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Ensaio em economia da saúde: análise da demanda no mercado de saúde suplementar utilizando um modelo econométrico de dados de contagem

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(1)

F

UNDAÇÃO

G

ETÚLIO

V

ARGAS

E

SCOLA DE

E

CONOMIA DE

S

ÃO

P

AULO

EESP

J

OAQUIM

H

ECK

E

NSAIO EM

E

CONOMIA DA

S

AÚDE

:

ANÁLISE DA DEMANDA NO MERCADO DE SAÚDE SUPLEMENTAR

UTILIZANDO UM MODELO ECONOMÉTRICO DE DADOS DE CONTAGEM

(2)

J

OAQUIM

H

ECK

E

NSAIO EM

E

CONOMIA DA

S

AÚDE

:

A

NÁLISE DA DEMANDA NO MERCADO DE

S

AÚDE

S

UPLEMENTAR

UTILIZANDO UM MODELO ECONOMÉTRICO DE DADOS DE CONTAGEM

Dissertação

apresentada

à

Escola de Economia de São

Paulo da Fundação Getúlio

Vargas, como requisito para

obtenção do título de Mestre em

Economia.

Campo de Conhecimento:

Economia da Saúde

Orientador: Prof. Dr. Lucas

Pedreira do Couto Ferraz

(3)

Heck, Joaquim.

Ensaio em Economia da Saúde: Análise da demanda no mercado de Saúde

Suplementar utilizando um modelo econométrico de dados de contagem / Joaquim

Heck. – 2012

207f.

Orientador: Lucas Pedreira do Couto Ferraz

Dissertação (MPFE) – Escola de Economia de São Paulo

1. Economia da saúde. 2. Serviços de saúde – Brasil. 3. Análise de

regressão. 4. Modelos econométricos. I. Ferraz, Lucas Pedreira do Couto. II.

Dissertação (MPFE) – Escola de Economia de São Paulo. III. Título.

(4)

J

OAQUIM

H

ECK

E

NSAIO EM

E

CONOMIA DA

S

AÚDE

:

A

NÁLISE DA DEMANDA NO MERCADO DE

S

AÚDE

S

UPLEMENTAR

UTILIZANDO UM MODELO ECONOMÉTRICO DE DADOS DE CONTAGEM

Dissertação apresentada à Escola de

Economia de São Paulo da

Fundação Getúlio Vargas, como

requisito para obtenção do título de

Mestre em Economia.

Campo de Conhecimento:

Economia da Saúde

Data de aprovação:

____/____/____

Banca examinadora

_____________________________

Prof. Dr. Lucas Pedreira do Couto

Ferraz

FGV-EESP

______________________________

Profa. Dra. Mayra Ivanoff Lora

FGV - EESP

______________________________

Profa. Dra. Ana Maria Malik

FGV - EAESP

(5)
(6)

Agradecimentos

Gostaria de agradecer, inicialmente, ao meu orientador, Prof. Dr. Lucas Pedreira do

Couto Ferraz, pelo estímulo e pela a possibilidade de ter compartilhado de seu

entusiasmo nas aulas de microeconomia, organização industrial e teoria econômica

dos contratos.

A Profa. Dra. Mayra Ivanoff Lora pelo apoio e sugestões na definição e realização

deste ensaio empírico.

Ao Prof. Dr. Ricardo Ratner Rochman, coordenador do curso de Mestrado

Profissional em Finanças e Economia da Escola de Economia de São Paulo da

Fundação Getúlio Vargas, pelo incentivo como aluno bolsista e otimismo durante

todo este curso. Aos professores do MPFE-EESP, de um modo geral, quero

agradecer a participação constante e o compromisso com a excelência acadêmica,

durante todas as etapas deste curso que culminou com esta dissertação.

A Profa. Dra. Marina Heck, pelo encorajamento pessoal e conselhos sempre

apropriados.

Aos colegas de MPFE-EESP, Erich Monch, Fabio Durso, Fabíola Gama, Marcos

Kawakami, Newton Arata, Paulo Dinis, Rafael Sbardella, Silvia Braga, Tiago

Sampaio, pela amizade.

Aos meus pais e irmãos que sempre estiveram ao meu lado me apoiando.

(7)

EDUCAÇÃO

“There is a time in every man’s education when he arrives at the

conviction that envy is ignorance; that imitation is suicide; that he

must take himself for better, for worse, as his portion; that though

the wide universe is full of good, no kernel of nourishing corn can

come to him but through his toil bestowed on that plot of ground

which is given to him to till. The power which resides in him is

new in nature, and none but he knows what that is, which he can

do, nor does he know until he has tried”.

(Ralph Waldo Emerson. Essays: First and Second

Series. Prepared by Joel Porte, New York. Vintage

Books / The Library of America, 1990.)

TRABALHO

“So what signifies

wishing

and

hoping

for better Times. We may

make these Times better if we bestir ourselves.

Industry need not

wish

, as

Poor Richard

says, and

He that lives upon Hope will die

fasting

.

There are no Gains, without Pains

; (…) If we are

industrious we shall never starve; for, as

Poor Richard

says,

At

the working Man’s House

Hunger

looks in, but dares not enter

.

(…)

God gives all Things to industry

.”

(8)

Resumo

Este ensaio apresenta um estudo sobre a demanda por serviço de saúde no

mercado de saúde suplementar utilizando, através de uma análise econométrica,

modelos de regressão de dados de contagem para verificar os fatores monetários e

não monetários que podem influenciar a quantidade demandada por este serviço, e

determinar se há risco moral na determinação desta demanda para no caso de um

modelo de visitas médicas de especialidade.

(9)

Abstract

This thesis discusses aspects of the demand for healthcare in the Brazilian private

health sector. We use econometric analysis of count data models to establish which

monetary and non-monetary parameters may influence the demand of healthcare.

Finally, we verify if there is any informational asymmetry effect such as moral hazard

in the determination of the demand for a case-study involving medical speciality

visits.

(10)

Lista de Figuras

Figura 2.1 – Organização do mercado de saúde. ... 7

Figura 2.2 – Quadrante IV do modelo de Grossman. ... 10

Figura 2.3 – Quadrante II do modelo de Grossman. ... 10

Figura 2.4 – Quadrante I do modelo de Grossman. ... 11

Figura 2.5 – Quadrante III do modelo de Grossman. ... 12

Figura 2.6 – Modelo simplificado de Grossman. ... 13

Lista de Gráficos

Gráfico 4.1 – Distribuição da variável número de visitas médicas de especialidade – VDL vmed e

variáveis decorrentes ... 49

Gráfico 4.2 – Histograma da variável número de visitas médicas de especialidade – VDL vmed e

variáveis decorrentes ... 50

Gráfico 4.3 – Histograma das variáveis explicativas – idade, idadefem, idadefem3040 e idadegavida

... 51

Lista de Tabelas

Tabela 3.1. Principais alterações trazidas pela regulamentação ... 22

Tabela 3.2. Resolução da ANS, segundo grupo de temas no período de 2000 a 2010 ... 24

Tabela 3.3. Evolução comparada entre população brasileira e beneficiários de planos de saúde

suplementar entre 2000 e 2010 ... 26

Tabela 4.1. Relação dos estudos de regressão de dados de contagem relativos à demanda por

serviços de saúde ... 41

Tabela 4.2. Características das tabelas utilizadas no levantamento de dados ... 43

Tabela 4.3. Descrição das variáveis ... 44

Tabela 4.4. Descrição das variáveis decorrentes ... 45

Tabela 4.5. Estatística Descritiva das variáveis ... 45

Tabela 4.6. Descrição das variáveis de interação ... 46

Tabela 4.7. Distribuição da variável número de visitas médicas de especialidade – VDL vmed e

variáveis decorrentes ... 48

(11)

Tabela 4.9. Relação das contagens nulas nos estudos de regressão de dados de contagem relativos à

demanda por serviços de saúde ... 61

Tabela 4.10. Testes de heterocedasticidade para as regressões OLS com VDLs vmed e vmed0 ... 63

Tabela 4.11. Critérios de informação AIC e BIC para as regressões OLS, Poisson, Binomial negativa,

hurdle Logit-Poisson e Logit-Binomial negativa ... 65

Tabela 4.12. Resultados dos testes de especificação dos modelos de regressão de dados de contagem

e modelos hurdle – VDL vmed e vmed0 ... 67

Tabela 4.13. Resultados dos estimadores para modelos de regressão de dados de contagem e

modelos hurdle – VDL vmed e vmed0 ... 81

(12)

Lista de Abreviaturas e Siglas

ABRAMGE

Associação brasileira de medicina de grupo

AIC

Akaike information criterion

ANS

Agência Nacional de Saúde

CAP

Caixas de Aposentadorias e Pensão

CID

Classificação internacional de doenças

CONASS

Conselho Nacional de Secretaries da Saúde

CONSU

Conselho de Saúde Suplementar

IAP

Instituto de Aposentadorias e Pensão

INPS

Instituto Nacional de Previdência Social

GEAP

Grupo Executivo de Assistência Patronal

LM

Multiplicador de Lagrange

LPM

Linear probability model

LR

Likelihood ratio ou razão de verossimilhança

OLS

Ordinary least square estimation

PMLE

Pseudo maximum likelihood estimation

PROCON

Fundação de Defesa e Proteção do Consumidor

SID

Supplier-induced demand

(13)

Lista de Símbolos

“diferencial”, operador matemático usado para a derivada

parcial da função ƒ’(x,y)

d

utilizado como operador matemático para derivada da função

ƒ(x) (e.g. ƒ’(x) = dƒ(x)/dx)

ƒ

função

M

Quantidade de serviços médicos no modelo de Grossman

n

número (e.g. número de períodos no tempo)

p

preço

p*

“p estrela”, nível de preço ótimo (o símbolo * ou “estrela” é

utilizado para indicar nível ótimo)

Q

x

quantidade do bem x

Q*

“Q estrela”, quantidade ótima

U

Utilidade

“U barra”, nível constante de utilidade utilizado para curvas de

indiferenças

X ou x utilizado como variável, usualmente a variável independente –

Quantidade de bens de consumo

Y ou y utilizado como variável, usualmente a variável dependente -

Função renda no modelo de Grossman

(14)

Sumário

Agradecimentos ... i

Resumo ... iii

Abstract ... iv

Lista de Figuras ... v

Lista de Gráficos ... v

Lista de Tabelas ... v

Lista de Abreviaturas e Siglas ... vii

Lista de Símbolos ... viii

Sumário ...ix

Capítulo 1 – Introdução ... 1

1.1 Motivação e justificativa do tema ... 1

1.2 Objetivos do estudo ... 2

1.3 Escopo do estudo ... 2

1.4 Estrutura da dissertação... 3

Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica ... 5

2.1 Economia da Saúde ... 5

2.1.1 Organização do mercado de saúde ... 7

2.1.2 Modelo de Grossman ... 9

2.2 Teoria dos Contratos e Incentivos e a economia da saúde ... 16

2.2.1 Mercado de saúde e assimetria de informação ... 17

2.2.2 Serviços médicos e

Supply-induced Demand

... 18

Capítulo 3 – Apresentação do setor de saúde suplementar brasileiro e sua regulamentação ... 19

3.1 Panorama do surgimento do setor de saúde suplementar no Brasil... 19

3.2 A regulamentação do setor e o papel da Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS ... 21

3.3 Panorama atual do setor de saúde suplementar ... 25

3.4 Impacto da regulação na estrutura do mercado ... 29

Capítulo 4 –Ensaio sobre a demanda na relação indivíduos e prestadores de serviços médicos ... 33

4.1 Introdução ... 33

4.2 Metodologia e dados utilizados ... 37

4.2.1 Metodologia ... 37

(15)

4.2.3 Estrutura dos dados microeconômicos ... 43

4.3 Modelos utilizados ... 52

4.3.1 Modelo de regressão de dados de contagem de Poisson e Binomial negativa ... 52

4.3.2 Modelo de regressão de dados de contagem modificado

hurdle

Poisson e

Logit-Binomial negativa ... 58

4.4 Apresentação dos testes e análise dos modelos ... 61

4.5 Apresentação e discussão dos resultados ... 68

4.5.1 Resultados dos modelos de regressão OLS e de dados de contagem de Poisson e Binomial

negativa ... 68

4.5.2 Resultados dos modelos de regressão de dados de contagem modificados

hurdle

Logit-Poisson e Logit-Binomial negativa ... 73

4.5.3 Resultados dos modelos de regressão de dados de contagem Binomial negativa e

hurdle

Logit-Binomial negativa com as variáveis de interação. ... 75

4.6 Comentários Finais ... 79

Capítulo 5– Conclusões ... 83

Referências Bibliográficas ... 85

Anexos ... 90

Anexo 4.1 – Distribuição de Poisson ... 90

Anexo 4.2 – Rotinas do Stata: Estatísticas Descritivas ... 91

Anexo 4.3 – Rotinas do Stata: Modelos de Regressão OLS e de dados de contagem de Poisson,

Binomial negativa, Hurdle Logit-Poisson e Logit-Binomial negativa ... 99

Anexo 4.4 – Rotinas do Stata: Modelos de Regressão em duas etapas Logit, Poisson e Binomial

negativa ... 105

Anexo 4.5.1 – Rotinas do Stata: Testesde Sobredispersão para os Modelos de Regressão de

Poisson para VDL

vmed

e

vmed0

... 107

Anexo 4.5.2 – Rotinas do Stata: Testes de Heteroscedasticidade para o Modelo de Regressão OLS

para VDL

vmed

e

vmed0

... 108

Anexo 4.5.3 – Rotinas do Stata: Identificação de Multicolinearidade nos Modelo de Regressão OLS

para VDL

vmed

e

vmed0

... 110

Anexo 4.5.4 – Rotinas do Stata: Critérios de Informação para especificação dos Modelos de

Regressão de OLS, Poisson, Binomial Negativa, Hurdle Logit-Poisson e Hurdle Logit-Binomial para

VDL

vmed

e

vmed0

... 112

Anexo 4.6.1 – Rotinas do Stata: Testes de Wald para os Modelos de Regressão OLS, Poisson,

Binomial negativa, Hurdle Logit-Poisson e Hurdle Logit-Negbin para a VDL

vmed

... 114

(16)

Anexo 4.7.1 – Rotinas do Stata: Testes da Razão de Verossimilhança para os Modelos Irrestritos e

Restritos de Regressão OLS, Poisson, NegBin e Hurdle Logit-Poisson e Logit-Negbin para a VDL

vmed

... 125

Anexo 4.7.2 – Rotinas do Stata: Teste da Razão de Verossimilhança para os Modelos Irrestritos e

Restritos de Regressão OLS, Poisson, NegBin e Hurdle Logit-Poisson e Logit-Negbin para a VDL

vmed0

... 126

Anexo 4.8.1 – Rotinas do Stata: Testes de Wald para multiplos coeficientes para os Modelos de

Regressão OLS, Poisson, NegBin e Hurdle Logit-Poisson e Logit-Negbin a VDL

vmed

... 128

Anexo 4.8.2 – Rotinas do Stata: Testes de Wald para multiplos coeficientes para os Modelos de

Regressão OLS, Poisson, NegBin e Hurdle Logit-Poisson e Logit-Negbin a VDL

vmed0

... 131

Anexo 4.9.1 – Rotinas do Stata: Interpretação dos parâmetros dos Modelos de Regressão de

Poisson e Binomial Negativa para a VDL

vmed

... 136

Anexo 4.9.2 – Rotinas do Stata: Interpretação dos parâmetros dos Modelos de Regressão de

Poisson e Binomial Negativa para a VDL

vmed0

... 137

Anexo 4.10.1 – Rotinas do Stata: Interpretação utilizando as Probabilidades Estimadas para os

Modelos de Regressão de Poisson e Negbin para a VDL

vmed

... 140

Anexo 4.10.2 – Rotinas do Stata: Interpretação utilizando as Probabilidades Estimadas para os

Modelos de Regressão de Poisson, Negbin e Hurdle Logit-Poisson e Logit-Negbin para a VDL

vmed0

... 142

Anexo 4.10.3 – Rotinas do Stata: Interpretação utilizando as Probabilidades Estimadas para os

Modelos de Regressão de Poisson e Negbin para a VDL

vmed0

e variáveis explicativas específicas

... 145

Anexo 4.11.1 – Rotinas do Stata:Interpretação com análise comparativa das Probabilidades Atuais

e Estimadas dos dados de contagem para os Modelos de Poisson e Negbin para a VDL

vmed

. .... 149

Anexo 4.11.2 – Rotinas do Stata: Interpretação com análise comparativa das Probabilidades Atuais

e Estimadas dos dados de contagem para os Modelos de Poisson e Negbin para a VDL

vmed0

. .. 152

Anexo 4.12.1 – Rotinas do Stata: Programa para gerar os termos de interação como variáveis ... 155

Anexo 4.12.2 – Rotinas do Stata: Processo Backward Elimination para o Modelo Irrestrito de

Regressão Binomial Negativa com interação para a VDL

vmed

... 162

Anexo 4.12.3 – Rotinas do Stata: Processo Processo Backward Elimination para o Modelo Irrestrito

de Regressão Binomial Negativa com interação para a VDL

vmed0

... 173

Anexo 4.12.4 – Rotinas do Stata: Processo Processo Backward Elimination para o Modelo Irrestrito

de Regressão Logit com interação para a VDL

vmed0

... 181

(17)

Capítulo 1 – Introdução

Este capítulo apresenta a motivação e a justificativa para o tema, assim como os

objetivos desta dissertação. Portanto iremos abordar os fatores que motivaram

estudar os temas relativos à economia da saúde e teoria dos incentivos e contratos,

e também delinear o escopo e a estrutura deste trabalho.

1.1 Motivação e justificativa do tema

A idéia de estudar o tema de economia da saúde surgiu primeiramente no nosso

interesse particular, devido a nossa atual trajetória profissional como administrador

de uma empresa de serviço de assistência à saúde e de medicina diagnóstica na

área de genética médica.

Por outro lado, não há dúvida que a relevância de um tema sobre economia da

saúde que aborda questões de saúde humana no âmbito social e individual sempre

terá uma dimensão importante para a academia e a sociedade

1

.

A economia da saúde representa um vasto campo de estudo, tanto teórico como

empírico, caracterizado por problemas que vão desde uma abordagem

macroeconômica, como o crescente nível de gastos públicos com assistência à

saúde com relação ao PIB, até o ponto de vista microeconômico, como questões

sobre quais são os comportamentos dos indivíduos beneficiários de um sistema de

saúde suplementar, ou ainda, os incentivos que determinam suas decisões em

contratar ou não um plano de saúde ou seguro-saúde.

Quanto à definição da área econômica para este estudo, a ênfase será na análise

microeconômica utilizando basicamente o arcabouço teórico da teoria moderna

microeconômica e de econometria apresentada nos cursos de microeconomia,

1

(18)

organização industrial, econometria e teoria dos contratos

2

do Mestrado Profissional

em Finanças e Economia da Escola de Economia de São Paulo da Fundação

Getúlio Vargas.

1.2 Objetivos do estudo

Temos como objetivo contribuir no campo de conhecimento da economia da saúde

com relação a aspectos da demanda por serviço no setor de saúde suplementar e

para isso iremos:

1. apresentar o arcabouço teórico da abordagem microeconômica da economia

da saúde e os pontos de convergência com a teoria dos incentivos e

contratos;

2. analisar os modelos microeconômicos de maximização de utilidade relativos

às decisões de garantia da saúde individual, considerando o comportamento

dos agentes (i.e. consumidores) como sendo racional e existência de

assimetria de informação;

3. examinar algumas características do setor brasileiro de saúde suplementar

através da elaboração de um estudo empírico sobre a demanda por serviço

de saúde;

4. discutir a relevância dos resultados obtidos no ensaio econométrico do item 3,

assim como as suas limitações.

1.3 Escopo do estudo

Assim, iremos realizar um ensaio no qual serão examinadas algumas das

características da demanda no mercado de saúde suplementar.

Primeiramente, através da revisão bibliográfica dos modelos de maximização de

utilidade relativos às decisões de garantia da saúde individual, apresentaremos o

2

(19)

modelo elaborado por GROSSMAN (1972a), bem como algumas situações de

assimetria de informação existentes na teoria dos contratos, para explicar as falhas

de mercado existentes nas interações entre agente-principal (i.e. consumidores e

operadoras do sistema de saúde suplementar).

No ensaio econométrico, iremos replicar o modelo econométrico de CAMERON et

al. (1988) e o de POHLMEIER & ULRICH (1995) para testar a demanda por serviço

de saúde através de uma análise empírica, utilizando dados levantados pelo autor

no caso de um serviço de assistência a saúde privado em genética médica.

1.4 Estrutura da dissertação

Capítulo 1: trata-se do capítulo introdutório;

Capítulo 2: este capítulo apresenta a revisão bibliográfica dos modelos de

maximização de utilidade relativos às decisões de garantia da saúde individual,

assim como o arcabouço teórico da teoria dos incentivos e contratos. Nele

procuramos explicar, através dos conceitos microeconômicos, o modelo básico de

GROSSMAN (1972a) na área da economia da saúde e quais são as implicações

para explicar e prever os resultados conforme o comportamento dos agentes,

utilizando como abordagem a análise econômica desenvolvida na teoria dos

incentivos e contratos;

(20)
(21)

Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

2.1 Economia da Saúde

Em seu mais recente artigo

3

para o Journal of Health Economics, Adam Wagstaff

realizou um extenso levantamento das publicações referente ao tema da economia

da saúde e apresentou a evolução deste assunto desde os estudos clássicos como

ARROW (1963 e 1965), considerado uns dos artigos fundadores desta subdisciplina

econômica, os “

papers”

pioneiros de NEWHOUSE (1970), PAULY & REDISH (1973)

e GROSSMAN (1972a e 1972b), passando por PHELPS (1986) e MANNING et al.

(1987), este último relata o RAND Health insurance Experiment

4

.

Se considerarmos que a saúde é um ativo e que pode ser produzida, podemos

então investir em saúde e consumir esta saúde. Assim sendo, do ponto de vista

microeconômico, indivíduos racionais poderão maximizar sua utilidade otimizando o

seu “estoque” de saúde ao longo dos anos. É dentro deste conceito de “estoque” de

saúde que surge, através dos estudos de GROSSMAN (1972a), um dos primeiros

modelos econômicos que investiga este problema de otimização.

Entretanto, esse “estoque” de saúde pode não ser apenas uma variável a ser

maximizada, mas também o resultado obtido (i.e.

outcomes

) do uso de serviços de

saúde a partir das diversas combinações dos fatores de produção de saúde (esta

abordagem é conhecida como

strict welfare,

na qual consideramos somente os

aspectos econômicos e as escolhas racionais dos agentes, em oposição ao conceito

de

enlarged welfare,

que envolve questões normativas, bases para as políticas

públicas e discussões sobre equidade e eficiência) (BARROS &

3

Adam Wagstaff apresentou em seu artigo intitulado “Four decades of health economics through a bibliometric

lens”, publicado no Journal of Health Economics (vol31: 406-439, 2012), o levantamento de aproximadamente

33,000 publicações entre 1969 e 2012 sobre este tema, classificando as publicações em 12 tópicos (1- saúde e

seu valor, 2- eficiência e equidade, 3- determinantes da saúde e doenças, 4- saúde pública, 5- saúde e

economia, 6- estatísticas da saúde e econometria, 7- demanda por saúde e assistência a saúde, 8- seguro

saúde, 9- oferta de serviços de saúde, 10- recursos humanos, 11- mercado de assistência a saúde e 12-

avaliação econômica) e os números de citações, assim como ordenou os 1876 autores que contribuíram para

este assunto por um índice bibliométrico.

4

(22)

GIRALT, 2012). Outro aspecto singular da saúde como ativo é que tem um valor

para uso e para “estoque”; contudo, não pode ser comercializada entre os agentes

5

.

Por outro lado, serviços de saúde ou

healthcare

podem ser adquiridos e oferecidos.

Assim sendo, o ativo-saúde será tratado como uma commodity com certas

peculiaridades, podendo ser consumido apenas pelo próprio indivíduo com o

objetivo de melhorar o seu estado de bem estar ou

health status

.

Portanto, dentro desse entendimento de ativo-saúde, podemos definir a demanda

por

healthcare

como sendo o desejo do indivíduo de aumentar o seu “estoque” de

ativo-saúde. Iremos, então, restringir o enfoque de nossa discussão para uma

abordagem microeconômica. Como foi exposto no capítulo introdutório, a economia

da saúde também se caracteriza pelo estudo macroeconômico sobre o nível de

gastos públicos com assistência à saúde, o uso dos recursos públicos para a

promoção à saúde e a estrutura do sistema de saúde pública.

Considerando, assim, os aspectos positivos do ativo-saúde, podemos definir que os

indivíduos recebem ao nascer uma dotação ou

endowment

com certo “estoque” de

saúde, que será no decorrer da vida consumido em detrimento de suas atividades

para obter renda e realizar o consumo de sua cesta de bens (ZWEIFEL et al. 2009).

Ademais, é razoável considerar que apenas indivíduos saudáveis poderão trabalhar

e obter uma renda a partir deste trabalho. Desta forma, a renda servirá para

consumir sua cesta de bens e os serviços de saúde servirão para investir e manter o

“estoque” de ativo-saúde. Foi dentro destas premissas que GROSSMAN (1972a)

definiu a restrição orçamentária do indivíduo como sendo uma função dependente

do estado de saúde deste.

Entendemos que o ativo-saúde é um bem privado

6

que, devido a algumas

características, como a relevante necessidade para os indivíduos, é usualmente

provido pelo Estado, através de investimentos em serviços de saúde, atrelado a uma

extensa regulamentação deste mercado de

healthcare

. O papel do Estado no setor

5

Esta hipótese já é discutida em Feldstein (2011) que aborda a questão da gratuidade dos transplantes de

órgãos quando responde em seu capítulo “Should the sale of kidneys be legalized?”, levantando a discussão

sobre a comercialização de órgãos e estendendo, portanto, para a comercialização da saúde.

6

(23)

de saúde e na sua economia será abordado no capítulo 3, quando apresentarmos a

estrutura do sistema brasileiro de saúde suplementar e sua regulamentação.

Finalmente, conforme apresentado por FELDSTEIN (2011), a demanda pelo

ativo-saúde é crescente em relação à idade, crescente em relação à renda e decrescente

em relação à educação (pois se supõe que indivíduos mais instruídos são mais

eficientes na produção de saúde).

2.1.1 Organização do mercado de saúde

O mercado de saúde está organizado entre seus agentes: (i) autoridade de saúde;

(ii) serviço de saúde público; (iii) provedores de serviços de saúde; (iv) indústria de

saúde suplementar e seguradoras; (v) pacientes e segurados e (vi) o setor

farmacêutico.

Fonte: adaptado de Barros & Martinez-Giralt (2012)

Figura 2.1 –

Organização do mercado de saúde.

(24)

de consultas médicas e tratamentos hospitalares a ser disponibilizados (2), até a

regulamentação do preço dos remédios, tanto para o setor farmacêutico (3), quanto

para o consumidor (1). Hospitais e outros fornecedores contratam médicos,

enfermeiros e demais profissionais da área da saúde (5) a fim de proverem o

serviço. Já a Indústria Farmacêutica, que produz e vende os remédios, tem uma

relação com os médicos (6), divulgando para estes seus produtos, vez que uma das

peculiaridades da área da saúde é que o consumidor do remédio, o paciente, não

escolhe o produto que irá consumir como remédio, mas sim o médico tem este

poder de decisão (9). Alguns países adotam uma política de substituição, permitindo

a compra de remédios genéricos, mesmo quando o médico prescreve um remédio

específico. Nestes países, a indústria farmacêutica desenvolve ainda um

relacionamento com os farmacêuticos (7), vez que estes irão também influenciar a

decisão de compra do paciente (8).

Devemos ressaltar que o relacionamento central e fundamental deste processo é a

relação médico – paciente (10 e 11). O paciente consulta um médico quando

apresenta um quadro sintomático ou quando foi orientado a fazê-lo, ou seja, em uma

consulta prévia. O médico, por sua vez, com base nas informações do paciente e

em exames adicionais, irá prescrever um tratamento que julgar apropriado.

Quando há um serviço de saúde privado, complementando ou substituindo o serviço

de saúde público, as empresas que prestam tais serviços privados interagem tanto

com os médicos (12), quanto com os pacientes (13).

De forma geral, há duas formas de alocação de recursos em saúde: (i) mecanismo

de livre mercado (descentralizado) e (ii) sistema centralizado por meio do Estado

(BARROS e MARTINEZ-GIRALT, 2012).

(25)

Já num sistema centralizado, temos a figura da terceira parte pagadora, que pode

tanto ser um órgão governamental, um agente público como a seguridade social,

como pode ser uma empresa de planos de saúde particular ou seguradora, que

mediante a contraprestação de seus beneficiários assegurados, garante a estes a

cobertura dos serviços médicos. A empresa particular irá remunerar diretamente os

serviços médicos (básicos ou especializados) utilizados por seus beneficiários

assegurados.

2.1.2 Modelo de Grossman

Uma característica básica do modelo de Grossman é que o indivíduo demanda o

ativo-saúde. O indivíduo demanda o ativo-saúde por duas razões básicas: (i) para

consumo do “estoque” de saúde, como uma variável que compõe a função utilidade

e a própria renda do indivíduo; e (ii) como investimento que determina a distribuição

da alocação do tempo entre trabalho e lazer, ou seja, para a determinação também

da renda disponível do indivíduo. Consideramos que o estado de saúde do indivíduo

é de sua responsabilidade quando decide entre consumir ou investir no ativo-saúde,

mesmo que as condições iniciais ou externas em decorrência da idade não estejam

ao seu alcance, mas certamente ele pode influenciar o seu estado de saúde através

de suas decisões. O ativo-saúde irá determinar a disponibilidade de tempo de que

um indivíduo poderá dispor para produzir renda e conseqüentemente otimizar a

distribuição de seus recursos entre investir em saúde ou consumir outros bens.

O modelo de Grossman é caracterizado também por ser um modelo de produção de

saúde, no qual a demanda pelo ativo-saúde é obtida através do consumo de

serviços de saúde, que são essencialmente utilizados para garantir o fluxo de tempo

sem doença na vida do indivíduo (i.e., a demanda por serviços de saúde não

somente supre a necessidade de assistir o indivíduo doente, paciente, mas também

como investimento no “estoque” de ativo-saúde) (FELDSTEIN, 2011).

(26)

pré-requisito para desempenhar atividades de trabalho e lazer, ou seja, um estado de

saúde precário pressupõe uma capacidade limitada de obter renda.

Seja uma economia com dois setores: (i) um setor de saúde e (ii) outro de consumo.

Seja o estoque do ativo-saúde (H) uma função dos serviços de saúde (serviços

médicos, M):

H = H(M), uma função estritamente côncava

(2.1)

Assim, a quantidade M de serviços de saúde garante o nível de saúde do indivíduo.

Fonte: adaptado de ZWEIFEL et al. (2009)

Figura 2.2 –

Quadrante IV do modelo de Grossman.

E, o setor de consumo pode ser determinado por uma função:

C = C(X), onde X representa os bens de consumo

(2.2)

Fonte: adaptado de ZWEIFEL et al. (2009)

(27)

Desta forma, sendo a função utilidade que representa as preferências do indivíduo

pode ser determinada por:

U = U(H,C),

(2.3)

Fonte: adaptado de ZWEIFEL et al. (2009)

Figura 2.4 –

Quadrante I do modelo de Grossman.

Nota-se que as curvas de indiferença ficam verticais quando a razão entre H e C

tende a zero (i.e., com um “estoque” de saúde precário, o aumento de consumo do

indivíduo não aumentará a sua utilidade). Ademais, assume-se que a fronteira dos

conjuntos de possibilidades de (H,C) é côncava.

Em H=0, o indivíduo não produzirá renda. O ponto R* de tangência entre a curva de

indiferença u* e a fronteira dos conjuntos de possibilidade representa o ponto ótimo

em que o indivíduo sacrifica algum consumo relativamente ao máximo possível A

1

para obter saúde adicional H*. Nota-se que o nível máximo do consumo de outros

bens é diferente e superior do nível ótimo C*.

(28)

consumos (X), para os quais os preços são, respectivamente, q e p, exógenos.

Assim, temos como restrição orçamentária:

Y(H) = pX + qM

(2.4)

Fonte: adaptado de ZWEIFEL et al. (2009)

Figura 2.5 –

Quadrante III do modelo de Grossman.

(29)

Fonte: ZWEIFEL et al. (2009)

Figura 2.6 –

Modelo simplificado de Grossman.

Na figura 2.4, o ponto de tangência R* = (C*, H*) mostra a utilidade máxima do

indivíduo. Para atingir tal situação, o indivíduo teve que gastar M* unidades de

serviço de saúde e X* unidades de bens de consumo. Assim, Q* representa a

alocação orçamentária ótima.

Por fim, é necessário introduzir a noção de tempo na estrutura formal do modelo.

Seja o tempo total disponível para o indivíduo. Parte deste tempo é utilizado para

produzir o ativo-saúde (T

H

). Outra parcela do tempo é usada para consumir bens de

consumo (T). E o restante do tempo é dividido entre tempo de trabalho (T

W

) e tempo

parado por causa de doença (T

L

). Temos:

= T

H

+T+T

W

+T

L

e seja h T

H

+T+T

W

, tempo total “saudável”

(2.5)

T

L

= – h, representa o tempo “estado doente”

(2.6)

(30)

H = H(M, T

H

; E)

(2.7)

C = C(X, T; E)

(2.8)

onde E é o grau de educação do indivíduo (novamente, a premissa do modelo é que

indivíduos mais instruídos são mais eficientes em produzir saúde).

A função objetivo é a função utilidade do indivíduo:

U = U(H, C, )

Como assumimos que o indivíduo somente poderá trabalhar se for “saudável”, então

definimos como sendo a razão do tempo “saudável” por unidade de “estoque” de

saúde H, sendo:

h = H

(2.9)

e

U = U(h, C)

(2.10)

Seja

w

a remuneração do trabalho do indivíduo por tempo, temos:

Y(H) =

w

.T

W

= pX + qM

(2.11)

O problema de maximização é dado por:

Max U

{TH, T, TW, TL, X, M}

= U(H, C, )

s.t. H = H(M, T

H

; E)

(a)

C = C(X, T; E)

(b)

w

.T

W

= pX + qM

(c)

= T

H

+T+T

W

+T

L

(d)

h = – T

L

(e)

=

h/ H

(f)

Cominando (c), (d), (e) e (f), obtemos:

w

=

w

.(T

H

+T+ -h) + pX + qM

(g)

Reescrevendo, temos:

Max U

{TH, T, TW, TL, X, M}

= U(H, C, )

(31)

C = C(X, T; E)

(b)

w

=

w

.(T

H

+ T + - h) + pX + qM

(g)

O modelo considera dois períodos no tempo para definir o “estoque” de saúde do

indivíduo. Um ponto crucial do modelo de GROSSMAN (1972a) é a equação (a) que

define a quantidade de “estoque” de saúde durante o tempo. Esta última apresenta

certas limitações quando confrontadas aos testes empíricos.

Baseado no modelo de GROSSMAN (1972a) e procurando redefinir a função

demanda para saúde e serviços de saúde, WAGSTAFF (1986a) estabelece um

modelo multi-período. Devido às implicações existentes na escolha das funções, os

resultados empíricos de WAGSTAFF (1986a, 1986b) apresentam correlação

negativa entre o estado de saúde (ou

health status

) e demanda por serviço de

saúde, enquanto que os resultados obtidos nos testes do modelo de GROSSMAN

(1972a) são positivos. É importante notar que a correlação positiva entre o “status”

de saúde e a demanda por serviço de saúde é uma das premissas dos modelos

econométricos básicos de CAMERON et al. (1988) e de POHLMEIER & ULRICH

(1995). O modelo de GROSSMAN coloca em evidência que a demanda por serviços

de saúde é uma demanda derivada da demanda pelo ativo-saúde.

Outro aspecto relevante do modelo é sobre a relação com a idade dos agentes

quanto à demanda por serviços de saúde. O modelo de Grossman estima que a

demanda por serviços de saúde aumente com o decorrer da idade. Assim, o

“estoque” de saúde se deprecia rapidademente com a idade e o investimento no

ativo-saúde tenderá a ser maior. Contudo, a relação entre a idade e a demanda por

serviços de saúde ainda geram discussões sobre questões como demanda induzida

ou

Supply-induced Demand

por parte dos prestadores de serviços de saúde

(PHELPS, 1986).

(32)

2.2 Teoria dos Contratos e Incentivos e a economia da saúde

Como vimos anteriormente, o mercado de saúde envolve a interação entre seis

agentes: (i) autoridade de saúde; (ii) serviço de saúde público; (iii) provedores de

serviços de saúde; (iv) indústria de saúde suplementar e seguradoras; (v) pacientes

e assegurados e (vi) o setor farmacêutico; que detêm níveis diferentes de

informação. Assim, devido à assimetria de informação

7

, entre cada um dos grupos

surge o problema de agência. Iremos nos concentrar nesta discussão principalmente

entre três grupos de agentes: os provedores de serviços de saúde (i.e. médicos e

hospitais); a indústria de saúde suplementar e seguradoras e os pacientes e

segurados. O conhecimento sobre cada um dos grupos é importante para

compreender os seus comportamentos e decisões.

A teoria microeconômica nos revela que, baseado nos benefícios e nos custos das

escolhas de cada um, os agentes irão assumir a alocação de seus recursos para

atingir os seus objetivos (FELDSTEIN, 2011). Portanto, como exposto por LAFFONT

& MARTIMORT (2002), é relevante estudar os incentivos oferecidos a cada agente

para que atinjam os seus objetivos/resultados considerando interesses distintos ou

até mesmo conflitantes.

A informação é assimétrica quando uma das partes tem mais informação do que a

outra. Desta forma, a parte menos informada normalmente contrata a parte mais

informada para tomar decisões em seu nome, situação esta que conhecemos como

relação de agência ou principal-agente.

Na análise de assimetria de informação, distinguem-se três tipos de problema: (i)

risco moral, no qual a assimetria de informação ocorre após a assinatura do

contrato; (ii) seleção adversa, na qual a assimetria de informação ocorre antes da

assinatura do contrato; e (iii)

signaling

, no qual a parte mais informada tem incentivo

em revelar informações privadas antes de assinar o contrato.

7

(33)

2.2.1 Mercado de saúde e assimetria de informação

Em uma situação de risco moral, a assimetria de informação surge logo após que o

contrato é assinado porque o principal não tem como controlar a ação do agente. O

risco moral acontece quando, por exemplo, o indivíduo contrata um plano de saúde

ou seguro-saúde e resolve aumentar o uso dos serviços médicos, pois os valores de

reembolso podem chegar a 100% do valor da consulta, e o preço cheio “

out-of-pocket

” da consulta para o paciente beneficiário é reduzido, acarretando uma

demanda maior por serviços de saúde. Por outro lado, alguns serviços médicos,

como o uso do serviço de UTI, têm demanda vertical na qual pouco importa o preço

da UTI, a demanda não irá variar em função do preço. Neste caso não podemos

falar em risco moral por parte do paciente beneficiário. Assim sendo, a demanda por

serviço de saúde pode ser influenciada por um fator que chamamos de utilização

excessiva (FELDSTEIN, 2011).

No caso de seleção adversa, podemos considerar como exemplo uma seguradora

que por não ter a informação sobre o estado de saúde de um cliente potencial

comercializa seu seguro-saúde a um preço determinado pela média do nível de

saúde de uma população. Nesta situação, como há apenas um contrato sendo

oferecido, somente os indivíduos com estado de saúde abaixo da média da

população irão contratar, acarretando perdas para a seguradora, pois a receita da

seguradora não será suficiente para cobrir as despesas desses clientes.

A fim de reduzir a desvantagem na informação, as seguradoras procuram oferecer

um menu de contratos para, assim, selecionar os proponentes conforme os seus

riscos.

(34)

2.2.2 Serviços médicos e

Supply-induced Demand

A atuação médica como fornecedora de serviço de saúde tem tido uma relevância

importante nas discussões sobre a relação de agência existente entre médicos e

pacientes. O médico tem o papel de: (i) provedor de serviços de saúde; e de (ii)

conselheiro quanto à conduta a ser seguida pelo paciente, ou seja, o médico

determina quais os serviços de saúde que serão demandados pelo paciente. Esta

particularidade tem sido o foco do debate sobre se o médico como agente

“imperfeito” utiliza-se da vantagem de informação sobre o estado de saúde do

paciente para garantir maior volume de serviço, conhecido com

Supplier-induced

Demand

(ou SID).

Segundo FELDSTEIN (2011), a quantidade demandada de serviço de saúde que um

médico pode induzir é, por hipótese, o

trade-off

entre o aumento de receita e a

desutilidade de prover assistência à saúde desnecessária. O médico como agente

racional tem como objetivo maximizar sua utilidade. Considerando que sua utilidade

aumenta conforme sua renda e a prática moral de sua conduta, podemos supor que

a demanda deverá ser induzida quando o custo adicional de oferecer mais serviços

médicos (considerado como desutilidade devida à conduta imperfeita do agente) é

inferior ao valor adicional de renda. Portanto, é óbvio que a situação de SID tem

mais propensão a ocorrer quando há um declínio na remuneração dos serviços

médicos ou uma redução na demanda por estes serviços. Assim, tendo em vista que

há um comportamento por parte do profissional médico em determinar um

valor-meta para a sua renda, o aumento de médicos atuando em uma área geográfica irá

certamente aumentar a SID (PHELPS, 2003).

Ademais, a existência de um sistema de saúde que ofereça ampla cobertura de

saúde para os beneficiários permite que não haja por parte do paciente nenhum

incentivo em resistir à demanda induzida pelo médico para o seu tratamento.

(35)

Capítulo 3 – Apresentação do setor de saúde suplementar brasileiro e sua

regulamentação

Desde de 1998, o crescimento do mercado brasileiro de saúde suplementar tem se

caracterizado pela maior concentração e regulamentação. Diversos processos de

fusão e aquisição, assim como de liquidação e falência de planos de saúde e

seguradoras modificaram a estrutura deste mercado.

As interações entre seus agentes: (i) autoridade de saúde; (ii) serviço de saúde

público; (iii) provedores de serviços de saúde; (iv) indústria de saúde suplementar e

seguradoras; (v) pacientes e assegurados e (v) o setor farmacêutico, exceto para

este último, são controladas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Assim, é importante apresentar um panorama da atual estrutura do setor brasileiro

de saúde suplementar e sua regulação para entendermos as interações existentes

entre os agentes.

3.1 Panorama do surgimento do setor de saúde suplementar no Brasil

Remonta à década de 1930 o surgimento do setor de saúde suplementar no Brasil

(CARVALHO & CECÍLIO, 2007). As empresas, visando dar maior benefício aos seus

trabalhadores, criaram caixas de aposentadorias e pensão (as CAPs), que

gerenciavam, a partir de contribuições dos empregados e funcionários,

aposentadorias, pensões e assistência médica a seus filiados e dependentes. Estas

caixas emprestavam ou reembolsavam os empregados beneficiados de algumas

empresas quando estes utilizavam serviços de saúde outro que os da Previdência

Social (nesta época surgiu a Cassi, Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco

do Brasil). Juntamente com as caixas de pensões, surgiram os Institutos de

Aposentadorias e Pensões (os IAPs), que representavam categorias de

trabalhadores urbanos e, na sua maioria, eram consumidores de serviços de saúde

em consultórios médicos ou em estabelecimentos hospitalares.

(36)

empresas prestavam serviços médicos diretamente a seus funcionários. Hoje, tal

assistência é denominada de Grupo Executivo de Assistência Patronal (ou GEAP).

Essa unificação deu origem ao INPS uma década depois, em 1960. Mas este

sistema não agradou a todos beneficiários, principalmente os de categorias com

maior poder econômico, vez que a ampliação da cobertura e uniformização de

benefícios dificultava o acesso aos serviços médicos. Assim, a Previdência Social

aumentou o número de prestadores de serviços privados de saúde credenciados

através de financiamentos de grupos médicos, formando redes com unidades

próprias e credenciadas. Formou-se um sistema para atender trabalhadores urbanos

e outro, para trabalhadores rurais.

Paulatinamente, os grupos médicos foram se transformando em empresas médicas.

E, ao mesmo tempo, as caixas de assistência e os serviços patronais aumentavam

seu numerário de credenciamento para atender a crescente demanda por serviços

que não fossem da Previdência Social.

Neste sentido, conforme o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS),

este aumento do número de credenciamentos trouxe conflitos na categoria médica,

que via a situação em dois ângulos diferentes: um, que visava preservar a prática

liberal autônoma da medicina; outro, que entendia que a prática médica deveria se

voltar para a demanda do mercado que estava se formando. Formaram-se, desta

forma, duas modalidades de empresas médicas: as cooperativas médicas, que

prestavam atendimento nos consultórios dos próprios profissionais, e as medicinas

de grupo, responsáveis pelos atendimentos hospitalares (CONASS, 2011).

(37)

No entanto, quando apresentavam os planos contratados com cooperativas médicas

e medicinas de grupo, o nível hierárquico era visível e já caracterizava uma

segmentação dos planos e anunciava uma forte mudança no caráter mutual das

caixas de assistência (CONASS, 2011).

Essa breve introdução histórica nos mostra as diferentes formas que compõem o

sistema de saúde suplementar do país. Entretanto, foi apenas após 1998 que este

segmento recebeu regulamentação legal e, em 2000, foi criada a agência reguladora

do setor de saúde suplementar, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),

que tem um papel importante no âmbito da Saúde Suplementar.

3.2 A regulamentação do setor e o papel da Agência Nacional de Saúde

Suplementar – ANS

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, por um lado, colocou a

saúde entre os direitos e garantias fundamentais (Capítulo I, Art. 5º. – direitos

individuais e coletivos) e garantiu o acesso à saúde para todos e, portanto,

marcando nitidamente o caráter assistencial da saúde (Capítulo II, Art. 6º. – direitos

sociais), criando assim o Sistema Único de Saúde (SUS). Por outro lado, no seu art.

199, definiu os princípios da atuação privada no setor da saúde de forma

complementar do sistema único.

(38)

Ademais, devido as crescentes queixas contra os planos e seguros saúde na

década de 90, que estavam entre as cinco primeiras causas de reclamações à

Fundação de Defesa e Proteção do Consumidor (PROCON), a regulamentação foi

inserida na agenda política nacional (CARVALHO & CECÍLIO, 2007).

Assim, em 1998 temos a aprovação da Lei 9656 e suas sucessivas alterações por

Medidas Provisórias e, em 2000, da Lei 9961, que criou a Agência Nacional de

Saúde Suplementar. Este conjunto de normas, de forma geral, trouxe mudanças

significativas, entre elas, estabeleceu regras para a constituição de operadoras de

planos de saúde e seguros de saúde; colocou a obrigatoriedade de registro de

produtos, ou seja, dos planos que elas comercializam; estabelecendo coberturas

obrigatórias para doenças e problemas de saúde incluídos na Classificação

Internacional de Doenças (CID); limitou o período de carências e reajustes,

regulamentou as internações e casos de doenças preexistentes; além de criar a

ANS, vinculada ao Ministério da Saúde, para fins de fiscalizar e normatizar

complementariamente o setor, e o Conselho de Saúde Suplementar (CONSU),

formado pelos Ministros da Saúde, da Justiça e da Fazenda e por autoridades da

Fazenda e da Saúde.

Tabela 3.1.

Principais alterações trazidas pela regulamentação

Situação antes da Lei 9656/1998

Situação após a Lei 9656/1998

Exclusão de coberturas para doenças crônicas e

preexistentes Contratos obrigatórias (CID 10 e Rol de procedimentos); devem oferecer as coberturas Limitação de internação hospitalar em UTI, de

consultas, de exames e de procedimentos; Vedada a limitação para internação hospitalar e em UTI, consultas, exames e procedimentos;

Livre exclusão de segurados; Delimitação de carências;

Sem limites para o estabelecimento de carências; Cobertura Parcial Temporária (CPT);Limites de faixas etárias/60 anos;

Liberdade para definição das faixas etárias para fins de

precificação; Autorização prévia de reajustes; Garantias para aposentados e demitidos; Ausência de regras prudenciais (com exceção das

seguradoras); Sigilo das informações; Regras de entrada, saída e operação; Ressarcimento ao SUS.

Fonte: adaptado de SANTACRUZ (2010)

No respeitante ao segurado/beneficiário, a Lei trouxe avanços, tais quais:

(39)

Proibiu a limitação para internação hospitalar (vedando a limitação de prazo,

valor máximo ou quantidade de internações);

Limitou os prazos de carências: 24 horas para as urgências e emergências;

Proibiu a rescisão unilateral do contrato individual ou familiar, a não ser em

caso de fraude ou falta de pagamento por mais de 60 dias, consecutivos ou

não;

Garantiu ao ex-funcionário (não demitido por justa causa) a condição de

beneficiário do plano de saúde coletivo, por um certo período, desde que

tenha contribuído para o pagamento de parte da mensalidade.

No período entre a entrada em vigor da Lei e a criação da ANS, a lei criou o

CONSU, que através de Resoluções foi cobrindo relevantes lacunas referentes às

questões assistências, entre elas, devemos citar a definição de um rol de

procedimentos para cobertura mínima obrigatória, os quais as operadoras ficaram

obrigadas a oferecer aos seus beneficiários/consumidores, de acordo com a

segmentação contratada. Esta foi uma grande padronização da cobertura, pois esta

fica nas mãos do Poder Público e não mais vinculada a um contrato com a

operadora. Este rol de procedimentos médico-hospitalares é atualizado por câmaras

técnicas específicas (CONASS, 2011), que devem considerar a alterações

propostas e seus impactos na linha de cuidado e nos preços dos planos.

E, ainda, para os fins de reajustes, as faixas etárias foram definidas e devem estar

claramente colocadas no contrato. A definição foi alterada ao longo do tempo, mas

atualmente são regidas pela Resolução Normativa 63/2003 e pelo Estatuto do Idoso,

que proibiu a discriminação do idoso nos planos de saúde através de cobrança de

valores diferenciados pela idade. Assim, temos 10 faixas que vão do zero aos 59

anos, cabendo àqueles com mais de 60 anos apenas o reajuste anual e não mais o

reajuste etário.

Foi ainda o CONSU que definiu as segmentações a serem oferecidas aos

consumidores e por estes contratadas, não podendo mais ser criadas

sub-segmentações dos produtos oferecidos.

(40)

interesse público na questão da assistência suplementar à saúde, podendo para tal

regular as operadoras, tanto no que diz respeito aos prestadores de serviços de

saúde, quanto aos consumidores, a fim de promover o desenvolvimento da saúde

no país. Assim, a ANS regula basicamente as relações privadas, tendo em vista a

relevância pública da saúde

8

.

Entre as muitas funções da ANS, podemos destacar:

(i)

Autorizar o funcionamento, realizar o registro e monitorar as operadoras

de saúde suplementar;

(ii)

Fiscalizar de forma reativa e proativa as atividades das operadoras,

juntamente com os órgãos de defesa do consumidor;

(iii)

Registrar os produtos oferecidos pelas operadoras, monitorar a

assistência prestada, monitorar preços e notas técnico-atuariais e

autorizar os reajustes anuais dos planos individuais.

As decisões da ANS se materializam em resoluções normativas. Em dez anos de

atuação temos:

Tabela 3.2.

Resolução da ANS, segundo grupo de temas no período de 2000 a

2010

Grupos de temas

Resoluções da ANS

Cobertura Assistencial 15

Econômico-Financeiro 48

Normatização para Estrutura e Funcionamento do Mercado 79

Sistema de Informações e Monitoramento do Mercado 55

Agência: funcionamento e Financiamento 57

Regimes Especiais 35

Ressarcimento ao SUS 24

TOTAL 258

Fonte: CONASS (2011)

Assim, das 258 Resoluções da ANS, 15 se relacionam diretamente com a

assistência a ser prestada pelas operadoras de saúde, 45 referem-se à dimensão

financeira dos planos de saúde, no respeitante à viabilização da carteira de

beneficiários e reajustes de contraprestações pecuniárias, 79 referem-se às normas

de registro, funcionamento, monitoramento e fiscalização das operadoras e planos

de saúde; 35 cuidam de questões de intervenção da ANS no caso de alienação de

8

(41)

carteiras (conjunto de contratos de serviços de assistência à saúde em qualquer das

modalidades previstas em Lei, com todas as obrigações e direitos neles previstos),

direção fiscal e liquidação extrajudicial.

Podemos dizer que a legislação que atualmente regula as questões privadas da

Saúde Suplementar é uma colcha de retalhos (SANTACRUZ, 2010). Mas são as

Resoluções que irão indicar quais são os procedimentos a serem cobertos pelas

operadoras e quais são os procedimentos de alta complexidade, que podem ser

excluídos em caso do segurado/consumidor ser portador de tal doenças ou lesões

preexistentes; ou mesmo são as Resoluções que estabelecem os critérios para os

reajustes por mudança de faixa etária, as Resoluções que criaram a revisão técnica,

maneira de aumentar as contraprestações/mensalidades, e também fixam os

reajustes anuais, entre muitas outras. Era através de uma resolução que se proibia a

exigência do cheque-caução pelos hospitais. Hoje em dia, já está em Lei.

O novo marco regulatório do setor modificou o ambiente institucional onde

historicamente se estabeleceu uma estrutura de oferta bastante diversificada em

relação às formas de atuação, naturezas jurídicas, nichos de mercado e

relacionamento com a rede prestadora de serviços.

3.3 Panorama atual do setor de saúde suplementar

(42)

Os consumidores individuais são os beneficiários, entendidos como aquele que tem

um vínculo com um determinado plano de saúde de uma determinada operadora.

Como o mesmo indivíduo pode possuir mais de um plano de saúde e, portanto, mais

de um vínculo, o número de beneficiários cadastrados é superior ao número de

indivíduos que possuem planos privados de assistência à saúde. Para a ANS, o

cálculo do número de beneficiários ativos se dá através das datas de adesão

(contratação) e do cancelamento (rescisão) do plano de saúde atual do beneficiário,

informada ao Sistema de Informações de Beneficiários.

Na tabela 3.3., podemos verificar que a evolução do mercado de saúde suplementar

com relação ao crescimento vegetativo da população brasileira é superior às taxas

de crescimento populacional no período de 2000 a 2010.

Tabela 3.3.

Evolução comparada entre população brasileira e beneficiários de

planos de saúde suplementar entre 2000 e 2010

Período

População

Residente

Beneficiários

de Plano de

Saúde

Taxa de Crescimento

da População

Taxa de

Crescimento dos

Beneficiários

2000

169.872.856

30.705.334

2001

171.860.368

31.132.361

1,17%

1,39%

2002

173.871.134

31.105.254

1,17%

-0,09%

2003

175.905.426

31.771.197

1,17%

2,14%

2004

177.963.519

33.673.600

1,17%

5,99%

2005

180.045.692

35.010.992

1,17%

3,97%

2006

182.152.227

36.990.226

1,17%

5,65%

2007

184.283.408

38.906.880

1,17%

5,18%

2008

186.439.524

40.928.208

0,17%

5,20%

2009

188.620.866

42.291.509

0,13%

3,33%

2010

190.755.799

45.839.262

8,39%

Fonte: adaptado de ANS (2010) e ANS (2011b)

Temos 79,4% dos beneficiários de planos de saúde que possuem cobertura

hospitalar e ambulatória. No que diz respeito às consultas médicas, de um total de

aproximadamente 67 milhões de reais gastos com despesas assistenciais pelas

operadoras, 11,8 milhões de reais representam os gastos com consultas, ficando

atrás dos exames (14 milhões de reais) e internações (28 milhões de reais). A média

de consultas por beneficiário foi de 5,3 em 2007; 5,4 em 2008; 5,5 em 2009; 5,4 em

2010 e 5,6 em 2011 . O gasto médio por consulta aumentou de R$36,91 em 2007

para R$ 46,12 em 2011.

(43)

planos privados, ou seja, 49,4%. Já dos 117.142 consultórios isolados, 68.377

atendem a planos de saúde privados, 58,4%.

A própria ANS reconhece nove modalidades de operadoras de plano privado de

assistência à saúde, mas a literatura majoritária agrupa a venda de serviços de

saúde em quatro modalidades principais, sendo estas: (i) autogestão; (ii)

cooperativas médicas; (iii) medicina de grupo; e (iv) seguradoras de saúde.

As empresas de autogestão são também denominadas Planos Próprios das

Empresas, ou seja, a própria empresa por ela mesma, diretamente (autogestão), ou

por um terceiro contratado (co-gestão ou planos de administração), estabelece e

administra os serviços de saúde para seus empregados e familiares (RN/ANS n.

137/2006). Algumas empresas empregadoras financiam totalmente os planos

básicos para seus empregados, outras, a maioria, contam com a uma

contraprestação pecuniária do empregado, principalmente quando há possibilidade

de reembolso e livre escolha do médico. Também existe um sistema de autogestão

que a empresa não participa, mas seus empregados se organizam em forma de

associações, sindicatos ou fundações sem fins econômicos e financiam totalmente

as despesas com saúde tão somente de seus associados ou beneficiários. Vale

lembrar que estas não são empresas feitas para vender planos de saúde, não atuam

no mercado; mas têm médicos e hospitais credenciados, bem como unidades de

diagnóstico e de terapia credenciadas. A Unidas (União Nacional de Autogestão em

Saúde) representa estas entidades. Atualmente, do total de 1607 operadoras, 229

estão classificadas como de autogestão.

(44)

instalações. Tem-se, hoje, 330 operadoras atuando como cooperativas médicas e

124 como cooperativas odontológicas.

A Medicina de grupo são empresas, sociedades, que comercializam ou operam

planos privados de saúde seja para empresas, indivíduos ou famílias. É a forma

dominante no mercado e, historicamente, mas não exclusivamente, foram criadas

por proprietários ou sócios de unidades hospitalares (CONASS, 2011). Os serviços

de saúde são prestados em rede própria ou redes credenciadas. Atingem

especialmente os consumidores/beneficiários de média e baixa renda. Nos anos

1990, a maioria destas empresas era de pequeno porte e o plano mais vendido era

o categoria standard. Para as pessoas jurídicas, quando o plano é pago pela

empresa, a adesão dos trabalhadores é automática, se contarem com a participação

do empregado, é opcional. Após a legislação, a tendência foi diminuir a participação

das classes menos favorecidas dos planos individuais e a saída do mercado das

empresas de menor porte, aumentando a concentração neste mercado.

(SANTACRUZ, 2010). A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (ABRAMGE) é

a principal organização que representa a modalidade medicina de grupo.

Atualmente, representam mais de 50% das operadoras de planos de saúde

suplementar, sendo 427 na área médica e 305 na área odontológica, ou seja, 743

das 1.607 existentes.

Imagem

Figura 2.3 – Quadrante II do modelo de Grossman.
Figura 2.4 – Quadrante I do modelo de Grossman.
Figura 2.5 – Quadrante III do modelo de Grossman.
Figura 2.6 – Modelo simplificado de Grossman.
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Referências

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