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FECUNDIDADE vs. MIGRAÇÃO: CAUSA OU EFEITO? UMA APLICAÇÃO AO DISTRITO FEDERAL

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Academic year: 2021

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FECUNDIDADE vs. MIGRAÇÃO: CAUSA OU EFEITO?

UMA APLICAÇÃO AO DISTRITO FEDERAL

1

Ana Maria Boccucci2 Laura Rodriguez Wong3

1 INTRODUÇÃO

A migração junto com a mortalidade, e principalmente a fecundidade, definem a dinâmica da população de uma sociedade. A migração, relacionada às condições históricas das mudanças sócioeco-nômicas, constitui um dos mecanismos, que dentro desta dinâmica, podem influenciar a redistribuição espacial e crescimento da socieda-de. Isto se aplica, particularmente ao Distrito Federal (DF) cuja imigração, como se sabe, foi composta, na sua maioria, de mão-de-obra, que, por ser eminentemente jovem, inclui grande parte da população em idade reprodutiva.

Por sua vez, associa-se, freqüentemente, à migração das mulheres nos países em desenvolvimento, mudanças nos seus papéis e nas suas próprias atitudes pela exposição a novas e diferentes idéias e maneiras de sentir, fazer e perceber as coisas (Graeme, 1993).

Ora, se a fecundidade é produto de muitos fatores interve-nientes, pode-se supor que uma população, que receba intensos fluxos migratórios sofra importantes transformações. Estas podem ser di-mensionadas sob vários ângulos:

a) do ponto de vista da população imigrante: ao se expor ao contexto da população receptora, a imigrante poderá se adaptar ao lugar de destino, modificando seu com-portamento reprodutivo, aumentando ou diminuindo sua própria fecundidade;

1 As autoras agradecem a sólida orientação do Professor José Alberto Magno de Carvalho na elaboração da metodologia deste estudo. Eventuais erros, no entanto, são de enteira responsabilidade das mesmas.

2 CODEPLAN – Brasília/DF e Mestranda em Demografia do CEDEPLAR/UFMG. 3 CEDEPLAR/FACE/Departamento de Demografia/UFMG.

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b) do ponto de vista da população receptora: particular-mente, se o fluxo imigratório for massivo, como, até recentemente foi o caso do DF, a população receptora pode assumir como próprios os padrões reprodutivos desse fluxo, que podem ou não ser diferenciados da população que deu origem à migração;

c) um terceiro enfoque consideraria o migrante como um segmento diferenciado, tanto da população de origem como da receptora, se mantendo diferenciada, mesmo depois de amplamente superados os denominados ‘pe-ríodos de adaptação’.

Tomando o DF como um verdadeiro “balão de ensaio” devido a sua formação, surge o tema “Fecundidade no Distrito

Federal sob os efeitos da migração” que, considerando o exposto

acima, envolve múltiplas facetas de estudo. Este artigo, atendendo ao pressuposto em (c), centra-se no comportamento reprodutivo de mu-lheres imigrante no Distrito Federal e o compara com aquele demons-trado pelas mulheres residentes no local de origem destas migrantes. A literatura disponível sobre este tema é bastante limitada

e pouco recente4. Entre os estudos disponíveis, destaca-se Hervitz

(1985) que visualiza no processo de migração várias etapas. O autor chama a atenção para o fato do impacto da fecundidade na migração inter-regional nos países em desenvolvimento, não ter recebido muita atenção fora da literatura de migração ou da literatura dos determi-nantes da fecundidade. Isto surpreende, dada a potencialidade do impacto da migração sobre o níveis de fecundidade, tanto quanto sobre os diferenciais da mesma.

Marcos teóricos e algumas hipóteses tem sido propostas, sugerindo vários padrões do comportamento da fecundidade segundo a migração. Entretanto, a nível empírico, as evidências disponíveis são bastante limitadas. As quatro hipóteses mais comumente examinadas na literatura e mencionadas por Hervitz (1985) focalizam os processos de socialização, adaptação, seleção e ruptura (disruption).

Se as metas reprodutivas das migrantes são similares às que moram na origem ou no destino, presumivelmente, dependerá da 4 Destacam-se duas entre elas: Friedlander, Goldscheider (1978) e Hervitz (1985),

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extensão de como as migrantes são sujeitas à socialização, adaptação, seletividade ou efeitos da ruptura. Em princípio, as quatro hipóteses levariam a diferentes conclusões concernentes ao impacto da migração sobre a fecundidade a longo ou a curto prazo o que pode servir para orientar as políticas públicas de redistribuição espacial e/ou compor-tamento reprodutivo. Em conseqüência, embora sejam relativamente limitadas, é de extrema importância examinar as evidências empíricas na busca de apoio a uma ou outra hipótese.

Discute-se neste trabalho, a associação entre migração e fecundidade partindo da constatação de comportamentos

reproduti-vos diferenciados segundo status migratório, com a finalidade de

estabelecer o sentido da relação entre ambas variáveis. Isto é, busca-se elementos que indiquem se a migração causa alterações na fecundida-de ou se existem características seletivas fecundida-determinantes dos fluxos migratórios. Neste último caso, a seletividade expressar-se-ia pelo comportamento reprodutivo. Sendo assim, o DF como uma unidade da Federação recente e fundamentalmente constituída de população migrante induz à importância de que se conheça as características e os resultados desse processo.

Finalmente, para atender ao objetivo citado, este trabalho considera, em primeiro lugar, utilizando medidas transversais, o nível e padrão etário da fecundidade. Em segundo lugar, utilizando um enfoque longitudinal, apresentam-se valores selecionados de parturi-ção por coortes para entender melhor estes diferenciais.

2 METODOLOGIA

Dado o objetivo mencionado, a metodologia aqui utilizada consiste basicamente, na comparação de medidas transversais e

lon-gitudinais segundo status migratório, o mesmo que está definido no

item 2.2.

Em primeiro lugar, através da denominada ‘fecundidade corrente’ estabelece-se o nível e padrão por idade da fecundidade. Em segundo lugar, utilizando dados de parturição, busca-se identificar e acompanhar coortes de mulheres de diversas idades até a última data e dado disponível.

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Assim, com a informação sobre tempo de residência, iden-tificam-se, ao longo do período de referência, as mulheres que emigra-ram ao DF antes de 1970 e seu comportamento reprodutivo em termos de número médio de filhos tidos. Estas mulheres, correspondem, no censo de 1980, às mulheres sobreviventes imigrantes com mais de dez anos de residência no DF; no censo de 1991, correspondem às que declaram ter mais de vinte anos de residência. Desta forma, define-se, para diversas coortes, a experiência reprodutiva num período de até vinte anos.

Similar acompanhamento é feito com as mulheres residen-tes nas áreas que dão origem aos fluxos migratórios: coorresiden-tes de mulheres sobreviventes em 1970, em determinada área, são identifi-cadas, na mesma área, 10 anos depois no censo de 1980 na faixa etária 10 anos mais velha. Igualmente, 11 anos depois, em 1991, em que esta coorte está 11 anos mais velha. Neste caso, assume-se, para fines práticos, que a população no lugar de origem, identificada no primeiro momento, é fechada, isto é, exposta apenas à mortalidade, não rece-bendo nem expulsando população.

2.1 Área de estudo, dados e período de referência

A unidade de estudo é o DF, considerando o processo migratório experimentado entre as décadas de 1960, 1970 e 1980. Foram utilizados para isto, os dados censitários de 1970 a 1991.

Justifica-se utilizar o DF pelo fato de:

a) ser uma unidade da Federação nova, cuja população é constituída propriamente de migrantes (em 1970, 100%

da população feminina em idade reprodutiva5 era

mi-grante; em 1980, 92%; e em 1991, 72%);

b) o fluxo migratório que recebe, possuir uma estrutura etária jovem o que, como foi dito, tem importantes implicações demográficas e sociais, particularmente no que concerne ao período reprodutivo.

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As três áreas de origem de maior fluxo migratório para Brasília: o Nordeste como um todo, os Estados de Minas Gerais e de Goiás (Veja Tabela 1) foram tomadas como ponto de referência para

a comparação mencionada no objetivo6.

2.2 Definições

Foi considerada migrante, a mulher residente não nascida no Distrito Federal. Para a definição de não migrante tomou-se como local de origem, o lugar de nascimento e não a residência anterior, devido a que a agregação deste último dado nem sempre adecua-se à classificação do tempo de residência aqui utilizado. Além disso, foi observado que os maiores fluxos migratórios provinham de regiões, cujas mulheres se deslocavam diretamente de sua origem para o DF. Por exemplo, em 1970, mais de 70% de mineiras, goianas e nordestinas saíram de seus estados diretamente para o Distrito Federal (Boccucci, 1998).

Ao mesmo tempo que estes grupos conformam a grande maioria da população migrante do DF, é necessário esclarecer que a

Tabela 1

DISTRITO FEDERAL, 1970, 1991:

PARTICIPAÇÃO RELATIVA DE MULHERES MIGRANTES EM IDADE REPRODUTIVA

SEGUNDO LUGAR DE NASCIMENTO (%)

Lugar de Nascimento Período

1970 1980 1991 Região Nordeste 35.98 37.68 49.97 Estado de Minas Gerais 26.18 22.63 19.47 Estado de Goiás 17.66 16.55 15.19 Outros estados e países 20.18 23.14 15.37

Total 100.00 100.00 100.00

Fonte: FIBGE. Censos Demográficos de 1970, 1980, 1991. Boccucci (1998).

6 Para maiores detalhes sobre a escolha destas populações, assim como da sua evolução, veja Boccucci (1998).

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pesquisa base deste trabalho, os considera como fluxos migrantes claramente diferenciados. Basta mencionar aqui, que, em geral, o fluxo nordestino tem em média, um menor número de anos de escola-rização e é constituído de migrantes de mais longo percurso,

compa-rativamente ao fluxo mineiro7. O fluxo goiano diferencia-se,

priori-tariamente, pela mínima distância geográfica que separa os lugares de origem e destino o que, acredita-se, determina sua diferença em relação aos outros dois fluxos, principalmente no que se refere à relativização do processo de adaptação.

Considera-se cinco categorias de status migratórios,

defi-nidos da seguinte forma:

1) Migrantes Recentes – até 2 anos de residência no

Dis-trito Federal;

2) Migrantes de tempo médio – 3 a 9 anos de residência no

DF;

3) Migrantes Antigas – 10 a 19 anos de residência no DF;

4) Migrantes mais antigas – 20 anos e mais de residência

no DF;

5) Residentes na origem – mulheres residentes nas áreas

de origem de maior fluxo migratório para o DF. Note-se finalmente, que, dadas as especificidades do DF, não se considera, para 1970, população com mais de 10 anos de

residência8. Igualmente, deve-se alertar para o fato de que, apenas

quando da realização do censo de 1991 foi possível captar população com tempo de residência superior a 20 anos.

3 A FECUNDIDADE SEGUNDO O STATUS MIGRATÓRIO

– UM ENFOQUE TRANSVERSAL

Neste item, utilizando informações “de momento” isto é, estimativas de fecundidade corrente, considerou-se o nível da mesma 7 Para maiores detalhes sobre o nível diferenciado segundo anos de educação dos

migrantes do DF, veja-se Cordeiro (1997).

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e seu padrão por idade, sempre segundo os diversos status

migrató-rios9.

3.1 Os níveis

O comportamento reprodutivo segundo status migratório

pode ser observado através da Taxa de Fecundidade Total (TFT)

apresentada no Gráfico 1, segundo as cinco categorias do status nos

anos 1970/80/91.

A TFT que, como sabemos, é uma medida de momento, não refletindo, portanto, o comportamento reprodutivo acumulado,

registra algumas importantes peculiaridades segundo o status

migra-tório, a saber:

a) considerando as três datas censitárias, nota-se, em todos os casos, uma diminuição nos níveis da fecundi-dade. Tome-se como exemplo as migrantes recentes em 1970, elas possuíam em torno de 5,0 filhos por mulher, sendo que em 1991, o valor correspondente foi de aproximadamente 2,0. Ao considerar a queda geral da fecundidade em todo o Brasil durante o período que se está estudando, o declínio da fecundidade em todas a categorias é um fenômeno coerente e esperado.

b) considerando a fecundidade das residentes na origem, comparada com a das migrantes, a fecundidade daque-las é, no geral, marcadamente maior em relação a das migrantes, independente do tempo de residência. A exceção acontece em 1991, parcialmente para Minas Gerais e Goiás, esta última como foi mencionado confi-gura uma população migrante diferente das outras em termos de fluxos migratórios para Brasília. Além do mais, 1991 é um período em que a fecundidade atinge níveis bastante baixos em todas as Ufs do Brasil o que pode relativizar diferenças de menor magnitude. 9 Para o DF, as estimativas censitárias de fecundidade, foram corrigidas

pressupon-do o mesmo grau de omissão, independente pressupon-do status migratório. As estimativas

do Nordeste, Minas Gerais e Goiás foram igualmente corrigidas. Em todos os casos, o correspondente fator de correção foi obtido, ao aplicar aos dados a metodologia de Brass (Brass, Coale, 1968) para estimar fecundidade.

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Grá fico 1 TAX A D E F ECUND IDADE TOTAL ( T FT ) DAS M IG RANTE S NO D IS T R ITO F EDERAL, POR TE MPO DE R E SIDÊN CIA E DAS RES IDE NTES NO LUGAR D E ORIG EM (NÃO MI GRAN TES ), 1 970 A 199 1 Fonte: F IB G E, Cens os Demográficos d e 1 970, 1 980 e 19 91; Boccuc ci, 199 8.

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c) registra-se uma surpreendente regularidade ao compa-rar diferenciais por tempo de residência. Por um lado, em todos os casos, as migrantes recentes têm TFT inferior àquelas de tempo médio de residência. Por outro lado, na medida em que diminui a fecundidade, aumenta o diferencial entre estes dois grupos, veja-se como exemplo as imigrantes mineiras. Em 1970, a TFT das migrantes recentes com relação às que tinham tempo médio de residência foi 12% menor. Este dife-rencial aumentou – em 1980 e 1991 – para 24% e 56%, respectivamente.

d) com relação às mulheres com tempo de residência su-perior a uma década, tempo considerado suficiente para superar um processo de adaptação, registra-se, nova-mente, notável regularidade: as migrantes antigas apresentam sempre, menor TFT em relação àquelas com tempo médio, isto é, de 3 a 9 anos de residência. Estas características quando consideradas em conjunto, endossariam, parcialmente, as hipóteses citadas por Hervitz (1985). As migrantes, de forma geral, chegando ao destino sofreriam um

processo de “disruption”, (ou interrupção) apresentando os menores

níveis. Logo após o impacto da chegada, entrariam num processo de adaptação, o que faria com que suas TFT assemelhem-se aos níveis das correspondentes na origem, sem no entanto alcançá-las. Ao au-mentar o tempo de residência, essa adaptação intensificar-se-ia, com a TFT tendendo a ser menor.

Estes achados permitiriam inferir por um lado, que a migração afetaria o padrão reprodutivo, isto é, se as mulheres migran-tes dos estados em estudo, não tivessem saído de sua origem, prova-velmente, elas teriam uma fecundidade maior do que a apresentada no lugar de destino; por outro lado, pode-se afirmar igualmente que

existiria, a priori uma seletividade, isto é, mulheres com expectativas

de baixa fecundidade tenderiam a emigrar. Ambas inferências poderão ser melhor apreciadas ao considerar a parturição por idade, no item 4.

3.2 O padrão por idade da fecundidade

Para examinar o padrão por idade segundo o status

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Específicas de Fecundidade por idade (TEF) e em segundo lugar, o valor médio dessa distribuição.

A seqüência dos Gráficos de 2.1 a 2.3 representa a

distri-buição relativa por idade, de acordo o status migratório para cada um

dos períodos considerados.

Gráfico 2.1

DISTRITO FEDERAL – 1970 TAXAS ESPECÍFICAS DE FECUNDIDADE,

SEGUNDO O STATUS MIGRATÓRIO

Fonte: FIBGE. Censos Demográficos de 1970. Obs.: Dados elaborados por Boccucci/1998.

No rde s te 0 5 10 15 20 25 30 17 ,5 22 ,5 27 ,5 32 ,5 37 ,5 42 ,5 47 ,5 grup o e tário TEF

2 an o s 3a9 ano s orig e m AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA A A A A A A A A A A A A AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA A A A A A AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA A A A AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA A A A A A AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA A A A A A A Minas G e rais 0 5 10 15 20 25 30 17 ,5 22 ,5 27 ,5 32 ,5 37 ,5 42 ,5 47 ,5 TEF AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA A A A A A A A A A A A A AAAAAAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA A A A A AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA A A A A A AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA A A A A A A A AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA A A A A A G o iás 0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 1 7 ,5 2 2 ,5 2 7 ,5 3 2 ,5 3 7 ,5 4 2 ,5 4 7 ,5 TEF

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Gráfico 2.2

DISTRITO FEDERAL – 1980 TAXAS ESPECÍFICAS DE FECUNDIDADE,

SEGUNDO STATUS MIGRATÓRIO

Fonte: FIBGE. Censos Demográficos de 1980. Obs.: Dados elaborados por Boccucci/1998.

M inas G e rais 0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 1 7 ,5 2 2 ,5 2 7 ,5 3 2 ,5 3 7 ,5 4 2 ,5 4 7 ,5 G o iás 0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 1 7 ,5 2 2 ,5 2 7 ,5 3 2 ,5 3 7 ,5 4 2 ,5 4 7 ,5 N o rd e s te 0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 1 7 ,5 2 2 ,5 2 7 ,5 3 2 ,5 3 7 ,5 4 2 ,5 4 7 ,5 g rup o e tário TEF

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Gráfico 2.3

DISTRITO FEDERAL – 1991 TAXAS ESPECÍFICAS DE FECUNDIDADE,

SEGUNDO STATUS MIGRATÓRIO

Fonte: FIBGE. Censos Demográficos de 1991. Obs.: Dados elaborados por Boccucci/1998.

Minas G e rais 0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 1 7 ,5 2 2 ,5 2 7 ,5 3 2 ,5 3 7 ,5 4 2 ,5 4 7 ,5 G o iás 0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0 1 7 ,5 2 2 ,5 2 7 ,5 3 2 ,5 3 7 ,5 4 2 ,5 4 7 ,5 No rd e s te 0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 1 7 ,5 2 2 ,5 2 7 ,5 3 2 ,5 3 7 ,5 4 2 ,5 4 7 ,5 g rup o e tário TEF

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O padrão etário da fecundidade, quando analisado através das TEF foi, em geral, semelhante, tanto para as migrantes quanto para as mulheres residentes na origem. Em 1970 e 1980 a maior taxa na faixa etária de 25 a 29 anos. Em 1991 observa-se um rejuvenesci-mento no comportarejuvenesci-mento por idade, pois a maior taxa corresponde ao grupo etário anterior (20 a 24 anos). Esta tendência é coerente com o processo de declínio brasileiro da fecundidade que experimentou, também um rejuvenescimento do padrão por idade.

De qualquer forma, ao considerar o tempo de residência, vale a pena salientar as seguintes particularidades:

– em 1970, em geral, as migrantes recentes apresentaram uma distribuição por idade semelhante às residentes na origem; tal semelhança contrasta com os níveis diferen-ciados da TFT já constatada na Gráfico 1 para estes dois grupos de mulheres. Se a “interrupção”, antes mencio-nada, é verdadeira, a semelhança na distribuição etária e a diferença no nível, estariam indicando que a inibição da fecundidade que se operaria nas migrantes recentes, acontece em todas as idades.

– já nas mulheres com mais de 3 anos de residência, que, como se viu, apresentam TFTs maiores do que as das migrantes recentes, registra-se sensivelmente, uma dis-tribuição mais jovem da fecundidade. Este rejuvenesci-mento indicaria a recuperação da fecundidade que estas mulheres teriam inibido quando elas estavam ainda na categoria de migrantes recentes. Esta característica se-ria consistente com o apontado nas linhas antes por Hervitz. No entanto, ao considerar que a maior diferença em ambos os grupos, tanto relativa como absoluta se dá no grupo etário 20-24 anos já mencionado, (veja-se a série dos Gráficos 2.1 a 2.3), a hipótese de “recuperação” da fecundidade perderia relevância. Isto porque muitas mulheres migrantes de 20-24 anos, com 3 a 9 anos de residência no lugar de destino, estavam no intervalo etário mais jovem (15-19) ao migrar, isto é, quando

tinham o status de migrantes recentes. Nestes grupos

etários, os eventuais fatores inibidores da fecundidade não teriam efeitos significativos. Esta observação poderá

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ser melhor avaliada, conseqüentemente, ao considerar um enfoque por coorte.

Em 1980, com menos intensidade, apresenta-se uma ten-dência similar. Já em 1991, não se configura um padrão diferenciado segundo tempo de residência; esta característica estaria associada ao processo de declínio da fecundidade generalizado.

A idade média, como forma de sintetizar a distribuição da

fecundidade, apresenta-se no Gráfico 3 para os cinco status

migrató-rios das três populações estudadas.

Coerente com a experiência do Brasil como um todo, nota-se um geral rejuvenescimento da idade média da fecundidade. Em 1970 este valor está em torno de 29.0 a 30.0 anos; em 1991, com exceção das migrantes mais recentes originárias do Nordeste, a idade

média independentemente do status migratório está entre 26.0 e 27.0,

aproximadamente. De uma certa forma, coerentes com suas corres-pondentes distribuições por idade (mencionadas no parágrafo ante-rior) este comportamento das idades apresenta duas características: em primeiro lugar, parece existir uma tendência a apresentar idades médias, entre as migrantes recentes, maiores do que as apresentadas pelas residentes na origem; em segundo lugar, à medida em que aumenta o tempo de residência registram-se valores menores.

Rê-interpretando estas curvas: migrantes recentes tende-riam a ter a uma distribuição etária das TEF, em média, mais velha comparativamente a da população que ficou no lugar de origem. Ao mesmo tempo, imigrantes já ‘adaptadas’ isto é, com mais de dez anos de residência, tenderiam a ter distribuições cada vez mais jovens.

Em resumo, o nível da fecundidade, quando definido atra-vés de medidas transversais, apresenta valores diferenciados segundo

status migratórios, podendo destacar dois aspectos, já encontrados por

Oliveira, Wong (1984) em estudo para o Brasil como um todo:

a) maiores TFT para as migrantes de tempo médio em relação às migrantes recentes, sugerindo isto uma “re-tomada” da fecundidade após uma fase de interrupção; b) menores TFT para as migrantes, em geral, quando

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Grá fico 3 ID ADE MÉD IA (EM ANOS ) DAS MIG RANTE S NO D IS T R ITO F EDERAL, POR TE MPO DE R E SIDÊN CIA E DAS RES IDE NTES NO LUGAR D E ORIG EM (NÃO MI GRAN TES ), 1 970 A 199 1 Fonte: F IB G E, Cens os Demográficos d e 1 970, 1 980 e 19 91; Boccuc ci, 199 8.

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Estas características de nível, no entanto, não se reprodu-zem de maneira consistente quando considerado o padrão por idade. Esta aparente contradição é melhor compreendida no item seguinte, utilizando um enfoque longitudinal.

4 PARTURIÇÃO POR IDADE E STATUS MIGRATÓRIO

– UM ENFOQUE LONGITUDINAL

Dado que uma melhor compreensão da fecundidade pode ser obtida através da observação do comportamento reprodutivo da mulher ao longo da sua vida, o enfoque longitudinal poderá contribuir para este objetivo.

Para este fim, apresentam-se as Tabelas 2 e 3 que permi-tem fazer o acompanhamento das coortes de determinada idade em 1970 e em 1980 e observar suas correspondentes parturições, calcula-das com dados dos censos de 1970, 1980 e 1991.

Desta forma, pode-se identificar a parturição de uma mu-lher que em 1970 tem, por exemplo, entre 20 e 24 anos, seja ela residente no lugar de origem ou de destino, tal como se ilustra utilizando o caso de Goiás:

a) de acordo à Tabela 2, as mulheres residentes em Goiás, com idades entre 20 e 24 anos, em 1970, decla-raram ter 1.33 filhos em média. Dez anos depois, com o dado coletado do censo de 1980, esta coorte (com 30-34 anos de idade para esta data) apresenta uma esperada maior parturição de 3.59. Vinte anos depois e conse-qüentemente, 10 anos mais velha, esta coorte (com idades entre 40 a 44 anos) apresenta uma parturição de

3.68 (dados coletados em 199110).

10 A rigor, sendo o intervalo intercensitário equivalente a 11 anos, obviamente, o intervalo etário corresponde às idades entre 41 e 45 anos. Por razões de ordem prática no entanto, considera-se aqui o grupo etário qüinqüenal tradicional. O mesmo se aplica aos outros grupos etários.

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T abela 2 PAR TURIÇ ÃO D A S COOR T ES S ELE CIONAD A S D A S MULH ERE S , EM 19 7 0 , SE G UND O ST A T U S M IG RATÓRI O (RES IDE NTES NA ORIG EM* E N O D F* *) G ru po etári o Norde ste Minas G erai s G o iás Orige m Migr antes Var iação (%) O ri gem M igrante s Vari ação % O rigem Migran tes Var iação (%) a) com idades de 2 0 a 24 anos 2 0 -24 1,11 1,13 –1,80 0 ,88 0,5 6 36,36 1,3 3 1,04 2 1,80 30 -34 3,99 3,31 17,04 3 ,05 2,6 9 11,80 3,5 9 2,89 1 9,50 40 -44 4,81 3,64 24,32 3 ,62 3,4 3 5,25 3,6 8 3,48 5,43 b) com idades de 2 5 a 29 anos 25 -29 2,8 2,5 11,7 2,4 1 ,7 29,0 3 ,0 2,3 25,4 35 -39 5,4 4,3 19,9 4,3 3 ,7 13,6 4 ,7 3,9 17,7 45 -49 5,5 4,3 22,4 4,3 3 ,7 13,1 4 ,3 4,1 5,1 Fonte: F IB G E - Cens os Demográficos d e 1 970, 1 980 e d e 1 991. * M u lheres resident es na áre a d e or igem do fluxo migrat ório. ** Imigrant es da d écada d e 60.

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T abela 3 PAR TURIÇ ÃO D A S COOR T ES S ELE CIONAD A S D A S MULH ERE S , EM 19 8 0 , SE G UND O ST A T U S M IG RATÓRI O (RES IDE NTES NA ORIG EM* E N O D F* *) G ru po etári o Nordeste M inas Ger ais G o iá s O rigem Migran tes Vari ação (%) Ori gem M igrantes Variação ( % ) O rigem Migran tes Vari ação (%) a) com idades de 2 0 a 24 anos 2 0-24 1,08 0,90 1 6,30 0,7 7 0,7 2 6,7 5 1,13 0,85 2 4,78 3 0-34 3,00 2,42 1 9,33 2,2 6 2,1 4 5,3 1 2,43 2,33 4,12 b) com idades de 2 5 a 29 anos 2 5-29 2,50 1,69 3 2,40 1,8 6 1,4 1 24,1 9 2,43 1,67 3 1,44 3 5-39 3,97 3,05 2 3,17 2,9 8 2,4 8 16,7 8 3,06 2,61 1 4,71 c) com idades de 3 0 a 34 anos 3 0-34 3,99 2,64 3 3,78 3,0 5 2,2 3 26,8 9 3,56 2,48 3 0,28 4 0-44 4,82 3,51 2 7,18 3,6 2 2,8 9 20,1 7 3,68 3,34 9,24 Fonte: F IB G E - Cens os Demográficos d e 1 980 e d e 1 991. Dad os elaborad o s p or B o ccucc i/199 8. * M u lheres resident es na áre a d e or igem do fluxo migrat ório. ** Imigrant es da d écada d e 70.

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b) As mulheres originárias de Goiás residindo no DF em 1970, isto é, migrantes, com idades entre 20 e 24 anos declararam uma parturição de 1.04 filhos em média. Em 1980, esta mesma coorte, com idades entre 30 e 34 anos e conseqüentemente com mais de 10 anos de residência, declara uma parturição de 2.89 filhos. Fi-nalmente em 1991, esta mesma coorte, com idades entre 40 e 44 anos e com mais de 20 anos de residência no DF, declara uma parturição de 3.48 filhos.

Em suma, os dados dos três censos permitem identificar o comportamento reprodutivo, mesmo que parcial, das diversas coortes contempladas nestes levantamentos. Neste item observaram-se as coortes de idades selecionadas de 1970 e 1980. Seguindo no tempo, comparou-se o padrão e o nível destas migrantes com as residentes na área da origem migratória.

Assim, a maior parte da experiência reprodutiva das coor-tes de mulheres com idades entre 20-24 e 25-29 anos em 1970, pode ser vista na Tabela 2, já mencionada.

Com relação ao Nordeste, observa-se que, as que ficaram na região, chegaram ao fim do período reprodutivo com aproximada-mente 5 filhos: a primeira coorte mencionada, tinha, em média, 4,81 filhos ao alcançar as idades de 40-44 anos. A coorte imediatamente mais velha, chegou às idades de 45-49 anos com 5,5 filhos.

Diferentemente, as que se deslocaram para o DF, apresen-taram parturições menores e gradativamente maiores à medida que aumentou o tempo de residência destas mulheres. Assim, se no início do “tempo de adaptação” a parturição foi muito parecida (ressalta-se que na coorte de 20-24 anos a maior parturição corresponde às migrantes), depois de 20 anos de residência, a parturição final das migrantes nordestinas que se dirigiram ao DF antes de 1970, ficou em torno de 4, o que significa uma diferença de 1.2 filhos a menos para as mulheres que migraram. É importante recordar que em 1970, o Nordeste ostentava níveis bastante altos de fecundidade (TFT acima de 7.5) e com vagos sinais de início da transição a níveis baixos ao longo desta década (Carvalho, 1997).

Com relação aos Estados de Minas Gerais e Goiás, nota-se, também, diferença entre as mulheres que ficaram e aquelas que

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migraram, mas a diferença, em relação ao Nordeste, está, antes que no nível atingido, nos padrões por idade.

De maneira geral, as coortes de mulheres com idades centrais do período reprodutivo em 1970, culminaram a prole em torno de 4 filhos, indiferentemente de ter, ou não, emigrado. De fato a parturição final é apenas ligeiramente inferior para as migrantes. A grande diferença está no “timing” da parturição; na medida em que é maior o tempo de residência, menor é a diferença entre as que ficaram e as que emigraram. Veja-se, por exemplo, as migrantes com menos de 10 anos de residência em 1970: ao considerar a primeira coorte (20-24), a variação da parturição das mineiras e goianas residindo no DF é de 36,36% e 21,80%, respectivamente, inferiores às que ficaram na origem. Na coorte imediatamente mais velha, estas diferenças são igualmente significativas (a parturição é 25% menor com relação às mulheres que permaneceram no lugar de origem).

Generalizando, pode-se afirmar que haveria, neste caso, a mesma expectativa com relação ao tamanho final da família entre migrantes e não migrantes, com a grande diferença de se registrar, nas primeiras, um claro adiamento da parturição. Já no caso do Nordeste, a expectativa sobre o tamanho da família seria, também, similar entre quem migra e quem fica, mas apenas enquanto as migrantes têm pouco tempo de saída do lugar de origem. À medida em que aumenta o tempo de residência, a coorte que emigra, evolui para tamanhos sensivelmente menores de família.

Similar acompanhamento pode ser feito com as coortes com idades de 20-24, 25-29 e 30-34 anos em 1980 (Tabela 3), isto é, coortes mais novas do que as de 1970 e já plenamente inseridas na acelerada transição da fecundidade que o Brasil como um todo vem experimentando. Fato este, que teria influenciado, também, o diferen-cial entre migrantes ou não.

Coortes de Minas Gerais e de Goiás apresentam similar comportamento ao apresentado nas coortes dez anos mais velhas identificadas em 1970, isto é, uma tendência, entre as migrantes, de atingir mais tarde o número médio final de filhos com relação às que não migraram.

No caso do Nordeste, a parturição, desta vez, apresenta-se claramente menor para migrantes, inclusive entre migrantes com menos tempo de residência. Assim por exemplo, as mulheres de 20-24

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anos residindo no Nordeste têm uma parturição 16,3% superior às que têm até 10 anos residindo no DF. Dez anos depois a diferença entre essas mesmas migrantes e as que ficaram aumenta para 19,33%. Ao observar coortes mais velhas, observa-se que as diferenças são maio-res, o que tenderia a reforçar a hipótese de que no caso do fluxo nordestino, o tamanho da família estaria associado ao tempo de residência. Uma explicação adicional estaria dada pelo fato que, ao entrar nos anos 90 – que é o caso de migrantes com idades 20 a 29 anos em 1980, mas com mais de 10 anos de residência no DF em 1991 – o Brasil como um todo, o que inclui o Nordeste, estava em plena transição a níveis baixos de fecundidade.

Sumariamente, constata-se que, as migrantes nordestinas das coortes identificadas em 1970 denotam uma fecundidade gradati-vamente menor, chegando ao final do período reprodutivo com um número menor de filhos do que as residentes na origem, ou melhor, as nordestinas percorrem as idades reprodutivas com um padrão semelhante às residentes na origem, porém, chegando ao final da vida reprodutiva com nível abaixo. Entretanto, entre as mineiras e as goianas, o padrão do comportamento reprodutivo é diferente, a fecun-didade de migrantes de 0 a 10 anos de residência mostra um diferencial bastante grande quando comparado com o da origem. Mas ao final do período reprodutivo, 20 anos depois de residência no DF, há uma inexpressiva margem de diferença (5%). Adicionalmente, Minas Ge-rais e Goiás, deve ser lembrado, ostentaram, sempre, taxas de fecun-didade inferiores às do Nordeste (TFT de aproximadamente 6,5), tendo apresentado, ao longo dos anos 70 um declínio de aproximada-mente um terço (Carvalho, 1997). Esta característica, certaaproximada-mente contribuiu para um tamanho final do número médio de filhos similar entre migrantes e não migrantes.

Finalmente, os dados de parturição por coorte estariam indicando “tipos” de relação entre migração e fecundidade, relaciona-dos, também, ao nível geral da fecundidade da população de origem, ou, todo caso, do estágio da transição demográfica em que se encon-tram. No caso do fluxo nordestino, originário de uma população com, ainda, altas taxas de fecundidade, a migração estaria influenciando a fecundidade, em função do tempo de residência. Já no caso de Minas Gerais e de Goiás, a migração pouco afetaria o nível da fecundidade, alterando sim, seu padrão por idade.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho abordou-se a relação Fecundidade – Migra-ção. A associação do tempo de residência com níveis e padrões de fecundidade, utilizando enfoques transversais e longitudinais, permi-tiu-se constatar duas tendências:

– ao considerar a fecundidade corrente, segundo tempo de residência, os níveis da fecundidade são diferentes, ten-dendo a ser menores para quem migra, e menores ainda para quem tem o menor tempo de residência (até 3 anos neste caso);

– ao considerar a parturição, nota-se que, efetivamente, existiria um período de “superação do stress” da migra-ção, no qual, a fecundidade é adiada, visto que, no caso de Minas Gerais e Goiás, o tamanho final da família tende ser o mesmo entre migrante e não migrante. Estas tendências estariam mediadas pelo estágio de tran-sição demográfica que a população de origem possui, assim, ao se atingir níveis relativamente baixos de fecundidade, pouca diferença existiria entre as migrantes e as que ficam. Além desta hipótese, há, ainda, algumas inconsistências a ser explicadas neste exercício com-parativo entre a parturição e a fecundidade corrente entre mulheres migrantes e não migrantes. Uma forma de melhor entendê-las, num trabalho mais aprofundado e que foge ao escopo deste trabalho, será analisar em conjunto este par de dados, por exemplo, na forma dos quocientes P/F do método de BRASS.

Finalmente, os resultados, em conjunto, poderiam ser objeto de um estudo mais aprofundado dentro do terceiro enfoque mencionado na Introdução deste trabalho, segundo o qual, quem emigra formaria parte de um segmento diferenciado, tanto em relação à população de origem, como da população receptora, mesmo depois de ultrapassado qualquer período de ‘adaptação’. É provável que este seja do perfil ao qual mais se acomoda o comportamento reprodutivo das imigrantes do Distrito Federal.

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Referências

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