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Sindicalismo : a experiência de um sindicato do "novo sindicalismo" o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação/RJ - SEPE/RJ

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-FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

MARÇO DE 1999

*

Trabalho elaborado para a disciplina "Sistema Político Brasileiro", do Curso

de Mestrado em Administração Pública FGV / EBAP, ministrada pela Prof.

Sônia Fleury, no 10 semestre / 97.

SINDICALISMO: A EXPERIÊNCIA DE UM SINDICATO DO "NOVO SINDICALISMO" O SINDICATO ESTADUAL DOS PROFISSIONAIS DA

EDUCAÇÃO / RJ - SEPE I RJ*

• c Afarcelo Nunes Saião

Rio de Janeiro - Brasil

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INTRODUÇÃO

Neste trabalho vamos procurar conhecer um sindicato que nasce no período de redemocratização do país e pode ser caracterizado como fazendo parte do denominado "novo sindicalismo": o SEPE, Sindicato Estadual do ProfIssionais da Educação do Rio de Janeiro.

Inicialmente faremos um pequeno histórico do movimento sindical no Brasil e das suas principaís características buscando entender as diferenças de estrutura que aparecem no final da década de 70 na organização dos movimentos de trabalhadores. Com isto pretendemos demonstrar como se conformou a estrutura sindical corporativa no Brasil, estrutura que ainda perdura tanto na legisla<;ão como na prática dos próprios trabalhadores, como cultura arraigada durante vários anos. Acreditamos também que com esse histórico poderemos deixar marcadas mais claramente as diferenças introduzidas pelo chamado "novo sindicalismo" e sua luta para superar a estrutura anterior e a herança cultural deixada por ela.

Em um segundo momento abordaremos um pouco da história do SEPE, sua formação e consolidação como sindicato que representa os trabalhadores da educação do setor público do Estado do Rio de Janeiro, tanto a nível da administração estadual, como das municipais.

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UM POUCO DA HISTÓRIA DO SINDICALISMO NO BRASIL

Para falar um pouco sobre a trajetória do sindicalismo no Brasil vamos dividi-Ia em três partes. A primeira antes do periodo Varguista, a segunda de Vargas até o final da década de 70 c a terceira iniciada com o surgimento do denominado"novo sindicalismo".

O periodo anterior a 1930 foi caracterizado por um aumento gradual da participação do Estado na regulação da atividade sindical. Até 1989 a ação operária e sindical era livre, mas frágil, não tendo condições de interferir no mercado de trabalho. Este era regido pela concepção liberal, ou seja, "naturalmente". A proclamação da República traz uma proposta de modernização do Estado e, junto com ela, um inicio de disciplinamento do mercado de trabalho. Nessa época o sindicato era livre e autônomo e o direito de greve legítimo, mas o nivel de mobilização ainda era muito baixo.

A constituição de 1891 remete a questão sindical e social ao código civil considerando qualquer movimento reivindicatório como atentando contra a liberdade do mercado. Entra em contradição com a lei dos sindicatos de 1907 que dá livre direito de associação. A associação era livre mas as atividades sindicais decorrentes desta eram contra o mercado e geravam uma ação coercitiva por parte do Estado. Nesse periodo, na própria classe operária, já começam a surgir reivindicações para romper a ordem liberal através de uma maior regulamentação pelo Estado. A intensa movimentação operária da época, que culmina nas greves de 1917, fazem surgir, entre as próprias elites industriais, defensores de uma maior intervenção do Estado .

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-A partir de 1930 o Estado começa a conformar o sindicalismo de tipo corporativo que tem boa parte da sua estrutura intacta até hoje. Inicia esse processo restringindo a associação através da obrigação de que os sindicatos fossem reconhecidos pelo Ministério do Trabalho. Em 1931, opta pelo sindicato único declarando o mesmo como órgão de colaboração com o ;"-,dl.:: púbJicc\ \ estrJi:égia do Governo procurava desmobilizar os sindicatos existentes através da repressão, da corrupção e da cooptação ao mesmo tempo que tentava seduzir os trabalhadores a se integrarem na estrutura estatal. O período é rico no aparecimento de leis trabalhistas como trabalho de menores, previdência social, jornada de trabalho, carteira profissional, comissões mistas de conciliação para os sindicalizados etc. Nesse processo se dava também a desprivatização, com a gradual incorporação dos sindicatos ao aparato estatal, e a despolitização, na medida em que as organizações eram concebidas como de cooperação técnica e de consulta. Os sindicatos reagiam a este processo, principalmente nos grandes centros, funcionando por fora do marco legal e mantendo a sua autonomia.

Após a Intentona Comunista de 1935 o Governo aumenta a repressão contra os sindicatos. Na constituição de 1937 os mesmos passam a ser definidos como agências de natureza pública, as greves são entendidas como um recurso anti-social e só é garantida a mediação entre o trabalhador e a empresa através do sindicato reconhecido. Surge também a Justiça do Trabalho, como um poder normativo que dava uma forma legal a intervenção sobre a relação capital-trabalho, visando conciliar as duas partes e assim impedir o conflito aberto. A Justiça do Trabalho, revestida do caráter impessoal e neutro do direito, convertia a disputa política em um fator jurídico dando a sentença mais 'justa".

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cooptadas pelo Estado. Em 1943 surge a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) reunindo de forma sistematizada a legislação produzida a partir de 1930, reunia as normas tutelares do trabalho, as regras para os sindicatos, a previdência social e a justiça do trabalho.

De 1946 a 1964, com a abertura do regime, os sindicatos passam a ter maior campo de atuacão conseguindo por algumas vezes atuar livremente contornando a legislação. Neste período predomina o chamado sindicalismo populista e também a concepção comunitarísta entre capital e trabalho. Surge em 1944 o MUT (Movimento Unificado dos Trabalhadores), proibido por Dutra em 1946, e posteriormente a CGT, proibida após o movimento de 64, como experiências de unificação do movimento sindical. A partir de 1964 se dá o controle total da movimentação sindical pelo Estado através da legislação e da repressão. Como diz Noronha (1991), houve a substituição da fórmula populista que juntava controle com a incorporação/cooptação pela repressão e exclusão. Com esta fórmula os sindicalista foram completamente excluídos do cenário político através de três mecanismos básicos: repressão as greves e lideranças; intervenções nos sindicatos e controle pelo Estado dos reajustes salariais com a anulação de qualquer acordo entre patrões e empregados. A própria CLT é utilizada como instrumento de intervenção nos sindicatos, não sendo preciso criar leis de exceção para regular as relações de trabalho.

Durante a ditadura o movimento dos trabalhadores permaneceu controlado pelo Estado mas não completamente morto, pequenas manifestações de insatisfação ocorriam no interior das fábricas sem que se tornassem um movimento de massa. Como afirma Rodrigues (1997), no que ele chama de período de resistência (1969/1977),

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Os metalúrgicos eram a categoria que mais avançava nesta movimentação e desde o início da década de 70 já organízava uma oposição para concorrer as eleições dos sindicatos com uma visão diferente dos "sindicalistas oficiais". Essa oposição foi ganhando experiência tanto na organização do movimento, quanto na concepção do que seria um sindicato, tendo posição

'~:ontrária as premissas vigentes na CLT Essas movimentações foram o germe da explosão grevista de maio de 1978, em São Bernardo do Campo, que depois se alastrou pelo país. Rompia com subserviência dos sindicatos ao Governo, lançando uma nova agenda política no cenário nacional e trazendo os trabalhadores para o centro da discussão. Nesse sentido podemos dizer que além das reivindicações relativas a melhorias salariais e de condições de trabalho o movimento quesrionava também a forma como vinha se dando a abertura política, os direitos de cidadania e, no campo sindical, a CLT, que regrava completamente a organização dos trabalhadores. Nessa época os sindicalistas de São Bernardo já colocavam como necessárias medidas como a construção de um sindicalismo independente do Estado, o fim do imposto sindical, a criação de uma central sindical, o direito de greve e o fim da CLT. Essa nova forma de atuação e de estruturação carateriza uma ruptura com o sindicalismo de Estado construído a partir da era Vargas e marca o surgimento do chamado "novo sindicalismo". Nas palavras de Mangabeira

... o "novo sindicalismo empenhou-se em mudar a legislação e oferecer uma visão coerente de formas alternativas de organização e mobilização. A representação sindical nos locais de trabalho e a responsabilidade da liderança perante as bases foram objetivos intensamente perseguidos. A realização de negociações diretas com a gerência e a eclosão de greves atingiram o próprio cerne das leis corporativistas do trabalho. (1993: 14)

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recorrência as greves. A segunda diz respeito a maior representatividade, que aparece na busca de expansão das bases, no estímulo a representação nos locais de trabalho, na organização de campanhas de sindicalização, na realização de eleições livres e na abertura para o surgimento de novos líderes. E como última característica Mangabeira cita a transposição feita pelo novo sindicalismo do próprio contexto sindical, na luta por direitos sociais e políticos e no questionamento do Estado corporativista.

UMA PASSAGEM NA HISTÓRIA DO SINDICATO ESTADUAL DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO - SEPE

A trajetóría do SEPE se inicia no final da década de 70 em um contexto de questionamento da ditadura militar e na busca de melhores condições de vida e de trabalho, quando começavam a ocorrer, principalmente em São Paulo com os metalúrgicos, intensas movimentações de trabalhadores. Porém, apesar do contexto comum, que faz com que os dois processos tenha muitas semelhanças, o surgimento do SEPE apresenta algumas características próprias. Se de um lado os metalúrgicos, tomados aqui como referência, assim como os professores, formavam uma oposição ao sindicalistas pelegos, adaptados e acomodados no sindicalismo oficial e assistencialista. Por outro, no grupo de professores que iniciou o processo de formação do SEPE existiam alguns vinculos com sindicatos e organizações de esquerda com uma clara preocupação e orientação política .

O grupo inicial, bastante heterogêneo, é constituído predominantemente por professores do 3 o grau, estudantes de graduação e pós-graduação. Os professores participantes

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organização político-partidaria. Dentro do grupo estas diferenças se refletem em polêmicas sobre a forma de atuação: participar do sindicato existente, o SINPRO (Sindicato dos Professores do Rio de Janeiro); organizar uma chapa independente para concorrer as próximas eleições; criar um nova instituição ou organizar um movimento aberto, não institucionalizado.

f"m 1 q77 (1 Sn1lRO passa por cima da assembléia de professores e assina um acordo

coletivo com os empresários gerando o rompimento definitivo do grupo com o sindicato (apenas o grupo ligado ao PC do B continua investindo na retomada do mesmo). A partir dai, após um primeiro momento de indecisão entre se criar uma entidade ou um movimento, tem inicio a construção do SEPE. F oi encaminhado então o registro da entidade com o nome de Sociedade Estadual de Professores - SEP, simbolizando a decisão de se organizar por fora do sindicato. Nesse primeiro momento a SEP é aberta a associação para qualquer professor, independente do grau ou da rede de ensino. Por esse fato a entidade sofre a denuncia de paralelismo, ou seja, por estar organizando um sindicato com a mesma base do SINPRO.

Nas suas primeiras atividades a SEP luta pelos interesses específicos da categoria como equiparação salarial entre os professores dos antigos estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, plano de carreira, promoção por mérito etc. Cria um boletim periódico para efetivar o contato com os professores, defende a criação de núcleos por escola, defende a formação do sindicato como entidade de defesa efetiva dos interesses do professores.

Com a vitória da oposição nas eleições do SINPRO, em 1978, começa o processo que culmina na separação entre os dois sindicatos, ou seja, o SINPRO como representante da rede privada e a SEP da rede pública. Já no ano de 1979 as greves da categoria nas duas redes são conduzidas em separado.

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pelos exemplos de greves no sistema público de enSInO realizadas no ano anterior pelos professores paulistas e paranaenses. Apesar da entidade não abranger ainda uma grande parcela dos professores, consegue aglutinar o movimento ao acenar com a possibilidade de luta e assim reunir em assembléias um grande número de professores .

A greve é deflagrada por tempo indeterminado e deve ser feita dentro da escola com assinatura de ponto. Essa estratégia foi escolhida porque acreditavam que os diretores de escola, prestes a serem substituídos com o fim do Governo Faria Lima não iriam reprimir o movimento em nome de um novo Governo. Durante duas semanas a greve paralisou praticamente todas as escolas do Estado, e apesar das ameaças de repressão ganhou força ao conquistar a opinião pública conseguindo realizar grandes passeatas e manifestações. O novo Governo de início tenta reprimir mas acaba cedendo ao admitir atender as reivindicações sem que houvesse realizado qualquer negociação com a SEP. Nesse meio tempo ocorre a fusão da SEP com a APERJ (Associação dos Professores do Estaào do Rio de Janeiro) e a UPRJ (União dos Professores do Rio de Janeiro), entidades menores e menos significativas que haviam apoiado a greve. Daí surge o Centro Estadual de Professores do Rio de Janeiro

-CEPIRJ.

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dar sinais de perda de força com o aumento do número de professores furando greve e de escolas em funcionamento. Esses fatos acabam levando ao fim da greve. Apesar disso os professores obtiveram do Governo a garantia que o aumento seria dado até dezembro. Na opinião de Alvarenga (I 991):

Sem contar com a massividade e adesão espontânea ao movimento, que se fez maior que a associação, a greve trouxe uma das maiores conquistas econômicas (em contingente salarial) que a categoria havia percebido nos últimos anos.

O CEP inseriu-se, dentro desse contexto, como um entidade de classe que ocupou, de forma expressiva, desde a sua fundação espaços, não só na imprensa, como também em todos os setores da sociedade envolvidos na defesa do ensino público. (1991:

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Esses dois fatores, a atuação não-politizada e espontaneista da categoria e o reajuste salarial conquistado, acabaram provocando um refluxo no movimento nos anos seguintes. Ainda nos anos seguintes, mas especificamente durante os anos de 1980 e 1981, o CEP esteve mergulhado na polêmica sobre a filiação a uma entidade nacional de professores. Duas eram as correntes. A primeira defendia a filiação a Confederação dos Professores do Brasil - CPB. Já a segunda reunia os professores que preferiam a União Nacional dos Trabalhadores em Educação - UNATE. Na verdade aqui se repete a dúvida inicial que resultou na formação do próprio CEP, ou seja, lutar dentro da entidade já existente (CPB) ou fundar uma nova (UNATE). O desfecho neste caso acabou sendo o inverso do anterior. A UNATE foi fundada, mas, modificações na estrutura e nas pessoas que dirigiam a CPB fez com que a primeira se esvaziasse e se extinguisse. Antes mesmo da extinção da UNATE o CEP optou pela filiação a CPB, que em 1989 mudou seu nome para Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação - CNTE, a qual o Sindicato é até hoje filiado.

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legalização desse ato só ocorre em novembro do mesmo ano. Ainda no ano de 1983 o CEP passou por uma grande expansão conseguindo formar novos núcleos em diversas localidades do Estado. Também neste ano é criada a CUT - Central Única dos Trabalhadores - disparando uma nova disputa no interior do Centro, a filiação ou não a Central. No primeiro Congresso do CEP, realizado em 1984, este tema foi amplamente debatido, sendo a filiação a Central rejeitada. As opiniões se dividiam entre aguardar a unificação do movimento dos trabalhadores brasileiros não se filiando a nenhuma entidade (devido a opção da CONCLAT - Confederação da Classe Trabalhadora, posteriormente, CGT - Confederação Geral dos Trabalhadores), ou se filiar imediatamente a CUT, onde sai vencedora a primeira.

Essas polêmicas fazem parte das disputas internas na entidade que vem se acirrando ao longo dos anos e se materializando no processo de tomada de decisão. A eleição realizada no ano de 1983 apresentou pela primeira vez duas chapas concorrentes, e dai para diante a diferença entre esses dois grupos será freqüentemente marcada. A disputa pela filiação a CUT é apenas mais uma parte desse processo. Em 1985 o CEP realiza nova eleição com uma nova vitória da chapa da situação, porém o apoio a oposição aumenta bastante. No ano seguinte, no II Congresso Estadual, a oposição obtém um grande número de vitórias para as suas teses, uma delas é a filiação do CEP a CUT .

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1988), assume então uma diretoria provisória até as próximas eleições. Com a efetivação da inclusão do chamado pessoal de apoio, o Centro altera seu nome para CEPE - Centro Estadual dos Profissionais da Educação.

Em 1988 a nova Constituição do País revogou a proibição de sindicalização dos

~mcionários públicos, abrindo a possibilidade do CEPE se registrar como tal. Ainda neste ano houveram eleições para a diretoria do sindicato onde foi consolidada a vitória da oposição . Sob a direção da mesma o CEPE se transforma em sindicato no ano de 1989 com o nome de Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação - SEPE.

A década de 90 traz uma série de novas questões a serem tratadas pelo Sindicato. A nova conjuntura Nacional, trazendo um Governo que propõe a diminuição do Estado e culpabiliza os fimcionários públicos por vários males do país causa mais adversidades. No Estado novamente o SEPE tem problemas com o Governador Leonel Brizola. Este que já havia tido uma relação bastante conturbada com o Sindicato no seu primeiro Governo cassa a licença sindical da diretoria, obrigando-os a uma jornada dobrada e suspende o desconto dos sindicalizados em folha jogando a entidade em uma crise financeira. O Governo procura dar força a um outro Sindicato a União dos Professores Públicos do Estado - UPPE, com a intenção de diminuir a influência do SEPE sobre a categoria. Em 1993 o SEPE alterou a sua estrutura, deixando de ter um presidente e passando a ter uma direção colegiada composta de cinco membros.

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Na sua trajetória o SEPE se consolidou como sindicato e aumentou bastante a sua área de atuação. Essa se inicia pela defesa dos interesses dos profissionais da educação frente aos governos, incluindo aí os já aposentados. Passa pelo plano sindical, onde o SEPE busca contato com outras entidades, sejam elas do campo educacional ou não, e briga por melhores condições de atuação sindical. Vai ao campo político questionando políticas governamentais, se definindo como de esquerda e atuando nas lutas do dia-a-dia. E na sua área mais especifica: a Educação, na discussão da política educacional, na prática pedagógica e cotidiana dos trabalhadores da área. Como está dito na proposta de trabalho da chapa eleita nas últimas eleições, publicada no jornal da categoria

Somos um sindicato de mil dimensões. O Sepe trata do salário, do Plano de Carreira, da profissionalização do funcionário. Trata do abono, da LDB, do Fundo, da saúde na escola. Combate a educação diferenciada, o machismo o racismo. Enfrenta a defasagem do livro didático, defende o respeito ao idoso numa sociedade onde tudo é mercadoria. Discute a história da esquerda, o ensino da língua estrangeira, a arte-educação e a educação fisica. Acompanha o ensino técnico e profissionalizante, o IpeIj, o IaseIj, o futuro da aposentadoria no Brasil, denuncia a reforma administrativa e a recente (e indecente) privatização da Vale do Rio Doce ... (Conselho de Classe, 1997: 2)

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SEPE COMO ATOR POLÍTICO

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seja de um dos municípios, o Sindicato travou diversas lutas no campo salarial e de condições de trabalho, sindical, político e educacional.

Como entidade que o defende os interesses dos professores o SEPE teve um papel importante na deflagração de movimentos grevistas no País. Muito influenciado pela greve de professores de São Paulo em 1978, que parou quase toda a rede de ensino do Estado, os professores cariocas foram as ruas no início do ano de 1979 dando um impulso ainda maior aos movimentos a nível nacional, mais especificamente de professores e de funcionários públicos. Nessa época a entidade já apoiava a organização nos locais de trabalho, uma das características do novo sindicalismo emergente.

Por outro lado a mobilização dos professores integra também um movimento crescente de associação dos profissionais de classe média e questiona a rígida legislação sindical brasileira, baseada na CLT, que proíbe a sindicalização e a greve aos funcionários públicos.

Além disso as greves do funcionalismo público, e mais especificamente dos professores, buscavam já nessa época apontar as deficiências do sistema de ensino e apontar alternativas para o mesmo. Como diz Boshi

Uma das caractenstlcas marcantes do movimento grevista de profissionais no período é que as demandas não estão restritas unicamente às reivindicações econômicas de um setor. Pelo contrário, é nítida a conSClenCIa da necessidade de redemocratização a um nível político mais amplo, o que poderia ser viabilizado a partir do âmbito mais restrito das associações de representação profissional (1987: 114)

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-acrescenta que por ser uma categoria majoritariamente feminina o movimento de professores

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rompe também com preconceitos contra a mulher dando mais uma caracteristica inovadora ao

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mesmo.

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SEPE, confirmando essas caracteristicas já nasce buscando uma ampliação da

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politização junto a luta específica do professorado. Na primeira greve em 1979, durante as

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assembléias, foram convidadas personalidades políticas como Lula e outros dirigentes sindicais, membros do Comitê Brasileiro de Anistia e outros para falar da situação política do

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País, anistia, democratização, sindicalismo entre vários. Ao mesmo tempo podemos dizer que

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os dirigentes sindicais não representavam, como ainda não representam hoje, a realidade da maioria dos professores, assim, eram necessárias muitas explicações para que se entendesse a

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necessidade de se tocar em temas que "nada tinham a ver com o salário do professor".

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Olhava-se com muita desconfiança a mistura dos problemas dos professores com problemas políticos, boa parte das pessoas só aceitava esta mistura por pura confiança nas lideranças da

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entidade.

Essa fonna corporativa de ver o movimento foi desde o inicio um ponto em questão para o Sindicato e para a categoria. Herança cultural provocada por anos e anos de uma estrutura estatal corporativa, não só a nivel sindical mas no próprio cotidiano da história brasileira, o corporativismo é um problema até hoje enfrentado pelo SEPE, e não só por ele. Esse problema se agrava pelo ponto estratégico que ocupam os professores. Não só por atuar na formação do indivíduo como também pela sua inserção na redistribuição dos recursos acumulados no Estado. Na visão de Oliveira (1988) as classes médias inseridas no aparato estatal detém a possibilidade de influir na destinação dos recursos públicos, fazendo com que o mesmo vá para as políticas sociais (educação, saúde, transporte etc), ou para a acumulação de

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capital. Dessa forma a posição dos profissionais de classe média pode ser decisiva quanto a

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apropriação dos recursos do Estado podendo direcioná-Ia tanto para uma forma pública, como privada.

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corporativismo na luta dos professores e do SEPE pode ser visto de duas formas. A primeira diz respeito a luta por melhores condições salariais e de trabalho, o que é altamente >'gítimo c conseqüentemente reverre para aqueles que usufruem da atividade do trabalhador. O problema aí pode aparecer em um isolamento da categoria, no risco dela se fechar em si mesma não se integrando na luta com outras. Aqui é importante ressaltar a diferenças nas posições tomadas pelos membros mais atuantes no Sindicato e os profissionais de um modo geral. Como exemplo podemos citar a penúltima greve realizada pela rede estadual, ocorrida no mesmo momento de uma greve nacional de petroleiros. Em uma assembléia da categoria foi proposta pela direção do Sindicato uma passeata conjunta com outras categorias, com os petroleiros entre elas, e a formação de um fundo de greve para auxiliar financeiramente o movimento dos mesmo. A assembléia optou pelo apoio em um votação muito apertada, e durante os debates sobre o assunto surgiram vários questionamento sobre a necessidade de se estar discutindo um tema sem ligação com a categoria. Na assembléia seguinte, depois da passeata, várias pessoas pediram a palavra para questionar o espaço que os petroleiros tiveram no carro de som, falando mais do que os profissionais da educação.

Vemos nesse exemplo que o corporativismo, no primeiro sentido mencionado, por mais que seja combatido pelas lideranças do Sindicato, ainda é uma manifestação bastante presente na categoria. No sentido de reverter esse quadro a busca da integração é proposta que faz parte, inclusive, do próprio estatuto da Entidade. Numa reprodução do mesmo para a discussão no VII Congresso o artigo 2, das finalidades do sindicato, diz:

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VIII- lutar ao lado de outros setores da sociedade, por liberdade de organização e manifestação para todos os trabalhadores.

(1996: 2)

Nesse sentido a filiação a CUT pode ser vista como um movimento na busca pela integração dos trabalhadores de um modo geral, da mesma forma que a filiação do SEPE a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) visa a integração com outras entidades do mesmo campo.

À discussão sobre a filiação do SEPE a CUT não foi, como podia parecer a princípio, uma negativa por parte de alguns dos líderes do movimento a essa integração. O que se questionava, inicialmente, era se não existiria a possibilidade de unificação de todos em uma só central. Essa concepção se mostra ingênua pois, na medida em que se defende uma pluralidade sindical, é bastante natural que surjam entidades diferentes com diferentes matizes ideológicos, mesmo quando se defende uma unificação da luta (não pela letra da lei, mas pela confluência de objetivos). Por outro lado, este grupo questionava também a filiação sem uma discussão com a categoria, e aí podemos ver essa questão por dois ângulos. Primeiro é realmente importante que a categoria tome parte das decisões e não fique a reboque da diretoria, podemos dizer que até hoje boa parte dos profissionaís da educação não tem consciência do significado da inclusão do SEPE entre os sindicatos filiados a CUT. Porém, olhando de uma outra forma, a filiação a CUT nos parece hoje algo inquestionável entre aqueles que tem a clareza sobre o que isto significa, isso parece nos mostrar o acerto da decisão tomada. Muitas das posições tomadas pelo SEPE, não só no campo sindical, tem correspondência com as posições cutistas.

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tema no Jornal do Sindicato, na apresentação da chapa única para as eleições realizadas em 1997.

Seu sindicato tem o dever do apartidarismo, mas não o direito a despolitização. O Sepe é um sindicato de esquerda, por que assim foi definido pela categoria nas assembléias e congressos ao longo de 20 anos de sua história. Esquerda quer dizer compromisso com o fim da miséria, fome, analfabetismo. Compromisso com justiça social, acreditando que a humanidade pode encontrar futuro melhor do que as leis de mercado que transfonnam tudo e todos em mercadoria, logo passíveis, tudo e todos, de compra e venda ( ... ) o Sepe assume e se soma no compromisso da solidariedade entre os povos, resguardando valores e princípios que ressaltam o ser humano, os valores éticos e o espírito solidário, em detrimento de uma política hennética, desumanizante e descartáveI no seu trato com o próximo. (1997: 2)

Ridenti (1995) falando sobre a tendência crescente dos novos movimentos de classe média para a esquerda afinna que isto ocorre devido a deteriorização salarial e de condições de trabalho desses trabalhadores, além do seu ponto estratégico na articulação dos fundos públicos entre os setores público e privado. Nesse ponto o autor define duas caracteristicas presentes na luta desses trabalhadores. A primeira é o seu caráter universalista, público e socializante, na medida em que briga por uma melhoria no atendimento da população como um todo e por um aumento do gasto público na área das políticas sociais. A segunda diz respeito ao seu lado particular e corporativo na busca por melhores salários e condições de trabalho. Aqui voltamos ao corporativismo e a segunda fonna que o mesmo pode assumir: a exacerbação e conseqüente sobreposição dos interesses particulares da categoria sobre os interesses da população como um todo. Nesse sentido também é importante diferenciar aqui a atuação do Sindicato com a atuação dos professores e funcionários administrativos de fonna isolada.

No caso- <ios- profissionais da educação as posturas corporativistas que põe os seus

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de diminuir a exploração da qual são alvo. Agem assim muitas vezes como uma represália ou como um tentativa de enganar os governantes sem perceber que não estão atingindo-os, mas, a população que usufiui de seus serviços. Estamos falando aqui de práticas cotidianas como aulas dadas de qualquer forma, reduções de horário por motivos mais futeis, licenças médicas falsificadas, artificios usados para "enganar" o patrão, que quando usado por operários na industria diminuem a mais-valia e a produtividade, mas quando usados nas escolas prejudicam diretamente os alunos e a população atendida.

Essas práticas são frontalmente contestadas pelas lideranças sindicais, o que em muitos casos gera um descontentamento do profissional em relação ao SEPE. Uma outra ponta dessa mesma questão diz respeito a uma atuação mais conservadora, nesse caso principalmente dos professores, com atitudes autoritárias ou preconceituosas perante aos alunos e seus pais. Nesse caso falta aos mesmos a percepção do caráter eminentemente social do seu trabalho, pois o mesmo não se destina a fabricar um produto, mas a formar indivíduos. Aqui também o SEPE tem tido uma atuação, através da promoção de seminários, palestras, grupos de estudo e trabalho entre outros, que visa levar esses profissionais a realizar uma reflexão e melhor instrumentalizá-los para sua prática, além da já citada busca por um compromisso político, que aqui não é visto somente na atuação a nível macro, mas no seu dia-a-dia na sala de aula.

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Em relação ao corporativismo dos sindicatos de professores, Cunha (1995) analisando atitudes desses, aponta que as atitudes corporativistas dos mesmo geralmente estão ligadas a posicionamentos radicais de algumas das suas lideranças. Estas muitas vezes conseguem aprovar em assembléias medidas radicais apoiadas no sentimento de represália que os

:)rofessores e n.mcionários administrativos nutrem contra o Estado. O problema é que mais urna vez os atingidos são os alunos e seus pais e não os governantes. O SEPE, não fugindo a esta situação, em alguns momentos acabou cometendo este falha. Nas palavras de Cunha:

Para os professores que atuam em todos os níveis, o discurso mais radical tem sido adaptado às suas demandas particularistas, sem critica, atitude que se estende e se reforça com a adoção desses procedimentos pelos funcionários adminístrativos. Deste modo, as posições político-ideológicas das lideranças, típicas do radicalismo pequeno-burguês, vão ao encontro das disposições antigas e novas dos docentes, de que resultam longas greves, chegando até noventa dias. N em por isso os salários são cortados, nem suspensa a cobrança das mensalidades dos associados das entidades, realizada por intermédio das prefeituras dos governos estudais e das universidades. A certeza da impunidade dos professores é o complemento da passividade dos estudantes e de suas famílias, assim como da violenta compressão salarial e da ostensiva política de deterioração do ensino público. (1995: 84)

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deu devido a resistência principalmente de professores e da conivência das direções, contrariando inclusive a orientação do Sindicato para que ela fosse realizada .

Cunha (1995) chama atenção que esses fatos acabam desgastando mais os próprios profissionais do que o Governo. A população mais pobre muitas vezes, apesar de saber que a situação do professorado é ruim, se sente forçada a tirar os seus filhos da escola pública transferindo-os para escolas particulares de péssima qualidade, já que são essas que ela pode pagar. Nos períodos de greve também são muito grandes as evasões esvaziando o ensino público e reforçando a imagem de que o mesmo funciona mal e a idéia de que o público não tem mais jeito.

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e a maior parte da categoria que aproveitou o tempo para outras atividades ao invés de somar esforços para uma solução mais rápida do impasse .

Como sindicato o SEPE aparece no final da década de 70 como mais uma novidade no cenário político que vinha para romper com o contexto instaurado pela ditadura militar. Surgia como um movimento que inicialmente lutava contra o arrocho salarial imposto pelos governo militares, mas na sua luta, inicialmente corporativa, quebrava com os padrões impostos por esses Governos. Isso se dava, primeiramente, porque qualquer mobilização, ajuntamento de pessoas que fosse, com os fins propostos já subvertia a ordem instituída vindo a reforçar a movimentação operária promovida inicialmente pelos metalúrgicos de São Bernardo.

Como já dissemos p SEPE aparece inicialmente como grupo de discussão, e toma a defesa dos interesses de professores, iniciando uma verdadeira onda de movimentos de categorias com base na classe média, além de romper com a proibição a realização de greves imposta aos funcionários públicos. Apesar do grande espontaneísmo que perpassava o movimento este adquiriu um papel de vanguarda em relação a outras categorias com as mesmas características .

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Há uma diferença marcante entre o CEPIRJ e as outras entidades sindicais brasileiras, a partir da sua própria origem como movimento social de professores, dentro de um quadro de eclosão de várias manifestações da sociedade civil contra a ditadura militar. Além disso, por existir na ilegalidade, sem uma estrutura legalizada, não se burocratizou na própria prática política, que se desenvolveu de forma mais ampla aberta, democrática. (1991: 174)

Durante a sua trajetória o SEPE alterou a relação dos profissionais com o Estado na medida em que este deixava de ser o grande "pai" que protege os trabalhadores desde que estes se comportem bem. Modificou também a idéia do professor como um "missionário" que deve vencer todas as dificuldade para realizar a sua tarefa "divina", buscando fundamentar a idéia dos trabalhadores da educação como profissionais e junto com isso fortalecer o caráter eminentemente político da sua prática e da sua luta.

Como parte integrante do novo sindicalismo o SEPE desde o seu início questiona os parâmetros impostos para a estrutura sindical brasileira. Desde o momento em que se oficializou como sindicato nunca requisitou o recebimento do imposto sindical obrigatório, e até hoje se vê as voltas com o combate aos descontos impostos a categoria (Como já foi dito anteriormente o SEPE hoje move uma ação na justiça contra o desconto feito pela prefeitura do Rio de Janeiro e outras do interior para um sindicato considerado fantasma.). Com uma base que ultrapassa cem mil trabalhadores e com mais ou menos trinta e cinco mil filiados, o SEPE sobrevive exclusivamente das contribuições voluntárias dos seus associados.

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pluralidade sindicais como princípios, pOIS defende que a união deve ser alcançada pela vontade dos próprios trabalhadores e não como uma obrigação imposta pela lei. Como afinna Adriana Freitas, coordenadora do SEPE em entrevista para o nosso trabalho:

Somos contra a unicidade sindical imposta por lei. Somos a favor da unidade sindical. Os sindicatos devem buscar a unificação por ramo de atividade (desejamos, no futuro, uma unificação com o SINPRO, por exemplo), fortalecendo a luta e a possibilidade de se obter vitórias. Não é a lei que deve garantir a existência de um só sindicato por categoria em cada município. Cabe aos sindicatos lutar por essa representatividade na prática. Consideramos que, com o fim da unicidade devemos buscar ainda mais fonnas de garantir a participação, a pluralidade, a unificação em nosso sindicato, de fonna a deixar pouco espaço para a proliferação de sindicatos fantasmas e ou oportunistas. Todos que querem lutar em defesa da escola pública de qualidade, por melhores salários e condições de trabalho, cabem no SEPE (Entrevista: 1997)

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reconhecimento pelo Estado é para o SEPE um resultado da sua capacidade de representação perante a categoria. Esta é mais importante do que o registro obtido, até porque com o fim da unicidade todos os sindicatos passariam a ter um registro, porém somente aqueles com representatividade seriam reconhecidos. Nas palavras de Adriana Freitas:

Compreendemos que o reconhecimento por parte do Estado se dá pela nossa representatividade junto à categoria e não por mecanismos legais - estes são mais relevantes em categorias com vínculo CLT; a estas a justiça faz mais exigências na representação. Isto não significa que desprezamos o "Registro de Entidade Sindical" provisório que conseguimos. (Entrevista: 1997)

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SEPE defende a completa independência dos Sindicatos perante o Estado porque acredita que um sindicato não deve precisar do Governo para se manter sob a pena de ficar atrelado a ele. Acredita que a categoria é quem faz o próprio sindicato e por isso vem em uma constante luta para fortalecer a participação da categoria no seu dia-a-dia. Nesse sentido como diz Adriana Freitas, Coordenadora do SEPE

CONCLUSÃO

Temos tentado mostrar para a categoria que o sindicato sozinho não pode operar milagres. Podemos negociar, pedir audiência aos governos, pressionar, entrar na justiça por alguns direitos violados, fazer atividade que chamem atenção da mídia etc etc. Contudo, a mobilização da categoria é fundamental para a obtenção de vitórias. (Entrevista: 1997)

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Aqui é importante ressaltar, insistindo no que já foi dito, quanto o corporativismo pode ser legítimo se não afasta a categoria em questão dos outros trabalhadores e das questões mais gerais e não põe os interesses da categoria acima dos da população como um todo. E, para fazer justiça ao SEPE, devemos lembrar da procura de integração dos profissionais da educação, levada adiante por este Sindicato com trabalhadores do mesmo ramo, através da CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), e com profissionais de outras áreas por meio da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Assim como devemos atentar também para a busca, levada adiante pelo Sindicato, em combater por meio do debate, da formação política e profissional, as práticas que, na tentativa de atingír o patrão, atingem a população que usufiui da ~scola pública. E, além disso, não podemos esquecer do seu claro posicionamento em relação às questões mais gerais da sociedade brasileira, apresentadas no jornal da entidade e na entrevista da Coordenadora do Sindicato.

Essa ressalva se justifica por ser o termo corporativismo cheio de sentidos e carregar consigo aspectos negativos já vistos na história brasileira, mas sabemos também que o mesmo é fundamental em uma democracia enquanto um instrumento de classe que garante a· participação dos trabalhadores no jogo político. Além disso, devemos relembrar que quando estes trabalhadores estão alocados no setor público, a sua luta por melhores condições de trabalho é também a luta por melhores condições de atendimento ao cidadão. E ainda mais, que essa atuação contribui para uma maior aplicação dos recursos do fundo público na própria esfera pública, favorecendo a construção da cidadania e se opondo à aplicação do mesmo na esfera privada que, na maioria das vezes, só dá direitos ao consumidor, ou seja, àquele que pode pagar.

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tentando combater sindicatos com uma postura política e ideológica nítida, como o SEPE, acusando-os de corporativistas. O termo, neste caso, tem um tom pejorativo e é utilizado diante de toda ação e de movimentos de trabalhadores na tentativa de garantir os seus direitos. Esse uso ideológico visa jogar a população contra os sindicatos, acusando-os de só se preocuparem consigo mesmos, deixando de lado os interesses da população como um todo. Com isso, esses governos visam deslegitimar a representação dos trabalhadores e ter facilitada a sua intenção de desregulamentar o mercado de trabalho, diminuindo os direitos conquistados pelos mesmos, vistos agora como regalias que prejudicam a população. Esquecem, entretanto, que a população é feita de trabalhadores e que os trabalhadores formam a população, e que por isso esses direitos são conquistas da população como um todo.

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ENTREVISTA

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Autor: Saião, Marcelo Nunes.

Título: Sindicalismo: a experiência de um sindicato do

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