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Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Cristal e no Hospital de Braga

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Academic year: 2021

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Farmácia Cristal

(2)

Farmácia Cristal

janeiro a abril de 2018

Rita Sofia Conde Lopes

Orientadora: Dra

.

Juliana Gomes

Tutora FFUP: Prof. Doutora Glória Queiroz

(3)

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 17 de julho de 2018

(4)

Agradecimentos

O que torna o ser humano singular e tão fascinante é a sua capacidade de raciocinar e de se organizar em comunidade, tornando possível o alcance de feitos, por vezes, inimagináveis e a contínua descoberta do mundo ao nosso redor. Apesar de todos sermos diferentes, todos temos algo em comum: a necessidade uns dos outros para atingirmos os nossos objetivos e a pretensões. Assim, só trabalhando em equipa somos capazes de alcançar o sucesso e o triunfo.

Começo por agradecer à minha coorientadora e diretora técnica, Dr.ª Juliana Gomes, por permitir a realização deste estágio na farmácia e por partilhar comigo os seus conhecimentos e experiência.

Um agradecimento especial aos meus pais e irmã, por fazerem de mim quem sou hoje e por me darem o seu amor, carinho e condições para finalizar esta etapa da minha vida. Sem eles nada era possível. Agradeço, também, ao João Silva por todo o apoio e amizade.

De seguida, agradeço aos meus colegas da farmácia, ao Francisco, à Rita e à Cristiana por todo o apoio e atenção disponibilizado ao longo destes quatro meses, sempre com um sorriso na cara e uma palavra de afeto a dar. A eles agradeço todo o conhecimento que trouxe comigo e um carinho especial. Não podemos deixar de agradecer, também, à Dona Paula que me acolheu com a maior simpatia e amabilidade.

Finalmente, agradeço encarecidamente toda a disponibilidade e preocupação demonstrada pela minha tutora a Professora Doutora Maria Glória Queiroz, ao longo de todo o estágio.

(5)

Resumo

O Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto finaliza com a realização do estágio curricular profissionalizante, dentro dos quais farmácia comunitária.

Deste modo, o presente estágio decorreu na Farmácia Cristal, onde pude integrar uma equipa de farmacêuticos e técnicos de farmácia experiente que me ajudaram a crescer como pessoa e como profissional, mostrando-me a versatilidade inerente de um farmacêutico comunitário. Ao contrário do que as pessoas pensam, o farmacêutico não é apenas a pessoas que dispensa medicamentos. O farmacêutico é um profissional polivalente, apto a prestar diversos cuidados de saúde, como a revisão da terapêutica e seguimento farmacoterapêutico dos utentes, a educação para a saúde, a farmacovigilância e a sensibilização para a importância dos estilos de vida saudáveis e para o uso racional do medicamento.

O presente relatório está dividido em duas partes distintas, na primeira são descritas as atividades desenvolvidas na farmácia e na segunda os projetos por mim desenvolvidos.

No âmbito do estágio curricular, tive a oportunidade de desenvolver 3 projetos: resistências aos antibióticos (apresentação de um panfleto informativo e um poster), proteção solar (palestra efetuada numa escola secundária) e diabetes e os cuidados a ter (entrega de panfletos informativos, receitas de culinária e degustação de gomas).

(6)

Í

NDICE

Introdução ... 1

Parte 1 – Atividades desenvolvidas na farmácia ... 1

1. Apresentação do local de estágio – Estrutura física e funcional ... 1

1.1. Localização e Horário de Funcionamento ... 1

1.2. Utentes ... 1

1.3. Espaço Interno e Externo ... 2

1.4. Recursos Humanos ... 2

1.5. Sistema Informático ... 3

2. Gestão da farmácia ... 3

2.1. Gestão de Stocks ... 3

2.2. Fornecedores ... 3

2.3. Receção de conferência de produtos ... 4

2.4. Marcação de Preços ... 5

2.5. Verificação de Validades ... 5

2.6. Devoluções ... 6

3. Dispensa de Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 6

3.1. Prescrição e validação da receita médica ... 7

3.2. Medicamentos estupefacientes e Psicotrópicos ... 8

3.3. Sistemas de Comparticipação ... 8

3.4. Conferência de receituário e faturação ... 8

4. Dispensa de Medicamentos não Sujeitos a Receita Médica ... 9

5. Outros Produtos de Saúde ... 10

5.1. Produtos Cosméticos e de Higiene Corporal ... 10

5.2. Produtos dietéticos e para alimentação especial ... 10

5.3. Suplementos alimentares ... 11

5.4. Medicamentos Fitoterápicos ... 11

5.5. Artigos de Puericultura ... 11

5.6. Medicamentos de uso veterinário ... 11

5.7. Dispositivos Médicos ... 12

6. Cuidados de Saúde Prestados na Farmácia ... 12

6.1. Determinação da Pressão arterial ... 12

6.2. Determinação de Parâmetros Bioquímicos... 13

6.3. Consultas de Nutrição ... 13

6.4. Administração de Injetáveis ... 13

(7)

6.6. Recolha de Medicamentos - Valormed ... 13

Parte 2 – Projetos desenvolvidos ... 14

1. Resistência aos Antibióticos ... 14

1.1 Enquadramento ... 14

1.2 Introdução ... 14

1.3 Epidemiologia ... 14

1.4 Evolução da Antibioterapia ... 15

1.5 Principais Classe dos Antibióticos e Mecanismo de Ação ... 15

1.6 Mecanismos de Resistência ... 16

1.7 Consequências das Resistências ... 17

1.8 Prevenção e Controlo ... 17 1.9 Conclusão ... 18 2. Proteção Solar ... 19 2.1 Enquadramento ... 19 2.2 Introdução ... 19 2.3 A Pele ... 19 2.4 Radiação solar ... 20  Benefícios ... 21  Malefícios ... 21

2.5 Proteções Intrínsecas da Pele ... 21

2.6 Epidemiologia das Doenças de Pele Causadas pelo Sol ... 22

2.7 Doenças da Pele, Associadas à Radiação Solar ... 22

2.8 Protetores Solares ... 23

 Filtros solares ... 23

 Fator de proteção ... 24

 Formulações dos cremes ... 24

2.9 Medidas Preventivas e Cuidados a Ter ... 25

2.10 Conclusão ... 26

3. Diabetes – Cuidados a ter ... 26

3.1 Enquadramento ... 26

3.2 Introdução ... 26

3.3 Epidemiologia ... 27

3.4 Fisiopatologia – Diabetes tipo 1 e tipo 2 ... 27

3.5 Fatores de Risco ... 29

3.6 Diagnóstico ... 29

(8)

3.7 Objetivos Terapêuticos ... 30

3.8 Tratamento ... 31

 Medidas não farmacológicas ... 31

 Medidas farmacológicas ... 31 3.9 Cuidados a Ter ... 32  Alimentação ... 32  Exercício físico ... 33  Pés ... 33  Administração da insulina ... 33  Hipoglicemia ... 33

 Controlo da glicemia - Auto monitorização ... 33

3.10 Conclusão ... 34

Bibliografia ... 35

Anexos ... 39

Índice de Figuras

Figura 1 - Planta da FCR ... 2

Figura 2 - Conferência de produtos. ... 4

Figura 3 - Mecanismos de resistência a antibióticos [27]. ... 17

Lista de Abreviaturas

ADA – American Diabetes Association DM – Diabete Mellitus

DT – Diretora técnica FCR – Farmácia Cristal FPS - Fator de proteção solar HbA1c – Hemoglobina glicada A1c HC – Hidratos de carbono

INFARMED – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. MNSRM – Medicamento não sujeito a receita médica

MSRM – Medicamento sujeito a receita médica PVP – Preço de venda ao público

(9)

I

NTRODUÇÃO

No panorama atual, e com o plano de estudos atualmente em vigor, o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas finda com a realização de um estágio curricular de pelo menos 6 meses, que incide sobre várias vertentes da função do farmacêutico, mas que passa obrigatoriamente pela sua formação em farmácia comunitária.

De facto, ao fim de 5 anos de estudo e aprendizagem de conhecimentos técnicos e científicos, é necessário experienciar a realidade farmacêutica no contexto comunitário, de modo a cimentar conhecimentos. Cada vez mais é reconhecido o papel do farmacêutico comunitário enquanto detentor de competências científicas, técnicas e humanas, que são testadas durante o estágio profissionalizante. Este permitiu adquirir conceitos únicos para nos tornarmos profissionais de saúde com mais competência.

O meu estágio na Farmácia Cristal (FCR) decorreu entre os dias 15 de janeiro e 30 de abril e de 1 a 15 de julho, de 2017, sob orientação da Dr. Juliana Gomes, e teve como objetivo dar-me a conhecer todos os aspetos do funcionamento de uma farmácia comunitária e como contactar com os utentes. Tive a oportunidade de acompanhar e de ser acompanhado por toda a equipa, o que contribuiu para que tirasse o máximo partido do estágio, e conseguisse crescer tanto a nível pessoal como profissional. Em anexo (Anexo I) encontra-se o cronograma referente às atividades desenvolvidas.

P

ARTE

1

A

TIVIDADES DESENVOLVIDAS NA FARMÁCIA

1.

A

PRESENTAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

E

STRUTURA FÍSICA E FUNCIONAL

1.1.

L

OCALIZAÇÃO E

H

ORÁRIO DE

F

UNCIONAMENTO

A FCR situa-se na Avenida da Liberdade, uma das principais vias da cidade de Braga. Sendo uma das artérias mais movimentadas, localizada em pleno centro histórico, permite à FCR ter uma localização privilegiada. Nas proximidades, existem infraestruturas clínicas, como o Hospital Privado de Braga e a Casa de Saúde de São Lázaro, que permitem à FCR adquirir uma maior importância no fornecimento de serviços e acesso a medicação.

Em relação ao horário de funcionamento, a FCR encontra-se aberta entre as 8:00 h da manhã às 19:30 h da tarde, nos dias úteis. Ao sábado e feriados, a FCR funciona das 9:00 h da manhã às 13:00 h da tarde, reabrindo das 14.00 h às 19:00 h da tarde.

1.2.

U

TENTES

A localização da farmácia é fundamental, definindo o tipo de utentes que usufruem dos seus serviços. Para além da população residente nos quarteirões próximos da farmácia, que têm a FCR

(10)

como a “sua farmácia” de eleição, também existem utentes vindos das estruturas clínicas próximas, que pela proximidade física da FCR, se dirigem a esta para obter a sua medicação.

Sendo a população da cidade de Braga uma população jovem, com muitos estudantes universitários, muitos dos utentes têm idade inferior a 40 anos, contudo, a população mais envelhecida residente nas imediações constitui a grande parte dos utentes.

1.3.

E

SPAÇO

I

NTERNO E

E

XTERNO

O espaço físico da farmácia deve ter em conta não só os requisitos legais obrigatórios, como a necessidade de criar um ambiente acolhedor, que transmita segurança, limpeza e saúde. A tranquilidade numa farmácia é essencial para passar uma mensagem de serenidade e positivismo necessários aos utentes que se encontrem doentes, de modo a permitir uma recuperação rápida e eficaz. A estrutura da farmácia encontra-se descrita na Figura 1.

1.4.

R

ECURSOS

H

UMANOS

A FCR é liderada pela Diretora Técnica (DT), a Dra. Juliana Gomes, sendo ela a responsável por supervisionar todas as atividades da farmácia, otimizar os processos, gerir as motivações da equipa e a responsabilidade última de todas as áreas de suporte aos serviços prestados.

As tarefas executadas na farmácia são distribuídas, mensalmente, por cada pessoa da equipa para que todos possam realizar todas as tarefas disponíveis. Contudo, existem tarefas realizadas unicamente pela DT, como a faturação e realização de encomendas, exceto situações em que esta não se encontre na farmácia.

A equipa é constituída por:

o 2 farmacêuticos: Dra. Juliana Gomes e Dr. Francisco Pinheiro o 2 técnicas de farmácia: Rita Lopes e Cristiana Vieira

(11)

1.5.

S

ISTEMA

I

NFORMÁTICO

Os dados referentes a toda a gestão de vendas e encomendas realizadas na FCR são salvaguardados e analisados pelo software de gestão de Farmácia Spharm™ da empresa SoftReis. Este programa está orientado para aumentar a produtividade dos colaboradores, minimizando os tempos de trabalho e facilitando as tarefas rotineiras, permitindo fazer uma gestão de stocks, de clientes e faturação. O software permite efetuar relatórios e estatísticas para gerir, de forma eficiente, as vendas e a análise de parte económica.

Experiência pessoal: No meu primeiro mês de estágio na FCR, as minhas tarefas focaram-se, principalmente, em torno das atividades associadas ao aprovisionamento e encomendas. Deste modo, comecei por efetuar a receção e conferência de encomendas, onde pude compreender melhor a organização e dinâmica da FCR, que me permitiu realizar um atendimento mais eficaz, posteriormente. Pude, também, conhecer os diversos laboratórios, armazenistas e marcas comercias de medicamentos. Em adição, tive a oportunidade de fazer a verificação de stocks e validades dos produtos e fazer montras, percebendo qual a melhor forma de as tornar apelativas. Em última análise, estas tarefas contribuíram para o meu melhor desempenho, constituindo uma importante base de conhecimento.

2.

G

ESTÃO DA FARMÁCIA

De modo a garantir um bom funcionamento da farmácia, é necessária uma gestão adequada dos produtos, sendo preciso um conjunto de processos administrativos, técnicos e económicos capazes de garantir esse funcionamento. A esse conjunto dá-se o nome de aprovisionamento.

2.1.

G

ESTÃO DE

S

TOCKS

A gestão de stocks deve ser adequada, de forma a garantir a viabilidade económica de uma farmácia. A gestão de stocks é influenciada por diversos fatores, como por exemplo: volume de vendas; capacidade de armazenamento; época do ano (utilização de produtos sazonais); nível socioeconómico e faixa etária dos utentes; campanhas publicitárias em curso; condições de compra/preço/forma de pagamento/bonificações dos armazenistas ou laboratórios. A gestão de stocks na FCR é realizada de acordo com o stock mínimo e máximo, atribuído a cada produto, criando assim um stock ideal.

2.2.

F

ORNECEDORES

Os fornecedores têm um papel importante na contribuição para a disponibilização de serviços aos utentes, pois estes são responsáveis pela disponibilização de produtos à farmácia. Os fornecedores são escolhidos consoante as vantagens que oferecem.

(12)

o Aos laboratórios são feitas compras em quantidades superiores às normais, para obter melhores condições de compra. Na FCR, a maioria dos medicamentos genéricos e produtos cosméticos são encomendados desta forma, como uma importante estratégia comercial;

o Aos armazéns são efetuadas encomendas diárias, processadas informaticamente. Esta função é da responsabilidade da DT. Contudo, podem ser acrescentados a estas encomendas pedidos adicionais por telefone, por qualquer um dos funcionários.

Os fornecedores da FCR são: a Medicanorte, Empifarma, Botelho e Rodrigues e Plural. A aquisição de produtos farmacêuticos inicia-se com elaboração de uma encomenda. O sistema informático gera uma encomenda de acordo com o stock mínimo e máximo, podendo o responsável por este processo aceitar ou modificar a encomenda proposta. Após analisar todas a quantidades necessárias, a DT envia a encomenda para os respetivos fornecedores.

2.3.

R

ECEÇÃO DE CONFERÊNCIA DE PRODUTOS

Após a entrega de uma encomenda na FCR procede-se à conferência dessa encomenda, segundo o esquema a seguir demonstrado (Figura 2).

Se o produto enviado não constar no sistema, procede-se à criação da ficha de produto, introduzindo-se o nome, preço de venda ao público (PVP), prazo de validade, stock mínimo e máximo. Após receção e conferência dos produtos, estes são distribuídos pelas 4 zonas de armazenamento:

o 2 armazéns, usados para guardar encomendas de maiores quantidades, cujos produtos possam ser inseridos nas prateleiras;

Figura 2 - Conferência de produtos.

Armazenamento nos locais adequados

(13)

o Móvel de armazenamento de psicotrópicos e estupefacientes;

o Expositores e estantes, onde são guardados todos os produtos de cosmética.

Todos os medicamentos sujeitos a receita médica (MSRM) têm associado a eles um código de barras que os identifica a nível nacional e os restantes produtos um código nacional de produto, que o identifica a nível nacional, facilitando a movimentação e identificação do produto no mercado.

Na receção das matérias-primas, é verificado o estado da embalagem, existência do nome do produto, lote, validade e boletim analítico válido. A acompanhar os psicotrópicos e os estupefacientes, os armazenistas enviam em duplicado os documentos relativos de acordo com a legislação em vigor [1]. Nestes documentos constam os códigos dos medicamentos em causa, a designação do medicamento, quantidade pedida e enviada e os dados da entidade fornecedora, consta o nome do DT do armazém de distribuição grossista e respetivo número de inscrição na Ordem dos Farmacêuticos. Cabe ao DT, ou farmacêutico substituto, datar, carimbar, assinar e colocar o seu número de inscrição na Ordem dos Farmacêuticos nos duplicados e enviar para o armazenista. Estes documentos devem ser guardados em local específico durante 3 anos.

2.4.

M

ARCAÇÃO DE

P

REÇOS

Os MSRM possuem preços definidos e marcados na embalagem, não podendo este preço ser modificado. Alguns produtos de cosmética, puericultura, fitoterapia, medicamentos não sujeitos a receita médica (MNSRM), não possuem preço estipulado por lei na embalagem, havendo a necessidade de emitir etiquetas com os respetivos PVP´s. Estes preços são calculados de acordo com a seguinte fórmula: PVP = Preço de custo + Margem de comercialização + Imposto sobre o valor acrescentado.

2.5.

V

ERIFICAÇÃO DE

V

ALIDADES

O prazo de validade é a data limite até à qual o fornecedor garante a estabilidade e condições necessárias ao consumo do produto. A existência de diversos produtos na farmácia, faz com que esta tenha de seguir um conjunto de medidas que garantam o controlo das validades. Essas medidas são:

o Sempre que um produto é rececionado, a menor validade é atualizada no sistema;

o Os produtos são armazenados de acordo com a regra First expire, First out (FEFO), garantindo assim que os produtos com validades inferiores sejam dispensados primeiro;

o Periodicamente são impressas listagens de “Controlo de Validade”, onde constam os produtos cujas validades expiram nos 3 meses seguintes a essa data. Após essa verificação, são retirados todos os produtos que se encontrem dentro desses 3 meses ou com a validade ultrapassada. Excecionalmente, os produtos do Protocolo Nacional da Diabetes e de Uso Veterinário devem ser devolvidos com 6 meses de antecedência.

(14)

2.6.

D

EVOLUÇÕES

Produtos cujo prazo de validade esteja ultrapassado ou que se tenha degradado o seu conteúdo ou embalagem, são classificados como quebras no stock ou são devolvidos aos fornecedores ou marcas, caso estes aceitem.

Por um lado, produtos que não estão em condições de serem vendidos aos utentes por alguma razão e que os fornecedores ou produtores não aceitam a sua troca, são denominados de “quebras”. Essas perdas de produto são assumidas pela farmácia, e para o produto retirado dos stocks, é emitido um documento de quebra onde é descrito o motivo da eliminação do produto do stock. Tanto o produto como o documento justificativo da sua eliminação do stock são guardados, durante 10 anos.

Por outro lado, se o produto for aceite, é emitida uma nota de devolução, de forma a enviar o produto para o fornecedor ou laboratório específico. As notas de devoluções são geradas pelo sistema informático, onde deve constar a identificação da farmácia, a identificação do produto, a quantidade e o motivo da devolução. Este documento é impresso em triplicado, sendo o original e o duplicado enviados ao fornecedor e o duplicado, por sua vez, ao laboratório produtor. O triplicado é mantido na farmácia, aguardando a resolução, reposição do produto adequado ou nota de crédito. O pedido de uma nota de devolução, ocorre nas seguintes situações:

o Produtos com prazo de validade a terminar nos 3 meses seguintes, salvo raras exceções; o Deterioração do produto enviado. Neste caso, é anexado o duplicado da fatura/guia de

remessa ao original e duplicado à nota de devolução;

o Recolha de determinado medicamento, no seguimento de uma circular da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde, I.P. (INFARMED) ou algum laboratório. A receção e armazenamento de produtos constituíram atividades que realizei ao longo dos 4 meses de estágio, contribuindo para um conhecimento das existências da farmácia e dos processos decorrentes no back-office.

3.

D

ISPENSA DE

M

EDICAMENTOS

S

UJEITOS A

R

ECEITA

M

ÉDICA

Os MSRM são um grupo de medicamentos que só podem ser dispensados mediante apresentação de uma receita médica (RM) válida. A inclusão neste grupo faz-se quando o medicamento em questão cumpre pelo menos um dos requisitos:

o Constituir perigo para a saúde do utente quando usado sem vigilância médica, mesmo que utilizado para o fim a que se destina;

o Constituir perigo para a saúde do utente quando usado para outros fins que não aquele a que se destina;

o Ser prescrito para administração por via parentérica;

o Conter substâncias, ou preparações derivadas das mesmas, cujo estudo da atividade e dos efeitos adversos seja indispensável.

(15)

Uma vez pertencentes a este grupo, os MSRM podem ser subdivididos em 3 categorias: medicamentos de RM renovável, medicamentos de RM especial, e medicamentos de RM restrita a determinadas especialidades [2].

3.1.

P

RESCRIÇÃO E VALIDAÇÃO DA RECEITA MÉDICA

A prescrição de medicamentos, medicamentos manipulados, medicamentos psicotrópicos e estupefacientes, produtos para autocontrolo da Diabetes Mellitus (DM), produtos dietéticos e para alimentação especial, e dispositivos médicos segue orientações específicas dependentes do modelo de receita na qual é realizada a prescrição. Atualmente são 3 os modelos aceites:

o Receita eletrónica desmaterializada (receita sem papel): o acesso a estas pode ser feito através de códigos (número da receita, código de dispensa e código de opção) enviados ao utente por telemóvel, e-mail ou em papel. Nestas receitas, podem constar na mesma receita vários medicamentos. No caso de medicamentos para tratamentos de curta/média duração, só podem ser prescritas 2 embalagens de cada, com uma validade de 30 dias. No caso de medicamentos para tratamentos de longa duração, podem ser prescritas no máximo 6 embalagens, tendo a receita a validade de 6 meses. Em ambos os casos, o utente pode ir levantando os medicamentos conforme a necessidade.

o Receita eletrónica materializada (receita em papel): este tipo de receitas divide-se em 2 grupos – renováveis e não renováveis. As primeiras destinam-se a tratamentos de longa duração, sendo constituídas por 3 vias, cada uma com um prazo de 6 meses de validade, podendo cada via ser aviada individualmente. As não renováveis destinam-se a tratamentos de curta e média duração e são constituídas por uma via, tendo estas validade de 30 dias. Em ambos os tipos, podem ser prescritos no máximo 4 medicamentos diferentes, num máximo de 2 embalagens por medicamento, e num máximo de 4 embalagens no total;

o Receita manual: este tipo de prescrição só é aceite em casos especiais e justificáveis, como falência informática, inadaptação do prescritor, prescrição no domicílio, ou prescrição máxima de 40 receitas por mês. Após a identificação da respetiva justificação, o farmacêutico verifica a presença da assinatura, local e data de prescrição e os dados do doente, a vinheta do médico e a correta identificação do(s) medicamento(s) prescrito(s). As receitas devem ser preenchidas com a mesma caligrafia e esferográfica, não podendo ser rasuradas.

Os medicamentos são prescritos pela denominação comum internacional, dosagem, forma farmacêutica, apresentação, tamanho da embalagem e posologia. Contudo, em casos especiais, o prescritor pode efetuar a prescrição pelo nome comercial do medicamento, em situações de indisponibilidade de medicamentos genéricos comparticipados ou quando há suspeita previamente reportada ao INFARMED de intolerância, alergia ou reação adversa a um medicamento [3].

(16)

3.2.

M

EDICAMENTOS ESTUPEFACIENTES E

P

SICOTRÓPICOS

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes são substâncias com ação depressora ou estimulante do sistema nervoso central, sendo passível o seu uso abusivo, podendo causar dependência. Em Portugal, integram esta classe de medicamentos os que contenham alguma das substâncias listadas na legislação [1]. Para proceder à dispensa destes medicamentos é necessário, por lei, proceder ao levantamento de dados como: nome do médico prescritor, dados do doente (nome e morada) e dados do adquirente (nome, morada, idade e número de identificação pessoal), tendo este último de apresentar o seu cartão de cidadão aquando da dispensa [3]. Após a dispensa, é impresso automaticamente um documento que comprova a dispensa do medicamento, devendo ser agrafado à cópia da receita e guardado na farmácia durante 3 anos.

3.3.

S

ISTEMAS DE

C

OMPARTICIPAÇÃO

Os sistemas de comparticipação de medicamentos são destinados às melhorias de equidade no valor dos medicamentos que são dispensados aos cidadãos, sendo essa comparticipação efetuada de acordo com a entidade de saúde a que o utente pertence.

O sistema de comparticipação mais frequente é o do Serviço Nacional de Saúde, que engloba 2 regimes de comparticipação: o regime geral, no qual o estado paga uma percentagem do PVP dos medicamentos de acordo com escalões (90% para o escalão A, 69% para o B, 37% para o C e 15% para o D); e o regime especial, identificado pela letra “R” nas RM, que abrange os pensionistas cujo rendimento total anual não excede em 14 vezes o salário mínimo nacional, e para o qual se verifica um acréscimo de 5% para o escalão A e de 15% para os restantes escalões.

Os utentes podem ainda beneficiar de regimes de complementaridade, como os Serviços de Assistência Médico Social, Multicare, Sãvida, Serviços Sociais da Caixa Geral de Depósitos, entre outros [4].

Além dos organismos e sistemas de complementaridade, existem também despachos e portarias que regulamentam a comparticipação do estado, relativamente a medicamentos específicos necessários ao tratamento de determinadas patologias, como por exemplo, hemofilia, paramiloidose, DM, entre outros [5].

3.4.

C

ONFERÊNCIA DE RECEITUÁRIO E FATURAÇÃO

A organização e validação das receitas médicas fazem parte do processo de conferência do receituário, que permite à farmácia ser reembolsada na percentagem relativa ao valor comparticipado do medicamento. Para tal, as receitas são organizadas tendo em conta o organismo comparticipante, o número de lote e o número da receita dentro do respetivo lote (lotes de 30 unidades). Ao completar-se um lote deve proceder-se à sua validação, verificando receita a receita se a medicação dispensada foi a correta e se esta está devidamente preenchida. De seguida, procede-se ao seu fecho através do sistema

(17)

informático, onde é impresso o verbete de identificação do lote, posteriormente carimbado, rubricado e anexado ao respetivo lote de receitas.

Na FCR a conferência das receitas é feita ao longo do mês, no entanto o fecho dos lotes é feito no fim de cada mês. As receitas e a respetiva documentação correspondente ao Serviço Nacional de Saúde são enviadas para o Centro de Conferência de Faturas até ao quinto dia do mês seguinte, e as receitas dos restantes organismos são enviadas por correio para a Associação Nacional das Farmácias até ao décimo dia do mês causa. Na ausência de inconformidades, o envio destes documentos garante o pagamento do valor comparticipado. No caso de haver alguma inconformidade não detetada antes do envio, a farmácia perde o dinheiro correspondente à comparticipação, sendo enviado um documento explicativo com o montante que é comparticipado, o montante que não é comparticipado e a respetiva explicação.

4.

D

ISPENSA DE

M

EDICAMENTOS NÃO

S

UJEITOS A

R

ECEITA

M

ÉDICA

Estão incluídos no grupo dos MNSRM todos os medicamentos que não cumpram nenhum dos requisitos estipulados para os MSRM. Os MNSRM constituem um grupo heterogéneo de medicamentos, usados para tratamento de afeções e sintomatologias menores, que à partida não necessitam de supervisão médica, podendo ser adquiridos de forma livre pelos utentes. Na sua maioria não são comparticipados, sendo o PVP estabelecido pela farmácia [2]. Devido ao seu fácil acesso por parte dos utentes, e por serem muitas vezes a solução mais fácil e rápida para os problemas de saúde destes, tem-se verificado um aumento da automedicação, possivelmente prejudicial e resultando, muitas vezes, num uso abusivo e irracional dos medicamentos. O farmacêutico desempenha um papel importe no aconselhamento da dispensa destes medicamentos, educando e orientando a população para o seu uso racional.

Experiência pessoal: Ainda no primeiro mês de estágio, tive a oportunidade de iniciar o atendimento ao público, procedendo à dispensa de medicamentos. No que toca aos MSRM, contactei com diversas realidades de entre as quais destaco a escolha entre o medicamento de referência e o genérico. No que diz respeito à escolha entre estes dois, verifiquei a existência de 3 grupos de utentes: os que não querem genéricos por duvidarem da sua eficácia; os que apenas querem os genéricos por serem mais baratos e os que pedem aconselhamento ao farmacêutico, de modo a decidir qual usar, tendo em conta a relação preço/efetividade. Por outro lado, verifiquei a existência de erros associados às prescrições (tanto eletrónicas como manuais), principalmente em relação ao tamanho das embalagens e à forma farmacêutica. A dispensa de MNSRM foi, indubitavelmente, a parte mais difícil no que toca ao aconselhamento farmacêutico e à diversidade de produtos existentes no mercado. De modo a colmatar as minhas falhas, debrucei-me mais na análise dos produtos e na consulta dos folhetos informativos, para melhor proceder ao aconselhamento.

(18)

Ao longo do meu estágio, senti que o meu papel foi importante, pelo facto de ser uma das poucas pessoas que tinha a capacidade de comunicar noutra língua, que não o português, nomeadamente inglês, espanhol e francês. Devido a esta característica, sempre que surgia um utente estrangeiro, o meu atendimento era solicitado pelos meus colegas.

Finalmente, destaco dois casos particulares, em que a minha intervenção foi importante para esclarecer as dúvidas dos utentes:

Caso 1: uma utente brasileira dirigiu-se à farmácia para levantar a medicação prescrita pelo médico, para a sua filha e obter esclarecimentos sobre medicamentos que habitualmente adquiria quando se encontrava no Brasil. Depois de se aperceber que eu tentava encontrar opções de medicação equivalente à existente no Brasil, começou a dirigir-se com mais frequência à FCR, solicitando o meu atendimento, por sentir que eu fazia os possíveis por concretizar a sua pretensão.

Caso 2: outro caso que me ficou na lembrança, foi o de uma senhora que pretendia um determinado medicamento, cujo laboratório ela não recordava. Após várias tentativas, em que lhe mostrei as embalagens disponíveis na FCR, tanto do fármaco em questão como não, identificou-o. A partir daí, a utente solicitava sempre o meu atendimento ou a minha informação, para lhe ser fornecido o fármaco daquele laboratório.

5.

O

UTROS

P

RODUTOS DE

S

AÚDE

5.1.

P

RODUTOS

C

OSMÉTICOS E DE

H

IGIENE

C

ORPORAL

Os produtos cosméticos são definidos na lei como substâncias ou preparações cuja utilização visa limpar, proteger, manter em bom estado, melhorar o aspeto, perfumar ou modificar odores corporais das diversas superfícies corporais [6]. Face à crescente procura deste tipo de produtos, não só por razões estéticas, como também por razões de saúde, este ramo da indústria farmacêutica tem vindo a crescer, cabendo ao farmacêutico a tarefa de se atualizar periodicamente, de modo a aconselhar e a ceder os produtos mais indicados a cada utente. Devido à elevada procura deste tipo de produtos na FCR, esta área constitui uma forte aposta da farmácia, possuindo uma boa gama de produtos e marcas.

5.2.

P

RODUTOS DIETÉTICOS E PARA ALIMENTAÇÃO ESPECIAL

Os produtos para alimentação especial distinguem-se dos géneros alimentícios comuns pela sua composição ou processo de fabrico especial, estando indicados em casos concretos de problemas de assimilação e metabolismo, e/ou condições fisiológicas especiais [7]. Na FCR a procura destes produtos é baixa.

(19)

5.3.

S

UPLEMENTOS ALIMENTARES

Os suplementos alimentares são um grupo de produtos que têm como principais caraterísticas serem fontes concentradas de nutrientes e outras substâncias, usadas como complemento à alimentação normal [8]. Devido às múltiplas apresentações, à facilidade de acesso e às campanhas de marketing a eles associados, os suplementos alimentares são cada vez mais procurados por parte da população para os mais variados fins, cabendo ao farmacêutico a tarefa de aconselhar o suplemento mais indicado a cada situação, reforçando sempre a ideia de que a toma de suplementos não substitui a prática de uma dieta saudável e equilibrada. Na FCR os suplementos mais procurados são os produtos multivitamínicos, de emagrecimento, de melhoramento da função cognitiva e memória e destinados à prevenção da queda de cabelo.

5.4.

M

EDICAMENTOS

F

ITOTERÁPICOS

Os medicamentos à base de plantas ou produtos fitoterapêuticos, são aqueles em que as substâncias ativas são única e exclusivamente derivadas de plantas e/ou de preparações à base de plantas. A sua popularidade tem vindo a aumentar devido à ideia de “natural é bom e não apresenta contraindicações”, sendo frequentemente solicitados pelo público. Neste âmbito é importante ressalvar que este tipo de produtos, na sua maioria não é inócuo, e que a sua toma pode interferir com as terapêuticas estabelecidas. Assim, a tarefa do farmacêutico passa por alertar e esclarecer a população quanto a esta problemática. Na FCR, os produtos mais procurados são os que auxiliam a regulação do sono e a melhoria do trânsito intestinal.

5.5.

A

RTIGOS DE

P

UERICULTURA

Os artigos de puericultura formam um vasto arsenal, tendo como função facilitar a alimentação, sucção, higiene, sono e o relaxamento das crianças [9]. Na FCR, a oferta destes produtos é grande, com disponibilidade de papas, leites, farinhas, cremes, biberões, chupetas e tetinas.

5.6.

M

EDICAMENTOS DE USO VETERINÁRIO

Os medicamentos de uso veterinário são definidos na lei como substâncias ou associações de substâncias, que apresentam propriedades preventivas e curativas de doenças e dos seus sintomas em animais, que possam interferir com as funções fisiológicas dos mesmos, ou que possam ser utilizadas com fins de diagnóstico médico-veterinário [10]. Destaca-se o facto de determinados medicamentos de uso humano, como antibióticos e anti-inflamatórios, poderem ser vendidos para uso em animais, mediante prescrição de um médico veterinário. Na FCR existem sobretudo produtos destinados a animais de companhia, nomeadamente antiparasitários de uso interno e externo, sendo a sua procura relativamente reduzida.

(20)

5.7.

D

ISPOSITIVOS

M

ÉDICOS

Entende-se por dispositivo médico todo o instrumento, aparelho, equipamento, material, artigo, ou software sem ação farmacológica, metabólica ou imunológica, usado individualmente ou em combinação no Homem para: diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença, lesão ou deficiência; estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico; e controlo da conceção [11].

A FCR possui diversos tipos de dispositivos médicos destacando-se o material ortopédico (meias elásticas e de descanso), material de penso e sutura, material para ostomizados (sacos, pensos), material para medição de parâmetros biológicos (medidores de tensão arterial e glicémia), termómetros, testes de gravidez e preservativos.

Experiência pessoal: Ao longo dos 4 meses de estágio, além da dispensa de MSRM e MNSRM, tive a oportunidade de aconselhar os utentes acerca de outro tipo de produtos, tais como os produtos cosméticos, de puericultura, suplementos alimentares, entre outros. Na FCR, verifiquei que a maioria dos utentes procurava suplementos, especialmente os mais idosos, de modo a suprir as suas necessidades; produtos cosméticos, tanto na população mais jovem como mais velha; e finalmente produtos de puericultura.

Caso particular: Gostaria de destacar o caso de uma utente que foi comprar medicação para a sua mãe de 90 anos, diagnosticada com glaucoma e que insistia em tomar uma medicação convencional desaconselhada para uma gripe/constipação, devido aos efeitos secundários. Deste modo, pelo facto de não ser aconselhável o uso de medicamentos antigripais, aconselhei a compra de um suplemento de vitamina C, o que melhoraria o seu sistema imunitário, naturalmente debilitado nestes estados de saúde e nesta faixa etária.

6.

C

UIDADOS DE

S

AÚDE

P

RESTADOS NA

F

ARMÁCIA

6.1.

D

ETERMINAÇÃO DA

P

RESSÃO ARTERIAL

A determinação da pressão arterial é feita num aparelho específico que é regularmente avaliado para garantir a fiabilidade das determinações. É necessário adotar algumas medidas antes de proceder à medição, tais como: repousar antes da medição para regularizar o batimento cardíaco; e obter informação, se possível, acerca da medicação tomada, alimentos ingeridos antes da medição e estado psicológico e físico do doente, para tirar as conclusões mais acertadas.

Valores de pressão arterial elevados ou diminuídos podem ter várias origens, contudo, em ambas as situações deve-se aconselhar o utente a fazer nova determinação no dia seguinte à mesma hora, de modo a saber se aquele valor foi ocasional. Em adição, deve-se aconselhar cuidados a ter, de modo a evitar valores elevados/baixos, tendo sempre em conta o historial do utente.

(21)

6.2.

D

ETERMINAÇÃO DE

P

ARÂMETROS

B

IOQUÍMICOS

A determinação de parâmetros bioquímicos (colesterol e triglicerídeos) é efetuada na FCR, precedida da recolha de informação sobre o utente e preparação do material. Além da determinação do colesterol e triglicerídeos, na FCR também de determina a glicemia. Para estas determinações é usada a punção capilar, na zona lateral da polpa do dedo, evitando o mais possível a sensação de dor. O sangue é recolhido para um capilar, que contém anticoagulante, para evitar que este coagule. Este é colocado na tira que, posteriormente, é colocada na máquina. Os valores obtidos são registados em cartões específicos fornecidos aos utentes, de forma a estes poderem utilizar a informação nas consultas médicas, se necessário.

6.3.

C

ONSULTAS DE

N

UTRIÇÃO

Na FCR, os utentes têm à sua deposição a possibilidade de consultas de nutrição, em dias pré-definidos e mediante marcação. Para tal, os pacientes devem proceder à solicitação do mesmo aos farmacêuticos.

6.4.

A

DMINISTRAÇÃO DE

I

NJETÁVEIS

A FCR proporciona aos seus utentes a administração de injetáveis, nomeadamente de vacinas que não constam no Plano Nacional de Vacinação, e de soluções constituídas por anti-inflamatórios sistémicos, por profissionais devidamente creditados e habilitados para o efeito, o que garante a qualidade e segurança do serviço. Para o utente, este serviço acaba por ser uma mais-valia devido à maior acessibilidade da farmácia relativamente ao hospital e pela maior disponibilidade dos farmacêuticos relativamente aos enfermeiros.

6.5.

T

ESTES DE

G

RAVIDEZ

A FCR disponibiliza testes de gravidez, mas não são realizados na farmácia. O farmacêutico deverá informar a utente de que um possível resultado negativo não excluiu a possibilidade de gravidez, devido ao limite de sensibilidade do teste. Contudo, um resultado positivo (duas bandas) tem uma interpretação inequívoca.

6.6.

R

ECOLHA DE

M

EDICAMENTOS

-

V

ALORMED

A Valormed é uma sociedade sem fins lucrativos que envolve a indústria farmacêutica, as distribuidoras e as farmácias na tentativa de recolher e gerir os resíduos de medicamentos, a fim de evitar que estes se misturem e sejam tratados como resíduos urbanos, o que pode constituir um risco em termos ambientais e para a saúde pública [12]. Neste sentido, cabe ao farmacêutico consciencializar a população para esta temática, incentivando à entrega de medicamentos não usados, fora de prazo e embalagens vazias na farmácia, uma prática comum na FCR. Os resíduos vão sendo colocados num contentor apropriado que, quando cheio, é selado, pesado e identificado com o nome e número da

(22)

farmácia, bem como o nome do armazenista a que se destina. Finalmente, é recolhido pelo armazenista que o encaminha para as entidades responsáveis pela reciclagem e incineração dos resíduos.

P

ARTE

2

P

ROJETOS DESENVOLVIDOS

1.

R

ESISTÊNCIA AOS

A

NTIBIÓTICOS

1.1

E

NQUADRAMENTO

Como é do conhecimento geral, no seio dos profissionais de saúde e dos estudantes da área, a população portuguesa em geral revela pouco conhecimento acerca do uso dos antibióticos e da ação dos mesmos. Ao longo da realização do estágio, tive a oportunidade de confirmar essa falta de conhecimento dos utentes, através do simples pedido de antibiótico para tratar uma gripe ou constipação. Assim, aliando este facto à altura do ano em que o estágio ocorreu (inverno), verificando-se uma maior procura destes medicamentos, optei por esclarecer esta temática. De modo a verificando-sensibilizar aos utentes, procedi à realização de um poster (Anexo II) e um folheto informativo (Anexo III), contendo informação simples e concisa, começando por demonstrar à comunidade a existência dos 4 principais agentes etiológicos das infeções (bactérias, fungos, parasitas e vírus), quais os fármacos indicados para o tratamento de cada agente, como ocorre a seleção de bactérias com resistências adquiridas, quais os problemas associados e como preveni-los.

1.2

I

NTRODUÇÃO

A descoberta dos antibióticos foi a revolução da medicina no século XIX, sendo que o seu uso descontrolado foi acompanhado pelo rápido aparecimento de estirpes resistentes [13].

Os antibióticos geralmente são eficazes contra as bactérias, mas quando estas se tornam menos sensíveis ou resistentes, é necessária uma concentração maior do que o normal para obter o efeito pretendido. A resistência aos antibióticos ocorre quando este perde a sua capacidade de inibir o crescimento bacteriano de forma eficaz. As bactérias tornam-se "resistentes" e continuam a multiplicar-se na presença de níveis terapêuticos de fármaco [14].

1.3

E

PIDEMIOLOGIA

Por um lado, a epidemiologia da resistência é local, sendo que a maioria dos surtos envolve pacientes de determinadas comunidades, e a prevalência de resistência é frequentemente maior naquelas onde os pacientes mais vulneráveis estão reunidos e onde o uso dos antibióticos é mais frequente [15].

Por outro lado, a epidemiologia da resistência é mundial. Verificou-se que na Europa, a resistência aos antibióticos segue um padrão em que se verifica um aumento na prevalência nas regiões

(23)

sul relativamente às regiões do norte. Na América do Norte, por sua vez, as taxas de resistência são mais altas nos Estados Unidos do que no Canadá. Algumas das piores taxas de resistência encontram-se nos paíencontram-ses que enriqueceram recentemente, leste da Ásia e da América do Sul [15]. Outro fator de internacionalização deve-se ao facto de algumas estirpes resistentes se disseminarem entre países e continentes, devido à circulação de pessoas [15]. Finalmente, a epidemiologia da resistência é internacional, na medida em que algumas estirpes resistentes se disseminam entre países e continentes [15].

Em Portugal, verificou-se que as taxas de infeção adquirida no hospital, são superiores à média europeia de 6,1% (Tabela 1) e que a percentagem de doentes internados medicados com antibiótico, relativamente a hospitais europeus, é maior [16].

Tabela 1 - Prevalência de infeções hospitalares e de consumo de antibióticos, 2011-2012 (adaptado de [16])

Prevalência de infeção hospitalar Uso de antibióticos

Portugal União Europeia Portugal União Europeia

Mulher 8,8% 5,4% 42,3% 33,2%

Homem 12,4% 7,2% 48,3% 39,2%

População global 10,5% 6,1% 45,3% 35,8%

Projeções internacionais estimam que se não se atuar de modo a impedir a progressão da resistência aos antibióticos, por volta de 2050 morrerão por ano cerca de 390 000 pessoas na Europa e 10 milhões em todo o Mundo (Anexo IV) [16].

1.4

E

VOLUÇÃO DA

A

NTIBIOTERAPIA

O primeiro antibiótico a ser descoberto foi a arsfenamina (sulfunilureia) [17], no entanto, a descoberta da penicilina nos finais do séc. XIX, pelo escocês Alexander Fleming (1928) revolucionou a medicina em inúmeros aspetos, constituindo um ponto de viragem na história da medicina. A partir da descoberta da penicilina, surgiram os restantes membros da classe [13].

De seguida, em 1943 isolou-se a estreptomicina, o primeiro composto da classe dos aminoglicosídeos e, em 1948, procedeu-se ao isolamento das cefalosporinas [17]. Posteriormente, segue-se a descoberta das tetraciclinas, macrólidos e das fluroquinilonas. Finalmente, a descoberta mais recente foi a da tienamicina, o primeiro exemplar da família dos carbapenemos [18], que constituem a última linha de tratamento na clínica.

1.5

P

RINCIPAIS

C

LASSE DOS

A

NTIBIÓTICOS E

M

ECANISMO DE

A

ÇÃO

Devido à natureza da célula procariótica bacteriana, os antibióticos usados na terapêutica baseiam-se nas diferenças entre as células eucarióticas humanas e as células bacterianas. Assim, surgem as diferentes classes de antibióticos, criando um grupo heterogéneo, sendo que alguns atuam

(24)

ao nível da parede celular e outros na síntese proteica [19]. Deste modo, podemos separar os antibióticos em duas principais classes: antibióticos β-lactâmicos e não β-lactâmicos.

Relativamente aos β-lactâmicos, a penicilina G, foi o primeiro exemplar a ser descoberto, criando a classe dos β-lactâmicos e servindo de base para a criação dos restantes fármacos da classe [20]. Embora possam ser classificados em subclasses, nomeadamente: penicilinas, cefalosporinas (4 gerações), carbapenemos e monobactâmicos, todos têm uma estrutura química característica - anel β-lactâmico. Estes antibióticos atuam ao nível da parede celular bacteriana, pela ligação a proteínas de ligação à penicilina, inibindo, assim, a síntese da parede celular de peptidoglicano bacteriano. Os β-lactâmicos possuem atividade bactericida [20].

Os antibióticos não β-lactâmicos, por sua vez, constituem uma família heterogénea, onde podemos encontrar as quinolonas/fluoroquinolonas, as sulfonamidas, os aminoglicosídeos, os macrólidos e as tetraciclinas. As quinolonas/fluoroquinolonas e sulfonamidas atuam como inibidores no metabolismo do ácido fólico, os aminoglicosídeos, macrólidos e tetraciclinas pela inibição da síntese da porção 30S do ribossoma [21].

1.6

M

ECANISMOS DE

R

ESISTÊNCIA

A resistência adquirida ocorre quando as bactérias naturalmente suscetíveis adquirem genes que codificam mecanismos de resistência, via mutação ou transferência de material genético, entre bactérias. Essa transferência de genes ocorre por elementos genéticos móveis (como plasmídeos e moléculas circulares de DNA de cadeia dupla independentes do cromossoma), sendo que esta pode ocorrer por conjugação, transdução ou transformação [22].

Uma das formas de resistência é a produção de enzimas (Figura 3), como as β-lactamases, que hidrolisam os antibióticos. As β-lactamases são enzimas capazes de hidrolisar o anel β-lactâmico dos antibióticos presentes no espaço periplasmático da parede celular das bactérias de gram-negativo, levando à falha terapêutica dos fármacos [22]. Dentro das β-lactamases, encontramos outros tipos que se caracterizam por hidrolisar antibióticos específicos, como é o caso das β-lactamases de espetro alargado [23], AmpC [24] e carbapenemases [25].

Outras estratégias de resistência das bactérias são:

o alteração de permeabilidade da parede celular (Figura 3), pela alteração das proteínas de ligação à penicilina, diminuindo a concentração de fármaco no espaço periplasmático da parede celular [26];

o presença de proteínas de transporte (Figura 3) – bombas de multirresistência a fármacos - que bombeiam o fármaco para o exterior da célula, impedindo que este exerça a sua ação [26].

(25)

Figura 3 - Mecanismos de resistência a antibióticos [27].

1.7

C

ONSEQUÊNCIAS DAS

R

ESISTÊNCIAS

A resistência aos antibióticos tem consequências significativas para a saúde pública e implicações económicas [27]. Estima-se que morram cerca de 25000 pessoas, na Europa, por ano devido a infeções hospitalares, causadas por bactérias resistentes. Isto resulta num gasto de 15.000.000.000 € em saúde pública [22].

Devido ao aumento da proporção de população com mais de 65 anos e das taxas de comorbilidades, bem como o crescente uso de procedimentos médicos mais complexos com riscos de infeção associados, a necessidade de antibióticos aumenta [27]. Consequentemente, surge um crescente número de infeções não tratáveis e uma diminuição da eficácia dos regimes terapêuticos empíricos, levando ao aumento da morbidade e mortalidade [22].

Resumindo, a diminuição da eficácia dos antibióticos leva a um maior tempo de internamento e recuperação [27], com efeitos negativos nos resultados dos tratamentos cirúrgicos e imunossupressores e à de falta de antibióticos orais para tratar infeções na comunidade. Nos últimos anos, tem-se assistido a um uso crescente de antibióticos mais antigos, como a fosfomicina e a temocilina, que haviam sido abandonados devido a preocupações com a toxicidade, incluindo a nefrotoxicidade. Infeções inadequadamente tratadas e não controladas aumentam o risco de transmissão microbiana, disseminando a resistência, no seio das comunidades [22].

1.8

P

REVENÇÃO E

C

ONTROLO

A resistência aos antibióticos é acelerada pelo uso incorreto e excessivo dos mesmos, bem como pela deficiente prevenção e controlo das infeções. Devem ser tomadas medidas a todos os níveis da sociedade, de modo a reduzir o impacto e limitar a disseminação da resistência [22] [28].

(26)

Primeiramente, a nível da população em geral, a disseminação das bactérias resistentes pode ser impedida pelo uso de antibióticos apenas quando prescrito por um profissional de saúde certificado; garantir o correto uso terapêutico dos mesmos pela não partilha de antibióticos; lavar as mãos com regularidade e preparar os alimentos de forma higiénica; evitar o contacto próximo com pessoas doentes; manter as vacinas atualizadas e praticar sexo seguro [28].

De seguida, os profissionais de saúde devem garantir a limpeza do ambiente, dos instrumentos e das suas mãos; prescrever antibióticos apenas quando necessário, de acordo com as diretrizes atuais; relatar infeções por bactérias resistentes a antibióticos às equipas de vigilância; conversar com seus pacientes sobre a prevenção de infeções e como tomar antibióticos corretamente e quais as consequências e problemas associados à resistência aos antibióticos [28].

Finalmente, mas não menos importantes, tanto os políticos como os agricultores/criadores de animais devem também tomar medidas que visem a diminuição do aparecimento e disseminação de bactérias resistentes aos antibióticos. Os políticos devem implementar planos de ação robustos para combater a resistência aos antibióticos, promover o correto uso e dispensa de medicamentos de qualidade e estimular a vigilância de infeções [28]. Por outro lado, o setor agrícola deve garantir a qualidade dos alimentos, administrando os antibióticos sobre a supervisão de veterinários, vacinando os animais para reduzir a necessidade do uso de antibióticos e não os usando para promover o crescimento dos animais [28].

A pesquisa e desenvolvimento de novos antibióticos, nomeadamente com novos mecanismos de ação, é crucial para evitar as infeções intratáveis. Assim, é necessário um investimento público e privado nas empresas farmacêuticas para desenvolverem novos antibióticos[22].

O aumento da consciencialização pública global é um dos pontos chave para travar a progressão que se tem observado [22] e, como tal, a realização de campanhas públicas é uma mais valia [22]. Neste sentido, nos últimos anos, procedeu-se ao desenvolvimento de múltiplas estratégias e campanhas nacionais e internacionais, com vista a combater a resistência aos antibióticos, que, finalmente, é reconhecida como uma ameaça importante [22].

1.9

C

ONCLUSÃO

A descoberta de antibióticos é a chave para a continuidade da medicina moderna. Assim, se a descoberta de antibióticos continuar na mesma proporção, a era dos antibióticos terminará dentro de algumas décadas, pelo menos para muitas infeções gram-negativas [29].

Para que haja uma melhoria na prestação de cuidados de saúde e da eficácia dos antibióticos, é crucial adotar medidas preventivas e proceder à consciencialização da população, no sentido do correto uso dos antibióticos e no controlo da disseminação de bactérias resistentes.

Com a abordagem deste tema e, especialmente, por meio dos folhetos informativos, penso que consegui semear algumas noções básicas desta problemática, quer na população mais velha, quer na mais jovem. Notei um especial interesse dos utentes pelos folhetos, especialmente quando se dirigiam

(27)

à farmácia para adquirir antibióticos. Deste modo, concluo que houve um balanço positivo com a realização deste projeto, por ter influenciado positivamente, a forma como as pessoas veem os antibióticos.

2.

P

ROTEÇÃO

S

OLAR

2.1

E

NQUADRAMENTO

Atualmente, a sociedade vê o sol e a sua radiação, como uma forma de melhorar o aspeto físico da pele, o que fez com que a exposição ao sol passasse a ser excessiva e descontrolada, resultando num aumento da incidência de problemas de pele, tal como o cancro da pele. Deste modo, decidi abordar a temática da exposição solar e a importância da proteção solar, numa escola de Braga, Escola Secundária de Alberto Sampaio, de forma a incutir o conhecimento sobre a radiação ultravioleta (UV) e perigos a ela associados, nas comunidades mais jovens. Assim, e com o objetivo de informar e sensibilizar para os perigos da exposição indiscriminada ao sol, procedi à realização de uma palestra para alunos do 11º ano, com recurso a uma apresentação em PowerPoint (Anexo V), na expetativa de incutir uma postura correta na forma como se expõem ao sol ou reformular ideias erradas, pré-concebidas. Devido ao nível etário e de conhecimento dos alunos, foi-me possível expor o tema de um modo mais aprofundado e, assim, demonstrar melhor os problemas associados à exposição solar inadequada. Em adição, distribuí amostras de protetores solares da Uriage® e da Bioderma®,

juntamente com o respetivo catálogo informativo, onde são explicados conceitos básicos sobre a exposição solar e apresenta a gama de produtos solares das respetivas marcas.

2.2

I

NTRODUÇÃO

A radiação UV do sol é uma das principais ameaças ambientais para o corpo humano, nomeadamente para a pele. Não é surpreendente que a exposição contínua ao longo da vida à radiação bioquimicamente ativa tenha efeitos profundos na pele, com um grande impacto na saúde [30].

A pele possui diversas respostas específicas para minimizar os danos causados pela radiação. Assim, a exposição aos raios UV é uma das principais causas não só do cancro da pele, mas também de outras doenças da pele [30].

Neste sentido, surge a necessidade de usar protetores solares, capazes de proteger a nossa pele da ação dos raios UVA e UVB e, consequentemente, dos perigos inerentes a estas. Consoante o tipo de pele, tanto do fototipo como do perfil lipídico da pele, o protetor solar deve ser adaptado a cada um dos tipos.

2.3

A

P

ELE

A pele é o maior órgão do corpo, constituindo cerca de 16% da massa corporal. A pele é organizada em duas camadas primárias, epiderme e derme. A epiderme, de origem ectodérmica, é organizada em camadas funcionais definidas e constitui a camada mais externa, onde os corneócitos –

(28)

células mortas – formam a principal barreira protetora da pele e acumulam pigmentos de melanina. Devido ao permanente contacto com o meio ambiente, esta possui características biológicas e físicas únicas que permitem desempenhar um papel fundamental na resistência a agentes ambientais depressores (agentes infeciosos, químicos e radiação UV). Os queratinócitos são as células mais abundantes da epiderme e são caracterizados pela expressão de citoqueratinas e formação de desmossomas/junções apertadas entre si para, formando uma barreira físico-química efetiva. A derme, subjacente à epiderme, abriga estruturas cutâneas como os folículos pilosos, nervos, glândulas sebáceas, glândulas sudoríparas e melanócitos (mas também encontrados na epiderme). Contém, também, células imunes abundantes e fibroblastos, que participam ativamente nas respostas fisiológicas na pele [31].

2.4

R

ADIAÇÃO SOLAR

A luz solar constitui um espetro contínuo de radiação eletromagnética, dividida em três principais zonas de comprimento de onda: ultravioleta, visível e infravermelho [32].

A radiação infravermelha é a responsável pela produção de calor [32]. A região do UV é a mais significativa neste contexto, pelo facto de levar ao fotoenvelhecimento e cancro de pele. Esta é subdividida em UVA (315–400 nm), UVB (280–315 nm) e UVC (100–280 nm). Cerca de 90–99% da radiação que atinge a superfície terrestre é a radiação UVA e apenas 1–10% UVB [32]. A radiação UVC é retida na quase totalidade pela camada de ozono [31].

Biologicamente, a radiação UV penetra na pele de uma forma dependente do comprimento de onda. A radiação UVA, cujo comprimento de onda é o mais longo, penetra mais profundamente na pele, podendo atingir a derme e até mesmo a superfície da hipoderme. Em contraste, a radiação UVB é praticamente absorvida pela epiderme, atingindo pouco a derme [31].

A radiação UVA leva à produção de espécies reativas de oxigénio, que podem danificar o DNA por meio de reações de fotossensibilização indireta. Este tipo de radiação é responsável pelo envelhecimento cutâneo prematuro, pelo aparecimento de rugas e perda de elasticidade [33]. A radiação UVB é diretamente absorvida pelo DNA, originando rearranjos moleculares com formação de produtos específicos, como dímeros de ciclobutano e, consequentemente, mutações e cancro [31].

A radiação UVB é responsável pelo bronzeamento indireto, pelo aumento de produção de melanina (pigmento responsável pelo bronzeamento) e a radiação UVA é responsável pelo bronzeamento direto, ao oxidar a melanina pré-existente, resultando na hiperpigmentação [31]. Relativamente à capacidade de causar queimaduras solares, apenas radiação UVB leva ao aparecimento de eritemas [33].

Tal como outros fatores ambientais, a radiação solar apresenta efeitos benéficos e prejudicais, sendo por isso importante dosear a exposição à radiação solar.

(29)

Benefícios

Dentro dos benefícios podemos referir a melhoria do humor, o bronzeamento e a capacidade de melhorar doenças de pele, como a psoríase, o eczema atópico e a acne. Destaca-se, também, a síntese de vitamina D, que desempenha um papel essencial na manutenção do esqueleto ósseo mineralizado saudável [34]. A principal função biológica da vitamina D é manter as concentrações séricas de cálcio e fósforo dentro dos níveis normais, para manter as funções celulares essenciais e promover a mineralização do esqueleto [34]. A exposição ao sol fornece, à maioria dos humanos, a necessidade de vitamina D, levando à produção da vitamina D3 na pele [34].

Malefícios

Relativamente aos malefícios causados pelo sol pode-se mencionar: desidratação, queimaduras solares, manchas de pele, tumores, problema oculares, discromias e fotoenvelhecimento [31].

O fotoenvelhecimento da pele depende, principalmente, do grau de radiação UV e da quantidade de melanina da pele (fototipo da pele) [35], mas também de fatores genéticos e ecológicos, alterações hormonais e a intensidade dos processos metabólicos [36]. Além do dano, direto ou indireto, no DNA, a radiação UV ativa os recetores da superfície celular de queratinócitos e fibroblastos da pele e leva à quebra do colagénio existente na matriz extracelular e à diminuição da síntese de novas fibras de colagénio [35]. Em adição, a exposição aguda da pele à radiação leva à depleção das reservas de antioxidantes endógenos, com a consequente oxidação de biomoléculas importantes para manter integridade da pele [35]. Os sinais clínicos do fotoenvelhecimento são a despigmentação, as rugas e manifestações cutâneas anómalas [37].

2.5

P

ROTEÇÕES

I

NTRÍNSECAS DA

P

ELE

Apesar do sol apresentar benéficos para o nosso organismo e o seu correto funcionamento, quando nos expomos em demasia à radiação, esta passa a constituir um agente agressor. A radiação UV tem muitos efeitos na fisiologia da pele, com algumas consequências ocorrendo de forma aguda e outras de forma retardada [31]. De modo a combatê-la, a pele adota mecanismos de proteção, como a produção de melanina, o espessamento da pele e ativação de vias apoptóticas [31].

A melanina, é um pigmento endógeno, que dispersa e absorve a luz UV, sendo a sua síntese estimulada e aumentada por esta [38]. Esta assume duas formas químicas – eumelanina e feomelanina. A eumelanina é um pigmento escuro, expresso abundantemente na pele de indivíduos fortemente pigmentados, e a feomelanina um pigmento de cor clara. Assim, os indivíduos de pele clara são, quase sempre, sensíveis aos raios UV e têm maior risco de desenvolver cancro de pele [31].

Outro dos efeitos agudos da radiação UV na pele é a indução da inflamação, induzindo uma cascata de citoquinas, mediadores vasoativos e neuroativos da pele que, juntamente, resultam numa

(30)

resposta inflamatória - eritema. Se a quantidade de radiação exceder a resposta de dano limiar, os queratinócitos ativam vias apoptóticas [31].

Finalmente, a radiação UV leva a um aumento na espessura da epiderme - hiperqueratose. Ao causar lesão celular, a radiação induz danos nas vias de resposta nos queratinócitos, na sua fisiologia e aumentam a sua proliferação, o que resulta na sua acumulação e aumento da espessura da epiderme. A hiperplasia epidérmica protege a pele contra a penetração dos raios UV [31].

2.6

E

PIDEMIOLOGIA DAS

D

OENÇAS DE

P

ELE

C

AUSADAS PELO

S

OL

O cancro de pele representa o grupo mais comum de neoplasias malignas na população caucasiana. A taxa de incidência de melanoma e cancro de pele não melanoma está a aumentar mundialmente, enquanto a mortalidade associada permanece estável ou a diminuir ligeiramente. No geral, o risco de desenvolver melanoma ao longo da vida é de cerca de 2,4% em caucasianos, 0,1% em negros e 0,5% em hispânicos. O risco de melanoma aumenta com a idade, sendo, aproximadamente, 1,5 vezes mais frequente nos homens do que nas mulheres [39].

Em 2016, registou-se no nosso país 244 mortes por melanoma maligno da pele, representando 0,2% da mortalidade, tendo atingido de igual modo homens (0,2% do total de óbitos de homens) e mulheres (0,2% no caso das mulheres). Por idade, cerca de 70% dos óbitos foram de pessoas com 65 ou mais anos, e cerca de 49% com 75 ou mais anos. A taxa bruta de mortalidade devido a tumor maligno da pele, em 2016, foi de 2,4 óbitos por 100 000 habitantes (2,7 para os homens e 2,1 para as mulheres). O número de anos de vida potencialmente perdidos por causa desta doença foi de 1 318 anos em 2016, mais elevado no caso dos homens do que para as mulheres [40].

Verificou-se, também, que cerca de 65–90% dos melanomas são atribuíveis à exposição à radiação UV [32].

2.7

D

OENÇAS DA

P

ELE

,

A

SSOCIADAS À

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ADIAÇÃO

S

OLAR

Uma grande variedade de dermatoses podem surgir em áreas expostas ao sol e, ao mesmo tempo, induzidas ou exacerbadas pela sua radiação [41]. O espetro de perturbações da pele relacionados com a exposição à luz solar varia desde queimaduras solares agudas e fotodermatoses até a doenças crónicas exacerbadas pela sua exposição, como o lúpus eritematoso e o cancro de pele [41].

Neste contexto, surgem, então inúmeras patologias associadas à exposição solar, com diferentes graus de gravidade.

As reações cutâneas induzidas pele sol, apresentam diferentes intensidades relativamente à sua manifestação, onde se pode mencionar: as queimaduras solares, com características clínicas conhecidas por todos; o fotoenvelhecimento extrínseco, com mudanças crónicas induzidas pela luz solar, devendo ser distinguido do envelhecimento intrínseco; a elastose actínica, entre outras [41].

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