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DISCURSO do presidente do BNDES, Sr. Carlos Lessa.

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Academic year: 2021

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ÍNTEGRA

Excelentíssimo senhor José Alencar, vice-presidente dos Estados Unidos do Brasil; Sr. Marcio Fortes de Almeida, Ministro Interino de Desenvolvimento, Indústria e Comércio; excelentíssimo senhor Anderson Adauto Pereira, Ministro dos Transportes; Sr. Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, Secretário Executivo do Ministério de Relações Exteriores; Sr. Enrique Garcia, Presidente da Corporação Andina de Fomento; Sr. Paulo Paiva, Vice-presidente do BID; Sr. Demian Fiocca, Secretário de Assuntos Internacionais do Ministério do Planejamento; autoridades internacionais, senhores Embaixadores, senhores Ministros de países-irmãos; senhores que nos honram com sua presença em nossa casa; autoridades do poder Executivo, Legislativo e Judiciário; senhores deputados federais e estaduais, senhores governadores e, muito especialmente, excelentíssimo senhor governador de Mato Grosso do Sul, Zeca do PT; senhores prefeitos, senhores vereadores, senhores secretários de estado; senhores empresários, senhores diretores do CAF, meus colegas de diretoria do BNDES, minhas senhoras, meus senhores. Depois do gesto ritual, quero abrir os braços e dizer que nós, do BNDES, nos sentimos inteiramente privilegiados por poder promover esse encontro dos países do continente sul-americano para que juntos possamos, ao longo de três dias de trabalhos, examinar um elenco bastante maduro de projetos de infra-estrutura, identificados país a país como importantes para cada nação e importantes para a integração no continente.

Meus senhores, toda vez em que olho o mapa do Novo Mundo, sempre fico levemente inconfortável quando percebo o que aconteceu na parte norte do continente, em relação à parte sul. Há 200 anos que a parte norte do Novo Mundo está ligada de costa a costa; há 200 anos existem sinergias de imensa importância entre os lados do novo mundo banhados pelos dois maiores oceanos da Terra. Nós estamos chegamos ao terceiro milênio e não completamos estas ligações fundamentais. Na verdade, o nosso continente ainda padece de uma histórica extroversão e, para que ninguém ponha o boné, eu acuso o Brasil disto que é olhar muito para o oceano, olhando relativamente pouco para o seu interior.

Creio que o processo de integração é um processo que vem visitando o sonho e - por que não dizer - na retórica de nossas reuniões há muitos e muitos e muitos anos, há muitas décadas. Eu mesmo, se retrocedesse os relógios da minha biografia, iria me

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encontrar muito jovem, no início dos anos 1960, ajudando a meu grande amigo Gerson Augusto da Silva a dar a forma à proposta brasileira para o tratado que deu origem à ALALC, Zona de Livre Comércio. Tive a felicidade de ter sido convidado, também muito jovem, para ir trabalhar na CEPAL ligando-me, logo de início, a sonho da integração. Nós não construímos ainda os fundamentos materiais inequívocos e irreversíveis desse processo no continente. Creio que as coisas andaram e amadureceram muito. A iniciativa da IIRSA promoveu um levantamento importantíssimo de possibilidades de projetos de infra-estrutura. Creio eu que todos os nossos países aprenderam a desenvolver o conceito de projeto e, com isso, tiveram presente a necessidade histórica de fazer com que o nosso corpo seja mais do que a soma das partes. Sejamos, portanto, um conjunto histórico e geopolítico definido no cenário mundial.

Quero crer, pela pré-leitura dos projetos que para nós foram encaminhados, que a realização em conjunto ou na sua maioria desse projeto certamente produzirá um salto qualitativo na direção de um continente integrado, de longa data, pelo espírito. Somos, em imensa maioria, filhos da Península Ibérica.

Estaremos, porém, integrados pela nossa identidade potencializada por ess tema concreto da infra-estrutura, que é o tema desta reunião de trabalho. Estaremos integrados por nossas virtudes e mesmo pelos nossos defeitos.

A presença do Exmo. Senhor Vice-Presidente da República a esta mesa mostra a importância de avançarmos por uma real e efetiva integração. Agradeço muito pela presença do nosso Vice-Presidente. Todos que conhecem a agenda dos principais executivos da República sabem das limitações de tempo. Ele fez questão de estar conosco para dar a essa reunião de trabalho ainda maior significado histórico e político.

Fico particularmente satisfeito com a nossa mesa: vejo o nosso embaixador Samuel, que é um dos operadores principais de um processo de acercamento real dos países irmãos; Dr. Marcio, que representa meu ministério preocupadíssimo com o fortalecimento do comércio; o meu Ministro dos Transportes; o Ministério do Planejamento presente; o nosso Paulo Paiva, que agora é o vice-presidente do BID; Enrique Garcia, que passa a ser uma alma irmã no BNDES. Nós, BNDES e CAF, temos um pré-acordo matrimonial cujos termos definitivos ainda não foram acertados. Porém, acreditamos que já construímos uma relação tão sólida que pode até suportar alguns pequenos enfrentamentos, não é isso?

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Eu gostaria muito rapidamente de falar sobre o BNDES, não para os brasileiros. Nossos principais superintendentes estarão à disposição de todos os visitantes para esclarecer, em detalhes, como o BNDES trabalha, o que pode fazer e o que não pode fazer. Nós queremos estreitar muito essas ligações com as delegações que nos visitam - inclusive no plano do trabalho sem paletó, arregaçando as camisas para aprofundar o conhecimento recíproco.

O BNDES tem 51 anos de existência, o que o torna uma instituição singular no cenário brasileiro. Na verdade, o nosso BNDES está indissoluvelmente ligado à história da industrialização brasileira. Não há, na verdade, segmento industrial ou mesmo setor de infra-estrutura que não tenha a co-assinatura ou, às vezes, assinatura única do BNDES.

Cometemos alguns erros do passado. A história nos absolve, a partir da conversão deste país - antes um grande cafezal - em oitava economia industrial do mundo. Nós acreditamos que o BNDES é uma instituição extremamente importante para o Brasil; como todas as corporações, temos muito orgulho de nossos membros, que têm muito orgulho de fazer parte do BNDES. Hoje operamos um volume um volume patrimonial bastante expressivo.

O BNDES tem crescido seu papel como banco financiador de exportações. Hoje, 42% das operações do BNDES financiam exportações. Estamos extremamente interessados em aprofundar a presença do BNDES, dando apoio às exportações para os países irmãos.

Depois que assumi a presidência do Banco tive a satisfação de aprovar uma operação importante com o governo da Colômbia, muitas operações com a Venezuela, algumas operações com o Equador e com a Argentina. Estamos prontos para dar profundidade a esse papel que o BNDES vem historicamente assumindo. Aliás, o Excelentíssimo Senhor Presidente da República tem, nas visitas e reuniões mantidas com os dirigentes máximos do continente, por diversos momentos anunciado a criação de linhas especiais que articulem melhor as relações do BNDES com os países irmãos. Nós estamos buscando operacionalizar essas linhas e esperamos construir, prontamente, linhas equivalentes com todos os países do continente. isso diz respeito a comércio porém agora eu vou começar a falar do sonho.

Estamos interessados em que o comércio se multiplique de forma exponencial. Nós achamos que ainda é muito tênue, muito fraca, muito pequena a integração comercial do continente. Nós acreditamos que os nossos povos, somados, têm potencialidade para ir

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muito além do que fazemos - porém essa potencialidade permanecerá no espaço da retórica se nós não construirmos a infra-estrutura que crie as externalidades, as sinergias, as parcerias, as cumplicidades; a infra-estrutura que estenda a mão e reduza determinadas barreiras de desconhecimento.

Conheço o que aconteceu no extremo Norte, a partir de uma estrada que liga o Brasil à Venezuela. É absolutamente espetacular o que aconteceu depois que essa estrada foi asfaltada, em termos de crescimento, de circulação de caminhões. Hoje, entre a cidade de Boa Vista e Caracas, houve a quintuplicação dos caminhões que trafegam diariamente pelas estradas - e ainda nem está perfeitamente ligada ao resto do continente.

Infra-estrutura, senhores, é para nós a locomotiva do desenvolvimento econômico e social. Quando uma sociedade tem vontade de ser, realiza intervenções pela engenharia, que é a ciência aplicada do homem no domínio e na colocação da natureza a serviço do homem; potencializa o desenvolvimento, e o faz por muitos mecanismos. A infra-estrutura gera as externalidades que definem, em última estância, o nível de produtividade macro-econômica média de todo o processo produtivo. Gera encomendas encadeadas que viabilizam o desenvolvimento de atividades industriais de suporte, multiplica empregos.

A infra-estrutura é a locomotiva do desenvolvimento. Precisamos colocar a locomotiva sul-americana funcionando a todo vapor. Há uma dimensão do sonho que, creio, é perfeitamente possível numa etapa associada e subseqüente à jornada que agora iniciamos: pensar, a nível continental, em determinadas cadeias produtivas que interliguem nossas competências e potencialidades.

Penso que alguns ramos estão pré-vocacionados para esse exercício. Um deles, certamente, é o petróleo - e a petroquímica - mas outro, de nível muito mais prosaico, está ligado à aviação. Freqüências e interligações aéreas entre os países sul-americanos estão mais precárias. É mais fácil ir a Miami do que viajar para um país fronteiriço. Pensar também todo o sistema portuário sul-americano como integrando um único macro-sistema, mais a navegação de cabotagem...

Gostaria de terminar dizendo aos senhores que nós, do BNDES, nos sentimos extremamente privilegiados por vivermos esse momento de trabalho. Quero dar boas-vindas também em nome da minha cidade. Eu sou natural do Rio de Janeiro, uma cidade absolutamente encantadora - e nisso não tem nenhum provincianismo. Estou

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absolutamente convencido de que o poeta tinha toda a razão quando disse que nada vale a pena se a alma for pequena. É necessário sonhar com os pés no chão. Se há capítulo onde é possível fazer esse exercício é na infra-estrutura, que permite o sonho do futuro e aguça observações sobre as restrições do presente.

A Cordilheira dos Andes é certamente uma beleza, mas é um terrível problema de engenharia. Eu não gosto é do famoso discurso da restrição financeira; em nome dela, a alma pode ficar tão pequena a ponto de perder-se no presente. O presente percebido apenas como presente é de absoluta mediocridade.

Acho que aprendemos que o exercício da retórica não nos leva muito longe. Temos que valorizar ao máximo a idéia de que somos, no sonho, todos irmãos da Península Ibérica, com a contribuição das mais variadas etnias do mundo. Fizemos um coquetel único que é marcado por virtudes e por defeitos – ambos são nossos e deles devemos nos orgulhar. Muito obrigado e sejam bem vindos.

Referências

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