Tecnologia
Tecnologia
< conceitos >
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Pressupostos tradicionais (últimos 5 séc.): "tecnologia é a
simples aplicação da ciência"; "a tecnologia é sempre benéfica" ou
"a tecnologia é sempre maléfica";
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Pelo viés negativo: tradição romântica de fins do século XVIII; e
a partir da conscientização ambiental a partir dos anos 60; e a
noção luddita de quebrar máquinas (início do séc. XIX);
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Esquecimento das tecnologias não-ocidentais;
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Em geral, a tecnologia apresenta problemas éticos apenas
< conceitos >
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● Indutivismo <Francis Bacon, 1561-1626> - "começamos com as observações
de casos individuais e as usamos para prever casos futuros" (p.16)
● O indutivismo generaliza de casos individuais a leis. "Quanto mais casos
individuais correspondem a uma generalização, mais provável é a
generalização". O exemplo maior seria Charles Darwin, que não teria apego à teoria.
● O problema da indução <David Hume, 1711-1776> - Esperamos que o
passado (experimentos, metodologias, mas principalmente hábitos) seja como
o futuro. Hume argumenta que a própria ideia de passado é indutiva, pois é uma percepção (ou seja, indutiva). "A teoria humana da causalidade nos vê como seres que projetam para os acontecimentos a sua própria tendência para inferir um acontecimento a partir de outro". Aceitar a indução significaria
renunciar ao conhecimento de leis naturais, enquanto aceitar estas significa nos induzir de que a indução não existe.
● Indução <conceito>: "qualquer processo de raciocínio que nos conduza de
premissas empíricas a conclusões empíricas".
● Se os seus três últimos namorados não prestam, e todos eles são
homens, isso significa (ou: "eu posso inferir") que nenhum homem presta.
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● Positivismo lógico <Círculo de Viena, 1930> - A ciência é a única
forma genuína de conhecimento: "Para um enunciado ser significativo, tinha de ser possível verificá-lo", ou seja, era preciso demonstrá-lo por indício empírico, excluindo portanto a teologia e a metafísica como
"ciências".
● Eles propunham sistematizar teorias científicas em função dos
pressupostos (axiomas) e rigorosas deduções lógicas. "Na maioria das vezes, eles analisaram a ciência como um corpo de
enunciados ou proposições", mas tempos depois se conclui ser
falha a metodologia, pois "a indução envolve pressupostos informais e juízos subjetivos", abandonando este "critério verificacionista de significado.
● Eram excluídos, por exemplo, os termos teóricos da física (como o
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● Critério da refutabilidade ou método refutacionista <Karl Popper,
1902-1994> - "A visão da ciência dos positivistas corresponde à visão de ciência como primariamente uma coleção de fatos, organizada e
proveitosamente resumida por leis, enquanto a visão de ciência de Popper torna-a primariamente uma coleção de leis", em que o papel
dos fatos específicos encontra-se unicamente no teste ou na tentativa de refutar leis.
● Na medida em que uma hipótese sobrevive ao teste, ela é
cientificamente conservada. "Não importa se ela (...) surgiu de um sonho ou crença religiosa, contanto que sobreviva aos testes", colaborando a hipótese da estrutura anelar da molécula de
benzeno, que teria surgido a partir do sonho de seu autor com uma
cobra engolindo a própria cauda.
● Apoio às práticas democráticas e livres: enfim, sustentar as posições
como provisórias evita o dogmatismo, ao mesmo tempo em que
aceita a contribuição da metafísica e da religião e evitando o
fechamento das instituições científicas, que poderiam criar regras próprias acerca do que é "ciência" e o que não é.
< conceitos >
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● Noção de "paradigma", 1962 <Thomas Kuhn, 1922-1996> - As
teorias científicas devem ser apresentadas em função das estruturas nas quais foram originalmente compreendidas. O paradigma é, mais do que uma teoria, uma maneira de ver o mundo:
● Teorias;
● Habilidades tácitas de prática laboratorial informais;
● A noção do que é, no período, uma boa teoria científica;
● A metafísica (ou seja, tudo o que está além do método aceito pela ciência)
de quais entidades básicas existem.
● No caso de um paradigma, mesmo as refutações podem
perfeitamente se adequar ao conceito (ou este se adequará às refutações para sobreviver).
● Se os paradigmas científicos que geram tecnologias têm
componentes religiosos ou políticos, então religião e política
influenciam a tecnologia, não apenas na aceitação social, mas também em função da estrutura das próprias teorias usadas na tecnologia <o que se opõe, portanto, ao determinismo tecnológico> (p.28);
● Pós-positivistas: "as observações sensoriais dependem de
contextos de teoria e interpretação (...) as crenças e expectativas
< conceitos >
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● Lógica indutiva é falha, por depender necessariamente da percepção:
"O mesmo conjunto (...) de dados pode ser previsto ou explicado por muitas equações diferentes";
● Construtivismo social: os objetos da ciência ou verdades científicas
são socialmente construídos. [Exemplo dos dois biólogos franceses moradores da mesma pequena cidade];
●Como se forma o consenso nas comunidades científicas: "A
negociação política, os recursos à autoridade de cientistas eminentes, o recrutamento de aliados e a persuasão retórica dos indecisos
desempenham um papel. Fatores extracientíficos muitas vezes desempenham um papel" [TV Digital, por ex.].
● "Alguns experimentos e estudos conflitantes são rejeitados por
causa da reputação ou falta de prestígio dos experimentadores. Dados que não correspondem ao resultado esperado são
ignorados. Assim que se chega à conclusão, ela parece, em
retrospectiva, inevitável. É difícil lembrar ou imaginar o estado de incerteza e discordância que a precedeu" (p.33).
● "Etnobotânicos contemporâneos investigam curas indígenas e a
química de plantas usadas por curandeiros locais", entre outros exemplos: sobrevivência em lugares de difícil acesso e o
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● Instrumentalização da tecnologia: A "lógica do poste de luz": Um
bêbado procura as chaves debaixo do poste porque a luz era melhor, apesar de ter perdido a chave num quarteirão abaixo, onde estava
escuro. Instrumentalização também de métodos e tudo o que envolve a investigação.
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< conceitos >
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● Definições em perspectiva: os críticos falam em disputas "meramente
semânticas" >> "(...) elas são semânticas, no sentido de que lidam com o significado, mas não são triviais" (p.41)
● Definição real <Sócrates, Platão, Aristóteles> - Há um amplo
espectro de definições sobre justiça, coragem ou piedade, e estes autores argumentaram que há uma estrutura ou uma essência para estes conceitos, que "destrincham a natureza" e correspondem a "tipos naturais das coisas". (Ex.: peso e número atômicos);
● Definição estipulante - As definições são escolhas ou estipulações
arbitrárias. "As definições são sobre palavras ou coisas", uma versão extrema da noção de arbitrariedade humana (ver os
paradoxos); Na matemática e na lógica abstrata, essa definição funciona muito bem;
● Definição relatante - "(...) relato de como as pessoas comumente
usam as palavras". Ex. mais próximo: o dicionário.
● Descrever "tecnologia" por esta definição significa não chegar a
lugar algum, já que pode significar "computador", "edificações", "coisas modernas" e por aí vai.
● Definição sumarizante - Define o âmbito de aplicação e pontos de
corte. A palavra "grande" deve ser relativizada em relação ao contexto.
< paradoxos semânticos >
< paradoxos semânticos >
● < Paradoxo do mentiroso < > "Esta frase é falsa" tem que ser falsa se >
for verdadeira e verdadeira se for falsa. Solução: afirmar que a frase nada diz. Mas frases que nada dizem são, no mínimo, verdadeiras. Então: "Esta frase não é verdadeira". Se nada diz, não é verdadeira e, portanto, é verdadeira.
● Ou ainda, na parte da frente de uma camisa: "A frase na parte de
trás desta camiseta é falsa". E na parte de trás: "A frase na parte da frente desta camisa é verdadeira".
● < Paradoxo de Grelling < > Algumas palavras referem-se a si mesmas >
(ex. "curta", "comum"). Outras não: "longa", "banana". Estas são
palavras heterológicas, ou seja, não se referem a si próprias. E a palavra "heterológica"? É heterológica? Se não for heterológica, se refere a si própria. E, nesse caso, não será mais heterológica.
< conceituando >
< conceituando >
< Para definir >
< Para definir >
● Não deve ser nem muito ampla (“tecnologia social”) nem muito restrita
(tecnologia = informática);
● Não deve ser circular (ex.: tecnologia = qualquer coisa tecnológica;
tecnológico = qualquer coisa relativa à tecnologia);
● Não deve usar linguagem figurativa nem metáfora;
● Deve estar em termos positivos.
< Definições >
< Definições >
● Tecnologia como instrumental - A tecnologia diz respeito a
ferramentas e máquinas. Ideário contemporâneo hegemônico.
● Tecnologia como regras - Mais importante são os "padrões
meios-fins desenvolvidos sistematicamente", como a organização dos egípcios nas grandes construções, envolvendo milhares de pessoas.
● Tecnologia como sistema - Exemplos da pág. 49: um avião
abandonado que vira objeto de adoração; O xá do Irã; As ferramentas "primitivas" não-ocidentais em museus de arte "moderna". O sistema
tecnológico inclui o instrumental, assim como as habilidades e
organização humanas necessárias para operá-lo e mantê-lo. Ex.: A reação aos sistemas Windows, Mac e Linux.
< conceitos >
< conceitos >
< Equívocos >
< Equívocos >
● Tecnologia como ciência aplicada - Há milhões de anos, a
tecnologia existia sem nenhuma ciência dando "respaldo";
● Mesmo na era moderna, a maioria das invenções não teve respaldo
em teorias reconhecidas (ex.: Galileu no séc. XVI, Newton no séc. XVIII,
Thomas Edison nos sécs XIX e XX);
● Algumas experiências são produto do acaso ou de tentativa e erro,
mesmo surgindo a partir de métodos (exs. pág. 51 e 52): a penicilina e o bolor; o post-it.
● A tecnologia não é neutra, pois a tecnologia pode controlar os
indivíduos, desde a publicidade até a química.