DEPARTAMENTQ
DE
sERv1Ço
soc1AL
A
HUMANIZAÇÃO
DAS
RELAÇÕES
DE TRABALHO:
UMA
EMERGÊNCIA NA
REALIDADE HOSPlTALAR
Aprovado Pelo Trabalho de conclusão de curso, «LE
Lzffi
Em'9?-O-J apresentado ao
Departamento
de SeviçoSocial da Universidade Federal de Santa
A
Catarina, para a obtenção
do
título dei/
Assistente Social,
S A C
Chefe do \e¡àš. e Serviço Social
E- FSC
GRACIELA
JAQUELINE DAMIANI PAULI
humanidade.
Àlais
do que
inteligência,precisamos
deafeição e doçura.
Sem
estas virtudes,a
vida será de violência, e tudo será perdido”.-
A
Deus
por
estarme
iluminando, edando
forçasno
decorrer desta vida;-
A
meus
pais pelo apoio e esforçoem
manter-me
durante estes quatro anosnuma
universidade;
-
A
meu
noivo, muito maisdo que
um
amigo
e companheiro, por estar junto amim
nesta caminhada;
-
A
meus
sogrospor
terem auxiliadona
concretizaçãodo
presente trabalho;-
À
instituição Hospital Infantil Joana deGusmão
por permitir o intercâmbio deconhecimento entre profissional e estudante, abrindo-me caminho, possibilitando
um
crescimento profissional;
-
Ao
profissional e supervisorMauro
Pereira dos Santos, pelo auxílio importante àminha
formação, atravésda
sua postura e atitude diante da realidade vigente;-
À
professora e orientadoraGeney
MiticaKarawaza
Taraschima pela troca deexperiência muito gratificante e colaboração
no
presente trabalho;-
À
turmaacadémica
da qual faço parte, pelosmomentos
de alegria e entusiasmoque
me
contagiaram.APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO
1 -SAÚDE
COMO
QUALIDADE
DE
VIDA
1.1.
Uma
reflexão sobre a saúdeno
Brasil1.2.
Uma
realidade hospitalar: Hospital Infantil Joana deGusmão
CAPÍTULO
2 -A
INFLUÊNCIA
DO
AIVIBIENTE
HOSPITALAR
SOBRE
O
2.1.
2.2.
2.3. 2.4.
› 1 1
TRABALHADOR:
UIVIA
ANALISE
CRITICO-REFLEXIV
A
Procedimentos
da
pesquisaO
valorhumano
nas relações de trabalhoA
relaçãohumana
entre funcionários, pacientes e familiaresA
importânciado
serviço socialno
ambiente hospitalarCONSIDERAÇÕES
FINAIS
E
sUGEsTÕEs
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
O
presente trabalho éuma
tentativa de desvelar ecompreender
a realidade, enquanto acadêmicado Curso de
Serviço Social,no
Hospital Infantil Joana deGusmão.
Entende-se
que
o hospital é o localonde
se lidacom
a vida e a morte,onde
as pessoastrabalham juntas, pois se
tem
um
objetivoem
comum:
salvar Poder-se-ia dizerque
aspessoas que trabalham
num
hospital são maishumanas,
amigas, companheiras.Mas
seráque
éassim'?! Seria se todos estivessem
no
lugar certo,na
hora certa; se todosque
estivessemno
hospital, realmente gostassem daquiloque
fazem
e,como
complemento, houvesseum
excelenteambiente fisico.
Mas,
infelizmente, as coisasnão
são assirn. Percebe-seque
as coisasnão
sãotão perfeitas.
Considera-se
que
a vivência é fundamental,somente
quem
vivencia diariamenteuma
realidade,
pode
descrevero que
realmente acontece. Logo, entende-seque
apenaso
funcionáriopode
falar sobre seu ambiente de trabalho,uma
vez que
a observação realizada,como
estagiatia,
não
e' suficiente. Colocou-se entãoem
prática,o
projeto de pesquisa:"À
influênciado
ambiente hospitalar sobre o trabalhador".Este trabalho apresenta os resultados da pesquisa
que
envolveu a prática de estagiária.No
decorrer deste, encontrar-se-ão depoimentos dos funcionários - falas coletadas na pesquisa -que retratam a realidade
do
Hospital Infantil Joana deGusmão.
Dever-se-á esclarecerque
por serem muito enriquecedoras, estão presentes desdeo
iniciodo
trabalho,mas
e'no
segundocapitulo
que
ocorre realmente a tentativa de desvenda-las, analisando-as ecom
o
auxílio delas refletir sobre a realidadedo
referido hospital.Este trabalho é
composto
por dois capitulos.No
primeiro capítulo, inicialmente, abordar-se-á a questão da saúdeno
Brasil, o que reflete diretamente nas instituições hospitalares. Isso ocorre por entender-seque
é impossívelfalar
no
ambiente hospitalar,sem
antescomentar
sobre a saúdeno
Brasil.Num
segundomomento,
poder-se-á conhecer a realidade hospitalar, a nível de Santa Catarina, atravésdo
Hospital Infantil Joana de
Gusmão,
localonde
sedeu o
estágio.Nesse
itemtambém
ocorre aprimeira
aproximação
à realidade vivida pelo funcionário.No
segundo
capítulo, buscar-se-á apresentar a análise critico-reflexiva das duas faces enfatizadasna
pesquisa sobre a realidade vivida pelo funcionário.No
primeiro item, faz-se algumas considerações sobre a pesquisa.No
segundo
item, inicia-se a primeira face, abordandoa questão
do
humanismo
nas relaçõesde
trabalho e a importância deuma
organizaçãoem
reconhecer
o
homem
como
um
todo.No
terceiro item, permite-se analisar a outra face davivência
do
funcionário;compreender
e refletir sua relaçãocom
os pacientes e familiares, asdificuldades
que
ele sofrecomo
pessoa.No
quarto item, enfatizar-se á a importânciado
ServiçoSocial
no
ambiente hospitalar,o que
este,como
profissão,pode
fazer frente à realidade vigente.Para finalizar, far-se-á algumas considerações finais seguidas de referências bibliográficas e anexo.
Este trabalho é
uma
tentativa de partir da ação para alcançar acompreensão
e reflexão. Buscar oferecer subsídios para auxiliar ao responsáveis pelo Hospital Infantil Joana deGusmão
à construir melhores condições
no
seu ambiente de trabalho. ~SAÚDE
COMO
QUALIDADE DE
VIDA
1.1.
Uma
reflexão sobre a saúde
no
BrasilA
questãoda concepção de
saúdenão pode
estar limitada aos corpos dos individuos enem
pode
ficarnum
nível individual, é algo muito maiscomplexo
eque tem
significado nasrelações sociais.
"... o processo saúde-doença
não pode
ser visto apenascomo
uma
qualidade plena
ou
deficitáriado
serhumano,
mas
sim,como
um
reflexo da totalidade da vida dos indivíduos,ou
seja, seumodo
de inserir-sena
dinâmica,na
estrutura eno
sistema social" (Silva,1992
:33).
Saúde, sob
novo
ângulo, e social. Diante disso, para se falarno
processo saúde-doença,ha que
se falarno
Estado, esteque
no
decorrer da históriatem
apresentado políticas sociais de assistência à saúde. Isto, apesar de trazer muitas discussões quanto a sua real intenção,"... a política social se manifesta
como
instrumento de equilíbriodo
Estado, entre a
ordem
econômica
e aordem
social, cuja contradiçãomaior consiste
no
fato de queo
Estado e' gerido poruma
classedominante
que
o
manipula a favor dos seus interesses inviabilizando o ajustamento entre os interesses antagônicos da sociedade e o papelConstam-sequenareaüdadeapoñücawcialémnafmmadewnuokqueoñstadotan
wbmoindi\áduoewnseqüentemmteumafonnadeapa.úgrmoswnfliwss‹niais.Alémdeser
mmfmmademanterosuabaüradorescommnacenacapacimçãopmaaprodufividade
(Tornazi, 1986). Querdizer,
háumapreocupação
maiorcomodesenvolvimentodocapital, do
que realmentecomasaúdedasociedade.
Com
isso as políticas sociais, especiñcamente asde
saúde, sãomuito
limitadas; asinstituições e serviços
montados
para dar assistência aos sãomuito
superficiais e~.
Hoje
isto está muitobem
retratadona
vida dos brasileiros,quando
estes precisamusarhospitaisepostosdesaúde,onde
enfrentamfilasenonneseaindacorremorisco
de
não
serem atendidos.TudoindicaqueumadasáreasemqueoEstadomenosinveste, éadasaúde.
Nãoé
muito raro ouvirem-se reclamações sobre falta
de
verba,ou
encontrarmanchetes de
váriosjomais
associandoo
sistemade
saúdecom
o
caos.Ainda
no
dia 18/04/94,houve
paralisação dos hospitais conveniadoscom
o
SUS
(SistemaÚnico
de Saúde) por protesto, devido anão
terem
recebido as verbas -referentes aos atendimentosde
fevereiro e março.Reportagem
do
Diário Catarinensemostra que
no
Brasil são6
mil hospitais,o
que
correspondeao
atendimentode
75%
da
população.A
saúde, elemento vitalao
serhumano,
pois representa a diferença entre a vida e a morte, deixade
ser prioridade! Pelomenos
é a conclusão aque
se chega,quando
se deparacom
o orçamento da
saúde:"A
maior
dificuldade para recebero
dinheiro deve-se à diminuiçãodo
orçamento
do
Ministérioda
Saúde,que
no
ano
passado caiude
12 bilhõesde
dólares para 8 bilhões de dólares. Neste ano,o
valorque
está previsto é de9
bilhõesde
dólares, enquantoo
Ministroda
Saúde,Henrique
Santíllo, dizque
para atender a saúdedo
brasileiro sãonecessários,
no
mínirno,14
bilhões de dólares” (Diário Catarinense,17/04/94 : 28).
'
Fazendo
um
parênteses, gostar-se-iade
esclarecerque
o
SUS
foi criado pelamgionafimdoahaver×iommdescenualiuçãowmwmmdoúmw,mncadaesfemdepoden
federal,estadualemunicipal.
A
faltade
verba acaba interferindo diretamentena
qualidadedo
atendimento. Colocaçõesde
algims ftmcionáriosdo
Hospital Infantil Joana deGusmão,
retratam isso:"Há
faltade
material ede
funcionário, daivocê
se sobrecarregademais
enem
tem tempo
para as crianças..."(Unidade
A)."... falta material,
você
quer
fazero melhor
enão dá"
(Unidade
B)."A
faltade
materialnos
faz terque
improvisar,o
que
as vezescomplica.
A
assistênciavem
precária, materialnão
éadequado"
(Berçário).
Com
isso fica-se diantede
uma
realidade desesperadora.Muitos
hospitais, hoje, sobrevivem graças às doaçõesde
dinheiro, roupas, medicamentos...Não
só as pessoas, os próprios hospitais estão doentes, -paranão
dizer,em coma
Estãosem
condições deatendimento, e os profissionais trabalham,
porque
têm
uma
ética,porque
estudaram para salvar vidas.A
realidadenão
é diferenteem
Santa Catarina.Um
retrato disso 6o
depoimento,que
seencontra a seguir,
de
um
funcionáriodo
Hospital Infantil Joanade
Gusmão:
'"O
govemo
dizque
a
prioridade ésaúde
e educação,mas
sóno
papel.
A
secretaria,a
gentemanda
pedido
de
materialpra
lá, poisprecisa-se
de
transporte,a
UTI
precisade
aparelho
respiratório... Elesrecebem,
lêem,mas
e dai, pra eles é só papel, elesnão
sabem,
não
trabalham
no
Hospital.Não
tem
gazesno
hospital,tem
cirurgias
sendo
canceladas, crianças precisando,mas
não
dá.Onde
já se viu,
o
Hospital InfantilJoana
de
Gusmão,
o
maior
hospitalinfantil
da América
Latinasem
gazes! Carro!Hoje
o
hospital estásem
carro, seum
paciente precisar,não
sei...vou
terque
dar
um
jeito.Um
dia preciseide
carro, liguei para secretariaporque eu
sabiaque
tinha três
ambulâncias
novinhasna
frentedo
prédio,no
Halley,com
sirenes ligadas,mostrando
para a imprensa,como
quem
dizestamos
comprando
ambulâncias para
atendera
população.Eu
sabia, liguei e disse: olha seique
chegou ambulâncias
novas,preciso
de
uma,
tem
paciente precisando.Dizeram que
não.podiam,
iam
veruma,
enfim
deram
um
monte de
desculpas. Tiveque
levaro
paciente
numa
Kombi,
o
casonão
era tão grave,não
éo
ideal levarde Kombi,
mas
foio
jeito.Quer
dizer,a
gente precisando aqui, e asambulâncias
lá. Elesnão
estãonem
aipro
hospital"(Chefe de
portaria e transporte).
É
zzlaroque
quem
sofre maiscom
essa realidade são ossegmentos
mais desfavorecidosda
nossa sociedade que,por
sinal, são a grande maioria.De
acordocom
Gilberto Dimenstein,emsuaobra
"Ocidadãodepapel",naentradadad¿cadade90, apopulaçãodoBrasilerade
146
milhões. Destes, 64,5 milhõesvivem
abaixo.da linhade
pobreza, e 33,7 milhões são indigentes - familiascom
rendimento igualou
inferior aum
quartodo
saláriominimo.
Porem
quem
tem
condições, as classes mais favorecidas, recorre à saúde privada, aos hospitaisparticulares.
Eissoérealmenteumaquestãoquenãopodedeixardeserlevantada:
oaeessoàsaúde,
infelizmente, está relacionado
com
condições financeiras.Hoje o
trabalhador "reza" paranão
terumproblemagravedesaúde,
poissabeque acabarámorrendo,
urnavezqueos
tratamentose
medicamentos
são caríssimos e aos quais elesnão
têm
acesso.Onde
elestêm
serviçosde
assistência, estes são debilitados, até
mesmo
pela grande avalancheda
populaçãoque
os busca, e sobre os quaiso
Estadotem
que
dar conta (nãoquerendo
justificar sua atuação). Acaba-se assim nas famosas 'filasde
espera".'Os
indivíduos são indiferenciados quantoao
atendimento objetivo(tratamento
da
tuberculose,do
câncer,da
esquizofrenia, etc),porém
são diferenciados quantoà
utilização dos recursos técnicos emesmo
quantoao
tempo
dispendido, área fisica, etc.Se
a saúde é compreendidaapenascomo
compromisso
pessoal, cadaum
utiliza aalternativa
que
deseja para seu tratamento (pseudo-liberdade),como
se tivesseuma
possibilidade concretade
escolha entreuma
consultano
INAMPS
euma
consulta particular" (Leopardiapud
Wendhausen
1992
: 19).
A
divisão entre serviço público e privadosempre
foi urna característicado
setor saúde.Desde
a década de 20,com
acriação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs),houve
para controle
de endemias que eram
um
obstáculo ao crescimento das atividades econômicas; enquantoque
a esfera privada era responsável pela assistênciamédica
individual à classe assalariada, pois asCAPs,
apesarde
entidades públicas,compravam
serviçosmédicos do
setorprivado, e
eram
organimdas
por empresas.Depois o
Estado, principalmentena
segundametade
da
décadade
70,começa
a assumira
assistênciamédica
individual. Entretanto as duas formasde
serviço continuarama
existir,uma
vez
que
a Previdência Socialnos
serviçosde
saúde optapela
compra
de
serviços privados, sejasob a
forma
de credenciamentoou
convênios.O
que
sóvem
cristalizar, ainda mais,o
setor privadode
prestaçãode
serviçosmédicos
(Colin, 1991)Oobjetivoaquiémostrarqueosetordeatendimentoàsaúdeéumcampoquecadavez
cresce mais. Logo,não
se vai aprofundar, este trabalho. -em dados históricosdo
desenvolvimentoda
política socialda
saúdeno
Brasil,o que
já foi muito discutido, por exemplo,em
Trabalhosde
Conclusãode ürrso (TCC).
O
que
se deseja clarificar éque
osporsuavez,
descobriramqueasaúdeéumcampomuitolucraüvoepassama
manifesta-lo
na
implantaçãode
modelo
de
assistênciamédica de
alta densidade tecnológica,particularmente
nos
procedimentosde
diagnóstico e terapêuticos. Amplia-se, assim, cadavez
mais
o
atendimento pelos planosde
saúde privados. Entretanto, quanto mais acessivel financeiramenteo
plano,menor número
de
doenças ele cobre,como,
por exemplo, nos casosde
tratamentode
câncer.É
claro,também
não fazem
investimentosem
atos mais complexos, eportanto
de
elevado custo,como
nascampanhas
que
acabam
"sobrando" parao
Estado. Este,
além
disso,como
já foi visto,tem
que
dartambém
assistênciaà
população mais "carente",que não
passade
uma
assistência curativa,com
programas
segmentados,ao
invés de constituiruma
política realmente de atençãoà
saúde."... as políticas
de
saúdeno
país,que sempre contaram
com
um
suportefinanceiro bastante frágil,
vão
cristalizandoum
acesso extremamentedesigual
da
população aos serviçosde
saúde, aomesmo
tempo
que
estigmatizante. Eles instituem,
de
um
lado, aconcepção
- e seu reverso,o comportamento
-da
clientelacomo
carente, e de out:ro,uma
diferenciação entre os assalariados
por
níveis de renda e padrões deinserção nos setores da economia.
Em
ambos
os casos omarco
comum
é a concepçãodo
direitocomo
um
privilégio vinculado à contribuiçãoEntretanto,
mesmo
que
asde
saúde,onde
se efetivamm
políticas,pmgramasemúçosdeuúdqmmmnrmaaçãofiagrnmmdsmmimdomeatépewematêm
queservistassoburnaoutnótica,comournespaçodelutaparaapopulação,porumapolítica
maistnrnsformadora,poislheéumdireito:"AsaúdeémndireitodetodosedeverdoEstado,
asseguradomediante políticassoerars' 'eeconômicasquevisemàreduçãodoriscodedoençae
deouu'osagtavos,eaoacessomúvetsaleigualitátioasaçõeseser\viços para suapromoção,
proteção e recuperação." (Constituição Federal,19ss, an. 196)
Com
esse conceito,que
deixa claroo
direito à saúde, levanta-se entretanto outra questão, pois apesarde
existiremprogramas
e serviços voltados para a população,há
uma
distância muito grande entre
o
piano e a realidade,há
urna perfeiçãono
discurso,porém
na
hora
da
prática parece estar tudo esquecido.Asmsfiuúçõesdesaúdetêmcomoobjew,nareaHdade,adoença,éassistênciaà
doença, justamentepor
estaremvendo
, ainda,a
saúdede
uma
forma
errônea - sóo
biológico.Com
isso,uma mesma
pessoa é atendida várias vezesno
mesmo
hospital,montando-se
um
círculo vicioso; tudo
porque não
há
condiçõesmínimas de
moradia,de
higiene...Mas
já foiwmwzú0qzzzszúúz~éanmznwmzmzwzizrzwnf0mz6wnzziwózzzúâ¢azó0m\fm
Conferência Nacional
de
Saúde,que
se realizouem
1986, este 6muito
esclarecedor,ultrapassando a simples assistência
médica
curativa e prevenfiva:"Ern seu sentido
mais
abrangente, a saúde é a resultante das condições de alimentação, educação, renda,meio
ambiente, trabalho, transporte,emprego, lazer, liberdade, acesso e posse
da
terra e acesso a serviçosde
‹.-zúóz.É,zzz¡m,
znwsózwâo,
omzznzóoózsfozzzzzàzofgznizzçâo
social
da
produção, as quaispodem
gerar desigualdadesnos
níveisde
vida."
Esta
nova
visão de saúde está registradaem
lei.Um
exemplo. é a Lei Orgânicada Saúde
8.080 de 19/09/90
que
diz respeitoao
SUS.
A
seguir alguns aspectos desta lei sobre a atuação-
a
execuçãode
ações:de
de
vigilância epidemiológica,de
saúdedo
trabalhador, e
de
assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;- a participação
na
formulaçãoda
política ena
execução de açõesde saneamento
básico;-aordenaçãodafonnaçãoderecursoshunianosnaárea
dasaúde;- a vigilância nutricional e orientação alimentar,
- a colaboração
na
proteçãodo meio
ambiente, nelecompreendido o
do
traballio;-
o
controle e afiscaliução de
serviços, produtos e substânciasde
interesse para a saúde;- a fiscalização e a inspeção
de
alimentos,água
e bebidas, paraconsumo humano;
entre outros.Diante
da
lei percebe-se que: saúde é a expressãoda
vida,da
vivência doshomens,
logoo que não pode
ocorrer é a população deixar-se cairna
conformidade, aceitando a situação. Estatem
que
buscar seus direitos,-não deixarque
estesfiquem
apenasno
papel, paraque
possam
ser reconhecidoscomo
sujeitos. -Diante
do
relatórioda
VIII Conferência, começa-se atomar
consciênciade que
saúde edoença
são algo muitomais
complexo, trata-sede
estilo de vida,de
qualidade devida
Nenhum
indivíduo
ou
comunidade
setornam
doentesde
um
dia parao
outro.A
seguir,um
depoimento
que
retrataum
pouco
esta realidade:"Ontem
estavade
plantão e atendiuma
mulher
e estava explicandoa higiene
que
ela precisava ter,fiquei
um
tempão
com
ela, conversei e eia prestou atenção.Agora
eu
estavalendo o jomal,
ea
situaçãoque
estepovo
vive,sem
a
menor
condição...Vejo
que
perdimeu
tempo,
o
tempo
que
fiqueicom
elanão
adiantou nada, elanão
tem
o
mínimo
necessariopara manter a
higiene..." (médico).Direito à saúde significa condições dignas
de
vida e deve ser conquistada pela populaçãoem
suas lutas cotidianas (relatório final da VIII Conferência Nacional da Saúde).Com
issosociedade brasileira" (Escorel,
1989
: 181),onde
hlta pela saúde se transformanuma
luta globalpor
transformação social;mudando
a saúde,muda-se o
atual quadro da sociedade brasileira.Uma
propostaque
estásendo
discutidano
âmbito universitário é a questãoda educação
em
saúde,como
uma
caminhada
para qualidadede
vida.Fazendo
uma
aproximaçãode
duas teses de Mestrado, percebe-seque
estasmostram
educaçãoem
saúdenão
apenascomo
informações sobre os cuidadosque
deve terum
com
sua saúde,ou
seja, prevençãode
doença,mas
ultrapassando isso.Vendo
a
instituiçãode
saúdecomo
um
local deaprendiugem
de
cidadania,onde
juntos profissionais e população,numa
visão critica,refletem
a situaçãovisem,
“... cabe,
de
um
lado,ao
profissional de saúde (e cidadão) tentardesvendar
a
realidadedo
cotidiano, demodo
a construir jtmtocom
osindividuosa
quem
assisteuma
visão mais concreta acerca dosdeterminantes
de
sua saúde/doença e de sua própria vida.De
outrolado,
devem,
(profissional e comunidade),no
seu conjunto, participarda
luta pela efetivaçãoda
melhoria nas suas condiçõesde
vida, cujaresponsabilidade
deve
serdo
Estado..."(Wendhausen,
1992: 33-34).Saúde
éa
baseda
condiçãohumana;
acomodação
não
pode
existirem
se tratando desteassunto.
O
indivíduo, seja este população, enfermeiro,médico
ou
diretordo
hospital,não
pode
calar-se diante
da
explicação “nãotem
verba",o
que
éum
círculo vicioso e perigoso. Pareceque, nesses
tempos
modernos,o que
menos
está importando é a pessoahumana,
e é issoque
vai se tentar ver
no
decorrer deste trabalho.Mas uma
pergtmta já sepode
ir fazendo:aonde
foiparar
o
valor a vida?!O
que
valeo
serhumano
hoje,ou
seria quanto vale?A
seguir, poder-se-á conhecerum
pouco
da
realidadede
Santa Catarina, atravésdo
Hospital Infantil Joana
de
Gusmão,
o que
vem
complementar
ainda maiso que
até aqui foiexposto.
Um
exemplo
vivo decomo
está a situação hospitalar edo
valorque
sedá
à pessoa1.2.
Uma
realidade hospitalar: Hospital InfantilJoana de
Gusmão
Deseja-se neste
momento
situaro
leitor sobre a realidadeonde
sedeu
a relação entre ateoriaexpostaemsalade aulae
apráticavividapeloprofissionalde Serviço Social, ouseja,o
campo
de estágio.O
Hospital InfantilJoana de
Gusmão
foiinugundo
em
1979,com
áreade
construçãode
22.000 m1. Está situadona
ruaRui
Barbosa, 152, bairro Agronômica, entreo
HospitalNereu
Ramos
e a Associação Santa Catarinade
Reabilitação.O
Hospital Infantil Joanade
Gusmão
éo
único hospital especializadona
área depediatria
no
Estadode
Santa Catarina, atendendo, portanto, crianças e adolescentesde
todoo
Estado,
na
faixa etáriade
zero a quinze anos. Ele émantido
pelo Estadode
Santa Catarina,estando ligado à Secretaria de Estado
da
Saúde,com
convênio e recursosdo
SistemaÚnico
deSaúde
-SUS.
Deve-se ressaltar
que
o
hospital,por
seruma
do
Estado, toma-seum
pouco
instável, pois cada
mudança no
governo, reflete,momentaneamente,
mudanças
no
hospitalAlém
disso, qualquer ação feitana
instituição, está repletade
burocracia ecom
ela muitas coisas positivas(como
programas)ficam
perdidos entre papéis,o que
desestimula muito osfimeionários, criando-se
no
arum
cansaço,um
desgastardo
serviço.O
hospital sofre diariamentecom
a
questãoda
verba, poisnão
recebeo
suficiente paramanter
as condições necessárias. Esta é a conclusão aque
sepode
chegar diantede
conversascom
os funcionários, pois estes sãounânimes ao
falar sobre a falta de material ede
recursoshumanos.
Chega-se assim à conclusãode que
a prioridade, realmente,não
e' a saúde:"Hospital deixa bastante
a
desejar, apesarde
sernuma
capital,numa
repartição públicanão
falta material, e aqui falta bastante.Às
vezesum
hospitaltem
tudo
para serbom,
mas
uma
coisapequena
acaba
atrapalhando,não tem
esparadrapo"
(UTI
Neo)."Falta funcionário,
o
salário é baixo e faltamuito
material"(UnidadeB).
"Falta funcionario,
na
nossa unidade são 20
pacientes, 10para
cada
atendente.Só
tem
duas
atendentes"(Unidade
E).-
A
faltade
ftmcionários éum
problema
sério, urnavez
que
sobreearregao
serviço dosque
lá trabalham.O
problema
éque
o
hospitalnão
tem
liberdade para contratarnovos
profissionais, haja vistaque
precisada
autorizaçãoda
Secretariade
Estado da Saúde, que,por
sua vez,
não o
autoriza, enfatizandoa
questãoda
faltade
verba.A
realidadedo
hospital écomplexa
e se reflete diretamenteno
funcionário,no
seu serviço,na
sua motivação,na
suarelação
com
o
outro...É
algo sentido intensamente tanto por funcionárioscomo
por pacientes.A
pessoa vai para realimrum
trabalho enão
consegue, isso gera muitas reações,como
frustração, desgosto, etc. Estas questõestendem
a ser revistasno
decorrerdo
presente trabalho.No
momento,
tem-secomo
objetivo enfatizaro
Hospital Infantil, sobo
pontode
vistado
seu ambiente eda
relação existencial entre funcionário/paciente.Não
se tratade
detalhar ae
nem
situara
estruturaçãodo mesmo,
urnavez que
já foi abordadoem
TCC, como
por exemplo,
da
aluna CecíliaMaria Corrêa
(1993).Porém,
antes disso, é importante caracterizar a realidade desse hospital ede
seufuncionário , pois se entende
que
paramelhor compreender
a relação entre funcionário epaciente, é importante ter claro a situação desse fimcionário. Entretanto este enfoque será
dado
deforma
suscinta, pois está presenteno
TCC
da
aluna Cecília Corrêa: "Higiene, Segurança eMedicina
do
trabalho - Possibilidades e limites:Uma
experiênciade
estágiono
Hospital Infantil joana deGusmão".
Através
do
mesmo,
constatou-seque de
687
funcionários cadastrados,89,29%
nasceram
em
Santa CatarinaUma
característica interessante éque
as mulheresfazem
parte de69,86%
dos funcionarios,ou
seja, éum
hospitalque
reflete a realidade feminina.A
faixa etária dos funcionários varia de 31 a40
anos, correspondendoa 51,09%.
Um
percentual significativo de funcionáriosnão
atingiramo segundo
grau42,21%,
36,39%
possuem segundo
graucompleto e
17,61% têm o
superior completo. Percebe-seque
a preparação é baixa e,como
veremos
posteriormente, isso prejudicao
dia-a-diano
hospitalNo
que
tangeao
aspecto familiar, percebeu-seque
82,53% tem
filhosna
faixa etáriaacima de
10 anos;58,26%
destes treqñentarno
primeiro grau,ou
seja, a maioria dosfuncionários
fazem
partede
uma
familia,o que
se refletena
relaçãoque
o
funcionáriotem
com
o
paciente,que
é criança.No
que
diz respeito à saúde,35,38%
dos funcionáriospossuem
alguma doença
crônicaou
permanente, taiscomo
hipertensão, diabetes, câncer, cardiopatias,entre outras.
O
funcionáriodo
hospitalcostuma
terum
períodode
trabalho diariode
6
horas,mashátambémoquefazflhorasquetemodireitodefolgarlou2diasparadescanso,igual
ao que
trabalhano
notumo.
Independente
da
funçãoque
possuam, nesse tipode
traballio, os funcionários estão quasesempre
em
contatocom
os pacientesdo
hospital:22,14%
destestêm
cargode
Auxiliaresde
Serviços Hospitalares Assistenciais(ASHA).
Dentre
suas funções,ajudam
o
técnico deenfermagem
a fazer curativos,cuidam da
esterelizaçãodos
materiais utilizados pelos médicos, ministram medicamentos, mamadeiras,conduzem
os pacientes para fazer exames, entre outros;21,50%
dos funcionários são Auxiliaresde
Serviços Gerais(ASG).
Suas funções estão ligadasàlimpeza
do
hospital,o que
inclui os quartos dos pacientes e a partede
alimentação.Um
percentualde
32,87%
corresponde aos auxiliaresde enfermagem,
técnicosde enfermagem,
enfermeiros e médicos, os quais
também
possuernum
contato diretocom
os pacientes, entretantode forma
diferenciada, pois médicos, por exemplo,não convivem
diariamentecom
o paciente, entretanto,têm
uma
responsabilidade muitomaior por
sua vida. Há.também
osmensageiros, técnicos
de
atividades administrativas, artifices, telelefonistas eo
administrador
somando 14,65%
dos funcionários;enquanto
4,24%
diz respeito aos porteiros, motoristas, costureiros e cozinheirosque
também
não
se anularn nesta relação,como
veremos
posteriormente.
E
em
meio
a2,73%
encontram-se as nutricionistas, assistentes sociais,Estes aspectos aqui expostos,
em
grande parte extraídosdo
TCC
da
Cecília Corrêa,vêm
ajudarno
entendimento das atividades realizadas pelos funcionários e suas atitudes.Outra questão importante a expor é que a estruturação organizacional
do
HospitalInfantil
compõe-se
de
uma
Direção Geral, Coordenadoriado
Grupo
Clínico, Coordenadoriado
Corpo
deEnfermagem,
Sub-Gerência de Centro de Estudo, Sub-Gerência de Desenvolvimentode
RecursosHumanos,
Sub-Gerênciade
Controlede
Infecção Hospitalar,Seção
de Secretaria, Gerência Administrativa e Gerência Técnica.E
é exatamentena
Gerência Administrativa ena
Técnica
que
a maioriados
funcionários entramem
contatocom
os pacientes.É
onde
sedá
arelação,
onde
emergem
as dificuldades, os limites,como também
as esperanças deum
ambiente hospitalar.Por
issoque
a estas gerências será dado, nestemomento,
maior
atençãoPara
melhor
entender essa realidade, destacar-se-á, primeiramente, a Gerência Técnica,por ser
o
órgão responsávelem
receber pacientes para diagnóstico e/ou tratamentos específicos, significando ser a área destinada, especificamente, a tudoque
diz respeito ao paciente.Posteriormente, expor-se-á sobre a Gerência Administrativa,
que
apesarde
serum
órgão mais anível de planejamento e coordenação das atividades dos setores,
não
sepode
vê-lo apenas sob este aspecto. Essas atividades, apesarde
ligadas à organizaçãodo
hospital,mantêm
uma
relação,mesmo
que
indireta,com
o
paciente.Em
relação à Gerência Técnica, faz-se aquium
recorte, pois os serviços taiscomo,
Serviço
de
Centro Ciruxgico, o Psico-Social, Serviçode
_Métodos Diagnósticos, Serviço de Esterilização de Materialtêm
em
muitos a presença e/ou são realizados por profissionais.Mas
como
sepôde
constatar, anteriormente,não
éo
casoda
maioria dos funcionários, os quais circulam intensamente nas unidades dessa gerência.É
a este recorte, os setoresonde
estão esses funcionários, que se dará ênfase. Ressalta-se aquique
não
se está anulando os outros serviçosda
gerência enem
seu desgaste,porem
a preocupação e'com
os funcionáriosque convivem
mais intensamente
com
os pacientes eque
nem
sempre
estãoou
sãoadequadamente
-
Emergência Extema:
neste setor os funcionáriosatendem
qualquer criançaque
cheguecom
alg\unproblemadesaúde,tendoounãoriscodevida,desde1una"simples"febreatéurn
acidente gravíssimo.Um
setor desgastantepor nunca
se sabero
que
vem
pela frente ecomo
VCII1.
-
Emergência
Interna: neste setor os funcionáriospassam
a realizarum
serviçode
observação,como
por exemplo, caso de convulsão (criança párade
respirarde
repente).Além
dediagnosticar, descobrir a
doença que
a criança possui, para depoismandá-la
para a unidade específica.- Ambulatório: os funcionários
recebem
pacientesque
vêm
fazer consulta médica.São
aquelesque
sedeparam
com
pais desejososde
seus filhosserem
atendidos (chega a ter200
consultasnuma
manhã).Ha
contatocom
crianças queimadas,como também
com
criançasque
vêm
fazerquimioterapia.
I
-
Unidade de
Terapia Intensiva (UTI): neste setor encontram-se as criançasem
estado grave,funcionários
convivendo
com
crianças ligadas a aparelhos maisou
menos
complexos.E
há
ainda a
UTI
Neo-natal, exigindoum
cuidado ainda mais especialpor
parte dos funcionários,poisseuatadecriançasde0a30dias,
criançasquenascemcomproblemas, queprecisamirà
cirurgia
-
Unidade
"B" : aqui os funcionários se relacionam,cuidam
de criançasque passaram
pelacirurgia,
observam
os sinais vitais,fazem
nebulização. Chega-se a terde 6
a10
cirurgias poróiz.
`
-
Unidade
deQueimados:
os funcionários, neste setor,têm
um
contato diretocom
crianças, de0
a14
anos eonze
meses,que
soñeram
queimadura
tanto de primeiro,segundo,-como
de terceirograu
Uma
vivência dolorosa,um
ambiente "pesado",onde
se olha todo dia para bebês e crianças,podendo-se
dizer "deforrnadas".-
Unidade
"A": neste setor estão os adolescentes,uma
situação delicada. Muitas vezes são os'xl
acontecendo,
o
que, as vezes, exige muita paciência c preparodo
fimcionátio. Este setortambémengiobaosapartamentos,
criançasde30diasal4anoseonzemeses,
qucsão
intemadasemcaràterparticular.
- Berçário: os ftmcionários tratam das crianças prematuras e recém-nascidas doentes,
não sendo
casos tão graves.
Depois de
30
dias, se ainda precisaremficar
no
hospital,passam
para outra unidade.- Oncologia: neste setor encontram-se os pacientes oncológicos.
Um
trabalhodenso
pois,em
algtmscasosofimcionáriosabequenãohácura.
Umambientetambémtriste,
poissevê
crianças carecas
(em
função da
quimioterapia), vomitando, criançasem
estado terminal.Uma
realidade dura,mas
que
é vivenciada diariamente pelo trabalhador.- Setor
de
Isolamento: aqui osconvivem
com
pacientes portadoresde
infecções, edeparam-se
com uma
realidadetambém
drástica, aAIDS;
uma
doença
que,mesmo
diagnosticadano
imício,não
tem
cura. Neste setoro
funcionáriovê o
paciente negredindo,o
que
torna sua relação dolorida. _-
Unidade
"E": neste setor os funcionários se relacionamcom
pacientesque sofrem de
desnutrição (apesarde poder
ser facilmente evitada,quando
adquiridapode
levara
morte) eproblemas neurológicos.
-
Unidade
"C": funcionários tratamde
pacientesque
têm
problema na
áreade
cardiologia,gastroenterologia, clínica geral,
pneumonia
enefiologia
- Serviço Intermediário: aqui os funcionários
cuidam
dos pacientes que,em
regimede
internação, necessitam
de
cuidados intermediários.No
que
diz respeito a Gerência Administrativa, esta écomposta
pelos: Serviço Administrativo e Financeiro, Serviçode Arquivo
Médico
e Estatístico, Serviço deManutenção,
destes,háoutrosserviços,
osquaissedestacamporseremsetoresqueclarificarn,
aindarnais,a ligaçãodo
funcionáriocom
o
paciente.Entretanto, é conveniente esclarecer
que
todos os setores dessa Gerênciatêm
contatocom
o
paciente, haja vistaque
a área administrativanão fica
muito afastadado
restantedo
hospital. Para chegar
a
ela, é necessário passar pelos corredoresonde
seencontram
pacientes conduzidosem
cadeirasde
roda,macas
circulando, etc. Logo,não
se está anulandonenhum
setor e muitomenos
seu desgaste fisico e emocional.Mas
como
o
objetivo é mostrar a realidade vivida pelo funcionário dentrodo
hospital, destacaram-se algrms serviçosque
mostram
melhor
essa vivência.São
eles:- Serviço
de
Zeladoria: neste setor os funcionários tratamdo
transporte, comunicação,jardinagem e portaria
do
hospital. Enfatizar-se-á, principalmente,o
transporte e portaria.Transporte
porque
existeum
contato,mesmo
não
sendo porum
longo periodode
tempo, entreo
motorista eo
paciente.Aquele
trazo
paciente,em
caso grave, parao
hospital; leva-o a outroshospitais para fazer certos tratamentos, entre outras coisas. Este contato
pode
parecer curto,masésuficienteparaofuncionáriover,
sentireficarmarcadonasuamenteoestágioda
doença, a fisionomia
do
paciente.Na
portariade
visita, os funcionáriostêm
um
conviviocom
os familiares dos pacientes.Vêem
diariamente rostosque
demonstram
preocupação, dor, tristeza,além de
algtms passaremquestionamentos, revoltas... Para ficar ainda
mais
complexa, essa portariafica
em
frente àportaria
de
entrada dos funcionários, quer dizer,o
funcionárioao
entrarno
serviço, já se deparacom
os familiares. Lidarcom
esta realidadenão
tem
nada de
simples.- Serviço de Nutrição e Dietética: neste setor os funcionários são responsáveis pela parte
nutricional
do
hospital, pacientes e familiares.Além
de cuidar dacomida
dos pacientes,têm
contatos
com
osmesmos,
urna vezque vão
aos quartos para lhes servirem.Também
há o
serviço de lactário,em
que
sefazem
mamadeiras, distribuindo-asna
hora certa, entre outras tarefas.- Serviço
de
Higienização eLimpeza
Hospitalar: aqui os funcionárioscuidam da
limpem
do
hospital Considera-se
um
trabalho delicado, haja vistaque
limpam
os quartos dos pacientes.Vão
para limparum
quarto,mas
dão de
encontrocom uma
pessoa adoeeida, fifaca.São
preparados apenas para limpar,
o que
parece fácil, poisnão
precisam se relacionarcom
ospacientes;
mas
seesquecem
de que
estesvêem
e sentem. Limpar, por exemplo,uma
unidadecomo
aEmergência
Externa é deprimente.Percebe-se
como
écomplexa
a relação vivida pelo funcionárionum
ambientede
trabalho,
como
o
hospitalar.O
funcionário convive diariamentecom
o choro de
crianças,com
o
desespero e tristezano
olhar dos pais, sentindosempre
aquele clima tensono
ar.Além
disto,ele convive diariamente
com
a
morte, e sabe-seque
esta éuma
questão dificilde
ser compreendida e aceita pelo serhumano. Devido
a isso,o
funcionário vivenum
ambiente detrabalho
que
por si só é bastante depressivo e angustiante.Um
aspecto é imprescindível é que,além de
se tratarda
realidade deum
ambientehospitazf,
ima-sz às
âfzz ânfzmfitA
zazliâzóéas
Hospital nzfzmúiJam
az
Gusmão
gifszm
tomo
da
criança adoecida.O
funcionário trabalhacom
crianças tristes e doentes, geralmenteem
estado grave, presencia muitas situaçõesMas
seráque
eletem
estrutura para enfrentare conviver
com
essa realidade?!Em
sequência, passa-se a expor a Sub-Gerênciade Desenvolvimento de
RecursosHumanos (SGDRH),
onde
se concretizouo
estágio. Este é consideradoum
setornovo no
Hospital Infantil. Implantado
em
1991, ainda está seimpondo no
hospital,o que
implicaenfrentar algumas dificuldades,
uma
vez que não
está sendo vistocomo
prioridade.Há
muitadivergência de interesses; cada sub-gerência e coordenadoria
puxando
paraum
lado,não
trabalhando e
buscando
um
consenso.Cada
um
querque
sua idéia prevaleça nas reuniões, e se esquecedo
fundamental, isto é, parece ainda faltaruma
conscientizaçãode
todos sobre aimportância,
o
valordo
ftmcionátio.Conseqüentemente,
há
um
desgasteno
setor, sofrendo este,um
desestímulo.Porém,
dir-se-ia atéque
faz partedo
processo, haja vistaque
todamudança
gera atrito. Entretanto,o
quenãodeveacontecerépararcomalutapeloespaço,principalmenteporsetratardosetorde
recursoshumanos,queéoespaçoquesepreocupacomof\1ncionárioeseuarnbientede
trabalho.
A
SGDRH
tem
como
objetivo buscarmelhor
integração entre os funcionáriosdo
hospital e deles
com
o
mesmo,
permitindocom
istoum
ambientede
trabalhomais humano,
além
de urnamelhor
qualificação dos funcionários.Entretanto,
uma
realidadedo
setor é que, infelizmente, muitas vezes esses objetivosficam
relegados,a segundo
plano pela quantidadede
burocracia existenteno
setor (váriospapéis tendo
que
ser assinados e expedidos). Talvez isso ocorrapor
este setor ter vinculadoo
I/
setor de administração
de
pessoal, e, diante disso, passou a assumir questões administrativas,como,
registrode
pessoal, controlede
freqüência, pagamentos, vale-transporte, etc.A V
Uma
outra dificuldade diz respeito à questãode
não
se conseguir fazerum
trabalhointerdisciplinar
de
profissionais.O
setor écomposto de
enfermeira, médicos, auxiliares administrativos, gerentede
recursoshumanos,
estandono
momento sem
psicólogo e assistentesocial. Isso dificulta a realização
de
um
traballio mais completo e transformadorcom
osfuncionários. p
.Percebe-se
que
diante das dificuldades pelas quais a Sub-Gerência de Desenvolvimentode
RecursosHumanos
passa, seu trabalho torna-seum
pouco
mais complexo,mas
não
impossível.
Uma
prova
disso éo
Circulode
Controlede
Qualidade(CCQ).
Esteprograma
tem
como
objetivo gerar soluções para a melhoriada
qualidade eda
produtividade,como também
promover o
auto-desenvolvimento dos participantes epromover maior
integração entreo
corpo clínico, adrninistrativo e outros.No
momento, o
setor desenvolveCCQs
com
os setores de: nutrição, lavanderia, costura, telefonistas, emergência extema, higienização e portaria.Apesarda
falta
de
horário para reunir todoo
grupo, alguns funcionários estão satisfeitoscom
o
trabalho, por serum
espaço deles.Eédissoqucoflmcionárioneccssita,
deumcspaçocmquc
possafalarcscrouvido.
Scr visto c ser reconhecido
como
sujeito,como também
de
apoiopam
poder
dar conta dessaA
|N|=LuENc|A
oo
AMs|ENTE HosPnA¡.AR
soBRE
o
TRABA|.HAooRz
UMA
ANÁusE
cRIT|co-REF|.Ex|vA
2.1.
Procedimentos
da
pesquisaDiante
de
uma
frase colocadapor
um
funcionário"
pior lugarde
se trabalhar é aqui,no
hospital infantil",mais
do
que
uma
frase, eraum
desabafo eque
retratava a realidadedo
hospital.Era
como
se fosseuma
luz vermelha piscandoem
sinalde
alerta.Veio
então apergunta por
quê?
Seráporque o
funcionário confronta-secom
amorte
e pelo fato de os pacientescom
quem
trabalhaserem
crianças,o que
éuma
situação delicada;ou
se nata deuma
questão mais complexa,que
diz respeito à relação existenteno
trabalho.Para se obter resposta
a
essa indagação, realizou-se a pesquisacom
enfoque qualitativo, englobando duas questões emergentes eque permeiam
o
cotidianodo
Hosopital Infantil Joanade
Gusmão.
A
preocupaçãoda
pesquisa consistiuem
abordar estas duas realidade:no
inicio,conhecer a questão
do
ambiente hospitalar eo
nívelde
relaçãohumana;
como
sedá
a relação entre funcionários e destescom
o
hospital; e,num
segundo
momento,
conhecer a relação entreEstas duas realidades constaram
da
pesquisa por compreender-se que,~noque
tange aoambiente, hospitalar, é
o
funcionárioque
convivecom
esse tipode
ambiente,além
de sofrertodas as pressões extemas,
comum
a todo trabalhador,como
o
baixo salário, a questão da sobrevivência,sem
contarque não
tem
maistempo
para si próprio.Também
sofre pressões intemas, justamentepor
se tratarde
um
ambienteque
retrata questões complexas e, muitasvezes,
de
dificil compreensão, pois estamos falando de sentirnentos, de sereshumanos,
de alegrias e tristezas, de vida e morte e isso exigeuma
estrutura muito fortecomo
pessoa.A
pesquisa abrangeu funcionáriosdo
universodo
hospital, cujaamostragem
foi de10%.
Dela fizerarn parte setores
da
Gerência Técnica:Emergência
Extema,Emergência
Intema,Unidade
A,Unidade
B,Unidade
E, Oncologia,UTI
Neo,
Isolamento, Berçário, Irrterrnediário e Ambulatório; e setoresda
Gerência Administrativa: Setor de Zeladoria, Setor de Nutrição e Dietética e Setorde
Higienização. Isso por considerarque
é nesses setoresque
a relaçãofuncionário/paciente ocorre mais diretamente. -
Uma
observação a ser feita,em
relação à pesquisa, éque
estanão
envolveumédicos
eenfermeiras, pois se parte
do
princípiode que
estes já possuern nível superior. Logo, considera-se
que têm
urna orientação,um
conhecimento da
realidade hospitalar;passam por
um
preparo psicossocial decomo
lidarcom
essa situação.A
preocupação maior écom
os demais funcionários, quenão
tiveram esse preparo, e são maioriano
hospital: Auxiliares de ServiçosGerais, Auxiliares de Serviços Hospitalares Assistenciais, Auxiliar de
Enfermagem,
Técnico deEnfermagem,
Técnico Administrativo e Porteiro.O
período de realização desta pesquisa foi denovembro
de1993
a janeiro de 1994.A
coleta de dados foi realizada através
de
entrevista,que
possibilitouum
espaço para ofuncionário falar, e se obter informações sobre a relação existente dentro
do
hospital, e›
conhecer a realidade vivida pelo funcionário, tanto
como
pessoa,como
profisssional.Salienta-se
que houve
preocupaçãoem
dar abertura aos funcionários de se expressaremlivremente durante a entrevista. Para isso, as questões
do
roteiro (anexo)foram
elaboradas2.2.
O
valorhumano
nas relaçõesde
trabalhoPara retartar essa realidade tem-se
como
parâmetro teoricamenteTannenbaum
(1973),Chanlat (1992) e
Weil
(1992), pormostrarem
a importânciado
resgatedo
humano
nasorganizações,poisparte-sedopontodcqueohomemérazãomastambémemoção, eelenão
pode
ser visto isoladamente e nisso recorre-se a Castro (1985)que
enfatizaque
o
homem
viveem
relação, e a Powell (1985)que
mostra as dificuldades e máscarasque
sofrem hoje essas relações. Outros autores serão citados paracomplementar
e auxiliarna compreensão do
presente traballio.
Observa-se hoje,
no
interior das organizações, a ausência,no
que
diz respeito à condiçãohumana,
como
se aempresa
pudesse existirsem
o
serhumano.
Entre suas vastaspautas
de
reuniões,há
questões tecnológicas, -de produtividade, eficácia, rendimento a curtoprazo,
desempenho,
mas
raramente está a questãodo
“ser trabalhadorcomo
sujeito", decomo
este se relaciona,
de
como
este se comporta.E
sabe-seque
urna organização existeporque
sereshumanos
acompõem.
O
âmbitoernpresarial aparece freqüentementecomo
um
lugar propicioao
sofiimento, à violência fisica e psicológica,ao
tédio emesmo
ao
desespero.Diante desse quadro,
uma
saida foi a racionalidade,achando que
esta seria a solução."A
racionalidade organizacional insinua a possibilidadede dominio
de fatores incontroláveis euma
forma de
eliminar riscos e incertems.De
fato,
num
mundo
desordenado ede
mudanças
rápidasnada
parece maisrazoável
do
que
um
novo
ente racional - a organização - para enfrentaras irracionalidades e incertezas
do
dia-a-dia" (Motta,1988
: 83).A
teoria organizacional reforça» essa perspectiva, desenvolvendouma
visão racional orgânica,na
qualum
sistema nervoso centralcomanda
as decisões e ações internas para adaptaçãoao
ambiente. Baseadas nesta teoria as organizaçõescomeçam
atomar
urnanova
postura.
"...éconstituídadeindividuoslimitadosediferentes,
comvalorese
pexcepçõesdiversos-oqueocasionavisõescontraditóriassobreum
mesmo
problema. Seres imperfeitos e variados organizando-se paradecidirnãopodemchegaraumprocesso
racional e perfeito'(Kaufman
apud
Motta,1988
: 84).Uma
organizaçãonão pode
se basearnuma
única negra, poisnão
existeum
único tipode
homem
Os
fatores emocionais, políticos,de
oportunidade ede
sensibilidadepermeiam
todasas organizações.
As
diferenças individuaisde
valor e atitudes refletem-seem
todos ossetores,desde os altos escalões até
o
mais simples operário.Por
issoque
o modelo
burocráticofica
difieilde
ser realizadoem
sua essêncianuma
organização.Ejustamenteaíestáoproblema,pois"...éumsistemadalei,maisdoquedo
homem;
mn
sistemano
qual os regulamentosprevêem
todas as contingências..."(Tannembaun
1973
: 28).Logo,
trata-sede
um
modelo
racional e impessoal,onde
treina-sede
um
ladosupervisores para
darem
ordens, visando a lei, e subordinados paraobedecerem
sem
questionar,poissetratadefazercumprirumalei.
Percebe-se queestesistemabuscaomenorgraupossivel
derelaçãoentreaspessoas;nãosepreocupacomamotivaçãoindividual,nãoconsideraas
.»
esperanças, temores e aspirações das
mesmas.
Justamentepor
isso acaba tendoque
sofrer alteraçõesna
prática.E
paracomplementar há
outra questãoque
parece ter sido esquecida,que o
homem
viveem
relação, éum
serde
desejos,de
pulsão emesmo
antes de nascer játem
uma
relaçãocom
amãe.
Elenão
viveem
círculo fechado, é atravésdo
outroque
ele se constrói, se realiza, sente prazer, sofrimento; satisfazou
não
seus desejos e suas pulsões."Afirma-se
portantoque 0
homem
éum
serem
relação,que
a relação éo
fundamento de
sua existência, pois ele éum
sersituado
no
mundo
com
o
outro, e neste reconhecer-semedeia
a relação” (Castro,1985
: 14).Um
obstáculo auma
verdadeira relaçãohumana
entre os funcionarios, é ahierarquização. Esta
impede
um
trabalhode
integração, urnavez que fica
numa
relaçãode
poder, autoridade.
Ao
perguntar-se nas entrevistas"Como
você
vê, percebe,o
funcionáriodo
hospital?" Pôde-se constatar