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(1)93. CAPÍTULO II - A COMUNICAÇÃO E OS IDOSOS Na era da informação em que se encontra o mundo, a comunicação é basicamente o processo de troca de informações entre grupos ou indivíduos. Este processo é fundamental na vida das pessoas porque nenhum indivíduo pode gerar sozinho todas as informações necessárias para uma comunicação eficiente entre as demais pessoas. A comunicação é um processo mediante o qual duas ou mais pessoas se entendem, onde trocam informações e aprendizados. O objetivo básico da comunicação é influenciar: o ouvinte/receptor, o outro, o ambiente, até a si próprio.. 1 - Definição e importância da comunicação O conceito de comunicação é difícil de delimitar e, por conseqüência, de definir. De um determinado ponto de vista, todos os comportamentos e atitudes humanas e mesmo não humanas, intencionais ou não intencionais, podem ser entendidos como comunicação. A comunicação pode ou não ser pretendida, mas não só ao ser humano é impossível não comunicar como também, para o ser humano, o mundo é cheio de significados e só é inteligível e compreensível porque lhe atribuímos significados e o interpretamos. A convergência de um vasto tipo de fenômenos para debaixo do guarda-chuva da comunicação tem origem na elasticidade e flexibilidade do conceito. A raiz etimológica da palavra comunicação é a palavra latina communicatione, que, por sua vez, deriva da palavra commune, ou seja, comum. Communicatione significa, em latim, participar, pôr em comum ou ação comum. Portanto, comunicar é, etimologicamente, relacionar seres viventes e, normalmente, conscientes (seres humanos), tornar alguma coisa comum entre esses seres, seja essa coisa uma informação, uma experiência, uma sensação, uma emoção, etc. De acordo com Cianciarullo (1996, p.138), a comunicação é um ato intrínseco ao existir do ser humano. Assim, o ser humano tem por necessidade comunicar-se, pois o mesmo vive em um sistema social, onde existe a interdependência entre os homens, a fim de atingirem um objetivo em comum, tornando o homem um ser sociável. Para Stefanelli (1996), a comunicação pode ser entendida como uma troca de mensagens que exercem influências no comportamento das pessoas envolvidas no processo da comunicação, e é através da habilidade de comunicar-se que o homem se relaciona e transmite os seus conhecimentos para o mundo..

(2) 94. A comunicação se dá de duas formas específicas: a comunicação verbal e a não verbal, onde esta terá maior destaque neste estudo. A comunicação verbal pode ser entendida como sendo aquela que é transmitida através da linguagem escrita ou falada, por meio dos sons e palavras. A comunicação não verbal compreende as expressões emitidas pelas atitudes corporais, que não podem ser transmitidas através de palavras. Esta forma de comunicação é, em maior parte das vezes, emitida pelo corpo sem que estejamos conscientes do que estamos emitindo. A forma de comunicação não verbal ganha importância porque ela pode confirmar ou negar a mensagem transmitida através da expressão verbal e também pelo fato desta estar sempre presente, esteja a comunicação verbal sendo emitida ou não; É possível comunicar-se de maneira não verbal sem utilizar a mensagem verbal, entretanto, é pouco provável que um indivíduo possa comunicar-se verbalmente sem utilizar mensagens não verbais. (TRAVELBEE, 1979, p.79). De acordo com Silva (1991, p.89), a comunicação não verbal pode ser expressa de diversas formas, o que cabe aqui trazer algumas das suas definições quanto ás classificações:.  Cinésica ou linguagem do corpo - “Descreve as posições e a movimentação do corpo humano que possui significado na comunicação interpessoal, nas diferentes culturas. A análise cinésica incide sobre todas as partes do corpo, ressaltando-se que as expressões faciais são bastante utilizadas para demonstrar sentimentos”;  Proxêmica – “Estuda o uso humano do espaço para fins de comunicação. Estão envolvidos aspectos de proximidade consciente ou não de outra pessoa, (...), de orientação, (...) e de territorialidade”;  Paralinguagem – “Estuda os sons produzidos pelo aparelho fonador é usado no sistema sonoro da língua que está sendo usada (...), a para-linguagem fornece a emoção do emissor”. . Tacesica – “Focaliza o toque em situações de saudação, de despedida, entre indivíduos de diferentes “status” social e entre sexos opostos”. Ainda de acordo com Silva (1991), a comunicação é um processo ou sucessão de. fenômenos ligados à troca de mensagens. No processo de comunicação, intervêm os seguintes elementos:.

(3) 95. * Emissor (fonte): É o indivíduo ou grupo que emite a mensagem com idéias, informações, necessidades, ou desejos e o propósito de comunicá-los a uma pessoa ou grupo de pessoas; * Codificação: Significa formular o conteúdo através de símbolos (palavras, gestos, etc.) e selecionar o veículo mais adequado para a transmissão da informação. O emissor precisa tentar estabelecer um significado “mútuo” (comum ao emissor e ao receptor). Diferenças de significado são as causas mais comuns de desentendimentos ou de falha na comunicação; * Mensagem: É a forma física na qual o emissor codifica a informação com o objetivo de transmiti-la a alguém. A mensagem pode ter qualquer forma que possa ser captada e compreendida por um ou mais sentidos do receptor; * Canal: É o meio de transmissão de uma pessoa a outra (verbal, papel, meios eletrônicos). O canal deve ser adequado à mensagem, para que a comunicação seja eficiente e eficaz; * Receptor: É a pessoa ou grupo a quem se destina a mensagem, logo ele é o alvo da comunicação. Se a mensagem não chegar ao receptor ou este não a compreender, a comunicação não acontece; * Decodificação: Ocorre quando a mensagem chega e os símbolos utilizados na codificação são traduzidos em informações e sentimentos significativos pelo destinatário. O receptor deve perceber a mensagem, e em seguida interpretá-la. Em geral, quanto mais a decodificação do receptor se aproxima da mensagem pretendida pelo emissor, mais eficaz será a comunicação.. 2- Tipologia das comunicações Entre as diversas modalidades de comunicação, destacamos a verbal e não verbal diante da evidencia da relação com o enfoque deste estudo. A comunicação verbal pode envolver uma maior ou menor utilização da palavra no grau de diálogo. É unilateral quando a comunicação acontece de cima para baixo, sem regresso do destinatário ao emissor; ou bilateral se a informação passa em ambos os sentidos. Comunicação explícita é a que se percebe através das palavras, dos símbolos. Comunicação implícita são as implicações “captadas” pela maneira de transmitir a mensagem. Quanto à forma de transmitir a mensagem, a comunicação pode ser oral (coloquial, mais ágil) ou escrita (maior precisão). A escolha de uma forma ou outra dependerá do tempo, custo e importância da mensagem; e das preferências pessoais, habilidades individuais e recursos do emissor..

(4) 96. Comunicação formal é a mensagem enviada, transmitida e recebida por meio de comandos; informal é a mensagem que circula fora dos sistemas convencionais. A comunicação não-verbal é a transmissão de mensagens por meios que não são palavras. O propósito deste tipo de comunicação é exprimir os sentimentos “por trás” de uma mensagem. Esta ocorre por vários meios, tais como o ambiente (espaço físico em que a mensagem ocorre); atitude física (posição do corpo, postura, gestos das mãos, expressões faciais, timbre de voz), que comunicam a atitude do emissor em relação ao receptor e/ou mensagem, apresentação pessoal (vestuário, adornos e aparência), e outras formas implícitas de comunicação.. 3 - Canais formais e informais Os canais formais e os informais de comunicação são os caminhos oficiais para o envio de informações. Os canais formais são também meios de se enviar mensagens: publicações como boletins e jornais, reuniões, memorandos escritos, correio eletrônico, quadros de avisos tradicionais e informativos mais elevados. A comunicação descendente dá-se dentro de uma organização e é passada do superior para o subordinado. Ela envolve relatórios administrativos, manuais de políticas e de procedimentos, jornais internos da empresa, cartas e circulares aos empregados, relatórios escritos sobre desempenho, manuais de empregados, etc. Já a comunicação ascendente é a que ocorre do subordinado para o superior. Envolve memorandos escritos, relatórios, reuniões grupais planejadas, conversas informais com o superior. Apresenta um propósito informativo, auxiliando na tomada de decisões. As empresas desenvolvem muitos programas e políticas para facilitar a comunicação da base para o topo, tais como: • Política de portas abertas: qualquer empregado pode receber a atenção da alta administração; • Programas de treinamento: avaliam vários aspectos da empresa e procuram trazer os problemas à tona; • Programas de reclamações e outras formas de comunicação de problemas e/ou demandas dos funcionários para a alta administração..

(5) 97. Para Monteiro (2006), o canal formal são as redes que seguem a cadeia de autoridade da organização definida pela estrutura, considerando-se cinco tipos de redes de comunicação em grupo: comunicação em roda, em Y, em cadeia, em circulo e em interligação total. Estes vários tipos de redes apresentam características que as distinguem em termos de velocidade, rigor, satisfação, emergência de liderança e centralização. Na comunicação em roda os membros comunicam através de um único membro, ocupando este a posição central. Na rede em Y a comunicação faz-se nos dois sentidos aos diversos níveis da hierarquia. Na rede de comunicação em cadeia, cada indivíduo comunica apenas com o que o antecede e o precede. Na comunicação em círculo, o último indivíduo comunica com o primeiro. Por último, na rede de comunicação em interligação total, todos os membros comunicam com todos. As organizações além de funcionarem com os canais formais de comunicação, também utilizam os canais informais quando necessário. Eles são a rede de comunicação nãooficial que complementa os canais formais. De acordo com Monteiro (2006), a chamada rádio corredor é o canal de comunicação informal mais importante, pois refere-se aos caminhos tortuosos que distorcem a informação. Às vezes, chega a ser usada propositadamente para disseminar informações ao longo das linhas informais. Por exemplo, a administração pode querer insinuar aos empregados que a fábrica será fechada, a menos que estes se tornem mais produtivos. Segundo Monteiro (2006) a “rádio corredor” é o principal meio de transmissão de boatos e pode criar sérios problemas. Boatos falsos podem ser prejudiciais à moral e à produtividade. A melhor maneira de evitar que os boatos comprometam a imagem dos funcionários, e da própria organização, é manter reuniões com empregados e talvez com o público para discutir o boato. Uma discussão aberta pode ajudar a diminuir as suspeitas sobre um rumor catastrófico. O segundo aspecto diz respeito aos encontros casuais, os encontros não-programados entre os superiores e seus subordinados que podem configurar um canal de comunicação informal eficiente e eficaz. Os superiores eficazes não restringem suas comunicações às reuniões formais, eles coletam também informações valiosas durante encontros casuais. Para Monteiro (2006), a comunicação espontânea pode ocorrer no bar, perto de uma praça, nos corredores e no elevador. Não se deve ter preconceito em utilizar os canais informais de comunicação, pois muitas vezes, é através deles, ou seja, da informalidade de um encontro, que é possível coletar valiosas informações sobre a equipe e a própria organização..

(6) 98. 4 - Barreiras à comunicação Para alcançar a comunicação eficaz em primeiro lugar, entende-se que é necessário reconhecer e compreender por que ocorrem os desentendimentos e, em seguida, aprender a reduzi-los ou evitá-los. A comunicação é eficaz quando o receptor interpreta a mensagem do emissor da forma que este pretendia que fosse entendida. Os problemas de comunicação geralmente decorrem dos seguintes fatores (MONTEIRO, 2006, p.62): • Aspectos pessoais: correspondem às interferências que decorrem das limitações, emoções e valores humanos de cada pessoa. São exemplos a motivação e interesse baixos, reações emocionais e desconfiança, que podem limitar ou distorcer as comunicações com os outros funcionários; • Diferenças entre emissor e receptor: representam limitações ou distorções decorrentes das formas de comunicação - gestos, sinais, símbolos, etc - que podem ter diferentes sentidos para as pessoas envolvidas no processo e eventualmente distorcer seu significado; • Problemas relativos à transmissão das mensagens: habilidades de comunicação deficientes (o emissor não tem habilidade eficaz de comunicação), inconsistência nas comunicações (contradições entre comunicação verbal e não-verbal), sobrecarga de informações (alguém recebe muitas informações e fica confuso), falta de credibilidade do emissor, pressões de tempo (causando “curto-circuitos” no sistema normal de comunicações) e filtro (o emissor adultera a informação para torná-la mais aceitável ao receptor); • Limitações do receptor: audição seletiva (a pessoa “bloqueia” mensagens que estão em desacordo com suas crenças), juízos de valor (o receptor julga antecipadamente o interesse da mensagem), semântica (o receptor atribui à mensagem significados diferentes dos pretendidos pelo emissor).. 4.1 - Percepção e comunicação De acordo com Soucasavy (1990,p.86), a cada momento somos bombardeados por uma infinidade de estímulos, cuja percepção implica em um processo ativo da mente resultando nas sensações escolhidas por meio da atenção consciente..

(7) 99. A função perceptiva está ligada à atenção consciente para determinados tipos de estímulos externos e internos, sensações e eventos, como para áreas específicas de interesse. Por isto podemos dizer que a percepção é seletiva no seu caráter, e de um modo geral dirigida para áreas bem definidas. (FARTHING, 1992,p.31). A percepção é apenas um dos elementos da consciência humana e essa percepção do universo imediato se faz mediante inferência e probabilidade, ou seja, não há como conhecer verdadeiramente o mundo e a consciência de outros. Silva (1996, p.113), diz que é necessário lembrar a existência de fatores que interferem na percepção do verbal e do não verbal, principalmente:  nossas expectativas e emoções: quando alegres, interessados, ficamos mais susceptíveis à leitura do não verbal. Tristeza, contrariedade, raiva, nos dificultam essa tarefa;  estereótipos e experiências anteriores diminuem a visão do contexto do indivíduo e acionam os nossos mecanismos de projeção;  a dificuldade de reconhecer os sinais que expressam o não verbal;  pouco conhecimento do indivíduo que está emitindo seus significados;  pouco tempo utilizado para o reconhecimento do estímulo que acaba por empobrecer nossa percepção;  limitações físicas relacionadas aos órgãos dos sentidos e alterações metabólicas como dor, cansaço, que limitam a identificação do não verbal;  os ruídos funcionam como interferência quando se tenta estabelecer uma interação; e,  a não motivação nos impede de desenvolvermos habilidades para lidarmos com o não verbal. Vemos e ouvimos aquilo que nos convém. Essa forma individual de vermos e de ouvirmos denominada de bloqueio e filtragem é capaz de levar o receptor a não ser receptivo a uma determinada comunicação, pois a percepção seletiva, permite somente a captação de mensagens com as quais se está emocionalmente sintonizado. Este comportamento muitas vezes constitui uma forma de defesa frente às relações interpessoais estabelecidas, no campo profissional dos trabalhadores de saúde e dificulta a comunicação entre os membros da equipe e destes com o paciente, diminuindo a possibilidade de compreensão dos indivíduos. (O'cONNOR; SEYMOUR,1995,p.89). Segundo O'connor e Seymour (1995), quando percebemos o mundo, estamos usando todos os nossos sentidos, porém uns mais do que outros, o que é denominado de sistemas representacionais. Há pessoas que criam imagens mentais claras e pensam em termos visuais;.

(8) 100. outras são predominantemente verbais e auditivas enquanto as demais são basicamente cinestésicas. Embora a comunicação verbal seja a base a nossa comunicação diária, é essencial que a partir de um exercício consciente aprendamos e, ou aprimoremos a nossa capacidade de abstrair o significado daquilo que não é dito explicitamente, enriquecendo dessa forma a compreensão do que nos cerca. Entre as muitas maneiras de compreensão do não verbal, temos a proposta de Silva (1996) que classifica os gestos humanos em cinco categorias:  emblemáticos: são gestos culturais aprendidos e admitem transposição oral direta. São gestos simbólicos de largo uso social;  reguladores: são os gestos que regulam e auxiliam na manutenção da comunicação entre duas ou mais pessoas, Sugerem ao emissor que continue, repita, elabore, dando oportunidade ao outro de falar;  ilustradores: são gestos aprendidos por imitações, acompanham a fala, enfatizando a palavra ou a frase, como se desenhassem a ação descrita;  adaptadores: funcionam como "muletas", isto é, são partes o nosso corpo que usamos para compensar sentimentos como insegurança, ansiedade e tensão. Isto acontece, principalmente, quando não conseguimos expressar o que sentimos diante de alguém ou mesmo quando estamos sozinhos;  manifestações afetivas: são configurações faciais que assinalam estados afetivos. Podem ser conscientes ou não, Todas as pessoas são capazes de expressar várias emoções facilmente identificáveis pelos outros, o que acontece sem a necessidade de um aprendizado consciente.. 4.2 - Comunicação interpessoal Segundo Rego (2005), a comunicação interpessoal é um método de comunicação que promove a troca de informações entre duas ou mais pessoas. Cada pessoa, que passamos a considerar. Portanto, interlocutor, troca informações baseadas em seu repertório cultural, sua formação. educacional,. vivências,. emoções,. toda. a. bagagem. que. traz. consigo.. O processo de comunicação prevê, obrigatoriamente, a existência mínima de um emissor e de um receptor..

(9) 101. Cada qual tem seu repertório cultural exclusivo e, portanto, transmitirá a informação segundo seu conjunto de particularidades e o receptor agirá da mesma maneira, segundo o seu próprio filtro cultural. A fim de minimizar esses choques culturais, convencionou-se ferramentas e meios de múltiplas utilizações que passam a ser usados pelas pessoas na comunicação interpessoal. Como exemplo de ferramenta, pode-se considerar a fala, a mímica, os computadores, a escrita, a língua, os telefones e o rádio. Como em todo processo de comunicação, os ruídos existentes devem ser minimizados pelo melhor nível de qualidade que o emissor possa dispor e o receptor deve se portar da maneira mais aberta para receber a informação em questão. Para Rego R. (2005), a escolha dos meios de comunicação e a utilização das ferramentas disponíveis devem ser observadas de modo a facilitar todo o processo com o menor índice de ruídos possível. Uma vez transmitida á informação, o receptor a processa e, segundo seus objetivos transforma-a em conhecimento. O importante na comunicação interpessoal é o cuidado e a preocupação dos interlocutores na transmissão dos dados ou das informações em questão para que se obtenha o sucesso no processo desejado.. 4.3 - Esporte e comunicação Em termos contemporâneos, os meios de comunicação registram crescente importância na área da esportes. Este mecanismo de mediação fundamenta-se, em grande medida, no fato de oferecer significados à prática de atividades físicas/esportivas, por processos pragmáticos, postos em funcionamento através de inúmeras operações midiáticas aonde vão sendo tecidos e instituídos vínculos de interação entre seus componentes. Para Hatje e Carvalho (1996, p.106), são cada vez mais estreitas e fundamentais as relações entre esporte e comunicação; ambos vetores convergem em busca de um objetivo humano, qual seja, a construção e a interpretação do desenvolvimento da totalidade humana. A educação física e a comunicação social de forma integrada podem atender parte das exigências das ordens existenciais, isto é, podem contribuir à formação do ser psico-social e psico-biológico. Segundo Silva e Souza (1995p.99),o complexo mundo que nos rodeia parece nos convidar a organizar nossos olhares somando e articulando pontos de vista. Longe das preocupações orientadas aos recortes taxativos e à obsessão pelos objetos disciplinares únicos.

(10) 102. e excludentes do conhecimento, hoje as ciências requerem novas posturas epistemológicas. E certamente chegar a uma visão de conjunto do contexto social, assumir uma atitude integradora e articular os esforços de conhecimento de quem provêm do diversos campos da atuação, a interdisciplinaridade, talvez se constitua em um dos desafios mais exigentes para sua prática habitual. Nesse contexto, novas exigências teóricas a cerca da interação entre a Comunicação e Educação Física/Esportes e suas conseqüências, sugerem que os estudos não podem abandonar uma perspectiva mais abrangente, especialmente, aqueles de natureza crítica, ao ponto que estas reflexões requerem a abordagem de diferentes vertentes interpretativas.. 4.4 Relações entre comunicação e linguagem Os modos de comunicação são vários, dos quais destacamos a expressão do olhar, mímica facial, postura corporal, gesticulação, contacto corporal, sons guturais, palavras faladas (discurso), palavras escritas (texto, literatura), grafismo em relevo, ilustrações (artes plásticas), produção de ruídos, de sons musicais, reflexões da luz e emissão de luz. É difícil precisar quando, porque e de que forma surge a linguagem na humanidade. Para Leakey (1997), o surgimento da linguagem articulada, ou da fala propriamente dita, está diretamente associada ao surgimento de um mundo simbólico na humanidade. De acordo com o autor, os registros que revelam essa capacidade no homem se encontram entre 45 mil anos e 80 mil anos. Leakey(1997), diz que a fala surgiu muito tardiamente no processo evolutivo da humanidade, considerando os mais de 6 milhões de anos de evolução. Tratando da questão da linguagem em uma abordagem mais ampla, Leakey (1997, p.89) se diz: “(...) convencido pelos indícios oriundos dos cérebros fossilizados de que a linguagem começou a evoluir com o primeiro aparecimento do gênero homo”. Baseando-se em indícios anatômicos, a versão de uma evolução primitiva da linguagem, sucedida por uma melhoria gradual nas habilidades lingüísticas. Outros estudos revelam indícios da presença da área de Broca e de Wernicke gravada nos crânios fossilizados de espécies como o Homo Habilis e Australopitecus Africanus, o que permite inferir que essas espécies de cerca de dois milhões de anos atrás já possuíssem competências relacionadas à linguagem. (EDGAR, JOHANSON, 2001, p.123). Parafraseando as idéias de Paris (2004, p. 290):.

(11) 103. “(...) a simples presença de um animal no campo perceptivo de outro esboça já uma comunicação primária.” Mas essa perspectiva ampla é insuficiente para descrever o processo comunicativo humano, que ao longo dos séculos acumulou um enorme repertório simbólico que é utilizado nas mais variadas linguagens para comunicar sentidos, sentimentos e informações em geral. Esse repertório simbólico, antes estava circunscrito a um espaço e uma história que se desenvolvia nesse espaço, é a matéria prima para a construção de identidades, que vão permitir ao indivíduo se reconhecer diante do outro em geral.. 4.5 - Princípios e funções da comunicação na área da saúde Para Silva (1999, p.83), comunicar com qualidade passa pela compreensão do que se querer trocar com as pessoas, o que queremos colocar em comum, qual a nossa capacidade de estar trocando com o outro, qual o nível de troca que somos capazes de fazer com alguém que está precisando de ajuda, da disponibilidade e do conhecimento de que se dispõe a ser um profissional de saúde. Toda comunicação, portanto, tem duas partes: a primeira é o conteúdo, o fato, a informação que queremos transmitir; a segunda, o que estamos sentindo quando nos comunicamos com a pessoa. Assim, ela seria unilateral. Segundo Silva (1996, p.71), o conteúdo da nossa comunicação está intimamente ligado ao nosso referencial de cultura, e o profissional de saúde tem uma cultura própria, diferente do leigo, por isso é importante saber que quanto mais informações possuirmos sobre aquela pessoa e quanto maior a nossa habilidade em correlacionar esse saber do outro com o nosso, melhor será o nosso desempenho no aspecto da informação e do conteúdo. A comunicação pressupõe a informação e o domínio sobre o que queremos comunicar, a nossa intenção, emoção e o que pretendemos quando nos aproximamos do nosso cliente ou do nosso paciente. De acordo com Silva (1996, p.43), o interessante é que nem sempre o profissional da área de saúde tem a consciência de que, ao falarmos em comunicação, não falamos apenas das palavras expressas para a outra pessoa – que podem ser dimensionadas como comunicação verbal. Acontece que toda comunicação humana, face-a-face, interpessoal, também se faz através da comunicação não-verbal, ou seja, de todas as formas de comunicação que não envolvem diretamente as palavras. Pode-se afirmar que quando falamos de relacionamento interpessoal a comunicação verbal, sozinha, não existe, pois além dela existe a maneira como falamos - que podemos chamar de para-verbal: os silêncios e grunhidos que utilizamos ao falar, as pausas que fazemos entre as frases e palavras, a ênfase que colocamos na voz. Além.

(12) 104. do para-verbal, temos as expressões faciais, as nossas posturas corporais diante do outro, a maneira como o tocamos, as distâncias interpessoais que mantemos com essa outra pessoa. Para podermos afirmar que a comunicação está ocorrendo de maneira efetiva, temos que ser coerentes nas nossas palavras e em toda nossa comunicação não-verbal, até porque essa comunicação (não-verbal) tem quatro finalidades: a primeira é justamente complementar a comunicação verbal. É quando dizemos "bom dia" sorrindo para o outro e olhando nos seus olhos; a segunda, é contradizer o verbal. É quando dizemos, por exemplo, "muito prazer" e apertamos a mão do outro como se fosse um "peixe morto" ou com medo ou nojo de tocar; a terceira, é substituir o verbal. É quando utilizamos, por exemplo, o meneio positivo da cabeça, olhando para a outra pessoa e dizendo não-verbalmente "estou te ouvindo", "estou atenta a você". A quarta função ou finalidade do não-verbal, mas não menos importante, é a demonstração dos nossos sentimentos. Geralmente, não temos consciência nem controle voluntário de toda essa sinalização não-verbal. Por exemplo, numa interação, quando estamos gostando do que está acontecendo, a nossa pupila se dilata involuntária e inconscientemente. Claro que estou me referindo a situações onde não existe alteração de luminosidade, nem alteração química, porém é fato comprovado que quando a interação é prazerosa para a pessoa a sua pupila se dilata. Podemos afirmar, por dados como esse, que na contradição, na dúvida entre a mensagem verbal e a não-verbal, as pessoas confiam nessa linguagem silenciosa, que fala da essência do ser humano, do que estamos sentindo. (MCCASKEY,1999, p.173). Para Gaiarsa (2000, p.157), raríssimas vezes falamos tudo o que pensamos e ou sentimos, mas para um bom entendedor, em geral somos capazes de demonstrar o que estamos sentindo, porque muita dessa sinalização não-verbal não é necessariamente consciente e também não tem controle voluntário. Quem tem pele clara sabe, por exemplo, que ao sentir-se envergonhada ficará ruborizada, independente de querer ou não querer ficar, pois essa demonstração de vergonha independe da vontade. Também não temos a consciência de que os nossos olhos brilham quando estamos felizes e em paz.. 4.6 - Comunicação e saúde. Diante os avanços das ciências humanas e sociais, seja através do progresso da área química e biológica ou dos programas e políticas públicas de assistência, proteção e promoção.

(13) 105. social, é notório que a população do país está alcançando, paulatinamente, uma expectativa de vida mais longa. Como esta faixa etária é acometida por várias patologias, decorrentes do avanço da idade e das condições de vida que o indivíduo é submetido, advindas também da situação sócio-econômica que ele apresenta. A importância de haver uma maior comunicação na prestação de serviços de saúde aos idosos se dá no fato de que, ao conhecer a situação sócio-econômica dos idosos e apreender de que forma esta situação influencia no seu estado de saúde, poderá partir em busca de subsídios concretos para contribuir na melhoria da qualidade de vida desta parcela da população. Diante dos avanços das ciências humanas, através do progresso da área química, biológica e certas conquistas tecnológicas da medicina moderna, logradas ao longo dos últimos 60 anos, que favoreceram a adoção de medidas capazes de prevenir ou curar muitas doenças até então fatais, ou ainda através dos programas e políticas públicas na área social, é notório que a população do país está alcançando, paulatinamente, uma expectativa de vida mais longa, o que nos remete a necessidade de apreender como se dá o processo de envelhecimento. Conforme discutimos no capitulo I, o envelhecer é um processo natural do homem. Queiramos ou não estamos envelhecendo dia após dia, visto que "envelhecer é um processo fisiológico e natural pelo quais todos os seres vivos passam, e em especial o ser humano". (NERI, 1999, p. 28). O termo envelhecer pode ser descrito de pontos de vista distintos, dependendo de que forma o "envelhecer" é lido, seja na ótica das ciências sociais, ou no vislumbrar das ciências biológicas. Para Silva (1999, p. 73), entende-se por envelhecimento populacional o aumento proporcional de pessoas com mais de 60 anos, no contexto geral da população. Segundo o censo realizado pelo IBGE (2001), o número de pessoas no Brasil hoje é de 186.411.716 pessoas, e estas estimativas indicam que 32 a 33 milhões de pessoas estão com idade superior a 60 anos, sendo considerado, segundo os parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2004)..

(14) 106. É fundamental explicitar que o envelhecimento da população do país não ocorre de forma homogênea em todas as regiões. As diferenças sócio-econômicas e a distribuição desigual da renda interferem na variação da expectativa de vida da população. (SOBRAL, 1999, p. 28) A explicação desta alteração na forma da pirâmide etária, conforme análise do discurso de Teixeira (2000) se faz a partir da evolução do controle da natalidade através dos programas de métodos anti-conceptivos e dos avanços na área da saúde e biotecnologia que proporcionam o aumento da expectativa de vida da população. Diante desta conjuntura, se vê a necessidade de apreender a atual situação do idoso em seu espaço dentro da sociedade e a falta de comunicação existente para melhor informar os idosos. A comunicação é considerada uma necessidade fundamental, cuja satisfação envolve um conjunto de condições bio-psicossociais. É mais do que uma troca de palavras, trata-se de um processo dinâmico que permite que as pessoas se tornem acessíveis umas às outras por meio do compartilhamento de sentimentos, opiniões, experiências e informações. Para Rego A (2005), comunicar envolve, além das palavras que são expressas por meio da fala ou da escrita, todos os sinais transmitidos pelas expressões faciais, pelo corpo, postura corporal e distância que se mantém entre as pessoas; a capacidade e jeito de tocar ou mesmo o silêncio em uma conversa. A comunicação é essencial na área de saúde, pois, por meio dela são obtidas informações valiosas para a condução terapêutica. A comunicação é um processo complexo baseado em cinco dimensões: biológica, fisiológica, social, cultural e espiritual. 4.7 - O papel da comunicação na ressocialização do idoso Segundo Teixeira (2000, p.132), considerando-se que o envelhecimento traz alterações físicas, sociais, cognitivas e comportamentais, que afetam diretamente a posição social e o papel desempenhado pelo indivíduo, qualificando-o ou desqualificando-o para seu exercício ou interferindo diretamente nas suas condições de autonomia e independência e, tendo em vista, que em relação á linguagem, o declínio não é homogêneo, pois alguns aspectos mantêm-se bastante preservados enquanto em outros se nota alterações, torna-se necessário o.

(15) 107. estudo de comunicação dos idosos visando melhor conhecimento dos processos de envelhecimento e capacidades de adaptação. Os déficits relacionados ao envelhecimento são caracterizados pela perda da funcionalidade. Entre elas a funcionalidade motora, como já foi dito anteriormente, tem sido a mais descrita, mas a diminuição nos mecanismos de defesa natural do organismo e de adaptação ao ambiente além de perda da reserva funcional estende-se a outras esferas cognitivas, como a linguagem. Fatores ambientais não são determinantes para a perda da funcionalidade, porém contribuem e influenciam as perdas. Além deles, riscos de doenças, freqüentes no envelhecimento também interferem na capacidade funcional do indivíduo. De acordo com Rego A (2006), a visibilidade nos meios de comunicação é uma das formas mais importantes de reconhecimento social dos variados segmentos populacionais no que diz respeito ao reconhecimento de seu papel na sociedade da qual faz parte. Os idosos para se inserirem na nova sociedade, permeada pelos avanços tecnológicos, precisarão construir valores diferenciados. Se os jovens, por sua vez, não tiverem um culto excessivo à valorização da juventude, desenvolverão o processo de envelhecimento com melhor qualidade. Além disso, estudos sobre envelhecimento revelam que a convivência em grupos e a exposição aos processos de aprendizagens para as pessoas idosas possibilitam a descoberta de novas capacidades. As limitações comuns da idade avançada afetam a capacidade de manutenção das relações sociais, prejudicando diretamente as relações de saúde. No mundo ocidental a juventude é supervalorizada, pois é valorizada a produtividade e a habilidade para retribuir. Há um balanço entre a ajuda dada e recebida, o idoso não deseja tornar-se uma carga para seus familiares. A construção de um ambiente colaborativo local subsidia a disseminação da informação e propicia aos idosos a acessibilidade à informação, ultrapassando culturas locais, permitindo uma inteligência coletiva mais efetiva e favorecendo a inclusão à sociedade da informação. Portanto, uma forma de comunicação, detalhada, interessante e bem direcionada para o público idoso, oferece ao mesmo, um bom entendimento e resgata a compreensão do idoso como ser humano..

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