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AVALIAÇÃO DO ESCOAMENTO DE FLUIDOS INCOMPRESSÍVEIS EM TUBULAÇÕES USANDO CFD

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VIII Congresso Brasileiro de Engenharia Química em Iniciação Científica 27 a 30 de julho de 2009

Uberlândia, Minas Gerais, Brasil

AVALIAÇÃO DO ESCOAMENTO DE FLUIDOS INCOMPRESSÍVEIS EM TUBULAÇÕES

USANDO CFD

1

Délio Barroso de Souza,2Ulisses Fernandes Alves,3Valéria Viana Murata 1

Discente do curso de Engenharia Química 2

Bolsista de iniciação científica PIBIC/CNPq/UFU, discente do curso de Engenharia 3

Professor da Faculdade de Engenharia Química da UFU/MG 1,2,3

Faculdade de Engenharia Química da Universidade Federal de Uberlândia. Av João Naves de Ávila, 2121, Bloco 1K, Campus Santa Mônica, Uberlândia - MG, CEP 38408-100

e-mail: valeria@ufu.br

RESUMO - Neste trabalho os códigos livres Salome e OpenFOAM® (Open Field Operation and Manipulation) são usados para o estudo das características de escoamento de fluidos incom-pressíveis através de uma válvula gaveta inserida numa tubulação. A tubulação considerada neste trabalho é cilíndrica, com 1 polegada de diâmetro e 4 polegadas de comprimento. O fluido utilizado na simulação foi glicerina, sendo este um fluido newtoniano, incompressível e em con-dições isotérmicas. O efeito da percentagem de abertura da válvula gaveta sobre as caracterís-ticas do escoamento é considerado. O Salome é usado na etapa de pré-processamento, para o desenho das geometrias virtuais 3D e a malha de discretização gerada é utilizada pelo Open-FOAM®, usado nas etapas de processamento e de pós-processamento. Os resultados simula-dos são comparasimula-dos com dasimula-dos experimentais disponíveis na literatura e com resultasimula-dos obti-dos por equações empíricas e semi-empíricas, demonstrando a adequação da ferramenta CFD para fins de análise, projeto e otimização da operação do elemento considerado.

Palavras-Chave: CFD, válvula gaveta, características do escoamento

INTRODUÇÃO

Em uma planta industrial existem vários processos que requerem o uso de válvulas para seu funcionamento. Diversos pesquisadores es-tão empenhados em melhorar o desempenho destas válvulas para que seja possível reduzir os custos de energia durante o processo industrial. Para isso, é necessária uma técnica que permita o conhecimento detalhado das características do escoamento do fluido nesta válvula.

A utilização das técnicas de fluidodinâmica computacional (CFD) está se tornando uma práti-ca comum na análise de válvulas, pois proporcio-na ao usuário uma clara visão sobre detalhes do comportamento dos fluidos, o que muitas vezes não pode se alcançado por meio de ensaios ex-perimentais. Portanto, com o uso de CFD pode-se reduzir o número de experimentos necessários para a compreensão dos vários fenômenos en-volvidos no escoamento de um fluido em uma válvula.

Neste trabalho foi avaliado o comportamen-to da glicerina durante seu escoamencomportamen-to em uma válvula gaveta. Para isso utilizou-se os softwares livres OpenFOAM®1, usado na etapa de pré-processamento e pós-pré-processamento, e o

1

http://www.opencfd.co.uk/

me2, utilizado na etapa de geração da geometria e da malha. O OpenFOAM® é basicamente um conjunto de bibliotecas C++ e usa o método dos volumes finitos para a solução das equações diferenciais parciais acopladas. Ele permite simu-lar elementos com geometrias 3D, malhas não-estruturadas com um número arbitrário de faces, permitindo a escolha de bibliotecas específicas para cada condição de escoamento. O OpenFO-AM® disponibiliza modelos de turbulência RAS (Reynolds Average Simulation) para fluidos in-compressíveis e in-compressíveis, além de modelos de turbulência LES (Large Eddy Simulation). Para a resolução das equações diferenciais parciais que constituem os modelos de fluidodinâmica, é utilizado o método dos volumes finitos programa-dos em linguagem C++. As simulações no Open-FOAM® são realizadas por arquivos executáveis denominados resolvedores (tradução da palavra inglesa solvers), que são selecionados de manei-ra apropriada às camanei-racterísticas do escoamento e da geometria, (malha e condições iniciais e de contorno da simulação) e resolvem problemas específicos de mecânica do contínuo3. As etapas necessárias para a instalação do OpenFOAM®

2

http://www.salomeplatform.org

3

(2)

podem ser encontradas em sites disponíveis na internet4.

O software livre Salome é uma plataforma genérica para pré e pós-processamento que per-mite a construção e o desenho das geometrias virtuais 3D através de uma interface CAD (Com-puter Aided Design). Através do uso combinado destes dois softwares, foram utilizadas as ferra-mentas mais desenvolvidas que cada um possui e deste modo pode-se obter uma avaliação do caso considerado.

A seguir será apresentada a caracterização da válvula gaveta, a modelagem matemática do comportamento do fluido e, finalmente, os resul-tados e a conclusão.

CARACTERIZAÇÃO DA VÁLVULA

GAVETA

De acordo com Telles (2001) até alguns anos atrás as válvulas gaveta, tal como mostrado na Figura 1, dominavam largamente a maior parte das válvulas de uso industrial, representando cerca de 80% do total. Depois, o desenvolvimento de outros tipos de válvulas de bloqueio, mais leves, rápidas e baratas, fez com que a participa-ção das válvulas gavetas caísse bastante. Entre-tanto, hoje em dia essas válvulas ainda represen-tam cerca de 50% do total. Normalmente as vál-vulas gavetas são empregadas em processos onde não são necessárias operações freqüentes de abertura e fechamento, pois o seu manuseio é mais lento quando comparado ao de outros tipos de válvulas. O mau dimensionamento entre as válvulas e a tubulação pode gerar perdas de car-ga significativas e, conseqüentemente, o rendi-mento de equiparendi-mentos que operam em conjunto com esses elementos, como bomba, por exem-plo, pode ser seriamente prejudicado.

Figura 1 – Válvula gaveta instalada numa tubulação

A perda de carga localizada para uma vál-vula gaveta pode ser expressa através da

4 http://groups.google.com.br/group/cfdbrasil/browse _thread/thread/159af5f8380f3602 ção 1:





 





2

1

em que



é a velocidade média do escoamento,

é a aceleração gravitacional e



é o coeficiente de perda de carga localizada que deve ser de-terminado experimentalmente para cada situação.

O processo de fechamento de uma válvula gaveta ocorre através de uma lâmina vertical, como mostra o esquema da Figura 2, em que D representa o diâmetro da tubulação que pode ser conectada à válvula e H representa a altura da cunha controlada pelo volante, mostrado em a-marelo na referida figura.

Figura 2 – Esquema de uma válvula gaveta A Tabela 1 apresenta os valores experimentais do coeficiente de perda de carga localizada K para a percentagem de abertura nas válvulas gavetas de acordo com a configuração ilustrada na Figura 2.

Tabela 1 – Valores experimentais de K para a válvula gaveta (Porto, 2004)

Percentagem de 100% 75% 50% 25% abertura (H/D)

K 0,15 0,26 2,06 17,0

MODELAGEM MATEMÁTICA

As equações que descrevem o escoamento dos fluidos são demonstradas a seguir (Bird et all, 1960). A equação 2 (equação da continuidade) expressa a conservação de massa para um escoamento incompressível:

1

(3)

em que



,



 e



 representam a velocidade nas direções

,



e



respectivamente. A equação que descreve o escoamento dos fluidos é a equação de Navier-Stokes, que em coordenadas cilíndricas é dada por:

Componente :                       ! " #$  %  $      &   

3 Componente :                     $  ! " #$  %  $      &    4 Componente :  *    *     *    *      ! " # *  %  $  *   * &    5

As técnicas numéricas mais difundidas para a resolução de equações diferenciais parciais são: método das diferenças finitas, método dos volumes finitos e método dos elementos finitos (Patankar, 1980).

METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS

Neste estudo são apresentadas simula-ções tridimensionais considerando o escoamento de glicerina através de uma válvula gaveta inseri-da numa tubulação cilíndrica, com 1 polegainseri-da de diâmetro e 4 polegadas de comprimento. A glice-rina possui viscosidade cinemática igual a 1180.10-6 m2/s. Considerou-se a válvula com 25%, 50%, 75% e 100% de abertura.

Para condições de contorno e condições i-niciais foram utilizados em todas as simulações os valores arbitrários apresentados na Tabela 2 e Tabela 3 a seguir:

Tabela 2 – Valores utilizados nas condições de contorno

Velocidade [m/s] Pressão [Pa] Entrada (0,02;0,00;0,00)

Gradiente de Pressão igual a

zero Saída Gradiente de

velocidade igual a zero 0 Parede (0,00;0,00;0,00)

Gradiente de Pressão igual a

zero

Tabela 3 – Valores utilizados nas condições iniciais

Velocidade [m/s] (0,00;0,00;0,00) Pressão [Pa] 1,372931.105

O número de Reynolds (Re) para a gliceri-na é 0,43. Com um baixo Re (Re<2000) o cálculo da velocidade média será feito considerando a velocidade do centro da tubulação dividida por dois (Bird,2004). Foi utilizado um tempo de simu-lação igual a 0,3 s para todas as simulações para ser possível realizar os cálculos da perda de car-ga na válvula no estado estacionário. Os pontos 1 e 2 utilizados para a obtenção dos dados neces-sários aos cálculos propostos estão nas coorde-nadas (0,02;0,00;0,00) e (0,06;0,00;0,00) respec-tivamente.

As malhas geradas pelo software Salome são tetraédricas e estruturadas. A Figura 3 apre-senta o sulco da válvula e a Figura 4 apreapre-senta a malha computacional usada para realizar a simu-lação. Esta malha possui 46281 células, quanti-dade que foi utilizada em todas as simulações da válvula gaveta.

Figura 3 – Sulco da válvula gaveta

Figura 4 – Malha de uma válvula, mostrando o sulco desta válvula.

O OpenFOAM® utilizou para a simulação deste caso o código icoFoam, que é basicamente um conjunto de bibliotecas destinadas à resolu-ção de escoamentos transientes, laminares de

(4)

fluidos newtonianos.

Com o objetivo de validar os resultados si-mulados calculou-se a perda de carga através da válvula, considerando diferentes percentagens de abertura. Para tanto, utilizou-se a equação 6, onde os subscritos 1 e 2 se referem às posições a entrada da tubulação à montante da válvula e à jusante da válvula, respectivamente.

,$-. , $

  

2 6

sendo

,

a pressão,



a velocidade (os sub-índices indicam o valor da grandeza nos pontos 1 e 2),

.

é o peso específico do fluido e

é o valor da aceleração gravitacional.

Resultados e Discussões

Com as condições descritas anteriormente foram obtidos os perfis de velocidade visualiza-dos na Figura 5, sendo a entrada de glicerina à direita da figura.

a) Escoamento com válvula 100% aberta.

b) Escoamento com válvula 75% aberta.

c) Escoamento com válvula 50% aberta.

d) Escoamento com válvula 25% aberta. Figura 5 – As letras a), b), c) e d) representam os resultados a partir da simulação no Open-FOAM® visualizados através do software livre ParaView®.

Sabe-se que o escoamento laminar em tu-bulações adquire um perfil parabólico e no centro da tubulação têm-se o valor máximo da velocida-de (Bird, 2004). Na Figura 5-a, nota-se este com-portamento à montante e à jusante da válvula. Entretanto, quando o fluido percorre a região da válvula, percebe-se o efeito da válvula no escoa-mento devido à variação da área de seção trans-versal que esta impõe na tubulação.

Os resultados obtidos para a perda de car-ga localizada na válvula podem ser visualizados e comparados através da Tabela 4:

Tabela 4 – Valores de hexperimental e hsimulação,

ambos com unidades em metros, para cada percentagem de abertura da válvula.

Escoamento da glicerina Percentagem de abertura hexperimental [m] hsimulação [m] 100 2,7.10-6 2,7.10-6 75 5,4.10-6 5,3.10-6 50 2,1.10-5 2,6.10-5 25 3,7.10-4 3,4.10-4

Na simulação do escoamento da glicerina os valores de hsimulação que apresentam maiores

desvios em relação aos valores experimentais são aqueles em que a válvula está com 50% e 25% de abertura.

CONCLUSÃO

A discrepância entre os resultados experi-mentais e os numéricos da perda de carga locali-zada pode ser considerada válida para a aceita-ção da ferramenta de CFD, visto que há uma pequena divergência na literatura sobre os valo-res de K, o que provoca desvios nos valovalo-res da perda de carga localizada calculada com dados experimentais.

Portanto, a ferramenta de simulação numé-rica pode contribuir para projetar e otimizar de maneira consistente e eficiente diversos tipos de sistemas aplicados na engenharia, com baixo custo de investimentos.

(5)

geometrias diversas deve ser objeto de análise futura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BIRD, R. B., STEWART, W. E., LIGHTFOOT, E.

N, 2004. Fenômenos de Transporte 2. Edição. Editora LTC.

DAVIS, J. A.; STEWART, M., 2002. Predicting globe control valve performance – Part I: CFD modeling, Journal of Fluid Engineering, New York, v.124, p.772-777, setembro, 2002.

FOX, R. W., MCDONALD, A. T., 1995. Introdução à Mecânica dos Fluidos 4. ed. Editora Guanabara.

NETO, H. J., ALENCAR, S. H., BERNARDES, M. E. C., SILVA, F. G. B. da, 2008. Modelagem e simulação do comportamento de uma válvula de fluxo hidráulica com o uso de ferramenta de hidroinformática, Revista Tecnologia Fortaleza, v.29, n.2, p.224-232, dezembro, 2008.

PARIONA, M. M., 2003. Simulação numérica usando elementos finitos do fluxo de água dentro de uma válvula: fluxo laminar e turbulento, I, Revista Publicatio UEPG, p.15-24, agosto, 2003.

PATANKAR, S. V., 1980. Numerical Heat Transfer and Fluid Flow. Hemiphere Publishing Corporation.

PERRY, R. H., GREEN, D. W., 1999. Perry’s Chemical Engineers Handbook. Editora McGraw-Hill.

PORTO, R. M, 2004.. Hidráulica básica 3. edição. Editora EDUSP, São Carlos – SP, 519 p. TELLES, P. C. S., 2001. Tubulações Industriais:

Materiais, Projeto, Montagem. Editora LTC.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Faculdade de En-genharia Química da Universidade Federal de Uberlândia por ter disponibilizado suas instala-ções e ao CNPq pela concessão de bolsa de pesquisa.

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