- ~--~- ---~~---
~---FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS E PESQUISAS PSICOSSOCIAIS
CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
TELEVISÃO, FRUSTRAÇÃO E AGRESSÃO: UM ESTUDO DE CASO
PU·REZA VAUTHIER DE MACEDO
FGV IISOP I ePGP
FUNDAÇÃO GETOLIO VARGAS
INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS E PESQUISAS PSICOSSOCIAIS CENTRO DE pdS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
TELEVISÃO, FRUSTRAÇÃO E AGRESSÃO: UM ESTUDO DE CASOS
por
PUREZA VAUTHIER DE MACEDO
Tese submetida como requisito parcial para obtenção do grau de
DOUTORA EM PSICOLOGIA
SÃO: UM
A tese intitulada "TELEVISÃO, FRUSTRAÇÃq E
))RES-ESTUDO DE CASOS" foi considerada
r
~ V~
~-Rio de Janeiro, 28 de março de 1984
~ranco
Lo Presti SeminérioProfessor Orientador
ornes Penna Examinadora
. j
~~~
Eliezer Schneider
Membro da Comissão Examinadora
uno Llnhares Velloso Membro da Comissão Examinadora
AGRADECIMENTO
RESUMO
SUMARY
tNDICE
INTRODUÇÃO •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 1
CAPtTULO · 1
NO BRASIL
PESQUISAS RECENTES SOBRE
AGRESSI-VIDADE E TELEVISÃO
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1
2 NOS ESTADOS UNIDOS
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CAP!TULO 11 EXPOSIÇÃO DO MODELO DE YALE COMO
EXPLICATIVO DA AGRESSIVIDADE
1 - FUNDAMENTAÇÃO TE6RICO
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CAP!TULO 111 VERIFICAÇÃO DO MODELO DE YALE COMO
EXPLICATIVO DA AGRESSIVIDADE
PREMISSA
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1 - OBJETIVOS
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15"
27
45
61
61
1.1 Observar as reações de comportamento ••••••• 61
1.2 Conhecer e aferir diferenças ••• • •••••• 61
2 - HIPOTESES ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 62
2.1 - Hipõteses Substantivas •••••••••••••••••••••••••••• . 62
3 - METODOLOGIA ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 63
3.1 Caracterização da Pesquisa •••••••••••••••••••••••• 63
3.2 Suj e i t o s . . . . . 63
3.3
3.4
3.5
Variáve is do Modelo Teórico
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Meios e Instrume ntos
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Procedimento s Me t odo lógi co s •••.••••••••••••.
1
-67
70
3.5.1
3.5.2
Coleta de Dados
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Tratamento de Dados
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4 - INTERPRETAÇÃO
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CAP1TULO IV CONSIDERAÇÕES FINAIS
1 - CONTROvtRSIAS SOBRE A TELEVISÃO: ASPECTOS NEGATIVOS
E POSITIVOS
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2 - CONTROvtRSIAS SOBRE A HEREDITARIEDADE OU O AMBIENTE
73
75
89
93
NA MANIFESTAÇÃO Dk AGRESSIVIDADE •••••••••••••••••• 107
BIBLIOGRAFIA • • • • • • e . e • • • • • • • • • • • • • • • ~ • • • • • • • • • • • • • • • • • •
ADENDOS
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128
AGRADECIMENTO
Mais pessoas e instituições tornaram-se credoras
de meus agradecimentos do que o esp.aço razoável para
mencion~las. Todavia seria impossivel não lembrar e agradecer o incentivo e orientação dos professores
Franco Lo Presti Seminerio e Antonio Gomes Penna, em
fases distintas da elaboração deste trabalho. A eles
devo apoio e a generosidade intelectual com que
debate-ram comigo.
Agradeço ao dire~or do Col{gio Santo In~io,
professor Eri Mocellin, ao diretor do COlégio são Vicente
de Paulo, professor Tedesco, aos professores e crianças
.,
das turmas estudadas que tornaram posslvel a elaboração
desta pesquisa.
\
Sou grata as sugestões da professora Mª Alice
Bogossian e as -observações da professora Vera Fausto de Lacerda.
,
Tambem a Debora Otoni que decifrou os
ori-ginais desta tese, emitindo sua opinião sobre a
agressi-vidade humana: "se os homens prefiriram Barrabás a Cristo,
o problema da viol6ncia continua". Menciono meus a
gra-decimentos à equipe técnica do ISOP que elaborou o video
tape, e projetou os filmes.
i i i
Agradeço a meus pais por seus incentivos sempre
presentes na minha memória.
Agradeço a meu marido Ubiratan pelo encorajame~
to e apoio em todos os momentos, a meus filhos Chantal e
Paulo Emilio pelo tempo que lhes roubei de nosso convívio.A
eles dedico esta tese.
Agradeço a Deus que me permitiu
RESUMO
Esta tese pretende levantar e problematizar . a
influência da televisão na investigação da agressividade
in-fantil. Para esse objetivo selecionou-se dois grupos de
cri-anças, um grupo experimental e outro de controle oriundos de
dois estabelecimentos de ensino da cidade do Rio de Janeiro.
As crianças que compuseram a população estudada variavam de
idade entre cinco e sete anos. Projetar~-se dois filmes: ao grupo experimental, um filme de ação - aventura dado com
frustração e ao outro grupo - grupo de controle - um filme
neutro caracterizado pelo desenrolar de cenas da vida animal.
A frustração ao grupo experimental foi introduzida através
de três interrupções na projeção do' filme, interrupções
es-sas que, no contexto da programaçao infantil, seriam proven~
entes de anúncios, ou de quaisquer outros motivos.
Os instrumentos utilizados foram questionários res
pondidos pelos professores e pelas crianças, anotados por
dez auxiliares de pesquisa. O estímulo "diferencial foi
in-troduzido através dos dois filmes. Seguiu-se a sessão lúdica
onde predominaram brincadeiras de jogos e bola, sendo feito
na ocasião um video-tape. As auxiliares de pesquisa anotavam
Da análise dos resultados obtidos, conclue-se pelo
maior índice de agressividade nos grupos submetidos ao
estí-mulo do filme de ação - aventura projetado com frustração.
Nas considerações finais analise-se a hipótese da
agressao considerada corno oriunda de instinto e corno sendo
condicionada pelo meio ambiente. Conclue-se que ambas as
a-bordagens situam-se num mesmo enfoque unidimensional, nao
considerando os aspectos cognoscitivos do agente da ação.
Propõe-se que o comportamento não é oriundo da pr~
gramaçao genética, onde a decisão máxima compete ao "grande
parlamento dos instintos", ·nem aos condicionamentos sociais.
Ambas as correntes negam ao indivíduo a liberdade e a capac!
dade de escolha.
Critica-se a posição assumida pelo grupo de Yale,
enquanto não considera a capacidade congnoscitiva do homem.
A crítica aos programas infantis importados e um
questionamento quanto ao papel que desempenha na
mundivivên-cia infantil. Isto é, configura-se na continuação das
estó-rias relatadas no passado, agora ouvidas e vistas,
impregna-das de maior realismo e agressividade. Seriam o que a
audi-ência infantil solicita e ainda se sao relatos
educacional-mente desejáveis. Considera-se que tais programas de TV sao
na sua maioria ·importados de uma cultura estranha, difere~
SUMMARY
The objective of the following research wasto study the effects of frustration as an instigator o~ aggression in children behavior. Two groups of children were selected, one
experimental group and other control group, in two teaching
institutions in the city of Rio de Janeiro. The sample of
childrens under stydy varied betwen five to seven years of age.
Two films were projected: to the experimental group, one
action-adventure film during which frustration was manipulated,
and the other - group of control - a neutral film about animal
life. The frustratio~ manipulation was introduced by three
interruption during the filme These interruption wer~ intented to be similar to commercials programs for children.
The instruments used were questionnaries answered by
teachers and by the childrens: thes~ questionaries were handled by research assistants. The behavior of the children was
video-taped,during the recreation session.
The date analyses showed a greater aggression in the
group under stimulus of an action-adveture film under frustration.
Teoretical considerations were made to the hypotesis
whether aggressive behavior is hereditary (instinctive) or
conditioned by the environement. It is proposed that behavior
does not come from genetical equipement; - where the decisions
compete to the "great parliament of the. instincts," nei ther comes
from social conditioning. The position assumed by the Yale group
is criticized while i t explains the behavior as an answered to
the environement.
The influence of cognitive processis in human behavior
is assumed.
. - " 1 .
A critique to infantile program of TV is whether i t
enlarges and diffuses the raport of violent stories, or whether
these stories are what is educationaly better an4 whether i t is
what the infantile audience desires. - The infantile programs of
TV are in its majority imported from a different culture,
INTRODUÇÃO
Parece difícil escolher entre as diversas
pe~specti-vas e teorias sobre a agressividade humana, pois há
explica-ções fecundas em todas, sugerindo uma integração de
perspecti-vas e uma abordagem interdisciplinar para o tema.
A explicação considerada clássica na psicologia é a
de que a injúria, a agressividade é motivada aversivamente
se-ria motivada por um conjunto, ou reduzida a um 50
-
instigadorpara facilitar a manipulação. Essa é a linha desenvolvida
pe-los trabalhos de Skinner em laboratório utilizando na maior
parte, ratos e pombos e como estímulo choque elétrico,
priva-ção de alimento, de água.
A agressão por dor nos experimentos de Azrin, Hutch~
son e Hc Laughin (1965) criaria um estado orgânico emocional
que desencadearia a agressão. Concluem os pesquisadores que , a
dor levaria a um estado emocional onde a agressão seria
refor-çada. Dollard observa oportunamente que a agressão por cólera
., é· uma· ocorrência , instr~mental podendo ocorrer da mesma forma
por outros fatores coadjuvantes como fome, sexo, dinheiro,apr~
vação, domlnio. O móvel propulsor da conduta é diverso, ' de
pen-de da "intensão" do sujeito, pen-de sua motivação, num sentido que
não está colocado. O indivíduo, nestes experimentos, ataca p a
-ra liv-rar-se do estímulo aversivo. Tal comportamento é então
rotul a do de a gres sivo porque libera resposta não ace ita soci
volvida pelos trabalhos de Ulrich (1.963) também utilizam o es
tímulo dor para o controle da agressividade humana. Analizado
por Ribes Ine sta, da Universidade Nacional do México, que num
otimismo hedonista manifesta-se: "A dor faz parte da condiçio
humana, porém é em parte evitável. Sabendo-se que a dor produz
agressivid a de, pode-se apreciar a importância de reduzí-la ao
mínimo e quem sabe compreender algo m~ i s sobre a pessoa ••• As
instituições sociais reforçam de muitas maneiras a agressao
"(p.26) E pouco adiante procura encontrar "soluções
alternati-vas mais pacifistas", uma vez que a agressio humana nao
adaptativa, conforme mostra nossa história evolutiva. Conclue
que um ambiente aversivo leva à agressio. Ambientes ori ~ ina~ riamente meutros podem tornar-s~ aversivos através do condicio
namento operante, dando lugar a uma agressio aprendida. Por
outro lado, castigos rigorosos seguem-se efeitos secundarios
indesejáveis. Como . Skinner confia que o conhecimento do contexto
ambiental, dos elementos desencadeantes torna-se possível
pre-ver respostas agressivas. Crê "num mundo onde o dano aos outros
nio tenha valor de sobrevivência e po~ essa razão não venha a
funcionar como reforçador será por necessidade, um mundo em que
as condutas agressivas não sejam reforçadas abundantemente com
base em programas eficazes (p.17).
Critica a hipótese básica da etologia por omitir o
fa-tor ambiental, onde a açio do homem pode modificar o contexto
social. Não jul g a necessário discorrer sobre as implicações so
ciais que est a "ideologia", que se justifica como científica,
acarreta por se rem óbvias su a s con s eqüênci a s. Assin a la apena s
a inevit ab ilid a d e da guerra e a jus t if i c a cio da violência como , .
.
postura ética implícita em seu fundamento. O homem nao está
submetido as mesmas leis naturais dos demais membros da
es-cala zoológica. A espécie humana detem o poder
transforma-dor do meio ecológico. Apoia-se na afirmativa de Engels de
que o animal "utiliza" a natureza 'exterior sem nela introdu
zir mudanças; pela sua presença, o homem modifica-a para seus
fins de "dominá-la". A sociedade iridustrial tem graves
pro-blemas dela resultantes. A solução que preconiza é radical.
Ilustra analisando a conduta delinquente.A agressividade e ,
conseqüência da limitação das satisfações sociais e do uso
repressivo de formas aversivas de controle social da socieda
de. A violência é intrínseca a urna sociedade dividida em
classes. Não é a violência um fenômeno individual, mas
so-cial. Apoia-se em Lenin ao afirmar que a guerra outra coisa
não é do que o prolongamento da política. Preconiza que para
eliminar-se a agressividade e a violência é mister a transfor
mação do sistema social. A solução, a seu entender, nao
com-pete a ciência, mas a política. Urna - sociedade dividida em clas
ses seria inerente ao sistema o advento da agressão. A
clas-se dominante detem o controle e declas-sempenha a função da adminis
tração da satisfação biológica e social dos indivíduos. Dese~
nharia ainda a função de aplicar estímulos aversivos para
redu-zir formas de comportamento indesejáveis que atuem contra a
organização e estrutura do regime vigente. A menos que haja
urna transformação do sistema social, ou uma sociedade sem clas
ses, a relação entre indivíduos será sempre conflituosa.
A teoria da aprendizagem social da agressividade
con-for me exp~e Bandura (1963) é muito - amp ~ a; Procura analisar as
várias condições que favorecem o surgimento da agressão
indivi-dual, coletiva, ou sancionada institucionalmente. A 'conduta e
-orientada por d~terminadas normas pessoais, do grupo e da soci~
dade. ~ dentro deste contexto que Bandura procura explicar como
se desenvolvem padrões agressígenos e se mantém constantes.
To-das as culturas tem suas próprias normas e se utilizam de deter
minados modelos para promover a aquisição de p'autas de comport~
mentos sancionados. O processo de socialização reflete a cultu
ra de uma sociedade ora ' reforçando ora inibindo determinados
modelos. A aquisição da conduta social inicia-se na família que
seriam como que modelos exemplares. Estes utilizam descrições
verbais, plásticas numa ampla e diversificada gama de modelos.
O conceito de imi tação j á foi muito
utilizado,des-de Iloyd Morgan (1.896). Tarutilizado,des-de (1.903) Mc .Dougall no sentido utilizado,des-de
que a capacidade de imitar é inata, instintiva ou
constitucio-nal. Foi com Miller e Dollard (1.941) que o conceito de
imita-ção foi incorporado a teoria da conduta. Para que se processe a
aprendizagem é necessário a exposição a um modelo à um
indiví-duo que esteja motivado.
Para Bandura as pessoas nao ·nascem co _ m :, ~ep'~rtÓr.i~s in~
tos de respostas agressivas, como se fossem resIOstas naturais enmo
a dor, a sede ou fom~. Na teoria da aprendizagem social a agre~
sividade perde o status de reflexo. Os animais confiam no seu
"armamento" biológico para combater, a agressão é defensiva.Com
o homem a capacidade de agredir ou destruir depende menos de sua
aptidão física do que do poder organizador que aparece disfarça
-da no chiste, até o uso ' de armas de ' dês · trúH;ão~
•
~ necessário uma distinção entre aquisição de condutas
agressivas e fatores que determinam se o que foi aprendido será
utilizado. O valor funcional da conduta agressiva raramente se
expressa se foi sancionada negativamente. Contudo pode ocorrer
que num futuro apresente-se. Há portanto circunstâncias
faci-litadoras ou inibidoras. A principal fonte modeladora e
refor-çadora seria a famIlia. A incidência de atos agressivos que vao
até o terreno da ilegalidade, jovens cujos pais favoreceram solu
ções agressivas de conduta e cujas práticas disciplinares eram
também violentas. Pais que utilizam métodos disciplinares
vio-lentos, ou de dominação tem filhos que se valem de táticas
a-gressivas de dominação com os companheiros.
-Fator de grande relevo e desempenhado pelas
influên-cias subculturais_ A família e o indivíduo acham-se imersos
num sistema de costumes e tradições que lhe dão orientação e
controle. Em algumas subculturas há componentes . reforçadores,
onde atos agressivos proporcionam ao agressor status privilegi~
do. Uma sociedade pode condenar o ato de matar e nela pode coe
xistir a noçao de que propósitos morais elevados justificam as
mais poderosas técnicas de extermínio. A prática constante e
sendo castigados os atos de indiscip.lina fazem do recruta um
bom soldado. Ao retornar 'dos campos de ' batalha para 'a .\l.ida ci -- -.
vil, sem passar pelo processo de re-socialização como observa
Bandura, sua capacidade de agressão entra em choque repetidame~
te com os valores do grupo como o respeito pela vida humana.
A terceira fonte de aprendizag em social seria através
de modelos simbólicos que podem combinar-se fornecendo um maior
tadamente a televisão uma grande d~versidade de modelos. Pela
observação, crianças, jovens e adultos apren~eriam estratégias
gerais que até mesmo transcenderiam ao modelo. Assegura
auto-maticamente a aprendizagem além do alto grau de permanência.
Note-se que o mais marcante é que a agressao coletiva é
incre-mentada. Processa-se, no entender de Bandura um contágio
so-cial de est'ilos, de táticas com um nI tido aumento soso-cial da
a-ceitação e do emprego da própria agressão. Aumenta a agres s
i-vidade porque socialmente está justificada.lncrementa-se
quan-do se propicia sua desinibição com a difusão da responsabilid~
de ou ainda sob o aspecto que se salienta nessa tese, pela
de-sumanização da vítima. Este seria
'o' mais potente desinibidor,
desde que o agressor não é sensibilizado pelo so f rimento da
vítima. Diluindo-se a responsabilidade pessoa l 'abrem-se as
comportas da violência pessoal e social.
Bandura distingue quatro fatores de facilitação in- o
fluindo no processo da aprendizagem social. O primeiro seria
a função discrimi nativa, onde a associação com reforçamentos
p as sados satisfatórios forneceria uma prova funcional
justifi-cadora. Se uma conduta foi no passado castigada ou reprovada
socialmente seria difícil sua aparição, a menos que as circun ~
tâncias modifiquem-se. O comportamento competitivo s e ria altro f ~
tor desenca d e ante por sua função d e sinibitória é elemento '
ins-tigador da a gressao. Como pano de fundo mobiliza-se a ativação
emocion a l. Por fim a intensificação do estímulo é apontada.
Pa r a Ba ndur a "um dos papé is da frustra ção na aquisição da a
-gre s são p ode se r o d e a ume nta r a emo c i ona lida de com que o i ndi
v íduo frustrado pres ta maior a t enção a o s r e fo r ços p ositivos que
provém da c onduta a gress iva (19 7 4 p .129) . Ou ain da lia frustr aç ão
pode produzir um aumento eventual da motivação, dando maior
vigor as respostas" (p.136). ~ interessante finalmente
mencio-nar a importância que atribui as variáveis cognitivas salienta~
do o papel da expectativa de auto-eficiência e do resultado ou
meta a que o indivíduo se propoe. "
Lewin abre inovadora perspectiva para a análise do com
portamento, e frutuosa para esclarecer a dinâmica da agressivid~
de. A teoria do campo caracteriza-sep,or metodologia que enfat~
za o indivíduo no contexto grupal e social em que vive. Propõe
aproximações sucêssivas descritivas e quantitativas do
comporta-mento, fornecendo estratégias para sua compreensão. Seu
cons-tructo fundamental é a idéia de "campo". Todo comportamento,seja
pensamento, motivação ou valorização "de urna meta desejada
reali-za-se numa unidade tempo e em determinado campo social. ~
mis-ter considerar o "espaço de vida" do indivíduo • . Esse espaço vi.
tal seria o conjunto de circunstâncias que a pessoa vive e se l~
comove relacionando-se com o meio. Análisa sempre a interaç ão
pessoa-meio onde as ações tem lugar, isto é, procura conhecer as
condições físicas e sociais, o campo psicológico e suas
frontei-ras e barreifrontei-ras. O fato do indivíduo pertencer a um grupo, part~
cipa de determinados valores, aceitos por sua cultura. Objetos
e circunstâncias são percebidos com determinada valia
influenci-ando e direcioninfluenci-ando sua açao. O comportamento é uma expressão
emocional dependendo de corno percebe, isto é, sua "gestalt".
Valoriza notadamente as contribuições de Freud para a
Psicologia. Conceitos tais como frustração, regressão fora m
in-corporados ao âmbito de urna ciência psicológica que se afirmava
sob a influência da física e da biolog ia incipientes do c omeç o
deste século. Contudo, Le win conside ra a teoria d o c ampo, bem
. '--
-rótulo; a adoção de definições operacionais.
De Zeigarnik recebe o subsídio da noção de "tensão"
co-mo tendência, ou sintoma para determinado comportamento. Uma ne
cessidade do organismo gera certa tensão, determinada força dir~
cional vae mostrar-se como um vetor no espaço de vida afirmando,
mudando ou seja, direcionando o comportamento. O termo vetor,r~
tirado da física, é uma entidade "dirigente" do comportamento. O
vetor é uma força psicológica atuante. Um "sistema de tenções"
representa as necessidades do indivíd~o. Tensão refere-se a um sistema de valias em conexão com um sistema de releções com o
meio que por sua vez influencia o sistema. ~ passível de repre~
sentação geométrica. Numa pessoa interatuam varias subpartes
funcionais de um sistema. Nenhuma ~essoaé completamente rígida,
o meio favorece fluidez na inter-comunicação das parte, em propo~
ções variáveis. Nas interrelações são encontradas muitas
bar-reiras quer em nível de realidade ou nao. A diferenciação do es~
paço de vida corresponde diversos graus de
realidade-irrealida-de~ Irrealidade nada mais é do que fantasia,onde se inclue
dese-jos, medos, etc, ocupando regiões centrais da pessoa. são
pas-síveis de análise através do sonho e de particular interesse, na
técnica do brinquedo.
Apresentado por Lewin como "afirmações básicas" de uma
teoria do campo são: a) o comportamento deve ser derivado de uma
totalidade de fatos coexistentes; b) esses fatos coexistentes têm
o caráter de um "campo dinâmico" enquanto o estado de qualquer
parte desse sistema depende de cada uma das partes do campo"
(p.29). O "passado psicológico", o "futuro psicológico" são val~
rizados na medida de sua relação com o "presente psicológico". O
importante é o momento, seria um erro enfatizar simplesmente o
'passado ou o futuro. A perspectiva do tempo não é estática. Mu
•
da tanto pela expectativa corno pela percepçao e memória.
Salienta Lewin a importância da "ec?logia
psicológi-ca" na tarefa de caracterizar e descobrir "as partes do mundo
fIsico ~ social" que "determinario a zona limItrofe do espaço
de vida durante certo tempo" (p. 67) para poder explicar ou
prever o comportamento em determinado segmento do espaço de
yida do indivIduo. A conduta deve ser também analizada em ter
mos de espaço hodológico orientada por um vetor, para nao
cair no risco de reinvindicações de urna teologia do comport~
mento de caráter mIstico.
As necessidades e suas d~ferentes modalidades de gra-tificações incluem inclusIvel, substituições. Implicaria o v~
lor substitutivo de urna meta por outra. A substituiçio
esta-ria na medida de se colocarem nov6s objetivos e nIveis de
as-píraçio no espaço de vida do indivIduo. As previsões ficam sob
dependência de atmosferas sociais, grupais e individuais.
Pressuposto relevante nos desenvolvimento da teoria,
Lewin atribui a Cassirer. Dirimindo controvérsias sobre trata
mento matemático e estatIstico no cam~o social afirma que "as
abordagens qualitativas e quantitativas nio sio apostas, mas
urna é complemento necessário da outra". (p.35). A matematiza
çao lida com quantidade e qualidade conjuntamente, fornecendo
a medida "exata" do comportamento. E Cassiere~ demonstrou corno a métodologia ampliava as ciências empIricas introduzindo Ile_
lementos de construçio" tais corno "forças", ions","atomos"
ma-tematicamente descritas. Nio há contradiçio p a ra o cientista
que se proponha , a análise de elementos tais como "frustraçio "
ou "graus de rejeiç5o", "cooperaç5o" ent50 proscritos a urna ps!
_ ... _ . , ... , •• -- ~ -•• - . - _ - •• - ~ • • =cT ~~~~~~~
~~~~-de "objetivida~~~~-de" ficou amplamente operacional.
Com a introduçio dos conceitos de "posiçi~
psicol6gi-ca", "relaçio espacial das regiões", "locomoçio" onde
intera-tuam "campos de força" papel preponderante desempenha a
cogni-çao. Ocorrem mudanças de comportamentos através de insight
que fornecem perspectivas novas. Novo comportame nto muitas
vezes ocorrem em situações de conflit~ podendo d a r lugar a
"medo", "insegurança", "poder". Conflito é definido como aquela
situação onde forças de direções opostas e de i~ual intensidade
atuam no sujeito.
A teoria do campo, segundo Lewin, é antes um método que
permite analisar relações causais e de criar construções
filos6-ficas promissoras na compreensio do comportamento humano.
Apontou-se brevemente nesta introdução . apenas alguma s
perspectivas te6ricas sobre a ampla controvérsia sobre o t ema
da agressão. Para alguns pesqui s adores a abordagem é ideo16gic a :
faz-se mister uma transformação da estrutura social. O momento
hist6rico exige uma reconstru'ção da sociedade. A nosso ente n der
uma reformulação política que em no panorama mundial não conduz
a soluções nio agressivas e nem a uma desejável compreensão do
comportamento humano.
Os diferentes programas propostos por Bandura e Lewin
caracterizam melhor a abordagem e são fontes mais consistentes
de análise. A complexidade do processo de aprendizagem é melhor
ressalvado dentro da perspectiva de Bandura do que de Skinner.
Este por avaliar em laborat6rio o desempenho de animais descuida
aquilo que é iminentemente a dimensão humana. Já a flexibilid ade
proposta por Lewin permite apreciar . o indivíduo e m su a s inte
rre-laçõe s com o me io f I s i c o e socia l. Co ntudo , o s d ad o s l e v an t ados
nesta pesquisa permitem ainda a análise de outra abordagem
psicológica.
Optou-se, a através deste estudo, pesquisar e
discu-tir a existência das diferentes mensagens dos progr~as in f
an-tis de televisão e sua influência no comportamento da cri3nç3.
A preocupação essencial está voltada para a mensagem fragment~
da, frustrante, exarcebada pela conotação agressiva do
contetí-do, e suas consequências.
A abordagem da pesquisa fundamenta-se na teoria de
Dollard et altri a fim de verificar a relação entre
es-I I
sas modalidades de programação e a instigação ã agressivid ad e
infantil. g um problema interessante porque a represent a ção
. I
simbólica muito cedo entra no mundo infantil. As estórias do
"lobo mau", Ivan, o valente, contadas na tenra infância, tê m
continuidade com os programas infantis de televisão. A narr a
-ção televisionada dos desenhos envolve amplos aspectos da
ati-vidade humana. O sentido da vida, OQ da morte, da ação, de
di-ferentes personalidades, metas e valores que entram no "j ogo"
·simbólico. A incidência de cenas dramáticas, atos de violênci a
e heroismo fazem parte da vida dos personagens. Similarmente a
criança vai percebendo que no cotidiano há uma realidade · de
violência. Não se pode imagin3r que a criança não o perceh3.
Faz parte, natural das inter-relações quer dos animais, qu e r
do hOlllem. Será poi.s o homem 3gressivo quer por amor, como p o r
o
simbolismo tem ampla influência no seu psiquismo.Fromm traz à psicologia especial contribuição-para esse aspe~
to do comportamento em "A linguagem esquecida" vinculando à di
nâmica inconsc.iente que se explicita através de mecanismos de
identificação e projeção pelos quais a fantasia se superpoe ao
real e lhe transfere significado e valor.Piaget coloca o si~
bolismo num dos estágios do desenvolvimento infantil quando
caracteriza o período pré-operacional como o período que poss!
bilita o seu desenvolvimento, através da atividade
representa-tiva. (Piager 1.947).
O animismo, nesse mesmo estágio de desenvolvimento,
corresponde à atribuição de dar vida às coisas inanimadas e o
antropomorfismo, também inerente a esse estágio, que consiste
em atribuir qualidades humanas a seres não-humanos.
Os programas infantis se propõem a distrair a criança
como afirma o maior relatório já realizado sobre o assunto .(1971) .Não
se questionam primordialmente em educá-las alegando que essa é
a função dos pais. Trazem um imenso repertório de programação
bem elaborada por seus técnicos no intúito de reter a atenção
infantil. A intenção é o consumo, o "ibop". Compete aos pais
a~sessorados por demais instituições de controle social, tais
como Igreja, Juizado de Menores, Serviços de Orientação) os
trabalhos dos especialistas no assunto, orientar as crianças
para assistir ou não determinados programas.
A criança, na faixa de ?esenvolvimento, analisada por ·
este estudo (5 a 8 anos incompletos), é impressionável.
Apre-senta a tendência a se identificar com a atuação de um símbolo
que lhe canalize emoções, tornando-se suscetível à manipulação
A hipótese em questão considera, toda criança
normal-mente imatura e portanto mais suscetível a fru~tração. A
pro-gramação infantil apresenta uma série de frustrações que a
criança ainda não sabe m~nipular, representadas pelas
inter-rupções, os intervalos dos programas, quer para anúncios, quer
porque lhe solicitam a atenção para outros afazeres, quer por
motivos que não lhe parecem importantes. Estas frustrações
tendem a se multiplicar emocionalmente com o estado de tensão
e excitação agressiva do conteúdo dos programas.
Na fundamentação do modelo teórico adota-se a con
tribuição do grupo de Yale por se cQnsiderar a interrupção da
assistência a programação infantil, geradora de um comportame~
to agressivo tanto mais evidente quanto maior a
impossibilida-de impossibilida-de manejar com o mecanismo da frustração ·.
A verificação da teoria ocorreu através de uma pesqui
sa experimental realizada em dois colégios do Rio de Janeiro:
o ColégiO Santo Inácio e o Colégio são Vicente de Paulo, com
alunos de classes de alfabetização, anteriores, portanto, ao
primeiro ano do currículo fundamental.
-Da análise estatística do comportamento dos grupos os
resultados foram inequívocos. A introdução da variável experi
mental frustração - agressão foi capaz de modificar substancial
mente o comportamento infantil. Exarcebando o comportamento
a-gressivo bem se pode avaliar a importância da televisão na in~
tigação à agressão. A presente pesquisa orientou-se numa
si-tuação definida corno limite de tolerância à frustração momentâ
nea em função de barreiras nas metas objetivadas.
Na parte conclusiva do trabalho tentar-se-á ressaltar
problemática da introdução de modelos alheios à nossa· realida
de que eclodem na nossa cultura contrariando até os princípios
de homogeneidade e relação raciais de nosso país. Uma preocup~
ção final volta-se para a aquisição e aceitação de normas
cul-turais diante da vida, ou julgamentos morais · advindos- de uma
cultura distinta e afastada da nossa plataforma axiolõgica.
Também os aspectos da controvérsia hereditariedade ou o ambien
te serão considerados no presente texto já que são preponderan
tes na manifestação da agressividade.
Em síntese, o problema deste trabalho poderia ser en u ~
ciado como segue: a psicologia e a ·educação teriam hoje
recur-sos de planejamento, previsão e controle para alguma ação
pre-ventiva face as características frustrantes e destrutivas
in-trojetadas pelas crianças, através dos programas de televisão?
Optou-se por concluirem-se apenas os dados referentes
a pesquisa experimental, reservando-se o último capítulo da te
se às considerações sobre a agressao por se considerar o terna
estudado em aberto passível de novos enfoques e desafiando o in
teresse e a pesquisa interdisciplinar. ~
. . .. ~. ~ ,.-....
--
.._
.. _ ...CAP!TULO I
PESQUISAS RECENTES SOBRE AGRESSIVIDADE E TELEVISÃO
1 - NO BRASIL
A criança, habitante de cidades e em particular a
dos grandes centros, passa período significativo assistind o aos
programas infantis de televisão, em especial aos desenhos ani
-mados. As limitadas alternativas de informação, sua escas sa c~
periência de vida torna-a mais suscetível
ã
influência dessasmensagens. As repercusoes no comportamento infantil, atr ~ l\ ·és
desse recente veículo de comunicação, que conta com menos de
. I . ~ .
trinta anos de existência, ' são hoje lnquestl0navels.
A criança americana (USA) entre 2 a 5 anos as s i s te
30 horas semanais de TV, haixa esta média para 25 horas na f ai
xa de idade dos 6 aos 11 anos. No final do "high school" -
se-ria o estudante brasileiro do científico - já teria dedi c a tl o
l5.000h de sua vida, assistindo a 350 mil comerciais e pr ~s~n
-ci'ado 18.000 assassinatos, (cit. por - Mauro Sales, Televis~o e
Educação , p . 8).
Os "filhos da TV" comenta Homero Sanches (c.i r ~tJ 1,) '
por N ;) ur~ Sal~ s ) sabem que;) terra é redonda, n50 por ter \ I S
-to globo s e mapas, ' ou obscrvaJo o barco no horizont c . m :l ~ ; .... I ' ..;' . , "
-que viram na TV , :io vivo, il1w gen s cllviauas uo , esp aç o pel o _; :1 :;
-t ronau-tas. Ac u S3 - s e a TV de aniquilar com os hábitos Je l ci t ! I ~/L
Nos EUA parece nao
€
o que se verifica. Com 9S~ dapopulação coberta pela TV. com 75 milhões de residências CL1ll1
TV, sendo 35 milhões com mais de um aparelho, o hábito de
lei-turas. bem corno as publicações aumentaram.
Em nosso país. a perspectiva
é
diferente. A midiaimprensa nao atinge mais de 25~ da população. As transmissõ es
radiof3nicas contam (1.978) com 37 milhões de receptores,
co-bre potencialmente 8S~ da população. A TV nao alcança nem 50 ~ .
Nos "cones de sombra" de nossa população, incluidos esses lS ~o
que não têm acesso ao rádio que t~mbém não vem televisão, es
-tão entre os 75% sem acesso "i imprensa.
No que se refere aOS livros, publica-se
aproximaJa-mente 10.000 títulos por ano. com tiragem não superior a
100.000 exemplares.~ constrangedor assinalar que não dá ne m um
livro per capita. Note-se a isso que existe somente 4.000 b i
-bliotecas e (Paris tem 5.000) CComunicação Social e a opini ã o
pública no B"rasil. p. 30). 800 livrarias, aproximadamente 17. 000
bancas de jornais e revista (.1.978). Num país de 33 milhõ e s
de estudantes, conta com 600 mil salas de aula. A populaç ã o c~
tudanti1 é inferior a 25%. agravada pelo fato de 50% serem me
-nores de 18 anos. Esses lS a 26 milhões da popul a ção rotuJ a J os
pelo Ministério da Previdência Social como "o "quarto estr a to",
vivem
ã
margem de qualquer informação.Neste me s mo ano tetfamos o seguinte quadro:
- -,_."--'--- . --_.
-_-..
-
--- -
-
'.TELEVISi\O
Domicílios com TV --- 11.295.000
Aparelhos ' de 'TV --- 14.000.000 sendo 2.500.000 a cores
Emissoras de TV --- BO.Geradores e Retransmissoras
Potencial de audiincia --- 55.000.000 d~ te1escpectadores
4~da
população ·(Fonte: Grupo de média de São Paulo. cito Glauco Carneiro in:
A Comunicação Social e a Opinião PÚblica no Brasil).
A TV Educativa iniciou em 1977 um programa de p'cs
-quisa apoi'ada pela Fundação Centro Brasileiro de Televisão Ed~
cativa do MEC. em convinio com o Instituto Nacional de Estudos
e Pesquis as Educacionais (INEPlMEC1. chamando es te es tudo de
P~ojeto Lobato. O projet.o final seria, como afirma o documento,
(p .1) "elaborar princípios e normas para um telepedagogia
in-fantil estudando a relação TV - público inin-fantil. com crianç as
de. ] a 11 anos".
Reuniu uma equipe de cinco pessoas entre
Antropólo-gos, Psicólogos. Pedagogos e Comunicadores. usando a técnica
de "observação part,icipante". Pesquisou durante 6 (seis) mcscs
100 (ceml famílias de diferentes níveis S5cio-Econ5micos do
subúrbio, Zona Norte e Zona Sul, do Rio de Janeiro •. num total
de 2 4 O c r i an ç u s .
O objctivo do Projeto Lobuto foi "realizar, a nívcl
de experiência, intervcnções pedagógicas. através de um lHo i~ r~
._ .. ... __ . __ ___ , . ... ~ __ ,.~ ... -"- .• ~_N,_ .,. __ ._ ._ ... _ ... _ _ ~_ ... _ _ __ ._._ ... ... .. ... .... -•.. - ... ... _ _ ... ... ... ,~
ma de televis50 destinado ao pGbli~o infantil, para . avaliar,
prãticamente, as possibilidades de "reequilib-ração" do núclL:o
pedagógico familiar, reposicionando a presença da TV" (Projeto
, .
Lobato, Rio de Janeiro, julho de 1979, p. S) a guisa de conclu
soes provisórias constatou sumarisando que:
19 - Na vida diária, a TV é um membro auxiliar da família;
29 - A influência da TV ou sua influência na família
é
pens,Hiacomo problema apenas por famílias de nível sócio econô mi
-co mais elevado. fato que -coincide -com nível de es-colari-
escolari-dade mais alto, que lhes afeta a socialização e
criativi-dade dos filhos;
39 - O questionamento da televisão . é abordado conforme a ViS3 ü
do mundo do grupo familiàr.
49 - A televisão é ' abertura para o mundo, talvez novas informa
çoes e sedimenta as existentes.
S9 - Para as pessoas de baixo poder aquisitivo
é
fonte dein-formação. conhecimentos gerais. valores. e lazer.
69 - Satisfaz as necessidades da criança. funcionando como
es-quema acabado, nio questionável quanto a modelos ideali za
dos, onipotentes, que nio permitem o teste de realidade.
79 - Os personagens sio vistos como aqueles que podem m5gi c3
-mente satisfazer as necessidades materiais e afetivas.
89 - A criança identifica-se mais inten sa mente com os
persona-gens de televisão do ql1C com se u própri os pais, por t ::1
-télr-se de modelos idcali z ado s Clue escapam 3 c ri.m ça o
r
n-der de controle, n:lo afetando a d im inui çZio da (JutO-C ~;L ; ... ; 1 ,
nem a fragilidade das figuras ·paternas ("A mae não
preci-sa ser tão 'chatd 'as vezes t e ó pai tão p-rcocupado").
99 - Finalmente que o imaginario infantil é fonte de
reordena-ção e de realimentareordena-ção das vivências reais infantis.
A televisão atenderia as necessidades infantís de :
- estímulo afetivo emocional
- estímulo intelectual
- estímulo valorativo
- estímulos sociais e padrão de comportamento
Nenhuma das investigações realizadas parece ter se
preocupado com uma característica que é aqui reputada como es
-sencial: o .papel da fragmentariedade, .da cisão contínu a dos
programas que constitue um fator de frustração, nítidament e e~
quizoide . Todos os programas têm interrupções sistemátic a s, vi a
de regra nos momentos de maior tensão, na elaboração de
estórias.
suas
Como contribuição
ã
psicologia do de senvolvimento ,a professora Angela Biagg.io escreve ,stJª ~ese de dou .. to.r.a.do, 5
0-bre"·o·
impacto da televisão educativa .no .. desenvQlvimento in Lm-til, foi pesquisa apresentada na Internationa1 Union of
Psychólogic a l Sciencc. UNE SCO 1977. Na qual de lineia t res t co
-rias a re s pe ito do desenvolviment o inLlnti1: 1) Teoria co gni t . ~
Vil de Pi3 gct ; 2) Te oria psicanalíti c a e neo- ps ic analÍtj c l "
3) Teoria d u aprendi z ag e m social. A s eg uir n n u lj ~ a o
\. .. , • • • ~ . . . . "'~ .... ,. _ ... . . "'-' . . . . _ • •• ' . ... ~ . ' ... , . .... ... . _ .. ... .... . . .. _ ... . ... . . _. _ __ ... _ _ ... -"- _~ . w. . . ... _ ~ • .,. ._ . , . _ . . ... . _ _ _ .. .. ~ ... _ ._ u.
da televisão em ireas b5sicas relevantes, quais sejam perecp
-ção, linguagem e julgamento moral . ' Analisa a -repercusão no eo~
portamento infantil: agressio, comportamento pró-social, cre Ji
bi lidade, propaganda. e conteúdo ens inado. Finalis a o t rab alho
com sugest6es para futuras pesquisas.
Nas áreas básicas de pesquisa a percepçao consti tui
uma dos campos prioTit~Tios. Os estímulos visuais e audit ivos
sao os que mais atraem a atenção infantil. Expcri~ncias real i
-zadas por Chase afirmam que beb~s de lS a 70 dias são cap a: c s
de discriminar sons e seguirem objetos movidos hori z ont a lmente .
Nos estudos de Heinz Werner com crianças pré-escolares, ch am a
a atenção para a percepção darse melhor no todo do que a dcs
-criminaçio de detalhes. O meio é responsável direto pelo de s e n
.
-volvimento da linguagem. A pesquisa em pauta cita os estudos de
Hunt que privilegiam crianças expostas a meios culturalment e me
lhores em detrimento da baixa-classe e os experime ntos de
Bernstein que identificam dois estilos de comport amento verb al ,
o restrito e o elaborado . g notório que a tese de Bernstein p a
rece confirmada pelo predomínio em crianças de baixa class e do
código verbal rcstrtto caracterizado por sentenças curtas, SI m
pIes , e frequentemente nio terminadas . Poderia a televisão su
-prir essa de f iciência? Talvez poderiam ser sustentadas ca no
argumento negativo pelo fato do favorecimento da i nativi daJ c c
pelo &xito de certos programas infantis americanos en s in ando
o inglês ao s hispânico s , bel,1 c omo rudim e ntos de a dapta ç ão so
-cial.
A area que mais procura os especialista~ " segundo a
pesquisa citada refere-se ao do julgamento moral, "implicand o
conceitos de moralidade, certo-errado, bom e mau. A
contribui-çio de Piaget € aqui relevante. Ressalta-se, o jogo de
boli-nhas de gude.
No primeiro estagio, essencialmente motor e
indivi-dualista a criança manuseia as bolas podendo ocorrer algum
es-quema ritual.
No segundo es tagio - egocêntrico - (dos 2 anos aos
6 anos aproximadamente} a criança recebe as regras do meio, pr~
cura imita-las, mas o jogo continua uma empresa pessoal sé"rn se
importar com o parceiro ou se ganha.
No terceiro estagio tem início a cooperaçao; as cri
anças brincam juntas; procuram obedecer regras e ganhar:
contu-do as regras sao ainda confusas.
No quarto estagio finalmente sao capazes de
codifi-car as regras, por volta dos 11 a 12 anos.
Os resultados de Piaget mostram uma evoluçio da
no-çao da realidade social e moral. Do estagio inicial indiscrirni
nado para uma autonomia, cooperação e respeito mútuo onde as
regras não s50 mais impostas, mas sao oriundas do mútuo
assen-.
timento e respeito.
j . " 0'0 ~, • • , " , _ u ., ,,. u .. . ...,. ... _ ~ •. ~ .. ... ... _ _ • _._ .. . ... . _ .... _ __ .. _ .... ... .. 6 _ . . . ~- . . . ' . . , . . . _ .. . . ~. - ... - . -... -.... .. . . .. . . " ' _ • • ' " ,0; • --'. ' - '. "' .. ....
Pesquisas recentes de Kohlberg e Turiel. citatlos p~
la pesquisadora sugerem que o conflito cogni~ivo ou o desc4 u
l
líbrio é o principal responsável da passagem de um estágio
o-perativo ao seguinte na conquista da maturidade e do julgame~
to moral.
A seguir considera a repercusao da televisio no
comportamento infantil. Destacam-se os seguintes i tens:
a) Quanto a agressao:
Na sociedade tecnol6gic~ os modelos infantis ex~a~
dem-se do círculo familiar e escolar para aqueles divulgados
pela midia: jornais, revistas, cinemas e sobretudo a
televi-sao. Muitas pesquisas ji foram levantadas citando-se Ross e
Ross (1963), Bandura e Mische1 (1965), Prentice (1972), Gru!"cc
1972, entre outros, demonstrando que crianças e mesmo adultas
adquirem atitudes, comportamento emocional além de outros
pa-drões através de filmes.
A criança é a maior audiência em te1evisio (Lylc e
Hoffman 1972, Murray 1972). E o conteGdo dos programas
assis-tidos sio eminentemente agressivos (Gerbner, 1972).
o
estudo de Liebert e Boron (1972) procura avaliara boa vontade das crianças em ajudar ou ferir outra
depois de assistirem a um dos programas de TV,um neutro, ou tro
agressivo. foram observadas durante o jogo livre. As que ;.I S
sistiram ao programa agressivo dempnstraram maior prefcrEncia
para hrjncnr com nrmas, brincadeiras agressi_vns que as que' ;l ~
sistiram ' ao programa neutro.
Investigando o efeito cumulativo da exposição n mo
delos agressivos na TV
€
lembrado o importante estudo deLefkowitz, Eron, Walder e Huesman (1972) que investigaram o
comportamento agressivo de um grupo de meninos e meninas por
um período de dez anos. A prefer~ncia por programas agress i
vos nos garotos estava significativamente relacionada com de
-linqu~ncia.
Stein e Friedrich (1972) procuraram verificar os
efeitos da exposição de programa classificado como antis oci
-aI, pro-social e neutro no comportamento infantil. A mo stra
composta de pr€escolares, durou nove semanas, com quatro ho
-ras de exposi çã o diiria. As observaç6es for am fe i t a s dura nte
as atividades das classes escolares. Os resultados indic a r am
que as crianças que assistiram aos programas prósocial mo s
-traram-se significativamente mais cooperativas, emprest ando
brinquedos e ajudando outras crianças. As crianç a s sub me t i J3s
a program aç ã o anti-social apresentaram form a s a gressivas t ni ~
como pux6es, querelas, qu e brar brinquedos, etc. Os esco r es
mais altos relacionar a m- se com fi guras tais como Batman.
~ .. _ ___ .. _ • ...w ... I • • ..I.~_
b) Comportamento pr5-social credibilidade e
I •
anunCIOS.
~Iuitos sao os estudos levados a efeito recentC'
IllC'Il-te acerca da aquisiç50 de comportamentos pr5-sociais. A
111-flu~ncia do modelo oferecido pela televisão ~ apontido como
facilitando ou prejudicando seu desenvolvime~to (Stein C'
Friedrish 1975, Sprafkin, Liebert e Pau10s 1975).
A teoria de Piaget ~ proposta para ressaltar a evo
lução da noção da realidade social e moral. De um estágio de
heteronomia unilateral evoluiria para um estágio de autonomi a,
cooperaçao e respeito mfituo. As leis nio mais seriam impostJs
de fora, mas interiorizadas e aceitas pela consci~ncia. As
pesquisa de Graves 1975 sobre preconceito racial mostrou q ue
quando crianças brancas e pretas assistiam filmes onde estas
apareciam em interatuaçio, dava lugar ã atitudes mais
positi-vas, minorando o preconceito existente entre elas nos Estados
Unido s.
Conclui Biaggio pela influ~ncia da televisio no
comportamento infantil promovendo mudanças de atitudes t.orn:1l1
dose assim veículo educacional de grande alcance. E coloca
-mos a pergunta que Biaggio introduz no infcio dest~
quem determina o que ~ bom?
tópi co:
O s estúdos de Ainée Leifer 1975, cit:Jdos í~ ('\ r
Biaggio, avaliam o a s pecto Ja creJihilidadC' Ja televis:ío. 1: 1\
. . . . ,#> • •
trevistando famflias de v5rias cl~sses sociais (brancos,
pre-tos e porto-riquenhos na área de Roston) os _resultados indicl
ram sua imensa credibilidade: aceitando ser verdade para a VI
da (true-tlife), afetando e mesmo ocasionando mudança de
o-piniões e atitudes, influindo nas tomadas de decisões.
Agora Leifer e seu grupo da Universidade de Harvard
estão empenhados num programa de tornar as pessoas mais crÍti
cas e nao meros' consumidore s de programas, uma ve z que é
"im-possível" (o grifo é nosso) mudar o conte~do apresentado. ~
um louvável empreendimento na mesma proporção de sua
dificul-dade. A viol~ncia televisionada é a~raente, principalmente a
dos programas infantis. Janguta (1983) escreveu "a violência
é um fenômeno que não possui conteúdo lógico", mas diríamos
nem os desenhos infantis, e contudo atraem imenso público.
Se . a credibilidade do telespectador é tão grande o que se
po-deria dizer da criança que assiste desenhos animados? Seria
menos crédulas aos desenhos, não se aplicaria o que a autora
chama de verdade-para-a-vida? (true-~o-life). Tenha-se em men
te que a criança no estágio pré-operacional (Piaget) é animis
ta, antropomorfista. Seria menos plausível para a criança de~
se estágio só porque a história apresentada se passa no mundo
da fantasia? Os anúncios são planejados para desafiar o teles
pectador a não se afastarem do programa e manterem-se atentos.
A ~nfase é dirigida 'a um determinado consumidor. O comerci :11
infantil obedece a um plano. Os teóricos do desenvolvi mento
cognitivo infantil Piaget, Erik Erickson, Kohlherg, Loevin :.:(, I"
estágios de raciocfnios sao mais concretos, literal e
indife-renciados. Nos estágios superiores, admite graus de
pensal1len-to abstrapensal1len-to. A criança pequena responde de modo mais
concre-to, "as necessidades básicas são mais importantes,
é
defonis-ta, responde melhor ao 'autoritarismo', por exemplo~ " compre
isso é divertido", "peça
ã
sua mãe". Noutra faixa etaria in-troduz sexo, mistério, simbolos de competGncia, utilidade
so-cial, etc. Para o telespectador mais racional os temas apelam
mais para o estágio de desenvolvimento do ego. Conforme os JU
tores Ericksoll;Loevinger e Kohlberg seriam:
19 Nível: impulso, auto-proteção e submissão. Suma
rizando, referem-se às necessidades básicas, reações
impulsi-vas e de obediência
ã
autoridade.29 Ní~el: intencional auto interesse. Referem-~c ~
apelos hedonistas, de domínio, de poder, apelos à auto-ima gem ,
identidade sexual. Entre os dois níveis as diferenças seriam
em termos cognitivos, autonomia individual , intencionalidadc,
atividade; no nível I as reaçõ es seriam mais simples de
estl-mulo-resposta, reflexos básicos, fantasia e simbolismo.
39 Nfvel: conformidade. Processam comparaçoes, ~ I !)e
los às necessidades de aprovação social, populaddade, st;ltll ~ .
49 ~ívcl: conscl'n c iüsid<lde. Representam-~e a uti l i
d a ti e f li n c i o na 1, o p;l p e 1 r a c j o \l aI, e s p e c i f i c a ç õ e s t ~ C n i c:\ s .
r
o est5 g io l1Iais elevado no de~env()lvi.tncnto cognitivo.
•
59 Nível: utilidade social, integração e atuali z
a-çao pr6pria. Apela para a est~tica, alt~ismo, moral social.
Pelo exposto pela professora Biaggio bem se poJe ~
valiar como é difícil escapar da influência da televisão.
C:t
-bcria a televisão educativa, no caso o seu . interesse, adeqll~r
a mensagem conforme o nível de desenvolvimen t o do ego de :->u a
audiência.
2 - NOS ESTADOS UNIDOS
Foram os Estados Unidos os primeiros a sentir n a
sociedade o impacto da influ~ncia da proliferação dos me ios de
ccimunicação de massa. A família, a escola e os contato s
soci-ais mantidos pela comunidade eram as principsoci-ais fontes de
in-fluência do desenvolvimento infantil. A penetração nos l a r es
dos veículos de comunicação trouxeram uma imensa variedade . de
estímulos. Preocupados com as possíveis consequ~ncias nas ati
tudes e comportamento tanto de crianças, como de adultos, o
governo dos Estados Unidos subvencionou ampla pesquisa.
Em 1969, o Senador John O. Pastore solicitou um es
tudo sobre o impacto da violência televisionada. Foi form:1Ja
unw Comiss?io Científica Consultora para Televisão e Compo
rt:l-mento Social, compo st a de do z.e cientistas do cOlllportaJllC;lll '.J . ... ~
r.1os organjslIlos J c 1 a p a r t .i c i p a r :Jln c n t r e e I c s a C o J1l i s são , . . \ ; I I.: I '. ' .
Causes and Prcvcntion of Violencc.), O Instituto Nacional til'
Saúde ~Icntal, (National Institutc ' of ~lcntal_Hcnlth), repr<.' ~.; (. '~
tante do governo sobre assuntos de saúde. Nos dois anos Je
trabalho apresentaram 23 pesquisas, 60 relatórios, totali
z:tn-do cinco volumes imprcssos com o título "Television ::md Gro\",ing
Up. The Impact of Televised Violence". A pesquisa contou com
o paoio tamb6m da Gri-Rretanha ', Israel e Suíça. Tr~s questõe s
fundamentais foram abordadas: 19 ) as características dos
con-teúdos dos programas de televisio; 29 ) as circunstincias e o
meio em que se deu a viol~ncia; 39 ) a influ~ncia formal e in~
formal, concernente a seleção e proibiçio do cont~~do da tele
visão (Comstock,p. 1).
Prosseguiremos tessaltando alguns aspectos
conccr-nentes ao interesse do comportamento infantil. George Gerbcr
da Universidade da Pensilvinia, coordenador do projeto.
trotl-xe substanciosa contribuiçio do assunto analizando a
qualiJa-de e quantidaqualiJa-de qualiJa-de viol~ncia na programação. Durante a prime!
ra semana do outono e toda manhã de sibado, ao longo dos anos
de julho de 1967, 1968 e 1969 durou o trabalho. O material co
letado abrangia 281 programas, 182 horas de atividade e dcs em
penho de 1.762 personagens principais que foram coletados.
..
Nessa pesquisa est~o prescntrs personagens ao
111-veI das possibilidades reais da criança, participuntes J~s c~
pcriBncias infantis, onJe possam reconheccr sua pr6pria exi s
-t~ncia, c situnçõcs dc vida.
Na amostragem entraram filme~ de rancheiros CC0~
BOY, WESTERN) dramas, desenhos, anúncios comerciais, fillllc s
de ação-aventura, filmes de crime e comédias onde
dois terços do componente de violência.
constatou
Define a violência como: "Injúria física ou
psico-lógica, ferimento ou morte dirigida contra s~res vivos. Vio
-lência explicita ou encoberta, verbal ou física. CGerbner, G.
Violência in Television Drama: Trends And Symbolic Function s
p. 194). A violência ainda deveria expressar força física;ser
plausível dentro do contexto do p~ograma. Em estrito senso se
ria para o autor "abuso de poder" Cp. 31).
Observe-se que .Gerbnei restringe sua definição a
"seres vivos", excluindo o dano intencional a algum objeto ou
propriedade alheia, ou questionável. Ponto de vista semelh
:1n-te, assume Buss, denomina de "Agressão indireta" com
destrui-çao não agressiva.
~ usual distinguir entre os componentes da viol ên
-cia a quantidade de violên-cia expressa e a descrição ~a quu1i
dade ou o car5ter expresso. Gerbner ressalta que a violBn cia
na TV reflete a sociedade, suas normas, seus valores, o poJcr
eo status que gosa a violBncia junto 3quele povo, 3quclJ C0
-munidade social. QlJ::lndo os Estados Unidos viveram intenso C O I1
flito social com os assassinatos do PresiJcntc John K c 11 IH' d ~ .
em 1963 e tio RcvcrcnJo ~lart in Luthcr Kinfl c do Senador . , ~ Rub l 'rl
racismo, poluição, envolvimento na guerra do Vietnam. Sur gi
ram então produções sobre o assunto.
Em relação a quantidade de vio16ncia ap6s progra
-mas entre os anos de 1967, 1968 e 1969, assinalou-se pequeno
declínio, contudo a violência aumentou nos programas específi
c.os para crianças, os "looney-tunes", os desenhos aniJ1l~dos.
Tornam-se mais violentos que qualquer outra categoria ou tipo
de programa. Observa Gerbner "As crianças assistindo desenhos
ao sibados pela manhã, não t6m a menor probabilidade de
esca-par da violência ou evitar a mais pesada ..• saturação de
vio-lência de toda a televisão" (Citado por Comstock, p. 6).
Dos 95 desenhos .analisados apenas quatró não tinham
conteúdo de violência, 'entretanto os demdi s continham três vezes
mais vio16ncia que os prpgramas destinados a adultos e em
1969 seis vezes mais que os dramas e doze vezes mais do que
nos filmes.
A prop6sito da quantidade de vio16ncia televisiona
da lembramos um artigo publicado em 1969 no The Christian
Science Monitor (citado por David Clark e Willian Blankenhllr g
(in Trends in Violent Content in Selected f'.1ass ~Iedia, p. , 1 ~ ) :;) .
No decurso de uma semana durante 75 horas, foram mostrado s no
video 254 incidentes de violência, incluindo 71 homícid i o s
suicídios e assassinatos. Numa outra semana em outrobro de
19C1O, durante 100 horas de programa~iio entre as ]6 hora s e : 1
horas elll S. Francisco [oram noticiado s 12 homicÍtlios, 1(, t i