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Regulamentação e organização do serviço de transporte individual de passageiros de mototáxi no município de Currais Novos/RN

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ – CERES DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS - DCSH CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

REGULAMENTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO DE TRANSPORTE INDIVIDUAL DE PASSAGEIROS DE MOTOTÁXI NO MUNICÍPIO DE CURRAIS

NOVOS/RN

Currais Novos/RN 2018

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MARIA IZABELLE MACEDO GOMES

REGULAMENTAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO SERVIÇO DE TRANSPORTE INDIVIDUAL DE PASSAGEIROS DE MOTOTÁXI NO MUNICÍPIO DE CURRAIS

NOVOS/RN

Currais Novos/RN 2018

Projeto de intervenção apresentado ao Curso Pós Graduação em Administração Pública da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Campus Currais Novos, para obtenção

do Título de Especialista.

Orientadora: Prof. Pio Marinheiro de Souza Neto, Msc.

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ensino Superior do Seridó - CERES Currais Novos

Gomes, Maria Izabelle de Macedo.

Regulamentação e organização do serviço de transporte individual de passageiros de mototáxi no município de Currais Novos/RN / Maria Izabelle de Macedo Gomes. - 2018.

58 f.: il. color.

Projeto de Intervenção (Especialização) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ensino Superior do Seridó, Departamento de Ciências Sociais e Humanas, Especialização em Administração Pública. Currais Novos, RN, 2018.

Orientador: Prof. Me. Pio Marinheiro de Souza Neto.

1. Administração pública - Projeto. 2. Transporte urbano - Projeto. 3. Mototáxi - Projeto. 4. Serviço - Regulamentação - Projeto. I. Souza Neto, Pio Marinheiro de. II. Título.

RN/UF/BSCN CDU 656

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RESUMO

O presente projeto apresenta uma breve discussão sobre a concessão e permissão do serviço de transporte público individual de passageiros, denominado de mototáxi, enfocando a normatização que regulamenta o exercício da profissão de mototaxista no Brasil e os aspectos legais no âmbito da regulamentação municipal. Concomitante, a ausência de regulamentação e fiscalização por parte do poder público municipal favorece a proliferação desorganizada de pessoas nesta atividade. Neste sentido, este projeto analisará a partir de um diagnóstico local, os mecanismos para propor e efetivar melhorias no transporte remunerado de passageiros, bem como a fiscalização dessas motocicletas, a fim de garantir maior segurança e confiabilidade para os usuários do município de Currais Novos/RN. Como proposta de intervenção será apresentada uma Minuta de um Decreto ao Poder Executivo Municipal.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Organograma Básico - PMCN ... 23

Figura 2: Organograma Departamentizado - PMCN ... 25

Quadro 1: Matriz SWOT: Serviço de Mototáxi - PMCN ... 27

Quadro 2: Planilha 5w2h ... 28

Quadro 3: Cadastro de Grupos de Mototaxistas ... 30

Figura 3: Colete de segurança com elementos retrorrefletivos e fluorescentes combinados ... 32

Figura 4: Capacete padronizado ... 33

Figura 5: Adesivo Padrão para Motocicleta ... 33

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 6 1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMA ... 6 1.2. JUSTIFICATIVA ... 7 2. OBJETIVO ... 9 2.1. OBJETIVO GERAL ... 9 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 9 3. DISCUSSÃO TEÓRICA ... 10

3.1. CONCESSÃO E PERMISSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO E SUAS PARTICULARIDADES NO SERVIÇO DE TRANSPORTE ... 10

3.2. TRANSPORTE URBANO MOTOTÁXI... 14

3.3. NORMATIZAÇÃO DO SERVIÇO DE MOTOTÁXI ... 16

3.3.1 Código de Trânsito: o velho e o novo ... 16

3.3.2 Regulamentação dos Estados e do Distrito Federal ... 17

3.3.3 Regulamentação Municipal ... 18

4. METODOLOGIA ... 20

5. ELEMENTOS DO PLANO DE INTERVENÇÃO ... 22

5.1. DESENHO DO PERFIL DA INSTITUIÇÃO ... 22

5.1.1 Prefeitura Municipal de Currais Novos ... 22

5.1.2 Estrutura Organizacional ... 23

5.2. FRAGILIDADES E OPORTUNIDADES ... 26

5.3. DEFINIÇÃO DE METAS QUALITATIVAS ... 28

5.4. PROCESSO DE AVALIAÇÃO ... 29

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 35

REFERÊNCIAS ... 37

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1. INTRODUÇÃO

1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO E PROBLEMA

O aumento do número de veículos no Brasil cresceu 119% nos últimos 10 anos, segundo levantamento do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). No ano de 2017, a frota de veículos emplacado no Brasil compreende ao total de 97.091.956 (noventa e sete bilhões, noventa e um mil, novecentos e cinquenta e seis) veículos.

O crescimento desordenado nas grandes cidades, atrelado ao aumento da necessidade, da maioria da população, de transportes públicos concorreram para a atual problemática vivenciada pelos organismos responsáveis pela oferta de serviços públicos.

Ressalta-se que, com o aumento do poder aquisitivo e facilidades para aquisição de um novo automóvel ou motocicleta, o Brasil alcançou o recorde de venda de veículos novos em 2012 (G1, 2018). Entretanto, o aumento do número de veículos a transitar em via pública apresenta como consequência direta, a aparição com maior frequência, dos congestionamentos e, consequentemente, o caos no trânsito.

Assim, compreender a lógica da urbanização brasileira e equacionar os problemas relacionados ao transporte público não é uma tarefa fácil, pois perpassa por questões políticas e socioeconômicas.

A forte crise econômica que tem abalado à economia brasileira trouxe consigo a recessão, aumento da inflação, elevação da dívida e a subida do índice de desemprego, o que acarreta a aparição desordenada de novas formas de trabalho autônomo, por exemplo, o “mototáxi”, que é um serviço de transporte de passageiros em motocicletas encontrado em alguns municípios brasileiros.

Politicamente, a Constituição Federal de 1988 inseriu no artigo 6º mais um direito fundamental social, o direito ao transporte, totalizando 12 direitos sociais. Entretanto, tal propositura poderia ser dispensada, justificando-se o reconhecimento do direito ao transporte na condição de direito social fundamentado implícito.

Paralelamente, o transporte individual de passageiros, denominado de “mototáxi”, funciona como uma solução de transporte de baixo custo que oferece agilidade e fluidez urbana para o usuário e garante, ainda, uma fonte de renda para o profissional.

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Esta nova forma de transporte tornou-se um fato irreversível em grande parte dos municípios brasileiros. Enquanto responsável primário pelo transporte público urbano compete aos municípios criar condições legais para o funcionamento deste novo serviço, como podemos observar no art. 30, inciso V, da Constituição Federal:

V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial.

Entretanto, embora o transporte de passageiros por motocicletas não seja regulamentado em diversos municípios brasileiros, muitos grupos associativos oferecem o serviço com a finalidade pretendida sem atentar para questões relacionadas à segurança, o conforto, o meio ambiente e as relações de trabalho. Por isso, a intervenção do poder público é indispensável para corrigir as falhas operacionais existentes na atividade, exigindo o cumprimento da legislação de trânsito em vigor e das normas complementares.

Em muitas cidades brasileiras, a exemplo do município de Currais Novos, Estado do Rio Grande do Norte, o serviço de mototáxi surgiu como uma alternativa criada para suprir o desemprego e a ausência do transporte coletivo urbano, sobretudo aqueles referentes à mobilidade.

Com o êxito do serviço e as condições acessíveis para adquirir uma motocicleta, houve um aumento no número de grupos associativos instalados no município.

Destaca-se que a carência de legislação atrelada à falta de fiscalização por parte do Poder Público Municipal, no âmbito do serviço de mototáxi, concorre para o aumento desordenado desta atividade no munícipio de Currais Novos/RN.

Isto posto, a questão a ser analisada refere-se à regulação do serviço de mototáxi. Para tal, há de se responder a seguinte questão: “Como propor medidas

para organizar e fiscalizar o serviço de mototáxi no município de Currais Novos/RN?”.

1.2. JUSTIFICATIVA

O Brasil está vivendo uma crise financeira sem precedentes na história, ocasionada por instabilidades econômicas e escândalos de corrupção. Essa recessão econômica que atinge o Brasil, por um longo tempo, trouxe consequências profundas e ignoradas pela maioria da população. Isso provocou a queda do PIB,

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aumento da taxa de desemprego, inflação alta, diminuição do rendimento das famílias e consequentemente deixou muita gente em dificuldades financeiras.

Com o alto índice de desemprego, a renda das famílias caiu consideravelmente, obrigando alguns indivíduos a realizarem atividades alternativas para obter uma fonte de renda. Dentre as atividades temporárias, que podem se tornar rentáveis como estratégias para fugir da crise econômica, destaca-se o serviço mototáxi, que é visto como um tipo de transporte público individual, no qual o passageiro tem ampla liberdade de escolha de local de embarque e desembarque, diferentemente de outros veículos pesados.

Os transportes alternativos urbanos surgem como meios de locomoção de massa, em momentos de crise econômica, fruto dos altos índices de desemprego e descontentamento da população com a precariedade do transporte coletivo.

Nesta perspectiva, criou-se ambiente propício para o desenvolvimento de um serviço alternativo de transporte de passageiros, o mototáxi, no município de Currais Novos. Dentre as causas que podem ser apontadas destacam-se como um meio de transporte de custo acessível e socialmente relevante para população urbana, aliado a fatores como desemprego, falta de profissionalização do trabalhador brasileiro e, ainda, a inexistência de um sistema transporte coletivo no interior do Rio Grande do Norte.

Com a lei da oferta e da procura, paralelamente, vem aumentando o transporte clandestino, cuja atividade coloca em risco a vida dos usuários, uma vez que não existe controle rigoroso quanto à concessão e fiscalização do serviço de transporte de mototáxi por parte da SEMOSU, órgão responsável pela permissão dos alvarás e fiscalização dos veículos.

A clandestinidade é alternativa informal, resultante de uma grande problemática socioeconômica excludente, para os jovens pobres e “pais de famílias” desempregados que enxergam nesta atividade lucrativa uma forma de ocupação.

Este tema polêmico e recheado de argumentos favoráveis para a insegurança do serviço clandestino para a sociedade traz à tona aspectos como o favorecimento da criminalidade, facilitação no tráfico de entorpecentes e à insegurança do transporte, já que a falta de regulamentação e padronização do serviço deixa em aberto a oportunidade para qualquer pessoa fazer uso deste tipo de atividade.

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Neste sentido, o presente projeto tem como finalidade aprofundar o conhecimento sobre serviço de transporte individual de passageiros, identificando os riscos os quais os profissionais estão expostos e implantar medidas de segurança para a minimização dos riscos associados a essa atividade trabalhista.

Por outro lado, por se tratar de uma atividade trabalhista relativamente nova e exercida de forma tão precária faz-se necessário um olhar mais apurado sobre as características profissionais dessa classe trabalhista, bem como, a criação de políticas públicas visando à diminuição dos riscos associados ao mototaxismo e melhorias das condições de trabalho. É indispensável a fiscalização pública municipal, inclusive quanto à padronização dos uniformes e motocicletas.

Ressaltar, ainda, que a relevância desse estudo, trará um diagnóstico local, a fim de não só acompanhar, mas propor e efetivar, melhorias no transporte remunerado de passageiros, e concomitante, fiscalizar o uso dessas motocicletas, garantindo maior segurança e confiabilidade para os usuários, bem como garantir credibilidade e respeito aos grupos associativos de mototáxi de Currais Novos/RN. 2. OBJETIVO

2.1. OBJETIVO GERAL

 Planejar medidas para fiscalização e padronização do serviço de mototáxi no município de Currais Novos/RN.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Identificar os grupos associativos que atuam na atividade de mototaxista no âmbito do município de Currais Novos;

 Quantificar os profissionais que atuam no segmento de mototáxi no município de Currais Novos;

 Analisar a legislação existente sobre a regulamentação do serviço de transporte individual de passageiros em motocicletas (mototáxi) no munícipio; e

 Propor um instrumento legal para normatizar, organizar e fiscalizar o serviço de mototáxi municipal.

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3. DISCUSSÃO TEÓRICA

3.1. CONCESSÃO E PERMISSÃO DO SERVIÇO PÚBLICO E SUAS PARTICULARIDADES NO SERVIÇO DE TRANSPORTE

A Constituição Federal do Brasil, nos seus artigos 37, inciso XXI, e 175, estabelece que, ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratadas pela administração pública (direta, indireta ou fundacional) de qualquer dos Poderes (da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios), mediante processo de licitação pública.

Isto posto, a licitação – que tem como modalidades a concorrência, a tomada de preços, convite, o concurso ou leilão (Lei Nº 8.666, art. 22) - deve assegurar igualdade de condições a todos os participantes, fixar exigências de qualificação técnica e econômica e manter as condições efetivas de proposta.

Expressamente no art. 37 da Constituição Federal (CF), todo processo deve, assim, obedecer aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, bem como da probidade administrativa, vinculação ao instrumento convocatório, julgamento objetivo, e atingir os fins precípuos de garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e de selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração Pública.

Neste contexto, com o espoco de regulamentar os dispositivos constitucionais, no que se refere às normas paras licitações e contratos na Administração Pública, foram editadas algumas Leis Federais 8.666/93, 8.883/94 e, mais recentemente, a 8.987/95, que tratou especificamente sobre o regime de concessão e permissão da prestação de serviços públicos, excetuando-se os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagem.

É dever de o Estado fornecer serviço público adequado à coletividade, conforme preconiza o art. 175, da Constituição Federal, “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”. Esta por sua vez, pode ser direta, por meio de seus órgãos públicos, pessoas jurídicas, ou, através de um vínculo com uma empresa privada na forma de concessão ou permissão de serviços públicos.

Existe, portanto, duas formas de ligação de competências públicas a particulares, a concessão e a permissão de serviços públicos. O caput do art. 175 da

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CF esclarece que tanto no caso da concessão ou permissão de serviços públicos, haverá necessidade prévia de licitação para escolher o concessionário ou permissionário.

Contudo, assim como o conceito de serviço público, não há um conceito definido pela doutrina sobre concessão. Desta forma, há autores que adotam um conceito mais amplo e outros mais restritos.

A esse respeito, Mello (p. 661, 2008) assevera que, “o serviço público consiste em uma das mais relevantes noções do direito administrativo brasileiro, em razão de ter assento constitucional especificador de um vasto campo de deveres do Estado Brasileiro em relação à sociedade”.

Justen Filho (2003) explicita que o serviço público assegura o atendimento das necessidades absolutamente relacionadas com a dignidade da pessoa humana, cuja atividade é prestada pelo Estado.

Numa conotação mais ampla, que perpassa aspectos mais subjetivos da Administração Pública, Meirelles (1997) define o serviço público como todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou sob simples conveniências do Estado.

O conceito de Cretella Júnior (p. 91, 2008) diz que, “toda atividade que o Estado exerce, direta ou indiretamente, para a satisfação das necessidades públicas mediante procedimento típico do Direito Público”. Percebe-se então, que abrange todas as atividades exercidas pela Administração Pública, sem distinção das atividades jurídica (poder de polícia), material (serviço público) e econômica.

Em linhas gerais, evidencia-se que a concessão é uma espécie de acordo entre a Administração Pública e um particular, no qual a primeira transfere ao segundo a execução de um serviço público, para que este o exerça em seu próprio nome e por sua conta e risco, mediante tarifa paga pelo usuário. Difere-se da permissão porque esta consiste em ato unilateral, precário e discricionário do Poder Público.

A esse respeito, é preciso compreender o significado da concessão de serviço público como:

O contrato administrativo pelo qual a administração pública transfere, sob condições, a execução e exploração de certo serviço público que lhe é privativo a um particular, que para isso manifeste interesse e que será remunerado adequadamente mediante a cobrança dos

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usuários de tarifa previamente por ela aprovada. (GASPARINI, p. 366, 2009).

Oportuno destacar que, conforme Mello (2011), na concessão o concedente se retira do encargo de prestar diretamente o serviço que transfere para o concessionário a qualidade, o título jurídico, de prestador do serviço ao usuário, isto é, o de pessoa interposta entre o Poder Público e a coletividade. Em contrapartida, o concessionário se remunera pela exploração do serviço concedido, em geral de basicamente mediante tarifas cobradas diretamente dos usuários do serviço.

Já a permissão de serviço público, conforme os ensinamentos de Meirelles (p. 171, 1997) é um é o ato administrativo negocial, discricionário e precário, pelo qual o Poder Público faculta ao particular a execução de serviços de interesse coletivo, ou o uso especial de bens públicos, a título gratuito ou remunerado, nas condições estabelecidas pela Administração. Em tese, entendem-se como serviços permitidos todos aqueles tidos como ato unilateral, em decorrência do termo de permissão, em que a Administração Pública delimita os condicionamentos para sua prestação ao público, mediante a execução de particulares com capacidade técnica para sua realização.

Cabe ainda, ao Poder Público, a qualquer momento, por conveniência e de maneira unilateral, alterar as condições iniciais do termo permissão ou, ainda, revogar, sem que haja possibilidade de oposição do permissionário. Feito isto, restará cessada a permissão até ulterior deliberação, ou, mesmo, com imposição de novas condições a serem observadas pelo permissionário.

A Lei Nº 8.987/95 que dispõe sobre o regime de concessão e permissão de serviços públicos, previsto no art. 175 da Constituição Federal e dá outras providências, estabeleceu no inciso IV do artigo 2º a concepção sobre o conceito de permissão de serviços públicos, qual seja:

Art. 2º Para fins do disposto nesta Lei considera-se: […]

IV – permissão de serviço público: a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco.

Segundo a previsão desta Lei Nº 8.987/95, em seu art. 2º, II, concessão de serviço público “é a transferência da prestação de serviço público, feita pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, mediante concorrência, a pessoa jurídica ou

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consórcio de empresas, que demonstre capacidade para o seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado”.

Importante relatar, que no caso do município de Currais Novos, não existe uma política para concessão do serviço de transporte individual de passageiros, conforme preconiza a Constituição Federal. O mecanismo de permissão é baseado na Lei Nº 1.715, de 23 de março de 2006, cuja regulamentação se deu através do Decreto Nº 3.853, de 27 de julho de 2010, que esclarece em seu art. 3º condições para o serviço:

[…] A exploração dos serviços de que trata esta lei, será executada por autônomos em pontos-base determinados pelo poder municipal, limitado a um veículo por proprietário, mediante autorização, intransferível em qualquer caso e renovável anualmente, concedida pela municipalidade.

De acordo o art. 6º deste Decreto, as condições para execução do serviço dar-se-ão mediante os seguintes requisitos:

I – Possuir Carteira Nacional de Habilitação na categoria “A”, expedida há no mínimo 2 anos;

II – Idade mínima de 21 anos;

III – Certificado de Registro do Veículo – CRV – em nome do requerente;

IV – Atestado de bons antecedentes expedido pela Secretaria Judiciária ou Cartório Privativo da Comarca onde o requerente residiu nos últimos 2 anos;

V – Certidão de Regularidade Tributária com a Fazenda Pública Municipal, Estadual e Federal, seja negativa ou positiva com efeito de negativa;

VI – Fica facultado ao proprietário da concessão registrar, junto ao setor de cadastro municipal, um condutor substituto (auxiliar) para o exercício da atividade, ficando este na obrigação de conduzir o veículo de propriedade do concessionário.

Após o deferimento da autorização, o veículo a ser utilizado na prestação do serviço de mototáxi, ficará ainda condicionado, ao enquadramento das seguintes exigências:

I – Estar com a documentação atualizada;

II – Ser emplacado no Município de Currais Novos;

III – Possuir potência mínima de motor de 125cc (cento e vinte e cinco cilindradas) e potência máxima de motor de 200cc (duzentas cilindradas), vedadas as motocicletas tipo trail ou outros modelos de altura e dimensões inferiores ou maiores que o normal para este tipo de serviço, que dificultem o acesso ao banco de passageiro;

IV – Licenciamento pelo órgão oficial (DETRAN) como motocicleta de aluguel e identificação com placa de cor vermelha;

V – Cano de escapamento revestido por material isolante térmico; VI – Dois retrovisores;

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VII – Mata-cachorro dianteiro;

VIII – Portar os equipamentos de segurança exigidos pela legislação de trânsito;

IX – Estar o veículo em bom estado de conservação mediante vistoria pelo setor municipal competente.

Atendido os pré-requisitos acima, o Chefe do Executivo Municipal autoriza a permissão de um alvará para exploração do serviço de mototáxi no munícipio de Currais Novos. O art. 26 do Decreto Nº 3.853, de 27 de julho de 2010, reforça ainda, que o exercício do serviço de mototáxi exige a obtenção de autorização emitida pelo Poder Executivo Municipal através da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Urbanos - SEMOSU, mediante regular procedimento administrativo de credenciamento.

3.2. TRANSPORTE URBANO MOTOTÁXI

As oscilações e incertezas que vêm sendo vivenciadas pelo mercado financeiro brasileiro trouxeram efeitos danosos para o mercado de trabalho, como o aumento de desemprego. Esse quadro de instabilidade financeira desencadeia uma queda nas receitas tarifárias do transporte coletivo urbano, pois impacta diretamente nos custos operacionais do serviço. Como importante parcela da remuneração dos serviços de transporte urbano se dá por meio dessas receitas, a sustentabilidade econômica e financeira do serviço fica fragilizada.

Por outro lado, as precárias condições na prestação do serviço devem-se também a falta de investimentos no sistema de transporte, na modernização e garantia de acesso à população e, principalmente, em colocar a mobilidade urbana na agenda política.

É preciso ainda, repensar a pluralização dos meios de transportes para além do ônibus, como alternativa para diminuir o deslocamento em longas distâncias. Diante da impossibilidade de instalação de veículos como trens, metrôs e ciclovias, em algumas regiões do país, e da oferta deficiente de acessibilidade ao transporte coletivo público que não contempla algumas regiões do país, o transporte alternativo tornou-se viável para se locomover em pequenas e médias distâncias.

Assim, como o custo elevado do transporte público individual em táxis não possibilita o acesso diário e constante a passageiros economicamente desfavorecidos, o transporte individual de passageiros surgiu para suprir a demanda reprimida de um sistema de transporte público deficitário e inoperante.

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A população brasileira acolheu bem a ideia do transporte público remunerado efetuado em motocicletas, por essa demonstrar ser a opção que satisfaz a questão econômica e da pontualidade, “aliviando o peso das compras, diminuindo distâncias e acelerando a vida dos moradores” (FONSECA, p.64, 2005).

Dentre as vantagens proporcionadas pelo transporte individual de passageiros de mototáxi estar à flexibilidade para trabalhar em pontos estratégicos diferentes, a agilidade do transporte, o acesso a lugares não atendidos por transporte coletivo ou alternativo, além do preço reduzido. Torna-se então, uma solução para o desemprego de muitos indivíduos.

Entende-se, assim, que a teia de relações sociais, desenvolvida por indivíduos que empreendem numa atividade econômica, por meio do exercício irregular de uma profissão, contrariando as normas da Administração Pública, ou no âmbito das ausências das regulamentações destas, pode estar, na verdade, envolto no campo dos movimentos sociais e/ou das lutas por direitos sociais, voltados às transformações de práticas econômicas.

Deste modo, considerando que a necessidade de regular e criar condições para a oferta da atividade de mototaxista e motoboy, o governo federal sancionou a Lei Nº 12.009, em 30 de julho de 2009, regulamentando o exercício das atividades profissionais em transporte de passageiros, “mototaxista”, em entrega de mercadorias e em serviço comunitário de rua, “motoboy”, com uso de motocicleta, em todo o país. Esta Lei estabelece nos arts. 2º e 3º os requisitos para as atividades profissionais de mototaxista e motoboy, no art. 4º as exigências para condução moto-frete, além das infrações em desacordo com a Lei preconizada no art. 7º.

Não obstante, a motocicleta no Brasil atual representa um meio de transporte socialmente relevante para a população urbana, especialmente para a classe trabalhadora, que a utiliza, direta ou indiretamente, na sua vida diária – trabalho e escola.

O transporte individual de passageiros por motocicleta veio revolucionar o transporte urbano, contudo não resolverá o ciclo vicioso da mobilidade urbana. É necessário estabelecer políticas públicas para melhor avaliar as condições de segurança do condutor e do usuário, auxiliando-os a compreender sobre seus direitos e deveres, bem como subsidiando treinamento para os permissionários e investindo em ações de fiscalização e organização deste serviço no município.

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3.3. NORMATIZAÇÃO DO SERVIÇO DE MOTOTÁXI 3.3.1 Código de Trânsito: o velho e o novo

O antigo Código Nacional de Trânsito discorria que aos municípios competia legislar sobre aluguel de veículos destinados ao transporte individual de passageiros. Já o novo Código de Trânsito brasileiro – CTB discorre em seu art. 135 que:

Art. 135. Os veículos de aluguel, destinados ao transporte individual de passageiros de linhas regulares ou em qualquer serviço remunerado, para registro, licenciamento e respectivo emplacamento de característica comercial, deverão estar devidamente autorizados pelo poder público concedente.

Com isto, o legislador reservou ao Poder Público o dever de, por meio de uma seleção mais criteriosa e que assegure todos os direitos da população, autorizar o aluguel de veículos destinados ao transporte individual de passageiros, seja este com linha regular ou apenas por serviços pontuais remunerados.

Para tanto, o art. 107 do mesmo mandamento legal dispõe que:

Art. 107. Os veículos de aluguel, destinados ao transporte individual de passageiros, deverão satisfazer, além das exigências previstas neste Código, às condições técnicas e aos requisitos de segurança, higiene e conforto estabelecidos pelo poder concedente para autorizar, permitir ou conceder a exploração dessa atividade.

Desta forma, é importante destacar que para o legislador o “veículo de aluguel” é aquele utilizado para transporte público individual ou coletivo de passageiros, sendo considerado um serviço público dependente de autorização por parte do Poder Público.

Segundo o art. 175 da CF “incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos”.

Isto posto, constata-se que para se exercer a atividade de mototaxista é essencial, primeiramente, que o poder público, por meio de um ato jurídico, e após todos os trâmites legais, autorize o seu exercício, ou seja, tendo em vista que o transporte de indivíduos por meio de uma motocicleta é considerado um serviço público, não é permitido o seu exercício sem antes existir a delegação do Poder Público competente (LORENZETTI, 2003).

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Assim, mesmo não existindo diretrizes iguais no antigo e novo Código de Trânsito Brasileiro sobre a regulação do exercício da profissão de mototáxi, ressalva-se que eles possuem um ponto em comum, qual seja a ausência de previsão legal específica para este caso em concreto.

É importante lembrar que o art. 22, inciso XI, Constituição Federal, expõe que compete à União, por meio de lei federal, legislar sobre o trânsito e transportes. Assim, tendo em vista o caráter exclusivo da União de legislar nas matérias mencionadas, torna-se inconstitucional qualquer lei municipal neste sentido.

Já o art. 30, inc. V, do mesmo mandamento legal apresenta que compete aos municípios “organizar e prestar, diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluindo o transporte coletivo, que tem caráter essencial”, mas, unicamente sob a perspectiva regulamentadora do que já está previsto em lei federal.

Por outro lado, existe divergência quanto à natureza dos serviços de transportes de passageiros por táxis e mototáxi, quer pública ou privada. Contudo, a atividade necessita de uma regulamentação mínima, seja por concessão ou permissão, na hipótese de natureza pública, ou através do poder de polícia, no caso de exercício para atividade privada. Porém, a atividade não pode ficar desprovida de regulamentação por partes dos Estados ou Municípios, sendo necessário observar a Lei Federal Nº 12.009/2009.

Outra questão importante é analisar a exploração desse serviço sobre o enfoque da segurança, uma vez que o usuário se submete a um meio de transporte barato e acessível, sem se importar com as garantias oferecidas. Daí a oportunidade dos munícipios em regulamentar e padronizar o transporte individual ou coletivo de passageiros, respaldado ainda pelo art. 175, inciso IV da CF.

3.3.2 Regulamentação dos Estados e do Distrito Federal

A regulamentação sobre o serviço de mototáxi é uma preocupação constante para os Estados e Municípios, pois haverá maior exigência em relação à formação, à qualificação e a profissão. No entanto, deve haver algumas ponderações em torno da viabilidade desta regulamentação, a fim de não quebrar a competência da União. Segundo pesquisa realizada em 2009, pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), os Estados cujas capitais regulamentaram o serviço de mototáxi

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foram Acre (AC), Amazonas (AM), Amapá (AP), Ceará (CE), Goiás (GO), Mato Grosso do Sul (MS), Piauí (PI), Rio de Janeiro (RJ) e Tocantins (TO). Já o serviço de motoboy, conforme a mesma pesquisa foi regulamentada nos seguintes estados brasileiros: Acre (AC), Amazonas (AM), Amapá (AP), Goiás (GO), Mato Grosso do Sul (MS), Paraná (PR), Rio de Janeiro (RJ), Sergipe (SE) e Tocantins (TO) (SENADO, 2018).

Compreende-se então que o Estado do Rio Grande do Norte (RN) não possui regulamentação sobre o transporte individual de passageiros (mototáxi), bem como sobre o serviço de motoboy.

O Distrito Federal (DF) sancionou a Lei Nº 5.309, em 18 de fevereiro de 2014, institui o serviço de mototáxi no Distrito Federal e dá outras providências. Contudo, conforme matéria veiculada no Correio Braziliense, em 31 de janeiro de 2017, a Procuradoria Geral da República pediu a suspensão desta lei, alegando inconstitucionalidade, pois o DF extrapolou a competência ao legislar sobre norma que compete à União (CORREIO BRAZILIENSE, 2018).

Por fim, entende-se que aos Estados cabe a competência suplementar de legislar quanto ao transporte intermunicipal ou metropolitano, enquanto que aos Municípios caberá ao arcabouço jurídico vigente instituir e regular o transporte local. Oportunamente, pode ainda, determinar parâmetros relacionados à segurança do serviço de mototáxi, de acordo com a legislação federal.

3.3.3 Regulamentação Municipal

Considerando que a Constituição Federal informa no inciso V do artigo 30, que os Municípios podem organizar os serviços públicos de interesse local, há Municípios regulamentando o serviço de transporte individual de passageiros por motocicletas, justificando a ausência de especificações no CTB.

A regulamentação do serviço de mototáxi no Município de Currais Novos/RN veio através da Lei Nº 1.715, de 23 de março de 2006, que disciplina o serviço de transporte individual de passageiros em motocicletas (mototáxi) no âmbito do Município de Currais Novos e dá outras providências. O art. 18 desta Lei preconiza que o Poder Executivo Municipal regulamentará no prazo máximo de 90 (noventa) dias contados da data de sanção.

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Assim, ocorreu a regulamentação pelo Decreto Nº 3.474, de 12 de maio de 2006, cuja ementa regulamenta a Lei Nº 1715 de 23 de março de 2006 que disciplina o serviço de transporte individual de passageiros em motocicletas (mototáxi) no âmbito do Município de Currais Novos e dá outras providências.

 Capítulo I – Do Serviço: uma breve descrição sobre o serviço de transporte individual de passageiro (mototáxi); o formato de trabalho como autônomo ou em grupos independentes; o número máximo de motocicletas e a proporção de veículos por habitantes.

 Capítulo II – Das Condições para Execução do Serviço: elenca os requisitos para comprovação da atividade e inscrição junto ao setor de cadastro municipal de transportes; as obrigações legais exigidas para os veículos e condutores; os itens vedados para o serviço de mototáxi.  Capítulo III – Das Infrações: trata de condições infracionais previstas e

aplicadas no disposto da legislação federal em trânsito; penalidades e valores da multa; condutas infracionais sobre a prestação do serviço de mototáxi conforme tipo de infração (leve, média, grave e gravíssima).

Seção I – Disposições Preliminares; Seção II – Das Condutas Infracionais Subseção I – Do particular

Subseção II – Dos condutores

Subseção III – Dos condutores individuais ou agenciados e das empresas, associações e cooperativas

Subseção IV – Das empresas, associações e cooperativas

 Capítulo V – Disposições Finais: recomendações gerais sobre autorização para credenciamento; possibilidades de convênios, ajustes ou parcerias com o DETRAN, DER e DNIT e outras organizações; explicações sobre danos e prejuízos em via pública.

Esse instrumento normativo regeu o serviço de transporte de passageiros no Município por aproximadamente 4 anos, quando houve a edição de um novo Decreto n° 3.853, de 27 de julho de 2010.

O novo Decreto permaneceu com a mesma estrutura normativa, excetuando-se as Subexcetuando-seções que foram retiradas do Capítulo III. Houve ainda, a supressão ou de alguns artigos, como por exemplo, no art. 7º do Decreto anterior, foram retirados

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os incisos IV e X, que tratavam respectivamente da colocação de um adesivo padrão no tanque de combustível contendo a inscrição do mototáxi e o número do cadastro.

Em 02 de agosto de 2010, o CONTRAN instituiu uma Resolução Nº 356, estabelecendo requisitos mínimos de segurança para o transporte remunerado de passageiros (mototáxi) e de cargas (motofrete) em motocicleta e motoneta, e dá outras providências.

Posteriormente, em 09 de agosto de 2012, foi instituída a Resolução Nº 410, que regulamenta os cursos especializados obrigatórios destinados a profissionais em transporte de passageiros (mototaxista) e em entrega de mercadorias (motofretista) que exerçam atividades remuneradas na condução de motocicletas e motonetas, sendo alterada pela Resolução Nº 410, de 09 de agosto de 2012.

Percebe-se então, que após todas essas alterações o Município de Currais Novos/RN não se propôs a alterar sua legislação, de modo a se adequar as normas dos órgãos federais.

Por fim, entende-se imprescindível regular a prestação de serviço de mototáxi no âmbito municipal, tendo em vista as lacunas existentes em relação às regras estabelecidas pela legislação federal que vem sendo descumpridas pelo Município. Todavia, a intervenção sugerida neste projeto tem o propósito de sugerir uma Minuta de Decreto em conformidade com a legislação atual.

4. METODOLOGIA

Propõe-se com o presente projeto, quanto à natureza do método, analisar qualitativamente medidas para fiscalização e padronização do serviço de mototáxi no município de Currais Novos/RN, a partir de uma Minuta de Decreto e de ações estratégicas que contribuam para melhorar a sistemática de trabalho do setor de transportes, responsável pela gestão do serviço de transporte de passageiros de veículos e motocicletas. Argumenta-se que o caminho a ser trilhado no decorrer do projeto será feito em articulação com os conteúdos teóricos estudados para qualificar a produção dos dados coletados.

Inicialmente, antes de adentramos no mérito das tipologias de pesquisa adotadas, é preciso compreender a conceituação acerca do termo “pesquisa”. Para Demo (2000) a pesquisa é entendida tanto como procedimento de fabricação do conhecimento, quanto como procedimento de aprendizagem (princípio científico e

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educativo), sendo parte integrante de todo processo reconstrutivo do conhecimento. Gil (2010) define como procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos.

Pode-se dizer então que a pesquisa tem como foco resolver problemas e solucionar dúvidas através da utilização de procedimentos científicos. No presente projeto serão abordados aspectos de uma pesquisa qualitativa, pois como afirma Strauss e Corbin (2008) esse tipo de pesquisa produz resultados não alcançados através de procedimentos estatísticos ou de outros meios de quantificação.

Segundo Godoy (1995) a pesquisa qualitativa não procura enumerar e/ou medir os eventos estudados, nem emprega instrumental estatístico na análise dos dados. Parte de questões ou focos de interesses amplos, que vão se definindo a medida que o estudo se desenvolve. Envolve a obtenção de dados descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da situação em estudo.

Como a pesquisa qualitativa não se baseia em um conceito teórico e metodológico unificado, seus métodos caracterizam as discussões e a prática da pesquisa (FLICK, 2009).

O ponto de vista dessa abordagem, em particular nesta pesquisa, é propor medidas para organizar e fiscalizar o serviço de mototáxi no município de Currais Novos/RN, aferindo questões como segurança, legislação e sensibilização dos condutores e usuários desse serviço.

Quantos aos fins, a pesquisa é de natureza descritiva, exatamente, pelo seu objetivo de descrever a configuração do modo mototáxi no contexto do transporte público no município de Currais Novos/RN.

Goulart e Carvalho (2002) classificam a pesquisa descritiva como aquela que objetiva descrever as características de uma população ou fenômeno ou, ainda, estabelecer uma relação entre variáveis. Triviños (1997) ressalta que, para realizar uma pesquisa descritiva, o pesquisador necessita deter conhecimento acerca do tema.

Quanto aos meios, utilizou-se também a pesquisa bibliográfica e documental, através da revisão da literatura disponível sobre a exploração do serviço de mototáxi nos municípios brasileiros, objetivando estabelecer a base teórica da pesquisa, a

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partir de ferramentas analíticas e pesquisa documental (leis municipais, decretos, cadastramento de permissionário) disponíveis nos arquivos SEMOSU, além da observação participativa por parte da autora.

Fonseca (p.32, 2002) estabelece distinções entre a pesquisa documental e a pesquisa bibliográfica:

A pesquisa documental trilha os mesmos caminhos da pesquisa bibliográfica, não sendo fácil por vezes distingui-las. A pesquisa bibliográfica utiliza fontes constituídas por material já elaborado, constituído basicamente por livros e artigos científicos localizados em bibliotecas. A pesquisa documental recorre a fontes mais diversificadas e dispersas, sem tratamento analítico, tais como: tabelas estatísticas, jornais, revistas, relatórios, documentos oficiais, cartas, filmes, fotografias, pinturas, tapeçarias, relatórios de empresas, vídeos de programas de televisão, etc.

Os dados coletados neste projeto são oriundos do banco de dados do setor de transportes da SEMOSU da Prefeitura Municipal de Currais Novos.

5. ELEMENTOS DO PLANO DE INTERVENÇÃO

5.1. DESENHO DO PERFIL DA INSTITUIÇÃO 5.1.1 Prefeitura Municipal de Currais Novos

O município de Currais Novos tem sua origem ligada ao período do Ciclo do Gado, no século XVIII. Currais Novos foi Distrito de Paz do município de Acari até 15 de outubro de 1890, quando foi elevado à condição de município autônomo e sua sede, à categoria de vila, sendo instalado a 06 de fevereiro de 1891. Alguns anos depois, a vila é elevada à categoria de cidade com a denominação de Currais Novos, pela Lei Estadual Nº 486, de 29 de novembro de 1920.

Currais Novos situa-se na mesorregião Central Potiguar e na microrregião do Seridó Oriental, distante 172 km da capital do Estado, limitando-se com os municípios de Lagoa Nova, Cerro Corá, Acari, Campo Redondo, São Vicente e São Tomé e com o Estado da Paraíba, abrangendo uma área de 833 km².

De acordo com IBGE, no último censo de 2017, a população estimada era de 45.228 pessoas.

A Prefeitura Municipal de Currais Novos é o órgão executivo do Município, sob administração de Odon Oliveira de Souza Júnior, Prefeito Municipal, e Anderson Jean de Araújo Alves, Vice-Prefeito. A estrutura administrativa subdivide-se em 11

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(onze) secretarias e uma chefia de gabinete, sendo: Secretaria Municipal de Administração (SEMAD), Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esportes (SEMEC), Secretaria Municipal de Trabalho, Habitação e Assistência Social (SEMTHAS), Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Urbanos (SEMOSU), Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA), Secretaria Municipal de Finanças e Planejamento (SEMFIN), Secretaria Municipal de Meio-Ambiente, Agricultura e Abastecimento (SEMAAB), Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo (SEMTUR), Controladoria Geral do Município (CONTROL), Procuradoria Geral do Município (PGM), Assessoria Jurídica do Município (ASJUR) e o Gabinete Municipal. O Município conta ainda com a Fundação Cultura “José Bezerra Gomes” (FCJBG) e a Ouvidoria Municipal.

5.1.2 Estrutura Organizacional

A Prefeitura Municipal de Currais Novos apresenta sua estrutura organizacional distribuída conforme o organograma abaixo:

Figura 1: Organograma Básico - PMCN

Fonte: Elaboração do próprio autor (2018)

As secretarias municipais são subdivididas em setores específicos com suas respectivas atribuições, tomando como exemplo a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Urbanos que é subdividida em setor de transportes, abastecimento, setor de fiscalização de obras e manutenção dos cemitérios. O setor de transportes possui a atribuição de emitir, cancelar os alvarás para permissionários de veículos na categoria aluguel, denominados de taxistas e mototaxistas. É de responsabilidade ainda, realizar anualmente o credenciamento

(26)

dos permissionários, como também, organizar mecanismos de fiscalização da atividade de taxistas e mototaxistas.

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25 Figura 2: Organograma Departamentizado - PMCN

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5.2. FRAGILIDADES E OPORTUNIDADES

A Matriz SWOT para Goulart (2006) é uma análise do ambiente externo (macroambiente) e o interno (microambiente) da empresa. É a sigla em inglês para Forças (Strengths), Fraquezas (Weakness), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats), já no Brasil é conhecida como Matriz FOFA.

Para Nogueira (2014) a Análise de SWOT é um instrumento muito utilizado nos planejamentos estratégicos das empresas. Isso porque força a corporação a se confrontar com o ambiente, sendo mais fácil a identificação de suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, objetivando a geração de informações importantes para tornar a organização mais consciente de suas possibilidades futuras.

Uma importante ferramenta para o planejamento estratégico de uma empresa, tendo em vista que oportuniza avaliar as principais ameaças e oportunidades, conhecer as forças e fraquezas, para assim prever e traçar ações estratégicas. Deste modo, na administração pública serve para subsidiar a gestão das organizações, pois estabelece uma visão clara e objetiva não só do serviço, como também da atividade ofertada para a população.

Segundo Chiavenato e Sapiro (2003), sua função é cruzar as oportunidades e as ameaças externas à organização com seus pontos fortes e fracos.

Estabelecendo uma relação com o serviço de transporte individual de passageiros ofertado pelo Poder Público Municipal, a Análise de SWOT possibilita compreender fatores influenciadores e como essas 4 variáveis (forças, fraquezas, oportunidades, ameaças) podem melhorar as estratégias organizacionais.

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27

Quadro 1: Matriz SWOT: Serviço de Mototáxi - PMCN

PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

IN TE R N A (orga ni zaç ão )

- Integração entre a legislação da PMCM e ações do setor de transportes do Município - Interação entre os grupos

associativos e órgãos do Município - Ideias e inovações utilizadas dentro do setor em que foi originado .

- Legislação insuficiente para o bom funcionamento do serviço de mototáxi - Capacitação técnica e administrativa de funcionários inadequada para a gestão

- Aparato insuficiente para fiscalização e cumprimento das legislações

E X TE R N A (amb ien te)

- Revisão periódica na legislação - Padronização dos uniformes e identificação dos condutores

- Parcerias entre o poder público e a iniciativa privada para oferecer cursos de reciclagem para os permissionários e condutores de mototáxi

.

- Proliferação da clandestinidade na oferta do serviço de mototáxi

- Crescimento urbano desordenado e acelerado

- Implantação de mudanças por obrigatoriedade na legislação, sem estudo prévio dos impactos e planejamento

FONTE: Elaborada pela autora (2018).

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5.3. DEFINIÇÃO DE METAS QUALITATIVAS

Metas What Why How Where Who When

How Much

Descrição inicial O que Porque Como Onde Quem Quando Quanto?

1 Estratégias para padronização e fiscalização do serviço de mototáxi no município de Currais Novos/RN Qualitativa Padronizar o colete de segurança utilizado pelos mototaxistas Garantir a segurança dos usuários, conforme a Resolução CONTRAN Nº 356/2010 Promoção de palestra de conscientização sobre as normas do CONTRAN Auditório Centro Administr ativo Setor de Transportes SEMOSU PMCN Semestre A definir Qualitativa Padronizar o capacete motociclístico, com viseira ou óculos de proteção dotado de dispositivos retrorrefletivo Garantir a segurança dos condutores e usuário, conforme a Resolução CONTRAN Nº 203/2003 Reunião com os grupos de associados e autônomos para definir prazos e estratégias de uniformização Auditório Centro Administr ativo Setor de Transportes SEMOSU PMCN Mensal A definir Qualitativa Instalar dispositivo de proteção para pernas e motor, aparador de linha, fixado no guidon Promover a segurança dos condutores e usuários, amenizando riscos de acidentes Promover uma campanha de divulgação em mídias digitais, rádio e televisão Redes sociais, rádios e canais locais de TV Setor de Transportes SEMOSU Assessoria de Imprensa PMCN Mensal A definir Qualitativa Credenciar, identificar e fiscalizar os veículos quanto às condições de uso, segurança e pendências administrativas Evitar a clandestinidade do serviço de transporte de passageiros e garantir a segurança dos condutores e usuários Preencher formulário de credenciamento individual do permissionário e do veículo, designar um mecânico para vistoria dos veículos

Setor de Transport es SEMOSU PMCN Setor de Transportes SEMOSU PMCN Anual A definir Quadro 2: Planilha 5w2h

(31)

29

5.4. PROCESSO DE AVALIAÇÃO

O processo de avaliação deste projeto de intervenção ocorre através da análise da legislação municipal pertinente a concessão do serviço de mototaxista no Município de Currais Novos.

Após analisar o Decreto Nº 3.853/2010 foram constatadas algumas inconsistências na legislação vigente, especificamente:

a) A nomenclatura textual tratada como “Lei” é equivocada, já que se trata de um Decreto.

b) O art. 3° do Decreto em epígrafe trata de pontos-base determinados pelo Poder Municipal. No entanto, percebe-se que tais pontos não são exemplificados neste documento, oportunizando assim, que os permissionários de estabeleçam em quaisquer locais. No parágrafo 1º, menciona-se que os grupos independentes poderão ser formados com infraestrutura física, devidamente registrada no setor tributário municipal, com distância mínima de 100 metros, de outro grupo. Na prática essa realidade é distorcida, já que não existe fiscalização pelo setor responsável, os grupos se aglomeram embaixo de árvores e vias públicas, estabelecendo pontos-bases.

c) O art. 4º do Decreto Nº 3.853/2010 estabelece a proporção de 01(um) veículo para cada 70 (setenta) habitantes do Município de Currais Novos, tomando como base os dados fornecidos pelo último censo do IBGE. Segundo levantamento realizado no setor de transportes, o município de Currais Novos tem cadastrado 34 grupos de mototáxi, cuja concentração é maior no centro da cidade. Possui ainda 655 mototaxistas cadastrados, compreendendo uma faixa etária entre 20 e 50 anos. Percebe-se então, que ao equacionar a proporção determinada no caput do artigo, a população estimada para 2017 corresponde a 45.228 habitantes, o número de concessões existentes encontra-se um pouco acima do permitido, conforme quadro 3 abaixo. Nota-se ainda, que existe permissionário com idade inferior ao permitido por Lei, sendo a idade

mínima de 21 anos, contrariando inclusive o art. 2º d a Lei Nº 12.009, de 29 de julho de 2009.

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30 Quadro 3: Cadastro de Grupos de Mototaxistas

Nº GRUPO ENDEREÇO BAIRRO TELEFONE Nº ASSOCIADOS

01 Império Moto Taxi R. Prof. Manoel Targino Sílvio Bezerra 3412-1710/ 99978-4503 12 02 GN Moto Taxi R. Prof. Manoel Targino, 479 Sílvio Bezerra 3431-1677 15 03 1515 Moto Taxi Rua Moisés Galvão Gilberto Pinheiro 3431-1515 15 04 TaxiMoto 1717 R. Escrivão Antônio Quintino, 63 Centro 3431-1717/ 99958-1717 10 05 Mototaxi 1212 R. Moisés Galvão, 170 Centro 3412-1212 15 06 Mototaxi 1717 Av. Dr. Sílvio Bezerra de Melo, 980 Centro 3412-1717 12 07 Currais Novos Mototaxi R. Ulisses Caldas, 216-A Centro 3412-2222 12 08 Moto Táxi 02 Irmãos Av. Cel. José Bezerra Centro 99895-7698 01

09 Autônomos Próximo ao Correios Centro - 05

10 Mototaxi Policlínica Rua Maria José Varela Centro - 01 11 Mototaxi Original Av. Dr. Sílvio Bezerra de Melo Centro 3431-2020 12 12 MM Moto Taxi Av. Dr. Sílvio Bezerra de Melo, 542 Centro 99900-4343 08 13 Matriz Moto Taxi R. Capitão Mor Galvão, 38 Centro 99848-4346 20 14 WE Moto Taxi R. Laurentino Bezerra, 105 Centro 99471-3417 04 15 Seridó MotoTaxi R. Tomás Silveira Centro 99615-7772 10 16 Real Taxi Moto R. Antônio Eduardo Bezerra, 23 Centro - 10 17 Taxi Moto 1818 Av. Dr. Sílvio Bezerra de Melo, 854 Manoel T. de Araújo 3431-1818 25 18 Mototaxi 1919 Av. Dr. Sílvio Bezerra de Melo Manoel Salustino 3431-1919/ 99970-1919 15 19 Ronda Taxi Av. Teotônio Freire, 215 Manoel Salustino 3431-1414 20 20 Liga Taxi Moto Av. Teotônio Freire, 261 Manoel Salustino 3412-3412 12 21 Grupo Rodo Taxi Av. Teotônio Freire, 543 Manoel Salustino 3431-1710/ 98829-6886 15 22 TeleMoto Ltda Pça. 19 de março, 19 Santa Maria Gorete 3412-2000/ 99978-6660 15 23 TL Moto Taxi R. Maestro Manoel Rodrigues, s/n Santa Maria Gorete 3412-2003/ 99922-2494 15 24 SOS Moto Taxi Av. Teotônio Freire, 672 Santa Maria Gorete 3412-3939/ 99989-3939 15 25 Moto Taxi Três Irmãos Av. Maria Augusta Pereira, 679 Parque Dourado 3412-4917 15 26 Douradão Moto Taxi Av. Cândido Dantas, 840 Parque Dourado 3412-3333 12 27 Nova Moto Taxi Av. Cândido Dantas, 498-A Parque Dourado 3431-1612/ 98886-0774 10 28 Mototaxi 3431-1212 Av. Cândido Dantas, 340 Parque Dourado 3412-1212 20 29 JK Moto Taxi Av. Teotônio Freire, 845 JK 3431-2774 15

30 JR Moto Taxi Av. Tungstênio, 427 JK 3412-3040 20

31 Grupo União TaxiMoto Av. Teotônio Freire, 1550 Dr. José Bezerra 3412-2089 12 32 Moto Taxi Av. Teotônio Freire, 1461 Dr. José Bezerra 3431-1000 03

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31 33 Moto Taxi BR Tv. 13 de Maio, 649-B Paizinho Maria 99964-7188/ 99965-1869 02

34 MotoTaxi 13 de Maio Av. 13 de Maio, 454 Paizinho Maria 3431-2010/ 98777-2010 20 FONTE: Arquivo do Setor de Transportes – SEMOSU (2018).

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d) Embora o Decreto Nº 3.853/2010 tenha sido editado antes da Resolução Nº 414 de 09 de agosto de 2012, que altera a Resolução Nº 410, de 02 de agosto de 2012, que regulamenta os cursos especializados obrigatórios destinados aos profissionais em transporte de passageiros (mototaxista) e em entrega de mercadorias (motofretista) que exerçam atividades remuneradas na condução de motocicletas e motonetas, compreende-se que o Executivo Municipal tendo instituído o Decreto em período posterior não cumpriu as determinações preconizadas nos incisos III e IV da Lei Nº 12.009/2009. O inciso III, trata da aprovação em curso especializado, enquanto que o IV obriga o mototaxista a estar vestido com o colete de segurança dotado de dispositivos retrorrefletivos, ambos nos termos da regulamentação do Contran, conforme figura 3:

Figura 3: Colete de segurança com elementos retrorrefletivos e fluorescentes combinados

Fonte: Resolução CONTRAN nº 356 de 02/08/2010

e) Verifica-se que foi suprimido neste mesmo Decreto o inciso IV da Lei Nº 1.715, de 23 de março de 2006, de autoria do próprio Executivo Municipal, que determina que a motocicleta deve possuir adesivo padrão contendo a inscrição mototáxi e o número do cadastro visivelmente oposta no tanque

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de combustível do veículo, expedido pela PMCN. Ressalta que o Decreto Nº 3.474/2006, anterior a este vigente, não só incluía como também colocava os modelos no Anexo.

Deste modo, a nova Minuta de Decreto deverá incluir em suas normas que a regulamentação atenda as exigências do Contran, incluindo a padronização do capacete e da motocicleta, conforme figuras 4 e 5, respectivamente:

Figura 4: Capacete padronizado

Fonte: Resolução CONTRAN nº 356 de 02/08/2010

Figura 5: Adesivo Padrão para Motocicleta

Fonte: Resolução CONTRAN nº 356 de 02/08/2010

f) O CTB, Lei Nº 9.503/1997, no art. 161 do Capítulo XV, diz que a inobservância dos preceitos existentes nele, na legislação complementar PREFEITURA MUNICIPAL DE

CURRAIS NOVOS INSCRIÇÃO Nº CADASTRO Nº

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34

ou das resoluções do Contran, implicará em penalidade e medidas administrativas ao infrator, conforme indicações em cada artigo, além de punições previstas no Capítulo XIX. Ressalta-se, que a Lei Nº 12.009/2009 alterou alguns desses artigos. No contexto municipal, o art. 10 da Lei Nº 1.715/2006 relata que as penalidades por infrações serão aplicadas conforme a gravidade cometida, segundo o disposto nos arts. 161 e 256 da Lei Nº 9.503/1997, sendo:

I – advertência;

II – multa de 30 a 100 UFRMs (Unidade Fiscal de Referência Municipal), quando reincidente;

III – apreensão do veículo, quando considerado um condições impróprias para a exploração do serviço, inclusive o de oferecer riscos à integridade física de usuários e terceiros;

IV – outras sanções mais severas, conforme apurado o cometimento da infração e que seja reconhecidamente caracterizada como de extrema gravidade, assegurada ampla defesa ao suposto infrator. Importante frisar, que o Decreto Nº 3.853/2010 tem o Capítulo III exclusivamente para abordar questões de natureza infracional, tomando como referência para aplicação das penalidades:

I – multa;

II – suspensão do direito de prestar o serviço de mototáxi (por um período determinado);

III – apreensão do veículo; IV – remoção do veículo;

V – cancelamento da autorização para prestar serviço de mototáxi. Complementa ainda, que a aplicação dessas penalidades não obedecerá nenhuma ordem, sendo, portanto por conveniência da situação. Essas infrações são divididas em categoria de natureza leve, média, grave e gravíssima, cujo valor é atribuído mediante a Unidade Fiscal de Referência do Município (UFRM). Entendam-se as multas como leve – 30 UFRM, média – 50 UFRM, grave – 70 UFRM e gravíssima 100 – UFRM.

Nota-se que na prática, os valores dessas multas não condizem com a realidade de mercado praticada por outros Estados, tendo em vista que a tabela para cobrança da taxa de serviço no município de Currais Novos, no ano de 2018, tem a UFRM no valor de R$ 105,50. Sugere-se uma alteração em termos percentuais ou alteração no valor da UFRM.

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g) O art. 28 do Decreto Nº 3.853/2010, define como ponto-base, local provisoriamente destinado na via pública e na empresa de apoio, exclusivamente ao estacionamento e acomodação para mototáxi e motofrete. Sugere-se que estes, sejam preestabelecidos e/ou autorizados pelo Executivo Municipal, conforme conveniência ou outras diretrizes previstas pela SEMOSU.

Por fim, as sugestões apresentadas nesse processo de avaliação, em conjunto com as metas qualitativas descritas no item 5.3 deste projeto, comporão a Minuta do Decreto em Apêndice, objetivando corrigir as consistências existentes e, principalmente, cumprir com as exigências da legislação federal, já que é de competência exclusiva da União, legislar sobre o trânsito.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dada á importância do assunto, o desenvolvimento do presente estudo possibilitou analisar o arcabouço jurídico sobre a regulação do serviço de mototáxi no âmbito federal, estadual e municipal.

Com base na doutrina estudada foi possível compreender a divisão de competências da União, dos Estados e dos Munícipios para legislar sobre o tema em estudo. À União, competência privativa de legislar sobre o trânsito e o transporte; aos Estados, suplementar questão relativa ao transporte intermunicipal ou metropolitano; aos Municípios, regular sobre transporte local, desde que não afronte o Texto Constitucional. Contudo, é unânime o entendimento de que o Poder normativo necessário aos Entes Federados e Municípios, tendo em vista que a concessão, em qualquer serviço público, se reveste de controle administrativo.

A despeito do entendimento da legislação municipal, os dados levantados na pesquisa evidenciam que há conflito entre a regulação de serviço de mototáxi na legislação municipal com a legislação federal, razão pela qual foi sugerido uma nova Minuta de Decreto, em conformidade com os princípios nacionais constituídos.

Em situação semelhante, a problemática abordada de “Como propor

medidas para organizar e fiscalizar o serviço de mototáxi no município de Currais Novos/RN?” foi respondida a contento, inclusive com a sugestão de metas

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36

Quanto aos objetivos, conclui-se que o objetivo geral foi parcialmente alcançado, tendo em vista que a padronização das motocicletas, capacetes e condutores foram sugeridas no Decreto. Entretanto, as medidas para fiscalização tornaram-se complexa, uma vez que, não existem recursos humanos no quadro do município para desempenhar o papel de agente fiscalizador. Embora exista o conceito de municipalização do trânsito no CTB, o município de Currais Novos ainda não tomou para si essa responsabilidade.

Quanto aos objetivos específicos, pode afirmar que foram identificados e quantificados os grupos associativos de mototaxistas, como também analisada minuciosamente a legislação municipal em vigor. Especificamente, quanto ao último objetivo específico, cabe a conclusão que, embora exista uma legislação municipal, esta ainda não é suficiente para adequar a regulação do serviço de mototáxi, sendo necessária a reformulação do instrumento normativo em vigor, daí a proposta de uma Minuta de Decreto.

Devido ao escopo adotado e a limitação de tempo disponível, não foram pesquisadas jurisprudências nos Tribunais de Justiça dos Estados, cujas contribuições poderiam ilustrar o debate sobre os limites da jurisdição municipal. Sugere-se então, estudos posteriores abordando tais decisões.

Consideram-se as principais contribuições técnicas dessa pesquisa, a ampliação do debate sobre os princípios e competências constitucionais na prestação do serviço de mototáxi ou na profissão de mototaxista; a oportunidade de contribuição para literatura jurídica na área de transportes; e por último, a pertinência de alterar as inconsistências da norma legal em vigor, no âmbito do município de Currais Novos.

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REFERÊNCIAS

BRASIL. Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Lei Nº 9.503, de 23 de setembro de 1997. Que institui o Código de Trânsito Brasileiro. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Brasília: 2007. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L9503.htm>. Acesso em 25 fev. 2018. _______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal, 1995. Disponível em: < https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_201 6.pdf>. Acesso em 03. jan. 2018.

_______. Lei Nº. 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l8666cons.htm>. Acesso em 27 fev. 2018. _______. Lei Nº. 8.883, de 08 de junho de 1994. Altera dispositivos da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, que regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/Ccivil_03/leis/L8883.htm>. Acesso em 08 nov. 2018.

_______. Lei Nº. 8.987, de 13 de fevereiro de 1995. Dispõe sobre o regime de concessão e permissão de serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8987compilada.htm>. Acesso em 08 nov. 2018.

_______. Lei nº 12.009, de 29 de julho de 2009. Regulamenta o exercício das atividades dos profissionais em transporte de passageiros, “mototaxista”, em entrega de mercadorias e em serviço comunitário de rua, e “motoboy”, com o uso de motocicleta, altera a Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997, para dispor sobre regras de segurança dos serviços de transporte remunerado de mercadorias em motocicletas e motonetas – moto-frete –, estabelece regras gerais para a regulação deste serviço e dá outras providências. Diário Oficial da União. Brasília, 30 jul. 2009. Ed. 144, Seção 1, p. 4-5. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12009.htm> Acesso em 04 mar. 2018.

CHIAVENATO, Idalberto; SAPIRO, Arão. Planejamento Estratégico: fundamentos e aplicações. 1. ed. 13° tiragem. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DE MUNICÍPIOS. Confederação Nacional de Municípios (CNM): mesmo com leis federais e normas de trânsito de Contran e Denatran, cidades demoram na regulamentação de atividades de motofrete, mototáxi, motoboy. Brasília: Senado Federal, 2012. Disponível em:

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