Data de Dep´osito: 03.03.2006
Assinatura:
Blow-up de solu¸
c˜
oes positivas de equa¸
c˜
oes semilineares
Fernanda Tom´e Alves
Orientador: Prof. Dr. Alexandre Nolasco de Carvalho
Disserta¸c˜ao apresentada ao Instituto de Ciˆencias Matem´aticas e de Computa¸c˜ao da Universidade de S˜ao Paulo, como parte dos requisitos para obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Ciˆencias na ´area: Matem´atica.
Aos meus pais e ao meu marido,
Com esfor¸co e dedica¸c˜ao mais uma etapa foi vencida em minha vida. Com orgulho e com sentimento de realiza¸c˜ao, apresento aqui o resultado de muito estudo, trabalho e horas de questionamentos e solu¸c˜oes. Por´em, nada disso teria sido poss´ıvel se n˜ao tivesse ao meu lado pessoas admir´aveis, amadas, fortes e amigas para me ajudar, orientar, encorajar e me fazer acreditar que era poss´ıvel. ´E com muita admira¸c˜ao e respeito que agrade¸co, primeiramente, meu orientador Prof. Alexandre e o Prof. S´ergio. Obrigada pela confian¸ca, pela ajuda nas horas em que se acredita que n˜ao haja mais solu¸c˜ao e por alimentarem em mim um amor cada vez maior pela matem´atica. Aos professores do IBILCE-UNESP, grandes incentivadores, registro aqui meus sinceros agradecimentos. Um agradecimento especial `a FAPESP que acreditou no meu trabalho e na minha capacidade como pesquisadora. Agrade¸co meus colegas de curso, docentes e funcion´arios do ICMC.
Agrade¸co ainda a pessoa mais especial durante toda essa batalha: meu marido. Obrigada Cl´audio pelo amor imensur´avel, pelo companheirismo, por todo o incentivo e por ter feito eu acreditar em mim mesma. Agrade¸co meus pais e irm˜as pelo grande amor, pelo ombro nas horas de desespero e pela felicidade nas horas de vit´oria. N˜ao poderia deixar de agradecer tamb´em meus amigos por toda a for¸ca que me deram. Agrade¸co o pessoal da salinha 3-023 e, em especial, Amanda, Gabriel, Judith e Michelle, pela amizade que foi constru´ıda e cultivada durante esses dois anos, que trouxe momentos de muita alegria, risadas e aprendizado. Obrigada ainda Karina, Ricardo e Marcelinho pela dedica¸c˜ao ao trabalho e esfor¸co conjuntos.
´
E dif´ıcil dizer em palavras todo o carinho e gratifica¸c˜ao por todos que, diretamente ou n˜ao, me ajudaram a trilhar esse caminho t˜ao importante em minha vida. Que cada um saiba que de alguma maneira foram respons´aveis por essa conquista. Muito obrigada!
Consider the initial-boundary value problem
ut= ∆u+f(u) in Ω×(0, T),
u(x,0) =φ(x) if x∈Ω,
u(x, t) = 0 if x∈∂Ω, 0< t < T,
where Ω is a bounded domain in Rn with C2 boundary, f is continuously differentiable with f(s) > 0, andφ is nonnegative and smooth on Ω with φ = 0 on ∂Ω. Assume that the unique solution u(x, t) blows up in finite time T < ∞. The question addressed is: where does the blow-up occur? In this work we prove: if Ω = BR ⊂ Rn, then blow-up occurs only at r = 0.
Moreover, if f(u) = up, p > 1, then u(r, t) ≤ C/r2(γ −1) for any 1 < γ < p, and hence lim supt→T−ku(·, t)kq < ∞ if q < n(p−1)/2. In the nonsymmetric case where Ω is a convex
domain, we prove that the blow-up set lies in a compact subset of Ω. If f(u) = up, p > 1,
then u(x, t) ≤ C/(T −t)1/p−1 and, if n = 1,2, or if n ≥ 3 and p ≤ (n+ 2)/(n−2), then τβu(x +ξ, T −τ) → c
0 as τ → 0+ if |ξ| ≤ Cτ1/2 and c0 = 0 or ββ where β = (p−1)−1.
Elementary applications of the Maximum Principle are used to prove the essential estimate for the proofs of these results.
Considere o problema de valor inicial e de fronteira
ut= ∆u+f(u) em Ω×(0, T),
u(x,0) =φ(x) se x∈Ω,
u(x, t) = 0 se x∈∂Ω, 0< t < T,
onde Ω ´e um dom´ınio limitado em Rn com bordo C2, f ´e continuamente diferenci´avel com f(s) > 0, e φ ´e n˜ao-negativa e suave sobre Ω com φ = 0 sobre ∂Ω. Suponha que a ´unica solu¸c˜ao u(x, t) possui blow-up em tempo finito T <∞. A quest˜ao que se coloca ´e: onde ocorre o blow-up? Neste trabalho provamos que: se Ω =BR ⊂Rn, ent˜ao o blow-up ocorre apenas em
r = 0. Al´em disso, se f(u) =up, p >1, ent˜ao u(r, t)≤ C/r2(γ−1) para qualquer 1< γ < p, e assim lim supt→T−ku(·, t)kq < ∞ se q < n(p−1)/2. No caso n˜ao-sim´etrico onde Ω ´e um
dom´ınio convexo, provamos que o conjunto de blow-up ´e um subconjunto compacto de Ω. Se f(u) =up, p >1, ent˜aou(x, t)≤C/(T−t)1/p−1 e, sen= 1,2, ou sen≥3 ep≤(n+ 2)/(n−2), ent˜aoτβu(x+ξ, T −τ)→c
0 quando τ →0+ se|ξ| ≤Cτ1/2 ec0 = 0 ouββ ondeβ = (p−1)−1.
As provas das estimativas essenciais para a demonstra¸c˜ao desses resultados s˜ao feitas utilizando o Princ´ıpio do M´aximo.
Agradecimentos i
Abstract iii
Resumo v
Introdu¸c˜ao 1
1 Preliminares 5
1.1 Semigrupos e seus geradores . . . 5
1.2 O Teorema de Hille-Yosida . . . 9
1.3 O Teorema de Lumer-Phillips . . . 12
1.4 F´ormulas exponenciais . . . 17
1.5 Pseudo-resolventes . . . 19
1.6 O semigrupo dual e o Teorema de Stone . . . 22
1.7 Transformada inversa de Laplace . . . 27
1.8 Operadores setoriais e analiticidade . . . 30
2 Potˆencias fracion´arias 39 2.1 Introdu¸c˜ao . . . 39
2.2 Operadores do tipo positivo . . . 42
2.3 Desigualdades de interpola¸c˜ao para potˆencias fracion´arias . . . 53
2.4 Potˆencias fracion´arias e semigrupos . . . 57
3 O problema de Cauchy 61 3.1 O problema de Cauchy n˜ao-homogˆeneo . . . 61
3.1.1 Existˆencia, unicidade e regularidade . . . 61
viii Sum´ario
4 Blow-up 77
4.1 Introdu¸c˜ao . . . 77
4.2 O caso sim´etrico . . . 80
4.3 O caso n˜ao-sim´etrico . . . 90
4.4 O caso n˜ao-sim´etrico - continua¸c˜ao . . . 106
A O espectro do Laplaciano 115 A.1 O operador solu¸c˜ao . . . 115
A.2 Propriedades do operador solu¸c˜ao . . . 116
B O Princ´ıpio do M´aximo 123 B.1 Princ´ıpio do M´aximo . . . 123
B.2 Princ´ıpio do M´ınimo - outra vers˜ao . . . 126
Referˆencias bibliogr´aficas 129
Problemas parab´olicos do tipo
ut−∆u=f(x, t, u,∇u) emD×RN,
u(x, t) = 0 sobre ∂D×RN, u(x,0) =u0(x)≥0,
(1.1)
modelam um grande n´umero de problemas f´ısicos. A interpreta¸c˜ao mais comum ´e considerar u como a temperatura de uma substˆancia em um recipiente D ⊂ RN sujeita a rea¸c˜oes qu´ımicas. Um termo de rea¸c˜ao positivof representa uma fonte de calor devida uma rea¸c˜ao exot´ermica, isto ´e, uma rea¸c˜ao qu´ımica que se efetua com desprendimento de calor. Caso contr´ario, a rea¸c˜ao ´e endot´ermica. Sef depende tamb´em do gradiente deu, ent˜ao os efeitos de convec¸c˜ao s˜ao levados em considera¸c˜ao.
Diversas teorias de existˆencia local de solu¸c˜oes podem ser consideradas. Solu¸c˜oes cl´assicas podem ser estabelecidas no contexto de fun¸c˜oes H¨older cont´ınua. SeD´e um dom´ınio limitado com bordo regular e sef´e localmente Lipschitziana e definida para todosue∇u, ent˜ao para qualquer u0 ∈Cα(D),u0 = 0 sobre∂D, existe uma solu¸c˜ao cl´assica para todotsuficientemente pequeno,
digamos t < T. Quando T = ∞, a solu¸c˜ao ´e chamada global. Via estimativas de Schauder, a solu¸c˜ao deixa de existir se limt→T−sup
x∈D|u(x, t)| = ∞ ou limt→T−sup
x∈D|∇u(x, t)| = ∞.
Neste caso, dizemos que a solu¸c˜ao explode (blow-up, em inglˆes). Devido ao car´ater introdut´orio deste trabalho, nos dedicaremos ao caso em quef independe do gradiente. O caso mais dif´ıcil, em que os efeitos de convec¸c˜ao s˜ao levados em considera¸c˜ao, vem recebendo aten¸c˜ao somente nos ´
ultimos anos [5, 20].
Antes de prosseguir, vejamos uma equa¸c˜ao de rea¸c˜ao pura, ut = f(u), u(0) = u0, com
f(u)≥0. Esta solu¸c˜ao tem blow-up em tempo finito se, e somente se,
Z ∞
u0
f−1(s)ds <∞. (1.2) A difus˜ao ∆ue a condi¸c˜ao de fronteirau(x, t) = 0 sobre∂D×RN contribuem para diminui¸c˜ao da solu¸c˜ao. Como no problema (1.1), todos os mecanismos tais como rea¸c˜ao, difus˜ao e a condi¸c˜ao
2 Introdu¸c˜ao
de fronteira atuam simultaneamente, ´e natural, pois, perguntar qual desses prevalece.
O fenˆomeno de blow-up para equa¸c˜oes de rea¸c˜ao-difus˜ao s˜ao estudados desde o pioneiro trabalho de Kaplan [16]. Ele mostrou que para fun¸c˜oes convexas safisfazendo (1.2), a difus˜ao n˜ao pode evitar blow-up se o dado inicial ´e suficientemente grande. O pr´oximo resultado fundamental nesta linha ´e dado por Fujita em [9, 10], que prova que o problema de Cauchy, para D=RN e f(u) =up, n˜ao tem solu¸c˜ao global n˜ao trivial e positiva se 1< p <1 + 2/N. Toda solu¸c˜ao com
dado inicial arbitrariamente pequeno tem blow-up em tempo finito. O mesmo continua v´alido parap <1 + 2/N, como foi provado por Hayahawa em [13]. Quandop >1 + 2/N, solu¸c˜oes com dados iniciais pequenos tendem a zero quandotcresce.
Quest˜oes b´asicas. A interpreta¸c˜ao f´ısica do blow-up ´e dada como um dram´atico aumento de temperatura que leva `a igni¸c˜ao de uma rea¸c˜ao qu´ımica. Neste contexto, surgem as seguintes quest˜oes:
1. Blow-up ocorre?
2. Quando?
3. Onde?
4. Como?
5. O que ocorre ap´os o blow-up?
6. E poss´ıvel calcular numericamente a solu¸c˜´ ao de blow-up?
As duas primeiras quest˜oes est˜ao razoavelmente bem discutidas. Durante a duas ´ultimas d´ecadas, grandes progressos foram obtidos no estabelecimento de crit´erios de blow-up. Os resultados de Kaplan e Fujita foram generalizados para v´arios casos. Muito mais dif´ıcil ´e a localiza¸c˜ao do blow-up (terceira quest˜ao) e a discuss˜ao do comportamento assint´otico da solu¸c˜ao de blow-up (quarta quest˜ao) dada pelas seguintes sub-quest˜oes: (4.i) com que taxa u diverge quandot→T− e x se aproxima dos pontos de blow-up? (4.ii) qual ´e o perfil deu(x, t) quando
t→ T− nos pontos que n˜ao s˜ao de blow-up? Se u pode ser continuada ap´os o tempo de
blow-up, ent˜ao a igni¸c˜ao de fato ainda n˜ao ocorreu. Da´ı reside a importˆancia da quest˜ao 5. A ´
ultima quest˜ao refere-se aos m´etodos num´ericos para detectar o fenˆomeno de blow-up e calcular a solu¸c˜ao de blow-up, o tempo de blow-up e o perfil. Como pode-se ver em [3], esta quest˜ao est´a praticamente restrita ao caso unidimesional e muitos problemas permanecem abertos no tratamento num´erico de problemas de blow-up.
e referˆencias. Neste trabalho n˜ao abordamos todas as quest˜oes acima (o que seria por demais pretencioso), consideramos apenas as quest˜oes3e4. Para isso foi necess´ario utilizar resultados de An´alise Funcional, Teoria da Medida e Integra¸c˜ao e Espa¸cos de Sobolev. Come¸camos tratando um problema de evolu¸c˜ao num espa¸co de Banach, via Teoria de Semigrupos de Operadores Lineares, o que constituiu parte fundamental do trabalho, tendo em vista o conjunto de conceitos e id´eias que foram introduzidos. Na etapa final nos dedicamos ao problema de blow-up, usando [8] como principal bibliografia. Neste ponto lan¸camos m˜ao dos resultados de existˆencia estudados na primeira fase. Desta forma, o trabalho foi organizado da seguinte forma: no Cap´ıtulo 1, apresentamos diversas defini¸c˜oes e resultados da Teoria de Semigrupos, deixamos de demonstrar alguns dos resultados apresentados a fim de tornar a leitura menos cansativa. Dedicamos o Cap´ıtulo 2 ao estudo detalhado da Teoria de Potˆencias Fracion´arias, parte fundamental ao desenvolvimento do cap´ıtulo seguinte. No Cap´ıtulo 3 apresentamos alguns resultados de existˆencia e regularidade de solu¸c˜ao para os problemas de Cauchy n˜ao-homogˆeneo e semilinear. Finalizando o trabalho, no Cap´ıtulo 4 apresentamos diversos resultados referentes `a localiza¸c˜ao dos pontos de blow-up do problema de valor inicial e de fronteira
ut= ∆u+f(u) em Ω×(0, T), (0.1)
u(x,0) =φ(x) se x∈Ω, (0.2)
u(x, t) = 0 se x∈∂Ω, 0< t < T, (0.3)
onde Ω ´e um dom´ınio limitado emRn com bordoC2,
f ∈C1, f(s)>0 ses≥0, f(s) = 0 ses <0, φ∈C1(Ω), φ≥0 (n˜ao identicamente nula), φ= 0 sobre∂Ω.
Nos dedicamos ao estudo do conjunto de pontos de blow-up e no comportamento deu nesses pontos. Nossos resultados foram divididos de acordo com os dois seguintes casos:
1. o caso sim´etrico, e 2. o caso n˜ao-sim´etrico.
No caso sim´etrico, Ω ´e uma bola e φ, u(., t) s˜ao fun¸c˜oes radiais. ´E admitido que φr ≤ 0.
Provamos ent˜ao, para uma classe geral de fun¸c˜oes f, que o conjunto de blow-up do problema (0.1)-(0.3) consiste de um ´unico pontox= 0. Para a fun¸c˜ao
4 Introdu¸c˜ao
obtemos tamb´em as estimativas
|u(r, t)| ≤ c rγ−21
para qualquer 1< γ < p,
lim sup
t→T− k
u(., t)kLq(Ω)<∞ se q <
n(p−1) 2 ,
lim inf
t→T−ku(., t)kLq(Ω) =∞ se q >
n(p−1) 2 , e se ∆φ+f(φ)≥0 en= 1,2 ou sep≤ n+ 2
n−2 quando n≥3, obtemos que (T −t)βu(r, t)→ββ quando t↑T (β = 1
p−1) com a condi¸c˜ao de quer ≤C(T −t)12 para algumC >0.
No caso-n˜ao sim´etrico admitimos que Ω ´e um dom´ınio convexo e para alguns resultados ´e pedido que ∆φ+f(φ)≥0 (e ent˜aout≥0 pelo Princ´ıpio do M´aximo). Provamos que o conjunto
de blow-up do problema (0.1)-(0.3) ´e um subconjunto compacto de Ω e que para f dada por (0.4),
u(x, t)≤ C
(T −t)p−11
para todo x∈Ω.
Provamos tamb´em, no caso n˜ao-sim´etrico, que paraf dada por (0.4) lim inf
t→T−ku(., t)kLq(Ω) =∞ se q >
n(p−1) 2 .
Preliminares
Neste primeiro cap´ıtulo apresentamos algumas defini¸c˜oes e resultados preliminares ao desenvolvimento deste trabalho. As principais referˆencias utilizadas foram [15] e [19].
1.1
Semigrupos e seus geradores
Recorde que seE e F s˜ao espa¸cos de Banach sobre um corpoK (K=R ou K=C) denotamos porL(E, F) o espa¸co dos operadores lineares e cont´ınuos deE emF com a norma usual; isto ´e, paraT ∈L(E, F),
kTkL(E,F)= sup e∈E e6= 0
kT ekF
kekE
.
No caso particular, em que E = F escrevemos L(E) para denotar L(E, E). Seja E∗ o dual
topol´ogico de E; isto ´e, E∗ = L(E,K) com a topologia dada pela norma acima. Denotamos o valor dee∗ ∈E∗ eme∈E por he∗, eiou he, e∗i.
Defini¸c˜ao 1.1 Um semigrupo de operadores lineares em E ´e uma fam´ılia {T(t) : t ≥ 0} ⊂
L(E) tal que
(i) T(0) =IE,
(ii) T(t+s) =T(t)T(s), para todot, s≥0. Se adicionalmente
(iii) kT(t)−IEkL(E)→0 quando t→0+, dizemos que o semigrupo ´e uniformemente cont´ınuo
(iv) kT(t)e−ekE →0quandot→0+, ∀e∈E, dizemos que o semigrupo ´e fortemente cont´ınuo.
6 1.1 Semigrupos e seus geradores
Todo semigrupo fortemente cont´ınuo possui uma domina¸c˜ao exponencial que ´e dada no teorema a seguir.
Teorema 1.1 Suponha que{T(t) :t≥0} ⊂L(E) ´e um semigrupo fortemente cont´ınuo. Ent˜ao, existem M ≥1 e β∈Rtais que
kT(t)kL(E)≤Meβ t, ∀t≥0.
Para qualquer ℓ >0 podemos escolherβ ≥ 1
ℓ logkT(ℓ)kL(E) e ent˜ao escolherM.
Prova. Primeiramente note que sup
t∈[0,η]k
T(t)kL(E) < ∞ para algum η > 0, pois caso contr´ario existiria uma sequˆenciatn→0+tal quekT(tn)kL(E)→ ∞. Mas{T(tn)e}n≥1´e limitada para cada
e∈E. Portanto, do Princ´ıpio da Limita¸c˜ao Uniforme,{kT(tn)kL(E)}n≥1´e limitada, contrariando
a hip´otese.
Assim, escolha ℓ > 0 tal que sup{kT(t)kL(E),0 ≤t ≤ℓ}=M < ∞. Como kT(0)kL(E) = 1, temosM ≥1. Sejaβ ≥ 1ℓlog{kT(ℓ)kL(E)}. Ent˜ao, dadot≥0, temost=nl+δ com 0≤δ < le n∈N. Pelas propriedades de semigrupos
kT(t)kL(E)=kT(nl+δ)kL(E) =kT(nl)T(δ)kL(E)=kT(l)nT(δ)kL(E)≤
≤Mn+1 =M Mn≤M Mt/l=Meβt, n= 0,1,2. . . , onde usamos o fato de quen= t−lδ < tl eeβt =et(1llogM)=M
t l.
¤
Defini¸c˜ao 1.2 Seja A:D(A)⊂E −→E um operador linear, o conjunto
{λ∈C:R(λI−A) =E,(λI−A)−1existe e ´e limitado sobreR(λI−A)}
´e chamado conjunto resolvente do operador A e ´e denotado por ρ(A). O conjunto
σ(A) =C/ρ(A)´e chamado espectro do operador A. ¤
Defini¸c˜ao 1.3 Se {T(t) : t ≥ 0} ⊂ L(E) ´e um semigrupo fortemente cont´ınuo de operadores lineares, seugerador infinitesimal ´e o operador definido por A:D(A)⊂E→E, onde
D(A) =
½
e∈E: lim
t→0+
T(t)e−e t existe
¾
, Ae= lim
t→0+
T(t)e−e t .
¤
Teorema 1.2 Suponha que {T(t) :t≥0} ⊂L(E) ´e um semigrupo fortemente cont´ınuo. 1. Para qualquer e∈E, t7→T(t)e ´e cont´ınuo parat≥0.
2. t7→ kT(t)kL(E) ´e semicont´ınua inferiormente e portanto mensur´avel.
3. Seja A o gerador infinitesimal de T(t). Ent˜ao, A ´e densamente definido e fechado. Para
e∈D(A),t7→T(t)e´e continuamente diferenci´avel e
d
dtT(t)e=AT(t)e=T(t)Ae, t >0.
4. ∩m≥1D(Am)´e denso em E.
5. Para Reλ > β e β dado no Teorema 1.1, λest´a no resolventeρ(A) deA e
(λ−A)−1e=
Z ∞
0
e−λtT(t)edt, ∀e∈E.
Prova. (1) A continuidade det7→T(t)e´e uma consequˆencia de Teorema 1.1 e de
kT(t+h)e−T(t)ekE =k(T(h)−I)T(t)ekE →0, quando h→0+, t >0, e∈E,
kT(t)e−T(t−h)ekE ≤ k(T(t−h)kL(E)kT(h)e−ekE →0, quando h→0+, t >0, e∈E.
(2) Mostremos que O = {t ≥ 0 : kT(t)kL(E) > b} ´e aberto em [0,∞) para cada b, o que implica a afirmativa. Para tanto mostremos que dado t0 ∈ O existe vizinhan¸ca U de t0 tal que
U ⊂ O. Mas kT(t0)kL(E) > b implica que existe e ∈ E com kekE = 1 tal que kT(t0)ek > b.
Segue de (1) que kT(t)ek > b parat em uma vizinhan¸ca de t0. Logo kT(t)kL(E) > b para t em
uma vizinhan¸ca de t0 e o resultado segue.
(3) Sejae∈E e paraǫ >0,eǫ = 1ǫ
Z ǫ
0
T(t)edt; ent˜ao segue da continuidade det7→T(t)eque eǫ→equando ǫ→0+. Al´em disso,eǫ∈D(A), pois parah >0
h−1(T(h)eǫ−eǫ) =
1 ǫh
½Z ǫ+h
ǫ
T(t)edt−
Z h
0
T(t)edt
¾
→ 1ǫ(T(ǫ)e−e),
quandoh→0+. Logoeǫ ∈D(A) eD(A) ´e denso em E. Ser´a uma consequˆencia imediata de (5)
queA ´e fechado pois (λ−A)−1∈L(E). See∈D(A) ´e claro que
d+
dtT(t)e= limh→0+ 1
h{T(t+h)e−T(t)e}=AT(t)e=T(t)Ae ´e cont´ınua e toda fun¸c˜ao com derivada `a direita cont´ınua ´e diferenci´avel.
(4) Seja φ : R → R uma fun¸c˜ao em C∞(R) com φ(t) = 0 em uma vizinhan¸ca de t = 0 e tamb´em parat suficientemente grande. Seja e∈E e f =
Z ∞
0
8 1.1 Semigrupos e seus geradores
h−1(T(h)f−f) =h−1
Z ∞
h
(φ(t−h)−φ(t))T(t)edtquef ∈D(A) e queAf =−
Z ∞
0
φ′(t)T(t)edt. Como −φ′ satisfaz as mesmas condi¸c˜oes que φ, repetindo o argumento anterior temos que
f ∈D(Am) e que
Amf = (−1)m
Z ∞
0
φ(m)(t)T(t)edt
para todo m ≥ 1. Consequentemente f ∈ ∩m≥1D(Am). Para mostrar que tal conjunto
de pontos ´e denso em E, escolha φ acima satisfazendo tamb´em
Z ∞
0
φ(t)dt = 1; ent˜ao se, fn =
Z ∞
0
nφ(nt)T(t)edt =
Z ∞
0
φ(s)T(s/n)eds, n = 1,2,3,· · · e temos que fn ∈ ∩m≥1D(Am)
efn→equando n→ ∞.
(5)Defina R(λ)∈L(E) por
R(λ)e=
Z ∞
0
e−λtT(t)edt
e note quekR(λ)kL(E)≤ ReλM−β, se Reλ > β ekT(t)kL(E)≤Meβt. Sejae∈E e h >0
h−1(T(h)−I)R(λ)e =R(λ)T(h)eh −e =
=h−1
·Z ∞
h
e−λt+λhT(t)e−
Z ∞
0
e−λtT(t)e
¸
=
=h−1
·
−
Z h
0
eλ(h−t)T(t)e+
Z ∞
0
(eλh−1)e−λtT(t)e
¸
→ −e+λR(λ)e, quando h→0+.
(1.1)
PortantoR(λ)e∈D(A) e (λ−A)R(λ)e=e, eλ−A´e sobrejetivo. Tamb´em, see∈D(A) ent˜ao, como AR(λ)e =R(λ)Ae, por (1.1) vemos que (λ−A)R(λ)e =e =R(λ)(λ−A)e, e∈ D(A) e λ−A´e tamb´em um-a-um, portanto uma bije¸c˜ao deD(A) sobreE com inversa limitadaR(λ) e
a prova est´a completa. ¤
Teorema 1.3 Sejam {T(t), t ≥ 0} e {S(t), t ≥0} semigrupos fortemente cont´ınuos com gera-dores infinitesimaisA e B respectivamente. SeA=B ent˜aoT(t) =S(t), t≥0.
Prova. Seja e ∈ D(A) = D(B). Do Teorema 1.2 segue facilmente que a fun¸c˜ao s7→T(t−s)S(s)e´e diferenci´avel e que
d
dsT(t−s)S(s)e =−AT(t−s)S(s)e+T(t−s)BS(s)e=
Portanto s 7→ T(t−s)S(s)e´e constante e em particular seus valores em s = 0 e s= t s˜ao os mesmos, isto ´eT(t)e=S(t)e. Isto vale para todo e∈D(A) e comoD(A) ´e denso em E eS(t), T(t) s˜ao limitados, T(t)e=S(t)epara todoe∈E. ¤
1.2
O Teorema de Hille-Yosida
Teorema 1.4 (Hille-Yosida) Suponha que A :D(A) ⊂E → E ´e um operador linear. Ent˜ao os fatos seguintes s˜ao equivalentes
(i) A ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo fortemente cont´ınuo {T(t) :t ≥0} ⊂ L(E)
tal que
kT(t)kL(E) ≤eωt, ∀t≥0;
(ii) A ´e um operador linear fechado, densamente definido cujo conjunto resolvente cont´em
(ω,∞) e
k(λ−A)−1kL(E)≤ 1
λ−ω, ∀λ > ω.
Prova.Seque do Teorema 1.2 (3), que A ´e operador linear fechado e densamente definido. Al´em disso, como kT(t)kL(E) ≤1.eωt, t≥0,segue do Teorema 1.2 (5) que {λ∈C: Reλ > ω} ⊂ρ(A)
(em particular, seλ > ω ent˜aoλ∈ρ(A)) e que
k(λ−A)−1ekE ≤
Z ∞
0
e−λtkT(t)ekEdt≤
1
λ−ωkekE
seλ > ω.
Por outro lado, note que T(t)e−ωt =T1(t) ´e um semigrupo com kT1(t)kL(E) ≤ 1 (chamado
semigrupo de contra¸c˜oes) e o gerador de T1(t) ´e A−ω logo ´e suficiente tratar o caso ω = 0.
Admita que(ii) vale comω = 0. Paraλ >0
kλ(λ−A)−1kL(E)≤1, λ(λ−A)−1 = (I−λ−1A)−1 =I+A(λ−A)−1 ent˜aoe∈D(A) implica
kλ(λ−A)−1e−ekE =k(λ−A)−1AekE ≤λ−1kAekE →0
quando λ→ ∞ e, comoA´e densamente definido,
λ(λ−A)−1e= (I−λ−1A)−1e→e quando λ→ ∞ (1.2) para cada e∈E. Defina Aλ =A(I −λ−1A)−1,λ >0 ent˜ao Aλ ∈L(E),
10 1.2 O Teorema de Hille-Yosida
e se e ∈ D(A), Aλe → Ae quando λ → ∞. Aλ ´e a Aproxima¸c˜ao de Yosida do gerador A.
ObtemosT(t) como o limite deetAλ quandoλ→ ∞. Primeiro note que Aλ =λ2(λ−A)−1−λIE
logo
ketAλk
L(E) =ke−λtetλ
2(λ−A)−1
kL(E)
≤e−λtetλ2k(λ−A)−1k
L(E) ≤1 e para qualquerλ, µ >0 (et >0), desde que AλAµ=AµAλ,
ketAλe−etAµek
E =
° ° ° °
Z 1
0
d
ds(etsAλet(1−s)Aµe)ds
° ° ° °
E
≤
Z 1
0
t°
°etsAλet(1−s)Aµ(Aλe−Aµe) ° °
Eds
≤tkAλe−AµekE.
Portanto para e∈D(A), T(t)e≡limλ→∞etAλeexiste uniformemente para 0≤t≤t0, qualquer
t0>0,t→T(t)e´e cont´ınuo parat≥0,T(t)e→eemEquandot→0+,T(t)(T(s)e) =T(t+s)e
parat, s≥0 ekT(t)ekE ≤ kekE. Podemos definir de forma ´unicaT(t)∈L(E) para cada t≥0.
Se e ∈ E, ǫ > 0 dados. Ent˜ao existem e1 ∈ D(A) e δ > 0 tais que, ke1 −ekE < ǫ/3 e
kT(t)e1−e1kE < ǫ/3, 0≤t≤δ. Segue que
kT(t)e−ekE ≤ kT(t)(e−e1)kE +kT(t)e1−e1kE +ke1−ekE < ǫ.
Portanto{T(t), t≥0} ⊂L(E) ´e um semigrupo fortemente cont´ınuo. S´o resta provar queA ´e o seu gerador.
Sejae∈D(A2), ent˜ao
T(t)e−e = limλ→∞(etAλe−e) = limλ→∞ Z t
0
esAλA
λeds
=
Z t
0
T(s)Aeds.
Tomando limites, isto vale tamb´em para e ∈ D(A) (isto ´e feito da seguinte forma: tomamos e∈D(A) e {fn} ⊂D(A) tal que fn →Ae ent˜aoD(A2) ∋gn =A−1fn →e e D(A2)∋gn →e,
Agora 1t(T(t)e−e) = 1t
Z t
0
T(s)Aeds → Ae quando t → 0+, para qualquer e ∈ D(A). Portanto o gerador B de T(t) deve ser uma extens˜ao de A (isto ´e D(B) ⊃ D(A) e Be = Ae quando e∈D(A)). Mas, por hip´otese, 1∈ρ(A) e, do fato que B ´e o gerador de um semigrupo fortemente cont´ınuo de contra¸c˜oes, 1∈ρ(B), ent˜ao
E= (I−A)D(A) = (I−B)D(A),
ent˜ao (I−B)D(A) =E = (I−B)D(B), D(A) =R((I−B)−1) =D(B), e segue queA=B e a
prova est´a completa. ¤
Ambas condi¸c˜oes (i)e(ii) dependem da escolha da norma emE. Daremos uma formula¸c˜ao independente da norma, mas na pr´atica devemos usualmente procurar normas especiais para a qual este teorema se aplique.
Lema 1.1 Suponha que A ´e um operador linear cujo conjunto resolvente cont´em (0,∞) e que satisfaz
k(λ−A)−nkL(E)≤M λ−n, n≥1, λ >0.
Ent˜ao existe uma norma | · |E em E tal que
kekE ≤ |e|E ≤MkekE, ∀e∈E
e
|(λ−A)−1e|E ≤λ−1|e|E, ∀e∈E, λ >0.
¤
Teorema 1.5 (Forma Geral do Teorema de Hille-Yosida) Seja A : D(A) ⊂ E → E um operador linear. As seguintes afirmativas s˜ao equivalente
(i) A ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo fortemente cont´ınuo {T(t) :t ≥0} ⊂ L(E)
tal que
kT(t)kL(E)≤Meβt, ∀t≥0;
(ii) A ´e fechado, densamente definido, o conjunto resolvente de A cont´em(β,∞) e k(λ−A)−nkL(E)≤M(λ−β)−n, ∀λ > β, n= 1,2,· · ·.
12 1.3 O Teorema de Lumer-Phillips
1.3
O Teorema de Lumer-Phillips
Defini¸c˜ao 1.4 Seja E um espa¸co de Banach sobre K com norma k · kE e seja E∗ = L(E,K)
o seu dual topol´ogico com a norma usual k · kE∗ (ke∗kE∗ = sup{Rehe∗, ei : kekE ≤ 1}). A
aplica¸c˜ao dualidade J :E →2E∗ ´e uma fun¸c˜ao mult´ıvoca definida por
J(e) ={e∗ ∈E∗: Rehe∗, ei=kek2E, ke∗kE∗=kekE}.
J(e)6= Ø, pelo Teorema de Hahn-Banach. ¤
Defini¸c˜ao 1.5 Um operador linear A :D(A) ⊂E → E ´e dissipativo se para cada e ∈D(A)
existee∗ ∈J(e) tal queRehe∗, Aei ≤0. ¤
Observa¸c˜ao 1.1 Se{T(t) :t≥0} ⊂L(E) ´e um semigrupo fortemente cont´ınuo tal que kT(t)k ≤1, ∀t≤0,
ent˜ao dizemos que T(t) ´e um semigrupo fortemente cont´ınuo de contra¸c˜oes. ¤ Lema 1.2 O operador linear A ´e dissipativo se, e somente se,
k(λ−A)ekE ≥λkekE (1.3)
para todoe∈D(A) eλ >0.
Prova.SejaAdissipativo. See= 0, o resultado ´e ´obvio. Sejamλ >0, 0=6 e∈D(A) ee∗ ∈J(e) tal que RehAe, e∗i ≤0. Ent˜ao
kλe−AekEkekE ≥ |hλe−Ae, e∗i| ≥Rehλe−Ae, e∗i ≥λkek2E
e (1.3) segue. Reciprocamente, sejae∈D(A) e admita queλkekE ≤ kλe−AekE para todoλ >0.
Se e= 0, qualquer e∗ ∈ J(e) satisfaz RehAe, e∗i ≤ 0. Podemos ent˜ao assumir 0 6= e ∈ D(A). Sejaf∗
λ ∈J(λe−Ae), λ >0. Ent˜ao temos
0< λkekE ≤ kλe−AekE =kfλ∗kE∗
e podemos ent˜ao definirg∗λ=fλ∗/kfλ∗kE∗. Da´ı,
λkekE ≤ kλe−AekE =hλe−Ae, g∗λi=λRehe, g∗λi −RehAe, gλ∗i ≤λkekE−RehAe, gλ∗i, (1.4)
donde segue que RehAe, g∗
λi ≤0.
Como a bola unit´aria deE∗ ´e compacta na topologia fraca∗ existem g∗ ∈E∗,kg∗kE∗ ≤1, e
sequˆencia λn → ∞ tais quegλ∗n
w∗
Mas Rehe, g∗i ≤ |he, g∗i| ≤ kekE e portanto Rehe, g∗i = kekE. Tomando e∗ = kekEg∗ temos
e∗∈J(e) e RehAe, e∗i ≤0. Portanto, para todoe∈D(A) existee∗ ∈J(e) tal que RehAe, e∗i ≤0
e A´e dissipativo. ¤
Teorema 1.6 (Lumer-Phillips) Suponha queA´e um operador linear densamente definido em um espa¸co de Banach E.
(i) SeA ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo fortemente cont´ınuo de contra¸c˜oes, ent˜ao
A ´e dissipativo (de fato, Rehe∗, Aei ≤ 0 para todo e∗ ∈ J(e)) e R(λ−A) =E para todo
λ >0,
(ii) Se A ´e dissipativo e R(λ0 −A) = E para algum λ0 > 0, ent˜ao A ´e o gerador de um
semigrupo fortemente cont´ınuo de contra¸c˜oes.
Prova. (i) Se A gera {T(t) :t≥0} com kT(t)kL(E)≤1 segue do Teorema de Hille-Yosida que (0,∞) ⊂ ρ(A) e ent˜aoR(λ−A) =E para todo λ >0. Al´em disso, para quaisquer e∈ D(A), e∗∈J(e), t >0,
|he∗, T(t)ei| ≤ ke∗kE∗kT(t)ekE ≤ kek2E
e ent˜ao
Re
¿
e∗,T(t)e−e t
À
= 1
t{Rehe∗, T(t)ei − kek
2
E} ≤0.
Fazendo t→0+, segue que see∈D(A), Rehe∗, Aei ≤0, o que mostra que A ´e dissipativo. (ii)Suponhamos que A seja dissipativo e que existaλ0>0 tal queR(λ0−A) =E. Seλ >0
e e∈D(A), segue do Lema 1.2 que
k(λ−A)ekE ≥λkekE.
Assim, temosR(λ0−A) =E ek(λ0−A)ekE ≥λ0kekE parae∈D(A). Logoλ0 est´a no conjunto
resolvente de A e A ´e fechado. Resta verificar queR(λ−A) =E para λ >0 e ent˜ao λ∈ρ(A) paraλ >0, isto ´e, (0,∞)⊂ρ(A). Para tanto, considere o conjunto Λ ={λ∈ρ(A)∩R:λ >0}. Comoλ0 ∈Λ, ent˜ao Λ6=∅. Al´em disso, Λ ´e um conjunto aberto em (0,∞) j´a queρ(A) ´e aberto.
Provaremos que Λ ´e tamb´em fechado em (0,∞) para concluir que Λ = (0,∞). Suponha que
{λn}∞n=1 ⊂Λ,λn→λ >0. Se n´e suficientemente grande temos que
|λn−λ| ≤λ/4.
Ent˜ao, para n grande
14 1.3 O Teorema de Lumer-Phillips
eI + (λ−λn)(λn−A)−1 ´e um isomorfismo de E. Logo
λ−A=©
I+ (λ−λn)(λn−A)−1ª(λn−A) (1.5)
levaD(A) sobreE eλ∈ρ(A), como quer´ıamos.
Agora todas as hip´oteses do Teorema de Hille-Yosida (ii) est˜ao verificadas e a prova est´a
completa. ¤
A seguir recordamos a defini¸c˜ao de operadores adjuntos. Seja E um espa¸co de Banach com dual E∗. Seja S : D(S) ⊂ E → E um operador linear com dom´ınio denso. O adjunto
S∗ :D(S∗) ⊂E∗ →E∗ de S ´e o operador linear definido por: D(S∗) ´e o conjunto dose∗ ∈E∗ para os quais existe f∗ ∈E∗ com
he∗, Sei=hf∗, ei ∀e∈D(S), (1.6) e see∗ ∈D(S∗) ent˜aof∗ =S∗e∗ ondef∗ ´e o elemento deE∗ satisfazendo (1.6). Note que como
D(S) ´e denso em E existe no m´aximo umf∗ ∈E∗ para o qual (1.6) vale.
SejaH um espa¸co de Hilbert com produto escalar h·,·i. Identificamos H e H∗ e denotamos ambos porH.
Defini¸c˜ao 1.6 SejaHum espa¸co de Hilbert com produto internoh·,·i. Um operadorA:D(A)⊂ H → H ´e sim´etrico se D(A) = H e A⊂A∗; isto ´e, hAe, fi =he, Afi para todo e, f ∈D(A).
A´e auto-adjunto se A=A∗. ¤
Corol´ario 1.1 Seja A um operador linear fechado e densamente definido. Se ambos A e A∗
s˜ao dissipativos, ent˜ao A ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo fortemente cont´ınuo de contra¸c˜oes sobre E.
Prova. Pelo Teorema de Lumer-Philips ´e suficiente provar que R(I −A) = E. Como A ´e dissipativo e fechado, R(I −A) ´e um subespa¸co fechado de E. Suponhamos R(I −A) 6= E. Ent˜ao existe e∗ ∈ E∗, e∗ 6= 0 tal que he∗, e−Aei = 0 para todo e ∈ D(A). Isto implica
e∗−A∗e∗ = 0. Como A∗ ´e tamb´em dissipativo segue do Lema 1.2 quee∗ = 0, contradizendo a constru¸c˜ao de e∗. Portanto, R(I−A) =E. ¤ Em muitos exemplos a t´ecnica utilizada para verificar as estimativas espectrais necess´arias para se garantir que um operador A ´e o gerador de um semigrupo fortemente cont´ınuo, s˜ao obtidas atrav´es do conhecimento da chamadaimagem num´erica que ´e definida a seguir.
Se A ´e um operador linear em um espa¸co de Banach complexo E, a sua imagem num´erica W(A) ´e o conjunto
No caso em que E ´e um espa¸co de Hilbert,W(A) ={hAe, ei:e∈D(A),kekE = 1}.
Teorema 1.7 Seja A :D(A)⊂E →E um operador fechado densamente definido. Seja W(A)
a imagem num´erica de AeΣum subconjunto aberto e conexo emC\W(A). Seλ /∈W(A) ent˜ao λ−A´e um-a-um e tem imagem fechada e satisfaz
k(λ−A)ekL(E)≥d(λ, W(A))kekE. (1.8)
Adicionalmente, seρ(A)∩Σ6= Ø ent˜ao ρ(A)⊃Σ e k(λ−A)−1kL(E)≤ 1
d(λ, W(A)), ∀λ∈Σ (1.9)
onde d(λ, W(A)) ´e a distˆancia de λ a W(A).
Prova. Sejaλ /∈W(A). See∈D(A), kekE = 1,e∗ ∈E∗,ke∗kE∗ = 1 e he∗, ei= 1 ent˜ao
0< d(λ, W(A))≤ |λ− he∗, Aei|=|he∗, λe−Aei| ≤ kλe−AekE. (1.10)
Da´ı, se 06=e∈D(A) segue de (1.10) que
0< d(λ, W(A))≤ k(λ−A) e
kekEkE
e ent˜ao
0< d(λ, W(A))kekE ≤ k(λ−A)ekE. (1.11)
Portanto λ−A ´e um-a-um, tem imagem fechada e satisfaz (1.8). Se adicionalmente λ∈ ρ(A) ent˜ao (1.11) implica (1.9).
Resta mostrar que se Σ intercepta ρ(A) ent˜ao ρ(A)⊃Σ. Para este fim considere o conjunto ρ(A) ∩Σ. Este conjunto ´e obviamente n˜ao vazio e aberto em Σ. Mas tamb´em ´e fechado, j´a que se λn ∈ ρ(A)∩Σ ´e tal que λn → λ ∈ Σ implica que para n suficientemente grande
|λ−λn|< d(λn, W(A)). De (1.9) segue que para n grande, |λ−λn| k(λn−A)−1k <1 e (1.5)
implica que λ ∈ρ(A) e portanto ρ(A)∩Σ ´e fechado em Σ. Segue que ρ(A)∩Σ = Σ, ou seja,
ρ(A)⊃Σ, como quer´ıamos. ¤
Defini¸c˜ao 1.7 Dizemos que um operadorA:D(A)⊂E −→E´efech´avelseGraf(A)´e gr´afico de um operador A¯. A¯ ´e o menor operador fechado que estende A. ¤ Teorema 1.8 Seja A um operador dissipativo em E.
(a) Se para algum λ0 >0, R(λ0−A) =E ent˜ao R(λ−A) =E para todoλ >0.
16 1.3 O Teorema de Lumer-Phillips
(c) SeD(A) =E ent˜ao A´e fech´avel.
Prova. A afirmativa (a) foi provada no Teorema de Lumer-Phillips. Para provar (b) sejam e∈D( ¯A), f = ¯Ae. Ent˜ao existe uma sequˆencia {en} ⊂D(A) tal queen →ee Aen →f = ¯Ae.
Do Lema 1.2 segue quekλen−AenkE ≥λkenkE, paraλ >0 e fazendo n→ ∞temos
kλe−Ae¯ kE ≥λkekE, λ >0. (1.12)
Como (1.12) vale para todoe∈D( ¯A), segue que ¯A´e dissipativo pelo Lema 1.2. Para provar (c) admita queA n˜ao ´e fech´avel. Ent˜ao existe uma sequˆencia{en} ⊂D(A),en→0 eAen→f com
kfkE = 1. Do Lema 1.2 segue que para todo t >0 ee∈D(A)
k(e+t−1en)−tA(e+t−1en)kE ≥ ke+t−1enkE.
Fazendo primeiron→ ∞, temos
ke−tAe−fkE ≥ ke|E.
e se t→0 ent˜ao
ke−fkE ≥ kekE
para todoe∈D(A). Mas isto ´e imposs´ıvel seD(A) ´e denso emE e portantoA´e fech´avel. ¤ Teorema 1.9 Seja A dissipativo com R(I−A) =E. Se E ´e reflexivo ent˜aoD(A) =E.
Prova. Seja e∗ ∈ E∗ tal que he∗, ei = 0 para todo e∈D(A). Mostraremos quee∗ = 0. Como R(I−A) =E, ´e suficiente mostrar quehe∗, e−Aei= 0 para todoe∈D(A), o que ´e equivalente a
he∗, Aei= 0 para todoe∈D(A). Sejae∈D(A) ent˜ao, pelo Teorema 1.8 (a), existe umental que
e=en−(1/n)Aen. ComoAen=n(en−e)∈D(A), ent˜aoen∈D(A2) eAe=Aen−(1/n)A2en,
ou seja,Aen= (I−(1/n)A)−1Ae. Do Lema 1.2 segue quek(I−(1/n)A)−1kL(E)≤1 e portanto
kAenkE ≤ kAekE =C. Tamb´em, ken−ekE ≤(1/n)kAenkE ≤(1/n)kAekE e portanto en →e.
ComokAenkE ≤C eE´e reflexivo, existe uma subsequˆenciaAenk deAental queAenk
w
−→f (na topologia fraca). ComoA ´e fechado (veja Teorema de Lumer-Phillips (ii)), segue que f = Ae. Finalmente, comohe∗, zi= 0 para todoz∈D(A), temos
he∗, Aenki=he∗, nk(enk−e)i=nkhe∗, enk−ei= 0. (1.13) Fazendo nk → ∞ em (1.13) temos he∗, Aei = 0. Isto vale para e ∈ D(A) e portanto e∗ = 0 e
D(A) =E. ¤
1.4
F´
ormulas exponenciais
Teorema 1.10 Seja {T(t) :t≥0} um semigrupo fortemente cont´ınuo emE. Se
A(h)e= T(h)e−e h
ent˜ao para todo e∈E temos
T(t)e= lim
h→0+e
tA(h)e (1.14)
e o limite ´e uniforme em t em qualquer intervalo limitado deR.
Prova. SejakT(t)kL(E) ≤Meωt com ω ≥0 e seja A o gerador infinitesimal de {T(t) : t≥ 0}.
Como para todoh > 0 A(h) ´e limitado, o semigrupo et A(h) est´a bem definido. Adicionalmente A(h) e T(t) comutam, logo o mesmo ocorre comet A(h) eT(t). Ainda
ket A(h)kL(E) ≤e−t/h ∞ X k=0 µ t h ¶k
kT(hk)kL(E)
k! ≤Me t
h(eωh−1).
Portanto, para 0< h≤1 temos
ket A(h)kL(E) ≤Met(e
ω−1) .
´
E f´acil ver que para e∈D(A), a aplica¸c˜ao s7→e(t−s)A(h)T(s)e´e diferenci´avel e que d
ds
³
e(t−s)A(h)T(s)e´ =−A(h)e(t−s)A(h)T(s)e+e(t−s)A(h)AT(s)e=
=e(t−s)A(h)T(s)(Ae−A(h)e). Consequentemente, para 0< h≤1 ee∈D(A) temos
kT(t)e−et A(h)ekL(E) = ° ° ° ° Z t 0 d ds ¡
e(t−s)A(h)T(s)e¢
ds
° ° ° °
L(E)
≤
≤
Z t
0 k
e(t−s)A(h)kL(E)kT(s)kL(E)dskAe−A(h)ekE ≤
≤tM2et(eω+ω−1)
kAe−A(h)ekE.
Fazendo h → 0+ obtemos (1.14) para e ∈ D(A). Como ambos ket A(h)kL(E) e kT(t)kL(E) s˜ao uniformemente limitados em qualquer intervalo limitado deRe comoD(A) ´e denso emEobtemos
que (1.14) vale para todoe∈E. ¤
Teorema 1.11 (O Segundo Limite Fundamental) Seja {T(t) : t ≥ 0} um semigrupo fortemente cont´ınuo em E. Se A ´e o seu gerador infinitesimal, ent˜ao
T(t)e= lim
n→∞ µ
I− t nA
¶−n
e= lim
n→∞ ·
n t
³n
t −A
´−1¸n
e, ∀e∈E
18 1.4 F´ormulas exponenciais
Prova. Admita que kT(t)kL(E) ≤Meωt. Vimos no Teorema 1.2 que paraReλ > ω, (λ−A)−1
´e anal´ıtica em λe que
(λ−A)−1e=
Z ∞
0
e−λsT(s)e ds, e∈E. (1.15) Para tfixo ensuficientemente grande (n/t > ω), derivandonvezes em λ, substituindo s=vt e tomandoλ=n/t em (1.15) encontramos
· ³n
t −A
´−1¸(n)
e= (−1)ntn+1
Z ∞
0
(ve−v)nT(tv)edv. Mas
£
(λ−A)−1¤(n) = (−1)nn!(λ−A)−n−1 e portanto
·
n t
³n
t −A
´−1¸n+1
e= n
n+1
n!
Z ∞
0
(ve−v)nT(tv)e dv. Notando que
n+ 1 n!
Z ∞
0
(ve−v)ndv= 1 obtemos
·
n t
³n
t −A
´−1¸n+1
e−T(t)e= n
n+1
n!
Z ∞
0
(ve−v)n[T(tv)e−T(t)e]dv. (1.16) Dadoǫ >0 escolhemos 0< a <1< b <∞ tal quet∈[0, t0] implica
kT(tv)e−T(t)ekL(E)< ǫ, a≤v≤b.
Ent˜ao quebramos a integral em trˆes integrais I1, I2, I3 nos intervalos [0, a], [a, b] e [b,∞)
respectivamente e temos
kI1kL(E)≤
nn+1 n! (ae
−a)nZ a
0 k
T(tv)e−T(t)ekL(E)dv,
kI2kL(E)≤ǫ
nn+1 n!
Z b
a
(ve−v)ndv < ǫ,
kI3kL(E)=k
nn+1 n!
Z ∞
b
(ve−v)n(T(tv)e−T(t)e)dvkL(E).
Aqui usamos o fato queve−v ≥0 ´e n˜ao decrescente para 0≤v ≤1 e n˜ao crescente para v≥1. Como adicionalmente ve−v < e−1 para v 6= 1, kI1kL(E) → 0 uniformemente para t ∈ [0, t0]
quandon→ ∞. Escolhendon > ωt emI3, vemos que a integral na estimativa deI3, converge e
quekI3kL(E) →0 uniformemente parat∈[0, t0] quando n→ ∞. Consequentemente
lim sup n→∞ ° ° ° ° ° · n t ³n
t −A
´−1¸n+1
e−T(t)e
° ° ° ° °
L(E)
e comoǫ >0 ´e arbitr´ario temos lim
n→∞ ·
n t
³n
t −A
´−1¸n+1
e=T(t)e. Ainda
lim
n→∞
n t
³n
t −A
´−1
e=e.
e o resultado segue. ¤
1.5
Pseudo-resolventes
SejaA um operador fechado e densamente definido emE. Seµ eλest˜ao emρ(A), ent˜ao temos o que chamamos de identidade do resolvente
(λI−A)−1−(µI−A)−1 = (µ−λ)(λI−A)−1(µI−A)−1. De fato,
(µ−λ)(λI−A)−1(µI−A)−1=µ(λI−A)−1(µI−A)−1−λ(λI−A)−1(µI−A)−1= =£
µ(λI−A)−1−λ(λI−A)−1¤
(µI−A)−1= =£
µ(λI−A)−1−[I+A(λI−A)−1]¤
(µI−A)−1 = =£
−I+ (λI−A)−1(µI−A)¤
(µI−A)−1 = = (λI−A)−1−(µI−A)−1.
Motivado por isto definimos
Defini¸c˜ao 1.8 Seja ∆ um subconjunto do plano complexo. Uma fam´ılia {J(λ), λ ∈ ∆}, de operadores lineares limitados em E satisfazendo
J(λ)−J(µ) = (µ−λ)J(λ)J(µ), λ, µ∈∆ (1.17)
´e chamado umpseudo-resolventeem ∆. ¤
O objetivo final desta se¸c˜ao ´e determinar condi¸c˜oes sob as quais existe um operador fechado e densamente definidoA tal queJ(λ) ´e o resolvente deA.
20 1.5 Pseudo-resolventes
Prova. Por (1.17) segue queJ(λ) eJ(µ) comutam paraλ, µ∈∆. Vejamos, seλ6=µ, J(λ)J(µ) = J(λ)−J(µ)
λ−µ =
J(µ)−J(λ)
µ−λ =J(µ)J(λ). Tamb´em, reescrevendo (1.17) na forma
J(λ) =J(µ)[I+ (µ−λ)J(λ)]
obtemos queR(J(µ))⊃R(J(λ)) e por simetria temos a igualdade. SemelhantementeN(J(λ)) = N(J(µ)). ComoJ(λ) ´e um operador linear limitado para cada λ∈∆, segue que N(J(λ))⊂E
´e um subespa¸co fechado. ¤
Teorema 1.12 Seja ∆ um subconjunto deC e seja J(λ) pseudo-resolvente em ∆. Ent˜ao,J(λ)
´e o resolvente de um operador (unicamente definido) linear fechado e densamente definido se, e somente se, N(J(λ)) ={0} eR(J(λ)) ´e denso emE.
Prova.SeJ(λ) ´e o resolvente de um operador fechado e densamente definidoA:D(A)⊂E →E, ent˜aoJ(λ) = (λI−A)−1 :R(λI−A)→D(A). Logo, N(J(λ)) ={0}eR(J(λ)) =D(A) ´e denso
emE. Por outro lado, admita queN(J(λ)) ={0} e R(J(λ)) ´e denso em E. DeN(J(λ)) ={0}
segue queJ(λ) ´e um-a-um. Seja λ0 ∈∆ e defina
A=λ0I−J(λ0)−1 :R(J(λ0))−→E.
Note queAest´a bem definido, pois para cada e∈R(J(λ)), λ, µ∈∆
J(λ)J(µ)[J(µ)−1e−J(λ)−1e] =J(λ)e−J(µ)e= (µ−λ)J(λ)J(µ)e assim,
J(µ)−1e−J(λ)−1e= (µ−λ)e e portanto,
λe−J(λ)−1e=µe−J(µ)−1e,
ou seja, λ0 −J(λ0)−1 ´e independente de λ0. Observe que A assim definido ´e claramente
li-near, fechado, pois J(λ0) ´e linear limitado, e ainda, A ´e densamente definido, j´a que D(A) =
D(J(λ−01)) =R(J(λ0)). Da defini¸c˜ao deA, ´e claro que
(λ0I−A)J(λ0) =I =J(λ0)(λ0I−A),
e portantoJ(λ0) = (λ0I−A)−1. Seλ∈∆, ent˜ao
(λI−A)J(λ) = ((λ−λ0)I+ (λ0I −A))J(λ) =
= ((λ−λ0)I+ (λ0I −A))J(λ0)[I −(λ−λ0)J(λ)] =
=I+ (λ−λ0)[J(λ0)−J(λ)−(λ−λ0)J(λ0)J(λ)] =
e semelhantemente J(λ)(λI −A) = I. Portanto, J(λ) = (λI −A)−1 para todo λ ∈ ∆. Em particular,A´e unicamente determinado por J(λ). ¤
A seguir damos condi¸c˜oes suficientes para que pseudo-resolventes sejam resolventes.
Teorema 1.13 Seja ∆ ⊂ C ilimitado e seja J(λ) um pseudo-resolvente em ∆. Se R(J(λ)) ´e
denso em E e existe uma sequˆenciaλn∈∆ com |λn| → ∞ e
kλnJ(λn)kL(E) ≤M (1.18)
para alguma constanteM, ent˜aoJ(λ)´e o resolvente de um ´unico operador fechado e densamente definido.
Prova. Como|λn| → ∞, segue de (1.18) que kJ(λn)kL(E)→0 quandon→ ∞. Seja µ∈∆. De
(1.17) deduzimos que
k(λnJ(λn)−I)J(µ)kL(E)=k(µJ(µ)−I)J(λn)kL(E)→0, n→ ∞.
Portanto, see∈R(J(µ)) temos
λnJ(λn)e→e, n→ ∞. (1.19)
Como R(J(µ)) ´e denso em E e λnJ(λn) ´e uniformemente limitada, temos que (1.19) vale para
todo e ∈ E. Agora, se e ∈ N(J(λ)), ent˜ao λnJ(λn)e = 0 e de (1.19) deduzimos que e = 0.
Portanto N(J(λ)) ={0} e, do Teorema 1.12,J(λ) ´e o resolvente de um ´unico operador fechado
e densamente definidoA. ¤
Corol´ario 1.2 Seja ∆ ⊂ C ilimitado e J(λ) um pseudo-resolvente em ∆. Se existe uma
seq¨uˆencia λn∈∆ tal que|λn| → ∞ quandon→ ∞ e
lim
n→∞λnJ(λn)e=e, ∀e∈E, (1.20)
ent˜ao J(λ) ´e o resolvente de um operador (unicamente definido) fechado e densamente definido
A.
22 1.6 O semigrupo dual e o Teorema de Stone
1.6
O semigrupo dual e o Teorema de Stone
Come¸camos com alguns resultados b´asicos sobre operadores duais. Lema 1.4 Seja S ∈L(E); ent˜ao,S∗ ∈L(E∗) e kSkL(E)=kS∗kL(E).
Prova. E f´acil ver que´ S∗ ´e operador linear fechado. Al´em disso, para todo e∗ ∈E∗,he∗, Sei ´e
um funcional linear cont´ınuo e portanto determina um ´unico elemento f∗ ∈ E∗ para o qual
hf∗, ei = he∗, Sei. Logo, D(S∗) = E∗. Segue ent˜ao do Teorema do Gr´afico Fechado que
S∗∈L(E∗). Adicionalmente,
kS∗k
L(E∗) = sup
{ke∗k
E∗≤1}kS∗e∗kE∗ = sup
{ke∗k
E∗≤1}sup{kekE≤1}|hS∗e∗, ei|= = sup{kek≤1}sup{ke∗k
E∗≤1}|he∗, Sei|= sup{kekE≤1}kSekE = =kSkL(E),
e o resultado segue. ¤
Lema 1.5 Seja Aum operador linear densamente definido em E. Seλ∈ρ(A) ent˜aoλ∈ρ(A∗)
e
(λI−A∗)−1 = ((λI−A)−1)∗.
Prova. Da defini¸c˜ao de adjunto temos (λI−A)∗ =λI∗−A∗. Como (λI−A)−1 ∈L(E) segue do Lema 1.4 que ((λI −A)−1)∗ ∈ L(E∗). Resta mostrar que (λI∗ −A∗)−1 existe e ´e igual a ((λI −A)−1)∗. Primeiramente mostremos que λI∗ −A∗ ´e injetor. Se para algum e∗ 6= 0, e∗ ∈D(A∗), tivermos (λI∗−A∗)e∗= 0, ent˜ao 0 =h(λI∗−A∗)e∗, ei=he∗,(λI−A)ei para todo
e∈D(A). Mas como λ∈ρ(A), R(λI−A) = E e portanto e∗ = 0, contradizendo a escolha de e∗. Portanto, λI∗−A∗ ´e injetor. Se agorae∈E,e∗ ∈D(A∗), ent˜ao
he∗, ei=he∗,(λI−A)(λI−A)−1ei=h(λI∗−A∗)e∗,(λI−A)−1ei=h((λI−A)−1)∗(λI∗−A∗)e∗, ei e portanto
((λI−A)−1)∗(λI∗−A∗)e∗=e∗, ∀e∗ ∈D(A∗). Por outro lado see∗ ∈E∗ e e∈D(A) ent˜ao
he∗, ei=he∗,(λI−A)−1(λI−A)ei=h((λI−A)−1)∗e∗,(λI−A)ei=h(λI−A)∗((λI−A)−1)∗e∗, ei
o que implica que
(λI∗−A∗)((λI−A)−1)∗e∗ =e∗, ∀e∗ ∈E∗.
Seja{T(t) :t≥0}um semigrupo fortemente cont´ınuo em E. Parat >0 seja{T(t)∗:t≥0}
o semigrupo dual. O semigrupo dual n˜ao precisa ser fortemente cont´ınuo emE∗.
Defini¸c˜ao 1.9 Seja S um operador linear em E e seja F um subespa¸co de E. O operador S˜
definido por D( ˜S) ={e∈D(S)∩F :Se∈F} e Se˜ =Se para e∈D( ˜S) ´e chamado parte de S
em F. ¤
Teorema 1.14 Seja {T(t) : t ≥ 0} um semigrupo fortemente cont´ınuo em E com gerador infinitesimal A e {T(t)∗ : t ≥ 0} o semigrupo dual. Se A∗ ´e o adjunto de A e E⊙ ´e o fecho de D(A∗) em E∗, ent˜ao a restri¸c˜ao {T(t)⊙ : t ≥ 0} de {T(t)∗ : t ≥ 0} a E⊙ ´e um semigrupo
fortemente cont´ınuo em E⊙. O gerador infinitesimal A⊙ de{T(t)⊙:t≥0} ´e a parte deA∗ em
E⊙.
Prova. Como A ´e o gerador infinitesimal de {T(t) : t ≥ 0}, da Forma Geral do Teorema de Hille-Yosida, existem constantesω eM tais que para todo λ > ω, temosλ∈ρ(A) e
k(λ−A)−nkL(E) ≤ M
(λ−ω)n, n= 1,2,· · ·
Segue ent˜ao do Lema 1.5 que λ∈ρ(A∗) e do Lema 1.4 que
k(λI∗−A∗)−nkL(E∗)≤ M
(λ−ω)n, n= 1,2,· · ·
SejaJ(λ) a restri¸c˜ao de (λI∗−A∗)−1 a E⊙. Ent˜ao
kJ(λ)nkL(E⊙)≤
M
(λ−ω)n, n= 1,2,· · · (1.21)
Observe queA∗ ´e fechado eE⊙=D(A∗) emE∗ e ent˜ao da identidade do resolvente,
J(λ)−J(µ) = (µ−λ)J(λ)J(µ), λ, µ > ω
e J(λ) ´e um pseudo-resolvente em (0,∞) ⊂ C. Exatamente como na prova do Teorema de Hille-Yosida, temos que
λJ(λ) = (I∗−λ−1A∗)−1=I∗+A∗J(λ). Para e∈D(A∗), segue que
kλJ(λ)e∗−e∗kE⊙ =kA∗J(λ)e∗kE⊙ =kJ(λ)kL(E⊙)kA∗e∗kE⊙ ≤
≤ (λM −ω)kA
∗e∗k
24 1.6 O semigrupo dual e o Teorema de Stone
ComoD(A∗) =E⊙, segue que
lim
λ→∞λJ(λ)e
∗ =e∗, ∀e∗ ∈E⊙.
Segue do Corol´ario 1.2 que J(λ) ´e o resolvente de um operador fechado e densamente definido A⊙ emE⊙. Ainda, segue de (1.21) e da Forma Geral do Teorema de Hille-Yosida, que A⊙ ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo fortemente cont´ınuo{T(t)⊙ :t≥0}em E⊙.
Vamos mostrar que {T(t)⊙ : t ≥ 0} ´e a restri¸c˜ao de {T(t)∗ : t ≥ 0} a E⊙. Para e ∈ E e e⊙ ∈E⊙ temos
*
e⊙,
µ
I− t nA
¶−n
e
+
=
* µ
I⊙− t nA
⊙ ¶−n
e⊙, e
+
, n= 1,2,3· · · Fazendo n→ ∞ e usando o Teorema 1.11, obtemos
he⊙, T(t)ei=hT(t)⊙e⊙, ei.
Segue que parae⊙ ∈E⊙,T(t)∗e⊙=T(t)⊙e⊙ e assim T(t)⊙ ´e a restri¸c˜ao de T(t)∗ a E⊙.
Para concluir a prova temos que mostrar que A⊙ ´e a parte de A∗ em E⊙. Sejae∗ ∈D(A∗) tal quee∗ ∈E⊙ eA∗e∗ ∈E⊙. Ent˜ao (λI∗−A∗)e∗∈E⊙ e
(λI⊙−A⊙)−1(λI∗−A∗)e∗ =e∗.
Portanto e∗ ∈ D(A⊙) e aplicando λI⊙ −A⊙ em ambos os lados da igualdade acima temos
(λI∗−A∗)e∗ = (λI⊙−A⊙)e∗ e portantoA⊙e∗=A∗e∗. Isto mostra queA⊙ ´e a parte deA∗ em
E∗. ¤
O seguinte resultado identifica alguns casos em que o semigrupo dual ´e fortemente cont´ınuo. Lema 1.6 Seja E um espa¸co de Banach real reflexivo. Se S : D(S) ⊂ E → E ´e fechado e densamente definido ent˜aoD(S∗) ´e denso emE∗.
Prova. Se D(S∗) n˜ao ´e denso em E∗, ent˜ao existe um elemento e0 ∈ E tal que e0 6= 0 e
he∗, e0i= 0, para todoe∗ ∈D(S∗). ComoS´e fechado seu gr´afico ´e fechado e n˜ao cont´em (0, e0).
Da Forma Geom´etrica do Teorema de Hahn-Banach existem,e∗
1 ee∗2 emE∗ eα∈Rtais que
he∗1, ei+he∗2, Sei< α <he∗2, e0i, ∀e∈D(S)
e ent˜ao
he∗1,0i+he∗2, Sei= 0, ∀e∈D(S) (1.22) e
he∗2, e0i>0. (1.23)
Segue de (1.22) que e∗2 ∈ D(S∗), com S∗e∗2 = −e∗1 e ent˜ao he∗2, e0i = 0, o que contradiz (1.23).
Corol´ario 1.3 Seja E um espa¸co de Banach reflexivo e{T(t) :t≥0}um semigrupo fortemente cont´ınuo em E com gerador infinitesimalA. O semigrupo dual {T(t)∗ :t≥0} de {T(t) :t≥0}
´e um semigrupo fortemente cont´ınuo emE∗ cujo gerador infinitesimal ´eA∗.
Prova. Pelo Lema 1.6,D(A∗) =E∗. Da´ı, tome E⊙=E∗ no Teorema 1.14, e o resultado segue.
¤
Uma vez que a restri¸c˜ao de T(t)∗ ao subespa¸co E⊙ ´e um semigrupo fortemente cont´ınuo, estamos exatamente na mesma posi¸c˜ao que come¸camos. Em um espa¸co de Banach E⊙ e com
um semigrupo fortemente cont´ınuo{T(t)⊙:t≥0} gerado pela parteA⊙ deA∗ em E⊙.
Podemos introduzir o espa¸co E⊙∗ e o semigrupo dual T(t)⊙∗ que ´e fortemente cont´ınuo em E⊙⊙:=D(A⊙∗).
A dualidade entre os elementos deE e E⊙ pode ser usada para definir uma imers˜aoj (note queE⊙ ´e fraco-∗denso em E∗) de E emE⊙∗ com
hje, e⊙iE⊙∗,E⊙ =he⊙, eiE⊙,E.
´
E claro que
T(t)⊙∗je=j(T(t)e)
e portanto j(E)⊂E⊙⊙. Sempre que j(E) =E⊙⊙ chamaremos E de ⊙−reflexivo com respeito ao semigrupo {T(t) :t≥0}.
Seja H um espa¸co de Hilbert. Um operador limitado U ´e unit´ario se U∗ = U−1. Recorde que U ´e unit´ario se e somente se R(U) =H e U ´e uma isometria. De fato, seU∗U =I, ent˜ao e1, e2∈H,
hU e1, U e2i=hU∗U e1, e2i=he1, e2i.
Tomandoe1 =e2 segue queU ´e uma isometria e R(U) =H. Por outro lado, se R(U) =H e U
´e uma isometria, ent˜aoU ´e invers´ıvel e
hU∗U e, ei=hU e, U ei=kU ek2 =kek2 =he, ei, ∀e∈H. Portanto,U∗U=I.
Defini¸c˜ao 1.10 Umgrupo de operadoreslineares emE´e uma fam´ılia{T(t) :t∈R} ⊂L(E)
tal que
(i) T(0) =IE,
(ii) T(t+s) =T(t)T(s), para todot, s∈R.
26 1.6 O semigrupo dual e o Teorema de Stone
(iii) kT(t)e−ekE →0 quandot→0, ∀e∈E, dizemos que o grupo ´e fortemente cont´ınuo.
¤
Teorema 1.15 (Stone) Um operador A ´e o gerador infinitesimal de um grupo fortemente cont´ınuo de operadores unit´arios em um espa¸co de HilbertH se, e somente se,iA´e auto-adjunto.
Prova.SeA´e o gerador de um grupo fortemente cont´ınuo de operadores unit´arios{U(t) :t∈R}, ent˜aoA´e densamente definido e utilizando o Corol´ario 1.3 obtemos, parax∈D(A),
−Ax= lim
t→0+
U(−t)x−x
t = limt→0+
U∗(t)x−x
t =A∗x o que implicaA=−A∗ e portanto (iA)∗ =iA eiA´e auto-adjunto.
Se por outro lado iA ´e auto adjunto ent˜aoA ´e densamente definido e A =−A∗. Portanto, para todox∈D(A) temos
hAx, xi=hx, A∗xi=−hAx, xi
e portanto RehAx, xi = 0 para todo x ∈ D(A), isto ´e, A ´e dissipativo. Al´em disso, como A=−A∗, ent˜ao RehA∗x, xi= 0 para todox∈D(A) =D(A∗) e assimA∗ tamb´em ´e dissipativo.
Logo A e A∗ s˜ao densamente definidos e fechados e como A∗∗ =A, do Corol´ario 1.1, ambos A e A∗ = −A s˜ao geradores infinitesimais de semigrupos fortemente cont´ınuos de contra¸c˜oes em
H. Se {U+(t) : t ≥ 0} e {U−(t) : t ≥ 0} s˜ao os semigrupos de contra¸c˜oes gerados por A e A∗
respectivamente, definimos
U(t) =
U+(t), t≥0,
U−(−t), t≤0.
Ent˜aoU(t) ´e um grupo. De fato, comoAe−As˜ao geradores de semigrupos fortemente cont´ınuos U+(t) eU−(−t) que comutam, se W(t) =U+(t)U−(t), t≥0, ent˜ao para x∈D(A) =D(−A),
W(t)x−x
t =U−(t)
U+(t)x−x
t +
U−(t)x−x
t →Ax−Ax= 0, quando t→0
+.
Assim, seG(t) =W(t)x,t≥0, temos G(0) =x e G′(0) = 0. Al´em disso,
G(t+h)−G(t)
h =
W(t+h)x−W(t)x
h =W(t)
W(h)x−x
h →W(t)G
′(0) = 0 quandoh→0+.
Logo, G′(t) = 0, para todo t ≥ 0 e G ´e constante. Da´ı, como G(0) = x para cada x ∈ D(A), temos que W(t)x =x, ∀x ∈D(A), t≥0. Como D(A) ´e denso em H e W(t) ´e limitado temos queW(t) =I, ou seja,U−(t) = (U+(t))−1. Com isto, obtemos
ii) U(t+s) =U(t)U(s), −∞< t, s <∞. De fato, se t, s >0 ou t, s <0 a igualdade segue, j´a que{U+(t) :t≥0}e {U−(t) :t≥0} s˜ao semigrupos. Seja s <0< t. Se t+s≥0, ent˜ao
U(t+s)U(−s) =U+(t+s)U+(−s) =U+(t)
e assim
U(t+s) =U+(t)U+(−s)−1 =U+(t)U−(−s) =U(t)U(s).
Por outro lado, set+s≤0, ent˜ao
U(−t)U(t+s) =U−(t)U−(−t−s) =U−(−s) e assim
U(t+s) = (U−(t))−1U−(−s) =U+(t)U−(−s) =U(t)U(s).
Mostramos assim que{U(t) :t∈R}´e grupo. Al´em disso, como{U+(t) :t≥0}e{U−(t) :t≥0} s˜ao semigrupos fortemente cont´ınuos, segue que{U(t) :t∈R}´e um grupo fortemente cont´ınuo. Finalmente, observe que como U(t)−1 = U(−t), kU(t)k ≤ 1, kU(−t)k ≤ 1, segue que
R(U(t)) = H e U(t) ´e uma isometria para todo t e portanto U(t) ´e um grupo unit´ario de
operadores sobreH, como quer´ıamos. ¤
1.7
Transformada inversa de Laplace
Vimos no Teorema 1.2 (5) que
(λ−A)−1 =
Z ∞
0
e−λtT(t)dt,
se Reλ´e grande. Isto sugere que usando a transformada inversa de Laplace poderemos encontrar T(t), conhecido A. No que segue perseguimos este objetivo.
Lema 1.7
(a)
Z ∞
−∞
sent t dt=π
(b) Sef :R→C´e tal que f(t)/(1 +|t|) ´e integr´avel em R e
Z 1
−1 ¯ ¯ ¯ ¯
f(t)−f(0) t
¯ ¯ ¯ ¯
dt <∞, ent˜ao
Z ∞
−∞
f(t)senN t
28 1.7 Transformada inversa de Laplace R r 0 γ Figura 1.1:
Prova. (a)Note que seγ ´e a curva da Figura 1.1 no plano complexo, pelo Teorema de Cauchy, temos que
0 =
Z −r
−R
eit
t dt+
Z R
r
eit
t dt+i
Z 0
π
eireiθ dθ+i
Z π
0
eiReiθ dθ. Note que ¯ ¯ ¯ ¯ Z π 0
eiReiθ dθ ¯ ¯ ¯ ¯≤ Z π 0
e−Rsenθdθ→0, quandoR → ∞e o resultado segue quando r →0.
(b)
Z 1
−1
senN t πt dt=
Z N
−N
sent πt dt=
1 π
Z N
−N
sent
t dt→1, quando N → ∞ (1.24) e
Z ∞
−∞
f(t)senN t
πt dt−f(0)
Z 1
−1
senN t πt dt=
Z
|t|≤1
f(t)−f(0)
πt senN t dt+
Z
|t|≥1
f(t)
πt senN t dt. (1.25)
Como Z 1 −1 ¯ ¯ ¯ ¯
f(t)−f(0) t
¯ ¯ ¯ ¯
dt <∞, segue do Lema de Riemann-Lebesgue que
Z 1
−1
f(t)−f(0)