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Estudo dos elementos que impulsionaram a migração rural-urbana no município de Caicó de 1980 a 2010

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ – CAMPUS CAICÓ

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA

SAMUEL DANTAS FERNANDES MONTEIRO

ESTUDO DOS ELEMENTOS QUE IMPULSIONARAM A MIGRAÇÃO

RURAL-URBANA NO MUNICÍPIO DE CAICÓ DE 1980 A 2010

CAICÓ – RN

2017

(2)

ESTUDO DOS ELEMENTOS QUE IMPULSIONARAM A MIGRAÇÃO

RURAL-URBANA NO MUNICÍPIO DE CAICÓ DE 1980 A 2010

Monografia apresentada ao curso de Geografia Bacharelado – CERES, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de bacharel em Geografia.

Orientador: Prof ª. Ma. Isabel Cristina dos Santos

CAICÓ–RN

2017

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Profª. Maria Lúcia da Costa Bezerra - - CERES--Caicó

Monteiro, Samuel Dantas Fernandes.

Estudo dos elementos que impulsionaram a migração rural-urbana no município de Caicó de 1980 a 2010 / Samuel Dantas Fernandes Monteiro. - Caicó, 2017.

68f.: il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ensino Superior do Seridó, Bacharelado em

Geografia.

Orientadora: Ma. Isabel Cristina dos Santos.

1. Fatores - 2. Fluxo migratório - 3. Rural-urbano - I. Santos, Isabel Cristina dos. II. Título.

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Dedico este trabalho aos meus pais, meus irmãos, à minha namorada, à minha orientadora e aos meus verdadeiros amigos, acredito que sem o apoio de todos eles, esse desafio não teria sido superado.

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A monografia Estudo dos elementos que impulsionaram a migração rural/urbana

no município de Caicó de 1980 a 2010, apresentada por Samuel Dantas Fernandes

Monteiro, foi __________________ como requisito para obtenção do Grau de Bacharel em Geografia.

Aprovada em: ____/ _____/ _____

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________ Prof ª. Ma. Isabel Cristina dos Santos

Departamento de Geografia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_______________________________________________ Prof ª. Dra. Jeane Medeiros Silva

Departamento de Geografia

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_______________________________________________ Prof ª. Dra. Sandra Kelly de Araújo

Departamento de Geografia

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Agradeço a Deus em primeiro lugar, pois sem sua ajuda e sua direção eu não teria capacidade para seguir sempre em frente, dando-me disposição para alcançar os meus objetivos superando todos os obstáculos.

Aos meus pais Ruidael e Francisca por sempre me incentivarem a ser uma pessoa honesta e decente, sem precisar nunca passar por cima de outros para que consiga atingir o almejado. Meus irmãos Gabriel, Rafael e Ana Clara por quem tenho o sentimento mais puro existente e sei que esse sentimento é totalmente recíproco, agradeço especialmente a minha namorada Amanda, que sempre está ao meu lado me dando força, apoio e confiança.

À minha orientadora Isabel Cristina dos Santos, por sua paciência com meus atrasos, seus conhecimentos em geografia da população que foram essenciais para o desenvolvimento dessa pesquisa monográfica.

A Ronaldo Batista de Sales, mais conhecido como Magão, grande nome artístico e cultural da cidade, que com sua bondade e empatia me deixou consultar o seu acervo pessoal de fotos.

A todos os meus amigos e colegas do curso que acreditaram na minha capacidade para conclusão da etapa final da graduação no curso de Geografia Bacharelado, alguns desses amigos irei levar para a vida toda e não custa citar os seus nomes: Raul, Wanderson, Inácio, Nils, Tonivaldo e Jucielho.

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As áreas rurais brasileiras passam por constantes alterações em sua configuração, tornando-se cada vez mais difícil o entendimento das relações entre estas com a área urbanizada. Neste trabalho utilizaram-se como base as taxas migratórias do meio rural para o urbano no período de 1980 a 2010, nas circunstâncias da diminuição da população ruralista, as causas da ocorrência desse fluxo migratório e a transformação no espaço urbano que recebeu essa população migrante. Embora existam políticas públicas que incentive a agricultura familiar, inúmeros fatores continuam instigando a população rural a se deslocar em busca de melhores condições de vida na cidade. Fatores de ordem natural foram bastante relevantes para que esse tipo de migração ocorresse na região, como períodos de estiagem e a crise da cotonicultura. Houveram também fatores socioeconômicos, a partir da década de 80 a economia da cidade sobrexcedeu-se com relação à economia rural, o que gerou mudanças na base econômica do município, Caicó passou a ter majoritariamente uma economia urbana, alicerçada no setor terciário, o que aumentou ainda mais o estímulo das famílias em busca das oportunidades oferecidas pela cidade.

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Brazilian rural areas have undergone constant changes in their configuration, making it increasingly difficult to understand the relationship between these and the urbanized area. In this work, the migration rates from the rural to the urban areas from 1980 to 2010 were used as a basis, in the circumstances of the decrease of the rural population, the causes of the occurrence of this migratory flow and the transformation in the urban space that received this migrant population. Although there are public policies that encourage family farming, numerous factors continue to instigate the rural population to move in search of better living conditions in the city. Natural factors were very relevant for this type of migration to take place in the region, such as drought periods and the cotton crisis. There were also socioeconomic factors, since the 80's the economy of the city surpassed in relation to the rural economy, which generated changes in the economic base of the municipality, Caicó began to have an urban economy, based on the tertiary sector, which has further increased the encouragement of families in search of opportunities offered by the city.

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1 – Mapa de localização do município de Caicó-RN... 28

2 - Dados de precipitações mensais em milímetros (mm) de Caicó/RN 1981–1990.. 29

3 - Dados de precipitações mensais em milímetros (mm) de Caicó/RN 1991–2000.. 30

4 - Dados de precipitações mensais em milímetros (mm) de Caicó/RN 2001–2010.. 31

5 – Expansão da malha urbana do município de Caicó-RN de 1980 a 2010... 38

6 – Estádio Senador Dinarte Mariz, Marizão... 40

7 – Bairro Penedo no inicío de sua expansão... 41

8 – Bairro Penedo após ter uma grande expansão, pode-se verificar até mesmo processos de verticalização na área... 41

9 – Vista da Ponte Nova sem sequer um traço de ocupação humana nas margens do rio Seridó... 42

Figura 10 – Vista da Ponte Nova recentemente... 42

11 – Antiga propriedade rural localizada onde hoje é a ilha de Santana... 43

12 – Ilha de Santana... 43

13 – Capela de São Joaquim antes da Construção da Ilha de Santana... 44

14 – Capela de São Joaquim após a construção da Ilha de Santana... 44

15 – Zona norte da cidade com poucos traços de ocupação onde hoje é o bairro Serrote Branco... 45

16 – Zona norte da cidade agora depois de uma transformação espacial devido a intensa ocupação na área... 45

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19 – Castelo de Engady Destruído... 48

20 – Bairro Serrote Branco... 48

21 – Bairro Darcy Fonseca... 49

22 – Extensão do Bairro João Paulo II... 49

23 – Ocupação em áreas de topografia acidentada... 50

24 – Área Nordeste da cidade em 1970... 51

25 – Área Nordeste da cidade em 2010... 52

26 – Área Sudeste da cidade em 1970... 52

27 – Área Sudeste da cidade em 2010... 53

28 – Área Noroeste da cidade em 1970... 53

29 – Área Noroeste da cidade em 2010... 54

30 – Área Sudoeste da cidade em 1970... 54

31 – Área Sudoeste da cidade em 2010... 55

32 – Casa abandonada na zona rural do município de Caicó... 56

33 – Casa abandonada na zona rural do município de Caicó... 56

34– Casa abandonada na zona rural do município de Caicó... 57

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1 - População nos Censos Demográficos por situação do domicílio – Brasil... 23

2 - Produção de Algodão Total (ton.) Município de Caicó/RN, 1980-1989... 33

3 - Produção de Algodão Total (ton.) Município de Caicó/RN, 1990-1999... 33

4 - Produção de Algodão Total (ton.) Município de Caicó/RN, 2000-2010... 34

5 - Domicílios particulares permanentes Município – Caicó/RN... 37

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1 - População nos Censos Demográficos por situação do domicílio, Munícipio – Caicó/RN... 36

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APP – Área de Preservação Permanente

EMATER – Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural GPM – Glossário para migração

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada MM – Milímetros

OIM - Organização Internacional para as Migrações RN – Rio Grande do Norte

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INTRODUÇÃO...15

1 O QUE É A MIGRAÇÃO, A IMPORTÂNCIA DO SEU ESTUDO, QUAIS FATORES OCASIONAM ESSE PROCESSO E A MIGRAÇÃO INTERNA NO BRASIL DE 1980 A 2010 ... 17

1.1 O que é a migração e qual a importância do seu estudo?...17

1.2 Fatores que ocasionam o processo de migração (atração e expulsão) ... 18

1.2.1 As luzes da cidade ... 20

1.3 Migração Interna no Brasil de 1980 a 2010 ... 22

2 METODOLOGIA ... 25

3 FATORES NATURAIS E A CRISE DA COTONICULTURA ... 27

3.1 Influência dos fatores naturais nas migrações ... 27

3.2 A crise da cotonicultura e sua influência na migração interna ... 31

4 TRANSFORMAÇÃO ESPACIAL DO MUNICÍPIO DE CAICÓ ... 36

4.1 Transformação do espaço existente e o surgimento de novos espaços ... 39

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 59

REFERÊNCIAS ... 61 ANEXOS

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INTRODUÇÃO

As migrações são processos que ocorrem desde os primórdios da história humana, correspondendo a uma mobilidade espacial, um deslocamento de um determinado espaço geográfico para outro, essas migrações acontecem por diversos fatores e na atualidade podem ser citados como os principais elementos que impulsionam esse processo, os de cunho econômicos, políticos e culturais.

O glossário para migração (GPM)1, feito pela Organização Internacional para

as Migrações (OIM), traz uma definição mais genérica para o que seria a migração, define como: Processo de atravessamento de uma fronteira internacional ou de um Estado. É um movimento populacional que compreende qualquer deslocação de pessoas, independentemente da extensão, da composição ou das causas. Este mesmo glossário traz a seguinte definição para o que seria o processo de migração interna:

Migração interna consiste numa circulação de pessoas de uma região do país para outra, com a finalidade ou o efeito de fixar nova residência. Este tipo de migração pode ser temporária ou permanente. O migrante interno desloca-se, mas permanece dentro do seu país de origem (por ex., migração de zonas rurais para zonas urbanas). (GPM - OIM, 2009, p. 41)

A elaboração dessa pesquisa decorre da importância do estudo demográfico para a ciência geográfica, a qual possibilita a compreensão da dinâmica populacional estabelecida em cada localidade que é também associada com os movimentos populacionais. E entender esses processos migratórios é de extrema relevância, tendo em vista que a população é um elemento essencial que configura uma sociedade e a partir desse entendimento é que será possível um efetivo planejamento econômico, cultural, social ou político.

No município de Caicó existiram diversos fatores que conjuntamente, ou não, motivaram a migração da população que residia nas zonas rurais para a cidade, esses fatores serão analisados e detalhados um a um ao longo do trabalho. Segundo Biagioni (2012), a partir de 1980 um novo padrão migratório passou a vigorar: migração de curta distância, para cidade de médio porte e essa população foi atraída

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principalmente pelas oportunidades do mercado de trabalho e melhora das condições de vida. As migrações analisadas na pesquisa são migrações também de curtas distâncias, no entanto para as cidades consideradas de pequeno porte (menos de 100 mil habitantes).

“O espaço urbano e sua formação são objetos de estudo da geografia, que aborda a constante reconfiguração do espaço total, social, e seus diversos recortes” (DOS SANTOS, 2009, p. 179), então se é objeto de estudo da geografia, também é relevante o seu estudo, a sua compreensão e a sua explicação.

Esse estudo julga ser relevante para o município de Caicó para compreender como se deu o processo de ocupação da cidade de 1980 a 2010 e a expansão da sua malha urbana, assumindo que a construção e a modificação do espaço geográfico são resultantes das práticas humanas e de sua mobilidade.

O Objetivo geral do estudo visa compreender o processo de migração interna da zona rural do município de Caicó para a zona urbana da mesma e como esse processo atuou na transformação da dinâmica espacial da cidade. Por outro lado, os objetivos específicos visam analisar a partir de uma revisão teórica, a investigação do real contexto em que a migração rural-urbana está inserida para a área e período da pesquisa; conhecer os principais motivos que influenciaram as migrações das zonas rurais para a zona urbana em Caicó e analisar as consequências no âmbito espacial do município decorrentes desse processo migratório no período de 1980 a 2010.

A monografia será dividida em três capítulos. No primeiro capítulo, será abordado o conceito de migração, qual a importância do seu estudo, quais os principais fatores responsáveis pela ocorrência desses processos e como se deu a migração interna no Brasil no período de 1980 a 2010. No segundo capítulo, serão discutidos os fatores naturais e a crise da cotonicultura como elementos chaves para que acontecesse esse processo de mobilidade populacional. Por fim, no terceiro capítulo, será apresentado a transformação na dinâmica espacial que aconteceu no município com o incremento dessa população oriunda do êxodo rural.

(17)

1

– O QUE É A MIGRAÇÃO, A IMPORTÂNCIA DO SEU ESTUDO,

QUAIS FATORES OCASIONAM ESSE PROCESSO E A MIGRAÇÃO

INTERNA NO BRASIL DE 1980 A 2010.

1.1 O que é a migração e qual a importância do seu estudo?

As definições para o que é migração são quase sempre voltadas no mesmo sentido, um deslocamento populacional de uma região para outra, podendo ser subdivididas em vários tipos de migrações, mesmo com entendimentos semelhantes é extremamente importante buscar essa definição em diferentes autores, Muniz (2002) traz uma definição sucinta para o que seria migração e a importância do seu entendimento:

Em poucas palavras, o termo migração pode ser entendido como o movimento e a realocação de pessoas de uma região para outra. Entretanto, mais importante do que compreender o conceito é entender a forma pela qual se dá o processo migratório. O entendimento da distribuição e da movimentação da população entre regiões é fundamental para se desenhar políticas que possibilitem um melhor aproveitamento do espaço. MUNIZ, 2002, p. 1

Meneses (2000, p. 2), assim como Muniz citado anteriormente, traz o que seria a compreensão do senso comum para o que seria migração:

Migração, deslocamento e mudança são conceitos que se articulam naturalmente? O senso comum compreende que migração corresponde a um "certo" tipo de movimento de população sobre o espaço. E que este deslocamento ocorreria por alterações que seriam o "motor" que impulsionaria a população ao movimento”.

Já Biagioni (2012) entende que migração não é apenas o fenômeno de mudança de local de residência de um indivíduo ou família, entende que é um processo social de deslocamento populacional em determinado contexto histórico e em tempo e aérea delimitados, definindo o próprio fenômeno.

Para Peixoto (2004), “entre as várias disciplinas (que estudam as migrações), aquela que lhe tem dado mais atenção tem sido, talvez, a geografia, dados os vínculos comuns com o espaço”. Explicando também o porquê da escolha do objeto de estudo dessa pesquisa em um trabalho de geografia.

Segundo Damiani (1991, p. 61) “os estudos sobre migração são fundamentais, dentro de uma análise histórica dos deslocamentos das populações e suas

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consequências”. E assim mostra a importância da demografia para a ciência geográfica:

Na análise geográfica da população, a demografia, além de contribuir nos procedimentos de qualificação dos dados brutos de população, definiu material estático de cunho mais qualitativo que teria auxiliado a geografia na caracterização econômica, e no esclarecimento de tensões decorrentes das questões econômicas. (DAMIANI, 1991, p. 57)

Damiani (1991) completa ainda dizendo que a demografia é apresentada como auxiliar na geografia da população e se traduz como um maior domínio a propósito de dados qualitativos das populações, significando um comprometimento metodológico da análise, em suas palavras verifica-se isso:

A demografia, no interior da geografia, embora reflita uma sofisticação estatística maior, portanto, maior controle sobre dados qualitativos das populações, significa um comprometimento metodológico da análise. Ela é apresentada na geografia como auxiliar da geografia da população, na sua configuração como primeira aproximação, primeiro momento, de uma análise mais complexa e especializada, realizada pelos outros ramos da geografia. (DAMIANI, 1991, p. 61)

Segundo Lisboa (2008, p. 84), as características demográficas são muito importantes para os estudos geográficos, nas palavras da autora ela diz que:

As características demográficas apresentam grande importância para os estudos geográficos e de outras áreas do conhecimento, além de se constituir como um rico campo para discussões interdisciplinares. As mudanças demográficas alteram significativamente a configuração do espaço geográfico, da realidade econômica e social, etc. Considera-se que a dinâmica demográfica apresenta três principais componentes: Natalidade, mortalidade e migração. Qualquer alteração que promova mudança nos padrões de um dos componentes automaticamente interfere nos demais e provoca alterações espaciais.

1.2 Fatores que ocasionam o processo de migração (atração e expulsão)

O próximo passo é definir quais elementos influenciaram esse processo de migração, proporcionando a ideia de quais fatores impulsionaram as migrações no município de Caicó, esses fatores podem ser classificados como fatores de expulsão ou de atração.

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Segundo Lisboa (2008), após a crescente importância da migração interna no contexto demográfico nacional, percebeu-se que os principais fluxos migratórios ocorriam das áreas rurais para as áreas urbanas, constituindo a migração rural-urbana, campo-cidade ou êxodo rural.

A decisão de migrar não é algo simples e espontâneo (Sorre 1955, apud Damiani 1991, p. 63): “o impulso migratório raramente é um fato simples; resume-se num acúmulo de necessidades, desejos, sofrimentos e esperanças”.

Meneses (2000) diz ainda que a migração seria vista como uma estratégia para as pessoas aumentarem as oportunidades que são irregularmente repartidas no espaço e desigualmente disponíveis no tempo.

Alves e Marra (2009), propõem que as razões da não preferência pelo campo está ligada à falta de opções variadas de trabalho, menores salários, o desconforto de ficar longe de familiares, quando estes moram na cidade, falta de proteção ao trabalho, competição com maquinários que fazem o serviço de vários trabalhadores ao mesmo tempo, entre outras.

Segundo Lisboa (2008), a realização do processo migratório pode estar associada a diferentes aspectos vivenciados no local de origem e a uma expectativa de melhoria no local de destino, com ação de um fator de atração e de outro fator de repulsão, que agem em conjunto. Assim a autora afirma que:

Os fatores de atração estão ligados ao potencial ou poder de atração exercido pelas características da localidade de destino, gerando no pensamento dos indivíduos a ideia de que a vida em tal localidade seria melhor, mais fácil ou de maior qualidade. São esses fatores que determinam a orientação desses fluxos e as áreas às quais eles se destinam. Os fatores de repulsão estão relacionados ao local de origem e são formados por um grupo de acontecimentos ou características dominantes nesta localidade que tornam a vida mais difícil, repelindo a população, ou seja, conduzindo-a à decisão de migrar. Estes fatores definem as áreas de origem dos movimentos migratórios. (LISBOA, 2008, p. 89)

Como principais fatores determinantes da migração interna podem-se elencar os seguintes:

• Fatores Naturais (Estiagens prolongadas)

• Busca por trabalho e por melhores remunerações;

• Melhoria nos níveis de educação (principalmente para os filhos);

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• Busca por serviços de bem-estar social (hospitais e bancos);

• Procura de melhores oportunidades de serviços educacionais, culturais e cívico-religiosos (Colégios, bibliotecas teatros, igrejas e instalações esportivas).

1.2.1 As luzes da cidade

Os estudos sobre migrações geralmente trazem integrados a si o que foi chamado de expulsão e atração, assim de Barcelos afirma o seguinte:

Esses estudos trabalham fundamentalmente com o conceito de movimentos, ou fluxos migratórios, enquanto correntes populacionais que se deslocam de uma área configurada como de expulsão (em geral rural ou pouco urbanizada) para uma área de atração (uma grande cidade ou metrópole). (DE BARCELLOS, 2008, p. 298)

Segundo Alves (2009), a forte atração exercida pelo urbano que estimula o êxodo rural está atrelada ao efeito das luzes das cidades, em termos de educação, saúde, segurança no trabalho, facilidades de aquisição da casa própria, proteção contra o desemprego e oportunidades diversificadas de emprego. A decisão de migrar normalmente é uma decisão familiar, que pondera os prós e os contras da migração, nesse sentindo Alves nos diz:

A decisão de migrar é decisão da família. Ela avalia os ganhos e as perdas, incluindo-se nelas os riscos que toda mudança traz. Expectativas sobre salários, bem-estar da família, desemprego, violência, programas do governo, aposentadorias, etc., baseadas no destino e na origem, são cuidadosamente avaliadas. Influenciam-nas a opinião de amigos já residentes no destino, como também a dos residentes na origem e o clima de otimismo ou pessimismo que vigora no destino. (ALVES. 2009, p. 7)

Santos; Silveira (2006) explicam que como a cidade já era um lugar atrativo para os pobres desde o período anterior da globalização, esta ajuda no aumento dessa atratividade, os autores ainda enfatizam que as cidades são propícias a recolher gente pobre, seja de migrações de áreas rurais modernas ou de áreas rurais tradicionais, oferendo algum tipo de ocupação (não propriamente empregos).

Vignoli (2011) afirma que primeiro são analisados os diferenciais socioeconômicos tradicionais (emprego, condições de vida) entre territórios e como

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isto está sendo expressado nos deslocamentos internos mais conhecido, e que no geral o mais acentuado acontece entre campo-cidade e entre regiões pobres e ricas.

La migración del campo a la ciudad, desde esta perspectiva, se explica em buena parte por factores de expulsión estructurales, como la concentración de la propiedad agrícola en primer lugar, el rezago productivo de la agricultura familiar en segundo, y en tercer término el rezago del campo en materia de tecnología, infraestructura e instituciones modernas. La combinación de estos tres factores (en particular el primero) se ha destacado como una peculiaridade latinoamericana que explica buena parte de las fuerzas de expulsión del campo (MARTINE 1979, apud VIGNOLI 2011, p. 49)

Existiram diversos estudos os quais identificaram que o processo do êxodo rural estava atrelado as estruturas que eram muito desiguais entre campo e cidade. “La visión del éxodo rural como un proceso autosustentado por las estructuras muy desiguales y concentradas de la propiedad en el campo fue revelada por numerosos estudios e investigaciones en América Latina”. (VIGNOLI, 2009, p. 49)

Vignoli (2009) afirma que os fatores de expulsão mais recentes estão ligados ao modelo de desenvolvimento e que no geral está ligado a transformações socioeconômicas globais, tratando-se da expulsão por novo modelo de desenvolvimento. Contudo o autor mostra ainda que considerar que os fatores de expulsão do modelo atual de desenvolvimento estão agindo apenas no âmbito rural é evidentemente parcial e errado, outras zonas também podem estar sobre profundas forças de expulsão.

Criou-se também o que Vignoli convencionou chamar de atrativo simbólico, que representa a já citada “luzes da cidade”, em suas palavras o autor indaga o seguinte:

Esta noción de atractivo simbólico estuvo asociada al efecto “imán” de las ciudades, en ocasiones mucho mayor que sus capacidades objetivas para satisfacer las expectativas o incluso los requerimientos básicos de los migrantes. Esto se ha debido, en parte, a factores objetivos, pues el atractivo de las ciudades históricamente ha superado su empuje productivo, ya que también se extiende a un conjunto de atributos materiales, tales como mejores condiciones de vida, mayores opciones de movilidad social. Pero también se debe a factores subjetivos y simbólicos. Estos van desde las denominadas “luces de la ciudad” (bright city lights) hasta la innegable mayor diversidad sociocultural que hay en las ciudades. La superioridad material del ámbito urbano no siempre ha estado garantizada, pero las expectativas de las personas suelen construirse sobre imágenes y parámetros no representativos, de manera tal que la pertinaz superioridad simbólica ha

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actuado como imán efectivo en las ciudades, incluso bajo condiciones objetivas adversas. (VIGNOLI, 2009, p. 56-57)

Essas atrações simbólicas podem se reproduzir mediante informações relevantes para os sujeitos (possíveis migrantes), e muitas vezes os canais de transmissão reproduzem essas informações de maneira tendenciosa. As opiniões de amigos ou pessoas que já residem no destino por exemplo, podem criar um clima de otimismo para o migrante, o qual pode ser frustrado ou não.

Posto essas indagações feitas por diversos estudiosos da área de ciências humanas que estudam de forma aprofundada a temática relacionada as migrações, um último pensamento julga ter relevância em ser citado, uma vez que é uma análise precisa de como deve se dar os estudos sobre migrações, “o estudo da migração necessita de teorias capazes de integrar estruturas sociais amplas com decisões individuais e domiciliares, [...] e relacionando causas e consequências ao longo do tempo e do espaço” (MUNIZ, 2002, p. 10).

1.3 Migração interna no Brasil de 1980 a 2010

As migrações foram grandes responsáveis pela urbanização brasileira, sendo seu estudo fundamental para o entendimento de como se deu esse processo, assim De Barcellos (2008) diz que são processos evidenciados no Brasil e que são fundamentais para a compreensão do processo de urbanização e de suas perspectivas, bem como dos contornos assumidos recentemente pela problemática urbana. A população começa a necessitar de novas solicitações de consumo2,

fazendo assim com que pessoas se desloquem para zonas urbanas, onde essas novas solicitações de consumo poderão ser atendidas com maior presteza. Isso fica evidenciado quando “mesmos nos municípios de população menor que ou igual a 5.000, em 56,9% deles, a população rural é menos da metade da população total. Nestes, o espírito urbano prevalece como também o desinteresse pelo emprego rural”. (ALVES; MARRA, 2009, p. 6)

2 “Uma das razões que também levam as atuais cidades médias a ter maior população que as surgidas em épocas anteriores vem do fato das novas solicitações de consumo”. (SANTOS; SILVEIRA, 2006, p. 279)

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Com esse esvaziamento rural, o crescimento urbano vai se tornando cada vez mais acentuado. “A reconfiguração do espaço urbano se dá através das novas funções e características que uma cidade pode vir a assumir ou abandonar”. (DOS SANTOS, 2009, p. 188)

A migração não é um problema de uma só vertente, ela pode ser um problema demográfico, um problema econômico, um problema político, nesse sentido Jansen (1969), apud Peixoto (2004) explica:

A migração é um problema demográfico: influencia a dimensão das populações na origem e no destino; é um problema económico: muitas mudanças na população são devidas a desequilíbrios económicos entre diferentes áreas; pode ser um problema político: tal é particularmente verdade nas migrações internacionais, onde restrições e condicionantes são aplicadas àqueles que pretendem atravessar uma fronteira política; envolve a psicologia social, no sentido em que o migrante está envolvido num processo de tomada de decisão antes da partida, e porque a sua personalidade pode desempenhar um papel importante no sucesso com que se integra na sociedade de acolhimento; e é também um problema sociológico, uma vez que a estrutura social e o sistema cultural, tanto dos lugares de origem como de destino, são afectados pela migração e, em contrapartida, afectam o migrante. (Jansen 1969, apud Peixoto 2004, p. 4)

Atualmente se evidenciam novos modelos de migração em todo o país. “No Brasil de hoje o modelo dos grandes fluxos e a grandes distâncias parece acabado como dominância. Especialistas apontam para a situação de "migrações de curta distância", predominantemente intra-regionais; podendo ser sazonais em áreas de modernização agrícola ou inter-municipais em áreas de maior urbanização” (MENESES, 2000, p. 8).

Tabela 1 - População nos Censos Demográficos por situação do domicílio - Brasil População (Pessoas)

População % (Percentual)

Situação do domicílio Ano

1980 1991 2000 2010 Total 121.150.573 146.917.459 169.590.693 190.755.799 Total % 100,00 100,00 100,00 100,00 Urbana 82.013.375 110.875.826 137.755.550 160.925.792 Urbana % 67,70 75,47 81,23 84,36 Rural 39.137.198 36.041.633 31.835.143 29.830.007 Rural % 32,30 24,53 18,77 15,64

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As informações obtidas através de coletas em banco de dados agregados do IBGE mostram que esse processo de desruralização no município de Caicó não é um fenômeno isolado, ele segue os padrões de outros tantos municípios brasileiros. Esses dados revelam uma mudança da situação dos domicílios por localização, mostram uma diminuição da população residente em áreas rurais e um aumento gradual da população que reside em perímetros urbanos, assim temos anteriormente um Brasil com índices ainda não tão elevados de urbanização na década de 80, em torno de 67,70%, atingindo em 2010 um percentual de 84,36%.

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2 - METODOLOGIA

No referido trabalho faz-se necessário a análise dos elementos que influenciaram na migração rural/urbana de Caicó (Rio Grande do Norte), então o método científico trabalhado nessa pesquisa consistirá na abordagem dialética, que é um método que busca uma reflexão da realidade.

Segundo Lakatos e Marconi (2003) para a dialética, as coisas não são analisadas na qualidade de objetos fixos, mas em movimento: nenhuma coisa está “acabada”, encontrando-se sempre em vias de se transformar, desenvolver; o fim de um processo é sempre o começo de outro.

É um método que analisa o total, o resultado de fatores combinados (naturais e sociais), fatores estes que não podem ser estudados individualmente, assim:

Por outro lado, as coisas não existem isoladas, destacadas uma das outras e independentes, mas como um todo unido, coerente. Tanto a natureza quanto a sociedade são compostas de objetos e fenômenos organicamente ligados entre si, dependendo uns dos outros e, ao mesmo tempo, condicionando-se reciprocamente. (MARCONI; LAKATOS, 2003, p. 101)

Conforme Lakatos e Marconi (2003), todos os aspectos da realidade (da natureza ou da sociedade) prendem-se por laços necessários e recíprocos. Essa lei leva à necessidade de avaliar uma situação, um acontecimento, uma tarefa, uma coisa, do ponto de vista das condições que os determinam e, assim, os explicam.

Esse trabalhado científico consistirá numa pesquisa descritiva, pois sua finalidade é a observação, o registro e a análise dos fenômenos, sem o pesquisador entrar no mérito dos conteúdos, ou seja, o pesquisador não poderá interferir nos dados, tendo a incumbência de apenas descobrir se for o caso a frequência na qual o fenômeno acontece ou sua proporção. Esse tipo de pesquisa pode ser percebido como um estudo de caso onde, depois da coleta de informações, é feito uma análise das relações entre as variáveis para uma posterior determinação dos efeitos resultantes.

Foram utilizadas várias técnicas de pesquisa para que se tornasse possível a realização do presente trabalho, foi feito um levantamento bibliográfico no qual incidirá a busca de livros, artigos, monografias, dissertações e teses que tornem possíveis as discussões relacionadas ao contexto que se entrepõe a problemática em estudo e que também serviram de base para construção de um embasamento teórico sobre o tema

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abordado, permitindo assim uma melhor compreensão desse objeto de estudo. Esse levantamento bibliográfico foi feito de modo presencial na biblioteca setorial do Centro de Ensino Superior do Seridó (BS-CAICÓ) na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) campus de Caicó, vale dizer que para preservar o real sentido do entendimento de autores estrangeiros, não será feita a tradução de suas citações.

Foram realizados levantamento de dados estatísticos do município referido, recorrendo-se às fontes estatísticas e censitárias, principalmente obtidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), possibilitando assim, a partir destes dados obtidos a elaboração de tabelas e gráficos, para o mapeamento da expansão da malha urbana do município de Caicó/RN, utilizou-se imagens de satélite do Landsat 5, sensor TM, disponibilizadas gratuitamente pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). As imagens utilizadas remetem aos anos de 1980, 1990, 2000 e 2010. Realizou-se o processamento digital das imagens através do software ENVI 4.7 (Versão Acadêmica). Associou-se em todas as imagens as bandas 7 na cor vermelha (R), banda 5 na cor verde (G) e banda 3 na cor azul (B), produzindo-se uma composição colorida representada por 753 (RGB). Seguiu-se na próxima etapa com o georreferenciamento das imagens, onde utilizou-se o software ArcGIS 10.3 (Versão Acadêmica). O georreferenciamento foi feito na grade de coordenadas UTM (Universal Transversa de Mercarto) a partir da imagem de satélite Google Earth Pro. Após o georreferenciamento, procedeu-se com a delimitação da malha urbana dos respectivos anos através de vetorização manual. A elaboração e layout final do mapa de expansão urbana, foi realizada com o auxílio do ArcGIS 10.3 (Versão Acadêmica). Para o mapa de localização, foram utilizados shapes dos limites municipais do Rio Grande do Norte, disponibilizados gratuitamente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de geografia e Estatística). Bem como o mapa de expansão urbana, o de localização seguiu o mesmo procedimento final, onde a elaboração e layout final do mapa de expansão urbana, foi realizada com o auxílio do ArcGIS 10.3 (Versão Acadêmica).

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3 – FATORES NATURAIS E A CRISE DA COTONICULTURA

3.1 Influência dos fatores naturais nas migrações

Os fatores de ordem natural atuam no município de Caicó devido à sua localização geográfica, o município está localizado no hemisfério Sul, na região nordeste do Brasil, possuindo as seguintes coordenas geográficas, 06° 27’ 30” de latitude sul e 37° 05’ 52” de longitude oeste.

Está bem próximo da linha do Equador, favorecendo uma enorme incidência de raios UV3, o município está inserido ainda no que foi denominado como polígono

das secas4, o clima da região é o semiárido, ocorrendo em grande parte do sertão

nordestino, tendo as seguintes características: Seco e quente, altas temperaturas com pouca variação anual, índices pluviométricos baixos, ficando com uma média em torno de 700 milímetros anuais, chuvas não distribuídas de maneira uniforme ao longo da região semiárida e atuação aperiódica de massas de ar tropical e equatorial. Mesmo com essa média de 700 milímetros anuais sendo assim o semiárido mais chuvoso do planeta, a região sofre com eventuais períodos de secas prolongadas o que acarreta em alguns problemas sociais como: Dificuldade no desenvolvimento da agricultura devido à baixa pluviosidade, morte de inúmeros animais explorados na pecuária, infertilidade dos solos, entre tantos outros fatores, assim esse fator natural age como fator de expulsão das zonas rurais para as cidades, visto que o abastecimento da cidade se dar por grandes reservatórios, sendo um suporte maior para a cidade em períodos de estiagem do que no campo.

3Raios Ultravioleta ou Radiação Ultravioleta são um tipo de energia eletromagnética emitida pelo sol. 4 A Lei 175/36 (revisada em 1951 pela Lei 1.348) reconheceu o Polígono das Secas como a área do Nordeste brasileiro composta de diferentes zonas geográficas com distintos índices de aridez e sujeita a repetidas crises de prolongamento das estiagens.

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Figura 1 – Mapa de localização da cidade de Caicó-RN

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O êxodo rural consiste numa mudança ou migração da população residente em áreas rurais, que se deslocam rumo às cidades ou zonas urbanas. No Brasil, esse fenômeno está atrelado ao desenvolvimento industrial e da vida urbana. As populações advindas das zonas rurais migravam para as cidades com esperança de melhorar de vida, no entanto, muitas vezes essas esperanças se tornavam fracassadas, pois a realidade era bem diferente do que os migrantes imaginavam. O processo do êxodo rural resulta em inúmeras adversidades, tanto para o campo quanto para as cidades, as principais consequências são as de seguimento social e estrutural, com isso, a ênfase da presente pesquisa será a análise do ponto de vista espacial, no entanto, isso não impossibilita de serem mencionadas outras adversidades que tenham surgidos a partir de outras perspectivas que não as de cunho anteriormente mencionadas.

Figura 2 - Dados de precipitações mensais em milímetros (mm) de Caicó/RN

1981 – 1990

Fonte: EMATER – RN - Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do RN, 2016.

Uma das décadas mais difíceis enfrentadas pelos camponeses foi a década de 1990, uma vez que em 70% de seu período as chuvas ficaram abaixo da média anual. No geral analisando as tabelas percebe-se que existem períodos de estiagem que muitas vezes se agravam devido a sua ocorrência de forma sequencial durante vários anos como por exemplo de 1981 a 1983, de 1991 a 1993, de 1997 a 1999, anos em que os índices pluviométricos ficaram abaixo da média anual gerando uma situação

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de dificuldades sociais para as pessoas que vivem principalmente nas regiões rurais. Com a escassez da água, fica difícil o desenvolvimento da agricultura e a criação de animais.

Figura 3 - Dados de precipitações mensais em milímetros (mm) de Caicó/RN

1991 – 2000

Fonte: EMATER – RN - Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural do RN, 2016.

Figura 4 - Dados de precipitações mensais em milímetros (mm) de Caicó/RN

2001 – 2010

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3.2 A crise da cotonicultura e sua influência na migração interna

A produção algodoeira no Nordeste já estava enfraquecida devido a secas e pragas no início do século XX, a situação piorou depois que São Paulo passou a produzir em grande escala o algodão, já que os cafezais foram destruídos pela geada, assim o Nordeste perdeu o seu principal mercado consumidor nacionalmente, uma vez que já tinha perdido espaço no cenário internacional devido à concorrência de outros países produtores, principalmente os Estados Unidos e esse quadro não demonstrava nenhuma probabilidade de mudança.

A região do Seridó conseguiu suportar um pouco mais, antes de ser afetada pela crise, nas palavras de Morais:

A crise algodoeira se abateu sobre a cotonicultura seridoense e, em decorrência, de Caicó, ocorreu um pouco mais tardiamente, apenas na década de 70. O fato de não ser de imediato afetado pela citada conjuntura de mercado pode ser atribuído à especificidade do algodão produzido no Seridó. (MORAIS, 1999, p. 138)

Morais apresenta que mesmo a região tendo suportado por mais tempo, a produção do algodão não estava livre da crise do “ouro branco”, e um novo fator apareceu, estremecendo a produção no Seridó, o uso de fibras sintéticas na indústria têxtil, tanto no cenário internacional como no nacional, fez com que diminuísse significativamente o consumo de fibra de algodão.

Entre os principais fatores apontados como responsáveis pela crise do algodão destacam-se: o alto custo de produção, o preço pouco compensador para o produtor, a baixa produtividade, dificuldades na obtenção de linhas oficiais de créditos e a ausência de investimentos na área de pesquisa e tecnologia [...]. Acrescente-se a este quadro as intempéries do clima que reservava à região prolongados períodos de estiagem e, em face do baixo nível tecnológico da produção, agravava ainda mais a situação. MORAIS, 1999, p. 139-140.

Morais (1999) ainda mostra o que aconteceu após o abandono da produção do algodão, com isso, esses fatores representaram o abandono da produção algodoeira, que sem haver empenho da elite local em procurar soluções para a produção agrícola a situação que se estabeleceu com o declínio do algodão inviabilizou a permanência de um grande número de trabalhadores no campo, uma vez que as áreas que eram destinadas à agricultura, passaram a ser utilizadas para plantio de pastagem para o gado.

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Outro fator de ordem natural que agravou ainda mais a situação foi o aparecimento do bicudo algodoeiro:

Um outro fator importante a ser considerado nesta análise diz respeito ao aparecimento e proliferação do bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis boheman) no Seridó. Este surto apareceu nos anos 80, desencadeado um aumento nos custos de produção, tendo em vista a necessidade de uso mais intenso de inseticidas e de maior quantidade de mão-de-obra para o tratamento e combate à praga. MORAIS, 1999, p.140

Segundo Morais (1999), o preço estipulado para o algodão jamais beneficiava aquele que realmente o cultivava, em geral, o parceiro ou pequeno produtor. Uma vez que a comercialização do algodão na folha era altamente lucrativa ao comprador. Este era quase sempre o grande proprietário que possuía o poder de definir o preço do produto, sempre um preço inferior àquele pelo qual seria vendido no mercado. “Dessa forma o proprietário tinha assegurado lucros, mas o pequeno produtor não tinha garantias quanto a trabalho, moradia e sobrevivência na zona rural. Na ausência de opções para permanecer nesse meio, restava-lhe como alternativa o êxodo rural” (MORAIS, 1999, p. 142).

As conquistas obtidas pelos trabalhadores frente a seguridade social também foram determinantes na estimulação dos proprietários a dispensar seus trabalhadores, usando o argumento da crise do algodão.

Segundo Morais (1999), existia uma estrutura social que estava basicamente formulada em dois extremos, um destes extremos eram os trabalhadores rurais e os pequenos proprietários, que por serem a parte mais exposta a adversidades da crise, tiveram como única alternativa migrar para os núcleos urbanos. Enquanto no outro extremo, os grandes proprietários, devido à crise do algodão tiveram que redirecionar a suas atividades. Havendo assim transformações da dinâmica dos espaços, Morais apresenta brilhantemente como pode ser percebida essa crise do algodão:

“Uma das formas de explicação da crise econômica pode ser percebida mediante o crescimento da cidade, isto é, a ampliação de seu sítio urbano via surgimento de bairros e crescimento de outros já existentes. O êxodo rural e as migrações urbano-urbano (de pequenas cidades para o centro regional, inclusive de outros estados) fizeram crescer a periferia da cidade. Em decorrência, novos espaços foram ocupados, aumentando a demanda pelas chamadas necessidades básicas do indivíduo: trabalho, alimentação, habitação, vestuário, saúde e educação; e também pela ampliação da infra-estrutura como saneamento básico, eletrificação, transportes, pavimentação e iluminação de ruas. E o mercado de trabalho, insuficiente para absorver

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esse novo contingente, deu margem à proliferação do mercado informal” MORAIS, 1999, p. 146

Para ilustrar essa situação da crise algodoeira, foram montadas três tabelas com a produção em toneladas do produto, desde 1980 até 2010.

Tabela 2 - Produção de Algodão Total (ton.)

Município de Caicó/RN 1980-1989

Anos Produção total: Algodão Arbóreo + Algodão Herbáceo

1980 510 1981 235 1982 330 1983 327 1984 1.109 1985 681 1986 264 1987 93 1988 395 1989 138 Fonte: IPEADATA, 2016.

Tabela 3 - Produção de Algodão Total (ton.)

Município de Caicó/RN 1990-1999

Anos Produção total: Algodão Arbóreo + Algodão Herbáceo

1990 25 1991 146 1992 36 1993 3 1994 232 1995 66 1996 1 1997 3 1998 - 1999 - Fonte: IPEADATA, 2016.

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Tabela 4 - Produção de Algodão Total (ton.)

Município de Caicó/RN 2000-2010

Anos Produção total: Algodão Arbóreo + Algodão Herbáceo

2000 - 2001 4 2002 3 2003 1 2004 2 2005 - 2006 - 2007 - 2008 - 2009 - 2010 - Fonte: IPEADATA, 2016.

A partir dos dados coletados no site do IPEA, pode-se elaborar as tabelas apresentadas acima, ficando possível a percepção em números da crise do “ouro branco”, nos anos 1980 a produção ainda atingia números expressivos se comparados com os anos 90 e 2000, como em 1984 que chegou a 1.109 toneladas. Nos anos 90 apenas em dois anos a produção atingiu mais de dois dígitos e nos anos 2000 a produção foi quase extinta.

Na mesma linha de pensamento de Morais, Femenick (2010) diz que, o efeito social, que a crise da cotonicultura causou foi a urbanização da população, grande parte da população da residente na zona rural migrou para as cidades. O autor mostra ainda outros efeitos que se sucederam com a crise, segundo ele, a cotonicultura da região seridoense que em outrora foi exuberante, agora nos anos 2000 está desestruturada, quase que eliminada, o que provocou a queda de todos os outros setores que estavam ligados à produção do algodão: Os comerciantes intermediários, maquinistas, beneficiadores e a indústria de óleo.

Com a queda do algodão houve o aparecimento de novas manchas urbanas

no município de Caicó, Morais apresenta que “No decorrer da crise do algodão, a

cidade de Caicó teve acrescido ao seu arranjo espacial apenas três novas manchas urbanas, tratava-se do conjunto habitacional Castelo Branco e dos bairros Walfredo Gurgel e Paulo VI” (MORAIS, 1999, p. 151).

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Ainda segundo Morais, essas novas manchas urbanas que surgiram, envolviam quase sempre a população de baixa renda, e em alguns desses pontos fica evidente o modo de ocupação espontâneo, já que a estruturação das ruas ou o seu traçado, se mostra de uma maneira um tanto desordenada.

A tentativa de traçar um perfil de Caicó, no final dos anos 70, conduz à constatação de que o crescimento da cidade deu-se, sobremaneira, a partir da organização de bairros periféricos, formados por familiares de baixa renda. Estas famílias passaram a engrossar o contingente de migrantes rurais e urbanos, a buscar na cidade as condições de sobrevivência que já não encontravam em seus antigos locais de moradia. MORAIS, 1999, Pág. 155

Segundo Morais (1999), a crise do algodão, ou a crise no meio rural de uma forma mais ampla, se mostrou como um agente transformador tanto na dinâmica demográfica como na configuração espacial da cidade. Sendo constato assim o surgimento de bairros e implicações na refuncionalização da área central.

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4 – TRANSFORMAÇÃO ESPACIAL DO MUNICÍPIO DE CAICÓ

Como já mencionado, esse processo de esvaziamento rural ocorreu e ainda ocorre no município abordado, pode-se observar um aumento da população em sua totalidade no ano de 2010 superior a mais de 50% da população que residia no ano de 1980, houve uma diminuição considerável da população ruralista, em números essa diminuição representa 14,62% das pessoas que moravam nos campos e que passaram a viver na zona urbana do município, é lógico que a diminuição da população residente na zona rural vai implicar no aumento da população citadina de maneira inversamente proporcional a diminuição percebida, sendo assim, o município de Caicó no ano de 2010 tinha uma taxa extremamente alta de concentração da população no seu perímetro urbano, em torno de 91,63% ou 57.461 habitantes de um total de 62.709 habitantes.

Gráfico 1 - População nos Censos Demográficos por situação do domicílio

Munícipio – Caicó/RN

Fonte: IBGE – Censo Demográfico

Esse acontecimento também é confirmado a partir de outros dados que dizem respeito ao número de domicílios permanentes no município de Caicó: em 1980, existiam 7.653 domicílios ao todo em Caicó, sendo 6.023 ou 78,70% localizados na zona urbana e 1.630 ou 21,30% na zona rural, já em 2010 de um total de 18.616

0 10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 70.000 1980 1991 2000 2010

População por situação do domicílio, Município - Caicó/RN

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domicílios, 17.141 ou 92,08% estavam dentro do perímetro urbano, enquanto apenas 1.475 ou 7,92% estavam na zona rural.

Tabela 5 – Domicílios particulares permanentes Município – Caicó/RN

Número (Total) Número (Percentual)

Situação do domicílio Ano

1980 1991 2000 2010 Total 7.653 11.089 14.472 18.616 Total % 100,00 100,00 100,00 100,00 Urbana 6.023 9.501 12.986 17.141 Urbana % 78,70 85,68 89,73 92,08 Rural 1.630 1.588 1.486 1.475 Rural % 21,30 14,32 10,27 7,92

Fonte: IBGE - Censo Demográfico

Dessa forma, após a verificação desses dados, conclui-se que o esvaziamento da zona rural é realmente um processo existente no município estudado e é influência no que diz respeito às questões demográficas e espaciais.

Normalmente, o campo apresenta inúmeros fatores de expulsão e, em contrapartida, a cidade traz fatores de atração para essas populações campesinas, o que Alves (2009) chamou de efeito das luzes das cidades, esses efeitos se revelam em possíveis melhorias nas condições de vida em termos de educação, saúde, segurança no trabalho, facilidades de aquisição da casa própria, proteção contra o desemprego, oportunidades de empregos informais quando não for possível a formalização de vínculo empregatício proporcionando ganhos mesmo que de forma eventual. Posto isso, é totalmente coesa a afirmação de que as migrações ocorridas no município de Caicó ou de uma forma geral em demais localidades, são resultados da soma de fatores de expulsão mais fatores de atração, além desses motivos de ordem social, econômica, estrutural e cultural, podem ser inseridos os fatores naturais como determinantes em alguns processos migratórios.

Enquanto a zona rural tende a esvaziar, a cidade tende a expandir alterando sua configuração espacial, foi o que aconteceu no município de Caicó no período de 1980-2010 sendo também reflexo das migrações internas que ocorreram na localidade.

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Figura 5 – Expansão da malha urbana do município de Caicó-RN de 1980 a 2010

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Na década de 1980, a área acomodada pela mancha urbana de Caicó correspondia em metros quadrados (m²) a um total de 4.052.600, aumentando ao longo dos anos, na década de 90 o perímetro urbano equivalia a 6.637.450 m², no ano de 2000 esse número teve um amplo crescimento chegando a 16.428.000 m² e finalmente em 2010 a mancha urbana do município chegou a 25.331.800 m², correspondendo a um aumento total de 525% do aumento da mancha urbana, considerando o período desde o ano de início do recorte temporal da pesquisa que é 1980 até o ano final que é 2010.

4.1 Transformação do espaço existente e o surgimento de novos espaços

Sabe-se que essas migrações oriundas da zona rural de Caicó contribuíram para a modificação da dinâmica espacial do município, o esvaziamento da zona rural com certeza foi e ainda é um fator determinante que juntamente com outros acarretaram nessa transformação.

Segundo Morais (1999), devido a Caicó ter se estabelecido como centro regional isso proporcionou que a cidade desenvolvesse e concentrasse uma série de serviços mais especializados e com um alto grau de sofisticação, comum em cidades de porte intermediários. Assim Morais afirma que:

No caso da cidade de Caicó, a taxa de crescimento urbano foi acompanhada pelo expressivo crescimento do terciário com ampliação, diversificação e especialização do setor de serviços. Foi na área dos serviços distributivos, especialmente o comércio, e dos serviços pessoais (parte dos transportes coletivos, serviços de educação, de saúde, de lazer, de alimentação entre outros) que a cidade de Caicó demonstrou maior desenvolvimento. MORAIS, 1999, p. 171.

Segundo Morais (1999), quanto ao seguimento de alimentação, houve um incremento não só na diversidade nos tipos dos estabelecimentos como também um grande aumento na quantidade dos mesmos, no esporte é interessante ressaltar a construção do primeiro estádio de futebol em 1993, o estádio Senador Dinarte Mariz, popularmente chamado de Marizão.

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Figura 6 – Estádio Senador Dinarte Mariz, Marizão.

Fonte: http://www.sneri.blog.br/caico-publicacao-no-doe-oficializa-entrega-do-marizao-ao-governo-do-rn/, 2016.

Retomando o assunto sobre a crise da cotonicultura, ficou interessante abordar esse trecho só agora nesta parte do trabalho, pois Morais mostra que essa crise teve uma forte influência na organização da dinâmica espacial da cidade, assim ela traz que:

Em Caicó, a crise da cotonicultura e seus reflexos tiveram implicações de diferentes ordens, que influenciaram a dinâmica populacional do município, a estrutura produtiva e a organização espacial da cidade. Nos anos 80/90, que correspondem ao período pós crise do algodão, a dinâmica espacial urbana de Caicó, tornou explícita uma nova geografia da cidade, cristalização dos processos econômicos e sociais da qual foi condição e objetivação. Essa nova espacialização urbana é marcada pelos processos de periferização via ampliação e surgimento de bairros e, ainda pela redefinição funcional da área central da cidade. MORAIS, 1999, p. 203.

Como essas implicações refletiram no surgimento de uma nova espacialização urbana, será apresentada posteriormente alguns mapas e fotos que evidenciam esse processo evolutivo de expansão espacial pelo qual a cidade de Caicó passou durante o período em que o êxodo rural foi mais acentuado no referido município.

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Figura 7 – Bairro Penedo no inicío de sua expansão.

Fonte: Ronaldo Batista de Sales, 1985.

Figura 8 – Bairro Penedo após ter uma grande expansão, pode-se verificar até

mesmo processos de verticalização na área.

Fonte: MONTEIRO, Samuel. 2016

Segundo Morais (1999), o crescimento urbano do município de Caicó no sentido leste ocorreu a partir da expansão do bairro Penedo, a inserção do campus universitário não só aumentou consideravelmente as relações interurbanas, fortalecendo as relações da cidade com seu entorno, reiterando a condição de Caicó

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como centro regional da região do Seridó, como também foi responsável pela intensificação da ocupação na parte leste da cidade, podendo-se observar até mesmo crescimentos vertilicalizados na área.

Figura 9 – Vista da Ponte Nova sem sequer um traço de ocupação humana nas

margens do rio Seridó.

Fonte: Ronaldo Batista de Sales, 1992.

Figura 10 – Vista da Ponte Nova recentemente.

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Atualmente, fica evidente a edificação que se sucedeu no local, uma ocupação populacional em áreas de preservação permanente (APP) localizadas entre as margens do Rio Seridó.

Figura 11 – Antiga propriedade rural localizada onde hoje é a ilha de Sant’ana.

Fonte: Ronaldo Batista de Sales, 1995.

Figura 12 – Ilha de Sant’ana.

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Figura 13 - Capela de São Joaquim antes da construção da Ilha de Sant’ana.

Fonte: Ronaldo Batista de Sales, 2004.

O complexo turístico da Ilha de Santana, hoje, é utilizado por milhares de pessoa de todo Seridó para atividades recreativas, de lazer, de entretenimento, de esportes entre outros.

Figura 14 – Capela de São Joaquim após a construção da Ilha de Sant’ana (espaço

muito frequentado na cidade).

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Figura 15 – Zona norte da cidade com poucos traços de ocupação onde atualmente

é o bairro Serrote Branco.

Fonte: Ronaldo Batista de Sales, 2001.

Figura 16 – Zona norte da cidade agora depois de uma transformação espacial

devido a intensa ocupação na área.

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Figura 17 – Bairro Recreio no ínicio de sua ocupação.

Fonte: Ronaldo Batista de Sales, 1998.

A cidade passou por um processo de expansão em todos os sentidos cardeais, a zona norte da cidade foi objeto dessa expansão, e Morais diz o seguinte:

Considerando que o crescimento de Caicó propagou-se em várias direções, também a zona norte da cidade foi alvo de um grande incremento populacional, com repercussão em nível de ocupação do solo urbano via configuração de novos bairros. Tendo os anos 80 como marco, a zona norte atravessou um período de expansão em que cinco novas áreas de ocupação surgiram: O Vila do Príncipe, o Alto da Boa Vista, o Recreio, o Samanaú e o Salviano Santos. Pág. 215

Segundo Morais, ainda na zona norte, por volta de 1989, foi criado o Conjunto Residencial Recreio, onde em um convênio entre a prefeitura e a Secretaria de Habitação e Promoção Social do Governo do Estado foram construídas 72 casas, estas foram destinadas à população mais carente, de baixa renda, mediante realização de um sorteio.

O bairro foi edificado na propriedade Recreio da família Aladim, o que é uma forte referência para o nome do bairro, o açude que é um patrimônio natural histórico do município também leva o nome recreio, porém com a ocupação do seu entorno o açude infelizmente foi poluído.

De acordo com Morais (1999), estruturou-se também na porção norte da cidade o bairro Samanaú, no processo marcante de ocupação do solo urbano tão marcante

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nos anos 80, assim como outros bairros da cidade, o Samanaú manteve o nome da propriedade rural onde o bairro foi sendo construído. Também foi construído o bairro Alto da Boa Vista, que segundo Morais aparentava ser muito mais um espaço rural do que urbano, a nomenclatura do bairro supõe a vinculação com a visão panorâmica que proporciona a partir da sua localização, sua ocupação só foi intensificada a partir de 1993.

Segundo Morais (1999), o bairro Salviano Santos teve sua ocupação iniciada no ano de 1997, e se tratava de um conjunto habitacional destinado à população carente, que apesar de apresentar certa organização espacial, com ruas de traçados bem definidos, as casas apresentavam em suas estruturas fragilidades, eram casas minúsculas que em pouco tempo após sua construção já evidenciavam rachaduras em suas paredes.

De acordo com Morais:

O Castelo de Engady foi construído pelo Mons. Antenor Salvino de Araújo, entre junho de 1973 e maio de 1974. Edificado em estio medieval, encravado em uma depressão do terreno, o castelo com sua imponente estrutura em que se destacam sete torres altaneiras, provoca uma visão impactante ante o cenário que o cerca. Pág. 213

Figura 18 – Castelo de Engady totalmente intacto.

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Figura 19 – Castelo de Engady Destruído.

Fonte: MONTEIRO, Samuel. 2016

O castelo de Engady criava uma visão impactante na paisagem ao seu redor, porém a ocupação massiva próxima ao castelo causou a marginalização do monumento arquitetônico, grande parte do castelo foi destruída e alguns moradores relataram que infelizmente o castelo se transformou em um ponto de venda de drogas.

Figura 20 – Bairro Serrote Branco.

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Figura 21 – Bairro Darcy Fonseca.

Fonte: MONTEIRO, Samuel. 2016.

Figura 22 – Extensão do Bairro João Paulo II.

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Figura 23 – Ocupação em áreas de topografia acidentada

Fonte: Ronaldo Batista de Sales, 1991.

Segundo Morais (1999), A zona oeste da cidade teve um processo de crescimento a partir da expansão do bairro Walfredo Gurgel e do surgimento dos bairros, João Paulo II, Frei Damião, Distrito Industrial e Soledade. E por terem uma localização em uma área de topografia acidentada, dificultava o estabelecimento de serviços básicos como abastecimento de água e transporte coletivo. A autora ainda diz que existiam semelhanças com relação à origem da população responsável pela expansão dos bairros já existentes e a população que se situou nos novos bairros, nos dois casos geralmente eram pessoas oriundas do êxodo rural. Essa ocupação se dava de maneira espontânea, o que resultou em ruas com traçados confusos, os bairros que se sucedem nesse eixo, em fase inicial de suas ocupações, foram denominados como favelas, uma vez que apresentavam uma extrema condição de pobreza.

Interessante frisar que ao consultar a secretaria de tributação do município, o bairro Soledade é tido como um bairro da zona sul, não mais da zona oeste, assim como alguns outros que Morais tratou como sendo bairros da zona sul, agora possuem sua localização divergente da entendida anteriormente, passando a fazer parte dos bairros da zona leste da cidade.

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De acordo com Morais (1999), a zona sul da cidade teve a sua ocupação por volta da década de 80, sendo efetivada com o surgimento de novos espaços residenciais, como o Conjunto habitacional do IPE (Instituto de Previdência do Estado), o Jardim Satélite, o residencial Canutos (Chamado atualmente de Canutos e Filhos), o Vila Altiva e o Conjunto Residencial Santa Costa.

Morais ainda mostra em seu livro que até maio de 1998, o Vila Altiva que se encontra à margem direita da BR-427 possuía apenas 16 residências edificadas. Bem diferente da situação recente do bairro, onde foi ocupado de maneira bastante intensa, inclusive com a instalação de várias fábricas, de diversos seguimentos.

Os mapas que serão apresentados a seguir foram elaborados pelo professor Carlos Eugênio de Faria que leciona a disciplina de geografia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) no campus de Caicó, apesar dos mapas compreenderem um recorte temporal maior que o abordado por esta pesquisa, julguei ser relevante usá-los, uma vez que entre 1970 e 1980 não houve uma mudança tão significativa no espaço, possibilitando dessa forma a percepção da grande expansão que ocorreu no município de Caicó, seja com a criação de novos espaços ou com o aumento de espaços já existentes.

Figura 24 – Área Nordeste da cidade em 1970.

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Figura 25 – Área Nordeste da cidade em 2010.

Fonte: FARIA, Carlos Eugênio de. 2010.

A expansão na parte nordeste da cidade se deu a partir do surgimento dos bairros Alto da Boa Vista, Samanaú, Salviano Santos, Raimundo Silvino da Costa e da expansão do bairro Penedo.

Figura 26 - Área Sudeste da cidade em 1970.

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Figura 27 - Área Sudeste da cidade em 2010.

Fonte: FARIA, Carlos Eugênio de. 2010.

Nessa porção da cidade destaca-se também a expansão do bairro Penedo, o crescimento dos bairros Castelo Branco, Nova Descoberta e o surgimento de vários bairros, como o Canutos e Filhos, IPE, Itans, Maynard, Jardim de Allah e o Bento VXI.

Figura 28 – Área Noroeste da cidade em 1970.

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Figura 29 – Área Noroeste da cidade em 2010.

Fonte: FARIA, Carlos Eugênio de. 2010.

Nessa parte da cidade houve um crescimento acentuado dos bairros Walfredo Gurgel, Barra Nova e João XXIII e surgiram outros bairros como o Distrito Industrial, Barra Nova II, Casas Populares, Frei Damião, Recreio, Darcy Fonseca, Vila do Príncipe e Serrote Branco.

Figura 30 – Área Sudoeste da cidade em 1970.

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Figura 31 – Área Sudoeste da cidade em 2010.

Fonte: FARIA, Carlos Eugênio de. 2010.

No setor sudoeste da cidade a expansão se deu a partir do crescimento do bairro Paraíba e da construção dos bairros Soledade, João Paulo II, Paulo VI e Adjuto Dias.

Uma vez que a área urbana está se transformando, expandindo o seu tamanho, criando novos espaços, a zona rural também apresenta transformações, pode-se observar no trabalho de campo que o esvaziamento do meio ruralista implicou também em algumas mudanças no espaço, restando várias casas abandonadas, destruídas com o passar dos anos.

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Figura 32 – Casa abandonada na zona rural do município de Caicó

Fonte: MONTEIRO, Samuel. 2016

Figura 34 – Casa abandonada na zona rural do município de Caicó

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Figura 33 – Casa abandonada na zona rural do município de Caicó

Fonte: MONTEIRO, Samuel. 2016

Figura 35 – Igreja abandonada na zona rural do município de Caicó

Fonte: MONTEIRO, Samuel. 2016.

A partir de uma consulta junto à Secretaria de Tributação e Finanças do município de Caicó, pode-se elaborar uma tabela com os bairros existentes na cidade.

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Tabela 6 - Bairros de Caicó (RN)

Zona Norte Zona Oeste Zona Leste Zona Sul

Alto da Boa Vista Barra Nova Penedo Acampamento

Boa Passagem Barra Nova II Castelo Branco Centro Darcy Fonseca Casas Populares Canutos e Filhos Paraíba Raimundo Silvino

da Costa -Nova Caicó

Distrito Industrial IPE Soledade

Recreio Frei Damião Itans

Salviano Santos João XXIII Maynard Samanaú João Paulo II Nova Descoberta Serrote Branco – I,

II e III Paulo VI

Jardim de Allah - Loteamento Vila do Príncipe Walfredo Gurgel Bento XVI - Loteamento

Referências

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