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Academic year: 2021

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Destaque Setorial - Bradesco

Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos

Regina Helena Couto Silva

01 de março de 2017

Exportações de papel por destino (em mil toneladas)

Papel e Celulose

Ao contrário do mercado de celulose favorecido pelas exportações,

a indústria de papel tem mostrado desempenho mais fraco

Como reflexo do ajuste do mercado de trabalho e a consequente retração da demanda doméstica, o desempenho da indústria de papel tem sido fraco. O consumo aparente de papel caiu 0,4% em 2014, 6,6% em 2015 e apresentou nova queda no ano passado, de 2,7%. Estimamos que as vendas de livros, jornais e revistas1 registrem recuo de 3%

neste ano e as vendas de artigos como vestuário, têxteis e calçados, que utilizam embalagens de papel, continuem moderadas. Em sentido contrário, as vendas de medicamentos e alimentos poderão contrabalançar a demanda por embalagens. As exportações de papel poderão continuar em expansão, como resultado da melhora da demanda na América Latina. Mas, como as exportações representam 20% do total produzido, essas não serão suficientes para compensar o fraco desempenho do mercado interno, explicando a expectativa de nova queda da produção de papel neste ano. Em sentido contrário, a indústria de celulose tem registrado recordes de produção e de exportações, principalmente para a China. Em que pese as menores estimativas para o crescimento da economia chinesa2, as exportações de celulose

devem continuar em expansão, já que o país é dependente dessa commodity para abastecer a indústria local de papel, muito impulsionada recentemente pela demanda por papéis tissues3.

Em resposta ao consumo interno retraído, a produção de papel registrou recuos nos últimos três anos – 0,5% em 2014, 0,4% em 2015 e 0,2% no ano passado. A queda só não foi mais acentuada porque as exportações avançaram, alcançando 20% da produção nos dois últimos anos, ante a média anterior de 18%. No ano passado as exportações de papel cresceram 2,2%, após ampliação de 11,5% em 2015, com impulso principalmente para a América Latina cuja expansão foi de 13,6% em volume. México e Peru mostraram as maiores taxas de crescimento, de 67,6% e 41% nessa ordem. Em resposta ao fraco consumo interno, as importações de papel caíram 20,6% em 2016. A retração dos volumes importados contribuiu para a queda menos acentuada da produção. Com isso, as importações passaram a responder por 7,7% do volume consumido internamente, ante 10% do ano anterior.

1 Vendas no varejo de livros, jornais, revistas e papelaria, medidas pela PMC – Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE. 2 Estimamos crescimento de 6,4% em 2017 e 5,0% em 2018, após expansão de 6,7% em 2016.

3 Engloba papel higiênico, fraldas descartáveis, absorventes e guardanapos.

740 586 1115 877 1038 928 1020 1159 180 473 344 435 298 285 125 236 202 187 182 015 027 112 143 000 200 400 600 800 1000 1200 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16

Exportações de papel por destino Fonte: Secex Elaboração Bradesco em mil toneladas

América Latina União Europeia EUA China

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Destaque Setorial - Bradesco

Exportações brasileiras de papel e celulose (em mil toneladas)

Produção brasileira de papel e celulose em mil toneladas

Consumo aparente de papel (em mil toneladas e variação anual)

Fonte: IBA, Bradesco

Apesar da melhora, a ampliação das exportações não

foi suficiente para alavancar a produção doméstica de papel e, com isso, a produção está estabilizada no nível de 10 milhões de toneladas nos últimos cinco anos.

6.681 6.768 6.712 7.333 7.328 7.702 8.130 8.755 8.505 9.406 9.562 9.781 9.852 9.813 9.165 8.920 -1,8% 1,3% -0,8% 9,3% -0,1% 5,1% 5,6% 7,7% -2,9% 10,6% 1,7% 2,3% 0,7% -0,4% -6,6% -2,7% -8,0% -6,0% -4,0% -2,0% 0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 10,0% 12,0% 6.000 6.500 7.000 7.500 8.000 8.500 9.000 9.500 10.000 10.500 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16

em mil toneladas Consumo Aparente de Papel Fonte: IBA, Elaboração: Bradesco

5.829 14.164 13.922 16.465 18.773 5.654 6.518 7.412 9.428 10.159 10.335 4.800 7.800 10.800 13.800 16.800 19.800 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16

em mil toneladas Fonte: IBÁ Elaboração: Bradesco

Produção Brasileira de Papel e Celulose

Celulose Papel

Fonte: IBA, Bradesco

2.655 3.197 5.441 8.229 8.513 11.528 12.901 1.148 1.368 2.039 1.982 1.875 1.846 2.103 800 2.800 4.800 6.800 8.800 10.800 12.800 14.800 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 em mil toneladas

Fonte: Ibá Elaboração: Bradesco

Exportações Brasileiras de Papel e Celulose

Celulose Papel

Fonte: IBA, Bradesco

O ajuste do mercado de trabalho, com queda da renda real das famílias e elevação da taxa de desemprego, levou ao recuo de demanda por artigos como livros, revistas e jornais. De fato, as vendas desses produtos, medidas pelo IBGE4, caíram 16,1% no ano passado.

Com isso, o consumo aparente de papéis imprensa e para imprimir e escrever recuou 4,3%. Refletindo o recuo de demanda por bens semi e não duráveis, o

consumo aparente de papéis para embalagens caiu 1,1% no ano passado. As vendas de embalagens de papelão ondulado, medidas pela ABPO5, caíram 2,1%

em 2016, refletindo a retração no comércio varejista. Apenas os papéis para fins sanitários tiveram as vendas internas elevadas em 1,3% no ano passado. Vale, contudo, lembrar que, antes da crise que afetou a economia brasileira nos dois últimos anos, o consumo

4 PMC – IBGE – Pesquisa Mensal do Comércio. 5 ABPO – Associação Brasileira de Papelão Ondulado

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Destaque Setorial - Bradesco

Exportações de celulose para principais destinos (em mil toneladas) interno de papéis tissue crescia em média 4,5% ao

ano, enquanto o consumo de papéis destinados a embalagens e impressão cresciam em média 2,5% ao ano.

Nos meses à frente, o consumo doméstico de livros, jornais e revistas e a demanda por bens semi e não duráveis deverão permanecer ainda em níveis baixos. As exportações deverão continuar em expansão moderada, refletindo a melhora da demanda pelos países da América Latina. Mas, como as exportações respondem por apenas 20% do total produzido internamente, acreditamos que o fraco consumo doméstico continuará impactando negativamente a produção, que deverá registrar o quarto ano seguido de queda.

Em contrapartida, a indústria de celulose, que exporta quase 70% do que produz, vem registrando resultados muito positivos, em decorrência das exportações voltadas principalmente à China. Em 2016 a produção de celulose cresceu 8,1%, mantendo a mesma magnitude nos últimos quatro anos. As exportações avançaram 11,9% em volume no ano passado, saltando de uma participação de 61% sobre a produção em 2011 para 70% no último ano. Os embarques para a China registram expansão de 32,3% em 2016 e responderam por 80% de todo o volume a mais exportado de celulose pelo Brasil no ano passado. Desde 2000, as compras chinesas de celulose brasileira cresceram em média 22% ao ano e, com isso, a participação do país na nossa pauta de exportações de celulose saltou de 13% para 38% no período. 1.318 2.503 4.117 4.005 4.829 4.741 98 698 2.795 2.954 3.843 5.086 839 1.195 1.401 1.929 2.007 2.021 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16

Exportações de Celulose para principais destinos em mil toneladas Fonte: Secex Elaboração: Bradesco

Europa China EUA

Fonte: Secex, Bradesco

Enquanto as exportações de celulose em volume cresceram 11,9% em 2016, as receitas ficaram praticamente estabilizadas, com leve recuo de 0,5%, o que indica retração dos preços médios. Na mesma comparação, os embarques de papel cresceram 2,2%, porém as receitas retraíram 7,4%. Os preços caíram ao longo de 2016, refletindo a ampliação da oferta brasileira e de outros países produtores. Somente nos últimos meses do ano, algumas empresas anunciaram altas de preços dos produtos exportados. Poderemos ver novos aumentos este ano, em resposta à ampliação da demanda global.

Em que pese a desaceleração do crescimento da

economia chinesa esperada para os próximos anos, a demanda interna por papel tissue e para imprimir deverá continuar em expansão, refletindo a continuidade de melhora de renda no país e a urbanização dos hábitos. Diante disso, a produção brasileira de celulose continuará em expansão, embora em ritmo menor, já que a alta recente da produção refletiu a maturação de vários projetos de investimentos, incentivados pela competitividade brasileira. De fato, o custo de produção de celulose no Brasil é metade do custo chinês e europeu, beneficiado principalmente pelo maior rendimento do eucalipto que leva sete anos para crescer, enquanto nos demais países produtores o pinus leva em média quinze a vinte anos.

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Destaque Setorial - Bradesco

Perfil Setorial

• A celulose produzida no Brasil tem 72% de origem no eucalipto, 21% no pinus e 7% em outras árvores. O Eucalipto dá origem à fibra curta, utilizada para a fabricação de papéis para imprimir e escrever e papéis sanitários, enquanto o pinus dá origem à fibra longa, mais utilizada para fabricação de embalagens, com exigem maior resistência. Devido à baixa produção de celulose de fibra longa, o País precisa importar 25% do que consome.

• O Brasil exporta 69% da celulose produzida, sendo os principais destinos: • 38% China

• 35% Europa • 15% EUA

• O Brasil exporta 20% do papel produzido, sendo os principais destinos: • 54% América Latina

• 13% Europa • 9% EUA • 7 % China

• A celulose depende mais da demanda internacional e do comportamento da taxa de câmbio, já que quase 70% são destinados à exportação. O papel é mais dependente do nível de atividade doméstica, já que as exportações respondem por 20% da produção e dentre os principais tipos de papéis produzidos, 77% são embalagens e papel para imprimir e escrever. No segmento de celulose há atuação de empresas com grande escala de produção, mínima de 1,5 milhão de toneladas/ano, ao passo que no segmento de papel há maior fragmentação, atuando empresas de porte médio.

• As empresas de celulose operam 24 por dia e, portanto, existem paradas programadas para manutenção das fábricas.

• O Brasil é o maior produtor mundial de celulose de fibra curta, pois o clima brasileiro favorece o plantio de eucalipto, ao passo que nos demais países produtores a produção de celulose de fibra longa é maior, pois o clima favorece mais as florestas de pinus. No ranking global de produção total de celulose (fibra curta e longa) o Brasil ocupa a 4ª posição, com 9% de participação, atrás dos EUA (30%), da China (10,8%) e do Canadá (10,2%).

• O Brasil é bastante competitivo no segmento de celulose: • Clima favorável

• Base de produção baseada no Eucalipto que leva em média 7 anos para crescer, enquanto o Pinus, base dos demais players leva em média 15 a 20 anos

• Boa logística de escoamento da produção: florestas próximas das fábricas, que também são próximas de terminais privativos. Infraestrutura de escoamento de fábricas distantes dos portos é baseada no modelo trimodal, rodovia-ferrovia-hidrovia.

• O Brasil é o 9º maior produtor de papel, com 2,6% de participação. Os maiores players são: China 25,6%, EUA, 18,6%, Japão, 6,5%, Alemanha 5,7%, Suécia 2,9%, Coréia do Sul 2,8%, Canadá 2,7%, Finlândia 2,7%. • Os principais itens de custos da produção de celulose são: 44% madeira, 23% produtos químicos, 13%

manutenção, 8% combustíveis e 5% mão-de-obra.

• Os principais itens de custos da produção de papel são: 34% mão-de-obra, 15% madeira e fibras, 14% Produtos Químicos, 11% fretes, 11% Energia Elétrica e Óleo Combustível e 9% Manutenção.

• Do total de madeira utilizada pela indústria de celulose, 85% é de produção própria. Os 15% restantes são fornecidos por pequenos produtores no sistema integrado de produção.

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Equipe Técnica

• Do total de 7,74 milhões de hectares de árvores plantadas no Brasil, 34%, o equivalente a 2,63 milhões de hectares, são das empresas de celulose, sendo o restante distribuídos entre uso para siderurgia, painéis de madeira, móveis e produtores independentes.

• O plantio de eucalipto no Brasil tem a seguinte distribuição regional: • 25,0% Minas Gerais

• 17,5% São Paulo

• 14,4% Mato Grosso do Sul • 11,3% Bahia

• 5,5% Rio Grande do Sul • 4,1% Espírito Santo • 4,0% Paraná • 3,8% Maranhão • 3,3% Mato Grosso • 2,9% Pará

Fernando Honorato Barbosa – Economista Chefe

Economistas: Ana Maria Bonomi Barufi / Andréa Bastos Damico / Ariana Stephanie Zerbinatti / Constantin Jancso / Daniela Cunha de Lima / Ellen Regina Steter / Estevão Augusto

Oller Scripilliti / Fabiana D’Atri / Igor Velecico / Leandro Câmara Negrão / Marcio Aldred Gregory / Myriã Tatiany Neves Bast / Priscila Pacheco Trigo / Regina Helena Couto Silva / Thomas Henrique Schreurs Pires

Estagiários: Alexandre Stiubiener Himmestein/ Bruno Sanchez Honório / Christian Frederico M. Moraes / Fabio Rafael Otheguy Fernandes / Felipe Alves Fêo Emery de Carvalho/

Referências

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