Estudo comparado da taxocenose de peixes em dois ambientes
aquáticos do Parque Estadual de Itapuã, sul do Brasil
Ana Paula S. Dufech & Clarice Bernhardt Fialho
Laboratório de Ictiologia, Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av. Bento Gonçalves, 9500, 90540-000 Porto Alegre, RS, Brasil. (apdufech@hotmail.com)
ABSTRACT. Comparative study of taxocenoses of fishes from two aquatic environments of the Parque Estadual de Itapuã, southern Brazil. This paper characterizes and compares the taxocenoses of fish from two different aquatic environments within a basin hidrographyc: the Praia das Pombas (Lago Guaíba) and the Lagoa Negra, both in the Parque Estadual de Itapuã, Rio Grande do Sul, considering quali-quantitative composition of the ichthyofauna. Ecological and abundance indexes were evaluated in both spatial and temporal contexts, checking that occurs relationship between the structure of taxocenose these sites with environmental variables. We sampled a total of 61 species, with the richness the same in both locations (44 species). Both environments showed peculiar characteristics that reflected on the fish fauna in each location. It was observed that the pattern of distribution of the taxocenoses of fishes studied in the two environments is seasonal, since the abundance, biomass and diversity were higher in the hottest months of the year, spring and summer. The temperature and day-length the main factors that influenced in the distribution of the fish fauna of the Praia das Pombas and Lagoa Negra.
KEYWORDS. Praia das Pombas, Lagoa Negra, ichthyofauna, diversity, seasonality.
RESUMO. Este trabalho tem por objetivos caracterizar e comparar a taxocenose de peixes de dois ambientes aquáticos distintos dentro de uma mesma bacia hidrográfica: a praia das Pombas (lago Guaíba) e a lagoa Negra, ambos no Parque Estadual de Itapuã, Rio Grande do Sul. Foram analisados aspectos que incluem a composição quali-quantitativa da ictiofauna. Para tanto, foram utilizados índices ecológicos e de abundância, sendo avaliados espacial e temporalmente e verificando se ocorre relação entre a estrutura da taxocenose destes locais e as variáveis ambientais. Foram amostradas 61 espécies no total, sendo a riqueza a mesma nos dois ambientes (44 espécies). Os dois ambientes estudados apresentam características peculiares, refletindo na composição de espécies de cada um destes locais. Foi possível observar que o padrão de distribuição da taxocenose de peixes estudada nos dois ambientes é sazonal, uma vez que a abundância, a biomassa e a diversidade foram mais elevadas nos meses mais quentes do ano, ou seja, primavera e verão. A temperatura e o fotoperíodo foram os principais fatores que influenciaram na distribuição da fauna de peixes da praia das Pombas e na lagoa Negra.
PALAVRAS-CHAVE. Praia das Pombas, lagoa Negra, ictiofauna, diversidade, sazonalidade.
Comunidades biológicas variam no tempo e no espaço, como resultado de diferenças na estrutura do hábitat (GORMAN & KARR, 1978), disponibilidade de
recursos (GR E N O U I L L E T et al., 2002) e padrões
biogeográficos (JACKSON & HARVEY, 1989; TONNet al.,
1990; MATTHEWS & ROBINSON, 1998) entre outros fatores.
O conhecimento e prognóstico de características da comunidade em resposta a diferentes fatores ambientais é um dos mais importantes objetivos da ecologia de comunidades (ARGERMEIER & KARR, 1983).
A importância de variáveis ambientais para a comunidade de peixe é dependente da escala de análise. Em pequena escala, fatores bióticos desempenham um papel importante na organização da comunidade. Em estudos de larga escala, no entanto, fatores abióticos e biogeográficos são os determinantes mais importantes das comunidades de peixes (JACKSONet al., 2001).
Comunidades de peixes neotropicais podem ser influenciadas por fatores abióticos (ANGERMEIER & KARR,
1983) como fotoperíodo (POWER, 1983), condutividade,
profundidade, velocidade e volume da água (UIEDA &
BARRETO, 1999). A maioria dos estudos visando
quantificar os efeitos dos fatores ambientais em comunidades de peixes são desenvolvidos em regiões temperadas (GORMAN & KARR, 1978; MARTIN-SMITH, 1998;
OBERDORFFet al., 2001). Poucos são os estudos em regiões
tropicais, especialmente no Neotrópico, como os estudos
DE GARUTTI (1988), MAZZONI & LOBÓN-CERVIÁ (2000), ABES
& AGOSTINHO (2001), LAYMAN & WINEMILLER (2005),
ARRINGTON & WINEMILLER (2006) e SÚAREZ & PETRERE JR.
(2006). Dentre os estudos sobre variações espaciais e temporais em comunidades de peixes neotropicais em lagos destacam-se RODRÍGUEZ & LEWIS (1994), GALACATOS et al. (1996), HENDERSON & CRAMPTON (1997), TEJERINA
-GARROet al. (1998) e VONO & BARBOSA (2001). Estudos
investigando a ictiofauna de lagoas salientam-se os de HANDERSON & HAMILTON (1995), MESCHIATTIet al. (2000) e
GALACATOSet al. (2004).
O estudo de comunidades de peixes envolve uma síntese de fatores ambientais e de interações bióticas, podendo a estrutura de uma comunidade ser analisada sob vários aspectos (ARGERMEIER & KARR, 1983). Dentre
os padrões mais abordados em ecologia de comunidades estão aqueles relacionados à diversidade de espécies (número, identidade e as características das mesmas), como também aqueles relativos às variações temporais de suas abundâncias (WOOTTON, 1990).
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo. O Parque Estadual de Itapuã ocupa uma área de 5.566 ha, estando localizado a 57 Km ao sul de Porto Alegre, no distrito de Itapuã, município de Viamão, Rio Grande do Sul. O Parque é uma reserva ecológica criada em 1973, representando a última amostra dos ecossistemas e paisagens originais dos campos, dunas, lagos, lagoas, ilhas, praias e morros às margens do lago Guaíba e da laguna dos Patos. Os ecossistemas hídricos do Parque Estadual de Itapuã inserem-se no sistema hidrográfico da laguna dos Patos. O clima local é o subtropical úmido (Cfa), com chuvas bem distribuídas ao longo do ano e verões quentes (KÖPPEN, 1948). O bom
índice de conservação dos recursos naturais do Parque Estadual de Itapuã, juntamente com a diversidade de ambientes aquáticos da área, permite a preservação de parte considerável da diversidade de peixes do sistema da laguna dos Patos, sendo sua proteção um dos objetivos do Plano de Manejo do Parque (RIO GRANDEDO
SUL, 1997).
Praia das Pombas. A localidade praia das Pombas (Fig.1) apresenta forma de baía e é banhada pelo lago Guaíba, um dos mais importantes recursos hidrográficos do Rio Grande do Sul, estendendo-se desde o delta do rio Jacuí, ao norte, até o Pontal de Itapuã, ao sul (MENEGAT et al.,1998). O ponto de coleta situa-se próximo ao trapiche da praia das Pombas (30o
20’44,6”S; 51o
01’32,6”W) e é caracterizado por apresentar águas claras, fundo arenoso e profundidade média de 1,5 metros. A vegetação das margens é de mata de restinga identificada principalmente pelos sarandis (Cephalanthus glabratus, Rubiaceae), corticeiras-do-banhado (Erythrina cristagalli, Fabaceae), maricás (Mimosa bimucronata, Fabaceae) e juncos (Cyperaceae: Cyperus spp. e Scirpus spp.).
Lagoa Negra. Esta lagoa ocupa uma área de 1.750 ha e está separada da laguna dos Patos por um terreno arenoso constituído de dunas cobertas por vegetação (GROSSER & HAHN, 1981). Este ambiente não é totalmente
isolado, pois ocorre comunicação entre a lagoa Negra e a laguna dos Patos quando as chuvas são muito intensas. De acordo com o Plano de Manejo do Parque (RIO GRANDE
DO SUL, 1997), as principais características ambientais da
lagoa Negra são suas águas estáveis, fundo arenoso e lodoso, grande diversidade de plantas aquáticas e profundidades de até três metros. Estudos limnológicos sobre a lagoa Negra foram realizados por VOLKMER
-RIBEIRO (1981), sendo esta assinalada como a única lagoa de
águas escuras da Planície Costeira do Rio Grande do Sul. O ponto de coleta (Fig. 1) está localizado na margem leste da lagoa (30o
21’35,5”S; 50o
58’34”O) e se caracteriza pela baixa transparência, devido ao elevado teor de matéria orgânica particulada em suspensão na água. A vegetação aquática é formada predominantemente por juncos (Cyperus spp. e Scirpus spp.), em formações esparsas. Junto às margens, encontra-se grande quantidade de macrófitas aquáticas principalmente repolhos-d’água (Pistia stratiotes, Araceae), salvínias (Salvinia sp., Salviniaceae), soldanelas-d’água (Nynphoides indica, Menyanthaceae) e aguapés (Eicchornia spp., Pontederiaceae).
Amostragem. As coletas foram realizadas mensalmente, entre junho de 2002 e julho de 2003, com exceção do mês de dezembro, totalizando 13 amostragens em cada local de coleta. Os indivíduos foram capturados com rede do tipo picaré de 10 m de comprimento, 2,5 m de altura e 5 mm entre nós adjacentes, sendo o esforço de captura de cinco arrastos/ponto/mês.Foi também utilizada uma bateria de redes de espera em cada ponto, com 1,5; 2,0; 2,5; 3,0 e 3,5 cm entre nós adjacentes (20 m de comprimento por 1,5 m de altura cada rede) as quais foram dispostas a uma distância de aproximadamente dois metros da margem, onde permaneciam durante cinco horas, em cada ponto.
Dados de temperatura da água, temperatura do ar, condutividade, pH e oxigênio dissolvido foram tomados mensalmente nos locais de coleta, no momento da amostra. Dados pluviométricos foram obtidos junto ao Oitavo Distrito de Meteorologia – Serviço de Observação e Meteorologia Aplicada de Porto Alegre. O horário do nascer e pôr-do-sol e o cálculo do fotoperíodo foram obtidos através do programa de computador SkyMap Pro 9.0, correlacionando as datas às coordenadas do local de coleta.
Os indivíduos capturados foram separados de acordo com o local de coleta e tipo de rede e então fixados em formalina 10%. Em laboratório, os peixes foram transferidos para etanol 70o
GL e identificados até espécie. De cada indivíduo foram registrados dados de comprimento padrão, em milímetros (mm) e peso total, em gramas (g). Os espécimes testemunho deste estudo estão depositados na Coleção de Peixes do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Brasil (lotes UFRGS5046; UFRGS5688; UFRGS5701-5703; UFRGS5705; UFRGS5707; UFRGS5709; UFRGS5712-5714; UFRGS5717; UFRGS5719; UFRGS5721; UFRGS5723, 5724; UFRGS5726; UFRGS5729, 5730; UFRGS5732; UFRGS6010; UFRGS6134; UFRGS6695-6702; UFRGS6706-6708; UFRGS6710-6721; UFRGS6723-6725; UFRGS6727-6730; UFRGS6734; UFRGS6736-6738; UFRGS6740; UFRGS7655; UFRGS9777; UFRGS9779; UFRGS9782).
Análise dos dados. Para verificar se os métodos de coleta empregados foram eficientes para a amostragem das espécies de peixes da praia das Pombas e da lagoa Negra, foi aplicada a curva do coletor, que relaciona o número de espécies acumuladas com as visitas realizadas ao campo, para cada arte de pesca. Segundo CAIN (1938),
a suficiência amostral é atingida quando um incremento de 10% no tamanho da amostra corresponde a um incremento de 10% ou menos no número de espécies coletadas. Foi também calculada a riqueza de espécies esperada, através do estimador Michaelis-Menten (COLWELL, 2000). A curva do coletor e a riqueza de espécies
foram calculados através do software EstimateS 7.51. A abundância de cada espécie foi representada pelo número de indivíduos capturados com ambos os métodos de coleta (picaré + redes de espera). A biomassa foi representada pelo peso total dos indivíduos capturados, em gramas. Para o estudo da variação temporal desses dois parâmetros, os valores foram analisados mensalmente.
Foi calculada a constância de ocorrência (DAJOZ,
1978), através da fórmula: C = (P/Q) x 100 onde, C = constância de ocorrência da espécie; P = número de meses em que a espécie ocorreu e Q = número total de meses. As espécies foram classificadas em constantes (> 50%), acessórias (25 ≥ 50%) e acidentais (≤ 25%). A diversidade de espécies de Shannon & Wiener (PIELOU, 1975) foi
calculada com o auxílio do software DIVERS (PÉREZ-LÓPEZ
& SOLA-FERNANDEZ, 1993).
A fim de verificar padrões de similaridade temporal entre os pontos de amostragem e os métodos de coleta utilizados, foi aplicada uma análise de cluster através do índice Pearson e o método de aglomeração UPGMA, utilizando a abundância absoluta das espécies de cada amostra. Para verificar a similaridade na composição das espécies entre os dois locais de amostragem e os métodos de coleta, foi aplicado um teste de dissimilaridade através da distância de Bray-Curtis e o método de aglomeração de Ward.
Para testar a influência dos fatores ambientais (temperatura do ar e da água, pluviosidade, fotoperíodo, pH, condutividade e oxigênio dissolvido) sobre a abundância, biomassa e diversidade foi aplicada o teste não-paramétrico de regressões múltiplas com análise de variância (ANOVA; ZAR, 1999) aos dados mensais.
Aos dados de abundância mensal das espécies que ocorreram nos dois ambientes, por arte de pesca, e os fatores ambientais foi aplicada uma análise de correspondência canônica (ACC; TER BRAAK, 1986). Este
é um dos melhores métodos para análise direta de gradientes em ecologia de comunidades por descrever a tendência principal entre a distribuição de espécies e os fatores ambientais correlatos (TER BRAAK, 1986;
RODRIGUEZ & LEWIS, 1997). Uma análise de componentes
principais (ACP) foi aplicada aos dados de abundância mensal das espécies coletadas nas redes de espera na praia das Pombas, a fim de verificar se a alta abundância de Cyphocharax voga no mês de junho de 2002 foi significativa.
Os testes estatísticos utilizados neste estudo foram realizados através do programa XLSTAT Versão 2008.6.05.
RESULTADOS
Praia das Pombas. Foram capturados 2.160 exemplares de peixes, 1.600 com picaré e 560 com as redes de espera. Estes indivíduos foram distribuídos em seis ordens, 17 famílias e 44 espécies (Tab. I). O comprimento padrão das espécies capturadas variou entre 12,8 e 290 mm. A curva do coletor obtida para cada arte de pesca, através das aleatorizações geradas a partir dos dados obtidos em campo mostra um aumento no número de espécies para cada coleta (Fig. 2). A curva não atingiu um platô horizontal para as espécies capturadas com o picaré, pois foi capturada uma nova espécie na última amostragem. No entanto, a curva das redes de espera estabilizou a partir da oitava amostragem. A riqueza de espécies esperada para ambos os métodos, obtida através do estimador Michaelis-Menten, mostrou que 82% (39) das espécies esperadas para o picaré neste ambiente foram amostradas. Já para as redes de espera, foram amostradas 90% (26) das espécies estimadas para este ambiente.
As ordens Characiformes e Siluriformes foram as mais representativas em número de espécies, correspondendo a 36,4% (16 espécies) e 27,3% (12 espécies), respectivamente. Do total de indivíduos capturados, cinco espécies corresponderam a 79,1%:
Cyanocharax alburnus (Hensel, 1870), Astyanax fasciatus
(Cuvier, 1819), Cyphocharax voga (Hensel, 1870),
Pachyurus bonariensis Steindachner, 1879 e Astyanax jacuhiensis Cope, 1894 (Tab. I). Oito espécies contribuíram com 83,5% em peso: C. voga, P. bonariensis,
Loricariichthys anus (Valenciennes, 1836), Pimelodus maculatus (La Cépède, 1803), Crenicichla punctata
(Hensel, 1870), A. fasciatus, Lycengraulis grossidens (Spix & Agassiz, 1892) e A. jacuhiensis.
A frequência de ocorrência das espécies capturadas durante o período estudado, analisando picaré e redes de espera juntamente, mostrou que 13 espécies foram consideradas constantes (Tab. I). Destas, A. fasciatus, C. alburnus e Rineloricaria strigilata (Hensel, 1868) ocorreram em todos os meses de amostragem. Analisando a variação da abundância durante os meses de amostragem (Fig. 3) observou-se que as maiores abundâncias ocorreram nos meses de setembro de 2002 e janeiro de 2003.
A biomassa total dos indivíduos capturados com o picaré e com as redes de espera foi 3.631 g e 29.104 g, respectivamente, totalizando 32.735 g. Foi observado um aumento na biomassa nos meses de junho e outubro de 2002 (Fig. 4). O elevado valor da biomassa em junho deve-se à captura expressiva de C. voga (8.624,60 g) neste mês. Uma análise de componentes principais (ACP) foi aplicada aos valores mensais de abundância das espécies capturadas nas redes de espera. Foi observado que C. voga contribuiu com 86,5% das variações em dois eixos (F1= 40,238 e F2= 46,260) e que a abundância desta espécie está correlacionada ao mês de junho de 2002.
Os clusters de abundância de espécies (Pearson) do picaré e das redes de espera separaram claramente os meses de maior temperatura dos de menor temperatura (Fig. 5), mostrando claramente a distribuição sazonal das espécies na praia das Pombas.
Lagoa Negra. Do total de 13 amostragens realizadas, foram capturados 15.557 indivíduos, sendo 15.240 coletados com picaré e 321 com redes de espera. Estes exemplares estão distribuídos em oito ordens, 18 famílias e 44 espécies (Tab. I). A variação do comprimento padrão entre os indivíduos foi de 9,1 a 410 mm. Neste ambiente, as redes de espera foram mais eficientes, segundo a curva do coletor (Fig. 2), pois houve uma adição de espécies à amostra coletada através do picaré nas últimas coletas. As riquezas esperadas para o picaré e para as redes de espera foram altas, 98% (44) e 100% (14), respectivamente. Igualmente à praia das Pombas, na lagoa Negra as ordens Characiformes e Siluriformes foram as mais representativas quanto ao número de espécies, correspondendo a 40,9% (18 espécies) e 29,5% (13 espécies), respectivamente. Do total de indivíduos amostrados, seis espécies perfizeram 89,8% do número de indivíduos capturados: Cheirodon ibicuhiensis
Eigenmann, 1915, C. alburnus, Hyphessobrycon luetkenii
(Boulenger, 1887), Cheirodon interruptus (Jenyns, 1842),
Hyphessobrycon bifasciatus Ellis, 1911 e Astyanax eigenmanniorum (Cope, 1894) (Tab. I). Em peso, nove espécies participaram com 87,8% do total: C. voga,
Hoplias malabaricus (Bloch, 1794), P. maculatus,
Hypostomus commersoni Valenciennes, 1836,
Hoplosternum littorale (Hancock, 1828), Oligosarcus robustus Menezes, 1969, Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824), C. ibicuhiensis e L. anus.
Figuras 3, 4. Variação mensal total, para a taxocenose de peixes da praia das Pombas e da lagoa Negra, Parque Estadual de Itapuã, Viamão, RS, entre junho de 2002 e julho de 2003: 3, abundância (número de indivíduos); 4, biomassa (gramas).
Figuras 5-8. Clusters de similaridade (coeficiente de Pearson) da taxocenose de peixes no Parque Estadual de Itapuã, Viamão, RS: 5, 6, praia das Pombas; 7, 8, lagoa Negra.
Analisando a freqüência de ocorrência das espécies capturadas no período de estudo verificou-se que 21 foram consideradas constantes. Destas, Astyanax jacuhiensis
Cope, 1894, A. eigenmanniorum, C. alburnus, C. ibicuhiensis, C. voga, G. brasiliensis, H. bifasciatus e H. luetkenii ocorreram em todos os meses de coleta. Através da análise da abundância total, analisando picaré e rede de espera em conjunto, pode-se observar que as maiores abundâncias foram registradas nos meses de outubro de 2002 e janeiro de 2003 (Fig. 3). A biomassa obtida na lagoa Negra através do picaré foi de 13.990 g e com as redes de espera 27.477 g, totalizando assim, 41.536 g. Esses valores foram mais elevados nos meses de outubro e novembro de 2002 (Fig. 4).
A diversidade encontrada no picaré foi menor do que nas redes de espera (H’=1,6 e H’=2,2, respectivamente). A análise de variância (ANOVA), através de regressões múltiplas, mostrou que a diversidade mensal do picaré é significativamente dependente do pH (t=2,574 e Pr=0,028) e fotoperíodo (t=3,378 e Pr=0,007) enquanto que, para as redes de espera, a diversidade apresenta dependência da pluviosidade (t=2,415 e Pr=0,036) e do fotoperíodo (t=1,365 e Pr=0,202).
Tabela I. Lista das espécies de peixes registradas para a praia das Pombas e lagoa Negra, Parque Estadual de Itapuã, Viamão, RS, com suas abundâncias no picaré e redes de espera (AC, acidental; AS, acessória; C, constância de ocorrência; CO, constante; a, presente estudo; b, LUCENAet al., 1994; c, GROSSER & HAHN, 1981; *1, gênero, provavelmente, identificado erroneamente; *2, listada como Characidium
fasciatum por b; *3, listada como Schizodon fascitatus por c; *4, espécie de taxonomia confusa, nome científico incorreto; *5, gênero com
taxonomia confusa e os limites entre as diferentes espécies são confusos. A espécie listada como R. sapo por c pode ser a mesma
referida como Rhamdia quelen neste mesmo trabalho; *6, listada como Crenicichla saxatilis por c; *7, listada como Jenynsia lineata por b, c; *8, listada como Eigenmannia virescens por c).
Táxons Praia das Pombas Lagoa Negra
Número de indivíduos Número de indivíduos
C Redes espera Picaré C Redes espera Picaré
CHARACIFORMES Characidae
Aphyocharax anisitsi Eigenmann & Kennedy, 1903a
AC 1 11 CO 1118
Astyanax eigenmanniorum (Cope, 1894)a, b, c CO 1056
Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819)a, b, c CO 16 9 2 7 5 AC 1 13 Astyanax jacuhiensis Cope, 1894a, b, c
CO 13 7 15 9 CO 13 0 1258
Astyanax scabripinnis (Jenyns, 1842)c Astyanax sp.a
AS 1137
Astyanax sp. ca AC 2
Bryconamericus iheringii (Boulenger, 1887)a, b AC 1 13 AC 1111 Charax stenopterus (Cope, 1894)c
Cheirodon ibicuhiensis Eigenmann, 1915a AC 1 11 CO 6282
Cheirodon interruptus (Jenyns, 1842)a, c
CO 1148
Cyanocharax alburnus (Hensel, 1870)a, b CO 915 CO 3003
Deuterodon sp.c, *1
Hyphessobrycon anisitsi (Eigenmann, 1907)a
AC 1 13
Hyphessobrycon bifasciatus Ellis, 1911a, c CO 1099
Hyphessobrycon boulengeri (Eigenmann, 1907)a, c
AS 1157
Hyphessobrycon luetkenii (Boulenger, 1887)a, b, c AC 1 11 15 CO 1381 Oligosarcus jenynsii (Günther, 1864)a, b, c AC 1 16 CO 13 9 1116 Oligosarcus robustus Menezes, 1969a, b, c
CO 1 17 1 2 CO 13 1 1125
Pseudocorynopoma doriae Perugia, 1891a, b, c CO 1112
Serrapinnus calliurus (Boulenger, 1900)a
AC 13 AC 1111
Crenuchidae
Characidium tenue (Cope, 1984)b Characidium zebra Eigenmann, 1909c, *2 Curimatidae
Cyphocharax saladensis (Meinken, 1933)a, c
AC 1 12
Cyphocharax voga (Hensel, 1870)a, b, c CO 207 4 6 CO 110 16 3 Anostomidae
Leporinus obtusidens (Valenciennes, 1836)a
AS 1 14 Schizodon jacuiensis Bergman, 1988a, c, *3 AC 1 13
Erythrinidae
Hoplias malabaricus (Bloch, 1794)a, b, c AC 1 13 CO 13 1 15 8 Lebiasinidae
Pyrrhulina australis Eigenmann & Kennedy, 1903c SILURIFORMES
Aspredinidae
Ancistrus brevipinnis (Regan, 1904)a AC 1 11
Bunocephalus sp.a AC 1
Bunocephalus iheringii Boulenger, 1891a, c
AS 1 19
Auchenipteridae
Glanidium albescens Lütken, 1874c, *4 Callichthyidae
Corydoras paleatus (Jenyns, 1842)a, b, c AC 1 CO 13 8
Callichthys callichthys (Linnaeus, 1758)c
Hoplosternum littorale (Hancock, 1828)a, b AS 1 2 1 11
Heptapteridae
Heptapterus mustelinus (Valenciennes, 1835)c
Pimelodella australis Eigenmann, 1917a, b, c AC 11 6
Rhandella sp.c
Rhamdia sp.a, c, *5 AC 1 12
Loricariidae
Hisonotus nigricaudaa, b, c AC 11 CO 138
Hypostomus commersoni Valenciennes, 1836a, b AC 11 CO 12 13 3 Loricariichthys anus (Valenciennes, 1836)a, b, c
CO 12 6 11 AS 14 1 11
Otothyris sp.c
Rineloricaria cadeae (Hensel, 1868)a, b
CO 1 9 AC 1 12
Rineloricaria sp.a AC 11
Tabela I (cont.) Pimelodidae
Parapimelodus nigribarbis (Boulenger, 1889)a, b AC 18 1 4
Pimelodus maculatus (La Cépède, 1803)a, b, c
CO 2 5 2 1 CO 4 0 1 11
Pseudopimelodidae
Microglanis cottoides (Boulenger, 1891)a, c
AS 1 15
Trichomycteridae
Homodiaetus anisitsi Eigenmann & Word, 1907a, b
CO 5 3 AC 1 11
PERCIFORMES Cichlidae
Australoheros facetum (Jenyns,1842)c
Cichlasoma portalegrense (Hensel, 1870)a, c CO 11 12 8
Crenicichla lepidota Heckel, 1840a, c AC 14 AS 13 1 16
Crenicichla punctata Hensel, 1870a, b, c AS 2 4 12
Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824)a, b, c
CO 1 0 AS 13 1 16
Gymnogeophagus gymnogenys (Hensel, 1870)a, b AS 11 14 AC 1 12
Gymnogeophagus labiatus (Hensel, 1870)a, b
AS 14 11
Gymnogeophagus rhabdotus (Hensel, 1870)a AC 11
Gobidae
Ctenogobius shufeldti (Jordan & Eigenmann,1887)a, b, c AC 11
Mugilidae
Mugil platanus Günther, 1880b
Sciaenidae
Micropogonias furnieri (Desmarest, 1983)b
Pachyurus bonariensis Steindachner, 1879a CO 8 2 1 9
CLUPEIFORMES Clupeidae
Platanichthys platana (Regan, 1917)a, b
AS 17 AC 169
Engraulidae
Lycengraulis grossidens (Spix & Agassiz, 1892)a, b
CO 2 2 1 8
ATHERINIFORMES Atherinopsidae
Odontesthes sp. (jovens)a AC 5 2
Odontesthes humensis de Buen, 1953a, b AC 11 AC 1
Odontesthes mirinensis Bemvenuti, 1996a
AC 11
Odontesthes perugiae Evermann & Kendall, 1906b
Odontesthes sp.a
AC 13
CYPRINODONTIFORMES Anablepidae
Jenynsia multidentata (Jenyns, 1842)a, b, c, *7 AC 12 AS 1 18
Poeciliidae
Phalloceros caudimaculatus (Hensel, 1868)a, c AC 11 CO 15 2
Rivulidae
Cynopoecilus melanotaenia (Regan, 1912)a, c AC 1 14
GYMNOTIFORMES Gymnotidae
Gymnotus sp. Hypopomidae
Brachyhypopomus sp.a AC 1 11
Sternopygidae
Eigenmannia trilineata López & Castello, 1966a, c, *8 CO 11 9
SYNBRANCHIFORMES Synbranchidae
Synbranchus marmoratus Bloch, 1795a, c AC 1 11
A análise de cluster realizada para verificar a similaridade entre os dois ambientes mostrou que a composição de espécies coletadas no picaré na praia das Pombas é pouco similar à composição de espécies da lagoa Negra (distância de Bray-Curtis = 0,875), coletadas com este mesmo método. No entanto, esta distância foi mais baixa comparando-se as espécies coletadas nas redes de espera entre os dois ambientes (0,544).
A análise de variância (ANOVA), através de regressões múltiplas, mostrando as relações entre os diferentes parâmetros obtidos da taxocenose com os fatores ambientais. O fotoperíodo foi o principal fator
que influenciou na abundância e na biomassa obtida através do picaré nos dois ambientes estudados. Já o oxigênio dissolvido teve mais influência sobre a abundância e a biomassa das redes de espera (Tab. II).
Figura 10. Gráficos de dispersão obtidos através da análise de correspondência canônica (ACC), para taxocenose de peixes da lagoa Negra, Parque Estadual de Itapuã, Viamão, RS (Cond., condutividade; Pluv., pluviosidade; Fotop., fotoperíodo; Oxig., oxigênio; Temp. água, temperatura da água; Temp. ar, temperatura do ar; Aeig, Astyanax eigenmanniorum; Ajac, Astyanax jacuhiensis; Astysp, Astyanax sp.; Calb, Cyanocharax alburnus; Cibi, Cheirodon ibicuhiensis; Cint, Cheirodon interruptus; Clep, Crenicichla lepidota; Cpal, Corydoras paleatus; Cpor, Cichlasoma portalegrense; Cvog, Cyphocharax voga; Evir, Eigenmannia virescens; Gbra, Geophagus brasiliensis; Hbif, Hyphessobrycon bifasciatus; Hbou, Hyphessobrycon boulengeri; Hcom, Hypostomus commersoni; Hisosp, Hisonotus sp.; Hlit, Hoplosternum littorale; Hlue, Hyphessobrycon luetkenii; Hmal, Hoplias malabaricus; Lanu, Loricariichthys anus; Ohum, Odontesthes humensis; Ojen, Oligosarcus jenynsii; Orob, Oligosarcus robustus; Pcau, Phalloceros caudimaculatus; Pdor, Pseudocorynopoma doriae; Pmac, Pimelodus maculatus; Ppla, Platanichthys platana).
Figura 9. Gráficos de dispersão obtidos através da análise de correspondência canônica (ACC), para taxocenose de peixes da praia das Pombas, Parque Estadual de Itapuã, Viamão, RS (Cond., condutividade; Pluv., pluviosidade; Fotop., fotoperíodo; Oxig., oxigênio; Temp. água, temperatura da água; Temp. ar, temperatura do ar; Afas, Astyanax fasciatus; Ajac, Astyanax jacuhiensis; Calb, Cyanocharax alburnus; Clep, Crenicichla lepidota; Cpun, Crenicichla punctata; Cvog, Cyphocharax voga; Gbra, Geophagus brasiliensis; Hoan, Homodiaetus anisitsi; Lanu, Loricariichthys anus; Lgro, Lycengraulis grossidens; Lobt, Leporinus obtusidens; Odont(jov), Odontesthes jovens; Ojen, Oligosarcus jenynsii; Orob, Oligosarcus robustus; Pbon, Pachyurus bonariensis; Pmac, Pimelodus maculatus; Pnig, Parapimelodus nigribarbis; Rcad, Rineloricaria cadeae; Rstr, Rineloricaria strigilata; Sjac, Schizodon jacuiensis).
DISCUSSÃO
De acordo com REISet al. (2003), para a ictiofauna
de água doce da região Neotropical, a ordem Siluriformes é o grupo com o maior número de espécies, representando cerca de 38% de número total de espécies válidas, seguida (77,31% para o picaré e 66,82% nas redes de espera). O
pelos Characiformes, que representam cerca de 33% das espécies. LOWE-MCCONNELL (1987) destaca o predomínio
desses dois grupos na ictiofauna sul-americana, especialmente em águas correntes. No presente estudo, estes dois grupos de peixes também foram predominantes. A riqueza de espécies é um dos parâmetros mais difíceis de se determinar na região Neotropical, principalmente em virtude da grande diversidade de formas e hábitos apresentados pelos peixes (SANTOS &
FERREIRA, 1999). No presente estudo, foram identificadas
44 espécies de peixes na praia das Pombas e 44 na lagoa Negra. LUCENAet al. (1994), estudando a ocorrência e
distribuição da ictiofauna da praia de Itapuã, também no lago Guaíba, encontraram 36 espécies de peixes. No entanto, estes autores utilizaram como amostrador somente o arrasto de margem (picaré), com esforço de seis arrastos/mês. GROSSER & HAHN (1981) compilaram
uma lista com 46 espécies para esta mesma lagoa, porém, utilizando diferentes artes de pesca e explorando vários pontos deste ambiente. Algumas das espécies coletadas no presente estudo não haviam sido ainda registradas para esses ambientes (Tab. I).
A praia das Pombas caracteriza-se, principalmente
por ser um ambiente de águas livres (RIO GRANDEDO SUL,
1997). Este fator reflete consideravelmente na ictiofauna local, sendo algumas espécies de peixes características deste tipo de ambiente, como Astyanax fasciatus, A. jacuhiensis e Cyanocharax alburnus, Cyphocharax voga, Pachyurus bonariensis e Rineloricaria strigilata, que foram as espécies mais abundantes e frequentes. A maior captura de espécies de peixes-rei (Odontesthes
spp.) ocorreu neste ambiente e, segundo KLEEREKOPER
(1945) e BECKERet al. (2003), estes peixes tendem a se
concentrar em praias de fundo arenoso junto às manchas de juncos, características observadas apenas na praia das Pombas.
Uma espécie que merece destaque é Pachyurus bonariensis, que esteve entre as mais representativas tanto em número de indivíduos quanto em biomassa, nas capturas da praia das Pombas, uma vez que não foi capturada em coletas anteriores realizadas no Parque Estadual de Itapuã (RIO GRANDE DO SUL, 1997). A
distribuição original desta espécie compreende corpos d’água do Sistema do rio Uruguai, sendo considerada alóctone ao Sistema da laguna dos Patos (DUFECH &
FIALHO, 2007).
Tabela II. Valores da análise de variância (ANOVA), para as variáveis ambientais mais explicativas na praia das Pombas e lagoa Negra, Parque Estadual de Itapuã, Viamão, RS, entre junho de 2002 e julho de 2003.
Praia das Pombas
Picaré Redes de espera
Abundância Biomassa Abundância Biomassa
Temp. da água 1t=4,365 - Pr=0,001
Temp. do ar 1t=-5,097 - Pr=0,000 ,t=-5,272 - Pr=0,000
pH 1t=1,524 - Pr=1,159 Condutividade
Oxigênio dissolvido 1t=1,919 - Pr=0,084 1t=1,736 - Pr=0,113
Pluviosidade
Fotoperíodo 1t=0,749 - Pr=0,471 1t=-2,219 - Pr=0,005 Lagoa Negra
Picaré Redes de espera
Abundância Biomassa Abundância Biomassa
Temp. da água Temp. do ar
pH t=-2,607 - Pr<0,05, 1t=1,197 - Pr=0,259
Condutividade 1t=-2,210 - Pr= 0,052
Oxigênio dissolvido ,t= 1,439 - Pr=0,181 1t=0,652 - Pr=0,529
Pluviosidade t=-5,177 - Pr<0,05,
Fotoperíodo t=7,331 - Pr<0,05 t=2,708 - Pr<0,05
Tabela III.Resultados da análise de correspondência canônica (ACC) para a taxocenose da praia das Pombas e lagoa Negra, entre junho de 2002 e julho de 2003.
Praia das Pombas Lagoa Negra
Picaré Redes de espera Picaré Redes de espera
Inércia Total 1,714 1,184 0,728 1,155
Variáveis Ambientais F1 F2 F1 F2 F1 F2 F1 F2
Temp. da água 0,868 -0,181- 0,908 0,065 0,017 0,815 -0,779- -0,009
-Temp. do ar 0,223 -0,032- 0,898 0,331 0,244 0,756 -0,489- 0,032
pH 0,458 -0,725- 0,229 -0,470- -0,182- -0,061- -0,306- 0,280
Condutividade 0,307 0,059 0,575 0,441 -0,056- -0,217- 0,528 -0,509
-Oxigênio dissolvido 0,347 0,211 0,430 0,666 -0,092- 0,590 -0,687- -0,511
-Pluviosidade -0,211- 0,176 -0,567- -0,184- -0,318- 0,186 0,229 -0,223
-Fotoperíodo 0,730 0,129 0,677 0,483 -0,711- 0,672 -0,450- -0,521
1-A alta abundância, e consequente biomassa, de
Cyphocharax voga, obtidas no mês de junho de 2002 na praia das Pombas pode estar relacionado à alta pluviosidade neste mês. Os resultados da ANOVA e ACC das redes de espera confirmam esta hipótese. GALACATOS et al. (2004) relatam uma maior abundância de curimatídeos nas estações onde os valores de pluviosidade estavam mais elevados, em contraponto à estação de seca, onde houve ausência completa destes indivíduos.
A ictiofauna da lagoa Negra é composta basicamente por peixes de pequeno porte, como Astyanax eigenmanniorum, Cheirodon ibicuhiensis, C. interruptus, Cyanocharax alburnus, Hyphessobrycon bifasciatus, H. luetkenii e Hisonotus nigricauda, que ocorrem preferencialmente junto às margens, onde se concentra um grande número de macrófitas aquáticas. Resultados semelhantes foram obtidos por CASATTIet al.
(2003), que encontraram uma predominância de pequenos caracídeos em locais com maior quantidade de macrófitas aquáticas, e por AGOSTINHO & JÚLIO JR. (1999), estudando
os peixes da bacia do alto rio Paraná, que relatam que as comunidades das lagoas marginais são compostas, em sua maioria, por espécies de pequeno porte e indivíduos jovens das espécies maiores.
A baixa similaridade ictiofaunística entre a praia das Pombas e a lagoa Negra e diferenças na abundância de espécies podem estar relacionados aos hábitats propícios para a alimentação e/ou desova destas espécies. Os dois ambientes estudados apresentaram características peculiares, que refletem sobre a ictiofauna de cada um destes locais. A vegetação marginal encontrada na praia das Pombas, representada principalmente pelos sarandis, caracteriza-se como um importante habitat para muitas espécies de peixes. Exemplares da família Cichlidae (Geophagus brasiliensis, Gymnogeophagus spp. e
Crenicichla spp.) e Hoplias malabaricus foram capturados preferencialmente junto à vegetação, onde encontram abrigo para desova e para alimentação (HECK
& CROWDER, 1991; WEAVERet al., 1996). A importância da
vegetação para peixes de água doce fornecendo refúgio contra predadores, áreas para forrageamento e locais para desova é bem documentada nos trabalhos de GORMAN &
KARR (1978), ARGERMEIER & KARR (1983), ROZAS & ODUM
(1987), PUSEYet al. (1993) e MESCHIATTIet al. (2000).
A vegetação flutuante, principalmente as macrófitas, muito abundantes na lagoa Negra, consiste em um biótopo que apresenta uma alta produção e tem grande importância ecológica por servir de abrigo, fonte de alimento e local de desova para várias espécies de animais aquáticos e terrestres, como peixes e insetos (JUNK, 1973; WELCOMME, 1979; CASTRO & ARCIFA, 1987).
Os gimnotiformes encontrados na lagoa Negra são exemplos de organismos que dependem diretamente deste tipo de vegetação para sua sobrevivência. Eigenmannia trilineata, por exemplo, é encontrada em cardumes sob estas plantas, as quais são comprovadamente utilizadas na dieta da espécie, assim como os invertebrados que se associam às suas raízes (GIORAet al., 2005).
As espécies constantes neste estudo foram também as mais abundantes nos dois ambientes. Resultado similar foi encontrado por LUCENAet al. (1994) na praia de Itapuã,
no lago Guaíba, RS, SMITH & BARRELLA (2000) no rio
Sorocaba, SP, e MIRANDA & MAZZONI (2003) no rio
Tocantins, GO. GARUTTI (1988) afirma que a constância de
ocorrência de espécies de peixes é importante na caracterização de qualquer ponto em um curso d’água. É também uma medida qualitativa que pode evidenciar as espécies migrantes ou residentes de uma comunidade, assim como o possível efeito das variações sazonais sobre as comunidades (UIEDA, 1984).
Segundo LOWE-MCCONNELL (1975), em rios e
sistemas interligados, a composição de espécies é mais dinâmica e, portanto, não haveria uma grande quantidade de espécies constantes. Resultados similares foram encontrados na praia das Pombas, a qual faz parte do lago Guaíba e possui ligação contínua com outros grandes corpos d’água (laguna dos Patos e rio Jacuí). A lagoa Negra, ao contrário, apresentou quantidade elevada de espécies constantes por ser um ambiente fechado (com conexão temporária com a laguna dos Patos) e, assim, não ocorre grande deslocamento das espécies de peixes de um ambiente a outro.
Através da análise da variação temporal dos resultados obtidos, pôde se verificar que houve variação na abundância, biomassa e na diversidade ao longo do ano, com valores mais elevados durante os meses quentes no hemisfério sul. Houve dependência destes atributos, principalmente, com a temperatura e com o fotoperíodo. Resultados semelhantes também foram observados por LUCENAet al. (1994), na praia de Itapuã. GALACATOSet al.
(2004) constataram que a abundância, a riqueza de espécies e a diversidade variaram sazonalmente em todos os locais estudados. Segundo DAYet al. (1981) e MOYLE et al. (1986) este padrão de distribuição temporal é comumente evidenciado em ambientes de clima temperado e é influenciado pelas migrações sazonais para desova, ciclos reprodutivos e recrutamento de jovens (BOTTON &
JONES, 1990). As demais variáveis também foram
importantes neste estudo, porém não tão evidentes. GALACATOSet al. (2004), ao estudarem a ictiofauna
de três ambientes distintos (rio, lagoa e riacho), encontraram padrão sazonal para as variações na temperatura, oxigênio dissolvido, pH, condutividade e turbidez. Estes autores verificaram que as águas escuras da lagoa estudada apresentaram altas temperaturas, baixo pH e baixa condutividade comparados ao rio e ao riacho. De forma semelhante, houve relação entre alguns atributos da taxocenose dos ambientes estudados com o pH, a condutividade e o oxigênio dissolvido. SÚAREZ &
PETRERE JR. (2006), estudando as comunidades de peixes
da bacia do rio Iguatemi, MS, constataram que a riqueza de espécies e a abundância de indivíduos estavam significativamente correlacionadas com o pH, temperatura, oxigênio dissolvido e condutividade.
De acordo com HOOK (1991), variações sazonais na
tropicais, variações no fotoperíodo e na temperatura são muito pequenas, sendo a pluviosidade e a disponibilidade de habitats os fatores responsáveis pela sazonalidade em rios, riachos e lagos (GOULDING, 1980).
No Rio Grande do Sul o clima é temperado, entretanto, os períodos de alta ou baixa pluviosidade não são bem definidos. Estudos nesta região (AZEVEDO et al., 2000;
KALILet al.,2005) indicam que o período reprodutivo das
espécies está normalmente associado ao fotoperíodo e à temperatura.
Os resultados obtidos neste estudo permitem concluir que a taxocenose de peixes dos dois ambientes estudados, mesmo fazendo parte de um mesmo Sistema Hidrográfico, apresenta diferenças na composição de espécies. Isto se deve às diferenças nas características ambientais de cada local, uma vez que um dos ambientes se constitui em uma praia e o outro em uma lagoa. A abundância, a biomassa e a diversidade, variaram ao longo do ano, mostrando seu caráter sazonal. Além disso, estes fatores tiveram relação com as variáveis ambientais, sendo a temperatura e o fotoperíodo os mais importantes para a determinação da distribuição de espécies na praia das Pombas e na lagoa Negra.
Agradecimentos. Ao Prof. Dr. Luiz R. Malabarba pelas sugestões no decorrer do trabalho e aos colegas do Laboratório de Ictiologia (UFRGS) pelo auxílio nas saídas de campo. Ao CNPq (proc. 464545/00-5 e 476821/2003-7) e à CAPES pela bolsa concedida.
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