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[Recensão a] RAMALHO, Américo da Costa - Latim Renascentista em Portugal (antologia)

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Academic year: 2021

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[Recensão a] RAMALHO, Américo da Costa - Latim Renascentista em Portugal

(antologia)

Autor(es):

Torres, Amadeu

Publicado por:

Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de Estudos

Clássicos

URL

persistente:

URI:http://hdl.handle.net/10316.2/29146;

http://hdl.handle.net/10316.2/29146

Accessed :

24-Mar-2021 13:45:47

digitalis.uc.pt

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AMéRICO DA COSTA RAMALHO,

Latim Renascentista em Portugal

(anto-logia). Prefácio, selecção, versão do latim e notas. Coimbra,

Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos, 1985, xii -f 242 p.

A primeira reacção que uma obra deste título causa, ainda antes de qualquer manuseio, ao leitor atento a culturemas em voga é naturalmente de viva surpresa e súbita confusão de ideias, por, na aparência, aquele se sentir repentinamente des-situado no espaço e retrocedido séculos no tempo.

É que, tendo sido um dos membros da comissão ministerial adrede formada há anos para a reestruturação programática das línguas clássicas no nosso degra-dado ensino, nunca vi o resultado dessas repetidas deslocações e encontros a alto nível, nem vislumbrei que algo do relatório comendatício final haja sido aproveitado em ordem à almejada reforma que humanisticamente nos remova do lugar da lan-terna fusca do coche pedagógico-cultural. Sem exagero, está-se perante uma expe-riência de descalabro que transcende o mero âmbito dos poucos indivíduos convo-cados ou de grupos reduzidos e toma vulto de autêntica praga, como o evidenciou há meses a primeira assembleia da Associação Portuguesa de Linguística, largamente representativa e consciente, ao inserir nas conclusões dos trabalhos um sério apelo a quem de direito acerca da urgência da recordação curricular das línguas clássicas, sobretudo da disciplina de latinidade, imprescindível para uma superior aprendi-zagem do nosso idioma, o que semanas depois foi empenhadamente reiterado na clausura do 1.° Simpósio Nacional sobre o Humanismo Português, organizado pela Academia das Ciências de Lisboa.

Ultrapassada, porém, a surpresa inicial e coordenado o pensamento, veri-fica-se que, apesar das bisonhices inovadoras de cérebros já desaparecidos e das atitudes em desequilíbrio de mentores possuídos da nova vaga tecnicista a sobrepor-se à idiossincrasia de um povo caminhando panurgicamente (e não me refiro às escolas técnicas e à sua necessidade reconhecida) para a fala e sem-história de bárbaros da selva, é cá em Portugal que, com subsídio das elevadas esferas, o que interpreto como bom augúrio de mudança, os prelos lançam a público um livro assim.

Certamente confiados em que «de hora a hora Deus melhora» ou naqueloutro rifão a lembrar que «Deus ajuda quem cedo madruga», o Centro de Estudos Clás-sicos da Universidade de Coimbra e o seu director, Prof. Doutor Costa Ramalho, vêm desde há décadas, com uma regularidade digna do maior aplauso, enriquecendo extraordinariamente o nosso património clássico-renascentista. Nada mais acer-tado neste campo tão incompreendido, porquanto, quer queiramos quer não, somos uma nação linguisticamente românica e correm-nos nas veias as hemácias de uma idade de ouro que no presente só não valorizam em projectos e estímulo os acoco-rados no comodismo imediatista e apátrida; ou os rotundamente amnésicos, no género de certos literatos e teorizadores hiper-modernos cujas reminiscências e lembranças se confinam aos dois últimos séculos, nos quais este «jardim à beira--mar- plantado» terá surgido por geração espontânea, numa ontogenèse brusca, afilogenética.

Escreve-se às vezes que Portugal, exceptuados Camões e Fernando Pessoa, nada mais pode oferecer de válido nas letras a povos estranhos. Em resposta a

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um excesso tão retórico a exautorar autores da actualidade ou de um passado recente e a medir por igual bitola países grandes e pequenos, neste volume do Prof. Costa Ramalho recordam-se, directa ou indirectamente, alguns outros que já esquecemos e os estrangeiros estudam ou admiram, entre os quais Aires Barbosa, André de Resende, D. Jerónimo Osório, Aquiles Estaco, Damião de Góis, Amato Lusitano, D. Miguel da Silva.

Mas esta obra não quis principalmente ser uma voz timbrada de esculca por sobre as dunas reformistas atabalhoadamente acumuladas; ela é, sobretudo, uma colectânea de textos latinos de aferido quilate, escolhidos de modo a ilustrarem suficientemente o século que vai de 1481-1580. São intervenientes activos em prosa^ em verso ou em ambas as modalidades, D. Garcia de Meneses, Cataldo Parísio Sículo, Salvador Fernandes, João Rodrigues de Sá de Meneses, Martim Figueiredo, Rodrigo Sanches, Luís Nunes, D. Jerónimo Osório, Jorge Buchanan, António de Cabedo, Inácio de Morais, André de Resende, Diogo Pires, Pedro Sanches.

Para quem, por não iniciado, o elenco dos nomes disser pouco, a atenção à temática trará informes dos mais aliciantes sob diversificados pontos de vista: a política coeva em face de uma Europa ameaçada pelos turcos, ou perante a proble-mática da expansão e conquista; o círculo fervilhante de uma Corte letrada e huma-nista, desde o último quartel do século XV; o alastrar, de-pronto, desse movimento por esclarecidos membros da nobreza desde Lisboa a Évora, ao Porto, a Vila Real ; o clima de epopeia justamente assinalável antes de 1500; a perseguição e conversão dos judeus ou o seu retorno eventual ao judaísmo; um português, corrigindo em Antuérpia a parte médica de um dicionário de Nebrija; a evolução da atitude nacio-nal em relação a Erasmo ; a repercussão, nos escritos humanísticos, de conhecimentos de botânica, de medicina, de usos e costumes das terras descobertas; a cidade de Coimbra nos primórdios do Colégio das Artes; a correspondência epistolar, encur-tando distâncias e transpondo fronteiras.

Destacam-se facilmente textos e ambientes sócio-culturais de convívio do mais grado coturno: a Arcitinge, em 652 hexâmetros e anterior a 1495, como primeiro poema heróico sobre as gestas africanas, cujo autor, Cataldo Sículo, apressa o des-pontar do humanismo entre nós, entusiasmando e formando literariamente uma roda ilustre de discípulos; e o De Plátano (1527), diálogo narrativo de João Rodrigues de Sá de Meneses, onde marcam presença D. Miguel da Silva, Jorge Coelho, Juan Fernandez de Sevilha, Frei Brás de Braga, Gonçalo Vaz, Luís Teixeira Lobo e, dez anos após, D. Henrique, arcebispo de Braga, através da nova carta nuncupa-tória em consequência da morte de Luís Teixeira.

É por isso que sem dificuldade se concorda com o Prof. Costa Ramalho quando sublinha, na «Introdução»: «Esta antologia mostra, segundo creio, que Portugal se iniciou no humanismo greco-latino não mais tarde do que a Espanha e a França. E a partir da Itália, como aconteceu com esses países e com a maior parte dos res-tantes da Europa».

A versão portuguesa dos textos acusa a argúcia do Mestre consagrado, perito no domínio da expressão e da semântica: aproveitamento do pormenor formal ou do trocadilho feliz, acribia hermenêutica, sobriedade sintagmática, equilibrada actualização sintáctico-elocucional.

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Os alunos das nossas universidades encontrarão aqui, para além de proveitosa familiaridade com excerptos latinos de cuidada cepa, um óptimo instrumento de trabalho prático.

No Renascimento abundaram os De conscribendis epistolis, compêndios que ensinavam a redigir cartas com elegância e boas maneiras. Pois em Latim Renas-centista em Portugal propina-se aos estudiosos um método modelar de tradução, nem baculina como a dos «burros» de antanho, nem literal, seca e deslavada, nem de fuga parafrástica; antes exemplarmente fiel, sem perder de portuguesa no fôlego e na alma, que certa preferência lexical e de giro idiomático saudavelmente releva. Quanto às notas e observações eruditas de rodapé, elas remetem-nos para trabalhos publicados e reformuladores, na linha — e servindo-me de expressões de Karl Popper — daquela «capacidade de ver novos problemas onde antes nin-guém havia visto e de encontrar novos modos de solucioná-los», tão característica do espírito criador do Prof. Costa Ramalho. Só que, no concernente a não poucos que permanecem dispersos por revistas de especialidade e separatas, faço sinceros votos de que brevemente sejam coligidos em volumes, como aconteceu aos que compuseram o Latim Renascentista em Portugal, não porque o Autor já se encontre na idade dos Opera omnia, mas evidentemente para o melhor incentivo, proveito e exemplo à alta cultura.

Escaparam na revisão das provas uma troca de «vós» por «tu» (p. 139, 1. 37) e o salto tipográfico que omitiu, na versão portuguesa, turn propter turbulentias et penuriam temporum (pp. 98-99, 1. 4).

Isto em nada empana a imagem nem do Autor nem da obra, dos quais, aliás, dei aqui apenas um esboço, porque — e servindo-me da frase de Durer no retrato de Erasmo (1526), de quem também o Prof. Costa Ramalho é grande conhecedor — rijv HQeíxxm tà avyyqa/jifiara ôeíÇei aos leitores interessados na literatura do Renas-cimento, recuado desta feita, e com base nos textos, algumas décadas quanto aos seus controvertidos inícios em Portugal.

AMADEU TORRES

DAVIDE BIGALLI,

Immagini dei principe. Ricerche su politica e

uma-nesimo nel Portogallo e nella Spagna dei Cinquecento. Milano,

Franco Angeli, 1985, p. 288.

O título genérico desta obra, que se propõe estudar dois humanistas de mérito, o português Diogo de Teive e o castelhano António de Guevara, justifica-se pela multiplicidade e diversidade de perspectivas que uma visão global da problemática da imagem do principe no humanismo ibérico encerra.

Esclarece-nos o autor numa nota introdutória (p. 9-11) as principais moti-vações que estiveram na génese da sua obra : o imponente estudo de Augustin Redondo

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