CENTRO
SÓCIOECONÓMICO
DEPARTAMENTO DE
CIÊNCIAS
ECONÔMICAS
MESTRADO
EM
ECONOMIA
INDUSTRIAL
~ r
A
INOVAÇAO
NAS
INCUBADORAS
TECNOLOGICAS:
UMA
ANÁLISE SOB
A
ÓTICA
DAS
PATENTES
Evandro
José
da
SilvaPrado
I
~
DISSERTAÇAO
SUBMETIDA
COMO
REQUISITO
PARA
OBTENÇÃO
DO
TÍTULO
DE MESTRE
EM
ECONOMIA
das patentes/
Evandro
Joséda
Silva Prado.-
Florianópolis 1CSE/UF SC
1999.123
p.Dissertação
(Mestrado)
-
CSE/UF SC
7.
Incubadora
tecnológica.8. Inovação.
A
INOVAÇÃO NAS INCUBADORAS
TECNOLÓGICAS:
'
UMA
ANÁLISE
SOB
A
ÓTICA
DAS PATENTES
Evandro
Joséda
SilvaPrado
Essa
dissertação foi julgadaadequada
para a obtenção do Título de Mestreem
Economia,
e aprovadaem
suaforma
final peloCurso
dePós-Graduação
em
Economia
Industrial.
Prof. Renato
Campos,
Dr.(Universidade Federal de Santa Catarina -
UFSC
-ORIENTADOR)
Prof. Edvaldo ve de Santana, Dr.
(Universidade Federal de Santa Catarina -
UFSC)
-`‹. Ci-' VO \ \›D~ «í
'44
Prof. Sílvio
An
o 'o ário, Dr.(Universidade Federal de Santa â arina -
UFSC)
‹
Proj D›: Laë›'ci`o Bar o
mz
Coord. Curso de Mestrad m EcqngmiqCSÊ/UFS
Minha
Homenagem
A
minha
esposaNoêmia,
pelo amor, carinho,companheirismo, incentivo e, acima de tudo, por ter
contribuído decisivamente para a realização desse
trabalho, através de críticas e sugestões.
Agradecimentos
A
DEUS,
por estarcomigo
em
todos osmomentos.
Ao
Professor RenatoRamos
Campos,
pela amizade, orientaçao, paciência ecríticas,
que
contribuíram muito para a realização desse trabalho.A
todas as empresas e incubadorasque
participaram dessa pesquisaÀ
Coordenação
doMestrado
em
Economia
Industrialda
UFSC,
pelo apoio eincentivo
na
realização desse trabalho.A
todos os professoresdo Curso
deEconomia
da
UFSC,
pelo respeito e apoiono
decorrer desses anos de vida
acadêmica
Ao
SEBRAE/AM
e aoSENAI-DR/SC,
por terem contribuído, decisivamente, àminha
formação profissional.A
todos osmeus
colegas de mestrado, pela amizade e companheirismono
transcorrer dessa empreitada
Lista de Tabelas ... .. Lista de
Quadros
... .. Lista de Figuras ... .. Listade Gráficos
... ..Resumo
... .. Abstract ... .. 1INTRODUÇÃO
... 1.1 Apresentação dotema
... .. 1.2 Organizaçãodo
estudo ... ..1.3 Relevância
do
estudo e definiçãodo problema
... ..1.4 Objetivos ... .. 1.4.1 Geral ... .. 1.4.2 Específicos ... .. 1.5 Procedimentos metodológicos ... .. 1.5.1 Natureza
do
estudo ... .. 1.5.2 Caracterizaçãodo
estudo ... .. 1.5.3Amostra
... ..1.5.4 Técnica de coleta de dados ... ..
1.5.5 Limitações
do
estudo ... ..2
INÓVAÇÃO
E
PATENTES
... ..2. 1 Introdução ... . .
2.2
O
processo de inovação e suas etapas ... ..2.2.1 Oportunidades tecnológicas e condições de apropriabilidade ... ..
2.3
O
sistema de patentes ... ..2.4
As
patentes e seus inúmeros significados ... ..2.4.1 Beneficios e custos associados à concessão de patentes ... ..
2.4.2 Patentes:
um
mecanismo
imperfeito de apropriação dos ganhosdecorrentes
do
processo inovativo ... ..viii
x
xi xii xiii XIV 01 Ol04
0506
06
06
07
07
08
09
09
10 ll 11 12 15 1722
22
26
inovativas ... ... ..
2.4.4.1Indicadores de
C&T:
introdução ... ._2.4.4.2As estatísticas de patentes ... ..
2.4.4.3As estatisticas
no
Brasil ... ._2.5
3
3.1
3.2
Conclusões ... ..
PEQUENAS EMPRESAS DE
BASE
TECNOLÓGICA
(PEBT°s)
E
INCUBADORAS
... ..Introdução ... ..
A
caracterização e a importância das pequenas empresas de basetecnológica
~ PEBT°s
... ... ..3.2.1 Parques tecnológicos e incubadoras ... ..
3.2.2
O
papel das incubadoras tecnológicas ... ..3.2.3
As PEBT°s
incubadas: perfis e vantagens, e dificuldades3.3 3.4 3.5
4
4.1 4.2 4.2. 4.3 encontradas ... ..Resumo
da
experiência brasileira ... ... ... ..Resumo
de estudos realizados nas incubadoras ... ..Conclusões ... ..
ANÁLISE
DAS
1›EBT*s
INCUBADAS
À
Luz DAS PATENTES
Introdução ... ..
Metodologia
da
pesquisa decampo
... ..1 Análise preliminar dos dados: caracterização das atividades
desenvolvidas pelas
PEBT°s
incubadas ... ..As
patentes e os outrosmecanismos
de apropriaçao utilizadospelas empresas incubadas ... ._
4.3.1
A
opção
dasPEBT°s
incubadas pelo direito autoral ... ..4.3.2
A
opção
dasPEBT°s
pelo segredo de negócios ... ..4.4.1 Análise dos resultados ... ..
4.4.1.1Natureza das patentes ... ..
4.4. l.2Estágio dos pedidos de patentes ... ..
4.5
O
papelda
incubadoracomo
apoio aos procedimentospatentários ... ..
4.6 Conclusões ... ..
5
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... ..TABELA
1 -TABELA
2
-TABELA
3-TABELA
4
-TABELA
5-TABELA
6-TABELA
7-TABELA
8-TABELA
9-TABELA
10-TABELA
11 -TABELA
12-TABELA
13 -TABELA
14 -TABELA
15 -TABELA
16-Correlações entre despesas de
P&D
e patentes para ossetores selecionados ... ..
Média
de patentes concedidas para cada 10.000 habitantes- Período 1981/1995 ... ..
Participação nacional
no
número
de patentes concedidas ..Patentes de invenção concedidas a residentes
no
Brasil,segundo
a naturezado
titular ... ..Estatística de patentes
no
Brasil - Período de 1990/ 1996,conforme a
natureza dos pedidos ... ..Evolução
de patentes depositadas e patentes concedidas -Período de 1988/1996 ... ..
Número
de empresas participantes da pesquisa por incu-badora ... ..
Tipos de empreendimentos de alta tecnologia, residentes
nas incubadoras pesquisadas ... ..
Fonnas
de proteção utilizadas pelasPEBT”s
incubadas ..Número
de inovações passíveis de patenteamento dasPEBT”s
incubadas do setor deautomação
e informáticaSolicitações de registro de programas de
computador
... ..Fomras
de proteção utilizadas pelasPEBT°s
incubadasdo
setor deautomação
e infomiática ... _.Número
de inovações dasPEBT°s
incubadas protegidaspor segredo de negócios ... ..
Produtos/processos protegidos por segredo de negócios
nas
PEBT°s
incubadasdo
setor eletroeletrônico ... ..Produtos/processos protegidos por segredo de negócios
nas
PEBT°s
incubadasdo
setor de biotecnologia ... ..Número
de produtos/processos pertencentes àsPEBT°s
TABELA
18 - Estágios dos pedidos de patentes solicitados pelasQUADRO
l -Dados
sobre incubadorasno
Brasil ... ._QUADRO
2
- Dados
de patentes:comparação
entre a realidadebrasileira e a realidade verificada nas
PEBT”s
FIGURA
1 -Modelo
de inovação “Ligaçõesem
cadeia” ... ..GRÁFICO
1 - Classificação das incubadoras ... ..GRÁFICO
2 - Áreas de atuação das incubadoras ... ..GRÁFICO
3 - Expectativas das incubadoras ... ..GRÁFICO
4
-Incubadorasem
operaçãono
Brasil ... ..GRÁFICO
5 - Vínculocom
Universidades/Centros de PesquisaGRÁFICO
6 - Serviços/infra-estrutura das incubadoras ... ..GRÁFICO
7 - Áreas de atuação das empresas residentes ... ..Verificou-se, nos últimos cinco anos,
um
crescente interesseda comunidade
acadêmicaem
estudar odesempenho
e ocomportamento
dos programas de incubação deempresas de base tecnológica
A
grande maioria desses estudos, coletouum
conjuntode informações
que
pemritiu identificar alguns elementos-chave, relacionados,principahnente, à criação, gestão e consolidação dessas empresas
no
mercado, assimcomo
ao papelda
incubadora enquantopromotora
dessas atividades.No
entanto,percebe-se a falta de
um
estudoque
permita avaliar, qualitativamente, a dimensão.inovadora das empresas de base tecnológica, principalmente, aquelas localizadas
em
incubadoras. Diante dessa lacuna, verificada
na
literatura corrente, este estudoapresenta o resultado de
uma
pesquisa realizadacom
setenta e três empresas residentesem
nove
incubadoras tecnológicasno
Brasil.A
proposta deste estudo é analisar asinovações desenvolvidas por essas empresas à luz das patentes. Investiga-se as fonnas
de proteçao tecnológica utilizadas pelas empresas incubadas (segredo de negócio,
direito autoral e patente). Considerando-se as especificidades dos processos inovativos
nos segmentos produtivos a
que
pertencem as empresas presentes nas incubadorasestudadas, analisa-se a relevância das patentes enquanto
mecanismos
de apropriaçãodos ganhos
com
a introdução de inovações. Estuda-se onúmero
e a natureza dos pedidos de patentes, seus titulares, as etapasdo
processo de patenteamento,bem
como,
as dificuldades encontradas, defomra
a identificar-se as possibilidades desseindicador de resultado tecnológico para a análise
da
capacitação tecnológica dasABSTRACT
It
was
verified in thefive
years an increasing interest of the academicalcommunity
instudying the
perfomance
and behaviour of the enterprise incubationprograms
oftechnological base.
Most
partof
these studies collected a series of information that letidentify
some
key-elements related, mainly, to the creation,management
andconsolidation
of
these companies in the market, as well as to the incubator°s role asapromoter
of these activities. Nevertheless, it is possible to realize the lackof
a studywhich
pennits to evaluate qualitatively, the innovator dimensionof
the technologicalbase companies, mainly those located in incubators.
Up
this gap, verified in the currentliterature, this study presents the result of a research realized vvith seventy three
companies resident in nine technological incubators in Brazil. This study°s proposal is
to analyse the innovation developed by these companies in light of the patents.
The
forms
of
technological protection used by the incubated companies are investigated(business secret, authoral rights, patent). Considering the specification
of
innovatorprocesses in the productive segments
which
the present companies in the studiedincubators belong to, it is analysed the relevance of the patents as a
mechanism of
thegain appropriation with the introduction of innovations. It is studied the
number
andthe nature
of
patent requests, their bearers, the stages of the patent process, as well asthe difficulties found, in a
way
that it is identified the possibilitiesof
this technologicalresult indicator for the analysis of the companies technological capabilities and the
1.
INTRODUÇÃO
1.1
Apresentação do
tema
De
acordocom
osrumos
apresentados pelo sistema capitalista nos últimos anos,a
inovação tecnológica foi e, provavelmente, será, nas próximas décadas,
um
grande diferencialcompetitivo entre as empresas para atingirem as suas metas
de
crescimento e parapermanecerem
por maistempo no
mercado, principalmente seo
processode
globalizaçãoda
economia
for extenso.Falar
de
inovação, significa tentar explicar algonovo
ou
uma
coisaque
não
existia epassou
a
existir.Fazendo
uma
análise sucinta dos últimos60
anos, ahumanidade
tem
passadopor rápidas transformações referentes à.
produção de
bens e serviços. Muitas mercadoriasque
consumimos
hoje,não poderiam
ser produzidas antesdo
períododa
IIGrande
Guerra,como
são os casos
do
fomo
microondas,da
televisão,do
videocassete,do
relógio digital,do
compact
disc etc.Esse intenso
dinamismo
das inovações tecnológicas, verificado desde a IIGrande
Guerra, deve-se muito ao desenvolvimento
da
ciência e tecnologia. Para Kneller (1978), aciência e a tecnologia desenvolveram-se,
em
sua maior parte, independentementeuma
da
outra, até cerca de 100 anos atrás.
As
invenções das indústrias partícipesda Revolução
Industrial, por exemplo,
foram
resultados de experimentos empíricos, produtosdo engenho
artesanal e de grande quantidade de trabalho árduo.
Não
existiam,no
século passado, osgrandes departamentos de
P&D,
que
se responsabilizavam pela criação e desenvolvimento denovas
idéias,que
mais tarde, seriam transformadasem
produtos comercializáveis.De
acordocom
Kneller (1978), sóa
partirdo
séculoXIX
foram
criados os primeiros grandes laboratóriosindustriais,
quando
os grandes empresárioscomeçaram
aempregar
cientistas para criar eaperfeiçoar
a
tecnologia pertinente. Assim, tudo levaa
crer,que
a Revolução Industrial foidesencadeada por fatores sociais e econômicos,
não
pela ciência.Para Kneller (1978), a aliança entre ciência e tecnologia foi plenamente fonnalizada
depois
da
IIGuerra
Mundial,embora
as primeiras indústrias automobilísticas e aeronáuticas,por exemplo,
pouco devessem à
ciência “Atualmente,a
ciência é consideradaa
parceirada
tecnologia e, a este respeito,
uma
atividade tão utilitária quanto contemplativa” (Kneller,O
que
se observa nos dias atuais, éum
constante lançamento denovos
produtosou
deutilização de
novos
processos produtivos, muitos desses, resultantesde
atividades de pesquisae desenvolvirnento realizadas por institutos de tecnologia
ou
pelas próprias indústrias. (Kneller,1978).
“A
influênciada
ciência eda
tecnologia sobre o setoreconômico
talvez seja a maisfácil
de
se observar, pois a indústria tem-se desenvolvido, rapidamente, às custas das inovaçõestecnológicas.” (Donádio, 1983, p.22)
Segundo
Teixeira (1983),há
um
registro histórico de inovações tecnológicaspromovidas
no
seioda empresa
privadaO
náilonna
Du
Pont, o terylenena
ICI, o transistorna
Bell,a
Xerox, o microprocessadorna
Intel etc., são alguns exemplos de inovaçõesresultantes de esforços quase
que
exclusivos das empresas.Entretanto, cabe ressaltar que,
além
das empresas, outros agentes poderão estar diretaou
indiretamente envolvidosna
viabilização de projetos de inovação.“Não
sepode
isolar dosavanços tecnológicos o papel das universidades
na
expansão das fronteirasda
ciência,a
açãodos técnicos de engenharia básica, dos institutos de pesquisa, dos laboratórios de teste, ensaios
e padrões etc.” (Teixeira, 1983, p.69).
Segundo
Longo
(1994),a
formação desta sinergia entre os agentes públicos e privados,facilita
o
processo de inovação tecnológica, cujos resultados são as obtenções de vantagenscompetitivas. Foi o
que
aconteceucom
os paises desenvolvidos. Nesses países, os agentesinstitucionais
(govemos,
universidades, institutos de pesquisas, prefeituras, associações de empresas etc.)não
medem
esforços paraque
suas empresas se insiramno
contexto dosmercados
competitivos.A
força impulsora é o incentivoà
inovação tecnológica.Um
delesconsiste
na
criaçãode
unidades produtivas, cujos bens e serviços produzidospossuem
caracteristica distinta de produtos similares
no mercado
e apresentamum
grau de novidadecom
grande potencialde
atraira
classe consumidora. Este é oexemplo
das “IncubadorasTecnológicas”, cujo mérito é abrigar empresas tecnologicamente dinâmicas
em
estágionascente.
A
criação deste tipo deempresa
(alta tecnologia) está relacionada aos resultados depesquisas aplicadas,
onde
produtosnovos
ou
inovadoresaparecem
como
potenciais soluçõespara problemas
de produção
ou
mercado.“O
valordo
conteúdo tecnológico agregado ao produto destas unidades empresariais é muito elevado.” (Santos, 1987, p. 13).O
surgimento desses segmentosde
empresa, conhecidos por alta tecnologia (high tech)ou
de
base tecnológica, constitui-senuma
característicacomum
do
estágio de desenvolvimentoNo
Brasil, verificou-se, nos últimos 15 anos,um
interesse dosgovemos
em
favorecera
criação de pequenas empresas de base tecnológica (PEBT”s), principalmente
em
localidadescuja infra-estrutura científica e tecnológica estejam mais adequadas para o
desempenho
destasatividades (existência de recursos
humanos,
universidades, institutos de pesquisas etc.). Destaforma, as incubadoras tecnológicas
tomam-se
importante ambiente à criação, aodesenvolvimento e
à
comercialização dessas unidades de produção.Nota-se,
no
país,um
elevado crescimento deprogramas
de
incubação de empresas debase tecnológica, principalmente
a
partirda
década de 90.De
seis incubadoras funcionandoem
1990, chegou-se
a 100
em
1999, segundo aANPROTEC,
sendo setenta destinadas,exclusivamente,
a
abrigar empresas de base tecnológica“O
expressivo crescimentodo
número
de incubadoraspode
sercreditado à necessidade de reduzir as notáveis dificuldades enfrentadas pelas
pequenas empresas
na
fase de criação: faltade
infra-estrutura adequada,escassez de recursos financeiros, ausência de competências gerenciais e de
formação empresarial, complexidade excessiva
do
quadro jurídico-legalou
fiscal, falta de suporte técnico, redes de comercialização precárias...Parao
impacto desse quadro, os empresáriosbuscam
um
ambiente maisadequado onde
elespossam
encontrar condições favoráveisa
um
processo deaprendizado gerencial e tecnológico e recursos organizacionais necessários ao desenvolvimento
de novos
produtos e serviços.” (Lemos, Maculan, 1998,p.470).
Nos
últimos cinco anos, acomunidade
acadêmicatem
procurado analisar odesenvolvimento dos programas de incubação de empresas
no
Brasil, através de estudos denatureza empírica.
A
maioria desses estudos objetiva avaliaro
papelda
incubadora enquantoentidade de apoio às
PEBT°s,
Outros,procuram
estudar odesempenho
dessesempreendimentos
no
estágio de incubação, abordando questões relativas à gestão,desenvolvimento e comercialização.
No
entanto, veiifica-seuma
lacunana
literatura correntea
respeito de outros assuntos de grande importância,
como
o nível de apropriação dos resultadosde esforços tecnológicos e
a
qualidade das inovações desenvolvidas pelas empresas de basetecnológica
Assim, busca-se verificar, nesta pesquisa, qual a importância das patentes
como
mecanismo de
apropriação e indicadoresde
desempenho
das atividades inovativasdesenvolvidas pelas empresas residentes
em
incubadoras. Esta análise objetiva identificar: osrelevância
da
proteção patentáiia às empresas; a análise das atividades inovativas das empresas incubadas pela ótica dos dados de patentes e; o papelda
incubadorano
apoio aosprocedimentos patentários. Esse trabalho foi viabilizado através
de
uma
pesquisa decampo
realizada
com
73
PEBT°s
residentesem
9 incubadorasno
Brasil.1.2
Organização
do
Estudo
Neste
primeiro capítulo, são apresentados otema
e os objetivos,bem como
é definidoo problema
e justificadaa
relevânciado
estudo.Os
procedimentos metodológicosque
guiaramo presente estudo finalizam este capítulo.
No
capítulo 2, dá-se início aos fundamentos teóricosque
norteiam o estudo,considerando-se, primeiramente, os aspectos relacionados ao sistema de patentes: conceitos,
requisitos e natureza
Os
tópicos seguintesabordam
os múltiplos contextos associados àspatentes, tais
como:
beneficios e custos,mecanismos
de apropriação dos resultados deesforços tecnológicos, fonte
de
informação tecnológica e indicadores das atividades inovativas.No
capítulo 3, apresenta-se as principais características das pequenas empresas de basetecnológica e dos seus respectivos produtos/processos e serviços desenvolvidos e oferecidos
no
mercado. Posteriormente, aborda-se as incubadoras tecnológicas, cujo papel é proporcionarum
ambiente favorável ao desenvolvimento dessas unidadesde
produção. Finalizando ocapítulo, faz-se
uma
análiseda
experiência brasileiracom
incubação de empresas e de estudosde
natureza empírica realizadosem
incubadoras tecnológicas.No
capítulo 4, os resultadosda
pesquisa decampo
realizadacom
73 (setenta e três)empresas incubadas
em
9 (nove) incubadoras são apresentadosem
três tópicos: as patentes eos principais
mecanismos
de apropriação utilizados pelasPEBT°s
incubadas;a
importânciada
patente
como
indicador dedesempenho
tecnológico das atividades inovativas dosempreendimentos incubados e; o papel
da
incubadorano
apoio aos procedimentos patentários.Ao
final, são apresentadas as conclusõesda
referida pesquisaNo
capítulo 5, relaciona-se as referências bibliográficas utilizadas para conhecer o1.3
Relevância
do
estudo e definiçãodo problema
Na
área acadêmica,tem
surgido, nos últimos anos,um
grandenúmero
de publicaçõesrelacionadas à. experiência brasileira
em
incubação de empresas de base tecnológicaNa
maioria dos casos, identificando problemas e
propondo
altemativas de soluçãocom
vistasa
uma
melhor gestão de projetos de incubadoras de empresas,em
questões relativas aomarketing, processo de seleção, papel dos parceiros envolvidos e infra-estrutura flsica e
laboratorial.
Todos
esses trabalhos são desuma
importância para averiguar as condiçõesque
asPEBT°s
encontram. nas incubadoras tecnológicas, para o desenvolvimento de suas atividades.Porém, poucos
estudos identificaina
qualificação dos esforços tecnológicos dessas empresas.Uma
das condições observadas pelasfirmas
para a introduçãode
inovações,principalmente as baseadas
na
ciência (que caracterizam as empresas de base tecnológica), dizrespeito
à
existência demecanismos de
apropriação de resultados dos seus esforçostecnológicos (Bell, Pavitt, 1993).
O
objetivo principaldo
uso dessesmecanismos
é proteger asatividades tecnológicas promovidas pelas firrnas contra a imitação por parte dos competidores.
Dentre as formas
de
proteção tecnológica existentes, as patentes despertam maiorinteresse
da comunidade
acadêmica, pela disponibilização das suas informações ao públicoem
geral. Essas informações são
de
grande utilidade para estudos dedesempenho da
atividadeinovativa
do
setor produtivo.Em
nivel mundial, muitas pesquisastêm
sido realizadas paraidentificar os segmentos industriais,
onde
as patentes são mais importantescomo
meio
de proteção dos produtosou
processos.Em
outros, estatísticas de patentes são utilizadas para mensurar os níveisde
capacitação tecnológica das empresas e países.Embora
a análise efetuadaà
luz das patentes, seja de grande importância para osobjetivos descritos acima, as limitações relacionadas aos resultados alcançados por esses tipos
de
análises são inúmeras.Uma
delas, éque
para alguns segmentos empresariais,como
a
informática,
a
relevânciada
proteção patentáiia é quase inexistente,em
fimção
deque
algumasatividades ligadas
a
esses segmentos,não
constituem objetos patenteáveis ou,nem
sempre, oempresário se mostra interessado
em
patentear. Muitas indústrias, dão mais importânciaa
outras formas
de
proteção,como
o segredo de negócios.Além
dessas considerações, as avaliações de dados de patentesnão
esclarecem algumasquestões importantes inerentes ao
desempenho da
atividade inovativa,como,
valoreconômico
patentes, é
pouco empregado
em
estudosde
natureza empírica.Assim também,
outrasinfomiações relacionadas ao processo de patenteamento são
pouco
empregadas,como:
natureza
do
titular, abrangência, etapas etc.As
referidas infomiaçõestendem
a contribuir, deforma
mais precisa, para a análiseeconômica
baseadasem
estatísticas de patentes.Considerando-se o valor e as limitações das análises fundamentadas
em
dados depatentes, busca-se, neste estudo, resposta ao seguinte problema:
QUAL
A
IMPORTÂNCIA
DA
PATENTE,
ENQUANTO
MECANISMO DE
APROPRIAÇÃO
E
INDICADOR
DE
DESEMPENHO
DAS
ATIVIDADES
INOVATIVAS
DESENVOLVIDAS
POR PEQUENAS
EMPRESAS
DE
BASE
TECNOLÓGICA
-PEBT°s,
RESIDENTES
EM
INCUBADORAS?
1.4 Objetivos
1.4.1
Geral
Verificar a importância
da
patente, enquantomecanismo
de apropriação e indicador dedesempenho
das atividades inovativas desenvolvidas porPEBT”s
residentesem
incubadoras.1.4.2
Específicos
- Identificar
o
grau de utilização e os principaismecanismos
de apropriação utilizadospelas
PEBT°s
incubadas;- Verificar o grau de importância
da
proteção patentária àsPEBT°s
incubadas;- Verificar
a
importânciada
patentecomo
indicador dedesempenho
das atividadestecnológicas desenvolvidas pelas
PEBT°s
incubadas e;- Verificar
o
papelda
incubadorano
apoio àsPEBT°s,
referente aos procedimentos1.5
Procedimentos Metodológicos
Apresenta-se, nesta seqüência, a natureza
do
estudo, sua caracterização e população.Esclarece-se as categorias de análise,
bem como
define-se as técnicas de coleta de dados e aslimitações do estudo.
1.5.1
Natureza do
estudoO
presente estudo buscacompreender
e analisar a importância das patentes para asempresas
de
base tecnológica residentesem
incubadoras,como
mecanismo de
apropriação ecomo
indicador dedesempenho
de suas inovações tecnológicas.A
abordagem
qualitativa,que
começou
a ganhar espaço nos últimos anos, é aaltemativa utilizada para descrever este estudo, pois exige o desenvolvimento de quadros,
tabelas e figuras
como
fatores de caracterização derivados dosdados
e informações coletados,gerahnente mediante observação, entrevistas e aplicação de questionários, este último, utilizado neste trabalho. Portanto,
não
se utilizará de elementosda
inferência estatística pararesolução
do problema
de pesquisa.Segundo
Ridrardson et al. (1989), “ométodo
qualitativo difere,em
princípio,do
quantitativo
à
medida que não
seemprega
um
instrumental estatísticocomo
basedo
processode análise
do problema”
As
características principaisda
pesquisa qualitativaforam
apresentadas por
Bogdan
apg
Amboni
(1996)como:
a) a pesquisa qualitativa
tem
o ambiente naturalcomo
fonte direta de dados, e opesquisador
como
instrumento fundamental; b)a
pesquisa qualitativa é descritiva;c)
o
significadoque
as pessoasdão
às coisas e a sua própria vida, éa
preocupaçãoessencial
do
investigador;d) pesquisadores utilizam
o
enfoque indutivona
análise de seus dados e;e) os pesquisadores qualitativos estão preocupados
com
o processo enão
simplesmentecom
os resultados e produtos.Assim,
a
pesquisa obteve dados descritivos sobre as formasde
proteção tecnológicautilizadas pelas
PEBT°s
residentesem
incubadoras tecnológicas, principalmente dados depatentes.
A
importância das patentescomo
meio
de proteção e indicadorde desempenho
dasÇ N
1.5.2 Caracterização
do
Estudo
Observando-se o objetivo
do
presente trabalho, este estudo caracteriza-secomo
exploratório, descritivo e avaliativo.É
exploratórioporque
permite ao investigador aumentar sua experiênciaem
tomo
deum
problema
específico, aprofundando seus estudos nos limites desta realidade (Triviños,1990).
O
estudo exploratório busca antecedentes e maior conhecimento para,em
seguida,planejar a pesquisa descritiva
Essa
foi a seqüência deste trabalho, constituindo-se,primeiramente,
do
estudo exploratório, familiarizando o pesquisadorcom
o assuntoda
pesquisa .
O
estudo descritivo pretendeu descrevera
realidadecomo
ela é,com
relação ao usodas patentes pelas empresas residentes
em
incubadoras.A
partirdo
resultadoda
pesquisa, faz-seuma
análise dos seus resultados, oque
confereà
mesma
um
caráter avaliativo.Quanto
ao delineamento de pesquisa, Gil (1991) destacoua
existência de2
(dois)grupos: aqueles
que
sevalem
daschamadas
fontesde
“papel” e aqueles cujos dados sãofomecidos por pessoas.
No
primeiro grupo, estãoa
pesquisa bibliográfica ea
pesquisadocumental.
No
segundo, estãoa
pesquisa experimental,a
pesquisa ex-post-facto, olevantamento e o estudo de caso.
Porém,
o próprio autor reconheceque
esta classificaçãonão
pode
sertomada
como
absolutamente rígida, vistoque
algumas pesquisas,em
função de suascaracteristicas,
não
seenquadram
num
ou
outro modelo.Neste
estudo, dos tipos de delineamento de pesquisas citados por Gil (1991), oque
melhor se enquadra é
o do
tipo levantamento, pois procede-se a solicitação de informaçõesa
um
gruposignificativo de pessoas, acercado problema
estudado, paraem
seguida, medianteanálise quantitativa e qualitativa, obter conclusões correspondentes aos dados coletados.
A
investigaçãoque
se realiza atravésde
pesquisade
levantamento, tipicamente coletaseus dados através
de
respostas verbais a questões predeterminadas feitas à maioriaou a
todosos sujeitos
da
pesquisaA
presente investigação,embora
não
tenha atendido todo o universo1.5.3
Amostra
A
amostrado
estudo é constituídade
73 empresas de base tecnológica residentesem
9 incubadorasno
país.As
empresas pesquisadas estão localizadas nas seguintes incubadoras:I) Associação de Desenvolvimento Tecnológico de
Londnna -
PR
-
ADETEC/INCIL;
2) Centro Empresarial
de
Laboração de TecnologiasAvançadas
-
CELTA/SC;
3) Centro de Desenvolvimento Tecnológico
da
Universidade de Brasília-
CDT/UNB;
4) Instituto Alberto Luiz
Coimbra
dePós-Graduação
e Pesquisada
UniversidadeFederal
do
Rio de Janeiro-
COPPE/UFRJ,
5) Projeto Gênesis
- PUC/RJ;
6)
Parque
de Desenvolvimento Tecnológicodo
Estadodo Ceará ~
PADETEC;
7)
Fundação
Biominas-
MG;
8)
Condomínio
deEmpresas
de Inovação Tecnológicado
RioGrande do Norte -
INCUBATEC;
e9)
Micro
Distrito de Alta Tecnologiade
Joinville-
SC
1.5.4
Técnica
de
Coletade
Dados
Toda
pesquisa deve evidenciar as técnicas de coleta de dadosque
pretende utilizar parao levantamento dos dados primários e/ou secundários
no
desenvolvimentodo
projeto.Os
dados primários referem-se àqueles coletados pela primeira vez pelo pesquisador.
São
dadoscoletados mediante entrevista, questionários e observação, por exemplo.
Os
dados secundáriossão aqueles
que
seencontram à
disposiçãodo
pesquisadorem
boletins, livros, revistas etc.(Amboni,
1996).Nesta
investigação,a
técnica de coleta de dados refere-se aos primários e secundários,utilizando o seguinte procedimento: a) Primários: dois questionários
do
tipo fechado e de formulação clara e precisa; b) Secundários: consultou-se relatórios edocumentos
relativos aosprocedimentos para obtenção
da
carta-patente, dentre os quais,o Código
de PropriedadeIndustrial ( Lei 9.279/96), atos normativos emitidos pelo
INPI
e estatísticas de patentefomecidas pelo INPI.
O
primeiro questionáriocomposto
de 21 perguntas foi aplicado às 73 empresas de basetecnológica,
com
questões pertinentes ao assunto estudado.O
segundo, contendo 6 questões,1.5.5
Limitações
do
Estudo
Embora
a
amostra seja significativaem
relação aonúmero
total de empresas incubadas e incubadoras existentesno
país, os resultados apresentados pela presente investigaçãonão
devem
ser generalizadosem
função de alguns aspectos:1. Existem
aproximadamente 800
empresas residentesem
incubadoras, sendo610
de base tecnológica, distribuidasem
diversas áreasdo
conhecimentocomo: automação
e informática, teleinformática, biotecnologia, eletroeletrônica, metal mecânica,química, farmacêutica,
novos
materiais etc.As
empresas investigadas nesse estudo,não
pertencema
todos os segmentos industriais instaladosem
incubadorastecnológicas.
Foram
identificados apenas 6 grupos de empresas (automação einformática, biotecnologia, eletroeletrônico, habitação, metal mecânico e serviços).
Outras pesquisas poderão ser realizadas, ampliando-se
o
número
de empresas e de segmentos industriais;2.
As
incubadoras de base tecnológica existentesno
país,possuem
característicasdistintas entre si, tais
como:
serviços oferecidos, preferência por determinados tiposde
segmentos
de empresa, gestão únicaou
parceirizada etc.Não
se levouem
contanesse estudo, as caracteristicas próprias
de cada
incubadora Preocupou-se,somente,
com
os serviços de apoio à Propriedade Intelectual;3.
O
estudonão
fazuma
análise comparativado desempenho
entre as incubadorasou
2
INOVAÇÃO
E
PATENTES
2.1
Introdução
Um
dos aspectosde
maior relevânciado
processo de inovação tecnológica,como
fomia de
melhoriana produção de
bens e serviços, diz respeito à. apropriação de resultadoseconômicos
dos esforços despendidosna
construção denovas
idéias direcionadas ao setorprodutivo. Este aspecto, gera inovações fundamentadas
em
novas descobertas científicasou
baseadas
em
aperfeiçoamentos de produtos já existentes,sem
consistirnuma
mudança
radicaldos princípios científicos utilizados até então.
“A
importância indissociável entre inovação tecnológica e crescimentoeconômico
leva os paísesa adotarem
medidasque pemiitam
incentivara
criação e
o
fluxo
de inovações.Um
dos mais importantes incentivostem
sidoagarantia
da
propriedadeda
tecnologia para pessoaque
inventou,a
fim
deque
lhe seja permitido comercializar
com
exclusividade o resultado de suaprodução
intelectual por
um
periodo limitado de tempo.A
noção
básicaque
alicerça osdireitos de propriedade intelectual é exatamente fundada
na
garantia deque
oinventor possa usar o objeto de sua invenção de
modo
a recuperar oinvestimento inicial e obter lucro
em
trocada
revelação de sua invenção paraa
sociedade. ” (Scholze, 1996, p. 16).
Para Santos .(1997), por ser cada vez mais intensa
a
concorrênciaeconômica
intemacional, a proteção à inovação tecnológica é
a
contrapartida aos consideráveis embateseconômicos que
representaa
rentabilizaçãoda
inovação.Um
dosmecanismos
de proteção mais freqüentemente utilizado pelas empresas é apatente,
que
garante, porum
determinado período de tempo, a exclusividadena
exploraçãoeconômica
deuma
invenção.Mas,
seráque
as patentescumprem
perfeitamente este papel?O
que
de fato elasrepresentam para os agentes econômicos?
As
respostasa
essas e outras perguntas, são respondidas neste capítulo. Inicialmente,dá-se ênfase ao processo de inovação tecnológica e às condições
de
apropriabilidade.A
seguir,considera-se os aspectos referentes ao sistema de patentes: conceitos, requisitos e natureza
Os
tópicos seguintesabordam
os múltiplos contextos relacionados às patentes, taiscomo:
osbeneficios e custos, as questões relacionadas a apropriabilidade, fonte de informação
Pretende-se destacar até
que
ponto vaia
eficáciada
proteção patentária ecomo
aspatentes
podem
ser úteis enquanto indicadores de resultados de esforços tecnológicos.2.2
O
Processode Inovação
e suas etapasDe
acordocom
Freitas (1996, p.13), “inovar consisteem
lançarno
mercado
um
novo
produto, instalar
numa
empresa
um
novo
processoou
criarum
novo
setor industrial.” Dentrodessa ótica,
a
decisão de inovar setoma
crucial para o desenvolvimentode
uma
empresa.Uma
inovação representa, muitas vezes,
uma
ruptura; certas inovações destroemou
tomam
obsoletas as competências já adquiridas.
São
feitasnonnalmente
muitas tentativas para criarum
novo
produtoou
processo,mas
somente
algumas apresentam resultados positivos.Para Soares (1994), as empresas
desempenham
papel fundamentalno
processo de inovação tecnológica, sendo atualmenteo
principal agentede
mudança
no
sistema produtivo.As
especificações tecnológicas ditadas pelas indústrias orientama
maior parte dos projetos deinovação,
mesmo
que
estesnão
sedesenvolvam
exclusivamente dentro das próprias empresas.O
Economista
JosephSchumpeter
foi o primeiroa
destacar a inovaçãocomo
fonte dedinamismo do
sistema capitalista, sendoque a
buscade
lucros pelas firmas éa
motivaçãoessencial para introdução de inovações. Assim,
uma
empresa
inovadora(em
produtos,processos e serviços)
tem
vantagensem
relação às demais, oque
geraum
incrementoem
suasvendas e, portanto,
no volume
de seus ganhos (Treviño, 1998).Rosenberg
(1979), caracterizou a inovaçãocomo
uma
série de atos intrinsecamenterelacionados ao processo inventivo, adquirindo importância econômica, após
um
conjunto deatividades necessárias (ex:
P
&
D)
paraum
satisfatóriodesempenho
no
mercado.Assim, a invenção
fica
limitada aocampo
do
conhecimento,com
valoreconômico
apenas potencial se
não
for incorporadana produção
de bens e serviços para o mercado,ou
seja,
a
atividade inventiva restringe-se às idéiasque surgem
freqüentemente nos laboratóriosdas empresas
ou
nos institutos de tecnologia,como
resultados de atividadesde
P&D.
Taisresultados se
resumem,
basicamente,em
modelos, desenhos, protótipos etc.Em
muitos casos,são transformados
em
produtos comercializáveis.A
caracterizaçãoda
inovação tecnológicaocorre exatamente
quando
este produtoda
criatividadehumana
(invenção)chega
ao mercado.A
caracterizaçãodo
processo de inovação é explicada pelomodelo
de “ligaçõesem
cadeia (figura 1), desenvolvido por Kline
&
Rosenberg
(1986),que
apresentauma
grandeinovativo.
Os
autores acima, enfatizamque
o processo de inovação é caracterizado porinterveniências tecnológicas e econômicas. Assim,
quando
as empresaspercebem
novasoportunidades de
mercado
ou
necessidadesde mudanças no
seu ciclo produtivo, iniciam o levantamento de infomiações, utilizando-se de conhecimentos disponíveisintemamente ou
extemamente.
De
acordocom
Freitas (1996, p.12)) omodelo
é analisado pelas seguintes considerações:-
a
cadeia centralda
inovação é representada pelo conjunto dasfases
que
vãoda
invenção,ou
do
estudo analíticodo
produto, até a comercialização.As
setas cmostram
o
encaminhamento;- as relações
em
“feedback” são representadastambém
porsetas: as f representando
retomo
direto entre fases vizinhas
na
cadeia central e indicando, ainda,que
as necessidadesdo
mercado
são levadasem
contaem
fases anteriores do processo;- as ligações entre
a
ciência e o processo de elaboraçãoda
inovação implicamque não somente
este processo utiliza-se
do
estoque de conhecimento disponível,mas
também
que
as atividadesde desenvolvimento contribuem para a
acumulação do
conhecimento.As
setask
representam o fatode
que, se oproblema
é resolvidosomente
utilizando o estoque de conhecimentodisponível, as setas r' são inválidas,
ou
seja,não há
necessidadeda
realização de pesquisas.Por
outro lado, se for necessário realizar novas pesquisas, as setas r” representam oretomo da
informação
gerada
As
setas descontínuas r representam as passagensde
informaçõesconsideradas problemáticas;
-
a
ligação direta, representada pela setaD, entre a pesquisa científica e a invenção
ou
projetode
inovação, indicaque
um
novo
avanço científicotoma
possível o aparecimento de inovaçõesradicais,
como,
por exemplo, os semicondutores microeletrônicos;- a ligação entre
a
pesquisa cientifica e o processode
inovação é representada pela setaL,
que
mostra
o
fatode que
as inovações, taiscomo
novos
equipamentos,novos
instrumentos demedida
etc., são utilizadas paraa
realização de pesquisas científicas; e- as informações
que
são geradas durante o processo de inovação,ou
que
são disponíveisno
mercado, são representadas pelas setas S. Essas informações são importantes porquepodem
servir a qualquermomento
durante o processo de inovação ea
pesquisa científicaGERAÇÃO
Do
CONHECIMENTO
R
R
ESTOQUE
D
ONHECIMENTO
c R' c R' cL
c-›-›-›_›
MERCADO
POTENCIAL
INVENÇÃO
DESENVOLVIMENTOPRODUÇÃO
CLIENTE'If
'If
f'.f
Fr
*F
'lj
S
Figura 1 -
Modelo
de Inovação “Ligaçõesem
Cadeia”Fonte: Kline,
Rosenberg
(1986)Os
modelos
apresentados tentam descrever o funcionamentoda
atividade inovativa,mostrando
que a
inovaçãonem
sempre
é explicada pelosmodelos
lineares] .A
complexidadeéa caracteristica principal
que acompanha
um
processode
inovação,conforme
descrito porKline
&
Rosenberg
(1986).*
Modelo que segue rigorosamente as seguintes etapas: Pesquisa Básica, Pesquisa Aplicada, Desenvolvimento,
o o
2.2.1
Oportunidades
tecnológicas e condiçõesde
apropriabilidadePara
Dosi
(1984),a
introdução de inovaçõesz decorrede
dois elementos básicos: aexistência de oportunidades tecnológicas e de condições de apropriação das inovações.
As
oportunidades tecnológicassurgem
em
função dos “paradigmas tecnológicos”refletidos ao longo das “trajetórias tecnológicas”, sendo guiadas por avanços científicos e
tecnológicos realizados
em
outras indústrias e porfeedback
com
tecnologia. (Klevorick et al.,1995).
Assim,
odinamismo
das inovações tecnológicasacompanha
os processos deinstauração
de novos
paradigmas edo
desenvolvimento de trajetórias tecnológicasque
oconstituem (Dosi, 1984).
De
acordocom
Dosi aptydCampos
(1996, p.286), “a existência de paradigmastecnológicos condicionam os processos inovativos
em
direções detenninadas pelo conjunto deproblemas e soluções consideradas previamente relevantes e
que
delimitam os esforçostecnológicos.”
Um
paradigma tecnológico é entendidocomo
um
padrãode
solução deproblemas tecnológicos selecionados sobre
uma
base de princípios derivados das ciênciasnaturais e tecnologias específicas (Treviño, 1998).
“A
noção
de trajetória tecnológica implicaa
existência deuma
heurísticapositiva e
uma
heurística negativa.A
primeiracompreende
a identificação dos problemasque
surgem
naturalmente para se prosseguir nessa trajetória, a qualconsiste
em
verificar qual éa
trajetória provável e quais os problemasque
vãosuceder.
A
segunda
compreende a
exclusão de altemativas tecnológicasem
que
aspectos técnicos e científicos vão sendo explorados dentro de
um
determinadopercurso,
numa
seqüência provável, admitindo certas linhas e excluindooutras.” (Cário, 1995, p. 163).
O
paradigma
tecnológico dita as oportunidades tecnológicas das inovações posteriores.Enquanto
estas, variam de acordocom
o setor e o grau de desenvolvimento dos váriosparadigmas,
o
potencialde
seu aproveitamento decorreda
cumulatividade das competênciastecnológicas adquiridas (Cário, 1995).
2 As inovações dividem-se
em
2 categorias: Radicais e Incrementaisa) Radicais: refere-se ao caso cuja utilização envolva características de rendimento, atributos de projeto ou de utilização de materiais e componentes que apresentem diferenças significativas
em
relação aos produzidos anteriormente; podem incorporar tecnologias radicalmente novas ou basearem-se na associação de outras já disponíveis para novas aplicações; a inovação radical sempre rompe comuma
geração de produto e introduznova geração (ex.: microcomputador) (Rocha, 1996).
b) Incrementais: é aquela cujos efeitos são marginais, evolucionários, localizados e de magnitude desprezível
em
relação ao desempenho do produto ou processo (ex.: evolução da caneta esferográfica ao longo de 40Para Dosi (1988), existem basicamente dois motivos para
que
as oportunidadestecnológicas sejam aproveitadas pelas firmas: 1) haja condições de apropriabilidade favoráveis
à
garantia de resultadoseconômicos
positivos e; 2) disposição de capacitação tecnológica(P&D,
recursoshumanos,
capacidade organizacional, processo produtivo etc.).A
condição de apropriabilidade éum
dos elementosque
caracterizam os “regimes tecnológicos” (os outros são: condiçõesde
oportunidades e cumulatividades),onde
érelacionada
a
possibilidadede
proteger-se a inovação gerada contra esforços imitativos,garantindo a sustentabilidade de lucros diferenciais para o agente inovador.
Caso
asfirmas disponham de
capacitação tecnológica,aumentam
as possibilidades deapropriação
econômica
dos resultados, isto é, “aquelas propriedadesdo
conhecimentotecnológico e
do
artefato técnico,do
mercado
edo
ambiente legalque permitem
às inovaçõestomarem-se
ativos geradoresde
renda, protegendo-as,em
vários graus, contra a imitação doscompetidores.” (Dosi, 1988, p. 1 139).
De
acordocom
Levin et al. (1987), asfimras
terão a sua disposição, diversosmecanismos
de apropriação das inovações tecnológicas, taiscomo:
patentes, segredo denegócios, esforço de vendas e serviços, curvas de aprendizagem etc. Entretanto,
há
imperfeições nesses
mecanismos
de apropriação.Albuquerque
(1998b), citoucomo
exemplo
osegredo de negócios,
que
pode
ser quebrado pela circulação de mão-de-obra. Assim, cabea
seguinte pergunta; qual o melhor
mecanismo
de apropriação dos resultados dos esforçostecnológicos para
uma
firma?
Bell
&
Pavitt (1993), após estudos detalhados defluxos
tecnológicos, identificaramquatro categorias de firmas, cada
uma
delas associadaa
uma
dinâmica tecnológicagenericamente similar (Cassiolato, 1996):
1.
Dominadas
por fomecedores: caracterizam-se porum
nivel relativamente baixo deapropriabilidade das inovações,
com
as oportunidades tecnológicas sendodeterminadas
exogenamente
ao ambiente industrial; as inovações são associadas atecnologias
de
processo incorporadasem
equipamentos e insumos;2. Intensivas
em
escala: referem-sea
setoresque
apresentam formas variadas deaprendizado, relacionadas ao desenvolvimento e uso de equipamentos; destaca-se o
3
Conceito originariamente introduzido por Nelson
&
Winter (1982) para caracterizar o ambiente tecnológicovínculo entre
a
adoção de novas tecnologias ea
exploração de economias de escala,bem como
a
disseminaçãodo
aprendizado baseadoem
esforços deP&D,
em
carátersustentado pelo segredo de negócios e o
know-how
associados aosaperfeiçoamentos de processo,
bem como
através das proteção de patentes edo
“lag” natural
da
imitação;3. Fornecedores especializados: caracterizam-se basicamente por pequenas empresas produtoras de bens
a serem
utilizados por outros setorescomo
insumos eequipamentos; o processo de desenvolvimento tecnológico está particularmente
associado a inovações de produto - geralmente de caráter incremental -
desenvolvidas
a
partirda adoção de
uma
postura cooperativa entrea
indústria e seusclientes;
4. Baseadas
na
ciência: caracterizam-se por inovações diretamente relacionadas ao avançodo
conhecimento científico; as assimetrias entre as empresastomam-se
significativas, enquanto os
mecanismos
de aprendizado vinculam-sea
investimentosmaciços e direcionados
com
P&D, com
custos elevados e resultados intrinsecamenteincertos.
As
firrnas necessitam ser ágeis e oportunistas, tendendoa
apropriar osganhos
do
processo inovativo pormeio de
vários métodos, seja atravésde
patentes,do
segredo de negóciosou
se aproveitandodo
“lag” naturaldo
processode
difusão.A
apropriação dos resultados de esforços tecnológicos por intermédiode
patentescaracterizam três categorias de firmas: as intensivas
em
escala,fomecedores
especializados ebaseadas
na
ciência, apesarde serem
utilizados outrosmecanismos
de apropriaçãocomo
o segredode
negócios, copyright, curvas de aprendizado etc.Diante dessa variedade de
mecanismos
de apropriação de inovações citadas, cabea
seguinte questão: as patentes representam o principal e o melhor
mecanismo
de apropriação deinovação?
Os
tópicos seguintesprocuram
responder esta e outras questões.2.3
O
Sistema
de
patentesA
possibilidadede
apropriaçãodo
resultadoeconômico
das inovações é viabilizadacom
a
concessão deum
direitodado
pelo Estado aos detentores das idéiasque
propiciam, aprincipio,
mudanças
radicaisou
parciaisna
geraçãode
bens e serviços. Este direito garante, aocriador
da
idéia,a
exploração comercial exclusivado
produto duranteum
detenninado períodode
tempo.A
Carta-Patente é odocumento
legalque
comprova
a autoriada
inovação e garante omonopólio de
exploraçãodo
produto para finsde
comercialização.“A
Carta-Patente éum
diploma concedido pelo Estado a qualquer pessoa,jurídica
ou
fisica, que, exercitando a sua característica de criatividade, tenhachegado a
urna idéia clara e objetiva sobreum
produto e/ou processo,apresentada
de forma
apropriadaem
um
documento
com
estrutura definidaEsta Carta-Patente coroa
um
processo razoavehnente longo,na
prática,superior
a
três anos, contados a partirda
datado
depósito do pedidono
organismo nacional competente,
no
Brasil,no
caso, oINPI
(Instituto Nacionalda
Propriedade Industrial ).” ( Cabral, 1997, p. 63).Segundo a Convenção
de Paris4, a patente é parte integrante dos direitos dePropriedade Industrial,
que
abrange, ainda, os desenhos industriais, as marcasde
fábricaou
decomércio, as marcas de serviço, o
nome
comercial e as indicaçõesde
proveniênciaou
denominações
de origem,bem
como,
a repressão à concorrência desleal.A
Propriedade Industrialsomada
aos direitos autorais e outros direitos sobre bensimateriais,
formam
a
Propriedade Intelectual,que
de acordocom
aOMPI
(Organizaçãomundial
da
Propriedade Intelectual) abrange o somatório dos direitos relativos às obrasliterárias, artísticas e científicas, às interpretações dos artistas intérpretes e às execuções dos
artistas executantes, aos fonogramas e às emissões de radiodifusão, às invenções
em
todos osdomínios
da
atividadehumana,
às descobertas científicas, aos desenhos emodelos
industriais, às marcas industriais, comerciais ede
serviço,bem como
àsfirmas
comerciais edenominações
comerciais,
à
proteção contra a concorrência desleal e todos os outros direitos inerentes àatividade intelectual
nos
domínios industrial, científico, literário e artístico.Dado
ao significativo avançoda
ciência eda
tecnologia nos últimos40
anos, os paísesmais desenvolvidos estão
cada
vez mais preocupadoscom
as questões relativas à Propriedade4 Tratado de
Cooperação Intemacional de Patentes, assinado
em
1883 inicialmente por 13 países, inclusive oBrasil. “Os paises membros comprometem-se a seguir diversos regulamentos, de
modo
a garantir omesmo
tratamento e o direito de propriedade do nacional de
um
país nos territórios de todos os demais membros,ñcando a critério de cada Governo interpretar e adaptar os regulamentos ao seu sistema legislativo.”
Intelectual, principalmente
com
relação às patentes,que passam a
terum
papel decisivoenquanto
mecanismo
de apropriação.Segundo Barbosa
&
Arruda
(1990), as estatisticascomprovam
que
a maioria dosprodutos
que surgem no
mercado, são fundamentadosem
novos
conhecimentos científicos.Estes produtos, são classificados, por estudiosos
no
assunto,como
pertencentes a setorestecnologicamente dinâmicos
ou
produtos de alta tecnologia (empresas de base tecnológica).Esta classificação origina-se
do
alto grau de conhecimento atribuídoà
fabricação destes,onde
o conhecimento científico e tecnológico são os seus maiores insumos.
Os
maioresexemplos
são dos setores de infonnática e automação, biotecnologia, fánnacos e engenharia
aeroespacial, entre outros.
Pelo fato destes produtos
gerarem
um
impacto significativono
mercado, possibilitandoretomo
imediatodo
investimento, as empresas estão cada vez mais preocupadasem
garantiromonopólio
de exploração comercialdo
produto, almejando conseguir o domínioamplo
demercado.
Conforme
o
Instituto Nacionalda
Propriedade Industrial, Autarquiado
Ministérioda
Indústria e
Comércio
responsável pelas questões relativas à Propriedade Industrialno
Pais,um
produto patenteável deve conter os seguintes requisitos:
a) novidade
-
algonovo
em
relação ao estadoda
técnica,compreendido
como
tudoaquilo
que
édo
conhecimento público,em
qualquer partedo
mundo
por qualquerforma
de divulgação,_
b) atividade inventiva -
que
a inovaçãonão
seja decorrência óbviado
estadoda
técnica,
ou
seja,que
um
técnico não possa produzi-la simplesmentecom
o uso dos conhecimentos já acessíveis;c) utilidade industrial -
que
a tecnologia possa ser empregada, modificando diretamentea
natureza,em
uma
atividadeeconômica
qualquer;d) ação
humana
-que
haja invenção, açãohumana
sobre a natureza, enão somente
descoberta de leis
ou fenômenos
naturais;quando
é suscetívelde
ser fabricadaou
utilizada industrialmente;
e) possibilidades de reprodução - são dois os requisitos:
que
a
naturezada
tecnologiasobre a qual recai o invento permita
a
reproduçãodo
bem
ou
serviço talcomo
descrito (reprodutibilidade); e