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APRENDENDO SOBRE MEDIDAS DE COMPRIMENTO ATRAVÉS DE JOGOS: EXPERIÊNCIAS DO PIBID INTERDISCIPLINAR EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS

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Academic year: 2021

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APRENDENDO SOBRE MEDIDAS DE COMPRIMENTO ATRAVÉS DE JOGOS: EXPERIÊNCIAS DO PIBID INTERDISCIPLINAR – EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

NOS ANOS INICIAIS

Thanize Bortolini Scalabrin – UFSM Simone Tonatto Ferraz – UFSM

Laura Pippi Fraga - UFSM

thanize_bortolini@hotmail.com; simoninha.tferraz@hotmail.com; laurapippifraga@yahoo.com.br

1. Introdução

Este artigo tem por objetivo relatar uma atividade de ensino sobre o conteúdo de medidas de comprimento, dando enfoque aos jogos elaborados sobre o assunto que tinham por finalidade proporcionar a apropriação de conhecimentos sobre medida de comprimento pelas crianças de uma turma de 4º ano do Ensino Fundamental, de uma escola da rede pública estadual em Santa Maria - RS.

As ações foram desenvolvidas no âmbito do projeto PIBID - Interdisciplinar “Educação Matemática do 1º ao 6º ano do Ensino Fundamental (PIBID/InterdEM)”1, que conta com o financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES. O projeto é composto por acadêmicas dos cursos de licenciatura em Educação Especial, Matemática e Pedagogia, da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, duas professoras supervisoras e alunas colaboradoras da pós-graduação em Educação, e tem parceria com três escolas.

1 Coordenado pela Profª. Drª. Anemari Roesler Luersen Vieira Lopes. ISBN: 978-85-61128-48-7

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O PIBID/InterdEM conta com o apoio do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Matemática – GEPEMat que possui preocupações com o ensino e a aprendizagem da matemática nos anos iniciais, desenvolvendo pesquisas sobre a formação de professores que ensinam matemática, a partir dos pressupostos da Atividade Orientadora de Ensino – AOE (MOURA, 1996) que se embasa teoricamente na Teoria Histórico-cultural de Vigotski (1984) e na Teoria da Atividade de Leontiev (1988). A Atividade Orientadora de Ensino (AOE), segundo Moura, se configura como

[...] aquela que se estrutura de modo a permitir que sujeitos interajam, mediados por um conteúdo, negociando significados, com o objetivo de solucionar coletivamente uma situação-problema. É atividade orientadora porque define elementos essenciais da ação educativa e respeita a dinâmica das interações que nem sempre chegam a resultados esperados pelo professor. Este estabelece os objetivos, define as ações e elege os instrumentos auxiliares de ensino, porém não detém todo o processo, justamente porque aceita que os sujeitos em interação partilhem significados que se modificam diante do objeto de conhecimento em discussão (2002, p.155).

A atividade de ensino aqui relatada foi organizada com a intencionalidade de fazer com que os alunos percebessem a necessidade humana que levou ao desenvolvimento das medidas de comprimento, tendo por objetivos a discussão sobre a variação das formas de medir ao longo da história e a exploração e identificação das unidades de comprimento.

Assim, organizamos ações que pudessem sistematizar a aprendizagem sobre medidas de comprimento, sendo que os recursos utilizados foram os jogos em grupos. Destacamos a importância desta sistematização ser realizada de forma coletiva, pois para Moura, “[...] a atividade realizada em comum, coletiva, ancora o desenvolvimento das funções psíquicas superiores ao configurar-se no espaço entre a atividade interpsíquica e intrapsíquica dos sujeitos.” (MOURA, 2010, p. 212). Portanto, na perspectiva da Atividade Orientadora de Ensino, o trabalho desenvolvido na escola, as ações planejadas articulam-se de forma que todas contribuam para o alcance do objetivo.

2. Metodologia

Elegemos como temática da atividade de ensino que organizamos, os personagens do “Sítio do Picapau Amarelo”. Com o tema escolhido, organizamos as ações da

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atividade referente à medida de comprimento em três momentos principais: a Síntese Histórica do Conceito, o Problema Desencadeador de Aprendizagem e a Síntese Coletiva do Conceito.

a) Síntese Histórica do Conceito: O momento da Síntese Histórica constituiu-se a

partir do estudo do conteúdo sobre medidas, onde buscamos compreender a necessidade de criação do conceito pelo homem. Observamos que inicialmente, nossos antepassados começaram a usar como referência partes do próprio corpo, surgindo assim, as primeiras medidas de comprimento: a polegada, o palmo, o pé, a jarda, a braça e o passo. Por ser uma forma de medir muito prática e estar "sempre à mão", algumas dessas medidas, como a polegada, os palmos e a jarda continuam sendo empregadas até hoje.

Além disso, para medir distâncias maiores, no Egito, os agrimensores do faraó utilizavam cordas espaçadas com nós, sendo cada intervalo correspondente à medida de cinco cúbitos. Dessa maneira, essa corda tinha a mesma funcionalidade de uma trena que usamos nos dias de hoje. Ao longo da evolução e das necessidades da humanidade, as culturas foram adaptando sua forma de medir as grandezas, foi então que criaram padrões universais de medida. A padronização ocorreu em meados de 1790, quando o metro (padrão único) passou a ser utilizado para medir comprimentos. Com a evolução desta padronização das unidades de medidas, atualmente temos as principais medidas de comprimento: Metro (m), Centímetro (cm), Milímetro (mm). Assim, da mesma forma que há muito tempo atrás o homem sentiu a necessidade de medir, hoje nos deparamos com diversas situações do nosso cotidiano que a grandeza medidas de comprimento se faz presente.

b) Problema Desencadeador de Aprendizagem: O Problema Desencadeador de

Aprendizagem foi apresentado através de uma história virtual, utilizando como recurso a dramatização, na qual uma das integrantes do grupo se caracterizou de Visconde de Sabugosa e o enredo consistia em ajudar os personagens do sítio a organizarem a lavoura de milho. As crianças foram questionadas sobre: “Como reorganizar esta plantação, de modo que todas as plantas recebam a mesma quantidade de sol, de chuva e cresçam de forma adequada?”. Para resolver esse problema organizamos uma lavoura fictícia, utilizando TNT e representações de pés de milho.

c) Síntese Coletiva do Conceito: Como uma forma de sintetizar o conhecimento

construído, propomos aos alunos que elaborassem um vídeo com a resposta encontrada coletivamente pela turma. Os alunos chegaram à solução do problema

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proposto, explicando que deveriam utilizar algum instrumento para separar cada pé de milho. Alguns alunos falaram que poderiam utilizar as mãos enquanto outros os pés, mas concluíram que utilizando os palitos que encontraram na mesa da professora seria o melhor instrumento para realizar a separação e disposição do milharal.

Ao final da unidade didática realizamos um circuito, envolvendo três jogos, que serão apresentados nesse trabalho, sendo: Tabuleiro do Comprimento, Sortear e Medir e Memória das Medidas. Nos embasamos em Moura e Lanner de Moura (1998) quando afirmam que ao utilizarmos o jogo como propósito pedagógico, pode ser um aliado importante no ensino de matemática.

3. Resultados e Reflexões

Para o desenvolvimento dos jogos, primeiramente dividimos a turma em grupos de quatro pessoas e em seguida os disponibilizamos fazendo dessa forma um circuito, ou seja, assim que cada grupo concluísse um jogo ele deveria trocar o mesmo por outro.

Cada uma de nós, bolsistas do PIBID, ficou responsável por auxiliar um grupo de alunos. De modo geral, percebemos bastante dificuldades em relação ao conteúdo de medidas, muitos alunos não conseguiram entender, por exemplo, que 1 metro e 15 centímetros é o mesmo que 115 centímetros. Diante disso, surgiu a necessidade de intervir diversas vezes nas jogadas, de modo a auxiliá-los na compreensão tanto do conteúdo, como das regras do jogo.

Tabuleiro do Comprimento: O jogo era constituído por um tabuleiro, marcadores

com personagens do Sítio do Picapau Amarelo e cartas com roteiros, conforme o personagem escolhido, conforme figuras 1 e 2. Para jogar, o aluno deveria seguir o roteiro descrito nas cartas e, para avançar, era preciso utilizar a régua para medir, até chegar ao local correspondente, em seguida responder as perguntas solicitadas. O vencedor seria aquele que primeiro chegasse ao destino (objeto correspondente ao personagem). Neste jogo percebemos que a dificuldade encontrada foi com relação a orientação esquerda e direita e não sobre a ação de medir.

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Figura 1 – Tabuleiro do comprimento2.

Fonte: Arquivos GEPMat.

Figura 2 – Tabuleiro do comprimento.

Fonte: Arquivos GEPMat.

Sortear e Medir: Era formado por diversos objetos numerados de 1 a 16 e dois

dados, de acordo com a figura 3 e 4. Inicialmente os alunos deveriam jogar os dados, somar a numeração destes e medir o objeto correspondente ao número sorteado, em seguida marcar em uma tabela o tamanho deste objeto, cada aluno deveria jogar 4 rodadas e realizar a soma final das medidas obtidas. Ganhava o jogo quem obtivesse a maior medida (soma das 4 jogadas). Os alunos ficaram com algumas dúvidas quando tiveram que medir os objetos, já que alguns não apresentavam uma medida exata. Cada grupo solucionou essa questão de diferentes formas, alguns arredondaram para menos ou para mais, outros colocaram a medida em forma decimal, ou seja, utilizaram números com vírgula, com nossa ajuda. Os grupos que anotaram as medidas com números com vírgula tiveram mais dificuldade de realizar

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a soma das quatro jogadas, já que eram números até então desconhecidos para eles. Percebemos também, que os educandos não sabiam como organizar a operação de soma, ou seja, unidade embaixo de unidade, dezena embaixo de dezena; assim como vírgula embaixo de vírgula.

Figura 3 – Sortear e medir.

Fonte: Arquivos GEPMat.

Figura 4 – Sortear e medir.

Fonte: Arquivos GEPMat.

Memória das Medidas: O jogo era composto por cartas com diferentes objetos

mensuráveis e cartas com a medida em centímetros correspondente a esse objeto, conforme figura 5 e 6. Inicialmente os alunos deveriam embaralhar as cartas e dispor as mesmas sobre a mesa, de modo que todas ficassem viradas para baixo. Cada jogador deveria virar apenas duas cartas por jogada para tentar encontrar seu par, para isso era preciso utilizar a régua sempre que necessário. Venceria o jogo quem

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tivesse o maior número de pares de cartas. Observamos neste jogo que os alunos entenderam como usar a régua para medir e conseguiram fazer relações entre as medidas, como por exemplo: que 4 cm era quase do mesmo tamanho que 5cm.

Figura 5 – Memória das medidas.

Fonte: Arquivos GEPMat.

Figura 6 – Memória das medidas.

Fonte: Arquivos GEPMat.

4. Conclusões

Este artigo relatou uma atividade de ensino sobre o conteúdo de medidas de comprimento, mais especificamente sobre os jogos desenvolvidos em uma turma de

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4º ano, cuja aplicação tinha por objetivo proporcionar a apropriação de conhecimentos sobre comprimento pelas crianças.

As ações desenvolvidas foram orientadas a partir da proposta da Atividade Orientadora de Ensino (MOURA, 1996), tendo a intenção de que os alunos percebessem a necessidade humana que levou ao desenvolvimento do conceito de medida de comprimento.

A utilização dos jogos foi fundamental para a apropriação deste conceito, pois este é um dos momentos que conseguimos verificar a aprendizagem dos alunos. Pozebon (2014) afirma que a criança compreende o conceito de medida quando ela a começa a medir, processo este que tem início na infância e se estende por toda a vida, assim, o uso de jogos em sala de aula como recurso para o aprendizado das crianças tem se mostrado fundamental, pois ao mesmo tempo em que elas jogam, se apropriam do conhecimento. Essa forma lúdica proporciona a aprendizagem do conteúdo proposto. Por fim, observamos que o uso de jogos é uma estratégia interessante para o ensino da matemática, o que contribuiu para a apropriação do conceito de medidas de comprimento, bem como para a compreensão das várias formas de medir ao longo da história, além da exploração e identificação das grandezas de comprimento.

Salientamos, também, que essas ações contribuíram para nosso processo de formação como futuras professoras que ensinam matemática, aliando a teoria proposta pela Atividade Orientadora de Ensino, com a prática desenvolvida em sala de aula.

5. Referências Bibliográficas

LEONTIEV, A. Uma contribuição à teoria do desenvolvimento da psique infantil. In.: VIGOTSKII, L.S.; LURIA, A.R. & LEONTIEV, A.N. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. 5ª ed. São Paulo: Ed. Ícone, 1988. p.59-83.

MOURA, M. O. A atividade de ensino como ação formadora. In: CASTRO, A. D.; CARVALHO, A. M. P. (Org.). Ensinar a ensinar: didática para a escola fundamental e média. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

MOURA, M. O. (coord.) Controle da variação de quantidade. Atividade de Ensino. Textos para o ensino de ciências nº07. Oficina Pedagógica de Matemática. São Paulo: USP, 1996.

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MOURA, M. O; ARAÚJO, E.S.; MORETTI, V.D.; PANOSSIAN, M. L.; RIBEIRO, F.D; Atividade Orientadora de Ensino: Unidade entre ensino e aprendizagem. Rev. Diálogo Educ, Curitiva, v.10, nº 29, 2010.

MOURA, M. O; LANNER de MOURA, A. R. Escola: um espaço cultural. Matemática na Educação Infantil: conhecer, (re) criar – um modo de lidar com as dimensões do mundo. São Paulo: Diadema/Secel, 1998.

POZEBON, S. Formação de futuros professores na organização do ensino de matemática para os anos iniciais do Ensino Fundamental: aprendendo a ser professor em um contexto específico envolvendo medidas. 2014. 195 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2014.

VYGOTSKY, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984, p.37 – 95.

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