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Ensaios Econômicos N 796 ISSN Correção Monetária e Eternização dos Débitos: os Casos do BNH, do BNDE e da CEF

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Academic year: 2021

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(1)

Escola de Pós-Graduação em Economia da Fundação Getulio Vargas N◦ 796 ISSN 0104-8910

Correção

Monetária

e

Eternização

dos

Débitos: os Casos do BNH, do BNDE e da

CEF

Clovis de Faro e Fabio Lemos Garcia

Março de 2018

(2)

Fundação Getulio Vargas.

ESCOLA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECONOMIA Diretor Geral: Rubens Penha Cysne

Vice-Diretor: Aloisio Araujo Diretor de Ensino: Caio Almeida Diretor de Pesquisa: Humberto Moreira

Vice-Diretores de Graduação: André Arruda Villela & Luis Henrique Bertolino Braido

de Faro e Fabio Lemos Garcia, Clovis

Correção Monetária e Eternização dos Débitos: os Casos do BNH, do BNDE e da CEF/ Clovis de Faro e Fabio Lemos Garcia – Rio de Janeiro : FGV,EPGE, 2018

23p. - (Ensaios Econômicos; 796) Inclui bibliografia.

(3)

Correção Monetária e Eternização dos Débitos: os Casos do BNH, do BNDE e da CEF

Clovis de Faro e Fabio Lemos Garcia

Março de 2018

(4)

1 - Introdução

A Lei nº 4.380, de 21 de agosto de 1964, instituiu a correção monetária e, simultaneamente, o Banco Nacional de Habitação (BNH). Seu objetivo foi o de buscar preservar os valores reais dos contratos, em especial os relativos a financiamentos habitacionais, face os efeitos de desvalorização da moeda causado pela inflação.

Com foco nas classes de baixa renda, foi estabelecido pelo BNH, por meio da Instrução Nº 5, de 29 de janeiro de 1966, o chamado Plano A. O qual, tendo em vista que os valores das prestações eram monetariamente atualizados pela variação do valor do Salário Mínimo (SM), enquanto que os saldos devedores eram indexados com base na variação do valor das chamadas Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN’s), implicou numa primeira manifestação do que aqui denominamos de política de limitação da correção monetária. Sendo que, neste caso, representava um justificado subsídio; posto que direcionado à classe dos menos favorecidos. Dez anos mais tarde, no bojo do II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND), lançado ao final de 1974, foram instituídas políticas de limitação da correção monetária para empréstimos destinados a empresas. Assim é que, embora com distintas sistemáticas, a Caixa Econômica Federal (CEF) e o, então, Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDE), puseram em prática procedimentos que, como iremos evidenciar, também resultaram em não triviais subsídios. Sendo que, nestes dois casos, não se podendo dizer que foram apropriados pelo menos favorecidos. No que se segue, iremos detalhar as características de cada uma das três situações consideradas, evidenciando o que pode ser entendido como uma implementação de uma política de virtual eternização de débitos.

2 - O caso do Plano A do BNH

Lembrando que, na época da criação do BNH, os financiamentos eram todos segundo o sistema de prestações constantes (o sistema de amortização constante só foi instituído em outubro de 1971), seja o financiamento de F unidades de capital, à taxa mensal i, pelo prazo de n meses.

Então, a preços da data do contrato, que denotaremos como época 0 (zero), sabemos que o valor da prestação constante p, é dado pela relação ( cf. de Faro (2014, p.248)):

. 1 1 n

(5)

Com o valor a preços correntes da k-ésima prestação, na época de seu vencimento, denotado por

,

k k

p

, sendo dado pela seguinte expressão:

,

'

. , para 1, 2,...,

k k k o

pp SM SM kn (2)

onde SM denota o valor do maior salário mínimo, vigente no país, na data do contrato, e o SM é k'

o seu valor 60 dias após a data de sua promulgação. Ou seja, enquanto que SM denota o valor k

do maior salário mínimo, vigente no país, na época de vencimento da k-ésima prestação , SM k'

denota o seu valor 60 dias após a data de promulgação.

Quanto à evolução do saldo devedor, seu valor corrente na época k , denotado porSk k, , é dado pela relação:



, 1 1 1, 1 . , para 1, 2,...

k k k k k k k k

SORTN ORTN i S  p kn (3)

onde ORTN denota o valor corrente de uma Obrigação Reajustável do Tesouro Nacional, na k

época k. Valor esse que era fixado no início de cada trimestre civil. Com S0,0F .

Devendo-se observar que, no último trimestre de 1966, o BNH criou o que foi denominado de Unidade Padrão de Capital (UPC). Com seu valor sendo o de uma ORTN no início de cada trimestre civil.

2.1 - Uma ilustração finita

Antes que se examine uma situação onde poderia ter sido antecipada a possibilidade de virtual eternização do débito, faz-se oportuna uma ilustração de um exemplo em que poderia ter sido necessária uma única prorrogação do prazo contratual.

Para tanto, considere-se um financiamento habitacional, contratado nas condições do Plano A do BNH, em 10 de março de 1965, com o valor de 200 salários mínimos.

Ou seja, dado que a moeda da época era o Cruzeiro, e que o salário mínimo, cujo valor de Cr$ 66,00 havia sido fixado em 1º de março de 1965, o financiamento teria sido de Cr$ 13.200,00. Supondo que o prazo contatual fosse de 6 anos, com prestações mensais à taxa de juros de 10% ao ano com capitalização mensal, teríamos, segundo a relação (1), 72 prestações mensais de Cr$ 244,54 cada uma.

Com relação à evolução do débito, lançando mão dos Quadros 1 e 2 em de Faro (1992, p. 122-126), que se referem aos comportamentos da UPC e do SM, respectivamente, temos os valores apresentados na Tabela 1. Nesta, para cada época k, com a época 0 denotando o dia 10 de março de 1965, temos o valor de SM , de k' UPC , da razão k

'

/

k k

(6)

devedor

S

k k, . Com todos os valores expressos em Cruzeiros (deixando-se de levar em conta que, em 1º de fevereiro de 1967, o Cruzeiro tinha sido substituído pelo Cruzeiro Novo – que correspondia a 1000 Cruzeiros).

Tabela 1

Evolução do Débito nas Condições do Plano A

k ' k

SM

UPC k ' / k k SM UPC

p

k k,

S

k k, Março(65) 0 SM =66,00 0 11,30 5,8407 - 13.200,00 Abril 1 “ 13,40 4,9254 244,54 15.539,00 Maio 2 “ “ “ “ 15.423,95 Junho 3 “ “ “ “ 15.307,94 Julho 4 “ 15,20 4,3421 “ 17.264,40 Agosto 5 “ “ “ “ 17.163,73 Setembro 6 “ “ “ “ 17.062,22 Outubro 7 “ 15,90 4,1509 “ 17.752,17 Novembro 8 “ “ “ “ 17.655,57 Dezembro 9 “ “ “ “ 17.558,16 Janeiro (66) 10 “ 16,60 3,9759 “ 18.239,38 Fevereiro 11 “ “ “ “ 18.146,83 Março 12 “ “ “ “ 18.053,55 Abril 13 “ 17,60 3,7500 “ 19.056,04 Maio 14 84,00 “ 4,7727 311,23 18.903,61 Junho 15 “ “ “ “ 18.749,91 Julho 16 “ 19,87 4,2275 “ 21.033,39 Agosto 17 “ “ “ “ 20.897,44 Setembro 18 “ “ “ “ 20.760,35 Outubro 19 “ 21,61 3,8871 “ 22.455,24 Novembro 20 “ “ “ “ 22.331,13 Dezembro 21 “ “ “ “ 22.205,99 Janeiro (67) 22 “ 23,23 3,6160 “ 23.758,36 Fevereiro 23 84,00 23,23 3,6160 311,23 23.645,11

(7)

Março 24 “ “ “ “ 23.530,92 Abril 25 “ 24,64 3,4091 “ 24.855,95 Maio 26 105,00 “ 4,2614 389,04 24.674,04 Junho 27 “ “ “ “ 24.490,62 Julho 28 “ 26,18 4,0107 “ 25.849,08 Agosto 29 “ “ “ “ 25.675,45 Setembro 30 “ “ “ “ 25.500,37 Outubro 31 “ 27,38 3,8349 “ 26.502,42 Novembro 32 “ “ “ “ 26.334,24 Dezembro 33 “ “ “ “ 26.164,65 Janeiro (68) 34 “ 28,48 3,6868 “ 27.053,58 Fevereiro 35 “ “ “ “ 26.889,98 Março 36 “ “ “ “ 26.725,02 Abril 37 “ 29,83 3,5199 “ 27.836,06 Maio 38 129,60 “ 4,3446 480,19 27.587,84 Junho 39 “ “ “ “ 27.337,55 Julho 40 “ 32,09 4,0386 “ 29.173,59 Agosto 41 “ “ “ “ 28.936,52 Setembro 42 “ “ “ “ 28.697,46 Outubro 43 “ 33,88 3,8253 “ 30.070,52 Novembro 44 “ “ “ “ 29.840,92 Dezembro 45 “ “ “ “ 29.609,40 Janeiro (69) 46 “ 35,62 3,6384 “ 30.909,30 Fevereiro 47 “ “ “ “ 30.686,69 Março 48 “ “ “ “ 30.462,22 Abril 49 “ 37,43 3,4625 “ 31.796,70 Maio 50 “ “ “ “ 31.581,48 Junho 51 “ “ “ “ 31.364,46 Julho 52 156,00 39,00 4.0000 578,01 32.374,37 Agosto 53 “ “ “ “ 32.066,15 Setembro 54 “ “ “ “ 31.755,35 Outubro 55 “ 39,92 3,9078 578,01 32.197,31 Novembro 56 156,00 39,92 3,9078 578,01 31.887,62

(8)

Dezembro 57 “ “ “ “ 31.575,34 Janeiro (70) 58 “ 42,35 3,6836 “ 33.198,53 Fevereiro 59 “ “ “ “ 32.897,16 Março 60 “ “ “ “ 32.593,29 Abril 61 “ 44,67 3,4923 “ 34.087,29 Maio 62 “ “ “ “ 33.793,34 Junho 63 “ “ “ “ 33.496,94 Julho 64 187,20 46,20 4,0519 693,61 34.239,34 Agosto 65 “ “ “ “ 33.831,06 Setembro 66 “ “ “ “ 33.419,37 Outubro 67 “ 47,61 3,9319 “ 34.032,70 Novembro 68 “ “ “ “ 33.622,69 Dezembro 69 “ “ “ “ 33.209,27 Janeiro (71) 70 “ 50,51 3,7062 “ 34.832,09 Fevereiro 71 “ “ “ “ 34.428,75 Março 72 “ “ “ “ 34.022,05

Consequentemente, ao final do prazo de 6 anos, ou seja, em 10 de março de 1971, do financiamento do equivalente a 200 salários mínimos, restaria um saldo devedor equivalente a 181,74 salários mínimos. O que corresponderia a 90,87% do débito originalmente contratado.

Mais apropriadamente, considerando a evolução de débito em termos de UPC’s, verifica-se que o financiamento do equivalente a 13.200/11,30 = 1.168,14 UPC’s apreverifica-sentaria, no final do prazo contatual de 6 anos, um saldo devedor de 34,022,05/50,51 = 673,57 UPC’s. Por conseguinte, restaria ainda um débito que corresponderia a 57,66% do valor financiado.

Com a discrepância entre as duas medidas alternativas do saldo devedor sendo, primordialmente, associada à política salarial então vigente (para uma apreciação veja-se Rattner,1968). Que resultava, como indicado na 4ª coluna da Tabela 1, que apresenta e evolução da razão SM UPC , em uma acelerada perda do poder de compra do salário mínimo. k' k

Levando em conta que o Plano A previa a prorrogação do débito, além do prazo contratual, deve ser observado que, com a introdução, pelo BNH, em maio de 1973, do chamado “Salário Mínimo Habitacional”, que promovia sensível redução no valor corrente das prestações, podia ser esperado que o débito não seria extinto nem ao final da prorrogação.

Para efeito de promover uma ilustração, a Tabela 2 apresenta a evolução do débito considerado, a partir de abril de 1971. Com todos os valores ainda expressos em cruzeiros.

(9)

Tabela 2

Prorrogação do Prazo Contratual

k ' k SM UPC k ' / k k SM UPC

p

k k,

S

k k, Abril (71) 73 187,20 52,64 3,5562 693,61 35.058,62 Maio 74 “ “ “ “ 34.657,16 Junho 75 “ “ “ “ 34.252,36 Julho 76 225,60 55,08 4,0959 835,89 35.302,83 Agosto 77 “ “ “ “ 34.761,13 Setembro 78 “ “ “ “ 34.214,92 Outubro 79 “ 58,61 3,8492 “ 35.875,21 Novembro 80 “ “ “ “ 35.338,28 Dezembro 81 “ “ “ “ 34.796,88 Janeiro (72) 82 “ 61,52 3,6671 “ 35.993,03 Fevereiro 83 “ “ “ “ 35.457,09 Março 84 “ “ “ “ 34.916,67 Abril 85 “ 63,81 3,5355 “ 35.682,31 Maio 86 “ “ “ “ 35.143,78 Junho 87 “ “ “ “ 34.600,75 Julho 88 268,80 66,93 4,0161 995,95 35.599,05 Agosto 89 “ “ “ “ 34.899,75 Setembro 90 “ “ “ “ 34.194,63 Outubro 91 “ 68,95 3,8985 “ 34.524,26 Novembro 92 “ “ “ “ 33.816,00 Dezembro 93 “ “ “ “ 33.101,85 Janeiro (73) 94 “ 70,87 3,7929 “ 33.311,19 Fevereiro 95 “ “ “ “ 32.592,83 Março 96 “ “ “ “ 31.868,49 Abril 97 “ 73,19 3,6726 “ 32.190,04 Maio 98 “ “ “ “ 31.462,34 Junho 99 268,80 73,19 3,6726 995,95 30.728,58 Julho 100 308,31 75,80 4,0674 1.142,34 30.682,04

(10)

Agosto 101 “ “ “ “ 29.795,38 Setembro 102 “ “ “ “ 28.901,33 Outubro 103 “ 77,87 3,9593 “ 28.795,67 Novembro 104 “ “ “ “ 27.893,30 Dezembro 105 “ “ “ “ 26.983,40 Janeiro (68) 106 “ 80,62 3,8242 “ 27.026,79 Fevereiro 107 “ “ “ “ 26.109,67 Março 108 “ “ “ “ 25.184,91 Abril 109 “ 83,73 3,6522 “ 25.232,08 Maio 110 “ “ “ “ 24.300,01 Junho 111 “ “ “ “ 23.610,17 Julho 112 352,71 89,80 3,9277 1.306,85 24.225,95 Agosto 113 “ “ “ “ 23.120,99 Setembro 114 “ “ “ “ 22.006,81 Outubro 115 “ 101,90 3,4613 “ 23.873,35 Novembro 116 “ “ “ “ 22.765,44 Dezembro 117 “ “ “ “ 21.648,30 Janeiro (75) 118 “ 106,76 3,3038 “ 21.562,95 Fevereiro 119 “ “ “ “ 20.435,79 Março 120 “ “ “ “ 19.299,24 Abril 121 “ 112,25 3,1422 “ 19.153,93 Maio 122 “ “ “ “ 18.006,70 Junho 123 “ “ “ “ 16.849,90 Julho 124 472,84 119,27 3,9645 1.751,95 16.300,92 Agosto 125 “ “ “ “ 14.684,81 Setembro 126 “ “ “ “ 13.055,24 Outubro 127 “ 125,70 3,7617 “ 12.121,77 Novembro 128 “ “ “ “ 10.470,84 Dezembro 129 “ “ “ “ 8.806,14 Janeiro (76) 130 “ 133,34 3,5461 “ 7.667,27 Fevereiro 131 “ “ “ “ 5.979,22 Março 132 472,84 133,34 3,5461 1.751,95 4.277,09 Abril 133 “ 142,24 3,3242 “ 2.848,65

(11)

Maio 134 “ “ “ “ 1.120,43

Junho 135 “ “ “ 1.129,77 0,00

Os resultados apresentados na Tabela 2 indicam que teria sido necessária uma prorrogação de mais 63 meses. Ou seja, um acréscimo de 87,5% do prazo contratual de 6 anos.

2.2 - A possibilidade de eternização do débito

Como pioneiramente investigado em Nogueira (1968), o Plano A do BNH ensejava a possibilidade de virtual eternização do débito.

De certo modo, tal fato tinha sido previsto na própria Instrução Nº 5 do BNH. Pois que esta estipulava que, caso o débito não fosse extinto no final do prazo contratual, haveria uma prorrogação; de tal modo que o prazo total não ultrapassasse 300 meses. Sendo que, se no final do prazo total ainda persistisse débito, as prestações também teriam seus valores trimestralmente corrigidos pela variação do valor da UPC.

Para que se aquilate que, na própria época de sua promulgação, janeiro de 1965, já podia ser antevista a possibilidade de eternização do débito, no caso de contratos celebrados de acordo com o Plano A, iremos analisar uma variante do que foi do apresentado em de Faro (1992).

Devendo ser observado que, naquela ocasião, o que também ocorreu nos 3 anos seguintes (ou seja em 1966, 1967 e 1968), o salário mínimo tinha seu valor estabelecido sempre no dia 1º de março de cada ano.

Consideremos, então, o caso de um contrato de financiamento habitacional que houvesse sido assinado no dia 10 de março de 1965. Portanto, 10 dias após a promulgação do salário mínimo de Cr$ 66,00.

Na hipótese de que o valor nominal do salário mínimo crescesse à uma dada taxa anual constante, e lembrando que a correção monetária anual das prestações ocorria 60 dias após a promulgação do novo salário mínimo, o valor, a apreços correntes, da k-ésima prestação seria:

    int 1 12 , . , 1, 2,... k k k pp  k (4)

onde k 0 denota a data de assinatura do contrato , p é dado pela relação (1), e 1 é a taxa de crescimento anual do valor nominal do salário mínimo.

Quanto à correção monetária trimestral dos saldos devedores, iremos admitir que essa se fizesse segundo a taxa trimestral constanteˆ. Deste modo, observando que a primeira correção

(12)

monetária do saldo devedor teria ocorrido já no mês de abril de 1965, iremos supor que o valor das ORTN`s na época k seria dado por:

    int 1 1 3 . k , 1, 2,... k o ORTNORTN    k  (5)

onde ORTN denota o valor de Cr$ 11,30, que era o valor de uma ORTN no primeiro trimestre de o

1965, e   1 ˆ .

Nestas condições, fazendo uso, recursivamente, da relação (3), segue-se que, na época

k=13, o saldo devedor seria:

 

 

 

 

 

 

 

 

13 5 4 12 11 10 3 9 8 7 13,13 6 5 4 3 2 2 1 . 1 1 1 . 1 1 1 - . 1 1 1 . 1 1 1 S C i p i i i p i i i p i i i p i i i p                                (6) ou 13,13 . 1 S  C p (7) onde

13 5 1 CCi  (8) e

 

 

 

 

 

 

 

 

12 11 10 9 8 7 4 3 1 6 5 4 3 2 2 1 1 1 1 1 1 + 1 1 1 1 1 1 1 i i i i i i i i i i i i                              (9)

Tendo presente que a primeira correção anual da prestação teria ocorrido na época k =14, implicando que o valor corrente da prestação passasse a ser . p, segue-se:

 

 

 

 

 

 

 

12 4 4 11 10 3 9 8 7 25,25 1 6 5 4 3 2 2 1 . . . 1 1 . . 1 1 1 . . 1 1 1 . . 1 1 1 . S i C p p i i p i i i p i i i p i i i p                                      (10) ou

12 4

25,25 1 . 1 . . 2 S  iCp  p (11) onde

 

 

 

 

 

 

 

11 10 9 8 7 4 3 2 6 5 4 3 2 2 1 1 1 1 1 + 1 1 1 1 1 1 1 i i i i i i i i i i i                            (12)

(13)

Consequentemente, tendo presente que, a cada 12 meses, se tem correção monetária do valor nominal das prestações, segue-se que, ao final de ciclos de correção anual das prestações, se tem:

12

4 

12  4 1 2 1 1 . . k 1 k k, para 1, 2,... k Si C pp   i       

  (13)

Ou seja, no final do prazo contratual de n meses, observando que o último ciclo de 12 meses ultrapassaria em 1 mês o prazo contratual, tem-se que o saldo devedor final, a preços correntes, seria igual a:

, . 1 n n SSp  i (14) com

n 12 12

  (15)

Para que se tenha uma ideia do que poderia ter ocorrido, considere-se o caso de um financiamento no valor de 200 SM, contratado em 10 de março de 1965 (com o salário mínimo de Cr$ 66,00 tendo sido fixado em 1/3/1965), à taxa de 10% ao ano, com capitalização mensal, pelo prazo de 25 anos (300 meses).

Observando que o valor inicial das prestações mensais teria sido de Cr$ 119,95, admita-se que a taxa trimestral de atualização do valor nominal das ORTN’s ficasse constante e igual a 9%. Com a taxa anual de crescimento do valor nominal do salário mínimo, sendo mantida constante e igual a 38%. O que significa dizer que ocorreria perda de valor de compra do salário mínimo.1

As condições especificadas, fariam com que, no final do prazo de 300 meses, ou seja, em 10 de fevereiro de 1990, o valor do saldo devedor, a preços correntes, não sendo levadas em contas as mudanças na unidade monetária que já se podiam antever, fosse S300,300Cr$ 282,715,756,80 .

Consequentemente, tendo em vista que o valor da prestação teria sido

301,301 $ 272.959,57

pCr , o débito não seria extinto por mais que se prorrogasse o prazo. Pois que, considerando a taxa contratual de juros, ter-se-ia:

300,300. 282.715.756,80 0, 008333 2.355.964, 64 301,301 272.959,57

S i    p

Ou seja, o valor da prestação, em 10 de março de 1990, sequer cobriria os juros que seriam devidos.

1 Note-se que, como se depreende da Tabela 1, relativamente à coluna que identifica a razão '

k k

SM UPC , a

hipótese de que se tenha a relação  41,38 1,0940,9776 , é coerente com a deterioração observada, no

(14)

Por conseguinte, como antevisto por Nogueira (1968), as características básicas do Plano A do BNH, correção monetária não uniforme de saldos devedores e de prestações, tal como estudado em de Faro (2014), poderiam acarretar a virtual eternização dos débitos.

3 - O caso do BNDE

O II PND, lançado ao final do primeiro ano do Governo Geisel, inaugurado em 1974, tinha como principal objetivo a manutenção das elevadas taxas de crescimento econômico que tinham sido alcançadas nos anos anteriores.

Remetendo aos trabalhos de Bonelli e Malan (1976) e de Aguirre e Saddi (1977), para análises dos componentes macroeconômicos do II PDN, nosso interesse aqui é focado em aspectos de políticas de financiamento industrial do plano.

Fundamentalmente, face ao recrudescimento do processo inflacionário que se verificou a partir de 1974, foram estabelecidas políticas de limitação de correção monetária para empréstimos de expansão da indústria.

Assim é que, diferentemente do que ocorria no Plano A do BNH, onde a dualidade de procedimentos em termos da correção monetária de saldos devedores e de prestações, podia, como evidenciamos, acarretar a eternização dos prazos de financiamentos habitacionais, a causa dos desiquilíbrios dos financiamentos industriais, então verificada, foi a introdução do conceito de taxas teto de correção monetária.

No que concerne ao BNDE, foi estipulado que a correção monetária das prestações fosse limitada à uma taxa teto anual de 20%. Tendo sido estabelecido que, toda a vez que a taxa anual de inflação, refletida na variação do nominal das ORTN´s, superasse o limite de 20%, seria constituído um “saldo especial”, que seria amortizado prorrogando-se o prazo contratual original de cada financiamento.

Genericamente, adaptando o que foi então apresentado em de Faro (1976), tendo em vista que os pagamentos eram mensais, com os financiamentos sendo concedidos com prazos de carência de m meses e prestações constantes, à taxa efetiva mensal i, ao longo de n meses, tinha-se, a preços da época do contrato, época zero, que o saldo devedor na época k, denotado por Sk,0, seria dado por:

,0 , para 1, 2,..., 1 , para 1, 2, ..., k C k m S i S p k m m m n        (16)

onde S0,0C é o valor financiado e p é dado por (1). Ou seja, durante os m meses do prazo de carência só havia pagamento de juros.

(15)

Sendo que, se não ocorresse a implantação da política de limitação da correção monetária, estaria sendo assegurado que Sm n m n , 0 . Ou seja, trivialmente, o débito seria anulado no fim do prazo contratual.

Com o valor da prestação devida, na época k e a preços da data do contrato, época zero, sendo dada por:

,0 . , para 1, 2,..., , para 1, 2,..., k i C k m p p k m m m n        (17)

No entanto, em sendo implementada a política de limitação da correção monetária, há que se distinguir “prestações devidas” de “prestações pagas”.

Relativamente às prestações devidas, tem-se que :

1 , 1 . ,para 1, 2,..., , para 1, 2,..., k k k k k k i C ORTN ORTN k m p p ORTN ORTN k m m m n          (18)

onde pk k, denota o valor corrente da prestação que é devida na época k. Devendo-se notar que

, ,0 0

k k k k

pp ORTN ORTN , para todo k.

Por outro lado, no caso em questão, a política de limitação da correção monetária estipulava que as prestações não tivessem seus valores acrescidos de mais do que 20%; a cada ano.

Mais especificamente, foi estabelecido que as atualizações monetárias dos valores das prestações seguissem os seguintes procedimentos:

a) relativamente ao prazo de carência (que, a princípio, não ultrapassava 2 anos).

Ao longo do primeiro ano do prazo de carência, o valor de cada prestação não poderia superar o respectivo valor contratual, pk,0 , acrescido de 20%.

Ou seja, denotando por pˆk k, o valor limite da prestação relativa à época k, foi determinado que se tivesse:

, 1

ˆk k 1 . , para 1, 2,...,12

p   i C k  (19)

onde 1 identifica a taxa teto anual; então fixada em 20%.

Ao longo do segundo ano do prazo de carência, foi constatado, em Garcia (2017), que, segundo normas internas do BNDE, se tinha:

, 1 12,12

ˆk k 1 , para 13,14,..., 24

(16)

Devendo ser observado que tal procedimento estaria em desacordo com o espírito do que motivou a política de limitação de correção monetária então concebida.

Pois que, poder-se-ia ter pˆk k,  

1 1

2C i. . O que, como ilustrado no exemplo adiante

descrito, veio a efetivamente ocorrer. b) após o prazo de carência

Não violando o espírito da política então concebida, tinha-se que:

int 11 12 

, 1

ˆk k 1 k , para 1, 2,...,

pp   k  m mmn (21)

Como consequência de tal política de limitação da correção monetária das prestações, tinha-se que, a preços correntes, o saldo devedor efetivo, ou “saldo real”, na época k, denotado por

,

k k

S , fosse dado pela relação:



, 1 1 1, 1 min , ;ˆ ,

k k k k k k k k k k

S  i ORTN ORTN S p p (22)

para k 1, 2,...,m n e S0,0C .

Como uma ilustração do que teria efetivamente ocorrido, a Tabela 3, que sumaria simulação efetivada em Garcia (2017), apresenta o caso de um financiamento de Cr$ 10.000.000,00, à taxa efetiva anual de 5%, pelo prazo total de 8 anos; sendo 2 os anos de carência. Com o contrato como tendo sido concedido em dezembro de 1974.

O que teria implicado, dado que a correspondente taxa efetiva mensal seria i = 0,4074%, que se tivesse pk,0Cr$ 40.741, 24 , para k = 1,2...,24 e p = Cr$ 160.534,71, para k,0 k =25,26,...,96.

Tabela 3

Caso do Empréstimo no BNDE

k Mês ORTN # k pk k, # ,

ˆ

k k

p

#

S

k k, # 0 Dez/74 105,41 - - 10.000.000,00 1 Jan/75 106,76 41.263,02 48.889,49 10.128.071,34 2 Fev 108,38 41.889,15 “ 10.281.756,95 3 Mar 110,18 42.584,86 “ 10.452.518,74 4 Abr 112,25 43.384,92 “ 10.648.894,79

(17)

5 Mai 114,49 44.250,68 48.889,49 10.861.398,35 6 Jun 117,13 45.271,05 “ 11.111.848,97 7 Jul 119,27 46.098,16 “ 11.314.865,76 8 Ago 121,31 46.886,63 “ 11.508.395,79 9 Set 123,20 47.617,12 “ 11.687.695,66 10 Out 125,70 48.583,38 “ 11.924.864,81 11 Nov 128,43 49.638,53 “ 12.183.853,52 12 Dez 130,93 50.604,78 “ 12.421.022,67 13 Jan/76 133,34 51.536,26 60.725,74 12.649.653,73 14 Fev 135,90 52.525,70 “ 12.892.514,94 15 Mar 138,94 53.700,67 “ 13.180.912,64 16 Abr 142,24 54.976,13 “ 13.493.975,90 17 Mai 145,83 56.363,67 “ 13.834.550,80 18 Jun 150,17 58.041,09 “ 14.246.276,44 19 Jul 154,60 59.753,30 “ 14.666.540,18 20 Ago 158,25 61.279,99 “ 15.041.267,43 21 Set 162,97 62.988,33 “ 15.460.582,49 22 Out 166,33 64.286,98 “ 15.779.337,82 23 Nov 174,40 67.406,05 “ 16.544.919,84 24 Dez 179,68 69.725,74 “ 17.045.821,08 25 Jan/77 183,65 279.690,73 277.403,98 17.216.022,91 26 Fev 183,83 284.533,73 “ 17.308.078,49 27 Mar 190,51 290.138,20 “ 17.443.496,81 28 Abr 194,83 296.717,37 “ 17.634.319,60 29 Mai 200,45 305.276,38 “ 17.939.506,02 30 Jun 206,90 315.09,44 “ 18.314.791,85 31 Jul 213,80 325.607,83 “ 18.725.281,15 32 Ago 219,51 334.303,90 “ 19.026.303,64 33 Set 224,01 341.157,20 “ 19.218.047,39 34 Out 227,15 345.939,28 “ 19.289.421,43 35 Nov 230,30 350.736,59 “ 19.359.190,58 36 Dez 233,74 355.975,55 “ 19.451.005,43 37 Jan/78 238,32 362.950,69 “ 19.580.050,42

(18)

38 Fev 243,35 370.611,15 332.884,78 19.741.878,89 39 Mar 248,99 379.200,62 “ 19.948.836,63 40 Abr 255,41 388.977,99 “ 29.213.658,62 41 Mai 261,87 400.339,24 “ 20.555.959,39 42 Jun 270,88 412.538,11 “ 20.935.741,57 43 Jul 279,04 424.965,43 “ 21.321.390,14 44 Ago 287,58 437.971,46 “ 21.730.569,56 45 Set 295,57 450.139,88 “ 22.092.430,45 46 Out 303,29 461.897,09 “ 22.428.936,60 47 Nov 310,49 472.862,37 “ 22.722.054,59 48 Dez 318,44 484.969,86 “ 23.063.903,72 49 Jan/79 326,82 497.732,23 399.461,73 23.369.885,78 50 Fev 334,20 508.971,64 “ 23.595.506,80 51 Mar 341,97 520.805,00 “ 23.842.996,03 52 Abr 350,51 533.811,04 “ 24.138.529,44 53 Mai 363,64 553.807,44 “ 24.745.317,09 54 Jun 377,54 574.976,52 “ 25.396.404,76 55 Jul 390,10 594.104,83 “ 25.948.740,85 56 Ago 400,71 610.263,39 “ 26.363.630,70 57 Set 412,24 627.823,06 “ 26.833.253,40 58 Out 428,80 653.043,20 “ 27.625.417,78 59 Nov 448,47 682.999,73 “ 28.610.907,04 60 Dez 468,71 713.824,34 “ 29.624.515,64 61 Jan/80 487,83 742.943,25 479.354,08 30.479.246,31 62 Fev 508,33 774.163,83 “ 31.410.111,06 63 Mar 527,14 802.810,62 “ 32.225.745,67 64 Abr 546,64 832.508,25 “ 33.074.637,07 65 Mai 566,86 863.302,40 “ 33.958.435,42 66 Jun 586,13 892.649,75 “ 34.776.528,06 67 Jul 604,89 921.220,39 “ 35.556.469,41 68 Ago 624,25 950.704,80 “ 36.364.627,13 69 Set 644,23 981.133,45 “ 37.202.070,00 70 Out 663,56 1.010.572,17 “ 37.995.070,58

(19)

71 Nov 684,79 1.042.904,51 479.354,08 38.891.083,51 72 Dez 706,70 1.076.272,46 “ 39.819.574,46 73 Jan/81 738,50 1.124.702,44 575.224,89 41.205.675,77 74 Fev 775,43 1.180.945,17 “ 42.867.285,66 75 Mar 825,63 1.257.937,52 “ 45.253.167,82 76 Abri 877,86 1.336.941,48 “ 47.736.723,95 77 Mai 930,53 1.417.155,53 “ 50.231.769,57 78 Jun 986,36 1.502.182,12 “ 52.887.282,76 79 Jul 1.045,54 1.592.310,61 “ 55.713.606,20 80 Ago 1.108,27 1.687.845,59 “ 58.721.672,44 81 Set 1.172,55 1.785.741,15 “ 61.805.437,88 82 Out 1.239,39 1.887.535,48 “ 65.019.524,83 83 Nov 1.310,04 1.995.132,27 “ 68.430.660,86 84 Dez 1.382,09 2.104.861,19 “ 71.913.135,64 85 Jan/82 1.453,96 2.214.315,98 690.269,87 75.270.635,92 86 Fev 1.526,66 2.325.034,83 “ 78.665.996,78 87 Mar 1.602,99 2.441.282,00 “ 82.245.391,30 90 Abr 1.683,14 2.563.346,86 “ 86.019.248,55 91 Mai 1.775,71 2.704.326,83 “ 90.429.626,78 92 Jun 1.873,37 2.853.058,63 “ 95.104.463,97 93 Jul 1.976,41 3.009.983,94 “ 100.050.776,81 94 Ago 2.094,99 3.190.575,97 “ 105.795.396,14 95 Set 2.241,64 3.413.917,36 “ 112.972.034,68 96 Out 2.398,55 3.652.884,26 “ 120.682.044,74 97 Nov 2.566,45 3.908.588,44 “ 128.965.684,52 98 Dez 2.733,27 4.162.647,83 “ 137.217.796,59 # Valores em Cr$

Na Tabela 3, na última linha, constata-se que ao final do prazo contratual, ou seja, em dezembro de 1982, haveria ainda um saldo devedor de Cr$ 137.217.796,59. Que corresponderia a 52,92% do valor do financiamento originalmente concedido.

(20)

Isto porque, tendo em vista o valor corrente da última prestação limite,

96,96

ˆ $ 690.269,87,

pCr teria sido verificado que esta seria superior ao acréscimo devido a juros, dada a taxa de 0,4074% a.m, do saldo devedor de Cr$ 137.217.796,59; que corresponderia a Cr$ 559.042,29.

Consequentemente, embora por distintas razões das relativas aos financiamentos do BNH, as condições estabelecidas pelo BNDE, também ilustram um caso de eternização dos débitos.

Todavia, como apontado por Najberg (1989, p.52), os mutuários do BNDE vieram a ser dispensados de liquidar seus débitos. O que, obviamente, significou em magnificar os subsídios que foram concedidos aos tomadores dos financiamentos. Subsídios estes cujos montantes, incluindo os relativos à prática, depois adotada, de limitar a correção monetária em 70% da variação do valor nominal das ORTN’s, também foram estimados por Najberg (1989).

4 – O caso da CEF

Também, no âmbito do II PND, a CEF pôs em prática sua própria versão da política de limitação da correção monetária das prestações.

Entretanto, diferentemente do que ocorreu no caso do BNDE, foi então estipulada uma taxa teto de 5% ao trimestre; que correspondia a 21,25% ao ano. Portanto, superior em 6,25% à taxa teto de 20% ao ano dos empréstimos do BNDE.

Ademais, estabelecendo um acompanhamento em paralelo do que denominamos de “saldo especial”, as normas da CEF estipulavam que, diferentemente do caso do BNDE, onde não havia tal possibilidade, pudesse haver abatimento no valor do “saldo especial”. O que ocorreria toda a vez que, em havendo valor positivo no “saldo especial”, a prestação devida fosse inferior à prestação limite.

No que se segue, observando que tal procedimento não teria implicação na determinação do valor do saldo devedor efetivo, não o levaremos em conta.

Considerando-se, também, o empréstimo de C unidades de capital, à taxa efetiva mensal i, pelo prazo total de m + n meses, com m meses de carência e n meses de prestações constantes, dadas pela relação (1), tem-se que, tal como no caso de empréstimo pelo BNDE, a prestação devida na época k, a preços da época zero, é dada pela relação (17).

Com o valor, a preços correntes da época k, da prestação devida, pk k, , também sendo dado pela relação (18).

(21)

Quanto à prestação limite na época k, a preços da época k, que será denotada por p*k k, , tinha-se que, denotando-se por 2 a taxa limite trimestral:

int 1  1 3  * , ,0 1 2 , para 1, 2,..., k k k k pp    knm (23)

Deste modo, recursivamente, o saldo devedor efetivo, ou “saldo real”, na época k, a preços correntes, também denotado por Sk k, , era dado pela relação:



*

, 1 1 1, 1 min , ; ,

k k k k k k k k k k

S  i ORTN ORTN S p p (24)

para k 1, 2,...,m n e S0,0C .

Também a título de ilustração do que teria efetivamente ocorrido no caso da CEF, a Tabela 4, que sumaria simulação efetivada em Garcia (2017), apresenta a evolução do saldo devedor efetivo, de um financiamento de Cr$ 10.000.000,00, à taxa efetiva de 9% ao ano, pelo prazo total de 8 anos; sendo 2 anos de carência. Com o financiamento admitido como tendo sido concedido em dezembro de 1974.

Observando que a correspondente taxa efetiva mensal era i = 0,7207%, tinha-se que as prestações mensais tinham o valor pk,0Cr$ 72.073, 23, para k =1,2,...,24, e

,0 $178.517, 22

k

pCr para k =23, 24, ...,96. Onde a época zero denotava dezembro de 1974.

Tabela 4

Caso do Empréstimo na C.E.F.

k Mês ORTN # k , k k

p

#

p

ˆ

k k, #

S

k k, # 0 Dez/74 105,41 - - 10.000.000,00 1 Jan/75 106,76 72.996,28 75.676,89 10.128.071,34 2 Fev 108,38 74.103,95 “ 10.281.756,95 3 Mar 110,18 75.334,68 “ 10.452.518,74 4 Abr 112,25 76.750,03 79.101,42 10.648.894,79 5 Mai 114,49 78.281,61 79.101,42 10.861.398,35 6 Jun 117,13 80.086,69 “ 11.111.848,97 7 Jul 119,27 81.549,90 84.091,02 11.314.865,76 8 Ago 121,31 82.944,73 “ 11.508.395,79 9 Set 123,20 84.237,00 “ 11.687.695,66 10 Out 125,70 85.946,36 88.448,85 11.924.864,81

(22)

11 Nov 128,43 87.812,97 “ 12.183.853,52 12 Dez 130,93 89.522,33 “ 12.421.022,67 13 Jan/76 133,34 91.170,14 93.998,44 12.649.653,73 14 Fev 135,90 91.920,52 “ 12.892.514,94 15 Mar 138,94 94.999,10 “ 13.180.912,64 16 Abr 142,24 97.255,45 99.749,05 13.493.975,90 17 Mai 145,83 99.710,08 “ 13.834.550,80 18 Jun 150,17 102.677,52 “ 14.246.276,44 19 Jul 154,60 105.706,50 107.811,40 14.666.540,18 20 Ago 158,25 108.407,28 “ 15.041.267,43 21 Set 162,97 111.429,42 “ 15.460.582,49 22 Out 166,33 113.726,79 117.000,89 15.779.337,82 23 Nov 174,40 119.244,59 “ 16.544.919,84 24 Dez 179,68 122.854,74 “ 17.045.821,08 25 Jan/77 183,65 311.020,65 276.938,80 17.271.076,09 26 Fev 183,83 316.406,14 “ 17.614.032,82 27 Mar 190,51 322.638,41 “ 17.852.491,20 28 Abr 194,83 329.954,55 290.785,74 18.209.052,57 29 Mai 200,45 339.472,31 “ 17.939.506,02 30 Jun 206,90 359.395,71 “ 18.639.651,92 31 Jul 213,80 362.081,22 305.352,02 19.094.771,16 32 Ago 219,51 371.751,39 “ 19.440.711,76 33 Set 224,01 379.372,37 “ 19.676.913,20 34 Out 227,15 384.690,12 320.519,27 19.775.943,54 35 Nov 230,30 390.024,81 “ 19.874.103,11 36 Dez 233,74 395.850,62 “ 19.995.750,74 37 Jan/78 238,32 403.607,09 336.620,84 20.197.874,77 38 Fev 243,35 412.12555,65 336.620,84 20.436.196,89 39 Mar 248,99 421.677,28 “ 20.723.919,42 40 Abr 255,41 432.549,88 353.451,88 21.058.031,77 41 Mai 261,87 445.183,77 “ 21.475.846,62 42 Jun 270,88 458.749,11 “ 21.936.292,20 43 Jul 279,04 472.568,49 371.124,47 22.388.842,19

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44 Ago 287,58 478.031,41 “ 22.869.228,84 45 Set 295,57 500.562,89 “ 23302.898,65 46 Out 303,29 513.637,10 389.680,70 23.694.205,18 47 Nov 310,49 525.830,67 “ 24.041.842,60 48 Dez 318,44 539.294,40 “ 24.445.459,86 49 Jan/79 326,82 553.486,36 409.264,73 24.860.419,52 50 Fev 334,20 565.984,76 “ 25.195.856.95 51 Mar 341,97 59.143,65 “ 25.558.301,26 52 Abr 350,51 593.606,58 429.622,97 25.955.751,63 53 Mai 363,64 615.842,91 “ 26692.502,51 54 Jun 377,54 639.383,27 “ 27482.925,45 55 Jul 390,10 660.654,27 451.104,12 28.150.791,24 56 Ago 400,71 678.622,84 “ 28.673.746,83 57 Set 412,24 698.149,49 “ 29.260.306,40 58 Out 428,80 726.194,69 473.659,32 30.181.416,29 59 Nov 448,47 759.506,84 “ 31.319.750,66 60 Dez 468,71 793.784,32 “ 32.495.509,12 61 Jan/80 487,83 826.165,01 479.342,29 33.567.509,65 62 Fev 508,33 860.882,81 “ 34.732.867,87 63 Mar 527,14 892.738,50 “ 35.780.358,14 64 Abr 546,64 925.762,75 522.209,40 36.849.158,41 65 Mai 566,86 960.006,35 “ 37.965.392,62 66 Jun 586,13 992.641,08 “ 39.016.720,25 67 Jul 604,89 1.024.412,10 548.319,87 40.007.397,59 68 Ago 624,25 1.057.199,25 “ 41.037.122,26 69 Set 644,23 1.091.036,40 “ 42.107.487,53 70 Out 663,56 1.123.772,74 575.735,87 43.107.767,11 71 Nov 684,79 1.159.726,83 575.735,87 44.231.857,05 72 Dez 706,70 1.196.832,53 “ 45.400.321,90 73 Jan/81 738,50 1.250.687,46 604.522,66 47.180.656,13 74 Fev 775,43 1.313.230,30 “ 49.292.536,57 75 Mar 825,63 1.398.246,56 “ 52.257.394,30 76 Abri 877,86 1.486.700,73 634.748,79 55.328.951,39

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77 Mai 930,53 1.575.900,06 “ 58.436.538,17 78 Jun 986,36 1.607.451,02 “ 61.754.309,10 79 Jul 1.045,54 1.770.675.37 666.486,23 65.264.768,79 80 Ago 1.108,27 1.876.911,83 “ 69.012.625,14 81 Set 1.172,55 1.985.773,29 “ 72.875.137,78 82 Out 1.239,39 2.098970,24 699.810,54 76.884.674,23 83 Nov 1.310,04 2.218.619,63 “ 81.153.306,42 84 Dez 1.382,09 2.230639,98 “ 85.533.857,98 85 Jan/82 1.453,96 2.462.355,49 734.801,07 89.895.426,42 86 Fev 1.526,66 2.585.476,66 “ 94.335.821,89 87 Mar 1.602,99 2.714.745,41 “ 99.031.529,41 90 Abr 1.683,14 2.850.483,53 771.541,12 103.961.035,73 91 Mai 1.775,71 3.007.255,55 “ 109.697.674,84 92 Jun 1.873,37 3.172.647,74 “ 115.793.364,91 93 Jul 1.976,41 3.347.151,24 810.118,18 122.232.632,32 94 Ago 2.094,99 3.547.972,53 “ 129.690.013,84 95 Set 2.241,64 3.796.331,79 “ 138.958.388,39 96 Out 2.398,55 4.062.066,89 850.624,09 148.906.176,08 97 Nov 2.566,45 4.346.414,11 “ 159.627.418,12 98 Dez 2.733,27 4.628.932,20 “ 170.377.891,22 # valores em Cr$

Na Tabela 4, na última linha, verifica-se que, ao final dos 8 anos do prazo contratual, ou seja, em dezembro de 1982, haveria ainda um saldo devedor de Cr$ 170.377.891,22. Portanto, estar-se-ia devendo ainda 65,77% do valor originalmente contratado.

Sendo que, do mesmo modo que no caso do BNDE, também haveria a eternização do débito. Pois que, o acréscimo devido a juros, considerada a taxa de juros de 0,7207% ao mês, seria de Cr$ 1.227.913,46. Que muito supera o valor da prestação limite.

5 – Conclusão

Como aqui constatado, o instituto da correção monetária, oficialmente estabelecido em 1964, veio a possibilitar a ocorrência de situações que podem ser interpretadas como virtuais eternizações dos débitos de financiamentos concedidos sob sua égide.

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Como primeiro exemplo, inclusive do ponto de vista histórico, temos os financiamentos habitacionais que foram concedidos de acordo com as normas do antigo Plano A do BNH. Segundo as quais havia uma dualidade com relação aos procedimentos respectivamente relativos às atualizações monetárias de valores de saldo devedores e de prestações.

Como dois outros exemplos, temos as políticas de limitação da correção monetária das prestações, via o estabelecimento de taxas teto, que foram postas em prática no âmbito do II PND. O que veio a acontecer nos casos de financiamentos empresariais concedidos tanto pelo BNDE como pela CEF.

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