coro

Grupo de cantores que se apresentam juntos, na distribuição de vozes tradicional (...) o termo é normalmente usado com qualitativos (p.ex., coro misto, coro feminino, coro masculino, coro de ópera etc). Em português, CORAL também é sinônimo de coro, mas sem uma distinção muito clara no uso das duas palavras; em Inglês, a palavra “choir” é usada para os grupos de cantores eclesiásticos, ou os grupos menores de profissionais, enquanto a palavra “chorus” é preferida para os grupos grandes e seculares; em alemão, todos os coros são “chor”, exceto o eclesiástico, que é “Kirchenchor” (“coro de igreja”).7

Forma - Coral

Aqui a palavra freqüentemente usada é Coral para designar uma forma de composição musical que se desenvolveu a partir do século XVI por ocasião da reforma, sendo o próprio Lutero um dos grandes compositores e representantes desta forma musical.

O termo coral (em alemão choral) possui entre os germânicos duas diferentes acepções: canto gregoriano dos católicos-romanos (cantus choralis) e canto congregacional dos protestantes (choral-styl). A partir da segunda metade do séc. XVI, o coral luterano, como canto congregacional, teve seu uso generalizado.8 Esta estrutura musical é conhecida e executada ainda hoje nas igrejas protestantes.

Espaço - Coro

Aqui se refere ao lugar onde atua os coros. Na igreja, o espaço reservado ao coro (grupo de cantores) é por vezes chamado de coro. Esse espaço pode ser junto ao altar- mor ou, num balcão. O espaço sobre o balcão ocupado por grupos instrumentais (coro instrumental) ou pelo órgão é, também, chamado de coro.9

7 Dicionário Grove de Música, p.225

8 HENHIQUETA Rosa Fernandes Braga. Do Coral e sua Projeção na História da Música. p. 9

9 ANDRÉ Daniel lichtler. O Canto Coral na Comunidade Cristã: reflexões e conclusões a partir de uma

(18)

Retrospectiva histórica da práxis do Canto Coral Pré-reforma

O coro pode ser considerado como um dos mais antigos agentes sonoros coletivos, mesmo que não possamos comprovar com farta documentação, principalmente a era conhecida como pré-histórica, a não ser por hipóteses formuladas a partir de gravuras em pedras e desenhos de instrumentos, os quais nos dão pistas de que:

Entre as culturas primitivas e semiprimitivas até as velhas culturas da Antigüidade, a prática da música em conjunto aprese ntava características especiais em relação aos executantes e ouvintes. Era o agrupamento em torno de um centro“.

O centro torna-se o germe de toda a potência rítmica. É o lugar onde se encontra o chefe. A condução é feita pelo chefe que canta e bate inicia lmente os ritmos a serem usados, sendo depois repetidos pelos outros. Já encontramos, aqui, os primeiros vestígios de regência (...) coral. 10

No mundo antigo, documentos do Egito e Mesopotâmia sugerem a existência de uma prática coral ligada aos cultos religiosos e às danças sagradas.11

Na Grécia, os grupos corais desempenhavam papel importantíssimo, mesmo porque havia música para todas as ocasiões e diversos deuses representavam cada um desses momentos. Há indícios de coro que datam dos séculos III e II a.C. e que têm sua composição considerada a Eurípides. “Este coro é um stasimom, uma ode cantada com o coro imóvel no seu lugar na orquestra, zona semicircular entre o palco e a bancada dos espectadores”.12 Outros exemplos que podem ter sido executados com a participação coral são: hino a Hélios, hino à musa Calíope, hino a Nemésis de Mesomede de Creta e outros.

Os relatos históricos dão conta de que os coros eram dirigidos por um Chóregos.

Um tipo de coordenador musical que usava alguns movimentos corporais para comunicar ao coro sua intenção quanto à interpretação da música.

10 Encontrada em folhas avulsas onde não foi possível identificar o autor.

(19)

Nos calçados havia lâminas de metal para ampliar o ruído. Havia também a utilização das mãos nos movimentos ascendentes e descendentes para dar ao grupo coral a claridade sobre o tempo forte do texto.13

Entre os judeus, no contexto bíblico, há referências de grupos corais fazendo parte do culto judaico. Nos dias do rei Salomão, nas festividades, como a celebração da páscoa, os levitas - antiga tribo guerreira (Gen 49. 5-7) que se tornou uma casta sacerdotal - responsabilizavam-se não só pela educação musical instrumental e vocal, mas também pelas escalas de cultos para todas as cerimônias religiosas da época. (1Cr. 13. 7-8; 15.12; 19; 25.1-6; 2Cr. 5.13; 14; 29.28).14

Quanto à mensagem que estas músicas expressavam, Bentzem afirma que parte da poesia lírica apresentada na Bíblia está diretamente relacionada com a guerra, produzindo assim, motivações que caracterizavam os hinos, tais como: hinos de vitórias, hinos de lamento, hinos de confissão.15

Von Rad também coaduna com esta posição afirmando que Javé escolheu um povo e estabeleceu com ele um diálogo per manente. Parte deste diálogo deu-se na forma de louvores16 entoados musicalmente através de hinos. Estes podiam ser colocados dentro de

categorias que expressavam tanto a realidade espiritual do povo, quanto esta relação Javé -Israel.17

Segundo Von Rad, a forma mais antiga de louvor era o canto de vitória. Um exemplo disto é o cântico do Mar Vermelho (Êxodo 15) onde se rememorava o livramento do povo israelita frente às tropas egípcias.

13 EMANUEL Martinez. Regência Coral, Princípios Básicos, p. 16-19

14 DENISE Cordeiro de Souza Frederico. A Seleção de Cantos Para o Culto Cristão: critérios obtidos a partir da tensão entre tradição e contemporaneidade na história da música sacra cristã ocidental. 83

15 AAGE Bentzem. Introdução ao Antigo Testamento. p.155

(20)

Neste evento a profetisa Mirian, irmã de Arão, tomou um tamborim e saíram em

coro, todas as mulheres com tamborins, e diante dela, entoavam: “Cantai ao Senhor, porque gloriosamente triunfou, e precipitou no mar o cavalo e o seu cavaleiro”18.

A partir da prática judaica, outras formas musicais podem ser concebidas como: canto de confissão; canto da criação e canto de ações de graças. Todas em sua essência dando plena razão a Javé. 19

O livro de I Crônicas nos capítulos 23 e 25 traz-nos uma noção exata quanto à estrutura Coral e as exigências que existiam para a sua prática e funcionamento. O relato bíblico mostra que o Coral era distribuído em 24 pequenos grupos, cada um contendo 12 coralistas e que, provavelmente, revezavam-se acompanhando os sacrifícios. Os relatos bíblicos de II Samuel 6.5 e I Crônicas 13.8 indicam que havia uma participação musical efetiva por ocasião das procissões. (ver Êxodo 32.18; Isaías 30.9; Neemias 12.27-43).20

É provável que nestes grupos criados oficialmente para a execução do culto só houvesse a participação de homens e que necessariamente fossem bem treinados e tivessem idades a partir de 30 anos, sendo, portanto, proibida a participação feminina. Algum tempo depois foi incorporado ao coro, grupo de meninos que faziam as vozes mais agudas. Atualmente esta é uma prática comum na Inglaterra.

Mesmo sendo bem preparados na parte técnica, não há menção de que haja, nesta estrutura, diversificação vocal. A música provavelmente era entoada em uníssono e os instrumentos faziam um acompanhamento igualando-se as vozes.21

Alguns séculos depois, com o advento do cristianismo, surgiu o coro cristão nas catacumbas de Roma sob o nome de “cantochão” (cantus planus). Entretanto, por não ser uma religião oficial a música cristã não podia ser entoada com liberdade.

18 JOHN D. Davis. Dicionário da Bíblia. p.407

(21)

Como percebemos, o contexto de cada época influencia diretamente na forma e no conteúdo musical executado. No início da Igreja Cristã, devido ao contexto de perseguições, havia no cerne de cada canção a evocação divina que objetivava:

[pedir] o auxílio para a sua causa, e coragem para a luta sem tréguas onde o ideal cristão haveria de vencer. Os primeiros cristãos não conheciam uma melodia capaz de expressar a pureza de seus sentimentos, nem tão pouco um som que se prestasse às suas preces.22

Entretanto, a música ocupou uma importantíssima função no espaço cultual cristão, pois, mesmo sofrendo fortes influências da cultura grega, aos poucos vai definido uma estrutura religiosa-doutrinária bem peculiar se fazendo distinta de outras práticas musicais. Estas peculiaridades vão influenciar diretamente na formação do pensamento musical cristão ocidental através de um legado hinológico substancialmente importante.

A tradição coral ocidental que começa com o cristianismo primitivo, é percebida nos escritores patrísticos os quais fazem referência ao canto de antífonas e responsórios nos sécs. II e III 23. No séc. IV apareceu o Rito Ambrosiano que era um cantochão entoado na forma de responsos, a dois coros, ainda hoje chamado de decani e contoris.24

Em toda a Idade Média há indícios de que já havia cânticos com execução coral, mas foi a partir da consolidação da polifonia, após 1430, que os grupos corais se efetivaram com maior participação.

Nas igrejas e mosteiros medievais, a exemplo da tradição grega, os coros eram inteiramente compostos por homens, às vezes com meninos, devido à proibição da participação de mulheres no canto das igrejas. Um típico coro de catedral podia reunir de quatro a seis menino s e de dez a treze homens.25

22 EDUARDO Fonseca. História do Canto Coral. p.2 -www.luteranos.com.br/coral/artigos4.htm – 11/02/2003 23 Dicionário Grove de Música, 1994, p. 226

(22)

No renascimento (Séc. XIV-XVI), a polifonia – música cantada a várias vozes – definiu-se estruturalmente a quatro vozes, ou seja, aproximando-se da concepção moderna de coro composto por: soprano, contralto, tenor e baixo. As partes do soprano, até o séc. XVI eram em geral destinadas a meninos, quando cantores castrati foram introduzidos nos coros da Igreja Católica Romana.26

No período barroco, há indícios de vários grupos corais, p.ex., festa de S. Petrônio, em Bolonha, 1687, com um grupo coral de 65 integrantes; nos funerais de Haendel, em Londres, em 1759, onde três coros se reuniram; no final deste período, S Marcos de Veneza tinha um coro de 36 vozes.27

Neste contexto musical da Antigüidade os conflitos existentes partiam de um aspecto conceitual. A Igreja tendenciosamente desclassificava toda e qualquer manifestação musical que acontecia fora do âmbito eclesial. E isto estabeleceu uma oposição entre a música religiosa e a música popular, pois para o clero:

a maior parte desta música estava associada a práticas sociais que a igreja primitiva via com horror ou a ritmos pagãos que julgava deverem ser eliminados: Por conseguinte, foram feitos todos os esforços não apenas para afastar da igreja esta música, que traria tais abominações ao espírito dos fiéis, como, se possível, para apa gar por completo a memória dela.28

Esta separação entre as coisas sagradas e profanas perdurou por toda a história do cristianismo, mas em diversos momentos, apesar da polarização, uma vai influenciar a outra.

Reforma

Para entendermos adequadamente o desenvolvimento e a função da prática coral na reforma, faz-se necessário rememorarmos o contexto religioso desta época que data do século XVI.

26 Dicionário Grove de Música. p 226 27 Idem. p.226

(23)

Na visão de Matinho Lutero,29 havia algum tempo que a igreja vinha se distanciando de sua verdadeira vocação ministerial. Cedia espaço cada vez maior para uma outra ideologia que fazia com que ela se tornasse irrepugnante e carnal. Tanto que dentre os fatores que impulsionaram a realização da reforma, estão:

A secularização da igreja, a influência dos humanistas, os privilégios escandalosos administrados pela nobreza, os abusos do clero, e a falta de esclarecimento em questões de fé paralelame nte à cobrança das indulgências.30

Lutero insurgiu sobremodo contra estas indulgências, 31 que pareciam representar a prova mais concreta de fé. Sobre tal pensamento discordava com grande veemência e isto o levou a engajar-se, mesmo contra a sua vontade, no que ficou conhecida como a “Reforma Protestante”, a qual trouxe modificações significativas para o culto.

Segundo Sasse, Lutero foi um reformador muito conservador, mas, rejeitou radicalmente tudo que representasse contradição a Escritura. Por isso que gradativamente ele abandona pontos de doutrina e praxe católicas tais como: a realização da missa, os sacrifícios realizados pelos sacerdotes em favor dos vivos e dos mortos e o emprego de língua estrangeira na missa.32 Estes pontos constituem-se importantes na formatação de uma nova estrutura litúrgica.

Compreendendo que o ser humano tem possibilidades de estabelecer relação direta com Deus, Lutero reduz o culto a dois elementos básicos: a pregação da palavra e a celebração da Ceia.33

29 Martinho Lutero nasceu no ano de 1483 em Eislebem – leste da Alemanha. Tornou-se advogado e mais

tarde se formou em Teologia quando entrou para os frades agostinianos em Erfurt. Foi um profícuo escritor tendo entre seus escritos mais famosos as teses que desencadeou o processo da reforma protestante. Sua morte data do ano de 1545.

30 DENISE Cordeiro de Souza Frederico. A Seleção de Cantos Para o Culto Cristão: critérios obtidos a

partir do estudo da tensão entre tradição e contemporaneidade na história da música sacra cristã ocidental. p. 136

31 O que a igreja entendia por indulgência era a remissão total ou parcial das penas que cada um devia sofrer, na terra ou no purgatório, depois de ter obtido no sacramento da penitência a absolvição dos seus pecados e a remissão do castigo eterno. In, DANIEL-ROPS. A Igreja da Renascença e da Reforma I. p.266

(24)

O clericalismo que até então detinha todas as funções do culto, inclusive a da prática musical, perde a sua força e abre possibilidades para a participação do povo no ato cúltico.

Dentro deste novo contexto eclesial e como fruto do raciocínio teológico luterano, a música passa a ter função estratégica, tanto como meio de aproximação das pessoas com Deus, quanto de propagação da própria teologia luterana.

No aspecto musical percebemos que o sentido de coro é ampliado, tanto em seu conteúdo, quanto em sua forma e função. Neste novo cenário religioso, Lutero estende ao povo o privilégio de participar do momento litúrgico e estabelece o canto congregacional como sendo um reflexo do seu conceito teológico de sacerdócio universal.

Portanto, o coral neste contexto se desenvolve como uma estrutura especifica de música, e por ter sido organizado por Lutero, é até hoje designado pelo seu nome. Enquanto canto congregacional, teve seu uso generalizado na segunda metade do séc. XVI, quando, após um período de evolução, fixou a sua estrutura (...) e alcançou sucesso e larga divulgação, integrando-se na vida religiosa, comunal e doméstica alemã, não apenas naquela época, porém ainda nos séculos seguintes.34

A partir de então, tanto o coro, como grupo de pessoas, quanto o coral, enquanto forma musical se tornaram populares. Saiu dos recônditos das igrejas e ganhou as ruas, como manifestação cúltica dominical e eram executados num clima festivo em frente das casas dos crentes. Esta expansão se verificou não apenas nas regiões protestantes; mas da parte católica, também foram adotados os corais usando-os tal qual, quando o texto podia servir- lhes. 35

Neste contexto da igreja reformada, há vários fatores importantes a serem observados, mas vale ressaltar que houve a quebra do abismo que existia entre a igreja e o povo. Este distanciamento acontecia tanto pela sacralidade dos ofícios e oficiantes, quanto

(25)

pela incapacidade do povo entender o que era falado e cantado, já que a parte cúltica era oferecida em latim.

O que Lutero fez foi usar a música, através do coral, para estabelecer uma nova relação entre comunidade e igreja. Ele partiu do pressuposto de que as pessoas deviam entender o culto que praticavam.

O propósito da música e, conseqüentemente do Canto Coral, esteve diretamente voltado à realidade e necessidade religiosa do povo. Mesmo sendo estimulada pelos reis, pelo clero e pelas pessoas mais abastadas, visava sempre manter as festividades locais, disseminar doutrinas religiosas, além de atrair e integrar fiéis às igrejas.36 Ou seja, de alguma forma inserida nas necessidades coletivas.

Mesmo intimamente ligada à vida religiosa, a música teve sempre como pano de fundo a cultura de sua época e assim, como nos dias atuais, se tornou objeto de dissensão e controvérsia provocando cismas e influenciando na história da igreja e do próprio protestantismo.

O Canto Coral no contexto brasileiro No espaço eclesiástico

No contexto brasileiro, mesmo com fortes indícios de que já no início da colonização portuguesa em 1549 havia a presença de protestantes, 37 não se tem registro de prática coral neste período, mesmo porque no período colonial não havia tamanha liberdade religiosa38 que propiciasse uma expressividade cúltica mais abrangente, inclusive com

música. 39

36 EDUARDO Fonseca. História do Canto Coral. www.luteranos.com.br/coral/artigos4.htm – 11/02/2003 37 ANTONIO Gouvêa Mendonça. O Celeste Porvir: a inserção do protestantismo no Brasil. p.18

38 Segundo Mendonça, desde a colonização portuguesa (1549) até 1823 quando por ocasião da constituinte de

1823, foi debatida a questão da liberdade religiosa, há algumas tentativas de estabelecimento do protestantismo no Brasil, mas sempre com fortes restrições pela igreja oficial, a Igreja Católica Romana, tanto que em 1720, uma lei proibiu que qualquer pessoa chegasse a solo brasileiro, a não ser que fosse a serviço da coroa ou da igreja. In, ANTONIO Gouvêa Mendonça. O Celeste Porvir: a inserção do protestantismo no Brasil. p.17-21

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É possível que o Canto Coral só tenha aportado aqui por ocasião da chegada da corte européia e, certamente, estando ligada diretamente à igreja. As músicas de então mostram uma elaboração propícia a grupos vocais que talvez participassem das missas. Como o Brasil era só um receptor das tendências européias, a prática coral por aqui, desenvolvia o que se fazia por lá. No âmbito protestante o coral surgiu somente alguns séculos mais tarde, o que trataremos adiante.

Na cultura popular

Fora dos limites da religião, o que sabemos sobre o Canto Coral, com projeção nacional, veio através de um grande músico brasileiro Heitor Villa Lobos (1887 – 1959). Além de grande compositor de obras corais, foi o idealizador de grandes concertos com grupos escolares. Foi ele o responsável pela implantação do canto orfeônico40 na grade curricular das escolas, o que permaneceu até a década de 1970. Após isto vieram as reformas educacionais que sacaram a prática da música como disciplina obrigatória e a incorporaram como um assunto a ser estudado na disciplina de Educação Artística.

O Canto Coral nas Igrejas Batistas e as novas tendências musicais Do Coro e seu encanto

O Canto Coral no meio dos Batistas se tornou uma prática extremamente comum a partir de 1931, por meio do regente de coro Artur Lakschevitz. Oriundo da Letônia Lakschevitz se to rnou uma referência forte à música sacra no Brasil. Chegou aqui no dia 24 de junho de 1923, residindo em Bauru e mais tarde em São Paulo.

Anos mais tarde casou-se com a brasileira Iracema Fernandes e passou a se dedicar a organização de grupos corais. Durante 14 anos regeu o coro da 1ª Igreja Batista do Rio de Janeiro, depois também por alguns anos foi regente na Igreja Batista do Méier e da Igreja Batista Itacuruçá.

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Em 1931, lançou uma coletânea de músicas para coro com o título de Coros Sacros e este fato ajudou na propagação de grupos corais por todo o Brasil a ponto de ser popularizado entre os Batistas. A contribuição de Lakschevitz também é notada na área acadêmica, pois foi professor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e do Colégio Batista Shepard, no Rio de Janeiro. Através da docência trabalhou a consciência de seus alunos sobre a importância da música e em especial, do Canto Coral.41

A história do compositor Batista mais importante, em termos de Coral, serve para demonstrar a influência que a hinódia protestante brasileira sofreu em sua formação. Esta, que tem o seu início e desenvolvimento a partir do século XIX, desde sua origem foi construída fundamentada no pensamento teológico europeu e americano. Os missionários, assim como Lakschevitz, estabeleceram um protestantismo missionário e ortodoxo. Eram também impulsionados por um sentimento expansionista que emergiu primeiro na Inglaterra e depois na Alemanha. Mais tarde, originário s dos Estados Unidos, chegaram os avivalistas que:

apresentavam uma voracidade por crescimento numérico e usavam uma forma sentimental de culto que refletiu diretamente na produção musical das igrejas reformadas. A música servia como apoio para um texto apelativo, com objetivo conquistador ou sedutor.42

Então, podemos afirmar que o Canto Coral foi um reflexo desta teologia e foi, naturalmente, usado como apoio para se alcançar os fins teológicos estabelecidos. Esta afirmação é ratificada por Mendonça ao defender a indissolubilidade entre hinologia e teologia no culto protestante brasileiro. Ele afirma que “a hinologia é o reflexo da teologia da Era Missionária, assim como a mentalidade de base das igrejas brasileiras é o reflexo de sua hinologia”.43

41 ARTUR Lakschevitz. Coros Sacros: Hinos Especiais Para Coros. p.2

42 SERGIO Paulo Freddi Junior. Tendências Musicais de Igrejas Presbiterianas Independentes na Cidade de

São Paulo. p. 33

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Os primeiros indícios da prática coral protestante no Brasil vêm dos anglicanos em meados de 1800. Uma das músicas mais entoadas neste período teria sido o hino Holy, Holy, Holy Lord God Almight 44.

Mas tarde a Igreja Luterana, também através de seus primeiros missionários alemães, trouxeram o coro como prática tradicional em seus cultos.

Portanto, o Canto Coral nas Igrejas Batistas sofre influências diretas destas denominações e é certo que Lakschevitz vai desenvolver seu compêndio baseado no repertório coral destes hinários anteriores e já em uso nos cultos brasileiros.

Um destes hinários pioneiros, que pode tê- lo influenciado, é o Salmos e Hinos desenvolvido pelo casal Kalley. Supomos que tenha sido o primeiro hinário com uma estrutura a quatro vozes permitindo assim a execução de suas músicas por um grupo de pessoas com maiores habilidades musicais.

Mendonça faz um paralelo entre estes dois hinários, Coros Sacros e Salmos e Hinos e estabelece, a partir daí, uma aproxima ção encontrando pontos em comum quanto ao seu conteúdo. Este fato ratifica as influências que Lakschevitz sofreu ao estruturar a hinódia Batista brasileira. Mendonça diz que:

O que se nota desde logo, no Coros Sacros, é o mesmo sincretis mo encontrado nos Salmos e Hinos, isto é, as várias tendências teológicas que, desembocando no final do século XVIII, se expressam na abundante hinologia européia do século XIX. O arranjo dos hinos nos volumes é desordenado, aparentemente sem nenhuma preocupação litúrgica. A teologia reflete a mesma índole do Salmos e Hinos; é predominantemente pietista/individualista.45

Portanto, além do diálogo teológico há nítida semelhança entre estes dois hinários na sua estrutura musical, pois ambos propiciam o estabelecimento do coro nas igrejas.

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O fato é que pela escas sez de pessoas qualificadas musicalmente, parece que, com o tempo, o coro se tornou um grupo musicalmente diferenciado na ig reja até mesmo pelo papel de liderança e pela qualidade que apresentava na execução das músicas. Assim, a participação do grupo coral no culto era estratégica sendo considerada uma preparação para o sermão e depois uma preparação para o apelo pastoral. Durante algum tempo nas comunidades Batistas, o coro também tinha uma função pedagógica de ensinar novos hinos para a congregação. Porém pressupomos que o encantamento do coro na prática batista, tenha se dado primordialmente a partir de fatores: circunstanciais, temporais e teológicos.

O primeiro estaria na gênese do protestantismo brasileiro e nas condições encontradas aqui pelos missionários para a estruturação do culto. É importante lembrar que os missionários que chegaram da Europa e Estados Unidos usaram os recursos que tinham. Musicalmente se desenvolveram a partir dos conhecimentos e dos materiais que adquiriram em seus respectivos países. É o caso do casal Kalley que construiu o primeiro hinário evangélico, o Salmos e Hinos obviamente fazendo uso dos conhecimentos adquiridos anteriormente.

Este hinário, desde suas primeiras edições, já apresentou uma estrutura musical propícia à expansão da prática coral, já que continha suas músicas a quatro vozes. Logo, passou a ser uma referência muito forte para o culto brasileiro, como assevera Mendo nça,

a história do material de culto no Brasil gira, essencialmente, em torno do Salmos e Hinos e (...) serviu de base para os demais que foram, com o correr do tempo, aparecendo.46 O Cantor Cristão veio um pouco depo is, mas manteve as mesmas características dos Salmos e Hinos. O certo é que se tornou uma referência musical para a prática Coral Batista.

O segundo fator preponderante parece estar exatamente no “tempo de uso”, visto que este hinário completou mais de 100 anos de uso nas Igrejas Batistas do Brasil. Suas músicas sempre foram fontes inspiradoras para prática Coral.

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47 Castelo Forte é uma das músicas mais executadas por coros em todo o Brasil e foi composta por Martinho

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O terceiro fator favorável ao encantamento da prática Coral entre os Batistas está na tipologia teológica expressa. Este legado é uma herança dos movimentos que caracterizaram o expansionismo evangelical dos quais os Batistas surgiram enquanto grupo denominacio nal aqui no Brasil.

Percebemos a interação entre música e teologia numa análise mais criteriosa de algumas doutrinas musicadas pelos Batistas. Tomamos emprestada uma tipologia desenvolvida por Uipirangi em sua dissertação48. As músicas analisadas a seguir foram extraídas do HCC (Hinário Para o Culto Cristão) e CC (Cantor Cristão). Ambos hinários em uso atualmente nas comunidades Batistas.

TEISMO – Deus é pessoal e interage pessoalmente com suas criações. A vontade de Deus é relacionar-se com suas criaturas, que possuindo valores individuais, precisam permitir esse relacionamento.

HINO 25 HCC – TÚ ÉS FIEL

Letra: Thomas Obediah Chisholm, 1923 Música: Willian Marion Runyan, 1923

Tu és fiel, Senhor, meu Pai celeste; Pleno poder aos teus filhos darás. Nunca mudaste, tu nunca faltaste:

Tal como eras, tu sempre serás.

Tu és Fiel, Senhor, tu és fiel, Senhor

Dia após dia, com bênçãos sem fim.

Tua mercê me sustenta e me guarda;

Tu és fiel Senhor, fiel a mim.

Flores e frutos, montanhas e mares, Sol, lua, estrelas no céu a brilhar:

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Tudo criaste na terra e nos ares, Todo o universo vem, pois, te louvar!

Pleno perdão tu dás, paz segurança; Cada momento me guia, Senhor. E, no porvir oh, que doce esperança!

Desfrutarei do teu rico favor.

BIBLICISMO – A Bíblia é a palavra revelada de Deus e deriva dela os fundamentos para a teologia Batista, sua devoção pessoal e para as decisões que tomam no campo moral e da ética.

HINO 214 HCC – É DIVINA, SÁBIA E PURA

Letra: Desconhec ido

Música: Natalie Sleeth, 1986

É divina, sábia e pura a palavra do Senhor; E corrige a vida impura do perdido pecador. Do Senhor a majestade nesse livro posso achar, Fonte viva de verdade os meus passos vem guiar.

São prudentes os conselhos do meu Mestre e Salvador E me mostram, como espelhos, que sou mau, sou pecador.

Mas que o sol resplandecente, os preceitos de Jesus Iluminam nossas mentes com radiante e clara luz.

Livro santo, verdadeiro, que me ensina o amor de Deus! É preciso companheiro na jornada para os céus. Nele sempre meditando, quero a Cristo obedecer;

Os pecados evitando seus ensinos vou viver.49

(36)

CONVERSIONISMO – O homem totalmente corrompido carece da ma nifestação da graça de Deus em sua vida para que seja salvo. Essa salvação é individual, intransferível, portanto, é de responsabilidade pessoal para a aceitação ou recusa dessa salvação.

HINO 259 CC - A ÚLTIMA HORA

Letra e Música: João Diener, 1911. Ao findar o labor desta vida,

Quando a morte ao teu lado chegar, Que destino há de ter a tua alma,

Qual será no futuro o teu lar?

Meu amigo hoje tu tens a escolha,

Vida ou morte, qual vais aceitar?

Amanhã pode ser muito tarde,

Hoje Cristo te quer libertar.

Tu procuras a paz neste mundo, Em prazeres que passam em vão.

Mas, na última hora da vida, Eles já não te satisfarão.

Tens manchada tua alma e não podes Contemplar o semb lante de Deus. Só os crentes com corações limpos,

Poderão ter o gozo nos céus.

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CONTRACULTURALISMO – Os Batistas crêem que os valor es de Deus são superiores e opostos aos valores humanos. Decorrente deste conceito, acreditam que precisam abandonar os costumes anteriores à experiência da conversão.

HINO 256 HCC – QUE MUDANÇA ADMIRÁVEL Letra: Rufus Henry McDaniel, 1914 Música: Charles Hutchison Gabriel, 1914

Que mudança admirável na vida provei, Pois Cristo minha alma salvou! Tenho a luz do céu que eu tanto busquei,

Pois Cristo minha alma salvou.

Oh, Cristo minha alma salvou!

Sim, Cristo minha alma salvou!

Mesmo ali sobre a cruz, foi que Jesus

Da morte minha alma salvou

Já deixei de trilhar as veredas do mal, Pois Cristo minha alma salvou. E feliz eu desfruto o favor divinal,

Pois Cristo minha alma salvou.

Sobre o vale da morte já brilhou uma luz, Pois Cristo minha alma salvou. E eu avisto meu lar, no porvir, com Jesus,

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SALVACIONISMO – Deus sempre desejou salvar a humanidade. A partir dessa compreensão, os Batistas consideram-se responsáveis por cumprir esse desejo, chamando todos os homens para um encontro pessoal de reconciliação com Deus, através do método da evangelização. 50

HINO 439 CC – ORAÇÃO PELA PÁTRIA

Letra: William Edwin Entzminger Música: Emiline Willis Lindsey, 1916

Minha pátria para Cristo eis a minha petição Minha pátria tão querida, eu te dei meu coração;

Lar prezado, lar formoso, é por ti o meu amor; Que o meu Deus de excelsa graça te dispense seu favor.

Salve Deus a minha pátria minha pátria varonil

Salve Deus a minha terra, esta terra do Brasil

Quero, pois, com alegria, ver meu povo tão gentil Aceitando o evangelho nesta terra do Brasil. “Brava gente brasileira, longe vá temor servil”.

Ou ficar a Pátria salva, ou morrer pelo Brasil.

O resumo da teologia Batista presente nas peças corais pode ser visto da seguinte forma: O amor de Deus por toda a humanidade, o perdão divino tão graciosamente dado por meio da fé, o sacrifício expiatório de Jesus Cristo, e a regeneração visível da ética do mundo e a expectativa da vida eterna no céu.

Estes fatores acima descritos certamente contribuíram para o encantamento do Coro no culto Batista brasileiro, como também a causa de sua duração por tantos anos.

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A formação de uma nova consciência musical e o desencanto do coro

A partir da década de setenta aconteceram algumas transformações musicais no cenário evangélico e teve a ver com o desenvolvimento da tecnologia nos meios de comunicações, como por exemplo, o aperfeiçoamento dos recursos de áudio e vídeo. Houve também um aperfeiçoamento nos instrumentos musicais. Os acústicos deram lugar aos eletrônicos.

Na década anterior, o rock roll ditava o ritmo e chegou como “expressão musical da contracultura, isto é, como contestação e ruptura com a tradição musical Ocidental, seja erudita ou popular”.51

A influência deste movimento começou a ser percebida nas Igrejas Batistas brasileiras no final da década de setenta. Nesta ocasião, algumas igrejas permitiram a introdução, em seus cultos,da bateria, da guitarra, do órgão eletrônico e do contrabaixo. Como complemento, vieram outros equipamentos eletrônicos.

Algumas mudanças também aconteceram nos ritmos e na estrutura musical. As cifras passaram a ser usadas com mais freqüência. Os cânticos começaram a ganhar popularidade nos cultos e o coro passou a dividir o espaço com esta nova manifestação musical.

Com a inserção das bandas e dos “grupos de louvor”, a função desempenhada pelo coro, gradativamente foi se transferindo para estes grupos. É provável que tenha sido a partir deste evento que se desencadeou um processo de desencanto da prática coral. Conseqüentemente, diante deste contexto inovador há notadamente uma mudança na preferência musical, principalmente entre jovens.

Quanto à funcionalidade do coro, Mendonça entende que este se estabelece no culto brasileiro seguindo duas vertentes: uma se refere ao grupo coral enquanto manifestação estética.

(40)

“Nesta circunstância, o coro começa e termina em si mesmo, ou seja, não tem necessariamente implicação litúrgica, vez que seu papel é narrativo. Seu papel é o de expressar musicalmente a história da fé cristã em estilo épico ou romântico”.52

O Coro, percebido nesta função, teria um caráter performancista, passando a depender exclusivamente da técnica e do bom desempenho mus ical. Este aspecto pode ter contribuído para a perda de espaço da prática coral visto que a técnica instrumental das bandas sobressaiu principalmente para os meios de comunicações.

A outra vertente que pode explicar a função do coro segundo Mendonça é a de expressão coletiva, na qual o coro faz parte de um todo e é entendido dentro de um contexto litúrgico inter-relacionados. Mendonça afirma que:

Se quisermos entender a função do coro na liturgia temos de recordar sua origem no teatro clássico em que o coro era um conjunto harmônico de atores que, como representantes do povo junto aos personagens principais, declarando e cantando narravam a ação, e comentavam, e freqüentemente nela intervinham com ponderações e conselhos. No culto o diálogo evolui em duas direções assimétricas: ora entre o povo e o oficiante, ora entre o povo e Deus. O diálogo entre o povo e Deus pode ser direto através das orações coletivas e dos cânticos congregacionais, e indireto através dos atos do oficiante e da participação do coro. É neste sentido que a função do coro se torna semelhante à do teatro clássico: ora faz declarações divinas em resposta às orações do povo, através dos responsos e intróitos por exemplo, ora do povo ao chamado de Deus, como nos finais e améns; expressa, também, o sentimento coletivo de louvor e adoração através das doxologias, e assim por diante.53

Esta função interativa, anteriormente desenvolvida pelo Coro, é agora, desempenhada pela Banda que possibilita um maior envolvimento das pessoas durante os cultos.

(41)

Outro fator que pode também ter contribuído para o desencanto da prática coral na maioria da s comunidades Batistas é que as peças corais em sua maioria ainda são adaptações ou traduções de coletâneas americanas. Esta influência musical ainda é muito forte no culto protestante brasileiro.

Entretanto, a música gospel apresenta uma possibilidade de aproximação com a cultura brasileira. Isto é perceptível no uso de instrumentos musicais regionais e em músicas que descrevem mais da realidade brasileira através de repertórios nacional.

Atualmente, a função do coro, nas comunidades que ainda o preservam, não é clara e depende do tipo de liturgia que é praticada naquele grupo.

O Coro como meio de “Entretenimento”

O entretenimento pode ser considerado como uma terceira função a ser desempenhada na prática coral e não estar relacionada diretamente com as outras funções descritas por Mendonça. O coro de entretenimento não tem objetivos religiosos e não há necessariamente uma exigência de performance, visto que boa parte de seus regentes é voluntária sem tantos conhecimentos musicais.

Esta constatação veio da experiência que tivemos como regente do coro da Empresa Telefônica de Campinas. Neste contato percebemos que, ao contrário das Igrejas Batistas, o coro tem tido uma aceitação considerável fora do contexto eclesial. Obviamente que, como já dissemos, a motivação do Canto Coral neste contexto segue outras vertentes sem pretensões religiosas.

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O educador musical Antônio Sérgio afirma que:

no dia-a-dia de trabalho, muitas vezes as pessoas se interage m superficialmente, pois cada um leva em consideração os seus próprios problemas. No ensaio coral, todos se unem para desenvolver uma mesma atividade. No grupo, o cargo que cada integrante exerce na empresa deixa de ter importância. (...) A música e a convivência entre os participantes despertam a sensibilidade de todos não só para as questões relacionadas às áreas de atuação de cada um, mas também para assuntos das organizações como um todo, através do coro.54

Na cidade de Campinas, existem várias empresas que oferecem aos seus empregados a oportunidade de participar de coros, como é o caso da: Telefônica, Tim, Bosh, EPTV, Pirelli, Lucent, Cica, DPaschoal e outras.

Nas apresentações destes coros, as empresas querem levar até a comunidade a sua preocupação com os aspectos culturais e educacionais. Além disso, transformam o coro num trabalho de marketing, já que estes grupos levam a marca de suas empresas e chegam ao público de forma acessível. Neste aspecto ele é comercial, mas muito mais de entretenimento.

Vladimir Silva vê com bastante otimismo este novo quadro musical, pois para ele “um dos pontos mais importantes e positivos dessa expansão tem sido, incontestavelmente, a geração de novos empregos. O mercado vem sendo sensivelmente modificado e podemos ratificar nossa afirmação quando assistimos, num encontro de coros, a grupos com distintas denominações e finalidades. 55

Uma outra constatação quanto à força do Canto Coral, fora do contexto eclesial, dá-se ao acessar a Internet. Numa rápida busca podemos encontrar uma variedade de grupos oriundos de todo país, reunidos tanto em associações como atuando de forma independente.

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Existe uma associação brasileira de regentes de coros com publicação periódica desde o ano de 2002 que abrange todo o território nacional e é apoiada pelo ministério da cultura. A segunda edição desta revista, chamada “Canto Coral”, traz uma relação de atividades corais, tais como: festivais, congressos, workshop seminários e convenções, tanto nacional, como internacionalmente. Isto nos dá uma visão da abrangência desta prática não vinculada à pratica eclesial.

Conclusões Preliminares

A formação de uma nova consciência musical no meio Batista, certamente provocou um certo desencanto na prática coral, pois tanto a função estética, quanto a função interativa educacional, anteriormente atribuída ao coro, passou a ser melhor desempenhada pela banda.

Há uma comprovação de que houve mudanças na preferência musical. O grande problema que surge a partir desta realidade é que se estabelece uma tensão no âmbito das Igrejas Batistas – em particular as igrejas pesquisadas na cidade de Campinas – provocando uma série de mudanças no comportamento cúltico destas comunidades. No bojo destas mudanças existe a discussão sobre a contextualização da liturgia e a música atual seria um dos fatores que justificaria o abandono de práticas mais antigas, dentre as quais, o Canto Coral.

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CAPÍTULO 2

ESTUDO DE CASO: Aplicação e mensuração do questionário “Sem música, a vida seria um erro”.

Friedrich Nietzsche

Introdução

Este capítulo tem como objetivo apresentar os resultados da pesquisa realizada em seis Igrejas Batistas na cidade de Campinas. A interpretação dos dados obtidos possibilitou-nos esclarecer com mais exatidão a existência de uma tensão gerada a partir de conceitos e práticas que envolvem a música tradicional e a música contemporânea.

O formulário

O objetivo do questionário foi verificar a importância e a influência que a música exerce sobre as pessoas. Acreditando que tanto o Coro quanto a Banda podem conduzir as pessoas a diferentes experiências, os pesquisados tiveram que expressar seus sentimentos em relação a estas duas expressões musicais.

O formulário apresentado aos pesquisados é o que segue abaixo. FORMULÁRIO DE PESQUISA CIENTÍFICA I – DADOS PESSOAIS

Nome do pesquisado:__________________________________________________ Idade: _____ anos Sexo ( ) F ( )M

Igreja a que pertence: _________________________________________________ Qual a sua escolaridade? _______________________________________________ II – COMPOSIÇÃO DO QUESTIONÁRIO

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2 - O que isso significa para você? ( ) É Bom

( ) É Ruim ( ) É indiferente

3 - A sua igreja possui banda? ( ) Sim ( ) Não 4 - O que isso significa para você? ( ) É Bom

( ) É Ruim ( ) É indiferente

5 – Qual é a prioridade musical para a sua igreja? ( ) Ter um coro

( ) Ter uma banda ( ) Os dois

6 - Que tipo de reação a música coral desperta em você? ( ) Introspecção

( ) Emoção ( ) Bem estar ( ) Indiferença ( ) Nada acontece ( ) Não respondeu

7 - Que tipo de reação a música de uma banda eletrônica desperta em você? ( ) Introspecção

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8 - Que função a banda deve desempenhar no culto? ( ) Didática

( ) Performance ( ) Louvor ( ) Adoração

( ) Louvor e Adoração

9 - Que função o coro deve desempenhar no culto? ( ) Didática

( ) Performance ( ) Louvor ( ) Adoração

( ) Louvor e Adoração

10 - Que tipo de música mais se identifica com os Batistas? ( ) Coro

( ) Banda ( ) Os Dois ( ) Não Sei

11 - No culto Batista, o que é mais envolvente? ( ) Musica Coral

( ) Cânticos ( ) Os Dois

12 – A relação entre a música tradicional (coro, hino) e contemporânea (banda, cânticos) no culto Batista é:

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Aplicação do questionário.

As entrevistas foram aplicadas através do questionário tendo como objetivo a obtenção de dados qualitativos para se chegar a descoberta de “motivações, crenças, atitudes e sensações” 56 sobre a música como expressão da tradição e/ou da contemporaneidade.

Os dados recolhidos correspondem a 92% dos formulários entregues, visto que 8% dos entrevistados decidiram não participar da pesquisa.

Metodologia

A metodologia adotada está baseada no método comparativo, por entender que é o melhor instrumental teórico para a realização desta pesquisa. Segundo Lakatos, o método comparativo:

Realiza comparações com a finalidade de verificar similitudes e explicar divergências (...) é usado tanto para comparações de grupos no presente, no passado, ou entre os existentes e os do passado, quanto entre sociedades de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimentos.57

Através da interpretação dos dados colhidos na pesquisa de campo, procuramos identificar os possíveis pontos de tensão entre a música Coral, representando a tradição e a Banda como expressão musical contemporânea.

Critérios de Investigação

Para entender com mais exatidão a aceitabilidade da pesquisa, procuramos defini- la através de três critérios:

Por faixa etária

Por gênero

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Por nível de escolaridade

A pesquisa foi desenvolvida com pessoas que, de alguma forma, estão ligadas à música, participando em Coros ou em Bandas. Essas pessoas têm uma influência direta nas programações da igreja local e participam em muitas decisões, sobremodo no aspecto musical.

A maior participação de pesquisados está na faixa etária que vai dos 16 a 30 anos, com 44%. Em seguida a idade dos 31 a 45 anos, com 27%, e depois, pessoas com idade acima dos 46 anos, com 16%. Por último, a idade dos 7 aos 15 anos, que representou 13% do universo pesquisado.

Contexto da pesquisa. Região Metropolitana de Campinas

Campinas é hoje um dos maiores centros do país, sendo considerada a maior cidade interiorana do país, com aproximadamente 1 milhão de habitantes. Segundo a revista Metrópole,58 só nos últimos cinco anos mais de duzentas mil pessoas migraram para a região, elevando sua população num ritmo muito rápido. Isto por ser uma forte expressão tanto no comércio, indústria e lazer, como no turismo e pesquisa. A cidade, que aniversaria em 14 de julho, surgiu na primeira metade do século XVII.59

Tanto a cidade quanto a região que está próxima a Campinas, apresentam diferentes expressões e manifestações culturais, religiosas, turísticas e artísticas. E no campo religioso, há uma diversidade de práticas, que por sua vez, expõe um cenário inovador no aspecto musical.

Constatamos a existência de várias escolas de música de maior e menor expressão, e com maior repercussão, os cursos de graduação oferecidos pela Universidade de Campinas

58 A revista Metró pole é uma edição que circula sempre aos domingos incorporada ao jornal local Correio Popular. A que serviu de fonte para esta pesquisa data de 17 de março de 1997.

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– UNICAMP. Acreditamos que todos estes fatores, de alguma forma, influenciam na prática musical das Igrejas Batistas campineira.

É neste contexto desenvolvimentista que os Batistas têm procurado se inserir, contando hoje com mais de cinqüenta igrejas só no perímetro urbano. Há mais de vinte anos, funciona o FTBC (Faculdade Teológica Batista de Campinas) que incorpora, além do curso teológico, um curso de música sacra.

A proposta é desenvolver a pesquisa considerando toda esta estrutura e o contexto apresentado, principalmente no aspecto musical.

Contexto Estatístico Batista Campineiro

Segundo dados da própria denominação, encontrados na agenda da Convenção Batista de São Paulo, (CBESP),60 os Batistas na cidade de Campinas e adjacências são aproximadamente 7.000 membros distribuídos em duas associações, compostas por mais de 60 igrejas e com uma média de 70 pastores.

As igrejas pesquisadas e identificadas abaixo são representações destas associações. As igrejas pesquisadas estão inseridas nestas associações e são as primeiras comunidades a se estabelecerem na cidade. Portanto, as que têm mantido por mais tempo a prática do Canto Coral e um culto mais conservador.

Outro fator importante, é que o autor da pesquisa atua como pastor e ministro de música em uma dessas associações e é professor da Faculdade Batista lecionando disciplinas que se aproximam do assunto pesquisado.

1ª Igreja Batista

Rua: Andrade Neves, nº 1848 - Bairro do Castelo/Campinas-SP Pastor: Carlos Walter M. da Silva

60 CBESP - Convenção Batista do Estado de São Paulo, é o órgão que reúne todas as igrejas e congregações

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Ministro de Música: Helena Teixeira Data de fundação: 03 de outubro de 1907 Hoje a Igreja conta com 500 membros ativos É uma comunidade de classe média

Possui uma banda e três coros: coro misto, coro jovem e coro Infantil.

Igreja Batista Central

Rua Dr. Quirino, nº 930 – Bairro Centro/Campinas-SP Pastor: Leandro Borges Peixoto

Ministro de Música: Wanilton Mahfuz Data de fundação: 14 de dezembro de 1957 Hoje a Igreja conta com 1.237 membros ativos É uma comunidade de classe média alta.

Possui quatro bandas e cinco coros: Coro misto, jovem, adolescente, 3ª idade e coro infantil.

Igreja Batista do Cambuí

Rua Vieira Bueno, nº 20 – Bairro Cambuí/Campinas-SP Pastor: Isaltino Gomes Coelho

Ministro de Música: Afrâneo Tadeu Data de fundação: 1º de janeiro de 1931 Hoje a Igreja conta com 325 membros ativos É uma comunidade de classe alta

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Igreja Batista do Taquaral

Av. Júlio Prestes, nº 288 – Bairro Taquaral/Campinas-SP Pastor: Agostinho Césa r Martins Soler

Não tem mais Ministro de Música Data de fundação: 19 de abril de 1970 Hoje a Igreja conta com 280 membros ativos É uma comunidade de cla sse média baixa

Possui duas bandas, um grupo de coreografia e não possui mais coros.

Obs.: Esta igreja apresenta uma realidade litúrgica diferente pois adotou um sistema eclesiástico denominado G12. Esta condição provocou mudanças em sua prática musical levando-a a supressão da hinódia tradicional Batista.

Igreja Batista Nova Canaã

Rua: Almirante Richard, nº 364 – Bairro Chácara da Barra/Campinas-SP

Pastor: Rúbem Cleviton Lota

Ministro de Música: Moisés Cantus e Rúbens Daminelli Data de fundação: 27 de outubro de 1985

Hoje a Igreja conta com 150 membros ativos É uma comunidade de classe média

Possui uma banda e dois coros: coro misto e coro infantil Igreja Batista Satélite Íris

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Pastor: Mário Gomes de Barros Diretor de Música: Luzier Tavares

Data de fundação: 27 de outubro de 1985 Hoje a Igreja conta com 280 membros ativos É uma comunidade de classe baixa

Possui uma banda e dois coros: coro misto e coro infantil Perspectivas

A elaboração do questionário teve uma escolha criteriosa das questões diante das inúmeras possibilidades que o tema apresenta. Foi necessário sintetizar o assunto para que através da especificidade se extraísse o maior número de informações possíveis e relevantes a esta pesquisa. Portanto, as perguntas presentes no questionário são específicas de campos mais abrangentes, conforme apresentado abaixo:

1. Música – tradição e contemporaneidade: coros e bandas 2. Música e Reação

3. Música e Função 4. Música e Identidade

Análise

(53)

Os 8% dos formulários não respondidos correspondem a membros que simplesmente não quiseram participar da pesquisa, devolvendo-os em branco.

As crianças com idade acima de 7 anos que responderam a pesquisa, são participantes de coros em suas respectivas igrejas. Objetivamos com a participação delas mensurar, além do gosto musical a influência da música tradicional e/ou contemporânea sobre elas.

(54)

Somente três das igrejas pesquisadas possuem um nível social mais elevado. Nestas foram encontrada quase a totalidade dos 36% de pessoas cursando ou já com formação superior. É comum perceber a participação em coros de: médicos, engenheiros, dentistas, universitários e outros.

Música – Tradição e Contemporaneidade: Coros e Bandas

Referências

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