• Nenhum resultado encontrado

Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Lima e na Pharmacie Didot-Pernety

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Relatórios de Estágio realizado na Farmácia Lima e na Pharmacie Didot-Pernety"

Copied!
134
0
0

Texto

(1)

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Lima

Setembro de 2014 a Dezembro de 2014

Helena Mafalda Rodrigues Vicente

Orientador: Dr. Carlos Alberto Sá Esteves

_______________________________________

Tutora FFUP: Prof.ª Doutora Glória Queiroz

______________________________________

Abril de 2015

(2)

Declaração de Integridade

Eu, Helena Mafalda Rodrigues Vicente abaixo assinado, nº 110601008, aluno do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, declaro ter atuado com absoluta integridade na elaboração deste documento.

Nesse sentido, confirmo que NÃO incorri em plágio (ato pelo qual um indivíduo, mesmo por omissão, assume a autoria de um determinado trabalho intelectual ou partes dele). Mais declaro que todas as frases que retirei de trabalhos anteriores pertencentes a outros autores foram referenciadas ou redigidas com novas palavras, tendo neste caso colocado a citação da fonte bibliográfica.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, ____ de ___________ de ______

(3)

Agradecimentos

Estes quatro meses de estágio na Farmácia Lima de Braga foram sem dúvida uma intensa aprendizagem enquanto futura profissional, mas também a nível pessoal.

Desde já, queria deixar um especial agradecimento ao Dr. Carlos Esteves por me ter acolhido, integrado na equipa e orientado nas mais diversas atividades relativas à farmácia comunitária.

Agradeço também, à Dr.ª Ana Sá e ao Dr. Ricardo Pereira, por todos os conhecimentos que me transmitiram, bem como pela paciência incansável que tiveram comigo ao longo de todo o estágio e pela confiança que depositaram em mim e nas minhas capacidades.

Deixo igualmente o meu agradecimento ao Sr. José Teixeira, ao Sr. Flávio Caldas, ao Sr. João Sousa e ao Sr. Fernando Pinto, pela disponibilidade, apoio e simpatia que sempre demonstraram.

Termino com um especial agradecimento à Faculdade de Farmácia Universidade do Porto, pela formação técnica e científica que me proporcionou, e em particular à Prof. Dr.ª Glória Queiroz, a minha tutora de estágio.

(4)

Resumo

O meu estágio decorreu na Farmácia Lima de Braga, de Setembro a Dezembro de 2014, tendo como finalidade a elaboração do presente relatório. O estágio foi orientado pelo Dr. Carlos Esteves, que me acompanhou nas diversas atividades, certificando-se que os objetivos propostos para o presente estágio fossem cumpridos. Porém, também contei com o apoio de toda a equipa, que desde cedo me integrou e auxiliou ao longo de todo o percurso.

O presente relatório tem como intuito transmitir todo o conhecimento adquirido ao longo do estágio e descrever as atividades que realizei durante estes quatro meses.

Este encontra-se dividido em duas partes, na primeira parte abordei os aspetos inerentes à farmácia comunitária, como a sua organização interna e externa, recursos humanos, gestão, encomendas, dispensa de produtos, prestação de serviços, legislação, fontes de informação, entre outros. A segunda parte do relatório diz respeitos aos casos de estudo desenvolvidos, que foram escolhidos atendendo às necessidades e recursos da Farmácia Lima, e obviamente aos seus utentes. Foram assim escolhidos os seguintes temas: Cuidados na Higiene Oral Infantil, Mobilidade Reduzida: Cuidados e Equipamentos, Onicomicose e Diabetes Mellitus. Relativamente ao tema “Cuidados na Higiene Oral Infantil”, foi realizado um pequeno workshop, na própria farmácia, a quarenta crianças entre os 3 e 4 anos de idade, onde foram abordadas as medidas necessárias à promoção de uma boa higiene oral, e possíveis consequências, aquando da sua inexistência. Quanto ao tema “Mobilidade Reduzida: Cuidados e Equipamentos”, efetuei um folheto informativo, de modo a dar a conhecer os diversos equipamentos disponíveis na Farmácia Lima em caso de necessidade. O tema “Onicomicose” surgiu depois da participação no rastreio organizado pela Farmácia Lima, tendo posteriormente realizado um inquérito a vinte cinco utentes, de modo a perceber se estes se encontram informados acerca da duração, e das várias medidas necessárias a tomar durante o tratamento, tendo depois distribuído um panfleto informativo que realizei. Finalmente, relativamente ao tema “Diabetes Mellitus”, foi realizado no dia 14 de Novembro (Dia Internacional da Diabetes) um pequeno lanche saudável na farmácia, onde de forma descontraída foram abordados questões extremamente importantes como a alimentação no diabético, pé diabético, entre outras. Esta ação de formação contou também com a presença da Drª. Joana Almendra, nutricionista da Farmácia Lima. Para além das atividades referidas, também redigi um artigo para o jornal trimestral da farmácia, “JornaLima”, relativamente à Hiperplasia Benigna da Próstata.

Este estágio permitiu-me consolidar os conhecimentos adquiridos ao longo do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, imprescindíveis à minha atividade futura enquanto farmacêutica. Esta foi sem dúvida uma experiência enriquecedora tanto profissional como pessoal.

(5)

Índice

Lista de acrónimos ...viii

Índice de figuras ... ix

Índice de tabelas ... x

1. Introdução ... 1

Parte I – Relatório em Farmácia Comunitária ... 1

2. Organização da farmácia ... 1

2.1. Quadro legal em vigor para o setor das farmácias ... 1

2.2. Composição e função dos recursos humanos ... 1

2.3. Contatos com os diversos espaços físicos e equipamentos ... 2

2.4. Integração da estagiária no domínio das relações de trabalho ... 3

3. Fontes de informação ... 4

4. Classificação e distinção dos medicamentos e outros produtos existentes na farmácia e quadro legal aplicável ... 4

4.1. Medicamentos sujeitos a prescrição médica obrigatória (MSRM) ... 4

4.2. Medicamentos não sujeitos a prescrição médica obrigatória (MNSRM) ... 5

4.3. Medicamentos Manipulados ... 5

4.4. Medicamentos homeopáticos e produtos farmacêuticos homeopáticos ... 5

4.5. Produtos dietéticos, para alimentação especial e fitoterapêuticos ... 6

4.6. Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos ... 6

4.7. Produtos e medicamentos de uso veterinário ... 7

4.8. Dispositivos médicos ... 7

5. Encomendas e Aprovisionamento ... 8

6. Dispensa de medicamentos ... 9

6.1. Recepção da prescrição médica e validação ... 9

6.2. Interpretação, avaliação farmacêutica e verificação de possíveis interacções ...10

6.3. Medicamentos genéricos, sistema de preços de referência ...11

6.4. Dispensa de psicotrópicos e/ou estupefacientes; cuidados e legislação ...11

6.5. Principais acordos existentes com o SNS e outras entidades ...12

(6)

8. Outros cuidados de saúde prestados na farmácia ... 13

9. Contabilidade e gestão da farmácia ... 15

10. Relacionamento com entidades e utentes ... 16

11. Qualidade ... 16

12. Atividades desenvolvidas pela estagiária ... 16

13. Intervenção do farmacêutico na comunidade ... 17

Parte II – Casos de estudo ... 18

1. Cuidados na Higiene Oral Infantil ... 18

1.1. Cárie dentária: definição, epidemiologia e fisiopatologia ...19

1.2. Objetivos do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral ...20

1.3. Fatores sociais envolvidos na saúde oral ...21

1.4. Discussão/Conclusão ...21

2. Mobilidade reduzida: cuidados e equipamentos ... 22

2.1. Conceito de mobilidade reduzida e a sua relação com o idoso ...22

2.2. Produtos de apoio ...22

2.2.1 Auxiliares de marcha ...23

2.2.2 Auxiliares de banho e sanitário ...25

2.2.3 Prevenção de úlceras de pressão ...26

2.3 Discussão Conclusão ...27 3. Onicomicose ... 28 3.1 Definição e epidemiologia ...28 3.2 Classificação da onicomicose ...29 3.3 Tratamento farmacológico ...30 3.3.1 Terapia tópica ...31 3.3.2 Terapia oral ...32 3.3.3 Terapia combinada ...33

3.4 Educação dos pacientes relativamente ao tratamento ...33

3.5 Discussão/Conclusão ...34

4. Diabetes Mellitus ... 35

(7)

4.2. Epidemiologia ...36

4.3. Controlo e tratamento ...37

4.4. Complicações da DM ...39

4.4.1. Prevenção do pé diabético ...39

4.5. Conclusão/Discussão ...40

5. Participação no jornal “JornaLima” ... 40

6. Conclusão ... 41

Referências ... 42

(8)

Lista de acrónimos

ANF - Associação Nacional de Farmácias BFP - Boas Práticas de Farmácia

CDC - Centers for Disease Control and Prevention CDTC - Centro de Documentação Técnica e Científica

CEDIME - Centro de Documentação e Informação de Medicamentos CCF – Centro de Conferências de Faturas

CIM - Centro de Informação do Medicamento

CIMI - Centro de Informação do Medicamento e Produtos de Saúde DCI - Denominação Comum Internacional

DG – Diabetes Gestacional DM – Diabetes Mellitus FP – Farmacopeia Portuguesa HBA1c – Hemoglobina Glicada A1c HBP – Hiperplasia Benigna da Próstata

hCG - hormona Gonadotrofina Coriónica Humana

INFARMED - Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde IRC – Imposto sobre Rendimento das pessoas Coletivas

IVA – Imposto sobre Valor Acrescentado

MICF – Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas MM – Medicamentos Manipulados

MNSRM - Medicamentos não sujeitos a prescrição médica obrigatória MSRM - Medicamentos sujeitos a prescrição médica obrigatória OF - Ordem dos Farmacêuticos

PA – Pressão Arterial

(9)

Índice de figuras

Figura 1- Representação esquemática do processo fisiopatológico da cárie dentária 19

Figura 2- A) Exemplo de um indivíduo com placa bacteriana bastante desenvolvida. B) Cárie dentária em dente incisivo 19

Figura 3- A) canadianas e B) muletas axilares 23

Figura 4-Bengalas com diferentes apoios 24

Figura 5- A) tripé e B) quadripé 24

Figura 6- A) andarilho simples; B) andarilho articulado e C) andarilho com rodas 25

Figura 7- Cadeira de banho rotativa 25

Figura 8- Insuflável para lavagem da cabeça 26

Figura 9- Elevador de sanita 26

Figura 10- Colchão anti-escaras 27

Figura 11- Diferentes formas de almofadas anti-escaras 27

Figura 12 – Resultados do inquérito mobilidade reduzida 54

Figura 13 – Resultados do inquérito mobilidade reduzida 54

Figura 14 – Resultados do inquérito mobilidade reduzida 54

Figura 15 – Resultados do inquérito mobilidade reduzida 55

Figura 16 – Resultados do inquérito mobilidade reduzida 55

Figura 17 – Resultados do inquérito mobilidade reduzida 55

Figura 18 – Onicomicose subungual distal e lateral 29

Figura 19 – Onicomicose branca superficial 30

Figura 20 - Onicomicose subungueal proximal 30

Figura 21 - Onicomicose distrófica totall33 30

Figura 22 – Resultados do inquérito onicomicose 57

Figura 23 – Resultados do inquérito onicomicose 57

Figura 24 – Resultados do inquérito onicomicose 58

Figura 25 – Resultados do inquérito onicomicose 58

Figura 25 – Resultados do inquérito onicomicose 58

Figura 27 – Resultados do inquérito onicomicose 59

Figura 28 – Resultados do inquérito onicomicose 59

Figura 29 – Resultados do inquérito onicomicose 59

Figura 30 – Resultados do inquérito onicomicose 60

Figura 31 – Resultados do inquérito onicomicose 60

Figura 32 – Resultados do inquérito onicomicose 60

(10)

Índice de tabelas

Tabela 1 – Resumo das características dos principais fármacos aprovados na terapia tópica 31 Tabela 2 – Resumo das características dos principais fármacos aprovados na terapia oral 32 Tabela 3 – Classificação dos antidiabéticos orais atualmente disponíveis no mercado 38 Tabela 4 – Tipos de insulina e farmacocinética 39

(11)

1. Introdução

O papel do farmacêutico tem vindo a modificar-se com os tempos, estando nos dias de hoje centrado no utente, em vez do medicamento. Verifica-se que este é cada vez mais o primeiro profissional de saúde a que o utente recorre em caso de necessidade. Assim sendo, o farmacêutico tem a tarefa de promover a saúde, apelar ao uso racional do medicamento e acompanhar de perto o utente durante o seu tratamento, o que faz com que este apresente um papel insubstituível no Sistema Nacional de Saúde (SNS).

O estágio final em farmácia comunitária permite a aplicação prática de todos os conhecimentos teóricos adquiridos ao longo do curso Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF), fornecendo-nos as ferramentas necessárias para o exercício futuro da nossa profissão, enquanto farmacêuticos.

Este relatório de estágio pretende traduzir de forma simples e objetiva todas as atividades realizadas ao longo de 4 meses de estágio (de Setembro a Dezembro de 2014), na Farmácia Lima em Braga, sob orientação do Diretor Técnico Dr. Carlos Esteves e sempre acompanhada por toda a equipa da farmácia.

Parte I – Relatório em Farmácia Comunitária

2. Organização da farmácia

2.1. Quadro legal em vigor para o setor das farmácias

A Farmácia Lima cumpre tanto no aspeto exterior como interior, com as Boas Práticas de Farmácia (BPF) e com o Decreto‐Lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto, Regime jurídico das farmácias de oficina. Assim sendo, possui exteriormente o símbolo cruz verde, bem como a palavra

Farmácia, bem iluminada durante a noite (Anexo I). Consta também, informação do nome do

Diretor Técnico, horário de funcionamento e informação atualizada das Farmácias de serviço. Na entrada encontra-se a informação relativa aos serviços farmacêuticos prestados, alarmes, extintores de incêndio e na porta de entrada, um balcão de atendimento ao público protegido que assegura, durante os serviços noturnos, a integridade física do profissional de saúde [1,2]

2.2. Composição e função dos recursos humanos

É sabido que o êxito de qualquer organização passa por uma boa gestão dos recursos humanos. Assim sendo, a Farmácia Lima proporciona aos seus clientes um ambiente calmo, organizado, onde o profissionalismo e atenção personalizada estão sempre presentes em cada atendimento. Tal só é possível, com um trabalho de equipa, onde a entreajuda entre os diferentes funcionários, boa disposição e dedicação ao utente são prioridade de cada colaborador. Tendo em conta o horário alargado da Farmácia Lima (de segunda a sábado das 9h as 22h e domingo das 9h às 20h), esta é composta pela seguinte equipa:

(12)

- Dr. Carlos Esteves (Diretor Técnico e Farmacêutico) - Dr.ª Ana Sá (Farmacêutica)

- Dr. Ricardo Pereira (Farmacêutico) - Sr. Fernando Pinto (Técnico de Farmácia) - Sr. José Teixeira (Técnico de Farmácia) -Sr. Flávio Caldas (Técnico de Farmácia) -Sr. João Sousa (Técnico de Farmácia)

- Vânia Cunha (Enfermeira/ Auxiliar de farmácia)

Serviços: -Cosmetologia - Podologia - Nutrição - Osteopatia/fisioterapia - Terapia da fala - Audiologia - Enfermagem

2.3. Contatos com os diversos espaços físicos e equipamentos

De acordo com o artigo 29º do Decreto-lei referido anteriormente, verifica-se que a Farmácia Lima dispõe de instalações adequadas, que garantem a segurança, conservação e preparação dos medicamentos, bem como acessibilidade, comodidade e privacidade dos utentes. Esta situa-se na Rua dos Chãos nº 166, Braga e possui no total dez montras que permitem a divulgação de campanhas promocionais, rastreios e serviços disponíveis, assim como exposição de produtos sazonais (Anexo II). Atendendo ao público cada vez mais exigente, a Farmácia Lima foi remodelada há três anos, possuindo agora um espaço moderno e sofisticado, oferecendo aos seus clientes a máxima privacidade e comodidade durante o atendimento. Com grande número de utentes regulares, que procuram o farmacêutico como primeiro recurso de saúde, estabelece-se assim uma relação de confiança entre os utentes e estes profissionais de saúde. Assim sendo, é através do processo de fidelização dos utentes, que a Farmácia Lima acompanha o historial clínico, o que contribui para um aconselhamento individualizado e um seguimento farmacoterapêutico adequado a cada paciente.

Internamente a Farmácia Lima obedece às exigências impostas pela Deliberação n.º 2473/2007, de 28 de Novembro, referente às áreas mínimas das farmácias comunitárias e respetivas divisões, dispondo assim das seguintes áreas [3]:

- Zona de atendimento ao público: é um dos locais mais importantes da farmácia, dado que é nesta onde se realiza o contacto entre o utente e os profissionais de saúde, permitindo a sua fidelização.

(13)

Dispõe de seis balcões bastante espaçados, o que contribuí para a máxima privacidade durante cada atendimento, estando presente também uma balança electrónica e um aparelho para medição da pressão arterial. Atrás dos balcões de atendimento encontram-se os lineares expositores, organizados por tipo de produtos (higiene oral, medicina familiar, puericultura, dermocosmética, ortopedia, fitoterapia, entre outros) e marcas. Uma gôndola que permite expor campanhas promocionais da farmácia e produtos sazonais está posicionada em local estratégico. Possui também um local de espera, onde os utentes podem se sentar enquanto aguardam a sua vez, assim como um espaço infantil dedicado às crianças;

-Laboratório: local onde se encontra todo o material, equipamento e documentação de apoio necessário à preparação de medicamentos manipulados [4,5];

-Zona de atendimento privado: a farmácia tem duas salas onde o atendimento do utente pode ser realizado com maior privacidade. Uma na qual são medidos os valores de glicemia, triglicerídeos e colesterol, sendo também prestado um aconselhamento mais personalizado relativo ao controlo das doenças crónicas associadas a estes parâmetros. A administração de injeções, tratamentos curativos, rastreios e serviços de nutrição e podologia também são efectuadas nesta zona da farmácia. Tratamentos de rosto e corpo, massagens e consultas de osteopatia/fisioterapia são realizados noutra sala personalizada;

-Zona de receção e conferência de encomendas: espaço multifunções em que se processa o pedido, a recepção e a verificação das encomendas, assim como a conferência do receituário. Também se encontra aqui um local destinado ao armazenamento dos produtos farmacêuticos que são da propriedade do cliente;

-Gabinete da direção técnica/Biblioteca: local reservado à gestão comercial e financeira da farmácia e onde se encontra material bibliográfico para consulta;

- Armazém: existem dois armazéns, um perto do local de atendimento ao público onde se encontram os armários e módulos de gavetas que permitem armazenar a maior parte dos medicamentos e onde se encontra um frigorífico de temperatura controlada, destinado aos medicamentos que exigem condições específicas de conservação. E outro no piso inferior, destinado aos produtos excedentes que não tem lugar no armário principal ou no respetivo local onde estão expostos na área de atendimento ao público;

- Instalações sanitárias: uma destinada aos utentes e outra à equipa.

2.4. Integração da estagiária no domínio das relações de trabalho

Desde o primeiro dia, que toda a equipa da Farmácia Lima me fez sentir integrada, quer ao nível de convivência quer a nível profissional, fazendo-me sentir uma mais valia neste período de estágio. Devo realçar o excelente ambiente de trabalho e entreajuda entre os diferentes profissionais, assim como a participação ativa de todos nas diversas atividades da farmácia.

(14)

3. Fontes de informação

De acordo com o mencionado nas BPF, o farmacêutico deve dispor de fontes de informação sobre medicamentos continuamente actualizadas, sendo que durante o processo de cedência de medicamentos, este deve obrigatoriamente dispor de acesso físico ou eletrónico que contenham informação sobre indicações, contraindicações, interações, posologia e precauções com a utilização com medicamento [1].

São várias as publicações obrigatórias que deverão existir nas farmácias, nomeadamente: o Prontuário Terapêutico (PT), a Farmacopeia Portuguesa (FP), o Índice Nacional Terapêutico, o Formulário Galénico Português, o Direito Farmacêutico, o Código de ética da Ordem dos Farmacêuticos (OF), o Regime Geral de Preço e Manipulações, o Estatuto da Ordem dos Farmacêuticos, BPF e Circulares Técnico – Legislativas Institucionais, tende tido oportunidade de consultar algumas destas publicações durante o estágio. Outras são opcionais, como, o Guia Veterinário e a Manipulação Pediátrica. Verificam-se ainda as de carácter periódico, como a Revista das Farmácias Portuguesas, a revista da OF, entre outras. Também existem fontes de pesquisa on-line acreditados e fidedignos, como, Centers for Disease Control and Prevention (CDC), Associação Nacional de Farmácias (ANF), Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) [1,3,6,7].

Para além das publicações referidas anteriormente, é também de referir as publicações periódicas como o Simposium Terapêutico e outras publicações no âmbito da farmacovigilância. Também se encontra à disposição para consulta o Centro de Informação do Medicamento (CIM), da OF, Centro de Documentação Técnica e Científica (CDTC), Centro de Informação do Medicamento e Produtos de Saúde (CIMI), do INFARMED, que proporcionam uma fonte de informação segura e actualizada para auxílio do exercício da atividade farmacêutica. Adicionalmente, podemos consultar no ato da dispensa o programa SIFARMA 2000, que possui imensas informações relativas ao produto.

São vários os tipos de fontes de informação, sendo as fontes primárias (ex: artigos científicos), atualizadas diariamente, as fontes secundárias (ex: monografias) atualizadas anualmente, e as fontes terciárias (ex; bases de dados), atualizadas de 5 em 5 anos [8].

4. Classificação e distinção dos medicamentos e outros produtos existentes na farmácia e quadro legal aplicável

4.1. Medicamentos sujeitos a prescrição médica obrigatória (MSRM)

Os MSRM só podem ser dispensados mediante a apresentação de uma receita médica, devidamente validada, segundo as disposições legais em vigor, salvo raras exceções [9]. Assim sendo, o farmacêutico deve ler e interpretar a receita de forma crítica e assegurar o uso racional por parte do utente da terapêutica prescrita. Realça-se que quando usados sem vigilância médica podem constituir um risco para a saúde do doente. Estes são classificados consoante os critérios exigidos

(15)

no Estatuto do Medicamento e a sua dispensa representa quase a totalidade do rendimento de uma farmácia.

4.2. Medicamentos não sujeitos a prescrição médica obrigatória (MNSRM)

Os MNSRM são aqueles que não preenchem as condições para serem classificados como MSRM, não sendo necessária uma prescrição médica para que o utente o adquira [9]. Destinam-se ao tratamento, alívio ou prevenção primária de sintomas considerados menos graves. Contudo, estes devem ser consumidos sempre com a orientação ativa do farmacêutico, que tem o dever de aconselhar e esclarecer o utente, alertando-o sobre todos os possíveis riscos, de forma a garantir o seu uso correto e racional. Regra geral, não são comparticipados e o PVP é estabelecido pela farmácia.

4.3. Medicamentos Manipulados

Os medicamentos manipulados (MM) são medicamentos preparados segundo fórmulas magistrais ou oficinais, sob a responsabilidade direta do farmacêutico [5]. Atendendo a Portaria n.º 594/2004, de 2 de Julho, são aplicadas as boas práticas a observar na preparação de MM de forma a assegurar a qualidade e segurança, no que diz respeito às doses da(s) substância(s) ativa(s) e à existência de interações, do medicamento. A necessidade de preparação MM surge quando não existem determinadas dosagens ou formas galénicas disponíveis no mercado, o que é bastante frequente em Pediatra.Com os avanços tecnológicos, a massificação da produção de determinadas especialidades farmacêuticas e o seu preço pouco atrativo, a preparação de MM verificou um decréscimo notável. Nos dias de hoje, devido ao decréscimo da prescrição deste tipo de medicamentos, a Farmácia Lima não prepara uma grande quantidade de manipulados, pois a compra de matérias-primas representam um grande investimento, que não seria vantajoso para esta farmácia. Desta forma, quando é solicitado um MM que a Farmácia Lima não pode realizar, é feito um pedido a outra farmácia nomeadamente, à Farmácia Sousa Gomes.

4.4. Medicamentos homeopáticos e produtos farmacêuticos homeopáticos

Com base no Decreto-Lei n.º 94/95, de 9 de Maio (revogado pelo DL 176/2006) os produtos homeopáticos são produtos que contêm uma ou mais substâncias, obtidos a partir de produtos ou composições denominados «matérias-primas homeopáticas», de acordo com o processo de fabrico homeopático descrito na Farmacopeia Europeia ou, quando dela não conste, nas farmacopeias de qualquer Estado membro da União Europeia. São classificados, quanto às suas características, em: medicamentos homeopáticos (possuem propriedades curativas ou preventivas das doenças e dos seus sintomas, com vista a estabelecer um diagnóstico médico ou a restaurar, corrigir ou modificar as suas funções orgânicas) e produtos farmacêuticos homeopáticos (não possui indicações terapêuticas especiais, sendo administrados oral ou topicamente e com um grau

(16)

de diluição que garanta a inocuidade do produto) [10]. Estes produtos não são muito procurados na Farmácia Lima, à semelhança do que se passa um pouco por todas as farmácias de Portugal, sendo que entre os mais vendidos estão o Oscillococcinum® (Boiron), para alívio de estados gripais e o Stodal®(Boiron), para o tratamento da tosse.

4.5. Produtos dietéticos, para alimentação especial e fitoterapêuticos

Os produtos dietéticos com fins medicinais específicos (usados sob supervisão médica) abrangem alimentos para pessoas cujo processo de assimilação ou cujo metabolismo se encontrem perturbados (doença celíaca, por exemplo), para pessoas que se encontram em condições fisiológicas especiais (idosos subnutridos, por exemplo) e para lactentes ou crianças (leites, farinhas, papas, entre outros). Estão também disponíveis os suplementos alimentares, que se destinam a complementar um regime alimentar normal, fornecendo um aporte adicional de nutrientes [11]. Os preparados para lactentes, leites de transição e produtos de controlo de peso (nomeadamente da marca BioActivo®) foram os produtos com que mais contactei durante o estágio.

A segurança dos produtos dietéticos encontra-se regulamentada no Decreto-Lei nº 136/2003, de 28 de junho, de forma a garantir um elevado nível de proteção dos consumidores [12]. Atualmente, devido ao estilo de vida das populações, tem-se verificado uma crescente comercialização destes produtos. Assim sendo, é da responsabilidade do farmacêutico aconselhar corretamente os utentes em relação ao produto mais indicado para cada situação, devendo também informar que estes produtos não substituem um regime alimentar equilibrado, bem como estimular a adoção de um estilo de vida saudável.

Os produtos de fitoterapia são compostos à base de plantas com propriedades terapêuticas devido à presença de substâncias ativas [10]. Atendendo à procura de um estilo de vida cada vez mais saudável, este tipo de produtos têm assistido a um aumento significativo na sua procura. Deste modo, o farmacêutico tem o importante papel de elucidar o utente de que estes produtos não são totalmente inócuos, procurando ajustar a sua toma à medicação usual do paciente, de forma a evitar possíveis intoxicações. Existem na Farmácia Lima diversos produtos à base de plantas medicinais, sob diversas formas, nomeadamente, os tranquilizantes (ex: Valdisperte®), os laxantes (ex: Bekunis®), os que se destinam a problemas digestivos (ex: Cholagutt®), entre outros.

4.6. Produtos cosméticos e dermofarmacêuticos

À semelhança dos restantes produtos, os cosméticos também possuem uma legislação, o Decreto-Lei nº 63/2012, de 15 de Março, que certifica a sua qualidade e segurança para a saúde do consumidor, sendo supervisionados pelo INFARMED [13]. Constata-se uma crescente procura destes produtos, não só por razões estéticas como também pela saúde e bem-estar do utente. Assim sendo, o farmacêutico tem de ter em conta uma série de fatores no momento do aconselhamento,

(17)

nomeadamente: o poder de compra, as preferências pessoais, o estilo de vida, o tipo de pele ou cabelo, e/ou o tipo de problema ou necessidades que o utente apresenta. Estas variáveis vão condicionar a escolha do(s) produto(s) que mais se adeqúe às necessidades do utente. Isto demonstra a importância do conhecimento dos produtos disponíveis, do seu modo de atuação e aplicação, dos seus constituintes principais e das patologias e afeções relacionadas de modo a fazer um aconselhamento mais personalizado possível. A Farmácia Lima trabalha com várias marcas de produtos cosméticos, desde linhas mais dermatológicas como Avène®, D’Aveia®, La RochePosay®,Uriage®, Bioderma®, Vichy®, a linhas mais estéticas destinadas a clientes com maior poder de compra como Lierac®, Roc® e Hialuronic®. Devido à vastidão de linhas e produtos exploradas pela farmácia, é necessária uma constante formação nesta área por parte do colaboradores de modo a atualizar o seu conhecimento e prestar o melhor aconselhamento possível ao utente.

Durante o estágio tive oportunidade de aconselhar por diversas vezes produtos de tratamento antiqueda (das marcas Phyto®, Klorane®, Ducray® e Vichy®), pois o Outono é uma das épocas do ano mais dadas a este acontecimento, assim como cremes hidratantes e antirrugas.

4.7. Produtos e medicamentos de uso veterinário

De acordo com o Decreto-Lei nº 232/99, de 24 de Junho, um produto veterinário é definido como uma substância ou mistura de substâncias destinadas, quer aos animais, quer às instalações dos animais e ambiente que os rodeia ou a atividades relacionadas com estes ou com os produtos de origem animal [14]. Na Farmácia Lima os produtos de uso veterinário estão armazenados num local próprio, separados das especialidades farmacêuticas de uso humano, sendo que os produtos mais vendidos, ainda que em baixo volume, são os destinados a animais domésticos, nomeadamente os antiparasitários (da marca Advantix® e Frontline®) e os anticoncepcionais.

4.8. Dispositivos médicos

Atendendo ao Decreto-Lei nº 145/2009, de 17 de Junho, os dispositivos médicos são importantes instrumentos de saúde que proporcionam uma melhor qualidade de vida aos utentes e podem ser usados em seres humanos para diversas finalidades, como o diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença, lesão ou de uma deficiência entre outras [15]. A Farmácia Lima dispõe de uma vasta diversidade de dispositivos médicos, nomeadamente: acessórios ortopédicos (tendo uma montra dedicada apenas a estes produtos), preservativos, pensos, inaladores, seringas, termómetros e dispositivos de autodiagnóstico como os testes de gravidez e de medição da glicemia, sendo sempre importante explicar o funcionamento do mesmo ao utente para assegurar a sua correta utilização.

(18)

5. Encomendas e Aprovisionamento

A Farmácia Lima dispõe de um sistema informático, SIFARMA 2000, que facilita a realização de encomendas diárias, bem como a sua receção. Este software específico para farmácias é sem dúvida indispensável para a boa gestão de todas as tarefas diárias inerentes a uma farmácia. A partir das existências e dos stocks definidos como mínimos e máximos são geradas automaticamente as encomendas através do sistema informático. Concluído este processo, a encomenda é enviada eletronicamente para o distribuidor escolhido pela farmácia. Para além das encomendas diárias, são também efectuadas encomendas instantâneas, via sistema informático e via telefónica, a fim de responder aos pedidos dos utentes de produtos que se encontram em falta na farmácia, tendo participado ativamente a este nível. A Farmácia Lima trabalha em particular com duas empresas distribuidoras de medicamentos e de outros produtos farmacêuticos que são: a AllianceHealthcare e a Medicanorte. Também são realizadas compras diretas aos Laboratórios, obtendo-se assim uma maior rentabilização económica, devida às vantagens financeiras que estes proporcionam. Isto é usual acontecer no caso de medicamentos com elevada rotatividade e por isso se justifiquem compras em grandes quantidades, para produtos cosméticos, para produtos sazonais, entre outros.

A pessoa responsável pela gestão das encomendas é o Dr. Carlos Esteves que tem em conta inúmeros fatores, de modo a selecionar o que se deve ou não aprovisionar, nomeadamente: localização da farmácia; utentes (idade, poder de compra); incidência e tipo de receituário; média mensal de vendas e rotatividade dos produtos; época do ano (produtos sazonais); capital disponível; condições de pagamento, bonificações dos armazenistas e promoções de laboratórios; publicidade de produtos na comunicação social; dias de serviço ou reforço.

Uma das primeiras tarefas que me foram atribuídas durante o estágio foi de recepcionar as encomendas, de modo a familiarizar-me com o sistema informático, e conhecer numa prespetiva geral os diferentes produtos farmacêuticos. Assim sendo, no momento de recepção de encomendas é necessário ter em atenção vários aspetos, tais como: verificar se a encomenda é para a farmácia; caso estejam presentes produtos de frio estes devem ser arrumados rapidamente; confirmar a presença de uma fatura original e de um duplicado, e introduzir o número da fatura no SIFARMA 2000; no momento da recepção deve-se ter em conta o prazo de validade, a quantidade de embalagens e o preço do medicamento; se estiverem presentes na encomenda produtos que nunca foram recebidos pela farmácia, é necessário criar a ficha do produto tendo em atenção diversos parâmetros (como Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA); nome; família; etiqueta; prazo validade); confirmar a impressão correta das etiquetas dos produtos que necessitam destas. Aquando de alguma inconformidade, em que não é entregue um produto faturado, prazo de validade muito curto ou da embalagem estar danificada, contacta-se imediatamente o fornecedor a comunicar o sucedido, podendo-se emitir uma nota de crédito.

(19)

Quanto ao armazenamento dos produtos, na Farmácia Lima obedece-se ao conceito

First-In, First-Out (FIFO), sendo os medicamentos mais recentes colocados atrás dos já existentes, de

modo a que o primeiro produto a expirar o prazo de validade, seja o primeiro a sair. Estes são arrumados atendendo à forma farmacêutica, ordem alfabética, dosagem e dimensão das embalagens, sendo vários locais de armazenamento na farmácia. Os produtos de venda livre, tais como cosméticos, produtos de higiene oral e puericultura encontram-se localizados na zona de atendimento, estando mais acessíveis, de forma a promover a sua aquisição. Os MSRM estão guardados nas gavetas, os produtos de frio no frigorífico com temperaturas de frio (T: 2ºC-8ºC) e os estupefacientes e psicotrópicos no cofre.

Relativamente ao controlo dos prazos de validade, como referido anteriormente este é realizado diariamente aos produtos que chegam dos fornecedores, atualizando-os sempre que necessário na ficha de produto. Para além disso, todos os meses são emitidas listagens de produtos farmacêuticos cujo prazo de validade se encontra a 3 meses do seu término, sendo efectuada a correcção dos stocks e dos prazos. Poderão também ser realizadas devoluções, sendo acompanhadas do motivo da devolução e de 3 cópias da nota de devolução.

O conhecimento de todo este processo foi essencial, pois permitiu-me estar mais à vontade tanto com o sistema informático, como para ter uma noção dos nomes comerciais dos diversos produtos e do seu local de armazenamento, tornando posteriormente, o atendimento mais eficiente.

6. Dispensa de medicamentos

A dispensa de um medicamento é um ato de extrema responsabilidade para o farmacêutico que, como último elemento do circuito dos medicamentos, deve assegurar o seu uso de forma correta e segura. Deste modo, o farmacêutico tem a tarefa de analisar detalhadamente a prescrição médica, de modo a detetar possíveis contra indicações ou interações com outra medicação que o utente esteja a tomar. No momento da dispensa dos medicamentos, este tem o dever de transmitir toda a informação essencial para assegurar a eficácia e segurança da terapêutica, seja esta instituída pelo médico ou através do aconselhamento farmacêutico, e o uso racional do medicamento. No caso de detetar alguma incompatibilidade relativa à prescrição este deve contactar o médico prescritor solicitando o seu esclarecimento, de modo a garantir que a medicação não traz qualquer risco para o utente [1].

6.1. Recepção da prescrição médica e validação

A receita médica é considerada um documento oficial que envolve três entidades: o utente, o médico e o farmacêutico. Esta pode ser preenchida em formato manual, apenas em raras exceções, devendo estar inscrita na receita, com respetiva alínea para que sejam aceites ou informático, ser renovável (dirigido a doentes crónicos, podem conter até três vias e com validade de 6 meses após a sua data de emissão) ou não renovável, válidas por 30 dias, seguindo o modelo

(20)

do Serviço Nacional de Saúde aprovado em Despacho n.º 15700/2012, de 30 de Novembro [16,17]. Hoje em dia apenas em raras exceções são prescritas receitas manuais, como por exemplo em caso de falha informática [17].

Na prescrição eletrónica, para esta ser válida de acordo com o Artigo 9º da Portaria n.º 137-A/2012, de 11 de Maio, terá de incluir obrigatoriamente a forma farmacêutica, a dosagem, a dimensão da embalagem (quando ausente dever-se-á dar a que possua menos unidades, de igual forma para a posologia), a Denominação Comum Internacional (DCI) da substância ativa e a posologia. Poderá incluir uma denominação comercial caso esteja de acordo com situações como, quando os medicamentos não dispõem de genéricos comparticipados ou no caso de só existirem os de marca e em algumas exceções como:

Exceção a) art. 6.º - Margem ou índice terapêutico estreito Exceção b) art. 6.º - Reação adversa prévia

Exceção c) art. 6.º - Continuidade de tratamento superior a 28 dias.

Note-se que o utente possui direito à opção no ato da dispensa, optando por um medicamento de marca ou por outro genérico desde que pertença ao grupo homogéneo. Contudo, no caso do medicamento em questão, se este estiver na receita com a exceção a) ou b), não poderá optar por outro, ao contrário da exceção c) em que o utente poderá optar por outro desde que pertença ao grupo homogéneo e com um preço igual ou inferior ao medicamento prescrito na receita [17].

Para que a receita médica seja validada, o farmacêutico deve analisar e verificar se todos os critérios são preenchidos e só depois proceder à dispensa dos medicamentos prescritos. Existem diversos requisitos essenciais para se considerar a receita devidamente preenchida como: data de validade da receita (30 dias ou 6 meses), presença da assinatura do médico, identificação do utente, designação do medicamento através do nome comercial ou genérico, portarias ou despachos se for caso disso, limite máximo de unidades por medicamento (duas unidades), com exceção para medicamentos de dose unitária (no máximo quatro unidades), posologia dosagem, forma farmacêutica, entre outros [17].

Para além de verificar se todos os critérios estavam corretos antes da dispensa, todo ao longo do estágio, tentei sempre conferir novamente a receita a seguir à dispensa da medicação, analisando a correspondência entre os medicamentos prescritos e os dispensados, entre os preços de venda e também se o organismo de comparticipação estava correto. Assim, no caso de verificar algum erro, podia corrigi-lo mais precocemente.

6.2. Interpretação, avaliação farmacêutica e verificação de possíveis interacções

Após confirmar a validade legal e autenticidade da receita, é necessária uma interpretação farmacêutica da mesma. Para tal, é necessário estabelecer um diálogo com o utente de modo a verificar a quem se destinam os medicamentos e confirmar a sintomatologia apresentada e verificar

(21)

a existência de possíveis interações medicamentosas com outra medicação que o utente esteja a tomar e contraindicações. Ao longo do meu estágio, surgiram casos em que tive que recorrer aos restantes profissionais da Farmácia Lina e/ou bibliografia apropriada, de modo a assegurar-me que a minha avaliação estava correta. Caso se tratasse de uma terapêutica continuada, certifiquei-me que o utente estava a responder bem aos medicamentos ou se necessitava de uma eventual mudança terapêutica. Sempre que necessário o farmacêutico deve encaminhar o utente ao médico.

6.3. Medicamentos genéricos, sistema de preços de referência

Atendendo ao Decreto-Lei nº 242/2000 de 26 de Setembro, os medicamentos genéricos são identificados pela DCI das substâncias ativas, seguida do nome do titular da Autorização de Introdução no Mercado (AIM), da dosagem, da forma farmacêutica e da sigla MG, inseridos na embalagem exterior do medicamento [18].

Efetivamente, os medicamentos genéricos têm sido alvo de uma crescente procura por parte dos utentes, dado que, apresentando a mesma composição em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e dosagem dos medicamentos de referência, possuem um preço muito mais acessível e são igualmente comparticipados pelo SNS. No entanto, pude verificar por diversas vezes, utentes que desconfiam da qualidade destes medicamentos, pedindo-me a minha opinião acerca do assunto.

O Decreto-Lei nº 270/2002 de 2 de Dezembro, define os preços de referência sobre os quais incide a comparticipação do Estado aos utentes do SNS, de forma a equilibrar os preços dos medicamentos comparticipados [19]. A cada grupo homogéneo é atribuído um preço de referência, que corresponde à média dos cinco preços mais baixos existentes no mercado [20]. Entende-se por grupo homogéneo o conjunto de medicamentos com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, forma farmacêutica, dosagem e via de administração, no qual se inclua pelo menos um medicamento genérico existente no mercado.

6.4. Dispensa de psicotrópicos e/ou estupefacientes; cuidados e legislação

Entende-se por psicotrópicos e/ou estupefacientes substâncias que atuam diretamente sobre o sistema nervoso central, sendo responsáveis por benefícios terapêuticos comprovados em várias doenças, mas que podem provocar tolerância e dependência física e/ou psíquica, bem como o risco de sobredosagem. Assim sendo, a dispensa destas substâncias deve obedecer ao DL n.º 15/93 de 22 de Janeiro que tem como objetivo a definição do regime jurídico aplicável ao tráfico ilícito de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, classificando-as em tabelas distintas [21]. Estas substâncias são acompanhadas de uma requisição especial, são armazenadas em local de difícil acesso, não estando à vista dos utentes, sendo aviadas somente por farmacêuticos. É da responsabilidade do INFARMED fiscalizar e controlar este tipo de medicamentos. Aquando da dispensa destes medicamentos deverá ser preenchido no sistema os seguintes dados: nº da receita,

(22)

registo da vinheta do médico, nome e morada do doente. No caso do adquirente, serão necessários alguns dados, tais como: nome, nº e data do Bilhete de Identidade ou Cartão de Cidadão. A dispensa pode não ser efetuada no caso de o adquirente ser um menor de idade, evidência de intenções ilícitas, entre outros motivos. A receita original é enviada à entidade correspondente, um dos duplicados é enviado ao INFARMED e o outro duplicado é arquivado na farmácia por um prazo de 3 anos.

6.5. Principais acordos existentes com o SNS e outras entidades

A maior parte dos MSRM são sujeitos a comparticipação, contudo o valor da comparticipação varia de acordo com o tipo de medicamento, existindo dois regimes de comparticipação: o regime normal e o regime especial. Este regime especial de comparticipação abrange vários subsistemas, sendo as seguintes situações especiais exemplos: pensionistas, doenças profissionais e crónicas (Lúpus, Doença de Alzheimer, entre outras). No caso destas patologias a taxa de comparticipação é definida através de portarias/despachos específicos [22,23]. Nota-se que cada organismo do SNS é identificado por um código informático.

Na Farmácia Lima os organismos do SNS que surgem com maior frequência são os seguintes:

- SNS, Regime Geral – 01;

- SNS, Regime Geral, Diplomas – 45; - SNS, Regime Especial – 48;

- SNS, Protocolo da Diabetes – DS;

7. Automedicação

Atendendo ao Despacho nº17690/2007, de 23 de Julho de Legislação Farmacêutica Compilada, “a automedicação é a utilização de medicamentos não sujeitos a receita médica de

forma responsável, sempre que se destine ao alívio e tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a assistência ou aconselhamento opcional de um profissional de saúde”.

Sendo esta uma prática muito comum nos dias que correm, encontra-se publicada uma lista de situações passíveis de automedicação, nas quais o farmacêutico deve intervir ativamente [24].

Durante o estágio pude perceber que muitos doentes se automedicavam de forma irresponsável e inconsciente, sem orientação de um profissional de saúde, desconhecendo, muitas vezes, as indicações terapêuticas do medicamento e os seus riscos inerentes, sendo na maior parte das vezes indicados por amigos, familiares ou através da publicidade.

Os casos passíveis de automedicação que mais frequentemente encontrei na Farmácia Lima foram: estados gripais e constipações, cefaleias, dores articulares e musculares, diarreia, obstipação, ansiedade e dificuldade em adormecer. Em todas as situações, tentei inicialmente, obter o máximo de informação junto com o utente, tentando perceber para quem se destinava o

(23)

medicamento, qual a sintomatologia, a existência de outras patologias e qual a medicação que o doente já tomava de modo a selecionar o(s) medicamento(s) que melhor se adequavam ao utente .Caso suspeitasse de um problema de maior gravidade aconselhava o utente a consultar o seu médico.

É importante realçar que no ato da dispensa de MNSRM deve-se ter em atenção uma série de factores, nomeadamente se o utente é diabético (ex: xaropes para a tosse com açúcar ou aos antiobstipantes com lactulose, por exemplo), hipertenso (ex: medicamentos antigripais com cafeína), se sofre de glaucoma (ex: os anti-histamínicos podem agravar esta doença), utentes com úlceras gástricas (ex: anti-inflamatórios podem agravar esta situação), entre outras. Também é muito frequente solicitarem a contraceção oral de emergência ou “pílula do dia seguinte”, à qual se deve ter um cuidado especial com o aconselhamento indicando por exemplo que o medicamento apenas é eficaz 72 horas após a relação sexual desprotegida, devendo-se ainda informar a utente acerca dos efeitos secundários e explicar que se trata de contraceção de emergência.

Assim sendo, cabe ao farmacêutico ao dispensar um medicamento o dever de incutir um sentido de responsabilidade no utente e prevenir o uso abusivo e indevido de medicamentos.

8. Outros cuidados de saúde prestados na farmácia

Segundo o Decreto-Lei n.º 307/2007, de 31 de Agosto, as Farmácias podem prestar serviços farmacêuticos de promoção da saúde e do bem-estar dos utentes [2]. Atualmente, a farmácia de oficina é um local privilegiado onde os farmacêuticos podem prestar outros serviços que são essenciais para a saúde pública, para além da dispensa de medicamentos e seu respectivo aconselhamento. Na Farmácia Lima é possível fazer-se controlo do pesoc, IMC, pressão arterial (PA), glicemia, colesterol total, triglicerídeos e realização de testes de gravidez e testes de Combur. Também se encontram disponíveis serviços de nutrição, podologia, osteopatia, audiologia e serviços de enfermagem, frequentemente solicitados pelos pacientes. São frequentemente realizadas ações de formação junto da comunidade, alertando para diversos temas, tais como: alimentação saudável, pé diabético, saúde mental, higiene oral, entre outros.

São muitos os utentes habituais da Farmácia Lima, sendo na sua maioria idosos com patologias crónicas como hipertensão arterial, hipercolesterolemia e diabetes mellitus, nos quais pude acompanhar de perto a evolução do seu estado de saúde, e verificar se a terapêutica aplicada está a ser eficaz ou não, contribuindo assim para o sucesso do tratamento. É fornecido a cada utente um cartão da farmácia no qual são registados os valores de cada medição, de modo a acompanhar o seu historial.

- Determinação da PA: na Farmácia Lima o aparelho medidor da PA encontra-se na zona de atendimento, sendo que antes de cada medição o profissional de saúde aconselha o utente a descansar, de modo a não falsear resultados. No final da medição, os valores da pressão sistólica, diastólica e ritmo cardíaco são registados num cartão próprio, de modo a poder acompanhar a

(24)

situação clínica do utente e para o médico avaliar se a PA está dentro dos valores pretendidos. Atendendo ao resultado obtido, é necessário avaliar a condição do utente e promover a adesão à terapêutica caso o doente já esteja medicado e aconselhar as medidas não farmacológicas (como alimentação saudável e exercício físico) para melhorar a qualidade de vida. Ao longo do estágio, verifiquei que este parâmetro foi sem dúvida o mais requerido, tendo tido o cuidado de após cada medição estabelecer um diálogo com o utente de modo a alerta-lo para certos cuidados na sua vida quotidiana.

- Medição da glicemia capilar: é requerida principalmente por utentes com Diabetes Mellitus

(DM) ou para despiste da doença. Este teste fornece um resultado rápido, seguro e não doloroso, que obedece a todas as exigências de esterilidade e de proteção. Atendendo a se o utente se encontra em jejum ou não, e a que horas foi a sua última refeição, é possível fazer uma análise do resultado obtido de acordo com valores de referência. Uma das preocupações foi sempre assegurar-me o cumpriassegurar-mento da terapêutica, e alertar para a importância de uma aliassegurar-mentação equilibrada e incentivar à prática de exercício físico, dando eventuais sugestões adequadas a cada caso.

- Determinação do colesterol total e triglicerídeos: em ambas as determinações é usado o mesmo

aparelho electrónico sendo o procedimento semelhante ao que se usa na medição da glicemia, no entanto a gota de sangue a recolher tem de ser maior e o aparelho demora mais tempo a dar resultados. Estas determinações são da máxima importância pois valores elevados representam um dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares. Durante o estágio tive a oportunidade de por várias vezes medir o colesterol total, tendo tido sempre em atenção de promover um estilo de vida saudável e incentivar o cumprimento da terapêutica.

- Teste de gravidez: baseia-se na pesquisa na urina da hormona Gonadotrofina Coriónica Humana

(hCG). A amostra de urina deve ser colhida, preferencialmente, na primeira micção da manhã, pois a concentração da hormona é maior. Contudo, a hCG é produzida pela placenta cerca de 7 a 10 dias após a fecundação, pelo que é importante quando se realiza o teste saber há quanto tempo ocorreu a relação sexual, de modo a obter um resultado fiável. A maior parte dos utentes prefere realizar o teste em sua casa.

- Teste de Combur: este teste destina-se a uma rápida verificação de doenças renais e do trato

génito-urinário, alterações do metabolismo dos hidratos de carbono (DM), doenças hepáticas e doenças hemolíticas. As tiras do teste de Combur permitem determinar a densidade da urina, valor de pH, nº de leucócitos, presença de nitritos, proteínas, glucose, corpos cetónicos, urobilinogénio, bilirrubina e de sangue. Durante o meu estágio, tive a oportunidade de ver a sua realização deste teste.

- Controlo do peso, altura e IMC: a Farmácia Lima possuí uma balança eletrónica que fornece o

peso, altura e IMC, podendo após estas medições pedir aconselhamento farmacêutico. Quando necessário são recomendados os serviços de nutrição disponíveis na farmácia.

(25)

- Serviços diferenciados: A Farmácia Lima dispõe de serviços por marcação de podologia,

nutrição, osteopatia, audiologia e enfermagem permitindo dar ao utente um atendimento mais especializado nestas áreas. Periodicamente, são realizados na farmácia rastreios de audiologia, osteoporose, capilares e outros, bem como ações de formação, workshops, sessões de esclarecimento e demonstrações, nos mais variadíssimos temas. Esta também dispõe de um serviço de entrega de medicamentos ao domicílio bastante útil para pessoas com pouca disponibilidade para se dirigirem à farmácia, como é o caso de idosos, pessoas com mobilidade deficiente e residentes em áreas mais afastadas. São ainda prestados outros serviços, como o da Farmacovigilância, na qual existe uma responsabilidade pela identificação, avaliação e prevenção de Reações Adversas a Medicamentos (RAM) e o protocolo Valormed que consiste na recolha de resíduos de embalagens e medicamentos fora de uso.

9. Contabilidade e gestão da farmácia

A faturação tem como intuito o reembolso à farmácia, por parte das entidades, do valor da comparticipação dos medicamentos dispensados. Cada receita aviada, é impressa no verso o documento de faturação, de modo a sequenciar as receitas, para que de seguida sejam separadas de acordo com a entidade e o organismo de comparticipação. A organização das receitas em cada lote é feita por ordem crescente, sendo estes constituídos por trinta receitas. O fecho dos lotes é feito no último dia do mês, de forma a começar uma nova série de lotes no primeiro dia do mês seguinte. São de seguida conferidas e corrigidas, se necessário, e por fim, recorre-se à impressão do verbete de identificação do mesmo, que é carimbado, assinado e anexado ao lote. O verbete de identificação do lote contém: o nome e código da Farmácia (relativamente à ANF); mês e ano das receitas; número do lote e código do tipo a que corresponde; quantidade de receitas; quantidade de medicamentos; importância total correspondentes aos PVP; importância total a pagar pelo utente e importância total a pagar pela entidade. No último dia do mês há o fecho de todos os lotes, e até ao 10º dia do mês seguinte, as receitas relativas ao SNS são enviadas para o CCF, sendo que as receitas referentes a outros organismos independentes são encaminhadas para a ANF. Aquando da presença de alguma inconformidade nas receitas, o CCF envia à Farmácia um documento com as informações detalhadas dos erros e diferenças registadas: tipo e número de lote, nº da receita, nº do código do erro, descrição do motivo da devolução, código do(s) medicamento(s) responsável pela devolução, valor faturado e valor não processado, bem como envia as receitas devolvidas. Caso se trate de uma situação regularizável, a farmácia tem a possibilidade de incluir estas receitas na faturação do mês seguinte. Caso não seja possível, a Farmácia perde o valor da comparticipação da respetiva receita. [25]

Sendo as farmácias empresas, estas têm a obrigação de pagar o IVA e IRC (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas). Relativamente ao IVA este é de 6 % quando se trata de

(26)

produtos farmacêuticos e de 23% se forem produtos cosméticos ou de higiene corporal. O IRC corresponde a 25% que é calculada sobre os lucros das empresas em Portugal.

No último mês do meu estágio, tive a oportunidade de assistir e participar ao processo de gestão do receituário e faturação, tendo-me apercebido da enorme complexidade e responsabilidade que este implica para a farmácia. Este processo requer profissionais competentes e experientes de modo a evitar erros, perdas de tempo e de dinheiro que podem ter grande impacto na economia da farmácia.

10. Relacionamento com entidades e utentes

São vários os convites solicitados à equipa da Farmácia Lima para estar presente em formações, tendo tido oportunidade de assistir a duas: BioActivo® e VibrocilDuo®. É na farmácia também que os utentes procuram saber orçamentos de medicamentos para apresentar à Segurança Social. É notória a relação harmoniosa e de respeito entre o farmacêutico e outros profissionais de saúde, como os médicos, pois é frequente existir a necessidade de esclarecimento de dúvidas quanto à terapêutica instituída, sendo o utente o principal beneficiado.

11. Qualidade

A qualidade dos serviços farmacêuticos deverá ser demonstrada através da acreditação pela OF em relação ao referencial das BPF para a Farmácia Comunitária e dos Procedimentos Operativos Normalizados produzidos pelo Sistema da Qualidade da OF. O sistema de gestão da qualidade da farmácia tem como principal objectivo, trabalhar-se com o máximo rigor, atendendo a protocolos de atuação, que permitem a resolução de questões que possam surgir no seio de uma farmácia, visando sempre a satisfação das necessidades dos doentes.

12. Atividades desenvolvidas pela estagiária

Desde do início do estágio, que o Dr. Carlos Esteves orientou-me sobre quais seriam as diversas tarefas e objectivos a atingir, tendo-me sido fornecido, cada semana, um documento explicativo.

Numa primeira fase, realizei a receção e armazenamento de encomendas, o que me permitiu familiarizar com o local de armazenamento dos diversos produtos farmacêuticos, com os seus nomes comerciais e DCI. É prática diária na Farmácia Lima verificar se os stocks estão corretos antes de arrumar a encomenda, ao qual também participei. Fui também, consultando o folheto informativo de diversos medicamentos (manual e informaticamente) assim como a bibliografia disponível (principalmente o livro de “Aconselhamento Farmacêutico”), o que me auxiliou bastante numa fase posterior, durante o atendimento ao público.

Diariamente auxiliava na medição da PA (visto que esta possui a um medidor automático) e comentava o resultado obtido com o paciente, aconselhando-o sobre as diversas medidas não

(27)

farmacológicas a tomar e promovendo a adesão à terapêutica, caso se aplicasse. Realizei a determinação de diversos parâmetros bioquímicos, tais como a medição da glicemia capilar e a determinação do colesterol total, e mais tarde, passei para a conferência do receituário. Esta tarefa foi uma extrema mais-valia para a minha formação, pois fez com que tomasse conhecimento de posologias, dos organismos, das regras às quais está sujeita a prescrição médica e dos erros mais comumente realizados pela equipa técnica, que serviram como exemplos de cuidados a ter durante a dispensa de MSRM. Desde cedo, que fui assistindo e auxiliando no atendimento ao público de modo a familiarizar-me com o programa informático, no entanto, foi só a partir da sexta semana de estágio que me tornei completamente autónoma. Sempre que possível, depois de cada atendimento, conferia a receita de modo a assegurar-me que tudo estava em ordem. Nesta conferência tinha em conta a data de validade, assinatura do médico, plano de comparticipação e medicamentos dispensados, caso houvessem erros, estas receitas tinham que ser corrigidas, tendo com o auxílio da Drª. Ana Sá procedido à sua emenda.

Também participei na montagem semanal das montras, que são sem dúvida um elemento essencial de marketing e publicidade para a farmácia.

Durante o meu último mês de estágio, toda a equipa da farmácia, incluindo eu, foi alvo de uma avaliação de desempenho inserida via sistema informático. Esta avaliação tem como objectivo acompanhar e analisar o trabalho desenvolvido por cada funcionário, e estimular a produtividade de cada um. Pessoalmente, acho que esta medida é bastante interessante, pois estimula produtividade tendo sempre em atenção a principal responsabilidade do farmacêutico, isto é, a saúde e o bem-estar do doente à frente dos seus interesses pessoais ou comerciais.

Pude assim realizar um pouco de todas as tarefas que um farmacêutico realiza diariamente em farmácia comunitária, tendo este estágio permitido pôr à prova todos os conhecimentos adquiridos ao longo destes anos de estudos e posso dizer hoje que, apesar de toda a informação que ainda me falta alcançar, sinto-me preparada a exercer a profissão de farmacêutica com todo o rigor e profissionalismo que esta implica.

13. Intervenção do farmacêutico na comunidade

A Farmácia Lima é sem dúvida uma farmácia muito pró-ativa, organizando e participando em vários eventos com interesse para a sua comunidade. Sendo o mês de Outubro o mês do idoso, a Farmácia Lima juntamente com a Junta de Freguesia de São Vicente, organizou o II Ciclo de Conferências “ Envelhecer para a vida”, que teve por objectivo sensibilizar a comunidade para diversos temas de interesse. Cada semana era realizada uma palestra, no centro cívico de São Vicente, com um médico convidado. Os temas abordados foram os seguintes: higiene buco-dentária na terceira idade, com a Drª. Sofia Cruz (Estomatologista); prevenção de quedas na terceira idade, com o Dr. Bruno Santos (Ortopedista); incontinência urinária na terceira idade, com o Dr. Hugo Antunes; demência – o que fazer?, com o Dr. Pedro Esteves (Psiquiatra). Na semana

(28)

seguinte a cada palestra, foram realizadas na Farmácia Lima atividades lúdico-pedagógicas relativas ao tema abordado, nomeadamente: acções de sensibilização relativamente à higiene das próteses dentárias; demonstração de diversos equipamentos úteis aos familiares/cuidadores de indivíduos com mobilidade reduzida; rastreio à osteoporose, efetuado por uma empresa especialista e oferta de um mini-facial, realizado por uma esteticista.

A preparação de um projecto de tal dimensão requereu muita organização e tempo por parte da equipa, o que sem dúvida, foi compensado, pela enorme aderência da comunidade, não só às palestras como também a todas as atividades posteriormente realizadas.

Foi para mim, uma experiência muito gratificante, pois pude cada semana adquirir novas valências, junto de profissionais experientes, e de participar ativamente nas diversas atividades lúdico-pedagógicas realizadas na Farmácia Lima.

Parte II – Casos de estudo

1. Cuidados na Higiene Oral Infantil

Como é sabido, a saúde oral é fundamental para uma boa saúde em geral, sendo o papel do Farmacêutico extremamente importante na prevenção das cáries e das doenças periodontais. Neste contexto, fui responsável pela organização e apresentação de um workskop (Anexo III e IV), a crianças entre os 3 e os 4 anos, do Patronato de Nossa Senhora da Luz em Braga, no dia 7 de Outubro. Esta formação teve lugar na Farmácia Lima e foi dividida em duas sessões, tendo sido dada a um total de 40 crianças. Esta iniciativa teve como objetivo incutir de forma pedagógica e educativa, hábitos e cuidados na higiene oral infantil essenciais para uma plena saúde no presente e no futuro.

A cárie dentária é considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um grave problema de saúde pública, afetando pessoas de todas as idades, e com elevada prevalência em todo o mundo [26]. Esta patologia afeta a saúde geral do indivíduo, na medida em que diminui a função mastigatória, modifica o desenvolvimento psicossocial e de todo o organismo e altera a estética facial, podendo causar perturbações fonéticas [26,27]. Contudo, quando prevenidas e precocemente tratadas, as cáries e as doenças periodontais envolvem custos económicos reduzidos e ganhos em saúde relevantes. Desta forma, a OMS estabelece várias metas e objetivos para o ano de 2020, no sentido de promover a saúde oral. Uma das metas é de que 80% das crianças com seis anos estejam livres de cáries [28,29]. É através do Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral que Portugal intervém, tendo o envolvimento de profissionais de saúde e de educação, dos serviços públicos e privados [28].

(29)

1.1. Cárie dentária: definição, epidemiologia e fisiopatologia

A cárie dentária é uma doença pós-eruptiva, infecciosa e transmissível, relacionada com o tipo de dieta alimentar adoptada, levando à destruição progressiva e centrípeta dos tecidos mineralizados dos dentes. Esta patologia possuí uma elevada prevalência em todo o mundo, estando independente do sexo, idade, raça e condição económica. Em Portugal, a cárie dentária afecta cerca de 90% da população [26].

Figura 1- Representação esquemática do processo fisiopatológico da cárie dentária. Adaptado de

[26].

A fermentação dos hidratos de carbono, como os doces, bolos, chocolates, gomas, por bactérias acidogénicas (como Streptococcus mutans e Lactobacillus), presentes na placa bacteriana, originam uma diminuição do pH na cavidade oral, resultante da libertação de ácidos, como láctico, acético e prióico. Esta descida do pH contribui para a dissolução dos minerais de estrutura dentária. A desmineralização da superfície dentária pode interferir com a placa esmalte, dando origem a uma cárie. Esta ação é mais eficaz quando estes alimentos são ingeridos fora das refeições ou à noite antes de deitar. No caso das crianças e adolescentes, o esmalte encontra-se mais susceptível à desmineralização, devido à grande quantidade de impurezas presentes [26,30].

Figura 2- A) Exemplo de um indivíduo com placa bacteriana bastante desenvolvida. B) Cárie

dentária em dente incisivo. Retirado de [30,31]

Bactérias da placa

St. Mutuans e lactibacilos

Hidratos de carbono

Glicose, frutose e sacarose

Ácidos da placa

Ác.láctico, acético e prióico

Ácidos da placa

Ác.láctico, acético e prióico ↓ do pH na cavidade oral

Desmineralização da superfície dentária

Dissolução dos iões cálcio e fosfato no dente

Referências

Documentos relacionados

Interessa perceber também, com o culminar desta investigação, se o cinema 3D provoca no espectador uma sensação de imersão no filme, se se sente parte desse filme,

condições que contribuam para que todos os alunos adquiram as competências definidas para a disciplina de Matemática Aplicada às Ciências Sociais, o presente

– como bares ou restaurantes com música ao vivo onde predomina um repertório associado à Bossa Nova –, em espaços de concerto com a presença de cantores como Adriana

We consider a nonlinear periodic problem driven by a nonhomo- geneous differential operator plus an indefinite potential and a reaction having the competing effects of concave

O artigo está estruturado da seguinte maneira: a segunda seção relata a meto- dologia aplicada neste estudo; a terceira seção expõe as seguintes subseções: (1) as tendências

foram encontrados muitos trabalhos na literature sobre o referido assunto, sendo que o aspec- to anti-edema e anti inflamato, o das vitaminas do complexo B e proposto em

Depois do incidente provocado pela publicação do obituário de Dov Zedeck, o conflito do protagonista com a figura de Rudi Klausinger viria a adensar-se ao longo do

Analisando o penúltimo indicador apresentado na tabela, notamos que em Portugal, em 2006, apenas 17% dos indivíduos utilizaram a internet para interagir com as entidades