Espa¸cos Vetoriais
´ Algebra Linear BC1425 UFABC Outubro 2019 ´Algebra Linear BC1425 (UFABC) Espa¸cos Vetoriais Outubro 2019 1 / 21
Espa¸cos Vetoriais
Primeira Aula
´
Algebra Linear BC1425 (UFABC) Espa¸cos Vetoriais Outubro 2019 2 / 21
Espa¸co Vetorial
Defini¸c˜ao
Seja V um conjunto tal que V 6= ∅. Definamos as sgtes opera¸c˜oes em V :
soma
+ : V × V → V
(u, v ) → u+v
multiplica¸c˜ao por escalar
· : R × V → V
(α, v ) → α·v
Dizemos que V ´e umespa¸co vetorial real se para quaisquer u, v , w ∈ V e α, β escalares, as opera¸c˜oes definidas acima s˜ao tais que :
1 (associativa) (u + v ) + w = u + (v + w ) 2 (comutativa) u + v = v + u
3 (existˆencia do vetor nulo ) Existe 0 ∈ V tal que u + 0 = u 4 (existˆencia do vetor oposto) Existe −u ∈ V tal que u + (−u) = 0 5 (distributiva) α(u + v ) = αu + αv
6 (distributiva) (α + β)v = αv + βv 7 (associatividade) (αβ)v = α(βv ) 8 (multiplica¸c˜ao por 1) 1 u = u
Os elementos de um espa¸co vetorial V s˜ao chamados vetores.
Denotaremos por 0V ovetor nulodo espa¸co vetorial V
Se os escalares na defini¸c˜ao acima s˜ao n´umeros complexos, V ser´a um espa¸co vetorial complexo.
´
Algebra Linear BC1425 (UFABC) Espa¸cos Vetoriais Outubro 2019 5 / 21
Exemplos de Espa¸cos Vetoriais
(1) Espa¸co euclidiano n-dimensional ou espa¸co Rn
V = Rn = {(x1, · · · , xn) | xi ∈ R} Com as opera¸c˜oes usuais de
I soma de vetores em Rn
I multiplica¸c˜ao de um vetor em Rn por escalar
temos que V = Rn ´e um espa¸co vetorial real.
Casos particulares importantes:
Plano euclidiano: V = R2
vetor nulo 0V = (0, 0)
Espa¸co euclidiano tridimensional: V = R3
vetor nulo 0V = (0, 0, 0)
´
Algebra Linear BC1425 (UFABC) Espa¸cos Vetoriais Outubro 2019 6 / 21
(2) Conjunto das matrizes reais m × n
V = Mm×n(R)
Com as opera¸c˜oes usuais de
I soma de matrizes
I multiplica¸c˜ao de uma matriz por escalar
temos que V = Mm×n(R) ´e um espa¸co vetorial real.
Caso particular: Conjunto das matrizes quadradas de ordem 2
V = M2(R) = a b c d : a, b, c, d ∈ R
Observe que 0V ´e a matriz de ordem 2 nula.
(3) Conjunto das fun¸c˜oes reais
V = F Se f , g ∈ F e α um escalar, definamos
I a soma de fun¸c˜oes f + g definida por:
(f + g )(x ) = f (x ) + g (x ), para todo x ∈ R
I a multiplica¸c˜ao de uma fun¸c˜ao por escalar α f definida por (α f )(x ) = α f (x ), para todo x ∈ R
Observe que 0V ´e a fun¸c˜ao constante identicamente nula, isto ´e, f0(x ) = 0 para todo x ∈ R
O oposto de uma fun¸c˜ao f ´e a fun¸c˜ao −f definida por (−f )(x ) = −f (x ), para todo x ∈ R.
Caso particular: Fun¸c˜oes cont´ınuas no intervalo I
V = C(I ) = {f : I → R | f cont´ınua}
´
Algebra Linear BC1425 (UFABC) Espa¸cos Vetoriais Outubro 2019 9 / 21
(4) Polinˆomios com coeficientes reais de grau ≤ n
V = Pn = {a0+ a1x + · · · + an−1xn−1+ anxn : ai ∈ R}
Sejam
p(x ) = a0+ a1x + · · · + anxn e q(x ) = b0+ b1x + · · · + bnxn polinˆomios de grau ≤ n, e seja α um escalar. Definimos
I soma de polinˆominos
p(x ) + q(x ) = (a0+ b0) + (a1+ b1)x + · · · + (an+ bn)xn.
I multiplica¸c˜ao de um polinˆomio por escalar
α p(x ) = (αa0) + (αa1)x + · · · + (αan)xn.
Com estas opera¸c˜oes o conjunto V = Pn ´e um espa¸co vetorial real.
´
Algebra Linear BC1425 (UFABC) Espa¸cos Vetoriais Outubro 2019 10 / 21
Observe que 0V ´e o polinˆomio nulo, isto ´e,
o polinˆomio cujos coeficientes s˜ao todos iguais a zero. O oposto do polinˆomio p(x ) = a0+ a1x + · · · + anxn ´e o polinˆomio
−p(x) = −a0− a1x − · · · − anxn.
Caso particular: Polinˆomios com coeficientes reais de grau ≤ 2
V = P2= {a0+ a1x + a2x2 : a0, a1, a2 ∈ R}
Teorema Sejam
V um espa¸co vetorial real
u ∈ V e α ∈ R Ent˜ao 1 0 · u = 0V 2 α · 0V = 0V 3 (−1)u = −u 4 α · u = 0V ⇒ α = 0 ou u = 0V.
Prova:
1 u + 0 · u = 1 · u + 0 · u = (1 + 0) · u (prop 8 e prop 6) ent˜ao u + 0 · u = 1 · u = u (prop 8)
somando a ambos os membros −u temos −u + (u + 0 · u) = −u + u
(−u + u) + 0 · u = 0V (prop 1 e prop 4)
0v+ 0 · u = 0V (prop 4)
Logo, 0 · u = 0V (prop 3)
2 (Exerc´ıcio)Escreva α · 0V = α(0V + 0V) e use a prop 5. No resultado obtido some −α · 0v em ambos os membros. Use prop 3 e prop 1 para concluir o resultado.
3 (Exerc´ıcio)Escreva (−1) · u = (−1) · u + 0V e use a prop 3 para escrever 0v = u + (−u). Use prop 1, prop 5 e depois prop 3 e parte 1 do Teorema para concluir o resultado.
4 (Exerc´ıcio)Suponha que α 6= 0 e escreva u = 1 · u = (1
αα) · u.
´
Algebra Linear BC1425 (UFABC) Espa¸cos Vetoriais Outubro 2019 13 / 21
Subespa¸co Vetorial
Defini¸c˜ao Sejam
V um espa¸co vetorial real
W um subconjunto de V tal que W 6= ∅ Dizemos que W ´e umsubespa¸co vetorial de V se:
(i) 0V ∈ W ;
(ii) u + v ∈ W , para quaisquer vetores u e v em W (iii) α · u ∈ W , para quaisquer α escalar e u vetor em W
´
Algebra Linear BC1425 (UFABC) Espa¸cos Vetoriais Outubro 2019 14 / 21
Observa¸c˜
oes
1 Todo subespa¸co vetorial W ´e, em si mesmo, um espa¸co vetorial.
I As condi¸c˜oes(1),(2),(5),(6), (7),(8)s˜ao v´alidas para quaisquer vetores u, v , w ∈ V , em particular, s˜ao v´alidas para u, v , w ∈ W ⊂ V , ou seja,
W herdaessas propriedades de V .
I A condi¸c˜ao(3)se verifica pela da defini¸c˜ao de subepa¸co
I Para verificar a condi¸c˜ao(4), observemos que se u ∈ W , ent˜ao (−1)u ∈ W . Pelo Teorema parte (3) temos que (−1)u = −u ∈ W .
2 W = {0V} ´e um subespa¸co vetorial de V , chamado subespa¸co nulo.
Resumindo
Todo espa¸co vetorial V admite ao menos dois subespa¸cos vetorias: {0V} e V
Subespa¸cos de V = R2 Subespa¸cos de V = R3
{0V}, onde 0V = (0, 0)
retas que passam pela origem V = R2
{0V}, onde 0V = (0, 0, 0)
retas que passam pela origem planos que passam pela origem V = R3
´
Algebra Linear BC1425 (UFABC) Espa¸cos Vetoriais Outubro 2019 17 / 21
Exemplos
1 O conjunto W = {(a, b, −b, a) | a, b ∈ R } ´e um subespa¸co vetorial de V = R4.
2 O conjunto W = {a + bx − bx2+ ax3| a, b ∈ R } ´e um subespa¸co vetorial de V = P3. 3 O conjunto W = a b −b a a, b ∈ R ´ e um subespa¸co de M2(R). ´
Algebra Linear BC1425 (UFABC) Espa¸cos Vetoriais Outubro 2019 18 / 21
Exerc´ıcios
(1) Determine se W ´e um subespa¸co de V :
I V = R3, W = { (a, 0, a) | a ∈ R } I V = R3, W = { (a, −a, 2a) | a ∈ R } I V = R3, W = { (a, b, a + b + 1) | a, b ∈ R } I V = M2(R), W = a b b 2a a, b ∈ R I V = M2(R), W = a a + 1 0 b a, b ∈ R
I V = M2(R), W ´e o conjunto das matrizes quadradas de ordem 2 com
determinante igual a zero, ou seja, W = {A ∈ M2(R) | det(A) = 0}.
I V = M2(R), W ´e o conjunto das matrizes quadradas de ordem 2 com
tra¸co igual a zero, ou seja, W = {A ∈ M2(R) | tr (A) = 0}
I V = M3(R), W ´e o conjunto das matrizes diagonais de ordem 3.
I V = P2, W = { bx + cx2| b, c ∈ R }
I V = P2, W = { a + bx + cx2| a + b + c = 0 }
I V = F , W = {f ∈ F | f (−x ) = f (x ) } (fun¸c˜oes pares)
I V = F , W = {f ∈ F | f (−x ) = −f (x ) } (fun¸c˜oes ´ımpares)
(2) Seja D = {f ∈ F | f ´e diferenci´avel }. Mostre que D ´e um subespa¸co vetorial de V = F .
(3) Mostre que o conjunto dasmatrizes sim´etricasde ordem n ´e um subespa¸co vetorial de V = Mn(R).
(4) Mostre que o conjunto dasmatrizes idempotentes de ordem n ´e um subespa¸co vetorial de V = Mn(R).
(5) Seja D ∈ Mn(R) uma matriz fixa. Mostre que o conjunto
W = { A ∈ Mn(R) : A · D = D · A } ´e um subespa¸co de V = Mn(R).
(Sugest˜ao: Use as propriedades de multiplica¸c˜ao de matrizes ). (6) DesafioO conjunto de todos os n´umeros reais positivos, com a soma
⊕ definida por x ⊕ y = xy , e a multiplica¸c˜ao por escalar definida por α x = xα ´e um espa¸co vetorial ?