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ANÁLISE E VALIDAÇÃO DO MODELO CONCEITUAL DA CADEIA PRODUTIVA DO FUTEBOL DO BRASIL

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ANÁLISE E VALIDAÇÃO DO MODELO

CONCEITUAL DA CADEIA PRODUTIVA

DO FUTEBOL DO BRASIL

Rosiane Serrano (IFRS ) rosianeserrano@gmail.com Daniel Pacheco Lacerda (UNISINOS ) dlacerda@unisinos.br Ricardo Augusto Cassel (UFRGS ) cassel@producao.ufrgs.br Luis Henrique Rodrigues (UNISINOS ) lhr@unisinos.br Aline Dresch (UNISINOS ) aldresch@gmail.com

O futebol deixou de ser apenas um esporte praticado por muitos brasileiros, verifica-se que é uma indústria de alto perfil e com característica profissionalizada. Tendo uma significativa cadeia de atividades econômicas que o envolve. Assim ao identificar e ter o entendimento da natureza dos elementos que compõe esta cadeia, possibilita que os formuladores e tomadores de decisão realizem julgamentos corretos sobre questões pertinentes as suas necessidades. Por sua vez, este estudo tem como objetivo a validação do modelo conceitual (framework) da cadeia produtiva do futebol apresentado por Serrano et al. (2015). Para responder aos objetivos propostos nesse artigo foi realizado um estudo de caso exploratório, por meio de entrevistas com especialistas no contexto em estudo. Desse modo, as análises das entrevistas apontaram o modelo conceitual aproximava-se da realidade, ou seja, da cadeia produtiva do futebol. Sendo constituído sob duas perspectivas de análise: principal e auxiliar. Seguindo esta característica alguns atores foram realocados e inseridos, observando o retorno das entrevistas. Bem como, a forma de apresentação destes foi reajustada, pois as entrevistas apontaram que o modelo parecia confuso. Sendo atribuídas cores para o entendimento dos relacionamentos na cadeia e as mesmas foram postas em sequência. Observa-se que esta cadeia produtiva apresenta-se dinâmica e com vários inter-relacionamentos, sua estruturação mostrou-se válida, suscitando encaminhamentos de estudos futuros, sob o contexto da sustentabilidade.

Palavras-chave: Cadeia produtiva do futebol, estudo de caso, validação modelo conceitual

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2 1. Introdução

A indústria esportiva apresenta um segmento com alto potencial de receitas (KLAYMAN, 2008). Somente o futebol mundial movimenta valores entre US$ 400 bilhões de dólares e US$ 1 trilhão de dólares (BELO; PAOLOZZI, 2013; BENEVIDES et al., 2015). No futebol brasileiro, alguns clubes chegam a faturar cerca de R$ 300 milhões de reais ao ano (LANGONI, 2013). Dimensionando os fluxos monetários, toda a cadeia do futebol brasileira somou R$ 3,5 bilhões em 2009 (BLUMENSCHEIN, 2013). Em termos quantitativos, dos 1,9% de participação do esporte no produto interno bruto (PIB) brasileiro, o futebol representa 53% deste total, aproximando-se de R$ 36.000 bilhões de reais (PLURI CONSULTORIA, 2011).

Assim, o futebol deixou de ser apenas um esporte praticado por muitos brasileiros e findou-se o pressuposto da economia de subsistência, instaurada até meados de 1987 (AIDAR; FAULIN, 2013). Verifica-se que a indústria do futebol é considerada de alto perfil e com característica profissionalizada. Desse modo, um ótimo desempenho fora de campo exige que características especiais da indústria sejam reconhecidos nas práticas de gestão (KAUPPI; MOXHAM; BAMFORD, 2013). Neste sentido, torna-se importante combinar o talento dentro de campo com a competência fora, ou seja, modernizar a gestão do futebol em todos os níveis, conciliando razão com emoção (LANGONI, 2013). Isso é necessário uma vez que há uma significativa cadeia de atividades econômicas que envolve o futebol, considerando sua popularidade mundial e importância sociocultural, o que gera impactos diretos e indiretos na economia brasileira (BENEVIDES et al., 2015; BLUMENSCHEIN, 2013).

É possível caracterizar o futebol como uma indústria dinâmica, podendo ser compreendido por meio da concepção de uma cadeia produtiva (BENEVIDES et al., 2015). O entendimento da natureza dos elementos que compõe esta cadeia, possibilita que os formuladores e tomadores de decisão realizem julgamentos corretos sobre questões pertinentes às suas necessidades. Ao entender os enlaces que envolvem a cadeia, é possível identificar o público relacionado, evidenciando que estes são a essência do esporte (BORLAND; MACDONALD, 2003) e, por consequência, de toda a cadeia produtiva.

Neste sentido, Leoncini (2001) salienta que ao estudar a cadeia do futebol é requerido uma visão dinâmica dos processos, dentre estes a identificação dos principais agentes envolvidos. Este estudo tem como objetivo a validação do modelo conceitual (framework) da cadeia

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3 produtiva do futebol apresentado por Serrano et al. (2015). Para tanto foi realizado um estudo de caso exploratório, por meio de entrevistas com especialistas no contexto em estudo.

Assim, este trabalho está estruturado em quatro seções além desta introdução. A seção a seguir apresenta o referencial teórico, o qual versará sobre cadeia produtiva e modelos desenvolvidos para o futebol. Em seguida apresentam-se os procedimentos metodológicos adotados para a condução deste estudo. A quarta seção expõe os resultados do estudo de caso e o modelo final validado da cadeia produtiva do futebol. Por fim, são apresentadas as conclusões e as oportunidades de trabalhos futuros.

2. Cadeias produtivas e o futebol

Cadeia produtiva é definida como uma sequência de fluxos de materiais e processos para fabricação de bens e serviços, realizados por diversas empresas, em diferentes estágios (BRONZERI, 2009; FIGUEIREDO, 2013). Há diversas abordagens teórico-metodológicas para definição de cadeia produtiva, a exemplo filière, cadeia de suprimentos e a cadeia produtiva global (LEÃO; VASCONCELLOS, 2015).

A abordagem filière, possui seu conceito ligado ao Agronegócio, pois na década de 1960 passou-se a estudar a agricultura comercial e sua integração vertical na França, posterior este termo disseminou em países em desenvolvimento (RAIKES; JENSEN; PONTE, 2000). A análise filière é utilizada para mapear os fluxos de mercadorias, identificar os agentes e atividades, ou seja, apresenta um fluxograma físico dos produtos de base e transformações (LEÃO; VASCONCELLOS, 2015). Raikes; Jensen e Pontes (2000) expõe que a análise

fílière concentra-se principalmente em nível local e nacional na cadeia, focando na

importância do lado técnico dos fluxos de materiais do que o papel social dos atores ali presentes.

Neste sentido, a abordagem de cadeia produtiva global busca compreender como as indústrias se organizam, identificando o conjunto de atores que estão envolvidos na produção e distribuição de determinado bem ou serviço, assim como mapear os tipos de relação existente entre eles (BAIR, 2005). Refere-se a uma perspectiva que enfoca a configuração de cadeia de produção no mercado global, atuando com ênfase econômica, empreendendo análises para melhorar a eficiência e a competitividade (LEÃO; VASCONCELLOS, 2015).

No que tange as cadeias de suprimentos estas possuem diferentes estruturas e princípios operacionais, variando conforme o que elas entregam ao mercado (APPELQVIST et al.,

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4 2013). Essa abordagem enfatiza os métodos, instrumentos e técnicas de gerenciamento de suprimentos, a fim de possibilitar a análise da integração da produção e distribuição de bens (LEÃO; VASCONCELLOS, 2015). Seu objetivo é reduzir a incerteza e variação em operações ao longo da cadeia de fornecimento (APPELQVIST et al., 2013).

Porém, independente da abordagem teórica, a definição de cadeia produtiva diz respeito a todos os atores, instituições, operações e atividade relativas a produção, distribuição, consumo e descarte de bens e serviços (LEÃO; VASCONCELLOS, 2015). Além disso, a visão sobre os elos que compõe a cadeia permitem perceber os fluxos econômicos, materiais do ponto de vista da logística e eficiência quanto as relações sociais injustas e iníquas no contexto da saúde, trabalho e ambiente (LEÃO; VASCONCELLOS, 2015; MONTAIGNE; COELHO, 2012).

Salienta-se que a cadeia produtiva é utilizada como nível de análise de diversas pesquisas, pois o seu melhor gerenciamento pode promover melhorias a todos os elos (BRONZERI, 2009). Neste sentido, por meio da revisão sistemática de literatura, foram elencados estudos que abordaram a cadeia produtiva do futebol. Destes estudos, 4 apresentam a cadeia produtiva do futebol do Brasil e 1 expõe o futebol Europeu.

Assim, Leoncini (2001) apresenta um modelo que mostra as características do processo de transformação nos clubes de futebol do Brasil. Leoncini e Silva (2005) aprimoram o modelo apresentado por Leoncini (2001), reorganizando o posicionamento de alguns agentes. Ferreira (2012), por sua vez, estabelece seu modelo de cadeia produtiva considerando os processos que ocorrem antes, durante e depois do jogo. Blumenschein (2013), propõe que a cadeia produtiva do futebol apresenta como eixo principal um conjunto de empresas e instituições, das quais participam diretamente da organização e realização do futebol no Brasil. Ducrey et al. (2003), apresentam o negócio futebol como um grupo de atividades comerciais realizadas pelos atores na indústria do futebol europeia, trazendo como pilares desta os clubes de futebol e a equipe nacional.

Analisando os estudos apresentados, esta pesquisa mostra-se relevante, pois os estudos abordam a cadeia sob uma perspectiva econômica e sob a ótica dos clubes de futebol. Esta pesquisa propõe um olhar sistêmico para a cadeia produtiva do futebol, ou seja, considera todos os atores/elos, e não expõe uma segmentação de análise dentro do futebol brasileiro. Assim, os estudos listados auxiliarão na validação do modelo conceitual desenvolvido,

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5 salientando a identificação e posicionamento dos atores.

3. Procedimentos metodológicos

Marconi e Lakatos (2008) evidenciam que não há ciência sem o emprego de métodos científicos. Pesquisa é um trabalho imprevisível e com variáveis incontroláveis (SILVA; MENEZES, 2005). Assim, Dresch, Lacerda e Antunes Jr. (2015), descrevem a necessidade de adotar procedimentos para garantir a confiabilidade dos resultados de uma pesquisa científica. Para conduzir uma pesquisa científica, existem métodos que podem ser adotados, cada um deles apresenta vantagens e desvantagens e sua escolha é dependente do tipo de questão de pesquisa, controle sobre os eventos que decorrerão ao longo da mesma, foco e objetivo do estudo (YIN, 2010).

O método de pesquisa utilizado para condução deste trabalho foi o estudo de caso, o qual é definido como uma pesquisa empírica que busca compreender um fenômeno contemporâneo, complexo, em seu contexto real (YIN, 2010). Para tanto será usada a sequência esboçada por Miguel (2007) a mesma esta apresentada na Figura 1.

Figura 1: Condução do estudo de caso

Fonte: Adaptado de Miguel (2007)

A definição de uma estrutura conceitual-teórica foi apresentada no artigo denominado: Proposição de um Modelo Teórico para Análise da Cadeia Produtiva do Futebol (SERRANO et al., 2015). Neste contexto, esta pesquisa inicia na fase dois do método de estudo de caso, refere-se a validação do modelo conceitual.

Para o planejamento dos casos foram, primeiramente, selecionadas as unidades de análise, sendo indústria, empresas de serviços, entidades, associações, pessoas atuantes e etc., no

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6 segmento do futebol da região sul do Brasil, a saber, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Posteriormente, foram contatados os atores que atuam no segmento do futebol e que os pesquisadores possuíam contato. Em seguida foi utilizada a técnica “Bola de Neve” (BALDIN; MUNHOZ, 2011), na qual cada participante faz referência a outros participantes potenciais e assim sucessivamente. Por fim, para a constituição das entrevistas foi elaborado um roteiro de entrevistas, composto por questões semi-estruturadas, as quais abordavam a representatividade do modelo conceitual da cadeia produtiva do futebol.

Conforme prevê o método do estudo de caso, deve ser conduzido um teste piloto. Assim, foi realizada uma entrevista inicial, possibilitando o aprimoramento do roteiro de entrevistas. A coleta de dados foi iniciada por meio do contato com os respondentes. O Quadro 1 apresenta o perfil dos respondentes, expondo sua área de atuação e sua atuação no futebol. No que tange ao número de entrevistados foi utilizada a exaustividade, ou seja, quando as respostas passam a ser repetitivas e são suficientes para o entendimento do problema. Para o registro dos dados foi solicitado o uso do gravador, visando a posterior transcrição e facilitar a análise dos dados. Ademais, anotações foram feitas pelos pesquisadores para eventual comparação e/ou confirmação das respostas dos entrevistados.

Quadro 1: Respondentes

Tipo de Atividade: Área de formação: Função: Tempo de atuação no setor esportivo: Entrevistado 1 Indústria de Confecção Gradução em Administração Diretor Administrativo 10 anos Entrevistado 2 Clube de Futebol

Atleta profissional Gradução em Administração Pós-Graduação em Gestão Empresarial

Diretor executivo de futebol

13 anos atleta + 13 anos cargos de

direção

Entrevistado 3 Consultoria em esporte

Post Graduation, Strategy, Marketing, Innovation, Design Specialist, Finance and economic analysis

Graduation, Business, Management, Marketing, Strategy

Proprietário/Consultor 10 anos

Entrevistado 4 Consultoria Pós-Graduação em Gestão de empresas Graduação em Administração Diretor 8 anos Entrevistado 5 Comercio/varejo Graduação em Engenharia Elétrica Diretor 10 anos Entrevistado 6 Ensino

Graduação em Engenharia Eletrônica Pós-Graduação em Administração

Mestre e doutor em Engenharia de Produção Coordenador de PPG Torcedor Entrevistado 7 Clube de Futebol

Graduação em Engenharia Civil Pós-graduado em Gestão Empresarial

Mestrado em Marketing e Negócios

Executivo de clube de

futebol 2,6 meses Entrevistado 8 Franquias Graduação em Administração Holding de oprações 13 anos

Entrevistado 9 Administradora de Cartões

Graduação em Administração Pós-graduação em Governança Corporativa e

Gestão de Riscos Pós-graduação Administração da Tecnologia

da Informação

Gerente de Riscos e

Compliance 10 anos

Entrevistado 10 Industria e Comércio Graduação em Administração Administração Administrador 11 anos

Fonte: Os autores (2016)

A análise dos dados seguiu a análise de conteúdo proposta por Bardin (2011). Neste sentido, Bardin (2011), considera a codificação como a unidade de registro, ou seja, seleção de palavras e temas com o significado para o objetivo; a categorização é denominado um processo estruturalista classificatório, devendo conter exclusão mútua, homogeneidade,

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7 pertinência, objetividade e fidelidade, produtividade.

As entrevistas foram analisadas com o auxílio do software Atlas.ti. Assim, as entrevistas foram analisadas por meio de categorização e codificação, utilizando assim como forma de estruturação da análise. Para tanto, foram consultadas as formas apresentadas por Miles; Huberman e Saldanã (2014). O Quadro 2, apresenta as questões abordadas, as respostas diretas e os códigos criados para posterior análise por inferência e interpretação.

Quadro 2: questionário aplicado e códigos para análise da entrevista

Perguntas Respostas diretas Códigos

1) O modelo acima representa a cadeia produtiva do futebol? Por que?

(representa totalmente) (representa) (representa parcialmente) (não representa) Representatividade do modelo 2) Há algum ator/elos importante que não está representado em cada um dos elos? Por que?

(sim) (não) (parcialmente)

Novos atores/elos

3) Você reclassificaria algum elo/ator? Por que?

(sim) (não) (parcialmente)

Reclassificação

Fonte: Os autores

A última etapa do estudo de caso, que é a geração do relatório será feita justamente por meio da elaboração desse artigo. Na seção a seguir consta a análise das entrevistas e o modelo final proposto e validado.

4. Resultados obtidos: validação do modelo da cadeia produtiva do futebol

Conforme apresentado na seção anterior, as entrevistas foram analisadas seguindo as etapas propostas por Bardin (2011). Neste contexto, a Tabela 1 expõe a frequência dos comentários de cada entrevistado nas questões propostas. Estando na linha os códigos atrelados à cada uma das questões, nas colunas à relação dos entrevistados e à quantidade de respostas encontradas. Desse modo, os entrevistados apontaram 9 comentários sobre a representatividade do modelo, à possibilidade de inserção de 27 atores/elos e a reclassificação de 12. Na sequência é exibido estes retornos graficamente e o extrato dos comentários.

Tabela 1: Valores encontrados por código

Representatividade do modelo Novos atores/ elos Reclassificação Total por entrevistado Entrevistado 1 0 4 4 8 Entrevistado 2 2 2 0 4 Entrevistado 3 2 3 1 6 Entrevistado 4 1 4 2 7 Entrevistado 5 0 1 2 3 Entrevistado 6 1 6 0 7 Entrevistado 7 3 2 0 5 Entrevistado 8 0 2 2 4 Entrevistado 9 0 3 0 3 Entrevistado 10 0 0 1 1

Total por código 9 27 12

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8 A primeira questão abordava a representatividade do modelo conceitual. No que tange a representatividade do modelo, o Gráfico 1 mostra que 6 entrevistados concordam que o modelo conceitual apresentado representa a cadeia produtiva do futebol, 2 entrevistados salientam que o mesmo representa totalmente e 2 parcialmente. Na visão do Entrevistado 2: “o modelo representa parcialmente, pois muitos agentes dependem da área de atuação”. O Entrevistado 3, por sua vez, afirma que “no geral o modelo esta bem distribuído”. O Entrevistado 4 afirma que “é representativa, pois expõe desde a fase inicial, com a formação do jogador, e por que envolve todo o segmento”. O Entrevistado 6, a seu turno, salienta que “está bem organizada, mas precisa de mais reflexão, pois a classificação utilizada é tipicamente industrial em algo intangível”.

Gráfico 1: Representatividade do modelo

Fonte: Os autores (2016)

O Gráfico 2 mostra que 6 dos entrevistados concordam que existem atores a serem incluídos, ou que não estão representados, 3 acreditam que os atores estão representados, mas parcialmente, ou seja, falta uma conexão e 1 acredita que todos estão representados. O Entrevistado 1 salienta que “na indústria de bens inserir investidores como pessoas físicas, donos de clubes e na cadeia secundária inserir cursos e profissionais envolvidos”. O Entrevistado 7 afirma que “o cliente de jogo, torcedor de campo, ou seja, aquele que não é sócio, mas vai assistir o jogo”. O Entrevistado 8, por sua vez, destaca a “inserção do ex-atleta na cadeia secundária, como exploração de sua imagem”. O Entrevistado 9 aponta a “venda do direito federativo do jogador, pois representa 20 a 30% do orçamento anual dos clubes e inserção do empresário parceiro no elo distribuição, pois o jogador não é detentor do passe sozinho, o empresário capta e faz a venda do jogador”. A seu turno, o Entrevistado 4, sugere a “inserção na indústria de bens (cadeia secundária) venda de planos de saúde”. O Entrevistado 2 aponta a “inclusão dos agentes de investimento, ou seja, os patrocinadores, pois este podem

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9 determinar o orçamento do clube. E inserção do departamento jurídico e profissionais do direito esportivo e tributário, pois tem papel fundamental por gerenciar passivos e causas trabalhistas”. O Entrevistado 4 ressalta os “clubes de fachada, pois são clubes com foco na lapidação e melhoria do jogador para depois irem para o mercado”. Por fim, o Entrevistado 6 sugere os “profissionais analistas de jogos e desenvolvimento de software para o mercado esportivo”.

Gráfico 2: Inserção de novos atores/elos

Fonte: Os autores (2016)

No que tange a reclassificação dos atores/elos, 6 entrevistados evidenciam a necessidade de reclassificação e 3 acreditam que não há necessidade de reclassificar. A resposta parcialmente, evidencia que o entrevistado não concorda com alguns dos atores/elos listados, tais como os olheiros de futebol presentes nesta cadeia, mas não propõe alterações que justifiquem sua reclassificação. O Gráfico 3 apresenta o quantitativo de respostas. Para o

Entrevistado 1 “a avaliação física não é realizada na indústria extração”. O Entrevistado 3 sugere “rever o posicionamento dos empresários”. O Entrevistado 4 aponta que o “clube amador deve estar na indústria de transformação, pois são de desenvolvimento e na indústria de bens já existe a base”, bem como “substituir médicos por profissionais de saúde, em função da diversidade de de profissionais”. O Entrevistado 5 afirma que “na indústria de transformação trazer as federações e confederações, são atores importante na organização dos campeonatos, antes de sua efetividade, por isso a inserção anterior.”

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Fonte: Os autores (2016)

Com base nestes retornos, e com a ampliação feita a partir da literatura, o modelo conceitual proposto foi avaliado e foi realizada a inserção de novos atores/elos. A Figura 2 apresenta esta nova organização, onde os atores inseridos e reclassificados estão destacados em itálico e na cor vermelha. As cores apresentadas em cada ator significa a sua atuação ao percorrer a cadeia produtiva. Assim, o laranja representa os clubes de futebol, o azul os produtos oriundos deste e o lilás a mídia.

Figura 2: Cadeia Produtiva do Futebol

Indústria

Extração Transformação Indústria Indústria de Bens

Distribuidor Varejo Clientes

Campos de futebol amador Escolinha de futebol Colégios conveniados Parceiros conveniados Olheiros de clubes Clube/time amador Escolas de formação do clube Escolas de formação parceiras Empresários parceiros Federações e confederações Clube profissional Empresas de bens licenciados Empresas de materiais esportivos Equipamentos para prática esportiva (estádios, quadras, CTs. Jogos de futebol/ campeonatos Licenciamento de marca Grandes redes varejistas Detentora dos direitos de transmissão Empresas de comunicação (TV, Radio, Jornal, etc.) Varejo direto Físico/Virtual Lojas especializadas Consulados

dos clubes Quadro social

Torcedor de campo Tour e visitas Clientes de produtos licenciados Clientes de material esportivo Clientes de transmissão fechada/ aberta

Profissionais Prof. Educação Física Gestores

Prof. Educação Física Gestores Empresários

Prof. Educação Física Gestores Empresários Analistas de jogos Investidores outros Gestores Empresários Investidores Jornalistas Arbitragem Guias Vendedores Gestores Empresários Investidores Jornalistas outros Vendedores Outros Alimentação Suplementos alimentares Isotônicos outros Suplementos alimentares Isotônicos outros Suplementos alimentares Lanches outros Suplementos alimentares Lanches outros

Segurança Segurança privada Segurança pública

Sistemas de segurança Segurança privada Segurança pública Sistemas de segurança Segurança privada Segurança pública Sistemas de segurança

Saúde Análise laboratorial Avaliação física

Avaliação física Análise laboratorial Planos de saúde Área médica Avaliação física Área médica

Transporte Transporte terrestre Transporte Terrestre

Transporte Terrestre Transporte aéreo Transporte carga e equipamentos Transporte Terrestre Transporte aéreo Transporte carga e equipamentos Transporte público Transporte Terrestre Transporte aéreo Transporte carga e equipamentos Transporte público Transporte Terrestre Transporte aéreo Transporte carga e equipamentos Transporte público Capacitação

técnica Cursos licenciatura Cursos formação Cursos de formação Cursos licenciatura Cursos de formação Cursos licenciatura Cursos de formação Cursos licenciatura

Infraestrutura Desenvolvimento Sistemas de informática/software Desenvolvimento Sistemas de informática/software Jogos de entretenimento (vídeo game) Patrocínio Público/privado Departamento jurídico

C

a

d

e

ia

S

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c

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d

á

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a

Fonte: Os autores (2016)

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11 A cadeia apresentada na Figura 2 segue a lógica apresentada em Serrano et al. (2015), sendo expressa em 2 perspectivas. A primeira, denominada cadeia principal, é formada por seis eixos, a saber: i) a indústria extrativa, que representa a base para a formação do atleta; ii) a indústria de transformação, ou seja, quando este atleta aprimora seus conhecimentos passando a ter uma representatividade para os envolvidos; iii) a indústria de bens, quando o atleta está formado, há um interesse de empresas no que tange licenciamento de marca, produção de equipamentos e materiais esportivos; iv) o distribuidor, que representa o processo de disseminação e promoção do atleta e da marca envolvida, por meio dos produtos, licenciamento, do clube e das competições; v) varejo, representa o processo de comercialização dos bens tangíveis e intangíveis; vi) clientes, é composta pela apropriação do que é ofertado pela cadeia do esporte.

A perspectiva 2, identificada como cadeia auxiliar, apresenta o suporte ao atleta e ao clube, sendo dividida em sete elementos de análise, cada qual atendendo aos eixos da cadeia principal. Desse modo, os profissionais apresentam ligação com todos os elos da cadeia principal, sofrendo variação conforme a intensidade e perfil do profissional. No elemento alimentação, verifica-se que a indústria de extração não possui indicações sobre tipos de alimentos, pois o atleta é considerado “amador”. A segurança apresenta-se relevante nos eixos onde há comercialização de produtos e eventos esportivos. No que tange o elemento saúde, verifica-se que sua atuação esta centrada nos eixos transformação, bens e distribuição, pois visa o suporte à formação do atleta e a atuação nos jogos/campeonatos. O transporte apresenta intensidades diferentes, porém, está presente em todos os eixos.

Os elementos capacitação técnica e infraestrutura foram inseridas nesta versão, o primeiro representa a formação do profissional que atuará com o jogador e os cursos de capacitação específicos, tais como arbitragem, gerenciamento, entre outros. O segundo, infraestrutura, relaciona-se com a disponibilidade de software para análise de jogos e a criação de jogos de entretenimento.

Salienta-se que este estudo foi fundamental para a validação do modelo conceitual apresentado inicialmente por Serrano et al. (2015). Contudo apresenta-se incompleto, pois existem elementos novos a acrescentar devido a dinâmica desta cadeia. Além disso, o nível de profundidade pode influenciar o relacionamento destes.

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12 Conforme exposto, este artigo propõe a validação do modelo conceitual da cadeia produtiva do futebol. Assim, verificou-se que o modelo conceitual aproximava-se da realidade, ou seja, da cadeia produtiva do futebol. Alguns atores foram realocados e inseridos, observando o retorno das entrevistas. Bem como, a forma de apresentação destes foi reajustada, pois as entrevistas apontaram que o modelo parecia confuso. Sendo atribuídas cores para o entendimento dos relacionamentos na cadeia e as mesmas foram postas em sequência.

Como salientado, esta cadeia produtiva apresenta-se dinâmica e com vários inter-relacionamentos, assim propõem-se como trabalho futuro a representação da mesma utilizando o modelo de ecossistema de negócios, proposto por Moore (1996). Cabe destacar que os ecossistemas de negócios abrangem diversas indústrias, no qual estas co-desenvolvem capacidades de inovação e trabalham cooperativa e competitivamente para respaldar novos produtos. Propõe-se, também, a construção de um modelo sistêmico da cadeia produtiva do futebol do Brasil, objetivando sua contínua agregação de valor de modo sustentável. Para tanto, propõe-se o uso da dinâmica de sistemas como ferramenta de aprendizagem e entendimento dos relacionamentos existentes.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPq (Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pelo suporte financeiro ao desenvolvimento do presente trabalho.

Referências

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Referências

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