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A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COMO CONSTRUÇÃO IDEOLÓGICA: UMA ANÁLISE DE TRÊS PREMISSAS | Sinergia (Área Temática: Multidisciplinar - ISSN: 2177-451X)

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A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA COMO CONSTRUÇÃO IDEOLÓGICA:

UMA ANÁLISE DE TRÊS PREMISSAS

DISTANCE EDUCATION AS IDEOLOGICAL CONSTRUCTION:

AN ANALYSIS OF THREE AWARDS

Carmen Giance Lorenzo 1

Este artigo tem como finalidade apontar elementos de reflexão sobre a educação a distância, sob um enfoque da construção ideológica, sendo uma tentativa de estabelecer uma associação entre conceitos e premissas, avaliando a realidade de ensino e comparando com formas reducionistas de explicar ou conceber a realidade, podendo assim não oferecer um quadro educacional que possa atender de forma adequada a educação, num país com uma desigualdade tão acentuada como é o caso da população brasileira, sendo isto realizado através de um levantamento bibliográfico. Buscas constantes devem ser realizadas, com enfoque crítico para que sejam analisadas com maior rigor, impedindo assim que informações vinculadas na mídia sejam elucidadas e que não permitam que influências mascarem as discussões sobre o ensino a distância que possam vir a ser utilizadas com finalidades de ilusão ou máscaras, usadas pelo capital, e esquecer que o foco principal da educação é o estudante e seu aprendizado.

Palavras-Chaves: Educação a Distância (EAD). Ensino de Jovens e Adultos (EJA). Globalização. Ideologia.

This article aims to point out elements of reflection concerning Distance Learning, under the sight of ideological construction as an attempt to establish association between concepts and premises and assess the reality of learning process while comparing it with the reductionist ways to explain or conceive reality itself which does not offer an educational environment able to attend educational purposes adequately in a country with great social inequality such brazilian population. The exposed above will be done by bibliographic survey. Constant research must be performed critically targeting to analyze it rigorously in order to prevent information linked to the media to be elucidated and also not allowing such influences to mask discussion about Distance Learning nor be utilized with the purpose of illusion or masks by the capital, therefore forgetting its main goal which is education itself, the student and the process of learning. Keywords: Distance Learning. Young and Adult’s Education. Globalization. Ideology.

1 - Aluna da Especialização Lato Sensu em Educação Profissional Integrada á Educação Basica com a Modalidade de Educação de Jovens e Adultos PROEJA -IFSP < carmenlorenzo877@gmail.com >.

Data de entrega dos originais à redação em: 21/06/2016 e recebido para diagramação em: 28/03/2017

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas nossa sociedade evoluiu de maneira muito rápida, sendo visíveis as transformações e mudanças sociais, que geram impactos e constantes desafios, onde os fluxos de informações são imensos.

Nestas mudanças a educação não poderia ficar incólume, e vai assim construindo diversas modificações e apresentando novas práticas, como também novas formas de se organizar que vão produzindo efeitos nas relações entre ensino e aprendizagem.

A forte presença das tecnologias digitais, na sociedade também mobiliza a educação na busca de novas soluções, suscitando novas mudanças, caminhos e modelos de ensinar que surgem em razão desta transformação digital, que geram novos desafios e que também devem contemplar os diversos problemas sociais, num país marcado pelas desigualdades.

Uma alternativa encontrada para diminuir a crescente demanda social de formação é a utilização da modalidade de ensino a distância, (EAD), sendo que esta possibilitaria a diminuição de diversas necessidades de aprendizagem, suprindo assim que uma boa parte da população tivesse acesso aos estudos.

O objetivo do presente trabalho é expor uma visão realista sob enfoque da ideologia, para possibilitar

uma reflexão mais aprofundada sobre a proposta de uma solução da universalização de acesso à educação, através do ensino a distância, para que esta não seja utilizada com finalidades comerciais e que também não seja ameaçada na sua legitimação social.

Questionamentos devem ser levantados, ao perceber que a sociedade é constantemente exposta a uma mídia que referencia as extraordinárias possibilidades positivas que o ensino a distância possa oferecer, porém esta pode deixar lacunas invisíveis na clareza dos objetivos expostos sobre um real aprendizado por boa parte da população ou pode escurecer meandros que devem ser mais refletidos e avaliados pela classe docente para que não haja uma expansão descontrolada e que os reais motivos desta expansão seja um ponto de conquista e não de manipulação.

A metodologia proposta é uma pesquisa qualitativa para abordar e contextualizar os temas de forma a dar uma ideia geral de pressupostos ideológicos que influem em nossa percepção da realidade.

O artigo consiste em três sessões. Na primeira sessão há a conceituação do que seja a educação a distância, enquanto uma modalidade de ensino reconhecida como tal.

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Na segunda sessão é apresentada os temas globalização, tecnologia e ideologia com a finalidade de repensar nos conceitos num processo investigatório de que podem obscurecer a realidade.

E na terceira sessão são demonstradas três premissas da EAD, para uma comparação com a realidade versus uma construção ideológica.

2 O QUE É EAD?

O mundo está desenvolvendo rapidamente com propagação das tecnologias de informação e comunicação (TICs), e provocando mudanças significativas na educação, fazendo-se necessárias novas mudanças, novas estratégicas para que o processo de aprendizagem possa ser proporcionado a uma maior quantidade de alunos.

Surge daí uma alternativa, que é a Educação a Distância (EAD), como um instrumento, para acompanhar as novas exigências na educação, inclusive vinculada a globalização, sendo esta uma modalidade de ensino, adequada para alcançar uma parcela significativa da população e atender novas demandas, englobando alunos em locais mais diversos, pessoas com restrição de locomoção, entre outros.

Possibilita, ser assim um instrumento para democratização da educação e permitir que camadas mais desfavorecidas da sociedade tenham acesso aos estudos.

A EAD pode ser definida por diversas formas, para Moore & Kearsley (2007), ela consiste em formas mais multidimensionais, sendo que a Educação a Distância é o aprendizado planejado que ocorre, normalmente, em lugar diferente do local do ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais, ou ainda de uma forma mais simples e objetiva temos sua definição como “...qualquer forma de educação em que o professor se encontra distante do aluno” (BASTOS, CARDOSO e SABBATINI, 2000).

Segundo Belloni (2001) “a educação deve problematizar o saber, contextualizar os conhecimentos, colocá-los em perspectivas, para que os aprendentes possam apropriar-se deles e utilizá-los em outras situações”, e quando temos esta mesma visão, podemos dizer que a modalidade presencial ou a distância não é o fator que seja um ponto de diferença neste quesito.

A modalidade a distância tem avanços significativos, visto que regulamentações e a própria legislação vem proporcionando uma base legal, como também a partir da Lei 9394/96, vem sendo apresentada como uma forma viável para uma educação democrática, e que independe de espaço ou tempo para sua realização.

Esta modalidade foi normatizada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n.º 9394, de 20 de dezembro de 1996), regulamentada pelo Decreto n.º 5.622, como sendo uma forma de ensino que possibilita a autoaprendizagem, com mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios da comunicação.

Através do decreto 5622/2005, art. 1o,

“caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional

na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos”.

Dentro da história da Educação a Distância, percebemos que houve um desenvolvimento desde as primeiras tentativas

Segundo Mattar, (2011 p.4), “ a história da EAD, aparece em três grandes gerações: Na primeira geração temos os cursos por correspondência, caracterizada pelo ensino onde os materiais são impressos e encaminhados por correio; na segunda geração temos as novas mídias e universidades abertas, também caracterizada pelo uso de novas mídias, como televisão, rádio, fitas de áudio e vídeo telefone, e na terceira geração a EAD on-line, caracterizada a utilização do videotexto, do microcomputador, da tecnologia de multimídia, do hipertexto e de redes de computadores, caracterizando a EAD on-line”.

O crescimento desta modalidade tem sido muito acentuado conforme demonstram os relatórios específicos da área, demonstrando grande adesão por parte de alunos.

De acordo com Censo EAD.BR: Relatório Analítico da Aprendizagem (2014 p. 60), a educação a distância apresenta um panorama de matriculas efetuadas.

Em 2014, os cursos de EaD somaram 3.868.706 matrículas, com 519.839 (13%) nos cursos regulamentados totalmente a distância, 476.484 (12%) nos cursos regulamentados semipresenciais ou disciplinas EAD de cursos presenciais e 2.872.383 (75%) nos cursos livres. A média geral foi de 154 matrículas por curso e de 16.053 matrículas por instituição formadora.

Neste sentido há uma indagação que exige, uma reflexão mais criteriosa, visto que a sociedade tem recebido maciças campanhas comunicacionais, fazendo uma chamada para a captação de novos alunos, utilizando como chamamento central de que ao ingressar num curso de EAD, este poderá possibilitar o ganho do tempo perdido caso o cidadão tenha parado de estudar ou mesmo queira aperfeiçoar-se, possibilitando assim melhorias em sua vida, flexibilidade de tempo, espaço, autonomia e porque não dizer, ter também uma ascensão profissional.

Esta linguagem pode sofrer distorções, podendo oferecer uma falsa ideia da realidade, que pode estar sendo manipulada com interesses apenas capitalistas, e não permitindo uma visão clara, deixando para um segundo plano a questão da educação como direito e como instrumento de emancipação que possa vir a ser.

2 GLOBALIZAÇÃO, TECNOLOGIA E IDEOLOGIA

2.1 GLOBALIZAÇÃO

Atualmente a sociedade está envolta no fenômeno que é denominado de globalização, onde se pretende caracterizar a vida num mundo global que tende ao rompimento ou a dissolução das fronteiras, das economias, das culturas e das sociedades (LOMBARDI 2001, p. XXXII).

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A globalização traz mudanças, pois segundo Dalorosa, (2001, p. 199) esta é conduzida pelo discurso do neoliberalismo que não é outra coisa senão a filosofia da não intervenção do Estado na economia, hoje veiculado pelo ideário do Estado mínimo.

Sob esta ótica, a educação pode ser incluída, nesta lógica do mercado, na qual todos os setores da sociedade são envolvidos.

Neste processo de globalização, acaba-se criando tensões de poder e, para tanto, são criadas as ideologias para buscar-se o consenso, como afirma Lombardi (2001 p. XVII), como palavras de importância chave nas contemporâneas ideologizações produzidas pela intelectualidade orgânica a serviço da burguesia, ou seja, para que sociedades desiguais não entrem em conflito, ou mesmo coloquem em risco o capitalismo, são executadas intervenções ideológicas com finalidade de convencer a sociedade para um direcionamento que interesse a uma classe dominante.

Na globalização, se defende o Estado mínimo, com a intenção de facilidades nos trâmites que ocorrem entre si, sendo que para Silva (1999), são os países mais ricos que determinam o que e como os países mais pobres devem produzir. Isso se dá também no âmbito da educação.

Nesta concepção não há participação do sujeito enquanto cidadão, indo em busca de seus direitos e o país vai sendo modelado com a finalidade de seguir as próprias exigências do capital internacional, sendo impostas mudanças em todos âmbitos.

2.2 TECNOLOGIA COMO FERRAMENTA DA GLOBALIZAÇÃO

Mudanças educacionais ocorrem, para que novos papéis, sejam aplicados aos interesses dos grupos dominantes e assim busca-se a função de atender aos interesses do capitalismo, expandindo o tecnicismo, para que a formação seja mais adequada às suas necessidades e objetivos, trazendo assim as novas revoluções tecnológicas.

Segundo Schaff (1993), a revolução da informática ou microeletrônica insere-se dentro das três revoluções técnico-científico recentes. A primeira (no final do século XVIII e início do século XIX), que substitui a força física do homem pela energia das máquinas (vapor e eletricidade); a segunda, na transferência das funções intelectuais do homem para a máquina (computadores, informática, telemática); e a terceira, que se refere à revolução microbiológica, também acontecendo neste final de século, desde a descoberta do código genético dos seres vivos e que poderá substituir a própria condição humana, alterando sua própria genética.

Assim, Gamboa (1997), afirma que tanto a revolução das máquinas-ferramentas como a revolução informacional têm desenvolvido e potencializado o trabalho e a comunicação dos homens, mas pouco têm alterado suas relações de poder, devido à permanência das formas de organização social e das relações de propriedade que, apesar das transformações dos meios regem a sociedade nos moldes da propriedade privada e a acumulação ampliada das riquezas geradas pelo processos produzidos por um reduzido número de capitalistas.

2.3 IDEOLOGIA

A sociedade sempre busca criar mecanismos para que as relações de poder entre as classes sociais sejam mantidas, usando ferramentas sutis, com uma aparente naturalidade, sob forma de persuasão, criando um cenário sedutor que mascara uma construção ideológica. Estes convencimentos vão sendo construídos e reproduzidos através dos aparelhos ideológicos, dentre eles podemos citar a escola, sendo que sua linguagem vem cheia de significados e representações com valores existentes em determinados grupos.

Apesar do conceito de ideologia ser um tema polêmico, que pode suscitar diversas formas, de entendimento, uma delas pode ser percebida como orientadora da sociedade, mas num contraponto pode também camuflar as diferenças de classes que existem. Marx (1998), traz o significado da palavra ideologia, nos remetendo ao pensamento francês, de Destutt de Tracy, como sendo “a ideologia o estudo da origem e da formação de ideias, constituindo-se numa ciência propedêutica das demais”.

É ressaltado em Chauí (1980), que “...através da ideologia são montados um imaginário e uma lógica da identificação social com a função precisa de escamotear o conflito, dissimular a dominação e ocultar a presença do particular, enquanto particular, dando-lhe a aparência do universal”.

Através de construções ideológicas as próprias relações são vistas como normais e condicionam os sujeitos a uma adaptação a um determinado sistema dominante, para Marx (1998), a ideologia pode ser percebida de forma pejorativa, como uma falsa consciência, um meio de mascarar a realidade, promovida através das ideias e interesses das classes dominantes, com o propósito de interferir na compreensão sobre o modo pelo qual se processam as relações de produção.

Assim a ideologia é usada como um instrumento de luta de classes impedindo que a dominação e exploração sejam vistos em sua realidade concreta, ocultando as divisões sociais.

Até mesmo para Chauí (1980 p. 8), “essas ideias ou representações, conhecidas tenderão a esconder dos homens o modo real como suas relações sociais foram produzidas e a origem das formas sociais de exploração econômica e de dominação política”.

Enfatizando mais o uso da ideologia, podemos citar Marx (1998), que considera esta como sendo um instrumento de dominação que age através do convencimento (e não da força), de forma prescritiva, alienando a consciência humana e mascarando a realidade.

Quando Marx afirma que as relações sociais capitalistas aparecem tais como são, que o aparecer e o ser da sociedade capitalista se identificaram, ele o diz porque houve uma gigantesca inversão na qual o social vira coisa e a coisa vira social, isto é a realidade capitalista (CHAUÍ, 1980, p. 23).

Althusser (1985), expõe que as reproduções das relações de exploração capitalista são asseguradas por meio dos aparelhos ideológicos do Estado, bem como através dos aparelhos repressivos, essenciais para a manutenção do poder da classe dominante.

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Portanto neste quadro social figura as classes sociais, e a dominação de uma pela outra, e para que esta exploração mantenha privilégios irá explorar de forma econômica, ou seja, para manter seus privilégios, a classe dominante, terá estes dois instrumentos: o Estado e a ideologia.

Surgindo aqui, a função da ideologia que consiste em impedir a revolta fazendo com que o legal apareça para os homens como legítimo, isto é, como justo e bom, (CHAUÍ, 1980, p. 35).

Seguindo uma linha de convencimentos, a ideologia vai discorrendo uma série de discursos nos quais cria a necessidade de uma educação para todos, demonstrando que a mesma será facilitada pela tecnologia que trará a tal igualdade, já que estará disponível para todos.

Não sendo percebido uma outra mensagem oculta, que pode “enfatizar o papel da escola na produção de indivíduos, com finalidade de servir as necessidades do setor econômico da sociedade capitalista (ALTHUSSER, 1985), e pode assim ser explorado como sendo mercadoria.

Objetivando assim um reforço de ideologia visto fazer a pessoas se adaptarem a ideias dominantes da sociedade.

E olhando sob este prisma da ideologia, da mercadoria em que a educação é transformada e que também devido a globalização há a necessidade de um grande número de pessoas serem capacitadas para o atual padrão tecnológico em moldes mundiais, se faz necessário ele aprender a aprender, buscando novas formas de aprendizagem.

2.4 TECNOLOGIA E EAD COMO INSTRUMENTO IDEOLÓGICO

Na atual sociedade as pessoas necessitam serem preparadas para esta nova era tecnológica, que segundo Preti, (2000, p. 21), “as mudanças tecnológicas, pois, fazem com que grande parte das qualificações fiquem defasadas, a um ritmo cada vez mais rápido”.

Para que seja alcançado um ponto de equilíbrio, deve haver uma preparação da educação para todos, principalmente para os que já estão no mercado de trabalho e não dispõem de tempo ou possibilidades de arcar com estudos na modalidade presencial, visto estarem no mercado de trabalho.

Surge daí a modalidade de ensino a distância (EAD), como uma opção a ser implementada e sendo uma ferramenta de importância fundamental para este processo, fortalecendo assim o interesse que o capital tem em mão de obra especializada para o mercado de trabalho tecnológico, onde aparece neste conceito um viés ideológico de uma crença de que o conhecimento está disponível para todos.

Ao atingir a sociedade como um todo, para Preti, (1992, p.23), “muda-se, assim, o discurso e as lutas em favor da democracia da educação, da formação profissional, da sua expansão junto às camadas pobres e miseráveis por um discurso de qualidade, de uma qualidade submetida aos conceitos, aos preceitos, aos critérios e as práticas empresarias”, atingindo o jovem adulto que busca para entrar ou permanecer no mercado de trabalho

aumentar seus conhecimentos, concluir estudos e sendo direcionado para a modalidade de ensino a distância, que poderia fornecer a solução para esta preparação profissional.

Esta modalidade juntamente com a tecnologia, traz em sua concepção a possibilidade de superar o conceito de distância e tempo, a flexibilização e a própria autonomia do aluno.

A mídia trabalha com a informação de que as tecnologias proporcionam facilidades para o ensino, colocando um mundo de conhecimentos a disposição para os alunos, porém não explica que este mesmo aluno é a peça chave desta modalidade de ensino, pois apenas através de conhecimento de tecnologias, motivação e interesse, ele terá um perfil que se adapta a esta modalidade, pois ele difere da modalidade presencial em vários detalhes, e que nem sempre se tem a habilidade de prosseguir nestes cursos, o que pode gerar a evasão.

Da mesma forma, todas estas transformações inserem-se na educação, do qual ela é afetada, pois no mundo globalizado as relações são definidas pelos critérios do lucro e do consumo, portanto ela própria também se torna uma mercadoria.

Neste mundo globalizado muita informação é obtida, porém não há um critério que possibilite que estas informações sejam de qualidade e evitem que elas apenas sejam pobres de conteúdo, possibilitando que torne assim que sejamos meros receptores ou meros consumidores delas.

Atualmente a tecnologia pode ser totalmente disponibilizada para a sociedade, possibilitando assim que a educação seja operada em massa, porém não implica dizer que nesse uso global, não exista também a exclusão, de uma parte da sociedade.

Para Gamboa (2001, p. 90), “mesmo que se realizem grandes investimentos na informatização das escolas [...], esses investimentos não alteram a distribuição de renda na sociedade, nas famílias e não garantem, no futuro, a sonhada ascensão social dos alunos”.

Ao difundir a educação a distância de forma massiva através da publicidade que isola o lado negativo e expõem as vantagens que um curso nesta modalidade pode oferecer, destacando as facilidades de pagamento, a porta de entrada para o mercado de trabalho, a flexibilidade de horários, e outras séries de facilidades, há aqui uma postura tendenciosa ideológica, podendo criar uma imagem falsa e ilusória, de acesso a todos, sem exclusão.

3 PREMISSAS DA EAD

Como a mídia trabalha muitas informações, criando novas necessidades, os jovens e adultos buscam o seu aprimoramento através do retorno aos estudos, seja para concluir ou mesmo dar continuidade, tendo em vista o mercado de trabalho.

Mas há a necessidade de uma análise da EAD, voltada sob um ponto de vista de suas premissas, mais especificamente aquele que teve seu direito a educação negado, que retorna aos estudos através da modalidade de ensino de educação de jovens e adultos (EJA), dentro deste contexto globalizado e neoliberal destacando alguns fatos relevantes.

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Inicialmente, mostrando que os cursos de EJA, segundo Censo EAD.BR: Relatório Analítico da Aprendizagem (2014, p.61), demonstraram que:

Apesar de pouco numerosos, se comparados a outros níveis educativos em 2014, tiveram 70.070 matrículas nos níveis fundamental e médio, uma média significativa de 730 matriculas por curso.

Neste sentido, percebe-se uma significativa procura e daí surge uma indagação que exige, uma reflexão mais criteriosa, visto que a sociedade tem recebido maciças campanhas comunicacionais, fazendo uma chamada para a captação de novos alunos.

A proposta deste trabalho, parte de uma reflexão de três premissas importantes: a) Universalização do acesso à educação, b) Autonomia e c) Interatividade, fornecendo as bases para uma reflexão das condições sociais que se inserem especificamente a modalidade de ensino de jovens e adultos.

Na primeira premissa, há uma importância bastante interessante na proposta de que através desta há a possibilidade de que alunos mais distantes ou com algum tipo de restrição, tenham acesso à educação, portanto dando este enfoque da universalização da educação.

Quanto a universalização, há a associação de uma ideia de igualdade de diretos que todos os cidadãos têm, e que abrange um contingencial de pessoas muito amplo, e nesse sentido surge a educação à distância (EAD) para dar assim garantia de que seja oferecido o acesso da educação a todos.

Com esta nova configuração da educação novos elementos são necessários para garantir este acesso e assim a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n°. 9.394), contribui para implantação da EAD e a define como sendo uma modalidade de ensino que integra o sistema educacional.

Algumas indagações, podem ser levantadas, quanto a esta proposta de universalização, pois suscita a dúvida se será mesmo efetivada, pois trata-se de uma problemática muito complexa em nosso país, com tanta desigualdade na distribuição de renda entre classes, Estados e falta de oportunidades que existem no Brasil.

Ao colocar a educação a distância como uma estratégia de cobrir toda a extensão territorial, dando o acesso à educação, também para a modalidade de ensino de jovens e adultos, que em sua maioria não tem acesso a sistemas informatizados em escolas ou não tem conhecimento de informática, ou ainda não possuem conhecimento básico de tecnologias, que é um ponto essencial para esta modalidade, fica uma questão no ar, senão há como o próprio Gamboa (1997) nos chama a uma reflexão “se não temos que nos reportar a nossa realidade, que no caso do terceiro mundo, o consumo de informações, já é restrito devido à espoliação de vários séculos de colonialismo, de dependência e de analfabetismo”.

Para Preti (2000, p.19), há vários pontos sobre a educação a distância, que levanta diversas indagações, tais como:

Educação a distância do que vem a ser isso? É possível trabalhar esta adjetivação quando o substantivo ainda está ausente para uma parcela significativa da sociedade? Ou ela ajudaria a tornar mais substantiva a educação para esta população excluída? Como anda a educação em nosso país e em nosso Estado? E, dentro desta realidade educacional, como se situaria a EAD? Quais suas possibilidades, tendências e desafios?

Seguindo nesta reflexão, temos a segunda premissa do ensino a distância, que é a autonomia do aluno, destaque importante, como sendo um dos fatores de sucesso para aprendizagem do ensino a distância.

Para Preti (2000, p.131), na relação pedagógica, autonomia significa:

[...] de um lado, reconhecer na outra sua capacidade de ser, de participar, de ter o que oferecer, de decidir, de não desqualificá-lo, pois, a educação é um ato de liberdade e de compartilhamento [...] ter autonomia significada ser autoridade, isto é, ter força para falar em próprio nome [...] em outras palavras, é ser autor da própria fala e do próprio agir.

Com esta definição de autonomia, chegamos a um outro fator que o aluno tem que ter um perfil adequado para esta modalidade, visto que terá que desenvolver novas formas de atuar na organização de seus estudos.

Segundo Behar (2013, p.152), o avanço da tecnologia na educação e a incorporação da Internet como suporte para a educação a distância (EAD) geraram uma mudança nos perfis dos seus atores, configurando novas formas de ensinar e aprender.

Não há muita necessidade de aprofundar a reflexão para entender que nem todos os alunos têm o perfil adequado para o ensino a distância, visto ser uma nova adaptação para estes cursos, quanto a rotina, organização de horários e o professor ser uma figura virtual, podem ser indicativos ou situações que levem ao aluno a evasão.

Esta população específica de alunos, também apresenta uma experiência anterior com o ensino presencial, que dependem de uma figura presencial de um professor, com um modelo copista, muitos não tiveram contato com tecnologias e/ou o ensino a distância, e fazem parte de um grupo de excluídos que tentam novamente se engajar nos estudos com a finalidade de manter-se nos empregos ou mesmo buscar novas colocações, e procuram a capacitação, podendo ter dificuldades para um novo papel que seria sua autonomia onde ele seria o autor de seu próprio aprendizado.

A terceira premissa que é focada neste trabalho é a interatividade, que segundo Lippman (1998), pode ser definida como uma atividade mútua e simultânea da parte de dois agentes, normalmente trabalhando em direção a um mesmo objetivo podendo provocar mudanças comportamentais entre eles.

Especificamente sobre a questão da interatividade, Silva (2001) esclarece que esta se caracteriza por ser a comunicação que se estabelece entre emissor e receptor entendido como co-criador da mensagem,

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um termo mais abrangente para retratar o diálogo e a reciprocidade nos tempos da cibercultura.

Ao propor um modelo de sala de aula interativa, Silva (2001) esclarece que se abandona a transmissão “um-todos”, para se adotar o modelo “todos-todos”, sendo que a partir deste último, a aprendizagem se faz exatamente através do diálogo, o qual conecta emissor e receptor, tratando-os como polos antagônicos e complementares, na co-criação da comunicação e da aprendizagem”.

Neste mundo virtual da educação também não podemos esquecer de que existem questões nevrálgicas que devem ser citados, tais como lembra Isotani (2005) existem diversas barreiras no processo de ensino aprendizagem a distância, dentre elas podemos citar: falta de motivação pessoal; avaliação demorada ou inadequada; falta de contato com o professor; despreparo técnico do aluno ou do professor; sensação de alienação e isolamento; conteúdo desorganizado e em formato inadequado; falta de suporte técnico.

Acrescentando a esta visão do autor, há a necessidade de lembrar que o perfil dos alunos jovens e adultos, vem de um modelo de ouvintes e/ ou copistas, com alta dificuldade de entendimento e que não possuem o domínio da tecnologia, o que por si só já acarreta grandes dificuldades de adaptação a modalidade a distância.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao chegar ao final do trabalho, torna-se indiscutível a necessidade de ampliar o leque das discussões sobre a questão da EAD como sendo uma solução para democratizar o acesso à educação e assim elevar a sua qualidade, mas não esquecendo de que muito das questões colocadas para tanto, podem trazer questões contraditórias mascaradas por uma ideologia difundida por mídias e também por políticas.

Da forma como está sendo exposta, ela pode passar uma ilusão de que todos, ao ter acesso a esta educação, podem melhorar suas vidas, ampliar seus horizontes, mas também podem ser apenas mais uma forma de tornar as pessoas apenas ajustadas ao mercado de trabalho e esquecendo que educação em sua forma geral deve permitir que seja uma emancipação, maior participação social e que não devem tornar-se meros consumidores de tecnologia ou seus cursos.

Não há como tirar a importância da educação a distância, mas não há como deixar de verificar suas limitações e reconhecer a necessidades de novas discussões e adequações aos processos pedagógicos e individuais de toda a sociedade.

REFERÊNCIAS

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Referências

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