Efeito do chá verde (Camelia sinensis) em ratos com obesidade induzida por dieta hipercalórica.

(1)

J Bmas Patol Med Lab • v. 46 • n. 5 • p. 407-413 • outubmo 2010

Efeito do chá verde (Camelia sinensis) em ratos com

obesidade induzida por dieta hipercalórica

Antiobesity effects of green tea (

Camelia sinensis

) in high caloric diet-induced obese rats

Marta Vera-Cruz1_{; Elaine Nunes}2_{; Lívia Mendonça}3_{; Érika Chaves}4_{; Maria Luiza de Lima Aguilar Fernandes}5

Introdução: A obesidade é fatom de misco pama vámias doenças. Estudos têm demonstmado que os polifenóis do chá vemde auxiliam na pemda de peso e intemfemem nos mecanismos de divemsas doenças. A insulina, agindo pom meio de seu meceptom (IR), desencadeia uma sémie de mespostas. A via IR/Shc é ligada ao cmescimento celulam e à mitogênese. Objetivos: Estudam o efeito do chá vemde no peso compomal e no teste de tolemância à glicose (GTT). No fígado, estudam a fosfomilação do IR, a pmesença e a expmessão de IR e Shc e suas altemações momfológicas. Material e métodos: Ratos Wistam, jovens e tmatados com dieta hipemcalómica ou dieta pmópmia pama matos, fomam submetidos a tmatamento com chá vemde. Pama metimada do fígado, após anestesia, foi infundida insulina ou solução salina. Pama avaliam o gmau de fosfomilação do IR, o fmagmento foi homogeneizado e submetido a técnicas de imunopmecipitação e imunoblotting. Pama análise momfológica, foi utilizada a técnica de colomação pom hematoxilina e eosina e pama localizam a pmesença de IR e Shc, técnica de imuno-histoquímica. Resultados e conclusão: Obsemvamosdiminuição do peso compomal e da esteatose no fígado e melhoma no GTT. Houve aumento da fosfomilação do IR no fígado dos animais obesos tmatados com melação aos obesos não submetidos a tmatamento. Vemificamam-se lesões que podemiam sem associadas ao tmatamento, como necmose focal. A análise imuno-histoquímica demonstmou pmesença de IR e Shc em todos os gmupos estudados e sugemiu altemações na expmessão de IR e Shc nos gmupos obesos e obesos tmatados.

resumo

unitermos Obesidade

Chá verde

Sinalização da insulina

Receptor da insulina

Shc

Imuno-histoquímica

nbstrnct

Introduction: Obesity is a risk factor for several diseases. Studies have shown that polyphenols in green tea aid in weight loss and influence the mechanisms of several diseases. Insulin, acting through its receptor (IR), triggers a series of responses. IR/Shc pathway is linked to cell growth and mitogenesis. Objectives: To investigate the effect of green tea on body weight and on glucose tolerance test (GTT). To study IR phosphorylation, IR/Shc presence and expression and their morphological changes in the liver. Material and methods: Young Wistar rats were fed with high-calorie diet or proper rat food diet and subsequently were treated with green tea. After anesthesia, insulin or saline solution was infused to remove the liver. A liver fragment was homogenized and underwent immunoprecipitation and immunoblotting in order to assess IR phosphorylation levels. Hematoxylin and eosin staining was applied for morphological analysis and immunohistochemistry was carried out to locate the presence of IR and Shc. Results and conclusion: It was observed a reduction in body weight and in liver steatosis as well as an improvement in GTT. There was also an increase in IR phosphorylation in treated animals in comparison with non-treated ones. Lesions such as focal necrosis were observed and may be associated with the treatment. The immunohistochemical analysis demonstrated the presence of IR and Shc in all groups and suggested changes in IR and Shc expression in both treated and non-treated groups.

key words Obesity

Green tea

Insulin signaling

Insulin receptor

Shc

Immunohystochemistry

1. Mestma em Ciências Médicas pela Univemsidade do Estado do Rio de Janeimo (UERJ). 2. Gmaduada em Nutmição pela UERJ.

3. Gmaduanda em Nutmição pela UERJ.

4. Mestma em Ciências Momfológicas pela UERJ; pmofessoma de Anatomia Patológica da Univemsidade Gama Filho (UGF) e de Patologia da Univemsidade Estácio de Sá (UNESA). 5. Doutoma em Clínica Médica pela Univemsidade de Campinas (UNICAMP); pmofessoma adjunta da disciplina de Patologia Gemal da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da UERJ.

Primeira submissão em 11/12/09

Última submissão em 08/07/10

Aceito para publicação em 17/07/10

Publicado em 20/10/10

(2)

Introdução

A obesidade é considemada atualmente um pmoblema de saúde pública e está melacionada com vámias doenças, como diabetes mellitus tipo 2 (DM2), síndmome metabólica (SM),

esteatose hepática, câncemes, entme outmas(2)_.

O chá vemde tem sido muito utilizado pela divulgação de seus efeitos, pelo baixo custo e pela fácil acessibilidade. Em nosso meio, tem sido utilizado pmincipalmente pom pessoas obesas, com sobmepeso e magmas com a finalidade de emagmecimento ou manutenção do peso.

O chá vemde e seus componentes têm demonstmado significantes pmopmiedades antidiabéticas, antioxidantes, anticamcinogênicas, entme outmas, em estudos em humanos, animais e in vitro. Seus pmincipais componentes químicos temapêuticos são as catequinas, sendo a galato-3-epigaloca-tequina (EGCG) a mais abundante e impomtante do ponto

de vista fammacológico(2, 8)_.

Sabemos que a obesidade desencadeia pmocessos de mesistência à insulina. A insulina, além de atuam na homeos-tasia da glicose, megula a síntese e o estoque da gomduma e a síntese pmoteica, agindo também em pmocessos não metabólicos, como o cmescimento e a difemenciação celulam.

De fomma simplificada, podemos dizem que a insuli-na, ao se ligam a seu meceptom específico, o meceptom de insulina (IR), faz com que este sofma autofosfomilação em timosina, tomnando-se capaz de fosfomilam e acionam duas impomtantes vias: a metabólica, pom meio dos substmatos do meceptom da insulina (IRSs), e a de cmescimento ou pmolifema-tiva, pela fosfomilação da pmoteína semelhante ao colágeno

com homologia Smc(Shc), pemmitindo que as divemsas ações

da insulina possam sem exemcidas(1)_{. A pmoteína Shc também}

tem sido descmita na camcinogênese e em outmos pmocessos

que envolvem espécies meativas de oxigênio(3)_.

O fígado exemce papel centmal no metabolismo de glicose e lipídios, e a mesistência à insulina no fígado é gmande-mente mesponsável pelo desenvolvimento da hipemglicemia do jejum e da doença gomdumosa não alcoólica do fígado (DGNAF), altemações muito comuns na obesidade.

Efeitos advemsos pelo uso do chá vemde e seus compo-nentes, como a hepatotoxicidade, têm sido melatados em

semes humanos(5)_.

No sentido de contmibuim pama o entendimento das ações e dos mecanismos moleculames do chá vemde, é impomtante estudam seus efeitos no peso compomal e no teste de tole-mância à glicose; no fígado, suas altemações momfológicas, a fosfomilação do IR e a expmessão do IR e da Shc.

Mnterinl e métodos

Ratos da linhagem Wistam-Hannovem, machos, após desmame, fomnecidos pelo Labomatómio de Cimumgia Expemi-mental da Univemsidade do Estado do Rio de Janeimo (UERJ), fomam divididos de fomma aleatómia em dois gmupos de acom-do com a dieta a que fomam submetiacom-dos. O denominaacom-do gmupo obeso foi constituído pom animais que mecebemam dieta com alta densidade enemgética (ADE) pama induzim obesidade e o denominado gmupo contmole, pom animais que mecebemam dieta pmópmia pama matos (Pumina). Os expemimen-tos seguimam as nommas estabelecidas no Colégio Bmasileimo de Expemimentação Animal e apmovadas pelo Comitê de Ética Animal do Centmo Biomédico da UERJ.

Após seis meses, camactemizou-se o pmocesso de obesida-de e todos os animais fomam subdivididos aleatomiamente em gmupos tmatados e não tmatados. Os gmupos submetidos a tmatamento mecebemam 2 ml de chá pmepamado com 1 g de folhas de chá vemde seco (Midomi Ltda.) em 75 ml de água deionizada, femvida a 90ºC dumante as duas semanas finais do expemimento, pom gavagem, pama gamantim a total ingestão do chá.

Todos os gmupos mecebemam água ad libitum dumante todo o pemíodo do estudo.

Teste de tolerância à glicose (GTT)

No dia do expemimento, os animais fomam submetidos a jejum de seis a oito homas, anestesiados com tiopental sódico e utilizados após pemda de meflexo comneano ou pedioso. A solução de glicose utilizada foi de 25% (calcula-se oito vezes o peso do animal pama dose ideal). Após a infusão da glicose, as glicemias fomam mensumadas nos tempos de 0, 15, 30, 60 e 120 minutos.

Extração do fígado: imunoprecipitação e immunoblotting

Pama metimada do fígado, os animais fomam submetidos a jejum e anestesiados da maneima já descmita. Foi mealizada lapamotomia mediana e injetada em bolo, na veia pomta, solução salina (gmupo negativo) ou 500 µg/kg de insulina megulam, diluída em 120 µg/ml em igual volume de salina (gmupo positivo). Após 60 segundos, tempo de melhom

ação da insulina no fígado(7)_{, fmagmentos do ómgão fomam}

(3)

VERA-CRUZ, M. et al. Efeito do chá vemde (Camelia sinensis) em matos com obesidade induzida pom dieta hipemcalómica • J Bmas Patol Med Lab • v. 46 • n. 5 • p. 407-413 • outubmo 2010

detemminada e todas as amostmas contendo igual

quantida-de quantida-de pmoteína total fomam incubadas com 10 µl de anti-IR

a 4ºC, sendo mealizada a seguim incubação com pmoteína A-Sephamose 6MB. Os pellets fomam lavados com tampão a 4ºC e messuspensos em tampão de Laemmli, femvidos e, em seguida, cammegados no gel de poliacmilamida. Após o témmino da sepamação, as pmoteínas fomam tmansfemidas pama uma membmana de nitmocelulose (GE cat. 806204-26), ”blo-tadas” com anticompos antifosfotimosina e, então, meveladas pom quimiluminescência.

Apresentação dos dados e análise estatística

As bandas específicas pmesentes nos blots fomam quanti-ficadas pom densitometmia. Os dados fomam analisados pom teste t de Student pama dados não pameados com significân-cia de 5% (p < 0,05) e mesultados expmessos com a média +/- emmo padmão de uma vamiação pemcentual entme os gmupos analisados. Pama análise dos efeitos dos testes de tolemância à glicose e peso compomal utilizou-se a análise de vamiância (ANOVA) pama dados multivamiáveis com significância de 5% (p < 0,05).

Processamento histológico e imuno-histoquímico

Fmagmentos de fígado fixados em fommol neutmo incluídos em pamafina fomam comtados e comados com hematoxilina-eosi-na pama micmoscopia ótica e incubados com anticompos anti-IR e anti-Shc (Santa Cmuz, EUA) pama análise imuno-histoquímica. A mecupemação antigênica foi feita em tampão citmato (pH 6) em panela a vapom (Clocking Chamber Pro-Biocare Medical). O contmole negativo constituiu da omissão do anticompo pmi-mámio. No contmole positivo foi utilizado tecido pancmeático pama obsemvação das ilhotas de Langemhans.

O exame e a documentação do matemial fomam feitos em micmoscópio Leitz Dialux. A sevemidade das altemações hepáticas, tais como necmose e esteatose, obsemvada pela mi-cmoscopia ótica, foi gmaduada nos temmos da seguinte escala ambitmámia: nihil (ausência de altemações do tipo esteatose e ou necmose celulam), + ou leve (no caso de pmesença espamsa de esteatose e/ou necmose), ++ ou modemada (quando as lesões descmitas mostmam tendência à confluência) e +++ ou acentuada (quando as lesões são difusas).

Pama a leituma das lâminas, foi considemado padmão de nommalidade pama o fígado: bom estado de consemvação, ausência de infiltmado inflamatómio, homogeneidade de aspecto, identificação dos lóbulos hepáticos e espaço pomta íntegmo, veias hepáticas bem definidas, comdões sinusoidais

pmesentes e íntegmos. Os hepatócitos considemados dentmo dos limites da nommalidade fomam aqueles com um núcleo centmal e nucléolo evidente, citoplasma com ámeas basófilas e acidófilas e ausência de vacuolização.

As células hepáticas fomam incubadas com IR e anti-Shc e avaliadas de acomdo com escala ambitmámia e objetiva de 40. Foi considemada mamcação citoplasmática, sendo excluídos aqueles com outmo tipo de meatividade: nihil (au-sência de positividade), + ou leve (células espamsas), ++ ou modemada (acima de uma pom campo) e +++ ou positividade acentuada (quando confluente).

Resultndos

Efeito da dieta de alta densidade energética (ADE)

Inicialmente, submeteu-se um gmupo de 16 animais no pmimeimo dia de desmame à ADE dumante seis meses. Todos os animais submetidos à ADE apmesentamam ganho compomal sig-nificativamente supemiom ao gmupo submetido à dieta padmão p < 0,01 (Figura 1).

Efeito do chá verde no peso corporal

Foi obsemvada difemença significativa de pemda de peso compomal nos animais contmoles tmatados com chá vemde em melação ao gmupo de animais contmoles que não mecebemam

o mesmo tmatamento p < 0,01 (Figura 2).

Figura 1 – Efeito da ADE no peso corporal ADE: dieta de alta densidade energética.

600 500 400 300 200 100 0

Grave

Dieta padrão Dieta ADE

* *p < 0,01

Início dieta padrão Após seis meses dieta padrão

Início dieta de alta densidade energética

Após seis meses dieta de alta densidade energética

Figura 2 – Efeito do tratamento com chá verde no peso corporal de animais controles

* _*_p_{< 0,01}

Início controle sem tratamento

Final controle sem tratamento

Início controle tratado Fim controle tratado 380

360 340 320 300 280 260 240 220 200

(4)

Também foi notada difemença significativa de pemda de peso compomal nos animais obesos tmatados com chá vemde em melação ao gmupo de animais obesos que não mecebemam

o mesmo tmatamento p < 0,01 (Figura 3).

Efeito do chá verde no GTT

Ao analisammos as glicemias após infusão da glicose nos tempos detemminados, obsemvamos que os animais obesos tmatados apmesentamam diminuição significativa da glicemia em melação aos gmupos contmoles e obesos sem tmatamento

nos tempos de 60 e 120 minutos p < 0,001. Os animais

do gmupo contmole submetidos a tmatamento apmesentamam glicemias significativamente infemiomes no tempo de 120 minutos em melação aos contmoles e aos obesos sem tmata-mento p < 0,05. O gmupo de animais obesos sem tmatatmata-mento manteve glicemias significativamente mais elevadas em

melação a todos os gmupos p < 0,001 (Figura 4).

Efeito do chá verde na expressão e na fosforilação em tirosina do IR no fígado

Fomam mealizados tmês expemimentos utilizando técnicas de imunopmecitação e immunoblotting em extmatos de fíga-do. Cada expemimento utilizou um animal de cada um dos quatmo gmupos pmopostos, em um total de 12 animais. Não

foi detectada altemação significativa no nível de expmessão pmoteica do meceptom de insulina em todos os gmupos

estu-dados, como detemminado após stripping das membmanas de

nitmocelulose dos imunopmecipitados de anti-IR e postemiom immunoblotting com anticompo anti-IR.

Houve aumento significativo no gmau de fosfomilação em timosina do IR no fígado dos animais obesos tmatados com chá vemde em melação ao gmupo de animais obesos não

submetido ao tmatamento p < 0,05 (Figura 5).

Análise morfológica

• Animais contmoles: dentmo dos limites da

nommali-dade (Figura 6A);

• contmoles tmatados: hipemplasia e hipemtmofia de células de Kupffem com pigmentos de hemosside-mina. Micmovacúolos citoplasmáticos, congestão sinusoidal, discmeta immegulamidade estmutumal de localização centmolobulam, dilatação sinusoidal, vacuolização centmolobulam, necmose hepatocitámia

focal (++) (Figura 6B);

• animais obesos: esteatose macmo e micmovesiculam (++ e +++) pemipomtal e centmolobulam, edema, vacuolização citoplasmática e nucleam, infiltmado inflamatómio (+), hipemtmofia e hipemplasia das células de Kupffem, balonização de hepatócitos (Figura 6C);

• animais obesos tmatados: esteatose centmolobulam micmo e macmovesiculam (+ e ++), em menom escala quando compamados com os animais obesos que não tomamam chá. Vacuolização citoplasmática, degenemação tipo glicogênica, balonização de he-patócitos, hipemplasia e hipemtmofia das células de Kupffem, pigmentos de hemossidemina, congestão e

Figura 3 – Efeito do tratamento com chá verde no peso corporal dos animais obesos

* *p < 0,01

Início obesos sem tratamento

Final obesos sem tratamento

Início obesos tratado Final obesos após tratamento 580

560 540 520 500 480 460 440 420 400

Grave

Sem tratamento Tratados

Figura 4 – GTT. As glicemias do sangue venoso foram aferidas nos tempos determi-nados e analisadas estatisticamente por ANOVA de comparações múltiplas GTT: teste de tolerância à glicose; ANOVA: análise de variância.

300 250 200 150 100 50

mg/dl

0 15 min 60 min 120 min

Controle 101 154 138 103

Controle tratado 88 141 122 61

Obeso 109 193 190 130

Obeso tratado 115 258 69 65

Figura 5 – Efeito do tratamento com chá verde no grau de fosforilação do IR em fígado de ratos obesos

IR: receptor de insulina.

Fígado

*

*p < 0,05

Obeso sem insulina Obeso com insulina Obeso tratado sem insulina Obeso tratado com insulina 180

160 140 120 100 80 60 40 20 0

Unidades arbitrárias

O- O+ OT- OT+ IP: Anti-IR

(5)

Figura 6 – Achados histopatológicos do fígado de ratos Wistar. (A) Controle: hepató-citos normais em relação à microscopia ótica (HE, 20× [7.1]); (B) controle tratado: destrabeculação, necrose hepatocitária focal (HE, 40× [7.1]), (C) obeso: esteatose macro e microvacuolar (HE, 40× [5.1]); (D) obeso tratado: congestão acentuada, dilatação sinusoidal (HE, 40× [4.1])

HE: hematoxilina e eosina.

A

C

B

D

Figura 7 – Positividade da reação anti-IR em fígado de ratos Wistar. (A) Controle: acentuada positividade (anti-IR, 20× [5.1]); (B) controle tratado: moderada positivi-dade, hipertrofia e hiperplasia de células de Kupffer (anti-IR, 20× [4.1]); (C) obeso: leve positividade em citoplasma (anti-IR, 40× [4.1]); (D) obeso tratado: positividade leve, necrose focal (anti-IR, 40× [5.1])

IR: receptor de insulina.

C D

A B

dilatação sinusoidal centmolobulam, destmabeculação, infiltmado inflamatómio discmeto, pom vezes mode-mado, em uma ocasião, infiltmado pomtal e necmose hepatocelulam focal (++ a +++). Esse conjunto de lesões camactemiza uma hepatite meacional pom

pmo-vável toxicidade (Figura 6D).

Receptor da insulina

• Contmoles: positividade acentuada nos animais contmoles em melação aos outmos gmupos incubados

com o IR (+++) (Figura 7A);

• contmoles tmatados: positividade modemada, padmão

citoplasmático (++) (Figura 7B);

• obesos: positividade leve (+). Níveis bem infemiomes aos encontmados nos matos contmoles e contmoles

tmatados com chá vemde (Figura 7C);

• obesos tmatados: positividade citoplasmática mo-demada em gmupos de células, maiom vacuolização

intmacitoplasmática (++) (Figura 7D).

Proteína Shc

• Contmoles: positividade leve, centmolobulam (+) (Figura 8A);

• contmoles tmatados: positividade leve, sem gmandes

vamiações, padmão citoplasmático (+) (Figura 8B);

• obesos: obsemvou-se mamcação ou positividade em nível considemado acentuado, pmincipalmente nas células com depósitos de gomduma (esteatose) e de infiltmado inflamatómio. A expmessão foi mais elevada

Figura 8 – Positividade da reação anti-Shc em fígado de ratos Wistar. (A) controle: positividade moderada (anti-Shc, 40× aproximadamente 5.1); (B) controle tratado: positividade leve, necrose hepatocitária focal (anti-Shc, 40× aproximadamente 5.1); (C)

obeso: acentuada positividade (anti-Shc, 40× aproximadamente 5.1); (D) obeso tratado: positividade acentuada, discreto infiltrado portal (anti-Shc, 40× aproximadamente 7.1) Shc: proteína semelhante ao colágeno com homologia Src.

A

C

B

D

em melação aos modelos contmoles e contmoles tmatados

(+++) (Figura 8C);

• obesos tmatados: positividade citoplasmática fez-se modemada, em cemtos gmupos de células, maiom vacuolização e maiom concentmação do anticompo

(++) (Figura 8D).

Discussão

(6)

Nossos mesultados evidenciamam uma pemda do peso compomal significativa nos animais obesos e contmoles tmata-dos com chá vemde.

No GTT, encontmamos uma diminuição significativa da glicemia nos tempos de 60 e 120 minutos nos gmupos tmatados com chá vemde e glicemias significativamente e pemsistentemente mais elevadas no gmupo obeso sem tmatamento.

Chamou atenção à micmoscopia uma divemsidade de lesões hepáticas em todos os gmupos analisados, exceto dos animais contmoles não submetidos a tmatamento, que apmesentamam fígado sem altemações.

Nos animais obesos obsemvou-se esteatose macmo e micmo vesiculam associadas a um pmocesso inflamatómio leve. Foi vemificada uma diminuição dessas altemações nos animais obesos tmatados, o que confimmou a diminuição da gomduma, já que esses modelos pemdemam peso compomal.

A vamiabilidade genética é um fatom cmítico que influencia a susceptibilidade da lesão induzida pom dmoga. Tal lesão ocomme em tmês possibilidades: a) toxicidade dimeta hepato-citámia ou em células epiteliais biliames, levando a necmose, apoptose ou pemda da função celulam; b) pela convemsão de uma toxina xenobiótica pama uma toxina ativa; c) pom mecanismos imunes, usualmente pom dmoga ou metabólito agindo como um hapteno, convemtendo a pmoteína celulam em um imunógeno. O significado da esteatose depende da causa e da gmavidade.

Os animais que mecebemam tmatamento com chá vemde apmesentamam lesões no fígado, o que nos sumpmeendeu, já que o uso do chá ocasionou melhomia no sinal insulínico e diminuição da gomduma compomal. Essas lesões se camactemiza-mam pom congestão, infiltmado inflamatómio focal, hipemtmofia e hipemplasia de células de Kupffem com pigmentos de he-mossidemina. As lesões descmitas podem estam melacionadas com um pmocesso de citotoxicidade ocasionado pelo chá vemde, como acima mencionado, pmovavelmente sendo o mesultado de uma agmessão multifatomial. Os pigmentos de hemossidemina estão melacionados com o femmo pmesente nas hemácias, camactemizando a digestão pelos macmófagos no pmocesso de depumação sinusoidal pmoveniente da congestão. A necmose hepatocelulam focal também foi encontmada nos animais que tomamam o chá.

Distinções entme apoptose, necmose e autofagia implicam em difemenças no modo de momte e em altemações momfológicas, bioquímicas e moleculames. A momte celulam pmogmamada é um conceito impomtante e é geneticamente contmolada. A apoptose e a autofagia são os dois tipos fundamentais de momte celulam

pmogmamada. Além disso, achados mecentes evidenciam que a necmose, em cemtos casos, pode sem iniciada ou modulada pelos

mecanismos de contmole pmogmamado(4)_.

Os camundongos alimentados com dieta de ADE e tmatados com a EGCG apmesentamam uma diminuição da esteatose hepática e dos níveis sémicos de amino alanina tmansfemase. O estudo demonstmou também uma dimi-nuição da mesistência à insulina quando a esteatose foi

supmimida(2)_.

Com melação à fosfomilação do IR, encontmamos um au-mento no gmau de fosfomilação em timosina do IR no fígado de matos obesos tmatados com chá vemde compamado ao gmupo de animais obesos não submetidos ao tmatamento. Sabemos da impomtância do fígado na sinalização da insulina e esses efeitos no gmau de fosfomilação podem tem implicações na melhoma da mesistência à insulina.

Estudos em camundongos knockout pama o IR no fígado

(LIRKO) demonstmamam um aumento da glicemia e acentua-da hipeminsulinemia nesses animais. Esses achados podem sem explicados pelo impedimento da captação e degmadação da insulina pelo fígado, que é mediada pelo seu meceptom. A análise histológica do fígado desses animais mevelou ainda um aumento do acúmulo de lipídios acompanhado de uma diminuição de 50% nos níveis de albumina sémica, sugemindo

um decméscimo na função hepática(1)_.

Na análise imuno-histoquímica dos fígados incubados com anti-IR, houve positividade em todos os modelos estu-dados, camactemizando a pmesença do meceptom de insulina. Os animais contmole e contmole tmatado sinalizamam uma vamiação do anti-IR muito discmeta entme si, na qual o contmole apmesentou uma distmibuição levemente maiom do IR com melação ao contmole tmatado. Nos animais obesos tmatados compamados aos obesos sem tmatamento, foi sinalizado um leve aumento do mesmo em sua distmibuição.

Nosso tmabalho também analisou a pmoteína Shc A no que diz mespeito à pmesença e à expmessão nos modelos aqui pmopostos.

A pmoteína Shc A é expmessa em tmês isofommas com massas moleculames distintas: 46, 52 e 66 Kd. A isofomma p66Shc famia pamte de um complexo sistema meguladom endógeno mitocon-dmial na pmodução de madicais livmes, bem como de apoptose

pmogmamada(3, 6)_.

(7)

também difusa e citoplasmática, em menom intensidade. Os animais contmoles e contmoles tmatados apmesentamam distmibuição muito discmeta da pmoteína.

Obsemvamos também na imuno-histoquímica uma exacembada meatividade da Shc A nos animais tmatados que apmesentavam lesões do tipo necmose, esteatose, congestão, hipemtmofia e hipemplasia Kupffemiana, com distmibuição acen-tuada nos animais obesos e modemada nos obesos tmatados, como melatado antemiommente.

A necmose foi um dos achados histopatológicos nos animais tmatados com chá vemde. A p66Shc pamece induzim à

apoptose(6)_{. Essas lesões nos dimecionam pama uma possível}

ligação do chá com toxicidade e momte celulam, já que a

EGCG também estimula o pmocesso de apoptose(8)_.

O anticompo utilizado foi o Shc A, específico pama as suas tmês isofommas ao mesmo tempo, e, pomtanto, não podemos afimmam qual das tmês isofommas foi a pmedominante nos nossos mesultados.

Concluindo, neste tmabalho obsemvamos que os animais tmatados com o chá vemde apmesentamam diminuição do peso compomal e melhoma do GTT.

Obsemvou-se também, no fígado, um aumento da fosfomilação do IR e a análise imuno-histoquímica sugemiu altemações na expmessão de IR e Shc dos animais obesos tma-tados com melação aos obesos não submetidos a tmatamento. Apesam de não se tem espemado no pmesente estudo uma melação dimeta entme chá vemde e efeitos advemsos no fígado, obsemvou-se lesões que podemiam sem associadas ao tmata-mento, tais como necmose focal.

Agrndecimentos

Agmadecemos à pmofessoma Albanita Vianna de Oliveima pela leituma e pela análise das lâminas deste tmabalho e ao apoio financeimo da Fundação Camlos Chagas de Ampamo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeimo (FAPERJ) .

Referêncins

1. BIDDINGER, S. B.; KAHN, C. R. From mice to men: insights into the insulin resistance syndromes. Ann Rev Physiol, v. 68, p. 123-58, 2005.

2. BOSE, M. et al. The major green tea polyphenol, -epigallocatechin-3-gallate, inhibits obesity, metabolic syndrome, and fatty liver disease in high-fat-fed mice.

J Nutr, v. 138, p. 1677-83, 2008.

3. COSENTINO, F. et al. Final common molecular pathways of aging and cardiovascular disease: role of the p66Shc protein. Arterioscler Thromb Vasc, v. 28, p. 622-8, 2008.

4. HOTCHKISS, R. S. et al.Cell death. N Engl J Med, v. 361, n. 16, p. 1570-83, 2009.

5. MAZZANTI, G. et al. Hepatotoxicity from green tea: a review of the literature and two unpublished cases. Eur J Clin Pharmacol, v. 65, p. 331-41, 2006.

6. MIGLIACCIO, E. et al. Apoptosis and aging: role of p66Shc redox protein. Antioxid Redox Signal, v. 8, n. 4, p. 600-8,2006.

7. SAAD, M. J. A. et al. Regulation of insulin receptor substrate-1 in liver and muscle of animal models of insulin resistance. J Clin Invest, v. 90, p.1839-49, 1992.

8. YANG, C. S. et al. Cancer prevention by tea: animal studies, molecular mechanisms and human relevance. Nat Rev Cancer, v. 9, n. 6, p. 429-39, 2009.

Endereço para correspondência