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DTCOURO - Detecção Automática de Defeitos em Peles e Couros Bovinos

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Academic year: 2021

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DTCOURO - Detecc¸˜ao Autom´atica de Defeitos em Peles e

Couros Bovinos

Hemerson Pistori1

, Mauro Conti Pereira1 , Priscila Silva Martins1

, Manuel Antonio Chagas Jacinto2 ,

Mariana de Arag˜ao Pereira2, Pedro Paulo Pires2, Eva Maria Corrˆea Medeiros3 Jo˜ao Jos´e Neto4

1

Grupo de Pesquisa em Engenharia e Computac¸˜ao, GPEC Universidade Cat´olica Dom Bosco, UCDB,

Av. Tamandar´e, 6000, Jardim Semin´ario, Campo Grande, MS, Brasil, 79117-900 2

Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte, CNPGC Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecu´aria, EMBRAPA

BR 262 km 4, Caixa Postal 154, Campo Grande, MS, Brasil, 79002-970 3

Centro de Tecnologia do Couro, CTC/MS BR 262 km 4, Caixa Postal 154, Campo Grande, MS, Brasil, 79002-970 4

Laborat´orio de Linguagens e T´ecnicas Adaptativas, LTA Universidade de S˜ao Paulo, USP,

Av. Prof. Luciano Gualberto. Trav. 3 N. 158, S˜ao Paulo, SP, MS, Brasil, 05508-90

1

Abstract. A classificac¸˜ao, com base na inspec¸˜ao visual e detecc¸˜ao de

proble-mas como marcas de fogo, riscos e placas de berne, entre outros, ´e uma fase importante no processamento do couro bovino. A automatizac¸˜ao desse pro-cesso, utilizando t´ecnicas de processamento digital de imagens, pode torn´a-lo mais preciso, menos subjetivo, menos sujeito a falhas e mais uniforme. Este pro-jeto tem como objetivo a construc¸˜ao de um detector de imperfeic¸˜oes no couro utilizando t´ecnicas de vis˜ao computacional baseadas em an´alise de textura.

1. Introduc¸˜ao

Apesar de possuir o maior rebanho bovino do planeta, o Brasil ainda n˜ao conseguiu as-sumir um papel de destaque na ind ´ustria de couros. A maior parte de couro produzido no pa´ıs ´e de baixa qualidade, sendo comercializados geralmente, nos est´agios iniciais de pro-cessamento, com baixo valor agregado. A baixa qualidade do couro resulta, em grande parte, de problemas que poderiam ser facilmente solucionados, como o uso de ferr˜ao, cercas de arame farpado, marcac¸ ˜ao a ferro quente em local impr ´oprio, entre outros. A quase inexistˆencia de sistemas de remunerac¸˜ao que valorizem a qualidade do couro, ´e ge-ralmente citado como o principal inibidor de investimentos no aumento da qualidade do couro bovino.

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Para viabilizar a implantac¸˜ao de sistemas de remunerac¸˜ao diferenciada na comercializac¸˜ao de couro bovino, ´e preciso resolver alguns problemas operacionais im-portantes, como a detecc¸˜ao de defeitos e a classificac¸˜ao, em diferentes est´agios da cadeia produtiva. Nesse contexto, prop ˜oe-se o projeto DTCOURO, que tem como principal ob-jetivo a criac¸˜ao de equipamentos para automatizar o processo de classificac¸˜ao do couro bovino, utilizando imagens digitais e t´ecnicas de vis˜ao computacional, inteligˆencia artifi-cial e engenharia de software. A utilizac¸˜ao desse tipo de equipamento tornaria o processo de classificac¸˜ao menos sujeito `a subjetividade da avaliac¸˜ao humana, al´em de facilitar a sua replicac¸˜ao. O desenvolvimento desse equipamento, in´edito no mercado manual, exige, no entanto, a realizac¸˜ao de avanc¸os cient´ıficos e tecnol´ogicos no estado da arte em vis˜ao computacional.

O projeto DTCOURO j´a comec¸ou a desenvolver, em parceria com a EMBRAPA e com a USP, uma base de imagens de couro, em diferentes est´agios, que dever´a alimentar um sistema de aprendizagem estat´ıstica para produc¸˜ao de modelos de classificadores de defeitos. Diversas t´ecnicas de aprendizagem, incluindo m´aquinas de vetores de suporte, ´arvores de modelos, ´arvores adaptativas e redes neurais artificiais, dever ˜ao ser aprimo-radas, implementadas e testadas para o problema em quest˜ao. Tamb´em ser˜ao estudadas e implementadas novas t´ecnicas para selec¸˜ao e extrac¸˜ao de atributos, um problema es-pecialmente complexo no caso do couro bovino, principalmente antes do curtimento. A t´ecnicas no estado da arte da vis˜ao computacional, para an´alise de textura, incluindo fil-tros baseados em wavelets e mapas de interac¸˜ao, tamb´em est˜ao no escopo do projeto, que est´a sendo desenvolvido pelo GPEC (Grupo de Pesquisa em Engenharia e Computac¸˜ao -www.gpec.ucdb.br).

O GPEC, liderado pelo Dr. Hemerson Pistori, e que conta hoje com 17 pesquisa-dores e 30 acadˆemicos, j´a vˆem desenvolvendo v´arias pesquisas em vis˜ao computacional e consolidando-se como um dos principais grupos nacionais nessa ´area. Com trabalhos reconhecidos nacionalmente, que incluem trˆes prˆemios e a publicac¸˜ao de diversos ar-tigos, o GPEC j´a possui 12 parceiros e recebe apoio financeiro da FINEP, FUNDECT e CNPQ (em forma de bolsas de iniciac¸˜ao cient´ıfica). Al´em do projeto DTCOURO (www.gpec.ucdb.br/dtcouro), o prof. Hemerson Pistori coordena outros dois projetos: o TOPOLINO (www.gpec.ucdb.br/topolino), Sistema de Apoio `a An´alise Autom´atica de Comportamento Animal em Laborat ´orio, e o SIGUS (www.gpec.ucdb.br/sigus), Plata-forma de Apoio ao Desenvolvimento de Sistemas para Inclus˜ao Digital de Pessoas com Necessidades Especiais.

2. Antecedentes e Justificativa

A baixa qualidade do couro bovino dispon´ıvel no mercado interno tem limitado de-sempenhos mais expressivos do setor coureiro, impossibilitando o pa´ıs de agregar va-lor ao produto dentro de suas fronteiras e de usufruir as oportunidades possibilitadas pela comercializac¸˜ao do couro acabado, de melhor cotac¸˜ao no mercado [SEBRAI 2001]. Estima-se que nos Estados Unidos 85% do couro produzido seja de primeira qualidade, ao passo que no Brasil, esse percentual ´e de apenas 8,5% [Gomes 2000]. Estudos recen-tes indicaram que 60% dos defeitos nos couros s˜ao ocasionados na fase produtiva, quando os bovinos s˜ao expostos aos ectoparasitas e ao manejo inadequado (uso de ferr˜ao, cerca de arame farpado, marcac¸˜ao a ferro quente em local impr ´oprio, entre outros). Os demais defeitos ocorrem durante o transporte dos animais ao frigor´ıfico, a esfola e a conservac¸˜ao

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do couro na fase pr´e-processamento [Cardoso et al. 2001, Gomes 2002].

Acredita-se que o Brasil deixe de ganhar US$ 1 bilh˜ao/ano em func¸˜ao da baixa qualidade do couro ou do insuficiente processamento, o que prejudica a fabricac¸˜ao de produtos de maior valor agregado, como calc¸ados, m ´oveis, vestu´ario, entre ou-tros [Pereira et al. 2005]. O principal fator limitante `a melhoria da qualidade do couro ´e a inexistˆencia de sistemas de remunerac¸˜ao diferencial pela qualidade da mat´eria-prima, poss´ıveis de serem estabelecidos a partir de programas de classificac¸˜ao de couros e pe-les. Atualmente, o couro ainda ´e remunerado atrav´es do sistema “bica corrida”, isto ´e, em m´edia, o pecuarista recebe pelo couro cerca de 7 a 8% do valor da arroba do boi gordo, independente de sua qualidade, o que representa menos de 50% do valor pago aos produtores americanos e europeus [Gomes 2002].

Recentemente, a publicac¸˜ao da Instruc¸˜ao Normativa No¯ 12, em 18 de dezembro de 2002, pelo Minist´erio da Agricultura, Pecu´aria e Abastecimento (MAPA), estabeleceu os crit´erios de classificac¸˜ao de couro bovino conforme os defeitos presentes na pele do ani-mal. A subjetividade da an´alise, feita a olho desarmado, por´em, pode vir a comprometer a adoc¸˜ao do sistema.

A pesquisa, nesse contexto, coloca-se como o instrumento necess´ario para pro-mover o desenvolvimento socioecon ˆomico e tecnol´ogico da cadeia produtiva de couros e derivados. O esforc¸o conjunto dos demais elos representa uma condic¸˜ao essencial e complementar, cujo intuito repousa na reestruturac¸ ˜ao da cadeia produtiva, alavancando o desenvolvimento do setor coureiro de forma a torn ´a-lo mais competitivo e reafirm´a-lo como um grande potencial gerador de divisas e emprego. Um dos pr´e-requisitos `a concretizac¸˜ao desse cen´ario, ´e, obrigatoriamente, o incremento da qualidade do couro bo-vino, cuja viabilidade permanece atrelada `a implantac¸˜ao de um sistema de remunerac¸˜ao diferencial.

Adicionalmente, as atividades de transferˆencia e difus˜ao de tecnologia visam, so-bretudo, a qualificac¸˜ao de t´ecnicos na ´area de classificac¸˜ao de couro bovino, assim como a atualizac¸˜ao de profissionais das ciˆencias agr´arias e produtores rurais sobre boas pr ´aticas de produc¸˜ao de couro de qualidade.

3. Objetivos

3.1. Geral

Desenvolvimento de um sistema autom´atico de extrac¸˜ao de parˆametros num´ericos, a partir de imagens digitais, para tornar mais eficiente e preciso o processo de classificac¸˜ao de peles e couros bovinos.

3.2. Espec´ıficos

1. Determinar um conjunto gen´erico de parˆametros e m´etricas que poder˜ao ser utili-zados por diferentes sistemas de classificac¸˜ao de qualidade do couro bovino. 2. Construir um banco de imagens digitais, manualmente classificadas, abrangente

e representativo, para treinamento e teste de sistemas autom´aticos de detecc¸˜ao de defeitos em couro bovino.

3. Desenvolver um m ´odulo de pr´e-processamento digital de imagens para melhorar o desempenho de sistemas autom´aticos de detecc¸˜ao de defeitos

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4. Implementar um m ´odulo de extrac¸˜ao de atributos para alimentac¸˜ao de sistemas de aprendizagem autom´atica.

5. Adaptar ambientes de aprendizagem autom´atica, e vis˜ao computacional, existen-tes, para realizac¸˜ao de experimentos com imagens do couro bovino.

6. Implementar um sistema para extrair de um conjunto de imagens de uma pec¸a de couro bovino os parˆametros requisitados pelo classificador.

7. Desenvolver sistema para aplicac¸˜ao e especificac¸˜ao, por parte de um usu´ario es-pecializado, de um conjunto de regras para classificac¸˜ao do couro bovino.

8. Analisar o desempenho e a viabilidade do sistema proposto em trˆes diferentes situac¸˜oes: no produtor, no frigor´ıfico e no cortume.

9. Integrar o sistema DTCOURO ao Programa Embrapa de Carne, Couro e Pele de Qualidade (PECCPQ).

10. Capacitar recursos humanos na ´area em estudo.

4. Revis˜ao de Literatura

O setor de couros e derivados enconse entre os segmentos nos quais o Brasil tra-dicionalmente apresenta fortes indicadores de competitividade [Batalha and Silva 2000]. Comparando-se o desempenho exportador da cadeia produtiva de couro e calc¸ados em 2001, cuja cifra atingiu os US$ 3,2 bilh ˜oes, com o ano anterior, houve crescimento de 5,52%, ao passo que as importac¸ ˜oes decresceram 0,93% e alcanc¸aram os US$ 959 milh˜oes. Com efeito, o saldo comercial cresceu a uma taxa anual m´edia de 8,54%, atin-gindo US$ 2,2 bilh˜oes [Brasil - MDIC 2002].

O principal problema enfrentado pelo setor coureiro ´e a melhoria da qualidade do produto final, cujo n´ıvel depende da melhoria da qualidade da mat´eria-prima, a pele. O sistema de produc¸˜ao animal, tipicamente extensivo e de longo prazo, exp ˜oe os bovinos por mais tempo aos elementos causadores de defeitos no couro, como os parasitas, as cercas de arame farpado, os ferr ˜oes, entre outros. Soma-se a isso, a pr´atica de marcac¸˜ao a ferro quente fora dos locais recomendados, cujas inj ´urias inutilizam a parte nobre do couro. De acordo com alguns levantamentos realizados, cerca de 60% dos defeitos no couro s˜ao provenientes do manejo dos animais na propriedade rural [Batalha and Silva 2000].

A falta de preocupac¸˜ao dos pecuaristas em resolver esses problemas ´e justificada em func¸˜ao da inexistˆencia de uma pol´ıtica expl´ıcita de remunerac¸˜ao diferenciada por qua-lidade de couro, visto que os cuidados necess´arios para garantir menor incid ˆencia de defeitos incorrem, necessariamente, em custos adicionais. Segundo [Gomes 2000], atual-mente, o valor do couro na composic¸˜ao do prec¸o final do boi corresponde de 7,0% a 7,5% da arroba, independentemente de sua qualidade. Esse montante representa cerca de 50% do valor recebido por produtores americanos e europeus [Gomes 2002].

Ao longo da cadeia de produc¸˜ao ocorrem os outros 40% de defeitos restantes, decorrentes de pontas de pregos e parafusos e de lascas de madeira presentes na carroceria dos caminh˜oes, do uso de ferr ˜oes no manejo do gado, ou ainda da esfola e salga mal conduzidas [Batalha and Silva 2000].

Alguns esforc¸os tˆem sido conduzidos no sentido de superar esses obst´aculos e ala-vancar o processo de melhoria da qualidade do couro, a exemplo do Programa Brasileiro de Melhoria do Couro Cru, desenvolvido pelo CICB, com enfoque voltado para a quest˜ao da capacitac¸˜ao de pessoal [Brasil - MDIC 2002] ou ainda do Programa de Classificac¸˜ao da

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Qualidade do Couro, implantado pelo Grupo Independˆencia em seus frigor´ıficos e curtu-mes com o intuito de bonificar os pecuaristas que entregam animais com couro de melhor qualidade 1. Apesar de representarem importantes avanc¸os para o setor, constituem-se ac¸˜oes isoladas e de pouco impacto nacional.

O governo brasileiro, por meio do Minist ´erio do Desenvolvimento, Ind´ustria e Com´ercio Exterior - MDIC, demandava soluc¸ ˜oes tecnol´ogicas definitivas para a pro-blem´atica da qualidade do couro produzido, fato que reforc¸ou as ac¸˜oes propostas no ˆambito do F´orum de Competitividade da Cadeia de Couro e Calc¸ados, em especial a pro-posta de “criar um sistema de classificac¸˜ao de couro verde oficial e harmonizado em base de defeitos” [Azevedo 2001]. Em resposta a essa demanda, o Minist´erio da Agricultura, Pecu´aria e Abastecimento - MAPA, no uso de suas atribuic¸ ˜oes, estabeleceu, por meio da Instruc¸˜ao Normativa n ´umero 12, de 18 de dezembro de 2002, os crit´erios de classificac¸˜ao do couro bovino, visando sua valorizac¸˜ao comercial [Brasil - MDIC 2002]. Seu escopo determina que a classificac¸˜ao do couro se dˆe em trˆes n´ıveis, diferenciados conforme a presenc¸a de defeitos e caracterizados como “A”, “B” e “C”.

Nesse contexto, a Embrapa Gado de Corte, por meio de seu corpo t ´ecnico, prop ˆos a elaborac¸˜ao de um projeto de pesquisa que visasse analisar a exequibilidade t´ecnica e operacional do sistema preconizado pelo MAPA, o que vem sendo desenvolvido desde sua aprovac¸˜ao em outubro de 2003. Apesar de estar em andamento, observac¸ ˜oes preliminares j´a sugerem grandes restric¸ ˜oes quanto ao sistema visual de avaliac¸˜ao de defeitos, tornando-o subjetivtornando-o e questitornando-on´avel.

Nesse sentido, faz-se necess´ario um esforc¸o conjunto de instituic¸ ˜oes de pesquisa que, de forma pioneira, busquem eliminar a subjetividade dos sistemas de classificac¸˜ao de couro, em vigor atualmente, por meio do uso de t´ecnicas avanc¸adas de processamento digital de imagens e vis˜ao computacional, que permitam identificar parˆametros represen-tativos dos defeitos presentes no couro bovino.

T´ecnicas de vis˜ao computacional para inspec¸˜ao autom´atica de produtos indus-triais vˆem sendo exploradas a mais de 30 anos, mas sua popularizac¸˜ao e utilizac¸˜ao em empresas de pequeno e m´edio porte iniciou recentemente, com a reduc¸˜ao nos custos para aquisic¸˜ao de sistemas digitais de captura de imagens, como filmadoras e webcams. Di-versos m´etodos tˆem sido testados com sucesso para soluc¸˜ao de problemas de detecc¸˜ao de defeitos em tecido [Chetverikov 2000, Perez et al. 2004], madeira [Ruz et al. 2005] e papel [], entre outros.

A detecc¸˜ao de defeitos em couros tamb´em vem sendo estudada intensamente. Lo-vergine et al [LoLo-vergine et al. 1997] propuseram um m ´etodo para an´alise da orientac¸˜ao da textura do couro utilizando morfologia matem´atica. Extrac¸˜ao de atributos a partir de matrizes do co-ocorrˆencia acoplada a um classificador baseado em l ´ogica difusa (fuzzy logic) foram explorados recentemente por Krastev et al [Krastev et al. 2004]. No traba-lho de Krastev foram investigados quatro atributos calculados a partir das matrizes de co-ocorrˆencia: energia, entropia, contraste e homogeneidade.

Georgieva et al [Georgieva et al. 2003] utilizam m´etodos de an´alise estat´ıstica baseados em distribuic¸˜ao chi-quadrada para detectar imperfeic¸ ˜oes em couro no est´agio wet-blue. A detecc¸˜ao de defeitos em couro wet-blue tamb´em foi

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rada [Yeh and Perng 2001], que definem 7 tipos b´asicos de defeitos com base em formatos e ´areas. Filtros de Gabor tamb´em est˜ao sendo analisados como alternativa para extrac¸˜ao de atributos na inspec¸˜ao autom´atica do couro bovino [Tafuri et al. 1996].

O problema da inspec¸˜ao do couro atrav´es de vis˜ao computacional insere-se em uma ´area conhecida como an´alise de textura. Inicialmente, os trabalhos em an´alise de textura concentravam-se em imagens em tons de cinza, principalmente porque os re-cursos computacionais n˜ao permitiam a utilizac¸˜ao de informac¸ ˜oes relacionadas a cor. Recentemente, no entanto, a utilizac¸˜ao de imagens coloridas tem recebido especial atenc¸˜ao [Singh and Singh 2002]. Medidas de similaridade para informac¸ ˜oes sobre cor e textura, muito importantes em t´ecnicas que buscam identificar regi ˜oes defeituosas com base em amostras de couro sem e com defeitos, foram avaliadas empiricamente em [Puzicha and Bhumann 1999]. [Zoller et al. 2002] tamb´em apresentam uma experi-encia interessante de combinac¸˜ao de informac¸ ˜oes relacionadas com cor e textura para segmentac¸˜ao de imagens complexas.

5. Metodologia

A metodologia b´asica de desenvolvimento do sistema de detecc¸˜ao autom´atica de defeitos no couro (DTCOURO) ´e a de projeto e programac¸˜ao orientada a objetos. O reaproveita-mento de c´odigos livres tamb´em ´e uma outra caracter´ıstica central da metodologia. Trˆes pacotes livres, com fontes em linguagem Java, ser˜ao intensivamente utilizados: o ImageJ, para processamento digital de sinais, o WEKA, para aprendizagem de m´aquina, e o SI-GUS, para implementac¸˜ao de sistemas de vis˜ao computacional2. A linguagem Java foi

escolhida por ser altamente port´avel e por possuir boas ferramentas autom ´aticas, livres e gratuitas, que facilitam a gerac¸˜ao de documentac¸˜ao de programas-fonte.

Definiu-se como regi˜ao de estudo a cidade de Campo Grande (MS) e circunvizinhanc¸as, onde ser˜ao selecionados os produtores, frigor´ıficos e curtumes que participar˜ao da pesquisa. Tais empresas recebem animais de importantes p´olos pecu´arios do Estado, contemplando rebanhos com diferentes caracter´ısticas (idade ao abate, pro-cedˆencia, sistema de criac¸˜ao etc.).

Definimos abaixo as etapas metodol´ogicas relacionadas com cada um dos obje-tivos espec´ıficos apresentados na sec¸˜ao 3.2.. As siglas HP, MC, PM, MJ, MA, PP en-tre colchetes, referem-se aos pesquisadores Hemerson Pistori [HP], Mauro Conti Pereira [MC], Priscila Martins [PM], Manuel Jacinto [MJ], Mariana de Arag˜ao [MA] e Pedro Paulo Pires [PP], e est˜ao sendo utilizadas para indicar os respons´aveis pela tarefa.

1. Determinar um conjunto gen´erico de parˆametros e m´etricas que poder˜ao ser utili-zados por diferentes sistemas de classificac¸˜ao de qualidade do couro bovino.

(a) Entrevistas com especialistas e revis˜ao de literatura para identificac¸˜ao de todos os sistemas de classificac¸˜ao de couro utilizados atualmente. [MJ] (b) Identificac¸˜ao, com base nos sistemas de classificac¸˜ao levantados, de todos

os parˆametros utilizados. [MA]

(c) Determinac¸˜ao dos tipos de medidas envolvidas na obtenc¸˜ao de parˆametros relacionados com defeito em couro. Exemplos de tipos de medidas

in-2O pacote SIGUS est´a sendo desenvolvido pelos pesquisadores do grupo de pesquisa em engenharia e computac¸˜ao da UCDB, o GPEC

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cluem ´areas, comprimentos, quantidades, formas, localizac¸˜ao e distˆancia. [MA]

(d) Classificac¸˜ao dos parˆametros quanto ao tipo de medida envolvida em sua obtenc¸˜ao. [MJ]

(e) Identificac¸˜ao dos parˆametros mais suscet´ıveis a medic¸˜oes autom´aticas baseadas em t´ecnicas j´a dispon´ıveis de vis˜ao computacional, e dos parˆametros para os quais novas t´ecnicas de vis˜ao computacional precisar˜ao ser desenvolvidas. [HP,MC]

2. Construir um banco de imagens digitais, manualmente classificadas, abrangente e representativo, para treinamento e teste de sistemas autom´aticos de detecc¸˜ao de defeitos em pele e couro bovino.

(a) Identificac¸˜ao da possibilidade de reaproveitamento de imagens dispon´ıveis para as finalidades deste projeto. [HP]

(b) Definic¸˜ao do tipo de equipamento e das condic¸˜oes em que novas imagens dever˜ao ser registradas. [MC,HP]

(c) Definic¸˜ao das situac¸˜oes exatas em que as imagens dever˜ao ser obtidas, inclu´ındo, no m´ınimo, registros de imagens no produtor, no frigor´ıfico, no cortume e em laborat ´orio. [MC,MA]

(d) Determinac¸˜ao e preparac¸˜ao dos locais em que as imagens ser˜ao coletadas. [MC,MA]

(e) Obtenc¸˜ao das imagens em campo. [PM,MA] (f) Obtenc¸˜ao das imagens em laborat ´orio. [PM,MA] (g) Filtragem das imagens obtidas. [PM,MA]

(h) Implementac¸˜ao ou especificac¸˜ao de um software que permita que regi ˜oes de uma imagem que apresentem caracter´ısticas importantes para o sistema de detecc¸˜ao de defeitos sejam manualmente marcadas e rotuladas. [HP] (i) Marcac¸˜ao e rotulac¸˜ao das imagens do banco digital, incluindo, nos casos

poss´ıveis, a sobreposic¸˜ao de imagens de um mesmo defeito, no mesmo bovino, em diferentes est´agios (produtor, frigor´ıfico e curtume). [HP,MA] 3. Desenvolver um m ´odulo de pr´e-processamento digital de imagens para melhorar

o desempenho de sistemas autom´aticos de detecc¸˜ao de defeitos

(a) Identificac¸˜ao dos filtros de processamento digital de imagens, como por exemplo, filtros de eliminac¸˜ao de ru´ıdo e melhoria de contraste, que ser˜ao utilizados para pr´e-processar as imagens que alimentar˜ao o DTCOURO. [HP]

(b) Projeto e implementac¸˜ao dos filtros. [HP]

(c) Teste de desempenho e eficiˆencia dos filtros em imagens reais de couro bovino. [HP]

(d) Ajustes na implementac¸˜ao dos filtros com base nos resultados dos testes. [HP]

(e) Integrac¸˜ao dos filtros com o sistema DTCOURO. [HP] (f) Produc¸˜ao de documentac¸˜ao para o m ´odulo. [HP,MA]

4. Implementar um m ´odulo de extrac¸˜ao de atributos para alimentac¸˜ao de sistemas de aprendizagem autom´atica.

(a) Identificac¸˜ao de algoritmos de extrac¸˜ao de atributos que ser˜ao utilizados no DTCOURO. [PM,HP]

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(b) Produc¸˜ao de novos algoritmos para complementar os existentes e adapta-los ao problema espec´ıfico. [PM,,HP]

(c) Projeto e implementac¸˜ao dos algoritmos de extrac¸˜ao de atributos. [PM,HP]

(d) Teste de desempenho e eficiˆencia dos algoritmos utilizando o banco de imagens digital. [PM]

(e) Ajustes na implementac¸˜ao dos algoritmos de extrac¸˜ao de atributos com base nos resultados dos testes. [PM]

(f) Integrac¸˜ao do m´odulo de extrac¸˜ao de atributos com o sistema DTCOURO. [PM]

(g) Produc¸˜ao de documentac¸˜ao para o m ´odulo. [PM,MJ]

5. Adaptar ambientes de aprendizagem autom´atica, e vis˜ao computacional, existen-tes, para realizac¸˜ao de experimentos com imagens do couro bovino.

(a) An´alise dos m´odulos dos programas livres ImageJ, JMF, Weka e SIGUS que ser˜ao reutilizados no projeto DTCOURO. [HP]

(b) Modificac¸˜ao e integrac¸˜ao dos programas livres ImageJ, JMF, Weka e SI-GUS para permitir sua utilizac¸˜ao no projeto DTCOURO. [HP]

(c) Realizac¸˜ao de experimentos com os m ´odulos integrados. [HP] (d) Implementac¸˜ao de recursos indispon´ıveis nos pacotes atuais. [HP]

6. Implementar um sistema para extrair de um conjunto de imagens de uma pec¸a de couro bovino os parˆametros requisitados pelo classificador.

(a) Definic¸˜ao do conjunto de parˆametros que ser˜ao extra´ıdos automaticamente das imagens. [MA,MJ]

(b) Adaptac¸˜ao de algoritmos existentes para extrac¸˜ao de alguns destes parˆametros. [HP,PM,MC]

(c) Produc¸˜ao e implementac¸˜ao de novos algoritmos para os parˆametros res-tantes. [MC,PM]

(d) Projeto e implementac¸˜ao da interface de apresentac¸˜ao dos parˆametros ob-tidos a partir de uma imagem. [MC,PM]

(e) Teste dos algoritmos implementados. [MC,MJ]

(f) Ajustes na implementac¸˜ao dos algoritmos com base nos resultados dos testes. [MC,PM]

(g) Integrac¸˜ao do m´odulo de extrac¸˜ao de atributos com o DTCOURO. [PM] (h) Produc¸˜ao de documentac¸˜ao para o m ´odulo. [PM,MJ]

7. Desenvolver sistema para aplicac¸˜ao e especificac¸˜ao, por parte de um usu´ario es-pecializado, de um conjunto de regras para classificac¸˜ao do couro bovino.

(a) Definic¸˜ao do modelo para representac¸˜ao de regras de classificac¸˜ao do couro. Entre as alternativas que ser˜ao estudadas est˜ao os conjuntos de regras se-ent˜ao e as redes bayesianas. [PM,MA]

(b) Implementac¸˜ao de uma interface gr´afica para facilitar a utilizac¸˜ao do m´odulo por um usu´ario n˜ao especialista em computac¸˜ao. [PM]

(c) Integrac¸˜ao do m´odulo com o sistema DTCOURO.[PM] (d) Produc¸˜ao de documentac¸˜ao para o m ´odulo.[PM,MJ]

(e) Produc¸˜ao de um manual de utilizac¸˜ao do sistema. [PM,MA]

8. Analisar o desempenho e a viabilidade do sistema proposto em trˆes diferentes situac¸˜oes: no produtor, no frigor´ıfico e no cortume.

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(a) Implementac¸˜ao ou especificac¸˜ao de ferramentas de apoio a an´alise es-tat´ıstica no dom´ınio do problema. [MC,MJ]

(b) Determinac¸˜ao e preparac¸˜ao dos locais em que o sistema ser´a testado. [MC] (c) Coleta de dados para an´alise estat´ıstica. [MA]

(d) An´alise estat´ıstica do desempenho do sistema em diferentes situac¸ ˜oes. [MC]

(e) Preparac¸˜ao e aplicac¸˜ao de formul´arios para obtenc¸˜ao do parecer de usu´arios finais sobre o sistema.[MC]

(f) An´alise dos formul´arios. [MA]

(g) Implementac¸˜ao de melhorias no sistema com base nos testes e entrevistas. [HP,MC]

(h) Preparac¸˜ao de documento apresentando os resultados dos testes e relatando as melhores formas de utilizac¸˜ao do sistema (tipos de defeito que o sistema detecta melhor, tipos de iluminac¸˜ao e configurac¸ ˜oes de equipamento, etc). [MC]

9. Integrar o sistema DTCOURO ao Programa Embrapa de Carne, Couro e Pele de Qualidade (PECCPQ).

(a) Estudo dos m´odulos do DTCOURO e do PECCPQ para detectar pontos de integrac¸˜ao. [PP,HP]

(b) Projeto da interface de comunicac¸˜ao entre o sistema DTCOURO e os sis-temas do PECCPG. [HP,PP]

(c) Implementac¸˜ao das interface de comunicac¸˜ao.[HP]

(d) Preparac¸˜ao da dados para testes do sistema integrado. [HP,PP] (e) Testes com sistema integrado. [HP,PP]

(f) Elaborac¸˜ao de relat ´orio com resultados de testes. [HP] 10. Capacitar recursos humanos na ´area em estudo.

(a) Criac¸˜ao de um website para facilitar o acesso de estudantes, pesquisadores e profissionais interessados na ´area de estudo e nos resultados do projeto. [HP]

(b) Manutenc¸˜ao do website do projeto. [HP]

(c) Elaborac¸˜ao de material jornal´ıstico para divulgac¸˜ao do DTCOURO. [PM,MA,MJ]

(d) Elaborac¸˜ao de artigos t´ecnicos/cient´ıficos com resultados intermedi´arios. [HP,MA]

(e) Elaborac¸˜ao de artigos t´ecnicos/cient´ıficos com resultados finais. [HP,MJ] (f) Elaborac¸˜ao de material did´atico para cursos na ´area do projeto. [HP]

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6. Cronograma

Ano I Ano II Etapa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 1.a X 1.b X X 1.c X 1.d X 1.e X X 2.a X 2.b X X 2.c X 2.d X X X X 2.e X X 2.f X X 2.g X X X 2.h X X X 2.i X X X X 3.a X X 3.b X X X X X 3.c X X X 3.d X X X 3.e X X 3.f X X 4.a X X 4.b X X X X X 4.c X X X X X 4.d X X X 4.e X X 4.f X X 4.g X X 5.a X X 5.b X X X 5.c X X X 5.d X X 6.a X X 6.b X X X 6.c X X X X 6.d X X X X X 6.e X X X 6.f X X 6.g X X 6.h X X 7.a X 7.b X X X X 7.c X X 7.d X X 7.e X X X 8.a X X X X 8.b X X 8.c X X 8.d X X

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8.e X X 8.f X 8.g X 8.h X X 9.a X X 9.b X X 9.c X X X 9.d X X 9.e X X X 9.e X X 10.a X X 10.b X X X X X X X X X X X 10.c X X X 10.d X X 10.e X X 10.f X X X X

7. Resultados Esperados

Espera-se como resultado da pesquisa o estabelecimento de um sistema objetivo de an´alise de defeitos no couro bovino, o que, posteriormente servir ´a de base para a consolidac¸˜ao de um Sistema de Classificac¸˜ao de Couro Bovino, permitindo aos governos Federal e Es-taduais estabelecer pol´ıticas p´ublicas que viabilizem o investimento em qualidade e em processamento da mat´eria-prima, garantindo ao setor coureiro-calc¸adista maior competi-tividade.

Esse sistema poder´a ser utilizado tamb´em na caracterizac¸˜ao quali-quantitativa das les˜oes dos animais antes do abate, que, aliado ao sistema de rastreamento, pode fornecer dados mais confi´aveis ao MAPA sobre o manejo sanit´ario dispensado aos rebanhos pelos empres´arios rurais.

Considerando-se verdadeira a hip ´otese de que a classificac¸˜ao do couro e a remunerac¸˜ao diferencial por qualidade induzem os produtores a investir no manejo animal de modo a preservar a integridade da pele, tem-se que o benef´ıcio potencial do sistema deve proporcionar incremento na participac¸ ˜ao relativa de peles de qualidade superior no total produzido.

8. Impactos

8.1. Tecnol´ogico

Apesar de existirem outros sistemas (como o visual, por exemplo), n˜ao s˜ao conhecidos aparatos ´oticos ou t´ermicos destinados ao reconhecimento, por meio de imagens, de ir-regularidades no couro que subsidiem a classificac¸˜ao desse material. Portanto, o sistema pode eliminar o gargalo existente nos diferentes n´ıveis do setor produtivo e conseq ¨uente-mente da comercializac¸˜ao.

Al´em disso, o presente projeto poder´a inserir o Mato Grosso do Sul entre os prin-cipais produtores de tecnologias, baseadas em vis˜ao computacional, voltadas `a automac¸˜ao

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no agroneg ´ocio. Cada m´odulo do sistema, como os filtros de pr´e-processamento de ima-gens, os analisadores de textura, a interface para especificac¸˜ao de classificadores e o banco de imagens rotuladas, poder´a ser utilizado de forma independente, no desenvolvimento de novos projetos de automac¸˜ao. Com a constante diminuic¸˜ao nos custos dos equipamentos de captura de imagens digitais de alta qualidade, e com o aumento na capacidade de pro-cessamento e armazenamento de computadores pessoais, o dom´ınio das tecnologias para implementac¸˜ao de sistemas de vis˜ao computacional poder´a permitir a explorac¸˜ao de uma grande variedade de nichos mercadol ´ogicos.

8.2. Cient´ıfico

A base de treinamento com amostras reais de defeitos de couro bovino, em diferentes est´agios de seu processamento, ser´a a primeira deste gˆenero e com este porte. Algumas t´ecnicas de extrac¸˜ao e selec¸˜ao de atributos e an´alise de textura, baseadas em aprendizagem de m´aquina, ser˜ao pela primeira vez experimentadas neste dom´ınio. Diversos estudos comparativos ser˜ao produzidos e alimentar˜ao o desenvolvimento de aprimoramentos nas t´ecnicas atuais.

Al´em das pesquisas possibilitarem avanc¸os constantes na ´area, em func¸˜ao do vo-lume e da qualidade das informac¸ ˜oes, podem promover a reduc¸˜ao gradativa dos custos dos componentes do sistema decorrente do desenvolvimento cient´ıfico. Al´em disso, os algoritmos desenvolvidos para o problema espec´ıfico da pele e couro bovino auxiliar˜ao na construc¸˜ao de outros tipos de sistemas de detecc¸˜ao de defeito, como por exemplo, em peles e couros de ovinos, caprinos e bubalinos. Outro benef´ıcio esperado ´e o aumento do estoque de conhecimento nas ´areas de qualidade de couro, processamento industrial de peles, relac¸ ˜oes mercadol ´ogicas e computac¸˜ao/automac¸˜ao aplicada ao agroneg ´ocio. 8.3. Econˆomico

A identificac¸˜ao quali-quantitativa dos defeitos das peles e couros nos diferentes elos da cadeia produtiva (pecuaristas, frigor´ıficos e curtumes) ´e o ponto de partida para a implantac¸˜ao de um programa de remunerac¸ ˜ao ao produtor pela qualidade do couro. Acredita-se que, uma vez implantado o sistema de premiac¸˜ao, o pecuarista sentir-se-´a motivado a adotar medidas preventivas de controle de ectoparasitos, t´ecnicas recomenda-das de marcac¸˜ao entre outras (boas pr´aticas de produc¸˜ao), o que, certamente implicar´a em melhoria na qualidade tanto do couro quanto da carne.

Defeitos decorrentes do uso de caminh ˜oes boiadeiros fora das especificac¸ ˜oes e da esfola mal feita tamb´em poder˜ao ser identificados pelo sistema e fornecer˜ao dados para o aperfeic¸oamento dos programas de melhoria voltados para os setores de transporte e de frigor´ıficos.

A melhoria na qualidade das peles resulta em um efeito multiplicador consi-der´avel, pois, al´em dos benef´ıcios j´a citados, peles de alta qualidade necessitam de menor quantidade de insumos qu´ımicos e m˜ao-de-obra para produzir um couro de boa qualidade, reduzindo, conseq ¨uentemente, o custo de produc¸˜ao e tornando o produto mais competi-tivo no mercado internacional. Sendo o prec¸o e a qualidade fortes diferenciais de mer-cado, ac¸˜oes destinadas a agregar valor considerando esses atributos s˜ao priorit´arias nas estrat´egias comerciais do pa´ıs.

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8.4. Social

A maior exigˆencia pela produc¸˜ao e controle de qualidade na cadeia do couro poder´a abrir novas vagas no mercado de trabalho, principalmente para a m ˜ao de obra especializada e semi-especializada, respons´avel pela implantac¸˜ao e operac¸˜ao dos sistemas autom´aticos e semi-autom´aticos de classificac¸˜ao de peles e couros bovinos. O fortalecimento de gru-pos de pesquisa nas ´area de vis˜ao computacional e aprendizagem de m´aquina, aplicadas ao agroneg ´ocio, ter´a tamb´em um impacto importante na capacitac¸˜ao de novos t´ecnicos, especialistas e pesquisadores.

8.5. Ambiental

O projeto tem o potencial de induzir, indiretamente, um maior cuidado com animal vivo, reduzindo a incidˆencia de ferimentos causados por ectoparasitos, arame farpado, lascas e pregos, entre outros. Al´em disso, embora o incremento na qualidade de couro brasileiro n˜ao tenha grande impacto sobre a reduc¸˜ao de efluentes durante o curtimento, essa reduc¸˜ao pode ocorrer, com menor impacto, nas fases de acabamento.

9. Estrat´egias de Difus˜ao dos Conhecimentos Gerados

1. Os resultados deste projeto ser˜ao disponibilizados atrav´es de um enderec¸o na In-ternet.

2. Tamb´em ser´a criada uma lista de discuss˜ao espec´ıfica para o sistema DTCOURO, incluindo os desenvolvedores do software, que poder˜ao, atrav´es da Internet, escla-recer d ´uvidas e trocar informac¸ ˜oes.

3. Os resultados ser˜ao divulgados por meio de trabalhos cient´ıficos, apresentac¸˜ao de resumos em congressos, al´em de palestras t´ecnicas, dias-de-campo, publicac¸˜oes em m´ıdia impressa e eletr ˆonica, entre outros.

4. Material did´atico sobre o DTCOURO, e outros assuntos relacionados ao projeto, dever˜ao ser criados e disponibilizados na forma de cursos de extens˜ao universit´aria e atividades acadˆemicas complementares.

5. Entidades e associac¸˜oes envolvidas com a cadeia produtiva do couro ser˜ao con-tactadas e convidadas a participar do desenvolvimento e divulgac¸˜ao do projeto.

10. Riscos e Dificuldades

A dificuldade principal a ser enfrentada neste projeto refere-se ao aparato metodol ´ogico, visto o ineditismo da proposta. Os conhecimentos na ´area de pesquisa em classificac¸˜ao de couro bovino s˜ao emp´ıricos e insuficientes para o delineamento de experimentos desta natureza. O n ´umero de parˆametros a serem levantados para a elaborac¸ ˜ao do sistema au-tom´atico de identificac¸˜ao de defeitos pode dificultar o andamento do trabalho.

Quanto ao risco de n˜ao adoc¸˜ao do sistema elaborado, entende-se que o custo elevado da tecnologia e o grau de dificuldade operacional podem comprometer sua utilizac¸˜ao. Por outro lado, caso o Minist´erio da Agricultura, Pecu´aria e Abastecimento venha a incorporar o sistema e exigir sua utilizac¸ ˜ao, esse risco fica bastante reduzido.

11. Poss´ıveis parceiros

O projeto possui um grande potencial para atrac¸ ˜ao de parceiros com atividades relaciona-das ao couro, entre esses, destacamos:

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• Produtores organizados em sindicatos e cooperativas: ACRISUL, FAMASUL,

Sindicato Rural, etc.

• Curtumes e associac¸ ˜oes relacionadas: CICB, SINDICOURO, AICSUL, etc. • Ind ´ustrias produtoras de m´aquinas e equipamentos para o agroneg ´ocio: NBN,

ABIMAQ, etc.

• Centros de pesquisas: CTCC, CTCCA, etc.

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Referências

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