CENTRO
SÓCIO
ECONÔMICO
DEPARTAMENTO
DE
SERVICO
SOCIAL
O
E
RELAÇÃO
E
SEPARAÇÃO
CONJUGAL
_ANALISANDO
O
PROCESSO...
\ . APf0vado Pelo DSS '~~--¬'‹::../ . ju Y TY AÍ “S STA*Ê
¿° ° °' de s°“"°° s°°m Trabalho de Conclusão de Cursoapresentado ao
' GSEUFSC
Departamento de Serviço Social da Universidade Federal de Santa Catarina para obtenção do título de Assistente Social, orientado pela Prof. Dr” Regina Célia Tamaso Mioto.
VILIMA
DE
OLIVEIRA
SCHNEIDER
'
FLORIANÓPOLIS
À
Ivanor, peloamor,
amizade
ecumplicidade
de quase duas décadas de
convivência.
À
Thiella e Alizeu pelacompreensão
eapoio
que despreenderam
durante
atragetória
de
minha
vidaacadêmica.
Ao
pequeno
Fernando, por saber esperar
eentender
aminha
ausência,-mesmo
com
lágrimas
e choros.Minha
Familia,...princípio
meio
À
Prof?Dr?
Regina
CéliaTamaso
Mioto, pela orientação, credibilidade,apoio e incentivo para superar as dificuldades encontradas
na
elaboração destedo
trabalho.À
Profl. Supervisorado Sub-Núcleo
de Estágio - Serviço Social Forense -Marly
Venzon
Tristão, pela receptividade, apoio, convivência e carinhono
decorrer
do
curso e estágio.À
Assistente Social e Supervisora deCampo
IedaMatias
Pontes, pelo apoio,amizade
e carinho,exemplo
ético-profissional, esforço eforma abnegada
com
que
conduziu todo processo de supervisãono
decorrerdo
estágio.A
todos os casaiscom
os quais observamos, dividimos e sofremos muitosmomentos,
e dessaforma
possibilitaram a iniciaçãoda
nossa práticaprofissional.
Às
colegas de estágio Rita F., Marise, Cléo, Cida, Adriana, Alessandra,Juliana, Nihnara, Daniela e Cláudia, pelo companheirismo,
amizade
e apoio.A
todos os professores e funcionáriosdo Departamento
de Serviço Socialda
Universidade Federalde
Santa Catarina, pelo apoio.Aos
alunos e colegasdo Curso
de Serviço Socialda
Universidade Federalconhecimento
que
existiuno
decorrer dessa caminhada.Com
carinho, àsminhas
irmãs, Dioraci, Else, Sandra, Ilda e Aderbal (irmão caçula),que
mesmo
de longesempre deram
apoio e estímulona
~
realizaçao deste curso.
A
meus
pais OtavianoMendes
de Oliveira e Dalnei de Linhares Oliveira,“In
memorian”, que
me
permitiram a vida.As
alegrias de hojetambém
saosuas, pois
o
seu amor, estímulo e carinhoforam
asarmas
desta vitória.Ao
meu
marido
Ivanor, pelo estímulo,compreensão
e renúncia,sem
asquais as dificuldades certamente seriam maiores.
À
Thiella, filha, amiga,companheira
que não
mediu
esforços,ao
contrário,em
cada
página deste trabalho, eem
cada diade
duraçãodo
curso, sua presençafoi imprescindível. Através dela, referenciamos o
mais
novo
membro
da
família,APRESENTAÇÃO
... _.CAPÍTULQ
1 -CASAMENTO, CONJUGALIDADE
E
SEPARAÇAO
1
Introdução
... ..2
O
Casamento
no
Contexto
Moderno
... ._3
As
Relações Conjugais
... ..3.1
A
Escolhado
Parceiro ... ..3.2 Estabelecimento
da Dinâmica
Conjugal ... ..3.3
A
Chegada
dos Filhos ... ..3.4
A
Adolescência dos Filhos ... ..4
A
Relação Conjugal
ea
Dinâmica
Familiar ... ..5
A
Separação
Conjugal
... ..CAPÍTULO
2
-CASAIS
EM
PROCESSO DE SEPARAÇÃO
NO
EMAJ
-APRESENTAÇÃO
DOS
CASOS
1
Introdução
... ..2
O
Método
... ..3
Estudo de
Caso
... ..3.1 Critério de Escolha dos Sujeitos
da
Pesquisa ... ..4 Casal
1 ... ..4.1 Solicitação ... ..
4.2 Início
da Relação
... ..4.6
O
Contatodo
Casalcom
a Família deO
rigem ... .. 574.7
A
vidaVSocialdo
Casal ... .. 585
Casal 2
... ..60
5.1 Solicitação ... ..
60
5.2 Início
da Relação
Conjugal ... .. 615.3
Dinâmica do Relacionamento
... ..62
5.4
O
Relacionamento
Sexual ... ..66
5.5
Os
filhosna Dinâmica do
Casal ... ..66
5.6
O
Contatodo
Casalcom
a Família deOrigem
... _. 67 5.7A
Vida
Socialdo
Casal ... ._69
CAPÍTULO
3
-CAsAIs
EM
PROCESSO
DE
SEPARACÃO
No
EMAJ
-ANÁLIsE
Dos
CASOS
1Introdução
... .. 712
Escolha
do
Parceiro ... ..74
3
A
Dinâmica
Conjugal... ... .. 754
Os
Filhosna
Dinâmica do
Casal
... ..80
5
A
Interferênciada
Família
de
Origem
na
Dinâmica do
Casal
... .. 836
A
Opção
pelaSeparação
... .. 84CONSIDERAÇOES
FINAIS
... ..94
ANEXO
1 ... ._98
ANEXO
2 ... _. 117REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
... .. 130O
estudoque
ora apresentamos é o resultadoda
nossa prática de observação, investigação e intervenção realizadacom
casaisem
processode
separação, durante três semestres (março de
94
a julho de 95)no
EscritórioModelo
de Assistência Jurídica(EMAJ),
da
UFSC.
O
EMAJ
éuma
instituiçãoque
presta assistência jurídica gratuita para pessoascom
rendamensal de
até três saláriosmínimos
e residentesna
Comarca
de
Floriano olis. ¡Éna
área da família Clue
a interven Ção do
Servio
Social se faz presente, principalmente
no
tocante a separação conjugal ena
série de conflitos decorrentes desse processo,como
guarda, pensão alimentícia,violência doméstica dentre outros.
A
escolhado
tema, separação conjugal - dinâmica e estruturado
casalem
processode
separação, foimotivado
considerando sobretudo doisaspectos.
O
primeiro refere-se ademanda
efetiva dos nossos atendimentos..Dos
40
casosque
tive oportunidade de acompanhar,84%
delesforam
de separação conjugal.Nesses
casos a separação conjugal erabuscada
como
último recursodo
usuário para pôrfim
aum
relacionamento cujas regrasque
ogovernavam não
atendiammais
às expectativas e/ou às exigênciasde
um
ou
Diante desse quadro, tentamos de
algmna
maneira penetrar nessa ~realidade,
na
busca,nao
diriamos de respostas,mas
deum
diálogocom
áreasdo
conhecimento que
pudessem
nos
auxiliar nessas situações. Situações estasonde
o sonho não
terminamas
cede espaço a duras realidades vivenciadasno
dia-a-dia
da
relação conjugal._O
segundo
aspecto detemiinantedo
nosso trabalho foi a ausênciade estudos
mais
aprofundados sobre a dinâmica dos casaisem
processo deseparação, produzidos
a
partirdo
EMAJ.
Através
da
leitura de vários trabalhos de conclusão de cursorealizados,
observamos que
algrmscontemplam
deforma
abrangente o contextoda
prática interdisciplinarno
EMAJ
(Furtado,1994
e Casagrande, 1994). Outrosestudos trabalham os aspectos jurídico, sociológico, ideológico, cultural, antropológico
da
família edo
casamento, enquanto instituições (Serafim,1994
eBampi,
1995).Especificamente
sobre separação conjugal os estudos recaíram sobreos fatores incidentes
da
separação conjugal, (Serafim, 1994) e sobre as representações sociaisda
separação (Carraro, 1995).A
partir dos aspectos relacionados decidimos centralizar nosso ~estudo sobre a dinâmica e a estrutura
do
casal, e nasdemandas
que
saose incluem as respostas
que
procuram
para suas vivências conjugais, suas idealizações e dificuldades.Para atender aos objetivos
da
nossa proposta,optamos
por realizaro
estudode
dois casos.A
análise desses casos foi realizado a partir dos pressupostosda
metodologiade
estudode
caso.O
trabalho está estruturadoem
três capítulos.O
primeiro capítuloCasamento,
Conjugalidade
eSeparação
serácomposto
de Luna revisãoteórica sobre aspectos relacionados ao casamento, a conjugalidade e a separação
conjugal.
No
segimdo
capítulo - Casaisem
Processo
de Separação-
Apresentação dos
Casos
- serão apresentados os estudosde
casos a partir deuma
breve discussão sobreo
método
deEstudo
de Caso.No
terceiro capítulo -Casais
em
Processo
de Separação
- Análisedos
Casos
realizaremos a análise dos casos apresentados à luzdo
referencialteórico levantado
no
primeiro capítulo.Dessa
forma,pretendemos
contribuir paraum
aprofimdamento
da
compreensão
sobre os casosque
são atendidos diariamente por AssistentesCASAMENTO, CONJUGALIDADE
E
SEPARAÇAO
1
Introdução
A
relação conjugal foi nosso objeto de estudo durante três semestres de estágio.No
desenrolar dos atendimentosos
usuários relatavam inúmeras queixas tantoem
relação ao.companheiro como:
ausênciado
lar,desinteresse para
com
os filhos e paracom
a companheira, quantoem
relação a situação conjugal vivenciadaque não
era a desejada, e simmarcada
porinsatisfações, agressões verbais, fisicas, alcoolismo e adultério.
Percebíamos
que
ocorriam,na
relação conjugal, situaçõesonde
prevalecia
o
outronão
sócomo
o culpado,mas
sobretudo,como
vítimado
conflito instaurado. Diante desse
quadro
apresentado,perguntávamo-nos o que
fazer?
Com
quem
estaráo
problema
ou
a responsabilidade?Que
fatores incidemsobre essa problemática? Seria apenas de
ordem
afetiva...econômica
incompatibilidade ?
Tentamos,
com
isso, penetrar nessa realidade,na
busca,não
diríamos
de
respostas, e sim, para dialogarcom
áreasque
poderiam nos
auxiliardentro de tantas outras realidades
que
são vivenciadasno
dia-a-dia deum
relacionamento conjugal.Dada
acomplexidade do
tema,que
envolve aspectos históricossociais e culturais,
optamos
por centralizar a discussãono
âmbito das relações conjugais, atravésde
uma
rápida revisão sobre:O
Casamento
no
Contexto
Moderno;
As
Relações Conjugais
ea
Dinâmica
Familiar, e0
Processode
Separação.
2
O
Casamento
no
Contexto
Moderno
Do
tradicional parao
modemo,
alguns fatores se interpõemdando
forma
e diferenciação nessa dualidade, coexistindo e contrapondo expectativasde “indissolubilidade transitoriedade; definição
x
indefinição de papéis;superioridade masculina
x
inferioridade feminina; alienaçãox
competitividade;âmbito
intemo
x
âmbito extemo, dentre muitos outros.A
partir dessasdiferenciações, tanto
no
casamento
tradicionalcomo
no
modemo
ocorreuma
alternância
também
entreo
que
é realx
ideal, expectativasx
frustrações.O
homem
constrói sua história incorporando e transformandohábitos, necessidades, experiências e valores.
Na
contemporaneidade astransformações atingiram significativamente o
campo
da
informática,da
robóticaestá
o
campo
das relaçõeshumanas,
especialmente a afetiva?As
transformaçõesestão se
dando
com
o
mesmo
alcance e intensidade?Com
um
simples toque ohomem
comunica-se
com
o
mundo
inteiro.Por
outro lado, constata-seque
essemesmo
homem,
muitas vezes,não
sabeou conhece
quem
é seu vizinho.Vemos com
isso,que
uma
das implicaçõesda
revoluçãotecnológica ié
o
isolamentodo
homem.
Satisfazer necessidades fisicas e biológicasnão
éo
problema.Muitos
autores (Porchat, 1992; D'Incao, 1992;Malheiros, 1994) dentre outros,
têm
concordado que
amodemidade
tomou
ohomem,
em
muitas situações, solitário, isolado e individualista.Ao
tentarincorporar
mudanças
tão rápidas e profundasno
dia-a-dia de suas relações,o
homem
toma-se
confuso.A
mídiatem
sido apontadacomo
o veículo responsável por mostrar a falênciados
padrões rígidos decomportamento que geram
sentimentos deincertezas e perda de orientação.
Quando
pensamos
ter assimiladoum
padrão novo, logosurgem
outras possibilidades e
o
novo
já setomou
velho,o
limite énão poder
parar.A
regrada
modemidade
é a contínua transformação, muitas vezes regida pelasnormas
em uma
sociedade deconsumo
que
penneiam
inclusive as relaçõesÉ
dentro desse contextoque
tentaremos situar a discussãodo
casamento
atual,onde
“amor,romance
e individualidadebatem de
fientecom
arápida transformação
da
tessitura social” Porchat (1992).Nesse
sentidohá
uma
diversidade de fatores deordem
extema
incidindo sobre as relações conjugais,
como
a flexibilidade das pressões sociais,e as
mudanças
deordem
legal. Nestas,o
divórcio e uniões livres, aospoucos,
vão sendo
assimilados e aceitossem
o pesoda condenação
social.Serafim
(1994).Para
Monteiro
(l994:09) ocasamento
hojenão
significamais
uma
X
“sociedadedo
homem
eda
mulher,que
seunem
para
perpetuara
espécie,para
ajudar-semediante socorros
mútuos
a
carregar opeso
da
vida, e
para
partilhar seucomum
desiíno(..) tãopouco
significauma
união“permanente”
entrehomem
emulher”
X
De
acordocom
omesmo
autor, ocasamento
na modernidade
“constitui-secomo
sendo
uma
grande instituição social,que
de fato nasceda
vontade dos contraentes,
mas
que
da
imutável autoridadeda
lei recebe suaforma, suas
normas
e seus efeitos”.Para outros autores juristas,
o casamento
implicaum
atocomplexo,
sendo
aomesmo
tempo
contrato e instituição.Em
algumas
sociedades, ocasamento na
ordem
familiar, é simples fato análogo, à possena
ordem
Para Tn'gos
appud
Serafim
(1994: 10), “a finalidade primeirada
aliança matrimonial era a deordem
social,ou
seja, de fortalecimento de gruposde
parentesco ede
status social, preservaçãoda
herança epoder
econôrnico,”mostrando que
nesse período, diferente de hoje,no casamento não
existia espaçopara interesses pessoais.
Porém,
a característicamaior
no casamento
de hoje, de acordocom
a Constituição Federal de
1988
(artigo 5, inciso I) deve-se ao fato de omesmo
pautar-se pela “igualdade de direitos e obrigações” entre
homem
e mulher.De
acordocom
muitos autores, principalmente aqueles ligados adiscussão
da
revolução feminista, tal conquista aindanão
éuma
realidade,dada
às raízes patriarcais
da
sociedade brasileira.A
conquistada
igualdadeou
direitos pelamulher
tem
significado de fato, a conquista deuma
dupla ,quando
não, triplajomada
de trabalho, pois é muitopequeno o
número
dehomens
queadmitem
emenor
ainda osque
aceitamou
assumem
a igualdade entre sexos.'
Embora
diferentes autores, de diferentes áreasdêem
interpretações esignificações diferentes para
o
casamento,há
concordância geral deque
elenão
aconteceno
céu,mas
é parte deum
contexto sócio-político,econômico
e religiosocom
o
qual está dialeticamente interrelacionado.Porchat (1992), salienta isso dizendo que
o casamento
foi sobretudo vínculo político,econômico
e parafins
de reprodução.Somente
a partir dostambém
o
componente
amor
e felicidade, diferentementedo casamento que
acontecia
na
ordem
patriarcal.×' Sociólogos, antropólogos e até juristas,
dizem que
ocasamento
modemo
aindanão
éuma
realidadehomogênea
na
sociedade. Isso porque, aolado desse
denominado
padrãomodemo,
praticado a partir dos anos sessenta,convivem
aquelesque
seunem
maritahnente influenciados pelo contexto sócio-cultural tradicional, preservando assim, valores
que
no casamento
moderno
sofreram transformações.
A
análise considerada a partir deum
paralelo,que
intercala tradicional versusmoderno, demonstra que
as expectativas fienteao casamento
se
mostram
de formas diferenciadas quanto a duração, intimidadena
relação,diferenças dos papéis masculinos e femininos ie
finalmente
quanto ao projeto devida.
i
Considerando
os aspectos culturaisda
nossa sociedadepodemos
dizerque, ainda
nos
diasde
hoje, aohomem
são dadas maiores possibilidades de realizações, principahnenteno
campo
profissional.Dessa
forma, ocorreuma
alternância nas duas abordagens pois, tanto
no
moderno
quantono
tradicional, os aspectos positivos e negativos estão presentes.De
alguma forma o
ônusdo
casamento
éuma
realidadeonde
o equilíbrio poderá se dar atravésda
conciliaçãotudo, é
uma
instituiçãoque
articula valoresdo
passado contextualizadosno
presente, projetando
o
futuro.Nesse
contexto cabe salientar a influênciada
chamada
revoluçãosocial feminina,
que
veio exigirda
sociedademaior
conscientizaçãoda
capacidade
da
mulher,onde
os ganhos,como
jácomentamos, não foram
osque
realmente almejava-se, pois as mulheres
continuam
buscando
a igualdade, assimcomo
mn
mundo
mais
justo e,um
lugarque
lhes é de direito eque
lhes estásendo
negado.`Simone
de Beavoirafirmou: “não
se nasce mulher, toma-se~ ~
mulher” demonstrando
com
issoque o
masculino e feminino sao criaçoes. ~>l`
culturais.
Malheiros (1994) coloca
que
asmudanças,
em
funçãodo
espaçoque
amulher passou
a reivindicar e ocupar, contribuíram para converter o velhomodelo
em uma
fórmula maisadequada
aos anseios de igualdadena
sociedadecontemporânea,
que
acabam
por corroborar parao
estabelecimentode
relaçõesmais
satisfatóriasno
casamento,mesmo
que
seja através deuma
segunda
união.As
repercussões desse período atingiram igualmenteo
campo
da
sexualidade
humana,
em
especial, a feminina.Podemos
dizerque
esse aspecto jápassou
porum
período de repressão e regulação, outro de revolução. Constata-separalelamente
um
agravante,na
medida
em
que
as pessoasacabam
recebendodificil, se
não
impossível, separar aquiloque
é instintivo daquiloque
éimplantado pela mídia
em
geral.A
cultura é determinante nesse aspectoda
sexualidade, visto dar aohomem
uma
maior
aceitação e liberdade, por issodesenvolvem melhor
o aspectoinstintivo de sua sexualidade, pois
não
apenas são estimulados,como
em
muitascircunstâncias, pressionados a exercê-la
mais
cedo. Já as mulheres são educadasde
forma
diferente,mais
para casar, esomente
no
âmbito conjugalpoderão
exercer sua sexualidade.
É
nesse sentidoque
oamor
acabasendo o
“elementodecisivo”
da
sexualidade feminina, diferentementedo
masculino, paraquem,
amor
e sexonão
necessariamente deverão estar vinculados.<
ParaD°Incao
(1992), asmudanças
nos
comportamentos
sãodeterminantes
na
transfonnaçãoda
familia de maneira geral.Com
isso o própriocasamento
vai se alternando, ora perdendo, ora incorporando valores,influências e significações.
A
autora colocaque na
sociedade burguesa, berçodo
casamento
modemo,
o
mesmo
se fez sob duas influências importantes.Uma
seria a prática
do
“amor
romântico”,que
vem
desde o séculoXI
e XII e o“cristianismo”
que busca
exercer regulação sobre as práticas sexuais, limitando- as ao espaço restritodo casamento
como
preservaçãoda
espécie e coibiçãodo
incesto. ><
Além
disso, a autora identificaque no
contextoda
modemidade
asocial.
A
descobertada
individualidade parece ter tido duas conseqüênciasimportantes para a
compreensão do
casamento.Uma
refere-se a introdução deuma
outra perspectiva de análise parao
casamento,ou
seja, coloca a questãoda
afetividadecomo
um
aspectoimportante ao
casamento
modemo,
como:
companheirismo, cuidados mútuos,reciprocidade e prazer. Essas são pois as
dimensões
inerentesao “casamento
modemo”, sem
as quais, dificilmenteuma
união poderá ser estabelecida.Para
Taube
(1992) a afetividade e a sexualidadejogam
um
papelfundamental
no
casamento. Para a autora, a existência desses fatoresnos
toma
suscetíveis a valores e expectativas deamor
e proteção independenteda
classesocial.
Por
issonão
se deve,em
nome
dos preconceitos imaginarque
devido acondição social,
somos
mais
ou
menos
afetados.A
carência materialnão
possibilita ao individuo ficar
imune
aosmedos,
inseguranças, ambivalências,violências, conflitos e desvios decorrentes dos
rompimentos amorosos ou
dosdesajustes conjugais.
Dessa
forma
não
é mais possível trabalharcom
as pessoas desconsiderandoque
elas sofremcom
seus desenlacesou
com
o não
cumprimento
doscompromisso
oriundos de proteção e afeto, de sustento emando,
de status e de destino.Muszkat
(1992:85), coloca que,“O
casamento
de amor,compreende
um
tipo deprática
moderna
que
se caracterizapor
uma
demanda
romântica de satisfação,não
apenas do
contexto
amoroso
atual, oprazer
sexualque
satisfaz o
corpo
éapenas
um
dos
requisitosdo
amor
conjugal.Contamos
aindacom
a
ternura,a
afeição e
o
carinhocomo
realidades sentimentaisque
satisfazem as necessidadesdo coração
ecom
a
comunhão
do pensamento
edas
idéiaspara
satisfazer necessidades
do
espi'rito. ”Outra
conseqüência importanteda
descobertada
individualidade, foia possibilidade
de
se contrapor ao sentido “decomunhão”
presente por muitotempo
na
idéia de casamento,com
o
sentido de conjugalidade a partirdo
qual sepassa a analisar atualmente as relações conjugais,
com
uma
contribuição dosestudos sistêmicos e psicanalíticos.
3
As
Relações Conjugais
A
palavra conjugalidadeno
nosso estudo está sendo entendidacomo
a relação
que
se estabelece entre duas pessoas a partirdo
momento
em
que
decidem
partilharuma
vivênciaem comum
independente de amesma
obedecerou não
aos padrões convencionados socialmente.Esse
entendimentoconfiimou-se
aobuscarmos
a explicitaçãoda
mesma, na
sua etimologiavem
da
união das palavras conjugalmais
idade.A
palavra conjugal deriva
do
latim , conigualis (congigium) e significa unir, ligar etambém
parelhasde
animais.Conjugo
(sob amesma
canga,como
boisconjugalidade
tem
o significado de “estar unido pormeio
deuma
Vidaem
comum”.
De
acordocom
Calligaris (1994: 06),“a conjugalidade
não
éapenas
'um conceito ', esim
uma
“realidade social” fortementeestabelecida
na
sociedade atual.T
ornou-seno
mesmo
tempo
um
valor crucial,ou
seja,um
componente de
qualquersonho
de felicidade eo
lugar de
um
sofrimento patológico (...)a
conjugalidade
vem
se tornando lugarde
sofrimento
a
partirdo
momento
no
qual elanão
émais
uma
decisão de conveniênciafreqüentemente deixada
à
iniciativa das famíliassegundo
os imperativos sociais e patrimoniais,mas
começa a
supor
e exigirque
seufundamento
seja
o
amor.Fenômeno,
este, próprioà
modernidade
ocidental. (..)a
conjugalidade sofrede
um
sonho,ou de
um
imperativo,moderno
pelo qualnão
estamosmais
dispostosa
escolhernossos parceiros
mais
significativosa não
serpor
amor”
Nessa
mesma
direção Costa&
Katz
(1992),afirmam
que
aconjugalidade,
sendo
uma
realidade sociahnente estabelecida épenneada
porsituações
de permanentes
crises, por isso, intensificam-se estudos sobrea
IIl€SIIla.
Tais estudos são realizados
não
só parafins
científicosmas,
sobretudo, considerando as repercussões sociais decorrentes dos conflitos
sociólogos, psicólogos, médicos, advogados, enfermeiros, assistentes sociais e psicanalistas
além
de estudantes destas áreas.De
acordocom Ramos
(1990), a relação conjugal éum
processo dinâmico e evolutivoque
tem
iníciocom
a escolhado
parceiro conjugal, e a partir daí serámarcada
pelas várias etapas significativascomo:
-início
do
relacionamento conjugal; achegada do
primeiro filho;o
crescimento dos filhos;desprendimento e separação, finalizando e aí
poderíamos
assim dizer, voltar aser
novamente
um
casal.Nesta
perspectiva faremosuma
discussão das principais fasesvividas pela família, tendo
em
vista, o nosso objeto de estudo: a escolhado
parceiro; estabelecimento
da
dinâmica
conjugal; achegada
dos
filhos; a adolescênciados
filhos.3.1
A
Escolha
do
ParceiroA
literatura a cercada
eleiçãodo
objetoamoroso
nas diferentessociedades mostra
que
em
cada
uma
o
significado é diferente, contrastandosempre
com
os interesses sociais, econômicos, políticos, religiosos e culturais.Sabe-se
que algumas
práticas culturaisacabam
sobrepondo-se a outras transmitindo seus costumes.Na
sociedade brasileiranão
foi diferente, estudos sociológicos e antropológicosapontam que
as influências européiasmarcaram
mais
fortementeo
que
os autoreschamam
de “sentimentosmodemos
tanto
em
relação aocasamento
quanto aoamor
em
geral e a paixão”.D°Incao
(1992), referindo-se aoque
antes era consideradouma
excentricidade cultural, hoje
na
contemporaneidade étomado
como
natural.Com
issoo romantismo que
antes era apenas idealizado, hoje passou a serum
componente
fundamentalna
escolhado
parceiro.A
mesma
autora coloca que, ao transformar-se, a sociedadeburguesa Vai se “caracterizar por conter e desenvolver valores entre os cônjuges,
a
matemidade, o
cultivoda
mãe
como
um
ser especial,o
do
paicomo
responsável pelo
bem
estar material eeducação
dos filhos e a presençada
criança
como
centrodo
lar.Ӄ
nesse contextoque
a autora vai situar as dificuldadescom
as quaiso
casal irá se defrontar, por exigirdinamicamente
e estruturahnente aconciliação de sentimentos e outras necessidades inerentes ao casamento,
ou
pelo
menos
serão pouquíssimos os casais a passar incólumesno
decorrer dasvárias fases
da
Vivência conjugal.No
processo de escolha os casaisbuscam,
dentre outros fatores,suprir desejos e necessidades,
marcadamente
deordem
afetiva.Nesse
período, esse éo
detalhe, importa apenas aquiloque
os olhosquerem
ver,não
é relevanteo que
cadaum
poderia darou
trocar.A
escolhado
parceiro,mesmo
que não
percebamos
é “fruto das motivações inconscientes ligadas a fantasias, desejos, necessidades, frustraçõesvividas
na
infância edo
processo de identificaçãoda
criançanão
sócom
os objetos (pai,mãe)
mas também
dos pais enquanto casal” (Pincus&
Dare, 1987; Mioto, 1989;Costa
&
Katz, 1992).A
fasedo namoro,
para muitos casais, representaum
estado especialonde
sebusca
a realizaçãocom
“o outro”ou “no
outro”(Ramos
1990).A
tendência
do
casal nesse período é exaltar primordialmente as suas virtudesdissimulando os defeitos, cada
um
“imagina”que
as coisasque agradam
aambos
não
semodificaram no
decorrerda
vivência a dois.Lamanno
(1994), dizque
nesse
momento
aconteceum
engate,uma
reciprocidadeharmoniosa
de desejos que, porum
instanteque
seja,ficam
cegos,mudos
e surdos,imaginando que
será assim eternamente.
Após
onamoro, o
casal dará o passo seguinte,demarcando
assim,a
união entre eles,
quando
então muitos fatores colidirão determinando qual será ofuturo desse casal.
O
processo de escolha e a decisão de compartilharuma
vidaem
comum
são decorrentes deum
ato inconscientemesmo
que o
casal alegueou
entenda
de
outra forma. Calil (l987:120:l21), assim coloca sobre esse processo,“a atração sentida pelos cônjuges
não
sefundamenta
somente
na
percepçao
conscientedos
aspectos
bons
decada
um
deles,mas
também
numa
percepção
inconsciente.(.-.)Essa
atraçãopode
sedar
a
partirde
uma
imaturidadeemocional
mútua. Indivíduosque
não
conseguem
existir
como
pessoas
individualizadas epossuem
uma
intensa ansiedadede separação
geralmenteprocuram
um
parceiroque
é igualmente ansiosoem
relaçãoà
separação
e, juntos seaderem
como
se
fossem
um
” ,A
autora fala aindada
ambivalênciaque
está presente nessa fasedo
relacionamento. Refere-se a capacidade
que
cadaum
tem
de aceitaro que
ébom
e
o que
éruim
no
outro.Em
suma,o
sucessodo casamento
dependerá deum
perfeito equilíbrio entre
amor
e ódio, vistoque
no
desenrolarda
relação conjugala realidade vivenciada
poderá
não
corresponder às expectativas. Significa dizero
que
os autoresafirmam,
que
as primeiras experiências,no
decorrerdo
nosso desenvolvimento darãoo
tom
das expectativasque
depositamosno
relacionamento.
Em
algumas
situações são os desejos inconscientes e os sentimentosmal
resolvidosda
infânciaque nos fazem
exigir, às vezes,o
impossíveldo
nossoNesse
sentido Pincus&
Dare
(1987: 40),colocam que o
_cas¿ar_n_entoé feito a base de
um
contrato secreto dequem
nem mesmo
seus participantestem
consciência.
O
contrato secretoque
o autor se refere seda
dessa forma:Eu
tentarei seralguma
das
coisasmais
importantes
que
vocêquer de mim,
aindaque
algumas
delassejam
impossíveis, contraditórias eloucas, desde
que
você sejapara
mim
algumas
das
coisas impossíveis, contraditórias e loucasque
euquero
que
você seja.Não
precisamos
contar
um
ao
outro oque
essas coisas são,mas
ficaremos
zangados, aborrecidos e deprimidos senão formos
fiéisa
isso. ”Faz
parteda
dinâmica conjugalo
mecanismo
psicológicodenominado
projeção.A
projeção está presenteem
todos os relacionamentoshumanos, mais
fortemente osque
estão calcadosna
afetividade,como
relacionamentos entre
o
casal, pais e filhos.As
identificações projetivas são as negociações inconscientesque
sedão
entre os parceirosno
estabelecimento das relações conjugais. Referem-seaos sentimentos e expectativas de urna pessoa,
que
coloca as suas próprias vontades, necessidades e sentimentosnegados
e suprimidosno
própriocompanheiro
ao invés de percebê-los vindo de dentro de simesmo.
As
autorasdizem que
nas famílias eno
casamento,não
representam apenas a necessidadede livrar-se dos sentimentos, desejos e frustrações, ao contrário, representa
Mioto
(1994), entendeque
os casais, as famílias, assimcomo
o indivíduo, são possuidores deuma
estrutura inconsciente sobre a qual organizam sua vivência. Através dessa organização postula-se a existência deum
objetofamiliar inconsciente cuja
compreensão
daráo
tom
da
qualidade das relações.A
extemalização deste objeto se faz através das operaçõesinconscientes pelas quais aspectos
do
mundo
intemo
do
sujeito são escindidos e,via projeção,
passam
a localizar-se dentrodo
objeto.Dessa
forma,o
sujeitofica
desprovido dessa parte e experienciao
objetocomo
parte escindida. Então, a percepçãodo
objeto e aimagem
de simesmo
setomam
distorcidas (Mioto,1989).
Para
Lamamio
(1994:129),“O
casamento
atual, éo
lugar privilegiadopara
realização de
uma
série de necessidades afetivasdos
sujeitos porque, através dos tempos, aquelesforam
sendo
constituídoscomo
seres desejantes,no
sentido amoroso,quer
dizer, as vivênciasmais
profundas
foram
sendo
articulados àsconcepções
de
amor
conjugaldo
tipo romântico e erótico.O
casamento
tornou-se indispensávelpara
satisfazer essa necessidade amorosa, ela própria
instituída pelo social
Na
conjugalidade a sexualidadetem
sido apontadacomo
um
elemento importante e de destaque,que
está ameio caminho
entre a natureza e acultura, e será
um
elemento determinanteda
dinâmica e estrutura estabelecida pelo casal eao
mesmo
tempo
por elas será determinadaMioto
(1989).Salienta-se
também
a discussão referente ao elemento motivadorda
sexualidade.
Muitos
autorescolocam
a ocorrência deuma
confusão gerada nessaárea, visto
que
as pessoas, por muitos determinantes, culturais, sociais, algunsde
ordem
inconsciente,não
conseguem
separaramor
e sexo. Para muitos, eprincipalmente as mulheres,
um
pressupõeo
outro, reforçando aindamais
opoder
deste instinto, cuja finalidade inicial era apenas garantir a continuidadeda
espécie.
Com
isso, a sexualidade,que
eramn
subitemdo
amor, vai setomando
um
subitemda
individualidade.Gomes
(1993: 131) diz que,“O
direito de terprazer
sexual,mesmo
que
issocause sofrimento
a
terceiros e desestruturealgumas
instituições sociais,passa
a
serdefendido.
A
ausênciado prazer
sexualnuma
relaçãonão a
questionaapenas quanto
à
sua
“saúde
mas
agora
questionatambém
quanto
à
sua
permanência
”.A
autora colocaque
as uniões são desfeitas caso a vivência sexualdos cônjuges apresente dificuldades. Atualmente,
nem
em
favordo
bem-estarda
familia abre-se
mão
do
prazer eda
satisfação sexual.Na
falta desses elementos,impõem-se
a separação.Os
cônjuges, devido a isso, sentem-se sobrecarregadosde mais
urna exigêncianão
só as vezes árdua, mas, aomesmo
tempo,pouco
realização
da
sexualidade edo
prazer, “éuma
aspiraçãoque
dificihnente ohomem
contemporâneo
renegará”.Por
outro lado, alguns autores, entre eles, (Costa&
Katz
1992;1\/Iioto, l989;l994),
colocam
a importânciado
relacionamento sexual , poisobservaram que
muitos casaiscontinuam
juntos devido aum
bom
entrosamentosexual, outros casais
ao
contrário,colocam
suas dificuldades sexuaiscomo
causafreqüente
de
desentendimentos conjugais. Para os autores,o casamento
representa
uma
oportunidadede
satisfazer as fantasias infantis e inconscientes,principahnente as relacionadas às fantasias incestuosas,
que
acabam
irrfluenciando
na
intensidade ena
qualidade das projeçõesno
cônjuge dos paisintemos.
Os
casais, necessariamente, precisam separar os significados das suas experiências anteriores afim
de capacitar-se para estabeleceram relacionarnentosafetivos satisfatórios.
_
Podemos
concluirque
“a relação conjugal se estabelece atravésdas identidades individuais, estruturadas a partir das vivências familiares de cada
um
dos parceiros, especiahnenteda
identidade sexual.Por
isso a relaçãoem
si, tende a influir emudar
cada
parceiro,que
por sua vez, influi de outras3.3
A
Chegada
dos
FilhosNão
só achegada
do
primeiro filho,mas
a cada nascimento, é outra etapaa
ser enfrentada pelo casal,onde
o determinante será a capacidade deassimilação dos
novos
papéis.Deixam
de ser apenas filhos, paraserem
pais,uma
família, cujo
modelo
é aquelaque
tãobem
conhecem
desde sua infância,ou
seja, a de seus próprios pais.Não
se quer dizercom
issoque
osmodelos
serão osmesmos.
O
papelde
mãe
ede
pai serão forjadostambém
na
própria relaçãodo
casal,
onde
estão presentes as diferenças decorrentes das vivênciasque
cada cônjuge tevecom
as suas famílias de origem.Em
relação a esta etapa alguns autores sustentam que, seo
casaltiver alto grau de carência afetiva, o nascimento de
um
filho poderá sertomado
como
achegada de
um
rivalque
toma
para si o lugar de privilégios e deexclusividade
que
eram
seus. Portanto aforma
como
o
casal vive estanova
situação influenciará
o
desempenho
das funções de pais.A
fase vivenciada pelo casalcom
e apóso
nascimento dos filhoscoincide
com
o
desenvolvimentoem
relação a vida produtiva, (a realizaçãoprofissional) e estabelecimento de bases domésticas (obtenção
da
casa própria).Essa
faseno
entanto varia de acordocom
a condiçãoeconômica
esocial de
cada
família.Ramos
(1990), dizque
nas classesmenos
beneficiadas ado padrão econômico
também
éuma
questão de sobrevivência.Em
ambas
assituações
o
cuidado dos filhos é delegadoa
outros, talcomo
crechesou
à empregadas, “ocasionando muitas vezesuma
convivência escassa entre pais efilhos”.
3.4
A
chegada
dos
Filhosna
AdolescênciaA
chegada
dos filhosna
adolescência é outra etapa significativana
vivência
do
casal eda
família,onde
os filhos confrontarão os paisna
buscada
sua independência e identidade própria, gerando processos e
mecanismos
deintensos conflitos e angústias
que
poderão atémesmo
desestabilizar a família.Nesse
períodoo
casal igualmente reviverá seu próprio processo deindependência, sendo determinante se
o
mesmo
foi elaborado satisfatoriamenteou
não.Pontuaremos
a seguir a estreita influência que a dinâmicado
casalexerce sobre a dinâmica familiar, visto
que
a relação conjugal é a matriz para aconstituição
da
família, éo
carro chefe determinanteda
estrutura e dinâmicada
4
A
Relação Conjugal
e aDinâmica
Familiar
A
influênciaque
a dinâmicado
casal exerce sobre a família, de acordocom
vários autores, é decorrenteda
existência deum
reconhecimentoinconsciente partilhado pelo casal
que
dá
origem aos papéis e padrões de relacionamento conjugal, conseqüentemente auma
dinâmica relacionalque
tendea se
tomar
a dinâmicada
família.Para
Mioto
(1994: 64),“a
dinâmica
familiar é0 movimento
dasrelações
que vão
se estabelecendono
interior
das
familias (..) é iniciadocom
a
relação conjugal e se desenvolveatravés
de
outras relações (..) éconstruída pelas vivências individuais
de
processo familiar, pelo desenvolvimentode
seusmembros
e pelos acontecimentosfamiliares e extra-familiares. ”
Ao
lado desses determinantes intemosdevemos
salientar aimportância das experiências
que
a família vivenciano
mundo
exterior porreavivar fantasias, ansiedades e frustrações vividas
em
cada faseda
vida.Calil (1987) coloca
que
acompreensão da
estrutura familiar,que
se estabelece a partirda
relação conjugalpode
sercompreendida
de acordocom
A
comunicação
dos cônjugesou da
família está pautadaem
três modalidadesque
são, “simétrica,complementar
e recíproca”, ainda de acordocom
amesma
autora.H
A
comunicação
simétrica está baseadanuma
relação de constantesdisputas entre os cônjuges
ou
demaismembros
da
família,que pode
ser pela valorização excessiva das igualdadesou
pela desvalorização das diferenças, queacabam
pordesconfirmar
um
dos elementos envolvidosna
relação .Na
comunicação complementar o
que prevalece éuma
acentuadasubmissão
por parte deum
dos parceirosou
membros
da
família sobreo
outro.Dentro
dessaabordagem,
os autores consideramque
acomunicação
recíproca é
a que
permiteuma
relação de troca, e possivelmentedando
melhores condições de realização às pessoas.Nesse
processo de interação familiar algunsmodelos
decomunicação
disfuncional estão presentes,como
acomunicação
bloqueada, e acomunicação
danificada..
A
característica principalda comunicação
bloqueada éa
utilizaçãode
prolongados períodos de silêncioou
isolamentos entre seusmembros, havendo
nessas circunstâncias a eleição de
um
“bode
expiatório”na manutenção
dessetipo de estrutura familiar.
Na
comunicação
danificadao
processo comunicacional estápode
ser entendidoem
situaçõesonde
se estabeleceuma
coação
dupla, entrave,impasse, controle
ou
nó.A
pessoa nessa situação é punida ao discriminarcorretamente a
mensagem
e punidatambém
caso discrimine incorretamente. Essetipo de
comunicação
tende a formar indivíduoscom
sérios problemas relacionais,por estarem inseridos
num
contextoonde
as relações são ameaçadoras, confusas e imobilizantes.(Calil 1987).Além
da
comunicação, 'a organização familiar é outro aspectoimportante para a sua compreensão. Tal
compreensão
sedá
dentro deuma
perspectiva
de
globalidade,onde “o
grupo familiar é vistocomo
um
todo atravésdo
qual seusmembros
ou
subsistemas se encontram dinamicamente articulados eem
interaçãocom
os outros sistemas”.Mioto
(1989).Assim,
vamos
encontrar famíliasonde a
organização sedá
com
bases integrativas, e outras onde, ao contrário, a característica
do
gmpo
familiar éextremamente
aberta nas suas fronteirasonde
seusmembros
sentem-seexpelidos,
devendo
satisfazer suas vontades forado
lar, são aschamadas
famíliascentrífugas.
Outro aspecto a ser destacado dentro
da
dinâmica familiar refere-seao
que
os autoreschamam
de triangulação.A
chamada
triangulação acontecetanto
no
relacionamento conjugal,que
pode
ser a entrada deum
elemento extra- familiarno
conflito familiar,como
uma
aventuraamorosa
(adultério), assimcomo
vezes
numa
disfunção por parte deum
desses filhos.Na
verdade, as situações detriangulação
servem
como
mecanismo
de distraçãodo
ponto verdadeirodo
conflito
que
tende a sernegado de forma
inconsciente pelo casal,que
ilusoriamente adiao
enfrentamento e desfechoda
situação.~
Diante dessas situaçoes, a
mesma
autora, citaalgumas
fonnas específicas estabelecidasna
relação entre pais e filhos, situaçõesem
que
a criança é “superprotegida”,tomando-se o
receptáculo de proteção, cuidados e~
preocupaçao
excessivas, os paisunem
se para cuidardo
filho.Geralmente, esse envolvimento toma-se semelhante
ao
do
cônjuge,em
que o
nívelde
dependência émuito
alto eo
de reciprocidade eautonomia
ébaixíssimo.
De
acordocom
Mioto
(1994: 133)“pode-se dizer
que
nessas famíliashá
o
aprisionamento dos filhos
no
conflito conjugal.Mais
especificamente,nos
termos deGreen
(1981), ocorre
a
triangulaçãoda
criança atravésde
uma
coalizão cross-geracional rígida. Estaimplica
na
instalaçãode
uma
aliança rígida entreos cônjuges e
a
criança, contrao
outro, e oresultado é
que
esse outrofica
excluídoda
relação. Tal situação
pode
levara
distanciamentocada
vezmaior do
outroou gerar
uma
competição
destecom
a
criança.Ocorre
uma
inversão de papéis. ”
Concluindo, é possível dizer
que
a família, enquanto amais
antiga instituição social,tem
como
objetivo fazer frente às necessidades básicas de seusmembros,
tantonos
aspectos fisicoscomo
nos cognitivos e emocionais. Issosomente
ocorrerá seo
casal,na
sua dinâmica, vivenciarum
relacionamentopautado na
reciprocidade e complementariedade, condições essas necessáriaspara
o
crescimento, evolução, superação, transformação e enfrentamento dasfuturas
ou
renovadas etapasdo
relacionamento familiar.Cada
membro
desempenha
dentrodo
grupo familiar tarefasespecíficas.
Aos
cônjuges cabe a tarefa de decidir juntos questõescomo
tomar
decisões, preencher necessidades de interdependência e inclusive as de
ordem
sexual. Igualmente
com
relação aos filhos, através deum
relacionamentoindividual
com
cadaum,
ensinando-lhes cuidados fisicos e relações familiares,como:
desenvolvimento de amor, respeito à individualidade, solidariedade,desenvolvimento das características psicológicas de cada sexo e reflexões sobre
sentimentos de inveja e ciúme. Inclui-se ainda ensinamentos quanto a atividades recreativas, desenvolvimento profissional e
como
consolidaruma
nova
família.Considerando
os aspectos abordados sobre a relação conjugal e adinâmica familiar,
vimos que
os casais ao apresentarem dificuldade tantoem
lidar
com
seus conflitos, quantoem
estabeleceruma
relaçãode
reciprocidade,optam
pela separação.Assim
determinada,entendemos que
amesma
não
pode
ser vista
somente
sob a visão rígida das diversas disciplinas. Sobretudo, a separaçãodeve
ser trabalhadacomo
uma
realidade social dentro de urna visãoo comprometimento não
sódo
casal,mas
acima
de tudoda
famíliacomo
um
todo.5
A
Separação
Conjugal
A
separação percorreo
mesmo
caminho da
eleiçãodo
objetoamoroso.
É
um
processo dinâmico e evolutivoque
se iniciacom
o
própriocasamento, cujos determinantes deverão ser considerados de acordo
com
as particularidades decada
situação, estando presentes a desidealizaçãoou
seja, a quebrado
contrato secretodo
casamento.Com
issoo
casal iniciaum
progressivo distanciamento, impossibilitando a construção de projetoscomuns
de vivência.A
separação conjugal é considerada pela maioria dos autores(Taube, 1992;
Katz
&
Costa, 1992;Lamanno,
1993; Porchat, 1992; D°Incao, 1992;Muszkat,
1992),como
sendo
uma
das experiênciasmarcadamente
traumatizantesdo
campo
emocional e afetivo,da
qual dificilmente saimos impunes.É
comparada
àmorte
de pessoas significativas, principalmente a deum
filho,
do
cônjugeou
dos pais.Esses autores
entendem que
a separação éusada
como
uma
estratégia para livrar-se
da
armadilhaque
foiarmada
desde o primeiro encontro.de equilíbrio entre sentimento e
mundo,
sonho
e realidade.Revela
um
casamento
e
um
parceiro insatisfatório.Nessas
situações está presente reclamações, acusações,ou
seja, sãoos produtos e efeitos colaterais
de
uma
relaçãodominada
pela repetição e pela atuação, cujo processo encurrala os casais,que vão
buscarna
separação 'umasaída sutil,
um
retorno ao habitual,uma
transformação,mas
que
não
invoqueo
passado, pois isso significaria perder a ilusão inicial.
A
dinâmicaque o
casal estabelece nessas circunstâncias convergeno
sentidode desconfinnação
e desvalorizaçãodo
outro. Assim, aos olhos decada
parceiro, serásempre o
outroo
responsável peloque não deu
certo, vistoque não
aconteceu tantoo
esperado quantoo
prometido.Tudo
resume-seem
expectativas, e
o
casal agede forma
diiiamos paralisante,na
espera deque
porum
simples querer asmesmas venham
se concretizar.Não
sedão
conta deque
nada
fazem, ao contrário, suas atitudes, gestos ecomportamento
apenasconfirmam
acada
dia,não
sóo
quanto estão despreparados parao casamento
como
nada fazem
para colaborar paraque o
mesmo
encontre possibilidades deacontecer.
Porém,
independente de serou não
amais
significativaem
termosde
grau, perdas e traumas, a separação abreum
espaçoou
criaum
vazio dificil deNesse
sentido é importante entenderque
a dinâmicada
conjugalidade é constituída por contradições e paradoxos,
nenhuma
relação a dois é precisa, lógica. Issoporque
determinados indivíduos estão desconectadosde
suasemoções
epodem
ter perdido a capacidade de entrarem
contatocom
elas.
Lamanno
(1993:46) analisaque
essas situaçõespodem
ser entendidascomo,
“
É
uma
condiçãoemocional que
se revelana
inabilidade
do
indivíduopara
nomear,reconhecer, conter e operacionalizar seus próprios estados afetivos e os
dos
outros. (__)Como
conseqüência,o
indivía'uofica
incapacitado
de
experimentar prazer, poiso
mundo
afetivo e' constante e violentamentedestruído ”.
A
relação assim estabelecida, de acordocom
a autora, alivia a dor,mas
não
garanteo
sucesso absoluto, pois os cônjuges deparam-secedo
com
a impossibilidadede
uma
existência pacífica, gerando brigas e a anulação de cadaparceiro,
além da
imcapacidade de discriminação entreo
falso e o verdadeiroA
soma
de perdas decorrentesda
separação mostra-semais
significativa
porque
elanão
atinge apenas a parte afetiva e emocional.Além
desses fatores essenciais,chocam-se
outras implicações, principalmente as deordem
econômica, social, ética e moral, aindaque
variemem
qualidade esócio-econômica e
também
auto-estima e significado de vida”. Porchat ( 1994:103).
A
separaçãoque
finda
um
relacionamento conjugal, independente das causas,de
quem
deixaou
é deixado, mostraque
ambos
vivenciarãosentimentos de “perdas, vazios, ódios, tristeza,
medo,
solidão, sensação deabandono,
sentimento de fracasso, desorientação, quadros de estresse emocionale fisico,
podendo
constituir a vida psíquica dessas pessoas por longo tempo”.Como
foi referido, a separação,vem
revestida das expectativas depositadas por ocasiãodo
casamento.Vimos
que
a separaçãonão
só altera oquadro
psico-emocional,mas
sobretudo a posição sócio-econômica,onde
amulher,
na
maioria dos casos é amais
atingida, sejaporque
não
tem
rendaprópria e/ou por ser, geralmente, a responsável pela guarda dos filhos.
A
separaçãotem
representações diferentes parao marido
e para a mulher. Representações essas explicadas,como
vimos, pelos fatores sócio- culturaisda
sociedade contemporânea,que
reveste amulher
como
“a rainhado
lar”,
que
portantonão poderá
negar seu papel e sua ftmção decorrentesda
matemidade.
Não
estamoscom
issonegando
as repercussõesda
separação sobreo
marido, salientamos apenasque
a separaçãona
maioria dos casos tende a sobrecarregar a mulher, tanto pela ausência fisicado
marido,acúmulo
de papéis e sobretudo pela alteraçãodo
quadro econôrnico-familiar,que
é questãofundamental.
Esse
éum
dosargumentos (mecanismo)
utilizado pelo casal paradar continuidade aos conflitos
que não foram
resolvidoscom
a separação.Com
isso
vemos
que
a separaçãofinda
o
relacionamento apenasem
alguns de seus aspectos,como
o
convívio sobreo
mesmo
teto eo
relacionamento sexual.Para
Lamanno
(l993:43:46), a separação“como
produto finalconfere aos cônjuges a ilusão de ter encontrado
um
desfecho definitivo e perene para os conflitos e as angústias, afastandoda
percepção tantoo
fantasmado
desamparo
quantoo da
castração.Casados
com
a ilusãoacabam
tendocomo
única
companhia
o que
mais
temiam: a solidão”.Quanto
aos aspectos afetivos,que
são determinantesno
processo deseparação, são reordenados pelos cônjuges, muitas vezes, através de
novo
parceiro. Isso ocorrerá independente
da
superaçãoou não do
conflito conjugal.No
decorrerdo casamento
vários fatosvão
contribuindo paraque
aseparação se concretize, variando de acordo
com
a dinâmica estabelecida,que
aparece através dos desentendimentos, discussões, acusações, proibições,
ausências e traições.
~
Enquanto
processo, tanto psíquico quanto social, a separaçaorepresenta
uma
possibilidade deromper
com
um
relacionamento insatisfatório. ~Gradativamente ocorre