O Brasil Pode Mais:
Uma Agenda de Reformas
Macroeconômicas para o
Crescimento Sustentado com
Estabilidade de Preços
José Luis Oreiro
Professor do Departamento de
Performance Macroeconômica
Pontos positivos:
Aceleração do crescimento da economia brasileira
Manutenção da estabilidade da inflação conseguida
após o Plano Real.
Redução (moderada) da dívida líquida do setor
público como proporção do PIB.
Evolução da Taxa Média de Crescimento do PIB (1995-2009)
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
Evolução da Inflação (IPCA) no período 2003-2009
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Dívida Pública e Superávit Primário (2003-2009)
0 10 20 30 40 50 60
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5
Evolução da Participação dos Salários na Renda (2003-2007)
0,395 0,4 0,405 0,41 0,415 0,42 0,425
Análise
Questão: a performance positiva da economia brasileira a nível macroeconômico no período 2003-2009 se deveu aos méritos próprios do governo Lula ou a um contexto internacional extremamente favorável no período em consideração?
A estabilidade macroeconômica (inflação estável e finanças públicas relativamente em ordem) se deveu a manutenção da “agenda econômica” do governo Fernando Henrique Cardoso (metas de inflação, câmbio flutuante e superávit primário), ao passo que o crescimento mais forte se deveu a aceleração do crescimento da economia mundial nesse período, o que gerou um forte aumento das exportações e dos termos de troca no início da “era Lula”.
Crescimento espetacular das exportações (em valor, não em quantum) em 2003 e 2004 gera um forte aumento da renda a partir de 2004 devido ao assim chamado “multiplicador dinâmico do comércio externo” (Harrod).
O crescimento das exportações na era Lula, no entanto, deve-se mais
ao forte crescimento da economia mundial na década passada (o qual permitiu uma forte recuperação dos termos de troca e dos preços dos bens exportados) do que a uma política pró-exportação do governo.
A política econômica do governo Lula foi, em geral, prejudicial ao
aumento das exportações (apreciação forte da taxa de câmbio).
As exportações brasileiras cresceram muito apesar do governo.
O Grande Salto das Exportações
Evolução da Taxa de Crescimento das Exportações (1995-2008)
-10 -5 0 5 10 15 20 25 30 35
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Recuperação dos Termos de Troca
Evolução dos Termos de Troca da Economia Brasileira (1995-2009)
85 90 95 100 105 110 115
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Menos quantidades, preços
maiores
Evolução dos Preços e do Quantum Exportado pela Economia Brasileira (1995-2008)
-15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 30
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
-10 -5 0 5 10 15 20 25
Estabilidade macroeconômica permitiu
crescimento do crédito e do consumo
Evolução do Crédito e do Consumo (2003-2009)
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
-1 0 1 2 3 4 5 6 7
Apesar do crescimento recente, o
Brasil está ficando pra trás ...
Crescimento do Brasil e do Mundo (1995-2008)
0 1 2 3 4 5 6 7
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 0 1 2 3 4 5 6
Fragilidades da Macroeconomia
Brasileira na Era Lula
Baixa taxa de investimento.
Custo do Capital elevado
Fragilidade Financeira do Estado Brasileiro.
Reaparecimento dos déficits em conta-corrente.
Tendência a apreciação da taxa de câmbio.
Aumento da participação dos produtos básicos
na pauta de exportações.
Perda de participação da indústria no PIB
O investimento ainda é baixo
Evolução da Taxa de Investimento a Preços Constantes (1995-2009)
12 13 14 15 16 17 18
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Os juros
básicos c
ontinuam
altos,
apesar
de terem
caído muit
o
E vol uç ã o da M e ta da Ta x a S e lic (2 00 3-2 00 9)0 5 10 15 20 25 30
O spread bancário continua
elevado
Evolução do Spread Bancário (2003-2010)
15 17 19 21 23 25 27 29 31 33
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Dinâm ica da Fragilidade Financeira do Setor Público Brasileiro (04/2003-03/2009)
-200000 -100000 0 100000 200000 300000 400000 500000 600000
04/2003-03/2004 04/2004-03/2005 04/2005-03/2006 04/2006-03/2007 04/2007-03/2008 04/2008-03/2009
0 1 2 3 4 5 6
04/2003-03/2004 04/2004-03/2005 04/2005-03/2006 04/2006-03/2007 04/2007-03/2008 04/2008-03/2009 Indice de Fragilidade Financeira do Setor Público Brasileiro (04/2003-03/2009)
A Volta dos que Não Foram ...
Evolução do Déficit em Conta Corrente/PIB no período 2003-2009)
-2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Sinais de Doença Holandesa?
Termos de Troca e Câmbio Real no Brasil (2003-2009)
86 88 90 92 94 96 98 100 102 104 106 108
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
0 20 40 60 80 100 120 140
Mais básicos, menos
industrializados
Relação entre o valor das exportações de produtos básicos e de produtos industrializados na economia brasileira (1995-2009)
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Câmbio e Desindustrialização
Câmbio e Participação da Indústria no PIB (2003-2009)
0 20 40 60 80 100 120 140
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
23 24 25 26 27 28 29 30 31
Uma Agenda de Reformas
Uma Nova Política Cambial
Criação de um
“fundo
de estabilização
cambial”
(FEC) com recursos do Tesouro Nacional.
O FEC atuará como
market-maker
no mercado de
câmbio.
Administração da taxa de câmbio com vistas a
garantir um câmbio competitivo a médio e
longo-prazo (câmbio flutuante administrado).
Adoção de controles abrangentes a entrada de
capitais no Brasil para reduzir o custo fiscal do
FEC.
Requerimento não-remunerado de depósito sobre todas
Reforma do Sistema Financeiro e
da Gestão da Dívida Pública.
Extinção das Letras Financeiras do Tesouro como forma de eliminar o contágio da política monetária pela dívida pública (redução da taxa de juros).
Holanda Barbosa (2006): Contaminação da política monetária pela dívida pública em decorrência da existência de títulos públicos indexados pela taxa de juros fixada pelo BCB nas operações de política monetária (as letras financeiras do tesouro).
As letras financeiras do tesouro são um título protegido contra a perda de capital advinda de variações da taxa básica de juros, de forma que as mesmas se tornam substitutos perfeitos das reservas bancárias.
Dessa forma, a taxa de juros do mercado interbancário é determinada pela taxa de retorno dos títulos públicos, ou seja, a política monetária sofre “contágio” da dívida pública.
Isso faz com que a curva de rendimentos prevalecente na economia brasileira seja quase horizontal, ou seja, ativos com diferentes prazos de maturidade paguem praticamente a mesma taxa de juros.
Novas regras de operação dos fundos de investimento com a extinção da liquidez diária das aplicações.
Alongamento do “prazo de maturidade” dos depósitos de poupança para, no mínimo, três meses.
Mudança no Regime de
Política Fiscal
Extinção da sistemática de
“metas
de superávit
primário”
e sua
substituição pela sistemática de
“metas
de superávit em conta-corrente
do
governo”
.
Necessária para garantir a expansão dos gastos de
investimento do setor público, principalmente em infra-estrutura.
Garante que o governo só irá se endividar para investir, não
para financiar consumo.
Meta de superávit em conta-corrente de, no mínimo, 5% do PIB.
Adoção de uma banda de variação de +/- 0,5% do PIB para
minimizar o risco de
“dominância
fiscal”
sobre a política
monetária.
Criação de um teto para o crescimento dos gastos de consumo e de
custeio do setor público em todos os níveis (federal, estadual e
municipal).
Flexibilização do Regime de
Metas de Inflação
Alongamento do prazo de convergência para a meta de inflação de 12 para
18 meses.
Adoção do
core inflation
ao invés do índice cheio como meta da política
monetária.
Desindexação dos contratos de preços administrados como forma de
reduzir a inércia inflacionária.
Maior interação entre o departamento econômico do BCB e as instituições
de pesquisa em economia no Brasil por intermédio da construção de
modelos de previsão de produto e inflação.
Essas medidas tem por objetivo suavizar o ajuste da política monetária a choques de demanda e de oferta, permitindo assim uma redução da taxa média de juros necessária para manter a inflação dentro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional.
Coordenação entre as políticas monetária e fiscal no âmbito do Conselho
Monetário Nacional.