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 Formulações dos cremes

3. D IABETES – C UIDADOS A TER

3.1 E

NQUADRAMENTO

A incidência de DM em Portugal, e no mundo, tem vindo a aumentar consideravelmente [52], pelo que há um grande número de indivíduos com esta doença, tal como pude constatar no decorrer do estágio. Verifiquei, ainda, que a maioria dos utentes com DM integra a população idosa, o que leva a um menor conhecimento da doença e, consequentemente, uma menor atenção nos cuidados especiais a tomar. Assim, de modo a dar a conhecer a doença, os problemas associados e a alertar os utentes acerca dos cuidados que estes devem tomar, procedi à realização de um folheto informativo (Anexo VII), que distribui na farmácia. Um fator importante no controlo da glicémia é a alimentação saudável, que nestas faixas etárias são difíceis de alcançar. Neste sentido, decidi reunir receitas próprias para diabéticos de livros de culinária, elaborar receitas apelativas (Anexo VIII) e distribui-las aos utentes diabéticos. Ainda, num dia definido entreguei gomas próprias para diabéticos (Anexo IX), dando a conhecer receitas de comida saborosa e doces que os diabéticos podem comer ocasionalmente.

3.2 I

NTRODUÇÃO

Com a explosão mundial de obesidade, a prevalência de DM tipo 2 é cada vez maior, sendo esta uma doença não transmissível, que se tornou um flagelo do nosso tempo, não conhece fronteiras e atualmente afeta mais de 370 milhões de pessoas em todo o mundo. Sem o tratamento e a compreensão desta síndrome, os problemas macro e microvasculares associados continuarão a aumentar nas próximas décadas [53].

A DM é um distúrbio metabólico caracterizado pela presença de hiperglicemia crónica, acompanhada de maior ou menor comprometimento do metabolismo dos hidratos de carbono (HC), lipídios e proteínas [54]. Devido ao impacto da DM hoje em dia, é essencial a implementação de medidas preventivas e curativas [54] e educar cada vez mais os doentes sobre os cuidados especiais a ter, de modo a diminuir a mortalidade e a morbilidade deste pacientes.

3.3 E

PIDEMIOLOGIA

A DM é, provavelmente, uma das doenças mais antigas conhecidas pelo homem. Foi relatado pela primeira vez, nos manuscritos egípcios, cerca de 3000 anos atrás [54].

A nível mundial, o número de indivíduos com DM aumentou para 422 milhões em 2014, sendo que a prevalência global de DM em adultos com mais de 18 anos subiu para 8,5%. A prevalência de DM também tem vindo a aumentar rapidamente em países em desenvolvimento [52].

Esta patologia é uma das principais causas de cegueira, insuficiência renal, enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral, trombose e amputação de membros inferiores. Estima-se que em 2015, 1,6 milhões de mortes foram diretamente causadas pela DM e, que em 2012, 2,2 milhões fora, atribuídas à glicemia elevada. Além disso, quase metade das mortes atribuídas à elevada glicémia ocorreram antes dos 70 anos. A OMS projeta que a DM será a sétima principal causa de morte em 2030 [52].

Em Portugal, estimou-se que a prevalência, em 2015, de DM na população portuguesa com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos foi de 13,3%, ou seja, mais de 1 milhão de portugueses. Destes 13,3%, 56% dos indivíduos apresentavam DM diagnosticada e 44% não diagnosticada. Entre géneros, verificou-se uma diferença significativa na prevalência, 15,9% nos homens e 10,9% nas mulheres. Além disso, verifica-se um grande aumento da prevalência de DM com a idade [55].

3.4 F

ISIOPATOLOGIA

D

IABETES TIPO

1

E TIPO

2

Na DM, na maioria das vezes, há uma diminuição da secreção de insulina pelas células β das ilhotas de Langerhans do pâncreas, sendo em muitos casos a hereditariedade um fator determinante no desenvolvimento da doença. Existem vários fatores que podem desencadear a DM [56].

A DM tipo 1 é caracterizada pela destruição das células β, por um processo autoimune, levando, geralmente, à deficiência absoluta de insulina. Este é geralmente caracterizado pela presença anticorpos anti células dos ilhéus (ICA), anti-insulina (IAA), anti-descarboxilase do ácido glutâmico (anti-GAD), anti-tirosina fosfatase de decarboxilase do ácido glutâmico, que levam à destruição das células β, identificando o processo autoimune [54]. Nestes casos, geralmente o tratamento com insulina é a única solução e para toda a vida. Nas crianças e adolescentes o aparecimento de sintomas é abrupto e nos adultos, com idades entre os 30-35 anos, existem dificuldades de diagnóstico pela existência de uma forma subaguda, de evolução lenta [54].

A DM tipo 2 compreende 80% a 90% de todos os casos de DM. A maioria dos indivíduos apresenta obesidade intra-abdominal (visceral), que está intimamente relacionada à presença de

resistência à insulina. Além disso, a hipertensão e dislipidemia (níveis de triglicerídeos elevados e colesterol HDL baixo, hiperlipidemia pós-prandial) estão frequentemente presentes nestes indivíduos. Esta é a forma mais comum de DM e está altamente associada à história familiar, idade avançada, obesidade e falta de exercício. É mais comum em mulheres, especialmente mulheres com histórico de diabetes gestacional, e em negros, hispânicos e nativos americanos [54]. As causas da DM tipo 2 são multifatoriais, incluindo fatores genéticos e ambientais, que afetam a função das células β e a sensibilidade tecidual à insulina, com particular envolvimento do músculo, fígado e tecido adiposo [57]. Embora haja um debate considerável sobre as contribuições relativas da disfunção das células β e a redução da sensibilidade à insulina na patogénese da DM, é aceite que ambos os fatores desempenham papéis importantes [57].

Resumindo, a grande diferença entre a DM tipo 1 e tipo 2 é que na primeira há uma deficiente produção de insulina e na segunda existe uma produção eficiente ou ligeiramente diminuída, mas existe uma elevada resistência aos seus efeitos nos tecidos [54].

A DM tipo 2 numa fase inicial pode passar despercebida, no entanto, a longo prazo pode afetar muitos órgãos importantes, incluindo o coração, os vasos sanguíneos, os nervos, os olhos e os rins. Assim, é essencial controlar os níveis de glicose no sangue. Embora as complicações a longo prazo se desenvolvam gradualmente, estas podem, eventualmente, ser incapacitantes ou fatais. Algumas das potenciais complicações da DM incluem [58]:

o Doenças cardiovasculares: DM aumenta o risco de problemas cardiovasculares, incluindo doenças coronárias, enfarte do miocárdio, acidente vascular cerebral e isquemia dos membros inferiores.

o Neuropatia: dano nervoso que pode ocorrer em diferentes tipos de nervos, causando diferentes sintomas. Os sintomas podem variar de dor e dormência nos pés (neuropatia periférica) a problemas com a função dos órgãos internos, como o coração e a bexiga (neuropatia autonómica). Também, raramente, podem ocorrer neuropatias focais (anos em nervos únicos, frequentemente na mão, cabeça, tronco ou perna) e proximais (lesão do nervo no quadril, na nádega ou na coxa) [59]. O excesso de açúcar danifica os capilares que irrigam os nervos, especialmente nas pernas, levando a formigueiro e dormência, que geralmente começa nas pontas dos dedos dos pés, podendo levar à perda de sensibilidade nos membros afetados.

o Nefropatia: danos graves dos vasos podem levar a insuficiência renal ou doença renal, irreversível num estadio final da doença.

o Retinopatia: deve-se a um dano dos vasos sanguíneos da retina, potencialmente levando à cegueira e aumenta o risco de outras patologias, como cataratas e glaucoma.

3.5 F

ATORES DE

R

ISCO

A probabilidade de desenvolver DM tipo 2 depende de uma combinação de fatores genéticos e do estilo de vida. Embora não seja possível alterar fatores de risco, como a história familiar, idade ou etnia (fatores não modificáveis), é possível alterar fatores de risco relacionados com estilo de vida (fatores modificáveis), como alimentação e atividade física [60].

Assim, os principais fatores de risco são [60]: o História familiar de DM;

o Sedentarismo;

o Excesso de peso (IMC ≥ 25 Kg/m2) e obesidade (IMC ≥ 30 Kg/m2);

o Obesidade visceral, medida através do perímetro da cintura (H ≥ 94 cm; 102 cm, M ≥ 80 cm; 88 cm);

o Ter mais de 40 anos;

o Hipertensão (PA ≥ 140/90 mm Hg);

o Histórico de doença cardíaca ou acidente vascular cerebral prévio; o Diabetes gestacional;

o Tolerância diminuída à glicose ou intolerância à glicose em jejum; o Dislipidemia (HDL-C ≤ 35 mg/dl; TG ≥ 250 mg/dl);

o Tratamentos com fármacos que predispõem ao aparecimento de DM.

3.6 D

IAGNÓSTICO

Segundo os critérios American Diabetes Association (ADA), o diagnóstico de DM tipo 2 inclui: o Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl (ou > 7,0 mmol/l); ou

o Glicemia ≥ 200 mg/dl (ou ≥ 11,1 mmol/l) às 2 horas, na prova de tolerância à glicose oral (PTGO) com 75g de glicose; ou

o Sintomas clássicos associados a glicemia ocasional ≥ 200 mg/dl (ou ≥ 11,1 mmol/l); ou o Hemoglobina glicada A1c (HbA1c) ≥ 6,5% [61].

Embora, inicialmente, o teste da HbA1c não tivesse padronização, este tornou-se um marcador amplamente utilizado de hiperglicemia crónica, por refletir os níveis de glicose no sangue, dos 2 a 3 meses, pois a glicose se liga aos eritrócitos, tendo estas células um tempo médio de vida no plasma de 120 dias. Com base em estudos epidemiológicos, estabeleceu-se uma associação entre os valores de glicose e a presença de retinopatia, tendo-se verificado um aumento de retinopatia com limiares glicémicos mais elevados [62].

Apesar de estes critérios descrevam o diagnóstico da DM, não esclarecem acerca da etiologia. A determinação da etiologia depende da história da doença atual e das circunstâncias de apresentação. Assim, aquando do diagnóstico, deve-se ter em conta variáveis como a ocorrência de pancreatite, uso de esteroides exógenos, gravidez, cetonúria e história familiar de DM, a fim de determinar quais os testes adicionais necessários para estabelecer a etiologia [62].

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